terça-feira, 24 de junho de 2025

Do Pior Ao Melhor: Pink Floyd

Em se tratando de Pink Floyd, uma banda gigante mas uma discografia relativamente curta, fazer uma análise de quais os melhores e piores discos é uma tarefa não muito ingrata. Digo não muita por que é relativamente fácil para mim escolher o melhor e o pior, e até o mesmo o segundo melhor e o segundo pior. Porém, o recheio da lista sim, é bastante complexo. São 15 discos no total (lembrando que só os discos de estúdio entram aqui, mas acabei tendo que incluir Ummagumma por ser mezzo ao vivo mezzo em estúdio), e daí, tirando esses quatro citados, sobram 11 para se degladiarem nas posições

Vamos então a lista Do Pior Ao Melhor disco feito por Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright (e mais Syd Barrett)

15. The Endless River

O 15° disco do Pink Floyd é o 15° dessa lista. Quero ressaltar que chamá-lo de "pior" não necessita dizer que ele é ruim. É um trabalho em homenagem ao falecido Rick Wright, e que resgata canções e improvisos realizados durante a gravação de The Division Bell. O resultado é um álbum praticamente todo instrumental, recheado de longos solos, mas que acaba sendo pouco marcante. As faixas onde Wright se sobressai, como “On Noodle Street", "The Lost Art of Conversation" ou as duas “Allons-Y” são os melhores momentos. Mas no geral, não há uma música que grude, como em todos os demais discos do Floyd, e tão pouco algo que você vá dizer "nossa, isso é animal". É um belo disco, mas só. Se fosse lançado como carreira solo de Gilmour, talvez recebesse mais atenção.

14. A Momentary Lapse of Reason

O retorno inesperado depois de um "longo" hiato de três anos do Pink Floyd foi sem seu líder Roger Waters, e tendo agora David Gilmour como figura central. Ao lado de Mason (e Wright novamente como músico contratado, assim como fôra em The Final Cut), Gilmour cria um novo Floyd, com sua voz aveludada brilhando junto de sua guitarra, e claro, fazendo um progressivo bastante moderno. Eu gosto do disco, destaco boas faixas como a complexa "Sorrow", a baladaça "On the Turning Away", um dos grandes solos da carreira de Gilmour, e o mega-sucesso "Learning to Fly", que coloca os vocais femininos em destaque. Porém é difícil aturar "The Dogs of War", "Terminal Frost", as duas "A New Machine" e "Yet Another Movie / Round And Round". A eletrônica "One Slip" até curto, mas para Pink Floyd, é uma música bem aquém. Em um disco 50% bonzinho, e 50% brabo de ouvir, penúltima posição até que é lucro.

13. More

Agora começa a complicar. Cada disco a seguir poderia mudar facilmente de posição (com exceção do primeiro), e More acaba abrindo essa sequência. É uma trilha sonora, o que nos leva a ouvir com uma atenção diferente, mas é inegável que não há como não se surpreender com o peso de "The Nile Song" e "Ibiza Bar", ou o jazz fusion de "Up The Khyber", uma das mais subestimadas faixas dos caras. Por outro lado, os violões de "Cirrus Minor" e '"Green is the Colour", com o órgão de Wright brilhando na primeira, e o piano na segunda,, dão ainda mais charme para a obra. Só que "A Spanish Piece", "Crying Song", "Main Theme" e "Party Sequence" são justificáveis apenas para trilha sonora mesmo. E "Quicksilver" é muita viagem e demasiada longa. Uma pena, por que as músicas boas aqui realmente são muito boas. 

12. Ummagumma

O disco ao vivo e o disco de estúdio ficam na rabeira muito mais pelo estúdio do que pelo ao vivo. Três das quatro faixas caught in the act são excelentes amostras do que o Floyd fazia no final dos anos 60 e início dos 70, sendo "Astronomy Domine" uma das minhas músicas favoritas da banda na versão aqui registrada. "Careful With that Axe, Eugene" é alucinante, e "A Saucerful of Secrets" é simplesmente de chorar, numa das melhores performances de Wright e Mason. "Set The Controls for the Heart of the Sun" já considero mais aquém das demais, e então, ao entrar no álbum de estúdio, é difícil aproveitar algo realmente bom dali. Claro, eu curto "Grantchester Meadows" e algumas das partes de "Sysyphus" e "The Narrow Way", mas é muito pouco para qualificar o álbum em uma posição maior. E nas demais faixas, muito do que acabamos ouvindo é realmente pura experimentação. Assim como More, não entra no Top 10 hoje, mas, oscila bastante na margem de erro para ficar no máximo na décima posição.

11. The Wall

Por mais que The Wall seja tido por muitos como uma obra-prima do Pink Floyd, não é o caso nas minhas audições. Claro, é um belo disco, sem sombra de dúvidas, mas a história talvez seja melhor que o disco, e as melhores músicas do álbum acabaram ficando melhores ao vivo do que aqui (preciso dizer quais são???). The Wall é um disco que ou você ouve inteiro concentrado na história, ou passa por faixas fracas como "Vera", "Stop", "Bring the Boys Back Home" entre outras, achando que é só músicas soltas, e que "Comfortably Numb" e "Another Brick in the Wall" são também faixas nada a ver com o contexto geral do roqueiro Pink. Para desentendidos, um disco com boas músicas acolá. Para um fã como eu, uma baita história, mas que musicalmente funcionou melhor ao vivo.

10. The Piper At Gates of Dawn

A estreia da banda é pura psicodelia. Até é meio que injusto tentar comparar o que o Floyd faz em The Piper at Gates of Dawn com os demais discos do grupo. Nada aqui vai soar parecido com o que os britânicos fizeram depois, culpa única e exclusivamente da presença de Syd Barrett. Uma das melhores estreias de todos os tempos traz pedradas como a citada "Astronomy Domine", "Take up Thy Stetoschopy and Walk", "Bike", "Scarecrow", entre outras, e fico sempre me perguntando onde a mente doentia e alucinada de Barrett teria levado o Floyd caso ele continuasse na banda? Talvez a uma das mais de centenas de bandas obscuras que a Londres pariu entre 1965 e 1968. 

9. Obscured By Clouds

Esta foi a última trilha sonora totalmente composta pelo Pink Floyd,  e em comparação com More, é um disco melhor. O Floyd capricha nas canções instrumentais, com destaque para a pesada "When You're In", a delicadeza de "Burning Bridges" e "Mudmen", e a sensacional "Stay", na qual o Floyd aprimora suas composições mais lentas com primor. Gosto das viagens da faixa-título e das experimentações sonoras nos teclados de "Childhood's End" e "Absolutely Curtains", e terminando esse texto, é evidende como Wright foi era um membro fundamental para criar o som tradicional que consagrou o Floyd, mesmo sendo os pilares centrais a guitarra de Gilmour e as letras de Waters. Obscured by Clouds acaba não soando como uma trilha sonora, mas como uma brincadeira de estúdio feita pelo grupo, e mesmo sendo discutido entre os fãs sobre sua qualidade, considero sim um belo disco, que como seus antecessores nessa lista, talvez merecesse uma posição melhor. 

8. The Division Bell

Quando o Pink Floyd "voltou" em 1993, ninguém sabia o que esperar. Ainda mais que agora, depois de todo o litígio entre Waters e Gilmour, Wright voltava a ser membro oficial. Ao lado de Mason e Gilmour, criam o excelente "disco azul", que amadurece e melhora as obras confusas e fracas de A Momentary Lapse of Reason (AMLOR), e dão uma nova cara para a banda, a cara rechonchuda e com biquinhos na boca de Gilmour. Surgem então canções suaves e bonitas, com andamentos leves, como “Coming Back to Life”, “Lost for Words” e “Poles Apart”, onde Gilmour brilha nos solos, assim como na belíssima instrumental "Marooned". Apesar de terem faixas ainda comercias e que remetem a AMLOR ("What do You Want From Me" e "Take it Back" em especial), aqui está uma das melhores faixas da carreira dos caras, "High Hopes". Em muito tempo Gilmour não havia criado nada similar a esta faixa, e ainda hoje não fez algo similar. Disco muito bom, e que ainda hoje soa surpreendente.

7. A Saucerful of Secrets

Bah, pior que eu gosto desse disco. É a psicodelia londrina preparada com novos temperos, que levam ao nascimento do progressivo meses depois, e aqui sendo preparada com uma qualidade rara. O disco é praticamente perfeito nesse quesito, vide faixas maluquetes como "Corporal Clegg" e "Remember a Day". É o Floyd Barrettiano (Barrett está em "Jugband Blues", sua última faixa com o grupo), mas caminhando para níveis maiores e melhores, criando coisas visionárias como a faixa-título, assombrosa e delirantemente fantástica, com usos de instrumentos como xilofone, o órgão carregado de efeitos de Wright e muita percussão, além de Gilmour fazendo misérias junto de um coral dramático e espetacular. E também se preparando para a nova - e melhor - fase com as experimentações de "See-Saw" e "Set the Controls for the Heart of the Sun". Belíssimo e injustiçado disco, que talvez pudesse estar num Top 5. Se bem que a concorrência agora é ainda mais complicada ...

6. The Dark Side of the Moon

Já vi que está chovendo pedras e facas lá fora, mas não, The Dark Side of the Moon está longe ser meu disco favorito do Pink Floyd. Óbvio que gosto do disco, óbvio que ele é incrível, mas há cinco discos da banda que considero melhores que este. E sabe por que? Por que não sou tão admirador assim dos clássicos que estão aqui. "Time" e "Money" meio que encheram o saco já (assim como "Another Brick in the Wall part II"), e as instrumentais não contribuem muito para eu curtir DSOTM como deveria. Apesar de ter "The Great Gig in the Sky" e "Us And Them", duas das minhas favoritas da carreira do grupo, no todo acho que o disco ainda está abaixo dos cinco que virão. Tomates e ovos podres chegando em 3, 2, 1 ...

5. Wish You Were Here

Agora é briga de facão. Se os anteriores já poderiam ocupar essas posições até a quinta, daqui até o pódio é muito, mas muito difícil dizer qual o melhor. Coloco Wish You Were Here na quinta posição muito por que, assim como "Another Brick in the Wall pt. II" e "Time", cansei da faixa-título. Mas por outro lado, "Shine On You Crazy Diamond" em sua totalidade é uma obra-prima que dá muitos pontos para o disco, complementando por uma pancada do porte de "Have a Cigar" e as viagens nos teclados de "Welcome to the Machine". Um disco que é uma paulada, e que deve ser ouvido com toda a calma e beleza que cada acorde dessas canções entregam ao fã.

4. Animals

Um discaço quase que completo. "Dogs" é uma paulada que impressiona a cada minuto, com viajantes teclados e um Gilmour inspiradíssimo. "Sheep" e "Pigs (Three Diferent Ones)" seguem os mesmos caminhos, porém agora com Waters se destacando junto de Wright, e se fossem apenas essas três épicas faixas, Animals talvez estivesse uma ou duas posições acima. Afinal, é um peso descomunal para um grupo prog, mas com muitos trechos viajantes e extremamente sensacionais. Porém, a ideia de Waters ganhar mais uma $ e colocar duas "Pigs on the Wing" no início e no fim do disco acaba contribuindo negativamente na qualidade do disco. Então, quarto lugar para ele.

3. The Final Cut

Muita gente diz que é um álbum solo do Waters, mas o nome na capa (ou no selo) é Pink Floyd, e tem David Gilmour e Nick Mason, e o melhor, o disco funciona. Desde que ouvi a primeira vez The Final Cut me impactou. A dramaticidade que Waters carrega em sua interpretação vocal me agrada muito, e a obra toda, contando sobre como a guerra afeta a vida de uma pessoa, funciona muito bem. Aqui não há uma música em específico a se destacar, mas o conjunto total das canções, na qual justamente a que ficou mais popular, "Not Now John", é a que destoa das demais (tipo um "Under Pressure" para o Hot Space). Se fosse para escolher três só três canções que amo aqui, apresentaria “Your Possible Pasts”, “The Fletcher Memorial Home” e a faixa-título, principalmente pelas colaborações primorosas dos solos de Gilmour. Quem critica o disco por não existir nele o Pink Floyd de outrora, na verdade é uma viúva marota de Gilmour. Top 3 tranquilo.

2. Meddle

Seguindo o excelente momento de criatividade do quarteto, Meddle veio como um disco de transição em relação a fase do fim dos anos 60. As explorações musicais ainda estavam presentes, vide a grande suíte "Echoes" que ocupa todo o lado B do vinil. Porém, o lado mais comercial começava a surgir em canções amenas como "San Tropez", "A Pillow of Winds" e "Fearless". Fazendo o cercamento dessas faixas, a imortal e pesada "One of These Days" e o hilário blues de "Seamus". O Floyd foi ao seu limite dentro dos estúdios, levando um cão para gravar uma canção, mas ao mesmo tempo encontrou os caminhos musicais que o levaram a criar Dark Side of the Moon e se tornar um gigante mundial. Tudo começou aqui.

1. Atom Heart Mother

Podem me chamar de louco, mas esse é o verdadeiro Pink Floyd. Cada membro contribuindo equanimemente para criar músicas fantásticas, e que me representam o que os britânicos tinham de capacidade para juntos, propiciarem alegrias aos ouvidos. A suíte da faixa-título é o suficiente para garantir um Top 3, mas o Floyd cria peças incríveis chamadas "Summer '68" e "If", daí é Top 2. Com a delicada "Fat Old Sun" e os experimentalismos de "Alan's Psychedelic Breakfast", aí é topo do pódio fácil. Sem mais o que falar, colocar ele na primeira posição indica que este é também um dos melhores discos de todos os tempos, e se fosse eu professor de Artes, levaria fácil para a sala de aula. Obra prima!

sábado, 7 de junho de 2025

Minhas 10 Favoritas Do Led Zeppelin

Led Zeppelin é com certeza uma das minhas bandas favoritas. Há muitos anos que amo o quarteto Jimmy Page (guitarras), Robert Plant (vocais), John Bonham (bateria) e John Paul Jones (baixo, teclados), e já contei diversas vezes os motivos que me levaram a ser um apreciador de rock graças ao que vi e ouvi dos caras na minha infância. São no mínimo 35 anos ouvindo, reouvindo e sempre me apaixonando pelas canções e versões dos britânicos, e selecionar as dez melhores é uma tarefa quase impossível. De qualquer forma, me arrisco a fazer esta lista de hoje, mas que amanhã pode tirar no mínimo umas três ou quatro dessa lista, já que é uma vasta gama de pérolas e gemas musicais atemporais criadas pelos caras. 

Segue então minha lista das 10 favoritas, e irei aceitar tranquilamente críticas e sugestões. Afinal, uma banda como o Led só surgiu uma única vez na história da humanidade. 

Jimmy Page, John Bonham, John Paul Jones e Robert Plant. Simplesmente Led Zeppelin

10. "Ten Years Gone" - Physical Graffitti (1975)

Pode parecer estranho que uma das bandas mais pesadas da história da música tenha uma lista de 10 mais - bastante - recheada de baladas e canções leves (spoiler dado), Mas olha, se alguém criou - influenciou - e fez algo com tanto talento como o Led teve para criar baladas, desconheço. E "Ten Years Gone" é um belo exemplo. A longa introdução apenas com guitarra e baixo, trazendo a dolorida voz de Plant, e levando a brilhante entrada de Bonzo, com aquele riff pegajoso da guitarra se repetindo e hipnotizando nossa mente, fazem uma combinação rara dentro das músicas criadas até então pelas grandes bandas de rock. Page abrilhanta a faixa ainda mais com um solo carregado de efeitos, e lindíssimo. Ouçam a linha de baixo de Jonesy aqui, e todo o trabalho de bateria de Bonzo. Musicaço perfeito para ouvir ao lado da pessoa amada nesse próximo dia dos namorados.

9. "Since I've Been Loving You" - Led Zeppelin III (1970)

Ah, se foder ter que fazer uma lista só com 10. E pior que eu que inventei isso. "Since I've Been Loving You" é tranquilamente uma das melhores músicas da banda, mas acaba ficando em nono aqui (o que só comprova como o Led tem muita música boa). Essa versão de Led Zeppelin III é incrível. Inspirada em "Never" (do Moby Grape, uma das bandas preferidas de Plant), é um blues corta-pulsos demolidor. Plant entrega uma de suas melhores performances vocais, assim como Bonzo destrói na bateria. Mas é no órgão de Jones e no solo e dedilhado de Page que a música ganha em dramaticidade. Page dá simplesmente uma aula de "olhe como se toca um blues mesmo sendo branco", e porra, o que Plant grita, chora, clama nessa música, se catar. Nono talvez seja pouco, mas o que vem a partir daqui é uma porrada atrás da outra!

8. "Tea For One" - Presence (1976)

Puta merda, "Tea For One" é de chorar. Cara, o Presence eu ouvi muito, e a crueza desse disco é tão forte que quando chega em "Tea For One", a casa cai. O riff introdutório sugere até uma faixa animada. Mas não. Quando passam os primeiros segundos e a guitarra de Page começa a dedilhar, aaaaaaaaah, é de chorar. O que Plant canta é algo animalesco. Sua dor exala pelos poros, e as caixas de som sentem isso com tamanha força que tremem em cada "well, well, well" que Plant chora ao microfone. E o que é aquele trecho onde guitarra, baixo e bateria espancam o ouvido da gente? Que coisa incrível. Fora o solo desregrado e bluesístico de Page. Quer pensar na vida e se afundar em lágrimas? Prepare um Johnie Walker ou um Jack Daniels e deixe "Tea For One" rolar às escuras, somente com o brilho da luz de seu equipamento de som iluminando o ambiente. 100% de obtenção de lágrimas no rosto!

7. "Wearing and Tearing" - Coda (1982)

Acredito que a galera vai se surpreender de ver essa música aqui, mas eu adoro ela. Um rockaço pesado que é difícil de acreditar que foi gravada exatamente durante In Through the Out Door. Destaco a pancadaria de Bonzo no bumbo e o belo riff rocker de guitarra e baixo, em um momento bastante raro na carreira do Led. Uma música curta, pesada e veloz, que não há nada igual em toda a discografia da banda (talvez "Communication Breakdown" e "Out on the Tiles" cheguem um pouco perto do que é feito aqui). Indica um dos possíveis caminhos que o Led seguiria nos anos 80 caso Bonham estivesse vivo? Duvido muito. Mas Top 10 para ela, isso é certeza!

6. "In My Time of Dying" - Physical Graffitti (1975)

Essa é uma que até poderia estar mais acima aqui, principalmente pelo trabalho de Page ao slide. Para os que criticam o Led por ser uma banda de plágios, ter músicos irregulares, etc etc, isso aqui é um soco de uma bigorna na cara desses idiotas. O Led levou o blues para outros patamares ao se inspirar nos criadores do estilo, e o que é feito por exemplo em "In My Time of Dying" é descomunal. São quase 12 minutos de pura perfeição, com Page dando um espetáculo a parte em solos e acordes viscerais. Além disso, Plant canta em sua melhor forma (que aliás durou um bom tempo), e a cozinha Jones/Bonham segura essa guerra musical de guitarra e voz com muita eficiência. Para ouvir em som alto e sair pulando pela casa.

Led Zeppelin ao vivo em 1977

5. "That's the Way" - Led Zeppelin III (1970)

Saída do famoso "disco acústico" (pero no mucho) do Led, "That's the Way" é a melhor representação de como os caras sabiam realmente compor e criar algo atemporal. É somente Page e Jones levando-a com apenas três acordes do violão e o dedilhado do mandolim, tendo uma manhosa steel guitar que leva você para uma longa viagem pelos campos celtas, na companhia de uma cachoeira de sentimentos que transborda dos pulmões de Plant. Precisa de mais? Top 5 facin facin!

4. "Achilles Last Stand" - Presence (1976)

Que injustiça né? "Achilles Last Stand" não entrar num Top 3 é crime. Mas quem mandou o Led fazer tanta música boa? Essa faixa é um tour de force para qualquer fã do Led vibrar com sua audição. Abrindo Presence, temos o baixo cavalgante (aprendam fãs de Maiden, baixo cavalgante tocado em uma custom-built Alembic de oito cordas) de Jones, as linhas de guitarra pesadíssimas de Page, o ritmo complexo que somente Bonham seria capaz de tocar com tanta fúria, e uma performance impressionante dos vocais de Plant. Ainda hoje não consigo acreditar que ele trouxe tamanha performance sentado em uma cadeira de rodas (o acidente com ele inclusive é a origem da faixa, originalmente batizada "The Wheelchair Song"). "Achilles ..." passa por diversas variações, assim como a obra que inspirou seu nome, a sensacional Ilíada, ao longo de seus mais de dez incansáveis minutos, colocando o quarteto à prova sobre sua então criticada "velhice musical". E os britânicos saem vitoriosos, criando mais uma grande obra atemporal. Poderia falar horas e horas sobre o trabalho de solos de Page e  a percussão bombástica de Bonham aqui, mas prefiro colocar o vinil e ouvir esta faixa pela sei lá qual ésima vez. Fantástica!

3. "Stairway to Heaven" - Untitled (1971)

A música que me apresentou o rock, e me fez virar fã não só do Led, mas de todas uma geração de bandas dos anos 70. Já comentei diversas vezes sobre como "Stairway to Heaven" foi descoberta por mim, e falar dela é quase tão difícil quanto fazer essa lista. O lindo dedilhado da introdução, a emotiva voz de Plant, a entrada triunfal da bateria de Bonzo, a sequência emocionante de variações sobre Am, o solo mais arrepiante de toda a carreira de Page e o final apoteótico são algumas das características que ainda hoje me encantam nessa - mais uma - faixa atemporal. Para muitos, uma das melhores músicas de todos os tempos, e para mim, no mínimo um Top 3, já que há outras duas obras ainda tão fantásticas quanto esta!

2. "The Rain Song" - The Soundtrack fro the Film The Song Remains the Same (1976)

Tudo o que o Led fez em "Stairway to Heaven" foi aperfeiçoado ainda mais no álbum seguinte, Houses of the Holy, só que acrescentando a magia dos teclados de John Paul Jones. E na versão ao vivo do contestado The Song Remains the Same, o Led criou algo que abala as estruturas. Uma apresentação grandiosa, com Jones brilhando no órgão e mellotron, mais uma performance vocal absurda de Plant, Bonham tocando com uma rara delicadeza, e Page, mesmo fazendo um solo simples perto do de "Stairway ...", comandando os dedilhados, arpejos e acordes dessa canção belíssima que aprendi a amar. É mais uma que espero que coloquem no dia da minha cremação (e se quiserem colocar "Stairway to Heaven" de brinde, não ficarei chateado não). Linda demais, e me emociono só de lembrar dela!

1. "Kashmir" - Physical Graffitti (1975)

Quando ouvi "Kashmir" pela primeira vez eu não consegui entender a sua grandiosidade. Era algo tão complexo para um guri já apaixonado por Led aos 8 anos que aquilo teve que ser absorvido lentamente. Como Physical Graffitti para mim é o melhor disco de todos os tempos, certamente o disco que mais ouvi na minha vida, junto do Presence (tanto que furei minhas primeiras edições de ambos os discos), quando "Kashmir" bateu não tive o que fazer. E ela só cresce cada vez mais que a ouço. O arranjo oriental do mellotron de Jones, o vocal delicado de Plant, a guitarra que carrega esse órgão nas costas sem fazer um mísero solo, e que caso houvesse tal solo, seria muito desnecessário, o peso das batidas de Bonzo, tudo isso e muito mais impactam o ouvinte em quase 10 minutos de uma obra-prima. Elenco fácil "Kashmir" como uma das melhores músicas de todos os tempos, e complemento dizendo que a versão feita por Plant e Page em No Quarter também é magnífica, mas essa versão de Physical ... é simplesmente a obra mais perfeita da carreira do quarteto britânico. 

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