sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Metallica: Parque Condor, Porto Alegre, 28/01/2010

Porto Alegre: Lama, suor e peso! Inspirado no mais recente DVD do Metallica, Orgulho, Paixão e Glória, o título para um DVD que fosse gravado ontem aqui em Porto Alegre só poderia ser esse, já que todos os quase 30.000 presentes no Parque Condor levaram estes três fatores para casa.

Onze anos de espera demoraram a passar. Após o único show do grupo no Jóquei Club de Porto Alegre, em 03 de maio de 1999, os conterrâneos gaúchos esperavam com ansiedade o retorno de uma das mais importantes bandas da história do heavy metal, ainda mais na turnê de um disco que resgata, se não as origens, uma similaridade com a sonoridade que colocou o Metallica nesse posto.

A
World Magnetic Tour começou na América do Sul por Peru e Argentina, e aterrisaria para um grandioso show no Estádio Passo d'Areia. Mas, como Porto Alegre é Porto Alegre, os bombeiros não liberaram o estádio, e a solução encontrada pela nossa magnífica Opinião Produtora (que consegue trazer as melhores bandas para os piores locais e sem a mínima divulgação) foi levar o show para o Parque Condor, um terreno a céu aberto localizado em frente ao Aeroporto Salgado Filho, tradicional recinto de festas dance e de trios elétricos no carnaval.

Cheguei no lugar por volta das 18 horas, e de cara comprei minha camiseta da turnê por 10 reais. Isso mostrava que a noite seria de surpresas, pois achar uma camiseta por um preço tão barato é raro aqui em PoA.

O salgado preço do ingresso (o mais barato - 140,00 reais - era sete vezes mais caro que em 1999) e a mudança do local não afetou em nada o ânimo da gurizada, que começou a lotar o recinto a partir das 17 horas. Porém, eles não sabiam o que os esperava lá dentro. Uma hora de chuva forte durante o início da tarde tornaram o Parque Condor um verdadeiro lamaçal. O principal comentário era "
estamos em Woodstock", e não era para menos. Cada local que você parava para assistir ao show, afundava 10 ou 20 centímetros na lama. Era incrível, pois as pessoas mudavam sua altura com frequência, tornando a visão do palco bastante complicada.

20 horas e o Hibria sobe ao palco. Confesso que não consegui prestar atenção ao som da banda, já que estava procurando um local com menos lama (se é que isso era possível naquele potreiro), e o som também estava muito ruim, mas deu pra ver que a inspiração em Iron Maiden é fortíssima. Um show de 45 minutos, que animou quem estava na frente, enquanto a lama subia pelos tênis e alcançava calças e pernas de todos.


Mas isso era de menos, afinal, faltava pouco mais de meia hora para começar o grande show da noite. O palco, apesar de muito baixo, foi uma atração à parte. Com dois telões montados em ambos os lados, em sua região central estava a bateria de Lars Ulrich, e dela saíam duas rampas que levavam para um nível acima da bateria, onde três microfones estavam colocados. Claro, no nível da bateria também haviam outros três microfones, mas o que chamava mais atenção era o gigantesco telão de fundo, com uma excelente qualidade e definição, incomum nos telões de hoje em dia, e que ficava apresentando raios antes de o show começar. Além disso, a natureza colaborou, pois com o palco montando na direção do pôr-do-sol, ficou muito bonito ver os raios se pondo e cobrindo o palco, ao mesmo tempo que um belo arco-íris se formava ao lado do mesmo (pois é, nem só
Woodstock foi lembrado, mas o California Jam também).

21 horas e o cheiro da lama, misturado com a "maresia", fizeram com que a umidade aflorasce no recinto, e assim um calor fora do normal emanava das camisetas pretas dos fãs, fazendo todos suarem. Vários acabaram tirando a camisa antes mesmo do show começar, pois estava brabo de aguentar ...

Às 21:45 (com 15 minutos de atraso) o som de algo que parecia Budgie (segundo meu irmão, pois eu realmente não conseguia ouvir direito) surge nos amplificadores, e assim as luzes se apagam e trazem vídeos de um cowboy ao som da clássica "The Ecstasy of Gold". Com lama pela cintura, o quarteto californiano entra detonando com "Creeping Death". Ali sim foram misturados lama, suor e o peso de um som fortíssimo, e que chegava incrivelmente bem aos ouvidos (diferente da banda de abertura e da faixa de introdução do show). Os bumbos de Lars Ulrich ressoavam no peito como um trovão, e era impossível ficar parado com a brutalidade sonora que o Metallica mostrava.

Na sequência, os acordes de "For Whom the Bell Tolls" levaram os fãs ao delírio. Com o refrão cantado em uníssono, era a chave para a inesperada "Ride the Lightning". A essa altura, a lama já estava no pescoço, e vários fãs já haviam deixado a parte frontal do palco, decidindo se abrigar da chuva de lama e suor que saia dos corpos enlouquecidos em um local próximo às arquibancadas, longe do palco, mas com mais segurança.

Não dá nada, as três músicas foram matadoras, e já valia a pena passar por tudo aquilo. O telão realmente era fabuloso. Mostrando tudo o que acontecia, era a principal referência para se ver o show. Com uma ótima definição, mostrou que Robert Trujillo é um animal no palco, movimentando-se por todo ele de forma estranha e grotesca, enquanto Kirk Hammett ficou praticamente o tempo inteiro entre o centro e o lado esquerdo do palco (direito de quem via), com a sua tradicional pose. James Hetfield foi o que mais agitou, e Lars é Lars, não tem o que falar deste que é com certeza um dos melhores bateristas de todos os tempos.

Depois da pancada inicial, "The Memory Remains" acalmou os ânimos, fazendo subir ainda mais a "maresia", enquanto a faixa seguinte fez o escritor aqui ir às lágrimas. Nada mais nada menos que "Fade to Black" surgia nos amplificadores (primeira surpresa do set list), e várias pessoas ao meu lado se abraçavam como se um título fosse conquistado. Sem as pessoas pulando, deu para ver tranquilamente o palco, e sentir que aquele show estava se tornando um marco para Porto Alegre!

Com a emocionante interpretação de "Fade to Black", foi a vez de uma sequência de canções do novo álbum: "That Was Just Your Life" (fortemente cantada por todos), "The End of the Line" e "The Day That Never Comes". Para aqueles que criticaram a banda depois de
Load e Reload - eu fui um deles - e que passaram a criticar ainda mais o grupo depois de St Anger e do DVD Some Kinf of Monster, era a mostra de que o sangue voltava a correr nas veias do Metallica. Grandes faixas, que têm tudo para entrar em futuros set lists da banda.

James pergunta se os brasileiros gostam de peso, e é a deixa para "Sad But True" ecoar no local. A essa altura, a mistura de lama, suor e peso já era indefinida. Tudo estava misturado no corpo do cidadão aqui, que cantou aos berros o refrão de mais um clássico.

A bela "Cyanide", também de
Death Magnetic, trouxe grandes duelos de James e Kirk, e deu espaço para os tiros e explosões de "One", a mais arrepiante da noite. Fogos de artifício e muitas explosões ao lado do palco abriram espaço para James tocar o riff da canção ao violão, enquanto o solo de Kirk era acompanhado pelo público com os tradicionais "oh-oh-oh" que os fãs do Iron Maiden conhecem muito bem. Se Kirk não se arrepiou ouvindo isso, então ainda precisa de mais uma dose de emoção no seu corpo. Claro, a sequência final dos solos de "One" foi destruidora, e mais uma vez lágrimas se misturaram ao suor que não parava de correr. Demais, simplesmente demais!!! Ali meus 140 reais fizeram valer a pena mesmo.

O que aconteceu a seguir é quase indescritível. "Master of Puppets" veio com todas as palhetadas que tínhamos direito. O disco que mudou o metal (ao lado de
Reign in Blood, do Slayer) aparecia nas caixas com sua mais que pesada faixa-título, seguida por outro petardo, "Battery", mais uma surpresa da noite e que também foi vibrada por todos.

O encerramento se deu com Kirk solando sozinho, e introduzindo "Nothing Else Matters" (mais lágrimas), tendo como clímax o encerramento deste clássico, onde James solta um longo
feed, enquanto o telão mostra sua mão direita bem de perto. Enquanto o feed rolava, a mão de James ia mudando sua posição, acabando enfim por mostrar a palheta personalizada do guitarrista, com o caixão da capa de Death Magnetic na parte central, tal qual a capa do CD/LP - ou seja, encrustado dentro da palheta (não sei explicar melhor, mas quem tem a versão do CD com o caixão para dentro da capa vai entender o que digo). Ali babei, babei mesmo, pois era uma das palhetas mais lindas que já tinha visto!

A seguir, "Enter Sandman", cantada por todos no Parque Condor, afinal até o mais leigo que estava presente no local conhece essa, que se não é a melhor música da banda é a responsável pela massificação dos fãs do Metallica pós-anos noventa. Contando com muitos
feeeds, alavancadas e acompanhamento em coro, "Enter Sandman" foi disparado a música mais aplaudida do show.

Um pequeno intervalo e veio o bis, com "Die Die My Darling", reaquecendo as turbinas para a última surpresa, "Phantom Lord", resgatando o álbum
Kill'Em All. Ouvir uma música do seu LP preferido do grupo é realmente algo impressionante, ainda mais em se tratando do Metallica. Com todas as notas tocadas perfeitamente, "Phantom Lord" foi executada de forma primordial, e, assim, encaminhávamos para o encerramento com a destruidora "Seek & Destroy", e o coro "searchiiiiiiiiiing, seek and destroy" arrebentando as últimas cordas vocais que eu tinha.

Após o encerramento, um dos funcionários da banda (que infelizmente não consegui gravar o nome) recebeu uma homenagem de todos os integrantes, levando um banho de tortas, pois estava de aniversário. Em gratidão, o público gaúcho cantou o "Happy Birthday to You" e ainda homenageou o roadie com o nosso tradicional "Parabéns Gaúcho" (quem não é do RS venha um dia, que ouvirá o parabéns gaúcho com satisfação).

Quase dez minutos da banda jogando palhetas e peles de bateria para o público se seguiram, ao mesmo tempo em que elogios à cidade eram feitos por James (que ratiou dizendo que era a primeira vez que a banda tocava em Porto Alegre, mas foi devidamente corrigido por Kirk e Lars) e Trujillo. Os fãs (aqueles que ainda tinham voz) gritavam "
olê, olê, ola, Metallica!!!" e "Ah!! Eu sou gaúcho!!!", além de mais uma vez homenagear o grupo cantando o Hino Rio-Grandense. O quarteto aplaudia e dava para ver a emoção de todos no Parque, pois realmente a sensação era de comunhão entre banda e fãs.

Precisando de muita calma para sair do lamaçal sem escorregar e acabar caindo naquele chão imundo, fui para a parada de ônibus carregando o sentimento de que uma locomotiva tinha passado sobre mim, e que o peso dela era realmente destruidor.


Cheguei em casa às duas da manhã, com o refrão de "Sad But True" ainda na cabeça, e o resultado, plagiando a tradicional empresa de cartões de crédito, foi o seguinte:

Camiseta da turnê - 10 reais
Sapato e calças jeans que tiveram que ser jogado fora por causa da lama - 100 reais
Ingresso - 140 reais
Ver o mais brutal show de toda a sua vida: NÃO TEM PREÇO!

Confira o set list:

Creeping Death
For Whom the Bell Tolls
Ride the Lightning
The Memory Remains
Fade to Black
That Was Just Your Life
The End of the Line
The Day That Never Comes
Sad But True
Cyanide
One
Master of Puppets
Battery
Nothing Else Matters
Enter Sandman

Die Die My Darling
Phantom Lord
Seek & Destroy

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Peso



Um dos grandes grupos de rock brasileiro dos anos 70 teve uma carreira meteórica, mas que deixou saudades e, principalmente, a sensação de música honesta e com muito feeling. Estou falando d´O Peso.

Tudo começou em 1972, quando Luiz Carlos Porto (voz) e um amigo, chamado Antônio Fernando Gordo, compuseram diversas músicas, e, dentre elas, escolheram "O Pente" para ser apresentada em festivais. Um deste festivais foi o VII Festival Internacional da Canção no Rio de Janeiro, o mesmo que revelou Raul Seixas com "Let Me Sing, Let Me Sing", onde os Mutantes fizeram sua derradeira apresentação com Rita Lee tocando "Mande um Abraço pra Velha" e Sérgio Sampaio emplacou "Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua", todas faixas que podem ser conferidas no raríssimo vinil do festival.

Porém, a canção não ficou entre as classificadas para a final, principalmente pela forte alusão à maconha, com o seu refrão "
pente, pente, pente, pente prá poder fechar", levando ao retorno para o Ceará e a dissolução da dupla LCP/Gordo, mas deixando Porto com vários contatos na Cidade Maravilhosa, principalmente pelo seu carisma e simpatia, o que permitiu que assinasse um contrato de três LPs com a Phillips, de onde saiu apenas o compacto de "O Pente", ao lado de Gordo. Dessa época ficou também a canção "Mundo Sol", em colaboração com o poeta Cristiano Lisboa, que infelizmente ainda não foi lançada para nós, mortais.

Em 1974 LCP retorna ao Rio, e dessa vez começa a procurar pessoas para montar uma banda nos moldes do hard de Allman Brothers e Lynyrd Skynyrd. Assim, funda o o grupo O Peso ao lado de Gabriel O'Meara (guitarra), Carlos Scart (baixo), Constant Papineau (piano) e Geraldo D'arbilly (bateria). O grupo passa a participar de shows, sendo a banda de apoio para Zé Ramalho na temporada que o mesmo fez na Urca em 1974.

Luiz Carlos Porto também conheceu produtores em sua primeira passagem pelo Rio, e na banda O'Meara já tinha seus contatos, principalmente por ter participado do
Projeto Salva-Terra de Erasmo Carlos, o que levou facilmente o Peso assinar com a Polydor em 1975. O contrato com a Polydor rendeu um convite para participar do primeiro Hollywood Rock, onde o grupo apresentou toda sua energia para as mais de 10.000 pessoas que enfrentaram o embarrado estádio de General Severiano no Rio de Janeiro, pertencente ao clube da estrela solitária. Entre nomes como Mutantes, Rita Lee & Tutti Frutti, Erasmo Carlos, Celly Campelo e Raul Seixas, o Peso foi uma sensação, virando a banda revelação do evento, ao lado dos também novatos do Vímana.

O sucesso fez com que a gravadora lançasse o primeiro LP. Assim, em meados de 1975 chegava às lojas o álbum
Em Busca do Tempo Perdido, uma obra-prima do rock nacional. O disco traz uma sonoridade similar ao Led Zeppelin, com refrões praticamente chupados dos clássicos da banda de Jimmy Page, e conseguiu vencer inclusive a censura, mesmo falando de sexo e drogas e com uma capa no mínimo estranha, onde o grupo aparece escondido dentro de um banheiro com um hipopótamo ao fundo farejando atrás daqueles cabeludos bem trajados.


O disco abre com "Sou Louco por Você", com bateria, guitarras, baixo e piano entrando aos poucos, trazendo os vocais fortes de LCP em um rockzão bem anos 70. "Não Fique Triste" começa com violões que lembram "Thank You" do Led Zeppelin, tocando a melodia que acompanha os vocais de LCP. O órgão de Papineau se faz presente, sendo que o mesmo executa um belo tema ao piano, um dos pontos principais dessa balada. Outra balada surge em "Me Chama de Amor", com um clima bem anos 60. Essa canção conta ainda com um inspiradíssimo solo de O'Meara.

O rock pesado é retomado em "Só Agora", onde piano e guitarra comandam um grande som para animar festas. Os vocais de LCP são acompanhados por vocalizações cheias de yeah-yeah-yeahs, no melhor estilo de Robert Plant, com um refrão fortíssimo. Essa faixa conta com um solo de gaita feito por Zé da Gaita, e é uma excelente canção para festas universitárias.

O lado A encerra com "Eu Não Sei de Nada", onde O'Meara mostra todo o seu talento. O riff é do nível das grandes bandas de hard americanas, com os vocais de LCP rasgando as caixas de som. Uma viajante sessão é apresentada durante a canção, onde a bateria acompanha um crescendo do órgão, teclado e guitarra, dando sequência a um funkzão construído pela base de Scart e por riffs de O'Meara, retomando o refrão. Essa canção contou com a presença de Carlos Graça na bateria, ao invés de D'arbilly.

"Blues" abre o lado B seguindo a dicotomia natural (12 compassos, 3 acordes, be-móis e muito feeling). A guitarra de O'Meara introduz a canção para Papineau viajar ao piano, com uma levada da cozinha que nos faz pensar estarmos em um bar americano cercado por negros rindo e bebendo, até Zé da Gaita entrar acompanhando os vocais de LCP. Um bluezão arrastado, com uma grande letra ("
Se eu fosse um homem rico, será que você gostaria mais de mim? Meu amor dou de graça, mas você cobra tudo mesmo assim!"), que vai crescendo aos poucos. O solo de gaita leva ao solo de guitarra, onde O'Meara abusa de palhetadas pageanas, e até as viradas de D'arbilly lembram Bonham, bem como o acompanhamento de Scart lembra John Paul Jones em "You Shook Me". Após o primeiro solo de guitarra, a canção muda o ritmo, tornando-se um rockzão de primeira, com solos alternando entre gaita e guitarra. Um clássico brazuca com muito tempero pra norte-americano nenhum botar defeito.

Outra pedrada surge com "Lúcifer", a mais
zeppeliana das canções do Peso, com várias citações ao Led. O início da faixa traz mais um grande riff de O'Meara, e aqui LCP está fantástico, gritando como o personagem que dá nome a canção. É impossível não lembrar dos solos de "The Song Remains the Same" e "Celebration Day" quando O'Meara começa seus dois solos. Após o segundo solo de guitarra, as batidas do segundo riff principal de "Black Dog" são ouvidas, com O'Meara executando um terceiro solo antes de uma sessão percussiva, onde Scart comanda a viagem e o encerramento da faixa.

O slide guitar introduz "Boca Louca", mais um rockzão com O'Meara solando muito e com acordes vibrantes no encerramento. A chapante "Cabeça Feita" foi uma das mais populares. Falando sobre o uso da maconha, se tornou um clássico entre os admiradores do grupo (e da erva). O disco encerra com a acústica faixa-título, também contando com Garça na bateria. Com muitos teclados e violões, é mais uma que lembra bastante o Led de "Ramble On", principalmente pela levada do violão e pelo solo de O'Meara.


Porém, o sucesso esperado pela banda acabou esbarrando na própria gravadora, que lançou uma tiragem pequena do álbum - trazendo inclusive um belo encarte com fotos dos integrantes -, que não atingiu números interessantes de venda. Mesmo assim, lançam um compacto com as músicas "Eu Sou Louco Por Você / Me Chama de Amor", que também não obteve sucesso.

Várias formações passaram a fazer parte do grupo, contando com Mario Jansen, Geraldo D'arbilly, Carlos Scart, Serginho e LCP, e também como sexteto, com LCP, Carlos Scart, Geraldo D'arbilly, Serginho, Leca e Mario Jansen, inclusive com a saída de LCP, sendo substituído por Zé da Gaita nos vocais, culminando no encerramento das atividades no final da década de 70.


Luiz Carlos Porto chegou a gravar três LPs pela Phillips que acabaram não saindo da gaveta, já que o cantor não aprovou o resultado final dos mesmo. Em 1983, LCP lançou, pela Polygram, seu primeiro e único álbum solo, intitulado apenas com seu nome e contando com a participação dos músicos Peninha (bateria), Roberto Darbill (baixo), Marcelo Sussekind (guitarra), Julinho (piano, teclados), Marinho (saxofone) e as vocalizações de Regina, Rosana, Gracinha, Guarnieri, João Carlos e André Melito.
Luiz Carlos Porto começa com o rock de "Você Me Olhou (Não Há Por Que Chorar)", que mostra os mesmos gritos de LCP na época do Peso, mas com uma sonoridade oitentista. Seguem "Se Não Fosse Essa Canção", com muito teclados e vocalizações; "Estrelas no Céu", com um saxofone estranho, para não dizer algo pior; e "Amanheceu o Sol Vai Brilhar", um rock anos 80 típico, encerrando o lado A com "Vejo o Dia Amanhecer", uma baladona anos 80 com muitos solos de guitarra e teclados.

O lado B vem com os reggaes de "Pra Bem Longe" e "Acordei Sonhando", o rock com vocalizações de "Não Acredito em Mais Ninguém", a animada "Eu Só Quero (Amar um Pouco Mais)", com um interessante solo de sax, e encerra com "Não Sei Chorar", uma triste e melancólica balada. Mesmo carregando o nome Luiz Carlos Porto, o álbum ficou muito distante do que os fãs do Peso esperavam, investindo muito em um som comercial, acabando engavetado nas prateleiras das lojas do país.

Já em 1984 o Peso retornou a ativa, tendo o último show daquela mini-turnê sido realizado na Danceteria Quitandinha em Petrópolis, que repercutiu bastante na mídia especializada da época. O Peso tinha na formação LCP, Ricardo Almeida (guitarras), George Gordo (baixo) e Carlinhos Graça (bateria).

LCP manteve o Peso por mais alguns anos, até que em 1986, após um show em Fortaleza, envolve-se em um grave acidente de moto, passando a sofrer de esquizofrenia e sendo obrigado a abandonar os palcos. As últimas informações que obtive sobre ele é que está escrevendo poemas e fazendo tratamento.

No dia 26 de agosto de 2005, Darliby, Scart e Papineau se reencontraram 30 anos depois da gravação de
Em Busca do Tempo Perdido, e alguns registros foram feitos. A volta do Peso para alguns shows foi cogitada, mas o grave problema de saúde de LCP impediu (e impede) que tenhamos nos palcos uma das mais importantes bandas do rock brazuca dos anos 70, que ao rodar na vitrola tornava impossível segurar o tesão que cada faixa passava.

Coloque a agulha no ponto, apague as luzes, arranque a roupa da mulher e deixe que Luiz Carlos Porto e companhia comandem seu cérebro para uma noite de muita loucura e gritos de yeah-yeah-yeah!
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