Mostrando postagens com marcador Faces. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Faces. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Podcast Grandes Nomes do Rock # 37: Jeff Beck




Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock

O podcast Grandes Nomes do Rock desse mês homenageia um dos principais guitarristas da história do rock, Jeff Beck. Em duas horas de programa, passearemos pela carreira do músico desde seus tempos no Yardbirds até os dias de hoje, destacando canções de sua carreira solo, canções do Yardbirds, bandas contendo músicos que tocaram ao lado de Beck e um bloco especial com covers gravadas por Beck, e também regravações de composições do inglês por outros artistas. 


Geoffrey Arnold Beck nasceu no dia 24 de junho de 1944, em Wallington, Inglaterra, e desde pequeno teve contato direto com a música. Aos 6 anos, Beck ouviu Les Paul tocando em uma rádio, e ali, decidiu que realmente o que ele queria ser era um guitarrista. Aos dez anos, o garoto era o principal cantor no coral da igreja da sua cidade, e com doze, teve suas primeiras lições de violão e guitarra em um violão emprestado. Insatisfeito de ter de sempre pegar um instrumento para tocar, Beck começou a desenvolver a construção de seu próprio instrumento, através da famosa tentativa e erro. 

O primeiro violão foi construído colando parafusos em uma caixa de charuto, que fazia o corpo do instrumento, e uma parte da cerca de sua casa que fazia a parte do braço, com as asas de uma aeronave de aeromodelagem sendo a mão do instrumento. Posteriormente, ele percebeu que o ideal seria fazer adaptações que facilitariam a forma de tocar, entre elas, adaptar captadores elétricos e transformar o violão em guitarra. 

Após encerrar o ensino médio, Beck ingressou no Wimbledon College of Art, aonde desenvolveu seus dotes como pintor e decorador, especializando-se principalmente na pintura de carros. É na Wimbledon College of Art, através de sua irmã, Annetta Beck, que ele é apresentado ao guitarrista Jimmy Page. Surgia assim uma grande amizade, a qual também foi muito conturbada. 

Com 19 anos, Beck fundou seu primeiro grupo, o The Rumbles, o qual era voltado para covers de Gene Vincent e Buddy Holly. Em 1963, ocorre a primeira gravação de Beck, fazendo o solo na canção “Stealin’”, do grupo The Cyril Davies All Start, sendo essa o lado A da bolachinha, que no lado B traz a faixa “Chuckles”. Ele passou o ano de 64 trabalhando como músico de estúdio, participando de singles gravados por Phil Ryan, Johnny Howard Band e Screaming Lord Sutch. 

Cris Dreja, Jeff Beck, Paul Samwell-Smith, Jim McCarthy e Keith Relf:
o Yarbirds em 1965

Em 1965, Beck aumenta o número de participações. Dessa vez, Beck executa as seis cordas em gravações de Nightshift, Fitz and Startz, Chris Andrews, Stars Charity e Sandy Shaw. Esse grande número de participações, e uma indicação de Jimmy Page, fez com que Beck entrasse no lugar de Eric Clapton no Yardbirds. 

A entrada de Beck no Yardbirds mudou o status do grupo para o mais elevado posto nas paradas americanas e britânicas, batendo de frente (e por muitas vezes ganhando) os grandes Beatles e Rolling Stones, apesar de Beck ter permanecido no grupo por apenas 20 meses. Nesse período, ele gravou o lado A do espetacular Having a Rave Up With The Yardbirds (1965) e o essencial Roger the Engineer (1966), também conhecido como Over Under Sideways Down, nome pelo qual foi lançado nos Estados Unidos. 

Uma das principais composições dessa época é “Still I’m Sad”, uma inovadora faixa, que mistura cantos gregorianos com psicodelia, distinto do que era apresentado por todas as bandas de rock da época. Outras canções clássicas da era Beck em Yardbirds são “I’m a Man”, “Over, Under, Sideways, Down”, “Jeffs Boogie”, “Heart Full of Soul” e “Shapes of Things”, alguns exemplos primordias da importância de Beck para o rock. 

Cris Dreja, Jimmy Page, Jim McCarthy, Keith Relf e Jeff Beck;
formação clássica do Yardbirds

Em setembro de 1966, o Yardbirds chegou no ápice de sua carreira, com a entrada de Jimmy Page para dividir as guitarras com Beck. Um dos momentos mágicos do rock pode ser conferido no filme Blow Up (1966), onde Beck estraçalha a guitarra enquanto Page dá risadas da interpretação artística de seu colega. Infelizmente, o quinteto Yardbirds, que além de Beck e Page, contava ainda com Keith Relf (harmônica, vocais), Cris Dreja (guitarra, baixo, vocais) e Jim McCarthy (bateria), não deixou nenhum registro para a posteridade, pois em novembro de 1966, Beck foi demitido, devido principalmente a seus atrasos e ausências em diversos shows do grupo pelos Estados Unidos, além de seu perfeccionismo e temperamento explosivo. 

Micky Waller, Jeff Beck, Rod Stewart e Ronnie Wood:
primeira formação do Jeff Beck Group
Pós-Yardbirds, Beck mergulhou em uma carreira solo de grande sucesso, primeiramente com os singles “Hi Ho Silver Lining” (uma das raras canções a trazer a voz de Beck) e “Tallyman”, e posteriormente, fundando a Jeff Beck Groupo, cuja primeira encarnação contou com Beck nas guitarras, Rod Stewart nos vocais, Ronnie Wood no baixo, Nicky Hopkins no piano e Micky Waller na bateria. 

Essa formação prontamente entrou nos estúdios da Atlantic, e em agosto de 1968, gerou um dos melhores discos daquele período, batizado Truth. Gravado em apenas quatro datas, nos dias 14, 15, 25 e 26 de maio de 1968, Truth é uma aula de guitarra, e da potência sonora que Beck exalava para o hard rock. Apesar de ser composto apenas por covers, é inegável a qualidade de pérolas como “I Ain’t Supertitious” (de Willie Dixon), “Ol’ Man River” (de Jerome Kern e Oscar Hammerstein”, e claro, os delírios instrumentais de “Beck’s Bolero”, uma obra prima composta por Page e Beck, com inspiração no "Bolero" de Ravel. 

Além desses clássicos, Truth também traz a polêmica “You Shook Me”, uma versão para a peça de Willie Dixon, gravada pelo Led Zeppelin de Jimmy Page cinco meses depois do lançamento de Truth em Led Zeppelin, o álbum de estreia do grupo de mesmo nome, e que até hoje gera controvérsias de quem teria feito a versão encontrada em ambos os álbuns, com Beck defendendo que ele é o responsável pelo arranjo, e Page dizendo que apenas adaptou o que Beck já havia gravado, construindo um novo arranjo. 

O fato é que Truth fez bastante sucesso, chegando na décima quinta posição nos Estados Unidos, e revelando a rouca voz de Rod Stewart para o mundo, além de um jovem Ron Wood executando linhas de baixo, algo que posteriormente, no Rolling Stones, ele deixaria de fazer. 

Jeff Beck, Rod Stewart, Tony Newman e Ronnie Wood

Em julho de 1969, chega às lojas a sequência de Truth, o também espetacular Beck-Ola, trazendo Tony Newman no lugar de Micky Waller. A gravação de Beck-Ola demorou um pouco mais que Truth, agora seis datas em abril de 1969 (3, 6, 8, 10, 11 e 19). Os grandes destaques ficam por conta das versões para “All Shook Up” (Elvis Presley) e “Jailhouse Rock” (Jerry Leiber e Mike Stoller”, além da embalada “Spanish Boots”, onde podemos conferir um pouco mais do baixista Ronnie Wood, e da belíssima instrumental “Girl from Mill Valley”, composta por Hopkins. 

Novamente, Beck alcançava a décima quinta posição nos Estados Unidos. Durante a turnê por este país, incidentes, brigas e o famoso Caso-Woodstock levaram ao fim da primeira geração do Jeff Beck Group em agosto de 1969. Aos que não conhecem o Caso-Woodstock, o Jeff Beck Group estava programado para ser uma das principais do evento, tanto que seu nome aparece nos cartazes promocionais. Porém, Beck desistiu de tocar dias antes do evento começar, desagrando Stewart e Wood. As ofensas foram inevitáveis, com Wood e Stewart sendo demitidos, Hopkins participando do evento como tecladista do Jefferson Airplane e Newman perdido no meio da discussão. 

Rod e Ron ingressaram no Faces, enquanto Hopkins passou a fazer parte do Quicksilver Messenger Service. Já Beck afastou-se temporariamente da música, rejeitando inclusive a oferta de substituir Brian Jones no Rolling Stones (sendo que em 1967, ele já havia recusado o convite para substituir Syd Barrett no Pink Floyd), até sofrer um grave acidente de carro próximo a cidade de Maidstone, em dezembro de 1969. 

Pouco antes do retiro para tratar sua lesão no crânio, causada no acidente, Beck participou do álbum Music from Free Creek, um ousado projeto com renomados artistas como Eric Clapton, Dr. John, Mitch Mitchell e Linda Ronstadt, e que foi lançado em 1973. Beck participa das canções “Cissy Strut”, “Big City Woman”, “Cherrypicker” e “Working in a Coalmine”. O retiro acabou impossibilitando a união de um super grupo, o qual começava a ser planejado, tendo Beck, Tim Bogert (baixo) e Carmine Appice (bacteria). 

A ex-dupla do Vanilla Fudge acabou fundando o Cactus, e Beck cuidou de tratar dos problemas gerados pelo acidente. Quando Beck recuperou-se do acidente, decidiu formar uma nova banda. Primeiro, o guitarrista trouxe para tocar com ele o baterista Cozy Powell, e então, com o auxílio do produtor Mickie Most, Beck e Powell mandaram-se para os Estados Unidos no início de 1970, onde alugaram o renomado Studio A da Motown, localizado em Hitsville. Lá, tendo o auxílio do grupo The Funk Brothers, o trio registrou diversas faixas, voltadas para o funk e a soul music, bem no estilo motowniano, o que inspirou Beck a construir uma formação sólida para tocar esse estilo de música. 

Famoso álbum bootleg da segunda geração do Jeff Beck Group
Em abril de 1971, surgia a segunda encarnação do Jeff Beck Group, contando com Beck, Powell, Alex Ligertwood (vocais), Max Middleton (teclado) e Clive Chaman (baixo), formação essa que entrou nos estúdios ainda em abril. A expectativa era grande para o lançamento do novo álbum de Beck, o qual era barrado por problemas entre Beck e a gravadora RAK. Quando o contrato entre ambos encerrou em maio de 1971, Beck assinou com a Epic, na época, uma subsidiária da CBS. 

Ali, o novo LP começou a tomar forma, aproveitando as músicas gravadas em abril. Porém, Beck não gostou da participação vocal de Ligertwood, e então, saiu em busca de um novo vocalista, cabendo esta tarefa para Bobby Tench (guitarra, vocais). O ex-vocalista do grupo Gass entusiasmou Beck em uma apresentação de seu grupo, e claro, não desperdiçou a oportunidade de tocar com um grande nome do rock como Jeff Beck. 

Essa formação então estreiou vinílicamente em Rough and Ready, lançado em 25 de outubro de 1971 no Reino Unido (09 de janeiro de 1972 nos Estados Unidos). A sonoridade totalmente nova, com influências do soul, rhythm & blues e jazz em nada se assemelhava ao peso da primeira encarnação do Jeff Beck Group, e relevava ainda mais as capacidades musicais de Beck, sendo considerado um sucesso, mesmo com atingindo a modesta quadragésima sexta posição nas paradas americanas. 

Logo após o lançamento nos Estados Unidos, o Jeff Beck Group saiu para uma curta turnê de dezesseis datas pelo país, destacando principalmente as canções de Rough and Ready, com destaque para “Got the Feeling”, “Situation” (ambas lançadas em single) e “New Ways / Train Train”. Vale lembrar que a versão original americana apresenta a canção “Max’s Tune” com o nome "Raynes Park Blues”, o que foi corrigido nas versões posteriores. Talvez o maior destaque desse álbum é que Beck escreveu seis das sete faixas do mesmo, o que não havia acontecido nos álbuns anteriores. 

A estrondosa turnê de Rough and Ready propiciou uma volta aos estúdios para a gravação do segundo álbum dessa encarnação. Tendo agora como produtor Steve Cropper, e a mesma formação do disco anterior, no primeiro dia de maio de 1972 chegava às lojas americanas Jeff Beck Group (09 junho no Reio Unido). Particularmente, considero este o melhor disco da carreira de Beck. Nele, as influências da soul music são ainda maiores do que no seu antecessor, com Beck voltando a trabalhar usando covers, principalmente de artistas da Motown. 

Beck em 1972

Cinco das nove faixas do Disco da Laranja são covers, destacando “Tonight I’ll Be Staying Here With You” (Bob Dylan), “Going Down” (Don Nix) e “I Got Have a Song” (Stevie Wonder). Mas a melhor canção deste LP fica por conta da que o encerra, uma composição de Beck batizada de “Definitely Maybe”, a qual é uma jóia rara instrumental, aonde o guitarrista faz seu instrumento chorar usando o pedal wah-wah cry-baby. Mais uma pequena série de shows e Beck resolve acabar com o Jeff Beck Group, alegando divergências musicais. O fato maior, não revelado na época, é que Beck estava com a cabeça novamente voltada para o hard rock. 

O antigo projeto de montar uma super-banda ao lado de Tim Bogert e Carmine Appica voltava a ser o alvo de Beck, ainda mais por que a dupla já havia saído do Cactus. Os ensaios entre o trio começou no início de 1972, e em agosto daquele ano, já estavam em cima dos palcos, para preencher obrigações contratuais da segunda encarnação do Jeff Beck Group. Nesses shows, além do trio citado, participaram Max Middleton e Kim Milford, o qual foi substituído na sétima apresentação por Bobby Tench, este último permanecendo até o final da turnê. 

Carmine Appice, Jeff Beck e Tim Bogert, um dos principais
power-trios da história

Encerradas as obrigações contratuais do Jeff Beck Group, enquanto os demais membros do Jeff Beck Group criaram o Hummingbird, Beck realizava seu sonho, fundando o power trio Beck, Bogert & Appice, um dos grandes Power-trios da história, ao lado de Cream, Taste, West, Bruce & Laing e Grand Funk Railroad. Em setembro, o BBA estreia oficialmente nos palcos, com Appice fazendo as vezes de vocalista. O poderoso som do trio impressionou os europeus, já que a turnê passou por Reino Unido, Holanda e Alemanha. Com isso, eles chegaram ovacionados nos Estados Unidos, em outubro de 1972, por onde permaneceram excursionando até o dia 11 de novembro daquele ano. 

A partir de dezembro, por pressão de gravadoras e dos fãs, concentram-se na gravação de um LP, o qual é lançado nos Estados Unidos em 26 de março de 1973 (06 de abril no Reino Unido) sob o título de Beck, Bogert & Appice. O som do LP é uma mistura das duas gerações do Jeff Beck Group, mas com uma pegada seminal advinda da cozinha Bogert e Appice. O grande destaque do LP ficou por conta do mega hit “Superstition”, originalmente gravada por Stevie Wonder. Outras canções que merecem destaque são “Oh To Love You”, “Livin’ Alone” e “Black Cat Moan”. Além do trio, participaram do LP Jimmy Greenspoon (piano), Duane Hitchings (mellotron) e Danny Hutton (vocais). Três singles foram lançados: "Black Cat Moan" / "Livin" Alone" (16 de fevereiro de 1972), "I'm So Proud" / "Oh To Love You" (28 de maio de 1973) e "Lady" / "Oh To Love You" (16 dejulho de 1973). O álbum alcançou a posição # 12 nos EUA e # 28 na Inglaterra. 

Beck durante a apresentação no Rainbow Theatre em 1974
Uma extensa turnê de promoção começou no primeiro dia de fevereiro de 1973, com o grupo partindo para uma turnê tocando em pequenos lugares, como salas de concerto e também em universidades pela Inglaterra, encerrando essa pequena temporada com uma apresentação no dia 18 de fevereiro no Top Rank Suite de Cardiff. No dia 20 de fevereiro, fazem uma aparição no programa de TV francês Pop Deux diante de mil pessoas, partindo para um descanso de um mês. 

Voltam a ativa no dia 28 de março de 1973, iniciando uma turnê mundial a partir dos EUA, no Music Hall de Boston, onde Beck utilizou pela primeira vez o talk box, dois anos antes de Peter Frampton explodir com o uso desse equipamento. Após dezessete apresentações pelos EUA, o trio fez o show de encerramento da turnê americana em Winterland, no dia 16 de abril, mais uma vez aclamados por mídia e público. 

Como o palco era o lar do BBA, voltam para uma segunda turnê, começando no dia 26 de maio no Centre Arena de Seattle e encerrando em 8 de junho no Honolulu International do Hawaii, de onde partiram para uma série de shows pelo Japão, iniciada em 14 de junho no Nippon Budokan, e após cinco dias, encerrava a série nipônica no Koseinenkin Hall de Osaka. No dia 03 de julho, o trio dividiu o palco com David Bowie, para tocar “Jean Genie”, “Love Me Do” e “Around and Around”) em um show na Inglaterra. Ainda na Europa, em 8 de julho apresentam-se no circuito anual de festivais de rock europeu, viajando pela Alemanha Oriental, Holanda e França durante uma semana, com o show de encerramento ocorrido em 14 de julho na cidade-luz. 

Em outubro daquele ano, Beck participou das gravações do álbum Lane Changer, de Michael Fennely, além de contribuir na produção do primeiro disco do Hummingbird. O término da turnê mundial seria novamente nos EUA, agora cobrindo a parte oeste e sul do país, passando por estados como Pennsylvania, Carolina do Norte, Flórida, Maryland e Georgia. Porém, no dia 17 de julho Jeff Beck dicidiu deixar o trio, alegando cansaço e falta de motivação para seguir adiante. 

Da turnê japonesa foi lançado em 21 de outubro o LP Live in Japan, o que motivou o trio a se reunir novamente. Assim, em 21 de novembro de 1973 se mandam para uma série de shows que passou pela Inglaterra, tocando em cidades como Brighton, Liverpool, Sheffield, Bristol e Londres, além das escocesas Glasgow e Edinburgo, onde a turnê foi encerrada em 29 de fevereiro de 1974, tocando no Caley Theater. 

Durante a turnê inglesa, registram o show de 26 de janeiro de 1974, realizado no Rainbow Theatre, o qual foi apresentado no programa americano de shows Rock Around the World. Este foi o último registro do BBA, mostrando alguns sons que fariam parte do segundo álbum da banda. Algumas canções aparecem na compilação Beckology, lançada em 1991. 

As sessões de gravação do segundo álbum começaram em janeiro de 1974, porém, brigas internas levaram a separação do trio antes do lançamento do mesmo, que até hoje aguarda um lançamento oficial. Várias cópias piratas circulam pela internet, e é possível perceber que a sonoridade da BBA ainda manteria o padrão do excelente álbum de estreia. 

O segundo álbum não foi lançado oficialmente, mas é possível encontrá-lo através de diversos sites e blogs mundo afora. Do show no Rainbow Theatre, “Blues Deluxe” e “BBA Boogie” foram lançadas oficialmente na caixa Beckology (1991), enquanto em fevereiro de 1975, saiu o álbum Beck, Bogert & Appice Live in Japan, registro da passagem do power trio pelas terras nipônicas, e que foi lançado primeiramente no Japão, em uma edição limitada e rara, e posteriormente na europa e Estados Unidos. 

Meses depois do término do BBA, Beck resolveu voltar para a carreira solo, tendo como banda de apoio o grupo Upp. Por outro lado, o Upp acabou lançando dois interessantes discos com a produção e participação especial de Beck, os raros Upp (1974) e This Way Upp (1975). 

Em outubro de 1974, começam as gravações do primeiro álbum solo da carreira de Beck, mesmo período que Beck chegou a realizar alguns testes para substituir Mick Taylor no Rolling Stones, mas a incompatibilidade de gênios entre Beck e Richards fez com eu o ex-colega Ron Wood assumisse a guitarra, e Beck seguisse em carreira solo. 
Jeff Beck, um mestre inspirador para o mundo das guitarras
Batizado de Blow by Blow, é um dos mais cultuados discos da carreira de Beck. Abrangendo a onda de fusion e jazz que assolava a Europa na metade dos anos 70, o guitarrista, apoiado por Max Middleton (teclados), Phil Chen (baixo) e Richard Bailey (bateria), gerou um dos melhores discos instrumentais da década de 70, inspirando nomes como Dave Murray, Eddie Van Halen e Ritchie Sambora. Vários são os destaques, dentre eles “Thelonius” (com a participação de Stevie Wonder), “Scatterbrain” (trazendo arranjos de George Martin) e “Constipated Duck”. Destaque também para a versão de “She’s a Woman” (original do Beatles). Não à toa, Blow by Blow foi o primeiro disco do guitarrista pós-Yardbirds a chegar entre os cinco mais nos Estados Unidos, atingindo a quarta posição, sendo este até hoje o mais bem sucedido disco da carreira do músico. 

Uma longa turnê começou nos Estados Unidos, após um pequeno show em Londres, no dia 29 de Março de 1975. Durante abril e maio, Beck tocou abrindo para a Mahavishnu Orchestra, naquelas datas que muitos dizem terem sido os melhores shows que o guitarrista já fez, apesar do famoso incidente no show de Ohio, Cleveland, onde o talk box do guitarrista falhou durante a apresentação de “She’s a Woman”, e para piorar, uma corda se quebrou pouco depois. Revoltado, Beck destruiu a guitarra e o talk box em pleno palco. 

Outro ponto relevante dessa turnê foi a participação do World Rock Festival, do mestre Yuya Uchida, realizado no dia 07 de agosto de 1975, no Japão. Beck interpretou sete canções, além de uma performance instrumental arrasadora entre bateria e guitarra (na companhia de Johnny Yoshinaga) e uma viagem de ida com o baixista Feliz Pappalardi (Mountain) e o vocalista Akira “Joe” Yamanaka (ex-companheiro de Yuya na Flower Travellin’ Band). 

Após a maratona de shows, Beck partiu para gravar seu segundo álbum solo. Seguindo a mesma linha de Blow by Blow, Wired chegou às lojas em maio de 1976, e é mais um grande disco instrumental lançado pelo guitarrista. Dessa vez, Max Middleton (teclados), Jan Hammer (teclados), Wilbur Bascomb (baixo), Narada Michael Walden (bateria), Richard Bailey (bateria) e Ed Greene (percussão) auxiliaram na criação de petardos como “Blue Wind”, “Led Boots”(uma interessante homenagem ao Led Zeppelin), “Sophie” e a fantástica versão para “Goodbye Pork Pie Hat”, de Charles Mingus. 

Jan Hammer e Jeff Beck: monstros do fusion em 1977

Apesar de não ter se saído tão bem quanto Blow by Blow (Wired alcançou a décima sexta posição na Billboard), é um grande disco, que deve ser buscado por todos os apreciadores de guitarra e jazz rock. A turnê de promoção foi feito ao lado da Jan Hammer Group, contando com Jan Hammer (teclados), Tony Smith (bateria), Fernando Saunders (baixo) e Steve Kindler (violino, cordas). Dessa turnê, saiu Jeff Beck with the Jan Hammer Group Live, lançado em 1977, o primeiro disco ao vivo gravado por Beck oficialmente. 

Esse também foi o último disco do guitarrista na década de 70, já que os altos impostos ingleses o mandaram para viver nos Estados Unidos durante um ano. Mesmo com alguns ensaios em um ambicioso projeto envolvendo o baixista Stanley Clarke e o baterista Gerry Brown (que infelizmente não passou de alguns ensaios), Beck teve como grande momento durante três anos uma excursão de três semanas tocando no Japão, em novembro de 1978, na companhia de Stanley Clarke, Tony Himas (teclados) e Simob Phillips (bateria). 

Lentamente, a vontade de gravar um novo disco foi contagiando Jeff, e no final de 1979, estava finalizado seu terceiro disco solo. There and Back foi lançado em junho de 1980, tendo algumas lembranças da época de Wired e Blow by Blow, mas adaptando-se aos sons dos anos 80. O line-up é o mesmo da turnê pelo Japão, à excessão do fato de Mo Foster ter substituído Stanley Clarke. Destaques nesse álbum ficam por conta de “Star Cycle”, “The Pump” e “Space Boogie”. There and Back atingiu a vigésima primeira posição nos Estados Unidos, tendo uma longa turnê por Japão, Reino Unido e Estados Unidos. 

Beck e Clapton, dividindo o palco nos anos 80

Os anos 80 começaram com Beck dividindo o palco ao lado de Eric Clapton, Sting, Phil Collins, Bob Geldof, Donovan entre outros, em uma série de concertos pela Anistia Internacional. Beck também participou de outra ação beneficente, o ARMS CONCERT, em busca de doações para pessoas com esclerose múltipla, que pode ser conferido hoje no DVD ARMS Charity Concerts, onde em mais um dos momentos mágicos da música, Jimmy Page, Eric Clapton e Jeff Beck dividiram as atenções durante “Layla” e “Tulsa Time”, sendo esta a única vez que os três guitarristas do Yardbirds tocaram juntos. 

Rod Stewart e Jeff Beck em 1984

Após os shows beneficentes, o guitarrista afastou-se novamente da música, até julho de 1985, quando ressurgiu com Flash, seu quarto álbum de estúdio, dessa vez trazendo diversos vocalistas convidados, com destaque para Rod Stewart interpretando a versão para “People Get Ready”, original de Curtis Mayfield. Mais um disco bem sucedido, permanecendo oito semanas entre os cincoenta mais bem vendidos nos Estados Unidos, apesar da sonoridade pop. Outro destaque fica por conta de “Escape”, a qual recebeu o prêmio Grammy de melhor música instrumental de 1985. “People Get Ready” foi um dos três singles do LP. Os outros dois foram “Get Us All in the End” e “Wild Thing” (esse último gravado mas não incluído no álbum). 

Terry Bozzio, Jeff Beck e Tony Himas
Mais quatro anos se passaram até que Beck desse as caras novamente, agora com Jeff Beck’s Guitar Shop, lançado em outubro de 1989. Nele, é retomado a época do power trio, contando com a participação de Tony Himas (teclados) e Terry Bozzio (bateria). Carregado pelo single de “Stand on It”, Jeff Beck’s Guitar Shop recebeu o Grammy de Melhor Disco de Rock Instrumental de 1989, e é sem dúvidas o melhor disco de Beck nos anos 80. Os longos anos afastados do palco se deveram principalmente por Beck ter problemas de audição, ouvindo zumbidos ao invés de sons. Tratamentos foram feitos nesse período, mas ainda hoje, ele sofre com alguns barulhos. 

Com apenas cinco discos em carreira solo, Beck entrou nos anos 90 voltando aos anos 60, sendo músico acompanhante em discos de nomes como Roger Waters (Amused to Death, de 1992) e Kate Bush (The Red Shoes, de 1993). O grande destaque porém ficou por conta do lançamento da caixa de três CDs Beckology, trazendo raridades desde o período com o The Tridents (pré-Yardbirds) até as sessões de gravação de Jeff Beck’s Guitar Shop

Ele gravou a trilha sonora para o filme Frankie’s House (1992) e o ótimo Crazy Legs, um tributo ao grupo Gene Vincent and the Blue Caps, lançado em 29 de junho de 1993, aonde o guitarrista apresenta dezoito clássicos da carreira de Gene Vincent, acompanhado pelo grupo The Big Town Playboys, formado por Mike Sanchez (vocais, piano), Adrian Utley (guitarra), Ian Jennings (baixo), Leo Green (saxofone) e Clive Deamer (bateria). 
Você, ouça esse podcast

Ainda em 1993, Beck acompanhou Paul Rogers no álbum Muddy Water Blues: A Tribute to Muddy Waters, e nesse mesmo ano, uma participação especial em um show do Guns N’ Roses acabou sendo frustrada novamente pelos problemas de audição do músico, levando-o a afastar-se novamente dos palcos e estúdios por seis anos. Em 1995 foi lançada a coletânea Best of Beck, indicada apenas para completistas. 

Somente em 1999 o mundo voltaria a ouvir um album inédito do ingles. Who Else!, acompanhado por Pino Palladino (baixo), Bob Loveday (violino), Steve Alexander (bateria) e Simon Wallace (sintetizador), além da presença de outros nomes como Jan Hammer, Manu Katché e Clive Bell. A sonoridade é uma mescla de eletrônicos com fusion, e os principais destaques ficam por conta de “Psycho Sam”, “Space for the Papa” e “THX138”. 

Beck nos anos 2000

Em 06 de fevereiro de 2001, You Had It Coming foi lançado, com destaque para a bela “Dirty Mind”, a qual recebeu o Grammy de Melhor Performance de Rock Instrumental daquele ano. Outros destaques ficam por conta de “Earthquake” (composta por Jennifer Batten) e a bela recriação para “Rollin’ and Tumblin’’, de Muddy Waters. O som é ainda mais eletrônico, principalmente pelo uso de programações e a ausência de bateria. 

Mantendo uma regularidade de um álbum a cada dois anos, em 05 de agosto de 2003 sai Jeff, misturando hard rock, jazz, fusion e música eletrônica, tendo destaque as faixas “Plan B”, “Trouble Man”, “Bulgaria” e “JB’s Blues”. Jeff gerou o quarto Grammy para Beck, novamente como Melhor Performance Instrumental, dessa vez por conta de “Plan B”. 

Após uma turnê abrindo para B. B. King, e de ter participado do Crossroads Guitar Festival de 2004, Beck afastou-se de novo do mundo da música. Em 2006, foi lançado o primeiro de dois bootlegs oficiais, chamado Live at BB King Blues Club, o qual foi gravado ao vivo em 2003. No ano seguinte, Official Bootleg Live USA ’06 complementou uma série que ainda prevê lançamentos inéditos ao vivo da carreira de Beck. Já em 2007, Beck acompanhou Kelly Clarkson na gravação de “Up to the Mountain (MLK Song)” para um episódio da série American Idol. 

Em 10 de novembro de 2008, Live at Ronnie Scotts apresentou um show do guitarrista em 2007, na companhia de Jason Rebello (teclados), Vinnie Colaiuta (bateria) e Tal Wilkenfeld (baixo), que gerou mais um Grammy para Beck, dessa vez com a versão de “A Day in the Life”. 

O guitarrista homenageando Les Paul

A participação na faixa “Black Cloud” do disco Years of Refusal (Morrissey) e a indução à Calçada da Fama são os principais momentos no ano de 2009, para no ano seguinte, nascer o seu último disco de estúdio até então, Emotion & Commotion, lançado em abril de 2010 e apresentando covers para “Corpus Christi Carol”, “Over the Rainbow” e “Nessun Dorma”. O principal destaque porém é para a participação de uma orquestra em diversas faixas, que colocaram mais uma vez Beck entre os vinte mais vendidos nos Estados Unidos, chegando na décima primeira posição. “Nessun Dorma” ganhou o Grammy de Melhor Performance de Pop Instrumental, enquanto “Hammerhead” recebeu o Grammy de Melhor Performance de Rock Instrumental. 

Jimmy Page e Jeff Beck, ao vivo
Ainda em 2010, Beck participou do álbum The Imagine Project, ao lado de Seal, Pink e Herbie Hancock, entre outros, recebendo mais um Grammy em 2011 por melhor performance vocal na faixa “Imagine”. A partir de então, saiu em uma longa excursão mundial, tendo uma super banda de apoio, com Narada Michael Walden (bateria), Rhonda Smith (baixo) e Jason Rebello (teclados). Essa formação gravou Live and Exclusive from the Grammy Museum, em 22 de abril de 2010, para um público seleto de 200 pessoas, com o álbum sendo lançado em outubro do mesmo ano. 

Já em 22 de fevereiro de 2011, o CD/DVD Rock & Roll Party: Honoring Les Paul, gravado ao vivo em 09 junho de 2010, homenageou este que é uma das maiores influências de Beck, um grande nome do rock, eleito quinto maior guitarrista de todos os tempos pela Rolling Stone, e também um dos mais influentes músicos da história. 

Discografia completa de Jeff Beck

Track list Podcast # 36 – Roger Waters 

Bloco 1 
Abertura: “Go Fishing” [do álbum The Pros and Cons of Hitchiking - 1984 (Roger Waters)] 
“Take Up Thy Stethoscopy and Walk” [do álbum The Piper at the Gates of Dawn - 1967 (Pink Floyd)] 
“Set the Controls for the Heart of the Sun” [do álbum A Saucerful of Secrets - 1968 (Pink Floyd)] 
“Grantcheaster Meadows” [do álbum Umma Gumma - 1969(Pink Floyd)] 
“Pigs” [do álbum Animals - 1977 (Pink Floyd)] 
“In the Fletcher’s Memorial Home” [do álbum The Final Cut - 1983 (Pink Floyd)] 

Bloco 2 
Abertura: “Radio Waves” [do álbum Radio K.A.O.S. - 1987 (Roger Waters)] 
“Give Birth to a Smile” [do álbum Music from The Body - 1970 (Roger Waters)] 
“The Pros and Cons of Hitchiking part 10” [do álbum The Pros and Cons of Hitchiking - 1984 (Roger Waters)] 
“Towers of Faith” [do álbum When the Wind Blows - 1986 (Roger Waters)] 
“Home” [ do álbum Radio K.A.O.S. - 1987 (Roger Waters)] 
“Perfect Sense Part I & II” [do álbum Amused to Death - 1992 (Roger Waters)] 
“Each Small Candle” [do álbum In the Flesh Live - 2000 (Roger Waters)] 

Bloco 3 
"Watching TV" [do álbum Amused to Death - 1992 (Roger Waters)] 
“I don’t Know Satisfaction” [do álbum Fresh - 1973 (Sly & The Family Stone)] 
“Young Americans” [do bootleg Live in the 70's - 1974 (David Bowie)] 
“Why does Love Got to be So Sad” [do álbum Layla and Other Assorted Love Songs - 1970 (Derek and the Dominoes)] 
“Indoor Games” [do álbum Lizard - 1971 (King Crimson)]
“Jody” [do álbum Rough and Ready - 1972 (Jeff Beck)] 

Bloco 4 
Abertura: “Knockin’ on Heaven’s Door” [do álbum Music from The Dybbuk of The Holy Apple Field - 1998 (Roger Waters)] 
“Across the Universe” [do álbum Tribute to John Lennon - 1985 (Roger Waters)] 
“Astronomy Domine” [do álbum Nothingface - 1989 (Voivod)] 
“Ibiza Bar” [do álbum Replicants - 1995 (Replicants)] 
“Have a Cigar” [do EP Miscellaneous Debris - 1992 (Primus)] 
“In the Flesh” [do álbum The Wall Live in Berlin - 1990 (Scorpions)] 

Encerramento: “Ça Ira – Act III” [do álbum Ça Ira - 2005 (Roger Waters)]


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Podcast Grandes Nomes do Rock #20: Paul McCartney


Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)

O podcast Grandes Nomes do Rock dessa semana homenageia um dos maiores nomes da história, não só da música, mas também do Reino Unido e por que não, do mundo. Estamos falando de Paul McCartney. Nascido em 18 de junho de 1942, o músico britânico está de volta ao Brasil em menos de um ano, para duas concorridas apresentações nas datas de ontem e hoje no Estádio João Havelange, no Rio de Janeiro. Em uma hora e meia de programa, iremos passar pela sua carreira solo e também como membro nos grupos Beatles e Wings, além de bandas interpretando covers para canções de todas as fases da carreira de Paul.




James Paul McCartney é o compositor mais bem sucedido comercialmente na história da música. Eleito pela BBC como o maior compositor do milênio, Paul nasceu em Liverpool, filho de Mary McCartney e James McCartney. Com cinco anos, passou a frequentar a Stockton Wood Road Primary Scholl, e aos 11 anos, chegou na Liverpool Institute. Foi nessa instituição que ele conheceu George Harrison, um garoto que morava próximo ao local e que pegava ônibus junto de Paul para estudar.

A família McCartney mudou-se para a cidade de Allerton no ano de 1955, onde em 31 de outubro de 1956, Mary veio a falecer devido a um embolismo após uma operação de mastectomia para interromper um câncer de mama. Outro garoto, que conheceria Paul um ano depois, também havia passado pelo mesmo problema, já que John Lennon perdeu sua mãe aos 17 anos, quando a mesma foi atropelada por um carro.

O avô de Paul, Jim McCartney, era um perito na tuba, enquanto o pai,  James McCartney era um grande trompetista e pianista, sendo líder do grupo Jim Mac's Jazz Band nos anos 20, e ele foi o principal professor de música do jovem Paul, ensinado-o a tocar instrumentos de sopro e violão. Obviamente, o primeiro instrumento de Paul foi um trompete, que logo foi substituído por um violão, no qual Paul compôs sua primeira canção, "I Lost My Little Girl". Apesar das aulas do pai, Paul tinha um dom para "tirar" canções de ouvidos, e assim, teve despertado também o interesse pelo piano, que começou a praticar depois de ouvir aquele que é considerado pelo próprio como seu maior ídolo, Little Richard.

The Quarrymen: Paul McCartney, Collin Hanton, George Harrison e John Lennon
Em 06 de julho de 1957, Paul conheceu Lennon tocando na St. Peter's Church Hall à frente do grupo The Quarrymen. A amizade entre os dois surgiu facilmente, e Paul passou a fazer parte dos Quarrymen como guitarrista e também compositor, ao lado de Lennon. Em 1958, Harrison entrava para os Quarrymen, e com a entrada do baixista Stuart Sutcliffe em agosto de 1960, os Quarrymen deixaram de existir, passando para Johnny and the Moondogs, The Silver Beetles e por fim, The Beatles, com a entrada do baterista Pete Best.

Os Beatles fizeram uma série de apresentações em Hamburgo, Alemanha, e também viraram atração principal no Cavern Club de Liverpool. Sutcliffe acabou deixando os Beatles para seguir carreira como pintor na Alemanha, ao lado da namorada Astrid Kirschner. Paul assumiu o baixo, e na Alemanha, o grupo gravou seu primeiro registro ao lado de Tony Sheridan, no cobiçado compacto "My Boonie".

The Beatles: John Lennon, George Harrison, Paul McCartney e Ringo Starr 
Através de "My Boonie", os Beatles chamaram a atenção de Brian Epstein, que virou o empresário do grupo, sendo que uma das principais consequências da entrada de Epstein foi a substituição de Best por Ringo Starr, em 1962. Nascia assim a principal formação daquela que é considerada a maior banda de todos os tempos, com Paul McCartney (baixo, vocais, guitarras), John Lennon (guitarras, vocais), George Harrison (guitarras, vocais) e Ringo Starr (bateria, vocais), que teve como apelido o pomposo título de Fab Four (ou, os quatro fabulosos).


McCartney, empunhando seu baixo Hofner


Os próximos oito anos da carreira dos Beatles seriam de muito sucesso e conquistas, através de 13 álbuns renomados, com destaque para For Sale (1964), Revolver (1966), Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967), The Beatles (1968) e Abbey road (1969). É nos Beatles que Paul eterniza sua imagem empunhando o baixo Hofner, em formato de violino. O último LP do grupo foi Let it Be, lançado entre muitas brigas internas no dia 08 de maio de 1970, três semanas após Paul lançar seu primeiro álbum solo, McCartney, onde ele é responsável por tocar todos os instrumentos e fazer todos os vocais (com pequenas participações de sua esposa, Linda McCartney, em algumas canções).

Wings: Jimmy McCulloch, Paul McCartney, Linda McCartney, Denny Laine e Gerry Conway 
Depois de McCartney, em 1971, Paul lançou seu segundo álbum solo, Ram, agora tendo o nome de Linda creditado como também autora do mesmo. Ainda em 71, Linda e Paul fundam o grupo Wings, tendo nas guitarras Denny Laine (ex-Moody Blues e Ginger Baker's Airforce) e o baterista Denny Seiwell. Com o Wings, Paul lançou sete álbuns de estúdio e um ao vivo, destacando os ótimos Band on the Run (1973), Venus and Mars (1975) e Back to the Egg (1979), além do sucesso com "Live and Let Die", canção trilha do filme homônimo de James Bond, lançado em 1973.

O Wings acabou em 1981, meses depois de um dos maiores constrangimentos da carreira do músico. No dia 16 de janeiro de 1980, o grupo iria excursionar fazendo 11 shows pelo Japão. Na chegada ao país, os oficiais locais encontraram aproximadamente 220 gramas de maconha na bagagem de McCartney. Ele permaneceu preso em Tóquio com o governo japonês sem saber o que fazer. A turnê japonesa do Wings foi cancelada e Paul acabou sendo deportado.

Com o término do Wings, Paul passou a dedicar-se a sua carreira solo. O segundo disco de sua carreira foi lançado ainda em 1980. McCartney II apresenta como destaques "Coming Up", "Waterfalls" e "Temporary Secretary", com McCartney II sendo primeiro lugar no Reino Unido, terceiro nos Estados Unidos, quarto na Áustria, quinto na Noruega e Suécia e oitavo no Japão. Em 81, o LP Concerts for the People of Kampuchea chegava as lojas, trazendo uma das últimas apresentações do Wings, nesse concerto feito para ajudar as vítimas da guerra em Camboja, ao lado de The Clash, Elvis Costello, The Who, Queen, Pretenders, entre outros.

Paul McCartney e Michael Jackson
Em 1982, lançou dois compactos contendo parcerias. O primeiro deles foi com Stevie Wonder, em "Ebony and Ivory", e o segundo com Michael Jackson e "The Girls is Mine". Nesse mesmo ano, lançou Tug of War, trazendo a participação de um super time entre os convidados, com destaque para Denny Laine Eric Stewart (10 cc) nas guitarras, Steve Gadd na bateria, Stanley Clarke no baixo e Stevie Wonder nos sintetizadores e piano. Apresentando canções do porte de "Here Today", "Tug of War" e a clássica "Ebony and Ivory", Tug of War foi um dos discos mais vendidos daquele ano, sendo primeiro lugar nos Estados Unidos (29 semanas), Reino Unido (27 semanas), Noruega (25 semanas) e Japão (18 semanas), além de segundo na Austrália e Áustria e quarto na Nova Zelândia.

Contendo uma formação similar a Tug of War, e ainda com a participação de Ringo Starr na bateria, Pipes of Peace (1983) manteve o sucesso de seu antecessor, onde o destaque foi para as gravações com Michael Jackson, "Say Say Say" e "The Girl is Mine", além da faixa-título. Porém, curiosamente ele só foi primeiro lugar em vendas na Noruega, sendo quarto no Reino Unido e Suécia, quinto no Japão, nono na Austrália e apenas décimo quinto nos Estados Unidos.

Hmmm, os anos 80 foram difíceis ...
Em 84, Paul foi o responsável pela trilha do filme Give My Regards to Broad Street, também primeiro lugar em vendas no Reino Unido, e no ano seguinte, foi atração do Live Aid de Londres, interpretando "Let it Be". Já em 86, Press to Play tornou-se o primeiro álbum de Paul a não chegar entre os mais vendidos, atingindo como posição maior a oitava no Reino Unido e Noruega. Este álbum te ma participação do guitarrista Carlos Alomar (David Bowie), e também Pete Townshend (The Who) e Phil Collins (tocando  bateria) na canção "Angry". 

Cнова в СССР ou Back in the USSR foi lançado em 1988 originalmente apenas na União Soviética, apresentado Paul McCartney interpretando somente covers para diversos sucessos dos anos 50 e 60, e Paul voltava ao topo das paradas em 1989, com lançamento de Flowers in the Dirt, destacando "My Brave Face", "Put in There", "This One" e "Figure of Eight". Flowers in the Dirt foi primeiro lugar na Noruega e no Reino Unido, sendo segundo na Suécia e nono no Japão. Dentre os principais convidados neste álbum estão: David Gilmour (guitarra), Elvis Costello (teclados, voz) e Nicky Hopkins (piano).

McCartney fez uma série de shows entre 90 e 91, tendo inclusive alguns com participações de uma orquestra. O maior destaque foi em abril daquele ano, quando tocou pela primeira vez no Brasil, levando 184 mil pessoas ao estádio do Maracanã e batendo o recorde de público para a apresentação de um artista solo.  

Essa série de shows foi registrada no LP triplo ao vivo Tripping the Live Fantastic, lançado em outubro de 1990. Em maio de 91, saíram os álbuns Unplugged e Liverpool Oratorio, esse último uma colaboração de Paul com Carl Davis para comemorar o 150 aniversário da The Royal Liverpool Philharmonic Orchestra.

Já em 93, Paul estourava no planeta através do sucesso de "Hope of Deliverance", um dos maiores hits de sua carreira, pertencente ao LP Off the Ground. Mesmo com todo o sucesso de "Hope of Deliverance", Off the Ground foi o segundo álbum de Paul a não alcançar a primeira posição em vendas, sendo segundo na Alemanha e Noruega, quarto na Áustria e Nova Zelândia, quinto na Suíça, Alemanha, Inglaterra e Japão e apenas décimo sétimo nos Estados Unidos.

A elucidativa capa de Paul is Live
Ainda em 93, mais um ao vivo chegava as lojas. Paul is Live apresenta canções registradas durante a turnê de Off the Ground, e tem na capa seu maior destaque: uma sátira aos supostos boatos de que Paul havia falecido em um acidente de carro que ocorreu em 1966, onde pistas teriam sido disponibilizadas pelos Beatles através das capas dos discos e músicas lançadas posteriormente. A capa do LP Abbey Road é uma das que contém mais informações, ao lado da capa de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Em Paul is Live, McCartney atravessa a mesma rua da capa de Abbey Road (a Abbey Road St.) está pisando de sapatos com seu pé-esquerdo na faixa de segurança e também segurando a coleira de um cachorro com a mão esquerda (em Abbey Road ele porta um cigarro com a mão direita e também está caminhando descalço e descompassado em relação aos demais Beatles, sendo a forma descalça uma maneira de se enterrarem os mortos em algumas culturas orientais). Além disso, o fusca do lado esquerdo está com a placa 50IS, referente aos cinquenta anos de Paul  naquele ano (em Abbey Road, a placa do mesmo fusca é 28IF, referente aos 28 anos que Paul teria no ano de lançamento daquele LP), e finalmente, o carro funerário da capa de Abbey Road não existe mais em Paul is Live.

De novo essa história que eu sou Billy Shears ...
Para completar o ano de 93, Paul lançou o primeiro álbum do projeto The Fireman, um grupo de experimentações eletrônicas consistindo apenas de Paul e do produtor e baixista Youth (ex-Killing Joke). O nome desse álbum é Strawberries Oceans Ships Forest.

Depois de quatro anos longe dos estúdios, volta com a trilha de Standing Alone e também com Flaming Pie, ambos lançados em 1997, onde os destaques maiores para Flaming Pie ficaram por conta de "Young Boy", "Beautiful Night" e "The World Tonight", e com o álbum tendo também a participação de Ringo Starr e George Martin. Flaming Pie alcançou a primeira posição na Grécia, sendo segundo no Reino Unido e Estados Unidos, terceiro na Noruega, sexto na Áustria, nono na Alemanha, Austrália e Espanha e décimo na Suíça. Ainda nesse ano, foi condecorado como Cavalheiro Britânico por seus serviços prestados à música do Reino Unido.

Paul e Linda McCartney (1970)
No ano de 1998, Paul passou por  mais um triste problema pessoal ligado ao câncer de mama, quando sua esposa Linda veio a falecer da doença no dia 17 de abril. Linda foi a principal influência da vida de Paul pós-Beatles, sendo inclusive ela quem o levou a adotar o vegetarianismo como estilo de vida, no ano de 1975. A morte de Linda abalou profundamente McCartney, que acabou passando todo o ano sem fazer gravações, tendo como único registro o segundo álbum do The Fireman, Rushes.

Em 99, lançou o disco de covers Run Devil Run, bem como a trilha Working Classical, ambos de péssimo desempenho comercial. Nesse mesmo ano, seu nome foi indicado para a Calçada da Fama do Rock, o que acabou sendo confirmado em maio do ano 2000, quando recebeu o prêmio pela Academia Britânica de Compositores e Escritores. Ainda em 2000, lança o disco experimental Liverpool Sound Collage, flertando com música ambiente e eletrônicos.

Já em 2001, saiu a coletânea Wingspan: Hits and History, trazedo canções do  ex-Beatle entre 1970 e 1984, seguido de Driving Rain, o primeiro álbum de inéditas desde Flaming Pie, contando agora com uma banda de apoio formada por Rusty Anderson (guitarras), Gabe Dixon (teclados), David Kahne (teclados, guitarras), Abe Laboriel Jr. (bateria, voz) e seu filho, James McCartney (guitarras), além de ter sido um dos protagonistas do The Concert for New York City, realizado no dia 20 de outubro daquele ano em homenagem as vítimas dos atentados de 11 de setembro.

Em 2002, Paul lançou mais um álbum ao vivo, Back in the U. S., apresentando os grandes momentos da turnê de Driving Rain pelos Estados Unidos, seguido de Back in the World (2003), o qual contém apresentações da mesma turnê, porém ao redor do mundo. 

Paul e Linda McCartney, enfatizando a importância do vegetarianismo para Lisa Simpson
Somente em 2005, após apresentar-se no dia 06 de fevereiro como a principal atração do show do intervalo da trigésima nona edição do Super Bowl american,  Paul voltou com um novo álbum de estúdio, Chaos and Creation in the Backyard, terceiro colocado em vendas na França, Suíça e Itália, quinto na Dinamarca, sexto nos Estados Unidos e Canadá e oitavo na Alemanha e Noruega, alcançando a décima posição no Reino Unido. Nesse álbum, destacam-se "This Never Happened Before", "Fine Line" e "Too Much Rain", e a formação que acompanhou Paul nesse disco é Rusty Anderson, Jason Falkner (guitarra), James Gadson (bateria), Nigel Godrich (programações), Brian Ray (guitarra) e Abe Laboriel Jr. (percussão).

Em 2006, Ecce Cor Meum chega às lojas apresentando mais uma peça clássica, agora um oratório dividido em quatro movimentos. Memory Almost Full (2007) manteve a boa fase de vendas de Paul, com destaque para as clássicas "Dance Tonight" e "Only Mama Knows". Paul toca todos os instrumentos na maioria das canções, com exceção de "Only Mama Knows", "You Tell Me", "Vintage Clothes", "That Was Me", "Feet In The Clouds", and "House of Wax", as quais possuem a participação de Paul 'Wix' Wickens (teclados), Rusty Anderson (guitarra) e Abe Laboriel Jr. (bateria). Memory Almost Full ficou em segundo lugar na Dinamarca, terceiro nos Estados Unidos e Suécia, quarto na Noruega e quinto no Reino Unido.

Esse foi o último álbum solo de Paul, que ainda lançou Electric Arguments (2008) pelo The Fireman. Depois, vieram os ao vivos Good Evening New York City (2009) e Live in Los Angeles (2010), os quais registram a extensa turnê Up and Coming Tour, que passou ano passado pelo Brasil em novembro com um show espetacular em Porto Alegre, bem no dia do meu aniversário e onde eu particularmente me emocionei muito, e também duas apresentações em São Paulo.

Paul recebendo o Gershwin Prize (2010)

Ainda em 2010, no dia 2 de junho, McCartney foi agraciado pelo presidente norte-americando Barack Obama com o Prêmio Gershwin, por suas contribuições à música popular, fazendo uma pequena apresentação na Casa Branca, e atualmente, Paul está no Brasil para novamente, encantar aos que estiverem presentes no estádio Engenhão nos dias 22 e 23 de maio com clássicos de sua carreira solo, nos Beatles e nos Wings, sendo esse podcast apenas uma palhinha de uma carreira vitoriosa e repleta de sucessos.

Discografia solo de Paul McCartney
Track listing Podcast # 19: Singing the Black

Bloco 01
Abertura: "Róisín Dubh (Black Rose): A Rock Legend" [do álbum Black Rose: A Rock Legend - 1979 (Thin Lizzy)]
"Black Licorice" [do álbum We're an American Band - 1973 (Grand Funk Railroad)]
"Black Country Rock" [do álbum The Man Who Sold the World - 1971 (David Bowie)]
"Black Serenade [do álbum Christ Illusion (versão japonesa) - 2006 (Slayer)]
"Black Leather Fantasy" [do single Black Leather Fantasy - 1977 (Urchin)]
"Black Sabbath" [do bootleg Ozzy Meets The Priest - 1992 (Black Sabbath)]

Bloco 02
Abertura: "Fade to Black" [do álbum Doomsday for the Deceiver - 1986 (Flotsam & Jetsam(]
"Black Pearl" [ do álbum Sonic Brew - 1999 (Black Label Society)]
"Black Funeral" [do álbum Mad Grandiose Bloodfiends - 1997 (Ancient)]
"Black Metal" [do álbum Black Metal - 1982 (Venom)]
"Black Breath" [do álbum Sons of Satan Praise The Lord - 2002 (Entombed)]
"Black Betty [do álbum Sucking the 70's - 2000 (Throttlerod)]

Bloco 03
Abertura: The March of the Black Queen [do álbum Queen II - 1974 (Queen)]
"Black Night" [do bootleg June 18, 2009 Galaxy Theater, Santa Ana, California -  2009 (Uli Jon Roth)]
"Black Country Woman" [do bootleg Sun Dazed L. A. Day 5 - 1977 (Led Zeppelin)]
"Black Magic Woman / Gypsy Queen" [do bootleg São Paulo 1973-10-19 - 1973 (Santana)]
"Black Diamond Bay" [do álbum Desire - 1976 (Bob Dylan)]
"Black Diamond" [do bootleg East Lansing, MI Oct, 21/1974 - 1974 (Kiss)]

Bloco 04
Abertura: "Paint it Black" [do bootleg Monterey Pop Festival - 1967 (The Animals)]
"Black no 1" [do bootleg Even Snow Dies - 1994 (Type O Negative)]
"Black Coffee" [do álbum Eat It - 1973 (Humble Pie)]
"Black Horse" [do álbum Dedicated to You, But You Werent Listening - 1971 (Keith Tippet Group)]
"Black Hearted Woman" [do álbum The Allman Brothers Band - 1969 (The Allman Brothers Band)]

Bloco 05
"White Man, Black Man" [do álbum Live - 1973 (James Gang)]
"Black Flame" [do álbum Turn of the Cards - 1975 (Renaissance)]
"Black Cloud" [do álbum Way Back to the Bone - 1998 (Trapeze)]
"Blackbird" [do bootleg Up and Coming Brazil Tour - 2010 (Paul McCartney)]

Encerramento: "Back in Black" [do bootleg Live Phoenix, Arizona 2000 - 2000 (AC/DC)]

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...