Mostrando postagens com marcador Canned Heat. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Canned Heat. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Podcast Grandes Nomes do Rock # 39: 45 Anos do Monterey Pop Festival





Monterey Pop Festival completou nesse final de semana 45 anos. Primeiro grande festival a reunir bandas de rock, o Monterey reuniu quase 100 mil pessoas entre os dis 16, 17 e 18 de junho de 1967, no auge do Verão do Amor. Apesar do público não ser muito grande, foi o marco inicial para que outros grandes festivais, como Altamont e Woodstock, viessem na sequência. Ajudou a consolidar o rock como símbolo da juventude, do flower power e da antiguerra.

Para comemorar, o Consultoria do Rock revive as bandas que se apresentaram nos três dias de festival através de um Podcast super especial. Em duas horas de programa, iremos apresentar os grupos que pisaram no palco de Monterey. A apresentação ocorrerá em três blocos trazendo uma canção de cada artista, na ordem em que foram apresentados no cronograma oficial.




Quando Loud Adler, Alan Pariser, Derek Taylor e John Phillips fecharam o acordo de criar um festival para apresentar as bandas que estavam surgindo na costa-oeste dos Estados Unidos, jamais eles pensaram que tal festival iria se tornar um marco revolucionário para os shows e grupos de rock a partir de então.

Batizado oficialmente de Monterey International Pop Music Festival, o festival nasceu da cabeça genial de John Phillips. Líder do grupo The Mamas & The Papas, o guitarrista e vocalista teve a brilhante ideia de organizar um festival para promover seu grupo. Estourando as paradas americanas com o álbum The Mamas and The Papas Deliver (segundo lugar na Billboard) e aclamados em todo o país, Phillips apostou na popularidade do quarteto. Formado por ele, Denny Dohert (vocais), Mama Cass (vocais) e sua esposa, a linda Michelle Phillips, o grupo seria a atração principal em um espetáculo onde algumas bandas iriam abrir para eles. 

Ao levar a oferta para os produtores Loud Adler e Alan Pariser, os dois concordaram, mas viram que precisavam de um apoio financeiro para aluguel de aparelhagem de som, local e pagamento das bandas. Foi o publicitário Derek Taylor quem enxergou além do trio citado e incentivou um festival maior, com as principais bandas da região da Califórnia. 

Durante sete semanas, o quarteto não mediu esforços (as atividades do The Mamas & The Papas ficaram estacionadas), e contatou diversas bandas. O cachê oferecido era simples, quase simbólico, mas a promessa de uma grande divulgação atraía os convidados.


Ravi Shankar, o único a receber cachê em Monterey
O número de convidados que aceitaram a proposta foi tanta que os promotores tiveram que reformular o convite. O cachê irrisório foi retirado e substituído para pagar a gravação de um filme que iria divulgar o festival. O único artista que acabou recebendo um dinheiro do festival foi Ravi Shankar. indiano não recebeu a carta com a nova proposta há tempo e levou $ 3.000 (três mil dólares) junto com sua Sitar.

O grupo Country Joe & The Fish também acabou recebendo um cachê de $ 5.000 (cinco mil dólares). O dinheiro, contudo, não veio dos promotores do festival, e sim por receitas geradas pelo documentário que foi feito sobre o evento, com direção de D. A. Pennebaker.


Com aquele que era considerado o melhor equipamento de som e luz, o melhor palco e a melhor infraestrutura de um festival já realizado até então, no dia 16 de junho de 1967 começava o Monterey International Pop Festival. Os três dias de atrações foram divididos na seguinte forma:
A dupla Simon & Garfunkel encerrou a noite de sexta.


Sexta-feira, 16 de junho




The Association
The Paupers
Lou Rawls 
Beverly
Johnny Rivers
Eric Burdon and The Animals
Simon and Garfunkel
Otis Redding encerrou a noite de sábado
Sábado, 17 de junho


Canned Heat
Big Brother and the Holding Company 
Country Joe and the Fish
Al Kooper
The Butterfield Blues Band
The Electric Flag
Quicksilver Messenger Service
Steve Miller Band
Moby Grape
Hugh Masekela
The Byrds 
Laura Nyro
Jefferson Airplane
Booker T. & the M.G.s
Otis Redding


A grande atração, The Mamas & The Papas, encerraram o festival
Domingo, 18 de junho 


Ravi Shankar 
The Blues Project
Big Brother and the Holding Company
The Group With No Name
Buffalo Springfield 
The Who 
The Grateful Dead
The Jimi Hendrix Experience 
Scott McKenzie
The Mamas & the Papas


Alguns shows acabaram chamando mais a atenção do que outros. Dando uma pequena pincelada nos principais shows, na sexta-feira Simon & Garfunkel encantaram a plateia com seu folk simples e cativante. Apenas violão e voz fizeram uma performance digna do talento da dupla Paul Simon e Art Garfunkel. Eles mesmos consideram esta performance a melhor apresentação da carreira.
Nasce uma estrela, chamada Janis Joplin
No sábado, vários foram os destaques, a começar pelo desconhecido (até então) Big Brother & The Holding Company. Esta foi a primeira apresentação da vocalista Janis Joplin para um grande público, assim como dos seus colegas: Sam Andrew (guitarra, vocais), James Gurley (guitarras), Peter Albin (baixo, vocais) e Dave Getz (bateria). Um fenômeno que deixou muitos de boca aberta com o grupo praticamente sendo obrigado a aceitar o convite para uma segunda apresentação no dia seguinte. A partir dali, Janis Joplin se tornaria uma das maiores estrelas do mundo do rock e o Big Brother & The Holding Company ficaria marcado como o grupo que revelou essa grande estrela.


Jefferson Airplane: Lisergia e adrenalina no palco de Monterey


Ainda no sábado, o Jefferson Airplane fez jus ao seu status de principal banda da Califórnia e ao sucesso do álbum Surrealistic Pillow (lançado em fevereiro daquele ano). Com clássicos como "Somebody to Love" e "White Rabbit", Grace Slick e cia. fizeram os hippies delirarem em outro excelente show, assim como Otis Redding que encerrou a noite animando a galera com clássicos como "(Sittn' On) The Dock of The Bay" e "Try A Little Tenderness".


The Who, quebrando tudo antes de Jimi Hendrix
O domingo reservou as maiores surpresas em termos de presença de palco. The Who, Grateful Dead e Jimi Hendrix eram os nomes que estavam listados para fazerem os shows antes do grande encerramento com o The Mamas & The Papas. O The Who não gostou de ser colocado antes de Jimi Hendrix. Afinal, eles tinham vindo da Inglaterra especialmente para o festival, eram um dos maiores nomes do rock britânico e não podiam se apresentar antes de um desconhecido. A discussão foi grande e tudo foi definido através de um sorteio. O Deus Negro ganhou, vindo a apresentar-se depois. Indignados, ao final do show do The Who, o guitarrista Pete Townshed e o baterista Keith Moon praticamente destruíram com o palco e os instrumentos, como que dizendo: "Depois de nós, ninguém mais irá tocar". Chega a ser hilário ver um dos responsáveis pela aparelhagem de som correndo para tentar salvar os microfones.


Jimi Hendrix e sua incendiária performance
A guerra de egos não parou por aí. O Grateful Dead subiu ao palco e acalmou os ânimos dos exaltados, mas quando Jimi Hendrix e o Experience entraram em ação, o clímax atingiu seu pico máximo. O palco literalmente pegou fogo quando Hendrix, mostrando que além de ser um grande guitarrista era também um grande showman, fez misérias com sua Fender Stratocaster vermelha durante a apresentação de "Wild Thing", antes de queimá-la em um ritual para lá de sinistro. Arrepiante até os dias de hoje!


Depois de todas as confusões, coube para o The Mamas & The Papas exercer o seu papel de protagonista do espetáculo, apresentando seus maiores clássicos como "California Dreamin'", "Monday Monday" e o belíssimo encerramento com "San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)" e "Dancing in the Streets" com a participação de Scott McKenzie.


Passados 45 anos, Monterey permanece como um ícone e um símbolo da geração hippie. A partir dele, o mundo teve contato com as bandas do lado oeste dos Estados Unidos. Várias outras cidades ao redor do planeta passaram a incentivar e criar festivais de rock dando origem a grandiosos eventos como Altamont, Woodstock, Isle of Wight, California Jam, Rock in Rio, Loolapalooza e muitos outros.


Um evento marcante e eterno. Um dos melhores musicalmente e, principalmente, um dos mais organizados e seguros festivais da história.

Garota hippie curtindo o festival de Monterey em paz

Track list Podcast # 38 - Minha Mãe É Metaleira

Bloco 01
Abertura: "Minha Mãe É Metaleira" [do Programa Legal - 1993 (Regina Casé e Luis Fernando Guimarães)] / "Atom Heart Mother" do álbum Atom Heart Mother - 1970 (Pink Floyd)]
"Mother" [do álbum The Wall - 1979 (Pink Floyd)]
"Mother" [do álbum John Lennon/Plastic Ono Band - 1970 (John Lennon)]
"Mother" [do álbum Danzig - 1988 (Danzig)]
"Tie Your Mother Down" [do álbum A Day at the Races - 1976 (Queen)]
"Have You Seen Your Mother Baby, Standing in the Shadows" [do álbum 40 Greatest Hits - 1974 (Rolling Stones)]

Bloco 02
Abertura: "Mother Focus" [do álbum Mother Focus - 1976 (Focus)]
"Mother Mary" [do álbum Force It - 1976 (UFO)]
"Mother Goose" [do álbum Aqualung - 1970 (Jethro Tull)]
"Mother Earth (Natural Anthem)" [do álbum Ragged Glory - 1990 (Neil Young)]
"Mother Russia" [do álbum Live at Carnegie Hall - 1977 (Renaissance)]
"Mother Russia" [do álbum No Prayer for the Dying - 1990 (Iron Maiden)]
"Dominion / Mother Russia [do álbum Floodland - 1987 (Sisters of Mercy)]

Bloco 03
Abertura: "Mr. Long / O Mother / I Am Your Fantasy [do álbum Camembert Electriqué - 1971 (Gong)]
"Mamãe Eu Não Queria" [do álbum Metrô Linha 743 - 1984 (Raul Seixas)]
"Mamãe D'água" [do álbum Revolver - 1975 (Walter Franco)]
"Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Desde Que Eu Tenha o Meu Rock 'n' Roll" [do álbum Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz - 1972 (Mutantes)]
"Mamãe Natureza" [do álbum Atrás do Porto Tem Uma Cidade - 1974 (Rita Lee)]
"Querida Mamãe" [do álbum Crescendo - 1989 (Ultraje a Rigor)]
"Mama" [do álbum Hunters and Pray - 2002 (Angra)]

Bloco 04
Abertura: "Mother Dear" [do álbum Equinox - 1975 (Styx)]
"Motherless Children" [do álbum 461 Ocean Boulevard - 1974 (Eric Clapton)]
"Mama, I'm Coming Home" [do álbum No More Tears - 1991 (Ozzy Osbourne)]
"My Guitar Wants to Kill Your Mama" [do álbum You Can't Do That On Stage Anymore Vol. 5 - 1993 (Frank Zappa)]
"Mother's Daughter" [do álbum Abraxas - 1970 (Santana)]
"Mamma Mia" [do álbum ABBA - 1975 (ABBA)]
"Mama Kin" [do álbum Aerosmith - 1973 (Aerosmith)]
"Mama Weer All Craze Now" [do álbum Slayed? - 1972 (Slade)]

Encerramento: "Every Mother's Son" [do álbum Gimme Back My Bullets - 1976 (Lynyrd Skynyrd)]

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Podcast Grandes Nomes do Rock #18: Robert Johnson



Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)

O Podcast Grandes Nomes do Rock dessa semana é mais que especial, comemorando os 100 anos de nascimento do avô do rock, Robert Johnson. Para homenagear essa figura mais que especial não só na história do rock, como do blues e da música em geral, apresentamos um especial de uma hora e meia narrando a história de Johnson, bem como canções interpretadas por ele e diversos artistas famosos o homenageando através de recriações de seus clássicos do blues. Separe o uísque e saboreie cada canção.




Robert Leroy Johnson supostamente nasceu no dia 08 de maio de 1911, na cidade de Hazlehurst, Mississippi. Pouco se sabe sobre a vida de Robert Johnson, mas das informações registradas, essa parece realmente ter sido a data em que ele veio ao mundo, filho de Julia Major Dodds e de Noah Johnson. Julia era esposa de Charles Dodds, um próspero propietário de terras e também especialista em fabricação de móveis, com quem ela teve 10 filhos.

Problemas de terras entre brancos e negros acabaram fazendo com que Dodds fosse forçado a abandonar Hazlehurst com medo de ser linchado por outros proprietários de terra e também pelos seus funcionários, e assim, partir com seus filhos e a esposa, que já estava grávida de Noah Johnson, um dos empregados de Dodds.

Julia acabou saindo primeiro, pouco depois de dar a luz a Robert Johnson. Quando o garoto completou dois anos, foi enviado para viver com Dodds, que mudou de nome para Charles Spencer, em Memphis.
Raríssima imagem de Johnson



Por volta de 1919, Robert re-encontrou sua mãe entre as cidades de Tunica e Robinsonville, ambas no Mississippi. O novo marido de Julia era um jovem conhecido como Dusty Willis, e logo os moradores do local passaram a chamar Robert de "Pequeno Robert Dusty", mas seu nome de batismo (até então) era Robert Spencer, vivendo por um curto tempo do ano de 1920 na cidade de Lucas, Arkansas. Depois, Robert ingressou nos estudos, e entre 1924 e 1927, desenvolveu uma boa educação para um garoto que nasceu nos subúrbios do país. Foi nesse período que começou a se interessar por música, aprendendo gaita harmônica e também um estranho instrumento conhecido como jaw harp.

Após sair da escola, com 16 anos, Robert adotou o sobrenome de seu pai biológico, e assim, passou a ser conhecido como Robert Johnson, que é quando casa-se com uma jovem de 16 anos chamada Virginia Travis. Essa garota estava grávida de Robert, e acabou falecendo logo após dar a luz ao bebê.

A morte de Virginia é um dos primeiros fatos que são associados a um importante momento que, segundo os que acompanharam a carreira de Robert, modificou a vida do cantor, e tornou ele o primeiro astro da história da música moderna, vindo posteriormente a ser considerado o avô do rock. Em busca do sucesso através da música, Robert teria ido para uma encruzilhada, e nela, feito um pacto com o demônio, vendendo a alma de sua esposa e posteriormente a sua. Esse mito foi adotado também por Robert, que via na história uma boa oportunidade para tornar-se famoso.

Uma das raras fotos de Johnson
O fato é que depois da morte de sua esposa, um conhecido cantor de blues, chamado Eddie James Son House Jr, ou apenas Son House, chegava em Robinsonville para viver ao lado do parceiro musical Willie Brown. Son registrou que Robert chamava a atenção tocando harmônica pelas ruas da cidade, e tentando tocar violão, era terrível.

Robert deixou Robinsonville e foi para Martinsville, próximo a sua cidade natal, possivelmente em busca de seu pai-biológico. Lá, começou a aperfeiçoar-se no violão, tendo aula com os irmãos Ike e Herman Zimmerman. Segundo Ike, Robert aprendeu a tocar violão naturalmente, principalmente quando visitava cemitérios exatamente à meia-noite. Robert voltou para Robinsonville e miraculosamente havia se tornando um virtuose no instrumento, o que foi confirmado em  uma famosa entrevista de House contando seus dias ao lado de Johnson.

Ainda em Martinsville, Johnson teve outro filho, agora com Vergie Mae Smith. Em maio de 1931, casou-se com Caletta Craft, e o casal mudou-se para Clarksdale em 1932, onde Robert abandonou a esposa para seguir carreira como músico itinerante.

A partir de então, Robert passou a mudar de cidade como que mudava de roupa, passando por Memphis, Helena, Arkansas e pequenas cidades do Delta do Mississippi. Um dos músicos que acompanhou um pouco da trajetória de Johnson nessa época foi Johnny Shines, que esteve com o blueseiro em Chicago, Texas, Nova Iorque, Kentucky, Indiana e cidades do Canadá. Em muitos lugares,  Johnson encontrava algum parente (lembrando que tinha 10 irmãos), e acabava ficando instalado na casa do cidadão por algumas semanas. Outro músico que também esteve constante foi Robert Lockwood. Porém, as histórias contadas por cada músico as vezes soam contraditórias, ficando a dúvida se o que aconteceu é real ou apenas invenções para aumentar ainda mais o mito em cima do nome Robert Johnson.

Apesar de nunca mais ter se casado, foi nessas andanças que suas relações sexuais se tornaram famosas, principalmente "consolando" esposas frustradas. Dentre elas, a mais famosa é Estella Coleman, mãe do músico Robert Lockwood Jr. Outro fato marcante desse período é que Johnson adotava sempre um nome diferente quando chegava em uma nova cidade, fazendo com que depois, quem o procurasse pelo nome que ele dava, dificilmente o encontraria.

Selo do LP 78 rpm com "32-20 Blues"
Além disso, a primeira coisa que fazia era procurar uma barbearia ou restaurante, indo para a frente do mesmo e tocando blues através de sua gaita e violão. Muitos são os que viram Johnson se apresentando nas esquinas de diferentes cidades, entoando não suas complexas e sombrias letras que hoje muitos admiram, mas sim, satisfazendo a audiência com pedidos de canções clássicas da época, não necessariamente apenas blues.

A incrível habilidade de tocar canções que nunca tinha ouvido na primeira audição dava a possibilidade de Johnson tocar qualquer estilo, aumentando a fama do blueseiro, que assim como conquistava seguidores, afastava-se rapidamente da cidade, geralmente por estar envolvido com alguma esposa infiel.

Por volta de 1936, Robert procurou H. C. Speir, um famoso produtor de Jackson, no Mississippi, que possuia uma loja e também contatos com gravadoras. Através dele, Johnson chegou a Ernie Oertle. Oertle ofereceu algumas horas de gravação na cidade de San Antonio, no Texas, o que ocorreu nodia 23 de novembro de 1936, no quarto 414 do Hotel Gunter, local onde a Brunswick Records possuía um pequeno estúdio. Neste dia, foram registradas as seguintes canções: "Kind Hearted Woman Blues", "I Believe I'll Dust My Broom", "Sweet Home Chicago", "Ramblin' on My Mind", "When You Got a Good Friend" e "Come On in My Kitchen".

LP 78 rpm de "Sweet Home Chicago"
Como era a primeira vez de Johnson em um estúdio de gravação, ele mostrou-se surpreendentemente envergonhado, recusando-se a cantar de frente para os assistentes de gravação. A solução encontrada foi Robert virar-se com a face voltada para a parada, e assim cantar suas canções.

Depois, outras duas sessões foram realizadas, nos dias 26 e 27 de novembro, com Johnson gravando no total 16 canções e alguns takes extras para determinadas canções.

Selo do LP 78 rpm de "Terraplane Blues"


"Terraplane Blues" e "Last Fair Deal Gone Down" foram lançadas em um compacto de 78 rpm, com a primeira vendendo mais de cinco mil cópias. Em 37, Johnson viajou para Dallas para mais uma sessão de gravações para a Brunswick, agora no prédio da gravadora, na 508 Park Avenue, onde foram registradas mais 11 canções e dois takes extras. 6 dessas canções saíram em vinis de 78 rpm batizados de Race Records, através do selo Vocalion, os quais apresentavam apenas músicos negros tocando jazz, gospel, blues e canções africanas. Essas gravações podem, por exemplo, serem encontradas na incrível caixa Complete Masters, lançada recentemente em tiragem limitada de 1.000 cópias, em comemoração aos 100 anos de Johnson, e que traz 12 LPs réplicas dos originais da Vocalion, mais 1 DVD e 1 CD.


Incrível caixa Complete Masters

Johnson faleceu em 16 de agosto de 1938, com apenas 27 anos, na cidade de Greenwood, Mississippi. Nos últimos dias de vida, ele manteve-se tocando em um bar localizado a 24 km de Greenwood. A causa de sua morte é repleta de mistério e teorias diferentes. A mais aceita é a de que Robert começou a flertar com a esposa do proprietário do local onde estava trabalhando. Insatisfeito com a paixão da esposa pelo músico, o marido traído ofereceu uma garrafa de uísque para Johnson. A garrafa além do uísque, continha também veneno. Após beber o uísque, Johnson começou a passar mal, e ficou em estado deplorável durante três dias, falecendo com convulsões e muitas dores, uma característica forte de envenenamento por estriquinina. Mesmo assim, não é senso comum se a morte de Robert ocorreu por envenenamento, ainda mais depois de diversos médicos e especialistas provarem que se isso fosse para ocorrer, teria que ter sido horas depois, e não três dias como foi no caso de Johnson.

Sonny Boy Williamson, outro grande nome do blues que conviveu com Johnson, alertava-o de "jamais beber algo de uma garrafa que já estivesse aberta", mas Johnson respondia com a frase "nunca coloque uma garrafa na minha mão".

A encruzilhada onde o pacto com o demônio teria ocorrido.
Se não foi envenenamento, a morte de Johnson só pode ter sido provocada por outra coisa. No caso, a primeira e mais famosa teoria conspiratória da história do rock, o pacto com o demônio feito pelo músico ainda jovem. Vivendo nas plantações rurais do Mississippi, Johnson começou a despertar o interesse por conseguir fama, dinheiro e sucesso através da música.

Através de alguns contatos com pessoas mais experientes, ele foi instruído para ir a uma encruzilhada próximo a plantação de Dockery, exatamente a meia-noite. Lá, ele encontraria um grande homem negro, o coisa-ruim, que pegaria o violão do garoto e o afinaria, tocando algumas canções e devolvendo o instrumento para Robert, passando assim maestria e excelência ao violão para o ainda principiante músico. Em consequência, Johnson doava a sua alma e de alguns entes mais próximos ao coisa-ruim, fazendo então, um pacto com o demônio.

Cenotáfio na Igreja de Mount Zion
Com o passar dos anos, essa lenda foi ganhando ainda mais força, sendo narrada ainda quando Johnson estava vivo e também por amigos próximos. Existe uma forte incerteza de qual encruzilhada o pacto ter sido firmado, e se é que fora em uma encruzilhada, não em um cemitério, como outros alegam, lembrando o fato de que Johnson ia exatamente à meia-noite para os cemitérios para aprender seu instrumento (o que é consenso geral ser verdadeiro).

A localização precisa de seu túmulo também é algo de grande incerteza. Três marcadores foram construídos nos locais onde alega-se que o corpo foi enterrado: o primeiro deles no cemitério Mount Zion da Igreja Batista Missionária, próximo a cidade de Morgan City, onde existe um cenotáfio de uma tonelada erguido na forma de um obelisco, listando todas as canções gravadas por Johnson, sendo colocado lá através da Columbia Records.


Um pequeno marcador com o epitáfio "Descanse no Blues" foi colocado no cemitério da capela Payne, em Quito, Mississippi, pelo próprio proprietário do local e mais recentemente, fontes indicam que Johnson está enterrado em um cemitério na Igreja Little Zion, no norte de Greenwood.

Pedra na capela Payne

O fato é que Robert Johnson acabou se tornando a primeira lenda do rock, já que suas raízes bluesísticas influenciaram diversos artistas como Muddy Waters, Samuel Charters, Buddy Guy, Albert Collins, Willie Dixon, B. B. King entre outros, tinham no nome do músico como O CARA dentre todos os músicos. Todos esses cantores de blues acabaram sendo a fonte de inspiração para o nascimento de bandas como Yardbirds, Rolling Stones, Beatles, Animals e ainda Led Zeppelin, Cream, Bluesbreakers, Black Sabbath, Jimi Hendrix Experience, Allman Brothers, Canned Heat, Grateful Dead, The Who, Deep Purple entre outros, além de músicos famosos como Elvis Presley, Little Richard, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis. Sendo os últimos considerados os "pais do rock", logo o título de "avô do rock" foi dado para Robert Johnson.

Através dos anos, diversas foram as coletâneas que relançaram o material gravado por Johnson em diversos formatos, contando a história do músico e também adicionando depoimentos de artistas famosos em homenagem a ele, destacando-se King of the Delta Blues Singers (1961), King of the Delta Blues Singers vol. II  (1970) e a caixa The Complete Recordings (1990), com o nome Robert Johnson sendo hoje reconhecido mundialmente como um dos mais importantes músicos da história, eleito o quinto melhor guitarrista de todos os tempos pela revista Rolling Stone, ficando atrás apenas de Jimi Hendrix, Duane Allman, B. B. King e Eric Clapton, todos os quais, de uma forma ou outra, prestaram sua homeagem a este incrível e talentoso músico, que deixou a terra cedo, mas ainda vive entre nós até os dias de hoje.




Três importantes registros trazendo a obra de Robert Johnson
Track list Podcast # 17: Mutantes

Bloco 01
Abertura: Saravah [do álbum Tecnicolor - 2000]
"Trem Fantasma" [do álbum Os Mutantes - 1968]
"Qualquer Bobagem" [do álbum Mutantes - 1969]
"O Meu Refrigerador Não Funciona" [do álbum A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado - 1970]
"It's Very Nice pra Xuxu" [do álbum Jardim Elétrico - 1971]

Bloco 02
Abertura: "Posso Perder Minha Mulher, Minha Mãe, Desde que Eu Tenha o Meu Rock and Roll" [do álbum Mutantes e seus Cometas no País dos Bauretz - 1972]
"O Suicida" [do compacto O Suicida / Apocalypse - 1966 (O'Seis)]
"Domingo no Parque" [da apresentação no III Festival da Música Popular Brasileira - 1967 (Gilberto Gil)]
"Marcianita" [do compacto A Voz do Morto/Baby/Marcianita/Saudosismo - 1968 (Caetano Veloso)]
"Superfície do Planeta" [do álbum Hoje é o Primeiro Dia do Resto das Suas Vidas - 1972 (Rita Lee)]

Bloco 03
Abertura: "Panis et Circensis" [da apresentação na TV Cultura - 1969]
"Mutantes e seus Cometas no País dos Bauretz" [do álbum Mutantes e seus Cometas no País dos Bauretz - 1972]
"Mande um Abraço pra Velha" [do álbum Os Grandes Sucessos do FIC - 1972]
"Hey Joe" [do álbum O A E O Z - 1992]
"Arena" [do bootleg Ribeirão Preto - 1978]

Bloco 04
Abertura: "Rock 'n' Roll City" [do álbum Ao Vivo - 1976]
"Veludeando" [do álbum Veludo Ao Vivo - 1975 (Veludo Elétrico)]
"Czardas" [do compacto Era um Garoto que Como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones / Czardas - 1966 (Os Incríveis)]
"O Beco" [do álbum Ao Vivo - 1989 (Ney Matogrosso)]
"Brazilian New Wave" [do álbum Jazz Mania Live - 1986 (Sérgio Dias)]
"(Tico-Tico) Com a Boca no Mundo" [do álbum Entradas & Bandeiras - 1976 (Rita Lee)]
"Imagino a Minha Morte" [do bootleg Vice-Versa Studio - 1977 (Arnaldo Baptista)]

Encerramento: "Gopala Khrishna Om" [do álbum Haih ... or Amortecedor - 2009]
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...