"The Casbah", composta por Gryce, lembra os brazilian jazz das décadas de quarenta e cinquenta, como Os Velhinhos Transviados e Pascoal Meirelles Trio. Rich está nos pratos e Roach nos sticks, acompanhando o tema principal. A ótima levada dos dois quintetos acompanha os solos de trombone (Julian Priester) e sax (Stanley Turrentine). Seguem então os solos de bateria, começando por Roach, depois Rich, e alternando seis vezes, com direito a um ótimo duelo nos pratos e viradas de bumbo. O tema original é retomado a partir da nova sequência de coros feita pelas orquestras.
"Sleep", de Earl Lebieg, é uma paulada literal. O ritmo alucinado da canção, tal qual uma locomotiva sem freios, toma conta das caixas de som. Roach está no triângulo e woodblocks, com Bunch executando o tema principal no piano. A orquestra então passa a executar o tema principal, dando sequências aos solos, sendo que dezesseis compassos dos solos são feitos por músicos de Rich (Woods e Dennis) acompanhados pelo mesmo e outros dezesseis por músicos de Roach (Stanley Turrentine e Nat Turrentine), acompanhados de Roach. O piano de Bunch também marca presença, acompanhando os solos dos bateristas.
O encerramento do lado A é sobrenatural. Após os dois dias de gravações os músicos (e até mesmo Gryce) acharam que já possuíam material suficiente para a gravação de um álbum. Porém, o pessoal de auxílio nos estúdios reclamou de não ter nenhum duelo somente entre os bateristas. Então foi sugerido isso aos dois que, óbvio, com a gana de tocar começaram um magnífica batalha, iniciando com Rich nos chimbals em oito compassos e seguido por Roach, nos pratos, também em oito compassos. O que se ouve é uma insana competição na tentativa de um superar o outro e vencer a tão falada "batalha de baterias", durante incríveis vinte e quatro desafios, todos com oito compassos para cada um fazer o que bem entendesse. Neles, Rich extrapola na velocidade de rufos enquanto Roach mostra ao mundo o valor das viradas certeiras. O uso de pratos é animalesco, com Roach parecendo um rinoceronte em busca de sua presa e Rich batendo suas mãos como as asas de um beija-flor. Por fim, os chimbals abrem espaço para rufos ainda mais ensurdecedores de ambos, culminando a batalha ensurdecedoramente com violentas batidas nos pratos. Simplesmente fora do comum. O nome da faixa é "Figure Eights" e é uma referência de como juntar dois monstros em um mesmo lugar do espaço.
Depois de recuperar o fôlego coloque a agulha no lado B e veja surgir "Yesterdays", de Jereme Kern e Otto Harbach. Rich está no cincerro e Roach nos sticks, com Bunch fazendo o tema principal no primeiro coro, seguindo com Stanley Turrentine executando o tema no segundo coro. O clima fica pesado na sequência de duelos, começando com Roach enquanto Rich acompanha no cincerro e depois com Rich quebrando tudo e sendo acompanhado por Roach nos pratos. Os duelos são fortes, bem mais pesados que em "Figure Eights", porém não tão rápidos. Após mais uma execução do tema principal, temos os solos de Woods e Dennis (acompanhados por Rich) e também Stanley Turrentine e Priester (acompanhados por Roach), encerrando com o tema principal.
As duas faixas seguintes são aulas de democracia. "Big Foot" é a famosa canção de Charlie Parker, aqui totalmente recriada. A faixa inicia com dois coros da orquestra principal executando o belo tema principal, acompanhados por Roach. Os integrantes de ambas as bandas solam acompanhados por Rich e Roach, começando por Bunch, seguido pelos solos de Stanley Turrentine, Woods, Priester, Dennis e Nat Turrentine. Os bateristas então interrompem os solos individuais e começam seus solos, com Rich primeiro. O tema inicial é retomado pelas orquestras, agora apenas com Rich no acompanhamento, encerrando essa "Monalisa" do repertório parkiano.
"Limehouse Blues", de Philip Braham e Douglas Furber, começa somente ao piano de Bunch acompanhado por Roach em um tema super bebopiano, que era o que Roach realmente gostava de tocar. Novamente uma sequência longa de solos rápidos aparece, começando por Woods, Dennis, Nat Turrentine, Stanley Turrentine, Priester e Bunch, sempre acompanhados por Roach. Rich então aparece para executar os coros da introdução e acompanhar o solo de Bobby Boswell. Temos um pequeno solo de Rich e outro de Roach, antes de Rich fazer o coro final e Bunch encerrar a faixa com o tema de encerramento da canção dos três patetas.
Após o esqueleto estar totalmente quebrado de tanta pancada e técnica, "Toot, Toot, Tootsie, Goodbye", de Gus Kahn, Ted Fio Rito, Robert A. King e Ernie Erdman ainda retira o que restou de nossos corpos. No início temos Rich no bumbo e Roach nos pratos acompanhando os coros iniciais e também o tema principal. Começa então a longa sequência de duelos entre Rich e Roach, o qual ficou mais nos improvisos de ambos, já que não estava previsto um duelo nesta faixa. O tema principal é retomado, encerrando o álbum com a quebradeira geral.

No resultado final não houve um vencedor desta batalha, já que ambos foram soberbos em suas tarefas. A capa do álbum era bem interessante, com Rich e Roach entreolhando-se sobre as baterias como duas águias em busca de uma mesma presa. Além disso, o vinil possuía outra característica marcante: o ótimo estéreo. Isso fica comprovado na separação dos quintetos, já que você ouve perfeitamente o quinteto de Rich no canal esquerdo e o quinteto de Roach no canal direito. No Brasil, este álbum chegou em 1975 através da Mercury, com os relançamentos da série Jazz Masters.
Rich continuou sua carreira explorando cada vez mais a velocidade de seu braço esquerdo, vindo a falecer de ataque cardíaco devido a um tumor cerebral no dia 02 de abril de 1987. Recebeu uma devida homanegem em 1994 de um grande fã, o baterista do Rush, Neil Peart, através do tributo Burning for Buddy, onde, ao lado da orquestra de Rich, comandada por Steve Marcus, tocaram diversos bateristas, como Bill Bruford, Marvin "Smitty" Smith, Omar Hakim, Billy Cobham e o próprio Peart.
Max Roach também participou do tributo, interpretando duas canções. Nos anos sessenta atingiu seu auge como compositor, tendo lançado obras como We Insist! Max Roach´s Freedom Now Suite. Nos anos setenta Roach liderou a orquestra de percussão M'Boom. Faleceu no dia 16 de agosto de 2007 devido a problemas neurológicos.
Ambos os bateristas estão no top of the tops dos mais citados entre os melhores de todos os tempos, e esse LP consegue registrar o porque disso, exatamente no auge da carreira de ambos.