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domingo, 12 de setembro de 2021

Saxon - Inspirations [2021]




 O que leva um grupo de veteranos do Heavy Metal a gravar um disco de covers de bandas que foram inspirações em sua carreira? Bom, uma pandemia mundial é uma boa justificativa para isso, e foi o que os britânicos do Saxon construíram durante o ano de 2020, culminando com Inspirations, vigésimo terceiro álbum da banda, lançado no dia 19 de março deste ano. O grupo está com Biff Byford (vocais), Paul Quinn (guitarras), Doug Scarratt (guitarras), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glockler (bateria)

Temos aqui homenagens bastante diversificadas, como os dois grandes nomes do British rock nos anos 60, sendo que o disco abre com uma pesada versão para “Paint it Black” dos The Rolling Stones, que mantém as harmonias do original, mas claro, com as guitarras fazendo as vezes do Sitar, ganhou bastante peso, assim como o rockaço de “Paperback Writer”, mais uma versão para uma canção dos The Beatles a entrar no hall de “melhor que a original”, principalmente pela presença das guitarras.

Nigel Glockler, Doug Scarratt, Biff Byford, Nigel Glocker e Paul Quinn

O genial Jimi Hendrix é homenageado com “Stone Free”, bem mais para cima do que a versão de Hendrix, mas diria que num patamar abaixo do que a original, fugindo um pouco do clima que o Deus Negro da guitarra criou, assim como o gigante Motörhead recebe uma paulada versão para “Bomber”, que é um dos grandes momentos de Inspirations. Outro grande trio a ser homenageado pelo Saxon é o Thin Lizzy, com uma fantástica “The Rocker”, que assim como “Stone Free”, ficou bem mais up do que a original, mas aqui, pontos positivos ao Saxon.

A Santíssima Trindade do hard britânico também está no CD, com “Immigrant Song”, versão muito fiel a do Led Zeppelin, até com os agudos bem feitos pela voz experiente de Bifford. “Evil Woman”, original do The Crows, mas mundialmente conhecida pela versão do Black Sabbath, também está bastante fiel ao que a turma de Iommi fez, com o baixão de Nibbs em destaque. E o Deep Purple surge com “Speed King”, outra muito fiel ao original, que peca pela ausência do hammond durante o solo, mas que foi relativamente compensado pelas guitarras, os quais aqui sim criaram solos totalmente novos, que fogem do que foi registrado pelo Purple em In Rock (1970).

Versão em vinil branco

Como surpresas, temos AC/DC e sua “Problem Child”, bastante fiel ao que foi gravado por Angus Young e cia, a linda versão de “See My Friends” dos The Kinks, que é talvez a que mais foge dos padrões originais, apenas com as linhas vocais bastante similares, e o surpreendente Toto de “Hold the Line”, que, acredito eu, possa ter sido a inspiração para os britânicos gravarem álbuns como Innocence Is My Excuse e principalmente, Destiny, até por que eles gravaram neste disco a versão de "Ride Like the Wind" (Cristopher Cross), e ouvindo a boa versão do Saxon para esse clássico, é possível perceber elementos destes discos por aqui, principalmente no refrão. 

Curti bastante também a capa do disco, na qual traz as caricaturas dos onze grupos homenageados junto a caricatura do Saxon, sendo divertido ficar buscando cada uma das bandas. Senti falta apenas de alguma canção do progressivo, pois uma banda que fez algo tão sensacional para "In the Court of the Crimson King" (Killing Ground, de 2001) certamente tem referências para serem "inspiradas" em um disco. Em pouco mais de 36 minutos, o álbum passa de forma divertida e muito bem apreciada para esses tempos difíceis em que o álbum foi criado, mas que certamente, deve ter dado um grande alívio para o quinteto em ter tocado canções tão emblemáticas para a história da música, e como o título do álbum sugere, inspiraram na formação de um dos grandes grupos do heavy metal britânico. 

Contra-capa em vinil

Track list

1. Paint It Black
2. Immigrant Song
3. Paperback Writer
4. Evil Woman
5. Stone Free
6. Bomber
7. Speed King
8. The Rocker
9. Hold The Line
10. Problem Child
11. See My Friends
Imagem que inspirou a capa de Inspirations

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Lista - 1979 em discos: por Mairon Machado



Seguindo com a proposta do meu amigo e colega Ronaldo Rodrigues de trazer listas de melhores discos que completam aniversário fechado em 2019, apresento aqui meus preferidos de 1979.

Esse foi um ano ímpar (não só no número) para a história mundial. Margaret Thatcher chegava ao poder na Inglaterrra, tornando-se a primeira mulher Primeira Ministra da Grã-Bretanha. Na China, Deng Xiaopin abriu o mercado do país para o Ocidente. A guerra do Afeganistão começa exatamente nesse ano, em um dos momentos mais conturbados entre URSS e EUA.

Na música, o rock progressivo que havia assolado boa parte da década de 70 começava a se moldar para tornar-se o AOR. O punk rock e a Dance Music, que haviam estourado em 1977 com Sex Pistols e Bee Gees principalmente, migravam para o fim. Era a época da inserção de novas tecnologias, principalmente eletrônicos, culminando com o nascimento do pós-punk, que revelou, já nos anos 80, gigantes como U2, R. E. M., The Cure e por aí vai. Em paralelo, a NWOBHM entregava de bandeja para a década seguinte nada mais que Iron Maiden, Saxon, Def Leppard ... Dentre os diversos lançamentos daquela época, vários são os que até hoje perambulam nas vitrolas mundo a fora, e que na lista final de 1979 elaborada pelos consultores, os 10 melhores escolhidos foram:

1) Pink Floyd - The Wall

2) AC/DC -Highway To Hell

3) The Clash - London Calling

4) Michael Jackson – Off the Wall

5) Thin Lizzy – Black Rose: A Rock Legend

6) Motörhead – Overkill

7) Supertramp – Breakfast in America

8) Kiss – Dynasty

9) Van Halen – Van Halen II

10) Steve Howe – The Steve Howe Album

Ou seja, um apanhado relevante entre o progressivo (Pink Floyd, Supertramp e Steve Howe) e o rock pesado (AC/DC, Thin Lizzy, Motörhead, Kiss e Van Halen), além do pop de Michael Jackson e do punk de The Clash. Em minha lista de melhores álbuns que não constaram das listas gerais (veja aqui), não citei nenhum disco de 1979, mas não que fosse por que não havia mais nada a ser citado, é que em outros anos, em minha opinião, haviam materiais muito mais importantes a ser feito justiça. Mas, graças a ideia do Ronaldo, aqui posso resgatar mais 10 grandes discos de 40 anos atrás:


Keith Jarrett – Eyes of the Heart

O pianista de jazz Keith Jarrett sempre foi um perfeccionista ao extremo. Formado na escola de Miles Davis, o americano sempre teve um QI acima da média, o que acabava afetando seu genioso e genial cérebro. Comumente, vez por outra Jarrett estressava-se em seus shows, seja com barulhos da plateia, seja com os músicos, seja com o instrumento, seja com ele mesmo. Quando Eyes of the Heart foi gravado, ao lado dos também americanos Dewey Redman (saxofone), Charlie Haden (baixo acústico) e Paul Motian (percussão), em maio de 1976 na Áustria, de forma totalmente improvisada, parte da apresentação acabou sendo desprezada e proibida de publicação por conta do próprio Jarrett não ter gostado dessa gravação. Acredito que Jarrett ficou convencido de o que ele gravou nos 3 lados do vinil (sim, é um vinil duplo de apenas 3 lados) era o melhor que ele podia fazer na época, tanto que logo em seguida ele desmanchou o quarteto. Honestamente, E QUE MELHOR!!! O disco 1 traz a obra "Eyes of the Heart" em suas partes. A primeira é explorativa, começando com percussões e solos de saxofone e um logo solo de piano, em 17 envolventes e explorativos minutos. Quando a segunda parte surge, somente com Jarrett ao piano, o clima é totalmente outro, bastante sombrio e tenso. O solo é lindo e comovente, e na medida que os demais instrumentos (baixo e bateria) entram para acompanhá-lo, a tensão e ansiedade para saber o que virá mais adiante toma conta. Basta então Redman executar a primeira nota de seu saxofone para que tudo faça sentido. Foi exatamente nesse momento que meu coração apaixonado por Heavy Metal traiu o estilo, e se converteu ao jazz. Arrepio só de lembrar desse solo, que é curto, pouco mais de 3 minutos, mas que simplesmente coloca a casa abaixo, levanta a platéia (que não se contém e aplaude o que pode diante do olhar criterioso de Jarrett) e só por isso, faz de Eyes of the Heart um dos Melhores Discos de 1979, sendo que a sequência da obra ("Encore", uma faixa próxima ao free jazz, com um trabalho formidável de piano, e que serve para Jarrett mostrar um pouco de seus dotes ao saxofone) eleva o álbum a um dos Melhores Discos de Todos os Tempos! Ouça sem medo e sem preconceito.


Triumph – Just a Game

O Triumph é uma banda de cabeceira na minha formação, e muito por conta desse álbum. Foi o primeiro disco que ouvi e comprei do trio, influenciado por leituras que diziam que a banda era um primo próximo do Rush. Mero equívoco. O Triumph tem qualidades que o colocam a frente do Rush em várias situações, principalmente quando se trata de um hard rock bem feito. E é isso que os canadenses entregam nesse álbum, onde a divisão dos vocais entre o guitarrista Rik Emmett e o baterista Gil Moore é um espetáculo por si só. Mas vamos as músicas. A faixa-título é daquelas para se gritar em plenos pulmões em arenas lotadas, assim como a linda "Lay It On The Line", uma base simples de três acordes menores que simplesmente fazem você viajar junto da voz aguda e da guitarra afiada de Rik Emmett, um dos guitarristas mais injustiçados que conheço. O que ele faz ao violão na sensacional "Fantasy Serenade" é uma aula de estudo por meses. Ou no jazz  de “Suitcase Blues"? Meu Deus, sem palavras. O que o trio constrói no blues corta pulsos "Young Enough To Cry", que barbaridade, é lindo demais. Por outro lado, o grupo antecipou as trilhas de propagandas de cigarro em muitos anos, fazendo um hard oitentista em plena década de 70 com "Movin' On", "American Girls" e "Hold On". Há um forte apelo para conquistar os jovens americanos, mas quem disse que isso é ruim? Ninguém em 1979 fazia algo se quer próximo do que o Triumph fez com Just A Game, e por isso, ele está aqui hoje! Discão!!!


Pierre Moerlen’s Gong – Downwind

Depois de sair do maluquete Gong, e participar do projeto Gong Expresso, o baterista Pierre Moerlen resolveu montar um timaço sob o pseudônimo de Pierre Moerlen's Gong. E esse timaço tinha os exímios Hansford Rowe (baixo), François Causse (percussão) e Ross Record (guitarras). Assim, nasceu Downwind, uma joia do jazz rock advindo no final dos anos 70, e que é totalmente oposto ao que o Gong fazia. Nomes como Mick Taylor, Mike Oldfield, Steve Winwood e Benoit Moerlen fazem participações mais que especiais. Conheci esse álbum por conta da versão revisitada de "Jingo" (famosa com o Santana), aqui batizada de "Jin-Go-Lo-Ba", e que não tenho palavras para descrever o que a banda faz nessa interpretação no mínimo fenomenal. A linha original percussiva foi mantida, assim como a empolgação e vibração, mas o tempero que o vibrafone e a percussão de Moerlen deu para faixa, puta que pariu, é extremamente delicioso. Só isso já valeu comprar o disco, mas ao ouvir Downwind na íntegra, me deparei com um disco simplesmente soberano e muito bem construído. Primeiro de tudo, quer sentir um grande arrepio na espinha e ver como somente dois músicos podem construir uma pérola, ouça "Emotions", somente vibrafone e violino (além de um suave sintetizador). O nome já diz tudo!! A faixa de abertura, "Aeroplane", em nada lembra as experimentações viajantes de seu ex-grupo, fazendo uma mescla de jazz rock com pop de altíssima qualidade, ainda mais na presença do belo solo de Ross. O swing de "What You Know", com um belíssimo solo de Taylor, é para sair dançando pela casa. Que delícia é sentar num sofá com uma bela dose de uísque e ouvir "Xtasea", uma faixa suave, que desce redondo no cérebro. Moerlen é o nome do disco, sem dúvidas, sobressaindo na sensacional e percussiva "Crosscurrents", intrincada faixa com um excelente trabalho de vibrafone por parte de Benoit. E quem não vibrar com os doze minutos enlouquecedores de vibrafone, percussão, sintetizadores, guitarra e saxofone da faixa-título, na qual Oldfield e Winwood dão suas colaborações, é por que tem sérios problemas de ouvidos. É um clássico disco sensacional a ser descoberto por admiradores de música, independente do estilo, e que em cada audição, conquista mais e mais espaço em minha admiração.

Frank Zappa – Joe’s Garage Acts II & III

1979 foi um ano sensacional para Frank Zappa. O americano lançou nada mais nada menos que cinco LPs, sendo dois duplos. Destes cinco, um dos duplos (este que vos apresento) é o encerramento da maluquete história de um jovem guitarrista chamado Joe, que arrancou os cabelos da mídia e dos políticos norte-americanos, já que o objetivo da Garage de Joe é narrar a história (fictícia) de um governo tentando acabar com a música através de leis, perseguições e outros atributos que são contados durante o desenvolvimentos dos dois LPs. Se o presidente Bozo curtisse Zappa, certamente saberia o que é Golden Shower, já que esta é apenas uma das várias polêmicas que Zappa mete o bedelho sem dó nem piedade. Para quem não é um iniciado na obra do bigodudo, talvez o disco soe um tanto quanto arrastado ou sem sentido, principalmente pela mescla de estilos, vozes robotizadas (o Central Scrutinizer, que mantém a lei) e muitas conversas que fazem parte do enredo na Garagem de Joe. Mas para quem curte as invenções (e sonzeiras) hilárias de Zappa, tipo "Keep It Greasey" ou "Stick It Out" , aprecia os solos esquisitóides mas contagiantes ("He Used To Cut The Grass", "Outside Now" ou "Packard Goose"), mas principalmente, entende um pouco de inglês e tem a mente aberta para viajar pela criação do artista, Joe's Garage é um prato cheio. Mas vou resumir o por que desse álbum estar aqui em apenas uma canção: "Watermelon In Easter Hay". O solo imaginário de Joe, depois de tantas turbulências pessoais, é tão lindo que chorar será algo natural enquanto você o escuta. Falei sobre essa Maravilha, bem como resumi a história dos dois álbuns, aqui, então, apenas coloque ela para rodar no youtube, no carro, no seu player favorito, e irá entender por que Joe's Garage Acts II & III é um dos melhores discos de 1979.

David Bowie – Lodger

O encerramento da fase Berlim de Bowie é o menos aclamado da trilogia (Low, "Heroes", Lodger), mas não por ser um álbum ruim. Ao contrário, Lodger não vence Low e "Heroes" por que esses discos são insuperáveis em qualidade e inspiração (tanto que os dois estiveram no pódio na lista de Melhores de 1977 feita pelo site), mas possui ótimas faixas que o faz no mínimo um dos grandes lançamentos de 1979. Uma coisa que chama a atenção de cara em Lodger em relação aos seus antecessores é que as inspirações no Krautrock se perderam. Poucas faixas têm aquele "som sombrio" que marca os álbuns de 1977, e aqui elas são a balada "Fantastic Voyage", as esquizóides "Red Money" e "Repetition" e a agitadíssima "Red Sails", uma das melhores faixas dessa trilogia, com inspirações nipônicas em suas melodias. Aliás, o grande diferencial de Lodger é esse, sair dos limites dos muros de Berlim e pegar influências mundias. As experiências eletrônicas de outrora acabam rumando para sons ainda mais distintos, como as percussões africanas de "African Night Flight", o clima oriental de "Yassassin" ou até experimentos vocais, como "Move On". Outras grandes faixas, que eu não me seguro ao ouvir e saio dançando fácil, é a enlouquecedora "Look Back in Anger" (ritmo contagiante para uma sonzeira animal) e "Boys Keep Swimming", que além de ser um som fantástico, ainda possui um dos clipes mais legais que o camaleão fez. O pop dançante de "D. J." foi o maior sucesso do disco. As canções são curtas, nenhuma ultrapassando 4 minutos, perfeitas para uma festa, e levam Bowie com tranquilidade para construir dos álbuns atemporais na sequência (Scary Monsters e Let's Dance), predominando como um dos gênios Pop nos anos 80.


Bruford – One of a Kind

Depois de sair do Yes, Bill Bruford investiu em várias outras bandas. King Crimson, Genesis e U. K. foram algumas delas, até que se deu conta que precisava montar sua própria banda para poder fazer o que curtia. O Bruford é um projeto maravilhoso que une com perfeição jazz e progressivo, através do trabalho não de Bruford, mas do animalesco Jeff Berlin (baixo), do perfeccionista Alln Holdsworth (guitarra, que Bruford "roubou" do U. K.) e dos teclados harmoniosos de Dave Stewart. Terceiro disco da banda, One of a Kind é sem sombra de dúvidas o mais complexo disco que tem a mão do baterista no processo de composição em toda sua carreira. Canções como a faixa-título, “Hell’s Bells”, “Five G” e “Fainting in Coils” extrapolam os limites de um baterista comum, além de ter Jeff Berlin em uma forma fantástica. O que esse cara faz nessas canções, e também na linda "The Abingdon Chasp", não é pouco, sendo uma boa amostra para os que afirmam que Jaco Pastorius foi o responsável pela revolução no baixo. Stewart também brilha com seus sintetizadores durante "Travels With Myself - And Someone Else" enquanto Holdsworth é o cara em "Forever Until Sunday". O encerramento com a Maravilha Prog “The Sahara of Snow” é o grande momento do LP. Suas duas partes mostram ao ouvinte muita quebradeira e intrincação. As batidas na caixa em contra-tempos, as viradas,  o prato levando o ritmo correto, é perfeição pura, sendo um grande panorama de por que Bruford ser um baterista inigualável, e simplesmente o melhor de todos os tempos em minha opinião. Para quem curte um jazz rock na linha do Weather Report, é um prato cheio, e certamente, um dos melhores lançamentos de 1979.

ABBA - Voulez-Vous

O ABBA pode torcer o nariz de muita gente, mas é inegável que sua música, em termos de pop, tem qualidades altíssimasa. Quando do lançamento de Voulez-Vous, o grupo passava por uma situação interna crítica, que era a separação do casal Björn e Agnetha. Musicalmente, eles viviam o auge de sua fase Dance Music, e entre tapas e beijos, o quarteto entrega aos seus fãs baladas clássicas que tocam até hoje nas festas de seus pais / avós, como "I Have a Dream" e "Chiquitita", e uma das melhores trilhas para os embalos de sábado a noite. Afinal, como segurar o esqueleto com tanto swingue através de "As Good As New", “Does Your Mother Know”, a canção mais Bee Gees que o Bee Gees nunca gravou, não querer sair de carro pelas ruas, sozinho ou acompanhado de uma ceva, cantando o refrão de "The King Has Lost His Crown", o peso da guitarra em “Lovers (Live A Little Longer)“, contrastando com as orquestrações incrivelmente criadas pela dupla Benny / Björn (seriam eles a maior dupla de compositores da história do Pop?) e principalmente, com aquele riff árabe e o ritmo da faixa-título, fácil fácil Top 3 na carreira da banda, e cujo clipe atesta ainda mais quão linda era Agnetha. Que música fantástica!! Perdidas entre tantas faixas boas, outras faixas igualmente contagiantes, mas que vão conquistando o coração aos poucos surgem a cada audição, no caso "Angel Eyes", “Kisses of Fire” e “It It Wasn’t For the Nights”. Podem jogar as pedras, mas vou largar ainda mais pimenta para defender esse disco: só no Brasil, vendeu mais de um milhão e meio de cópias, e no resto do mundo também foi um gigante de vendas, atingindo o primeiro lugar em doze países. Ou seja, aquela frase de que se unanimidade significasse qualidade, mosca não comeria merda, acho que de nenhuma forma se encaixa aqui. Para um disco que vendeu tanto em 1979, sua menção entre os Melhores lançamentos desse ano é extremamente sensata. E musicalmente, ele merece sim essa citação!



Saxon - Saxon

Esse para mim é um dos melhores discos de estreia de todos os tempos. A vitalidade e energia que o quinteto britânico entrega em pouco menos de meia hora é de uma exemplar qualidade que me atiça a garganta quando vejo headbangers defendo outro nome da NWOBHM (vocês sabem bem quem) em comparação ao Saxon. O baixão e o riff empolgante de "Rainbow Theme", seguida pela baladaça "Frozen Rainbow", com aquele solo magistral das guitarras de Paul Quinn e Graham Oliver, impressionam de cara, e particularmente, foi emocionante conferir as duas ao vivo em março desse ano. Mas ainda há mais qualidades para Saxon estar aqui. Os hits "Backs to the Wall" e "Militia Guard", essenciais nas apresentações da banda para levantar o público, as variações de "Judgment Day", com magistral interpretação vocal de Biff Byford, aquele riff clássico mas sempre bem vindo para a cabeça em "Big Teaser" e "Stallions of the Highway", e o agito de "Still Fit To Boogie", são o recheio de um disco essencial para quem quer conhecer as origens do rock pesado que tomou conta dos anos 80. O Saxon ainda faria discos melhores e mais importantes que sua estreia (Wings of Steel, Crusader, Strong Arm of The Law), mas cara, para uns novatos, Saxon é de tanta qualidade que ficar entre os dez mais de 1979 é justíssimo.


Scorpions – Lovedrive

Para mim essa foi uma das maiores surpresas em não comparecimento nas listas. Para um pessoal todo metido a metaleiro, tinha tanta certeza que Lovedrive estaria na lista que acabei nem citando ele. Pois errei brutalmente. E que lástima Lovedrive não estar lá. A presença de Michael Schenker retornando a banda em “Another Piece Of Meat”, com fortes inspirações em Led Zeppelin e um riff grudento, na faixa-título, uma das melhores canções do grupo pós-Uli Roth principalmente por conta de seu baixo galopante, e na pancada instrumental “Coast To Coast”, a qual tornou-se obrigatória nos shows do grupo a partir de então, já fazem de Lovedrive um disco no mínimo histórico. Na verdade, Lovedrive é um divisor de águas na carreira da banda. O hard rock da fase Uli está bastante presente através da citada "Another Piece of Meat" (repito, que baita som), “Loving You Sunday Morning”, que tornou-se um clássico de cara, e na pegada “Can’t Get Enough”, para mim a segunda melhor do disco, atrás apenas de “Coast to Coast”, e onde Jabs emula Uli descaradamente. Por outro lado, a banda passa a voltar seus ouvidos para as baladas, e aqui, o centro das atenções fica para a linda “Always Somewhere” (introdução que me lembra muito "Simple Man", do Lynyrd Skynyrd) e a arrepiante baladaça “Holiday”, uma das interpretações mais marcantes de Klaus Meine, que foi a partir daqui que começou a ganhar mais espaço como compositor e como artista. Único ponto fraco é o reggae no sense de “Is There Anybody There?”. O que os alemães tomaram quando gravaram isso, nem eles sabem. Tirando ela, Lovedrive é um clássico, simplesmente isso, e se você quiser saber mais sobre esse álbum, pode acompanhar aqui.


Elis Regina - Elis, Essa Mulher

Elis, Essa Mulher é um disco de retorno da pimentinha para a Música Popular Brasileira. Depois da esplendorosa turnê Transversal do Tempo (que culminou no excelente álbum homônimo, de 1978), Elis assinou com a WEA, e reencontrou-se com o samba que marcou sua carreira no final dos anos 60, com uma empolgante versão para agitada “Cai Dentro” e a irônica e divertida “Eu Hein Rosa!”, responsáveis por abrir ambos os lados do vinil, e o samba-choro “Pé Sem Cabeça”. É um álbum muito maduro e romântico, que marca bem a fase pessoal de Elis em 1979, com um relacionamento estável ao lado do marido Cesar Camargo Mariano e o sucesso dos shows Falso Brilhante e o citado Transversal do Tempo. Elis explora temas bastante voltados para a intimidade feminina, concentrando-se principalmente nas relações amorosas, e assim ouvimos as belas baladas “Altos e Baixos” e “As Aparências Enganam”, essa com uma excepcional performance de Cesar ao piano, os boleros “Beguine Dodói” e “Bolero de Satã”, o último com participação especial de Cauby Peixoto, e a dolorida e fantástica interpretação de Elis para “Essa Mulher”, uma das mais fortes e arrepiantes de sua carreira. Que música! Que letra! Outra interpretação fantástica é de "Basta de Clamares Inocência", um samba tradicional do mestre Cartola que com Elis virou um jazz rasgado, sofrido, com um groove singelo e contagiante de Luizão Maia, e certamente, com lágrimas correndo dos olhos da cantora em estúdio. Mesmo com tanta música boa, o álbum ficou marcado pelo clássico “O Bêbado E A Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, e que é realmente uma senhora canção. Desde o acordeão de Chiquinho, passando pela letra enorme e complicada, com uma melodia encantadora, ela tornou-se o hino da anistia, e colocou Elis como uma das referências artísticas contra a ditadura, algo que ela havia lutado e muito durante os anos 70. Só por ela, Elis, Essa Mulher já entra nos 10 Melhores Lançamentos Mundiais de 1979, e com o conjunto da obra fechado, se torna para mim disparado o Melhor Disco Nacional lançado há 40 anos.

Menção honrosa: Led Zeppelin – In Through the Out Door

Gravado entre muitos problemas pessoais de Jimmy Page e Robert Plant, In Through The Out Door é considerado por muitos (eu incluso) como o álbum mais fraco do Led Zeppelin. Mas mesmo o álbum mais fraco do Led é digno de ser um dos Melhores lançamentos de seu ano. A guitarra de Page acaba sendo encoberta pelos teclados e sintetizadores de John Paul Jones, o principal responsável por conseguir lançar este disco. O disco começa bem, com a viajante “In the Evening“, repleta de efeitos na guitarra de Page. Essa é a única canção que Page aparece mais, e aqui percebemos a mudança na voz de Plant, com um timbre diferente do comum, sem tantos agudos e com algum efeito. O recheio do álbum é meia-boca, com “South Bound Saurez”, “Fool in the Rain” e “Hot Dog”, que parecem sobras inacabadas de Houses of the Holy. O grupo se recupera com a animalesca “Carouselambra“, um tour de force de mais de dez minutos, dividido em três partes, variando com climas orientais, outros mais lentos e muitas partes intrincadas. Temos também “All My Love”, uma das mais lindas baladas de todos tempos, contando com o mais famoso solo de Jones nos teclados. “I’m Gonna Crawl”  antecipa o que viria a ser a carreira solo de Plant nos anos oitenta, e é uma triste despedida para uma das maiores bandas da história. Por isso, essa menção honrosa em 11°.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Melhores de 2018





O ano de 2018 foi bastante atrativo em termos de lançamentos. Não consegui ouvir muitos álbuns esse ano (pouco mais de 50), mas a maioria do que ouvi é de ótima qualidade. Fechar os 10 não foi uma tarefa fácil, mas depois de muitas audições, e considerações daqueles finaleiras, eis aqui minha lista de 2018, e que 2019 seja um ano de muitos lançamentos e paz à todos!


Greta Van Fleet - Anthem of the Peaceful Army


Um disco de inéditas do Led Zeppelin é covardia perto de outros tantos lançamentos desse ano. Ok que o Greta Van Fleet não é o Zeppelin de chumbo, mas seu álbum de estreia é um marco nas produções sonoras desse século. Os guris conseguiram sugar tudo o que podiam do D. N. A. de Page e Plant (principalmente), e nos colocaram diretamente nos anos 70. Que tesão me dá em escutar "Lover, Leaver", puta merda. Uma pegada meio "Whole Lotta Love", som foda do caralho! O mesmo acontece com "Brave New World", com seu cheirão de imponência, muito bem construída e de fácil agrado. Ouvir "Mountain of the Sun" e "The Cold Wind" é ter certeza de que estamos com sobras de estúdio de Physical Graffitti ou Houses of the Holy, assim como a baladaça "Watching Over", linda! "You're The One" possui D. N. A. da cruza de "Your Time Is Gonna Come" e "Thank You". "When the Curtain Falls" traz aquele sabor de jovialidade que Led Zeppelin II nos faz sentir em cada audição. "Age of Man" já é mais representativa da fase In Through The Outdoor. "Anthem" e "The New Day" brotam das sessões acústicas de III ou IV. Por trás de tudo isso, há um toque de modernidade e uma clara percepção que John Bonham e John Paul Jones são seres sobrenaturais impossíveis de serem copiados, mas cara, o que sobra é de altíssimo nível. Várias bandas já foram comparadas com gigantes. Até o Aerosmith era acusado de chupar as músicas dos Stones, e hoje, não há quem não reconheça a qualidade dos caras. Quando o GVF encontrar seus próprios caminhos, será uma banda a ser reverenciada por anos como seus ídolos zeppelianos. E viva esse grandioso disco.



Saxon - Thunderbolt


Outra grande covardia de 2018 é mais um lançamento do Saxon. Os britânicos, mesmo com a idade avançada, estão mandando ver. Thunderbolt tem homenagem à Lemmy Kilminster ("They Played Rock 'n' Roll"), aos carros "("Speed Merchants") e aos roadies ("Roadie's Song"), peso em demasia durante “Predator”, “Nosferatu (The Vampires Waltz)” e na faixa-título, referências das mitologias nórdicas (“Sons of Odin) e celtas (“A Wizard’s of Tale”), solos de guitarra para delirar (“Sniper” e “The Secret of Flight”) e uma banda afiadíssima. Não consegui ver a apresentação do grupo em São Paulo nesse ano, mas já estou com o ingresso para o show de Porto Alegre em março, que com certeza, é o mais aguardo por mim para 2019, pelo menos por enquanto.Comentei mais sobre a edição DELUXE de Thunderbolt aqui, e longa vida para os velhinhos.




El Efecto - Memórias do Fogo

O grupo carioca fez um dos grandes shows que tive oportunidade de ver esse ano, e comprovou para mim aquilo que eu já imaginava: o talento desses caras é imensurável. Seu novo álbum, Memórias do Fogo, traz uma evolução inacreditável para uma banda que parece ser um camaleão a cada disco. Se em Pedras e Sonhos os fãs acharam que o grupo havia chegado no ápice de criatividade, e com A Cantiga É Uma Arma o grupo mudou para um lado totalmente acústico, a surpresa ao ouvir canções como "Café", "O Monge E O Executivo", e principalmente, “O Drama da Humana Manada”, é digna de uma estrela azul, a mais gigante do espaço. É uma mistura de elementos musicais, sejam eles da América Latina, África, samba, rap, hard rock e muito rock pesado. As letras são um tapa na cara da sociedade hipócrita e imbecil que permeia nosso país - quiçá o mundo - nos dias de hoje, com fortes cunhos sociais e políticos. Os melhores exemplos são "Chama Negra" e "Carlos e Tereza", que retratam as lutas dos oprimidos perante a arrogância e soberania da classe alta. Para completar, "Incêndios" é tão violenta que no show citado acima, muitos foram os que fecharam a roda punk e não aguentaram a pressão da faixa. Sete canções, sete petardos, sete aulas de composição, sete espetáculos da Música Popular Brasileira, para serem reverenciados eternamente.




Merlin - The Wizard

Disco fantástico desses americanos, que unem heavy metal, progressivo, new wave, pop eletrônico, e elementos musicais que irão confundir seu cérebro. Guitarras pesadas e ácidas, vozes distorcidas e um saxofone surpreendente, entre sintetizadores e uma bateria avassaladora, devoram qualquer conceito de novidade que você possa conhecer. Dentre as faixas de destaque, "Abyss" é a que aparece de cara, com a guitarra e o saxofone mandando ver, ao lado do espetáculo sonoro de mais de dez minutos, batizado "The Wizard Suite", com certeza uma das melhores músicas que ouvi em 2018. Arrepiante de ouvir o saxofone e as viagens maluquetes de "Sage's Crystal Staff ", fazendo nos lembrar dos bons tempos do King Crimson de Lizard, mas com temperos muito mais rebuscados. Delicie-se com os sintetizadores e as notas de saxofone na sensacional "Iron Borne" e pule pela casa ao som do ritmo cavalgante de "Tarantula Hawk". Os admiradores de um som no estilo Ghost irão prestigiar "Golem" e "Gravelord". Para quem quer ser surpreendido com muita música boa, The Wizard é o álbum do ano entre as bandas novas do exterior.




Whoopie Cat - Illusion of Choice

Os australianos já haviam me conquistado em 2016 com o seu belíssimo EP de estreia. Quando finalmente lançaram Illusion of Choice, podemos comprovar que o amadurecimento do grupo é fantástico. Logo de cara, os onze minutos de "Ophidian" nos traz uma balada bluesy para deixar desde Rober Plant até David Coverdale com inveja, sendo a presença da flauta a grande atração da mesma. Os solos rasgados ("Sweet Jane" com certeza vai te fazer cair o queixo) e melódicos ("Gentle Goodbye") de Jesse Juzwin ainda estão lá, assim como a voz apaixonada de Dan Smoo (no bluesaço "Tell Me You'll Stay" e na tocante "Cicada") e a presença mais constante dos teclados ("Dissolution" e "Fear Is Blind") e vocalizações ("Sun Don't Shine II") de Jo Eileen. Porém, o grupo resolveu ampliar sua sonoridade, e como é ótimo quando banda novata explora mais do que já fazia. Discuto perfeito, que só não ficou em posições mais acima por que realmente, os que estão aí em cima são foda.



Uriah Heep - Living The Dream

O Uriah Heep é uma das raras bandas do final da década de 60 que conseguiu sobreviver ao turbilhão de lançamos pífios nos anos 80 e se renovou totalmente. Depois da entrada do vocalista Bernie Shaw, especialmente, cada novo lançamento é uma obra de arte para os fãs. Não é diferente com Living the Dream. Mick Box mantendo seu padrão de alta qualidade nas guitarras, Phil Lanzon mandando ver nos teclados, e uma cozinha impecável formam toda a cama sonora necessária para o vocalista soltar sua bela voz, e fazer o fã contente. Todas as músicas são sensacionais, mas não há como não destacar a genial "Grazed by Heaven", pancada que abre o disco com um riff violento de órgão e guitarra, e a mágica "Rocks in the Road", com mais de oito minutos hipnotizantes. Outro álbum que resenhei aqui, e que o Heep continue em ação por muitos anos.








Judas Priest - Firepower


Creio que esse é o arroz de festa nas listas aqui dos Consultores, e é justo. Mesmo com o abalo psicológico causado pela doença de Glen Tipton, o Judas manteve-se na ativa, e entregou um álbum excepcional, como tem sido desde o retorno de Halford aos vocais. Considero esse álbum melhor que Redeemer of Souls, que já era incrível, por conta de haver a jovialidade na guitarra de Richie Faulkner. O que precisei falar sobre ele, resenhei aqui, e só torço para que não seja a despedida da banda, apesar que se for, é uma despedida gloriosa.






Naxatras - III

Em 2015, a estreia desses gregos foi eleita por mim como o melhor álbum daquele ano. Agora, em seu terceiro full lenght, o trio continua mandando ver em seu som psicodélico e carregado de inspirações sabbháticas, porém tirando as distorções dos vocais em algumas faixas (vide "You Won't Be Left Alone" e "Spring Song"), flertando com outros ritmos (reggae em "Land of Infinite Time", violões acústicos e slide guitar na baladaça "White Morning") e caprichando em linhas melódicas e chapadas (a doentia "Machine" em principal), deixando o baixão de John Vagenas brilhar mais, como na dançante instrumental "On the Silver Line". Com isso, temos um desbunde sonoro, em faixas longas e muito inspiradas, sendo "Prophet" a única canção que ainda nos remete aquela anda ainda sem tanta maturidade, mas com muita categoria e competência, lá de 2015. O Naxatras para mim é a banda da década, e torço muito para que eles possam se apresentar aqui no Brasil um dia.



Orphaned Land - Unsung Prophets & Dead Messiahs

Um dos primeiros discos lançados em 2018 foi obviamente uma de minhas primeiras e agradáveis audições. Conheci o Orphaned Land numa lista de Consultoria Recomenda, e logo virei fã da banda. A mistura de elementos orientais com o peso ocidental é de fácil assimilação para meus ouvidos, e sendo assim, fico chapado quando o grupo resolve unir os instrumentos e vocalizações orientais ("Yedidi") com guitarras pesadas e uma bateria destroçante. Unsung Prophets & Dead Messiahs , aguardado depois do fracasso de All is One (será esse um daqueles Discos Que Parece Que Só Eu Gosto?) há cinco anos atrás, está longe de ser um The Neverending Way of ORwarriOR, quiçá um Mabool, mas tem seus momentos. As inspirações death floydianas em "The Cave" e “Only the Dead Have seen the End of War”, a presença de Steve Hackett na sensacional “Chains Fall to Gravity”, e as maluquices “All Knowing Eye” são os grandes momentos. Um som épico com grande tempero de antiguidade, que deve ser ouvido com atenção e dedicação.




Le_Mol - Heads Heads Heads


Conheço pouco do gênero post rock, e confesso que o pouco que conheço não é muito do meu agrado. Porém, e sempre há um porém, ouvir e conhecer o grupo austríaco Le_Mol foi uma das grandes alegrias sonoras de 2018. É difícil descrever o som da banda, mas se fosse para resumir em uma única palavra, diria experimentalismo. Piano, guitarras distorcidas, ritmos robóticos, sintetizadores malucos, peso misturado com delicadeza, passam por nossos ouvidos ao longo de pouco mais de 40 minutos, deixando-nos em uma sensação de embriaguez e dormência que dura por algumas horas. Uma segunda audição causa ainda mais chapação, acompanhada agora da necessidade urgente de tentar entender o que realmente sai das caixas de som. Nos momentos de sanidade, "Temperatures Will Drop – Pekoppa" brilha com sobras nos ouvidos. Enfim, com diversas audições, você já está viciado na música dos austríacos, mas ainda assim, entender o que eles criam é complexo demais para uma simples resenha de Melhores do Ano. Acredito que Heads Heads Heads ainda vai crescer muito em meu conceito, mas nesse momento, ele sendo responsável por fechar minha lista de 2018 é uma surpresa até para mim.

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10 Menções honrosas

Dave Matthews Band - Come Tomorrow

Rikard Sjoblom’s Gungfly – Friendship

Alice in Chains - Rainier Fog

Electric Octopus - Pipe Dream Train

The Smashing Pumpkins - Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun.

Lady Gaga and Bradley Cooper – A Star Is Born

Wolftooth - Wolftooth

Mulamba – Mulamba

Roger Daltrey - As Long as I Have You

Birth of Joy – Hyper Focus

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Saxon - Thunderbolt (DELUXE EDITION) - [2018]





No início desse ano, o grupo Saxon lançou seu vigésimo segundo álbum de estúdio, Thunderbolt. O disco mantém o peso e as ótimas composições que os velhinhos da NWOBHM tem lançado nessa década. A formação com Biff Byford (vocais), Paul Quinn (guitarra), Doug Scarratt (guitarra), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glockler (bateria), está estabilizada desde 2006, mostrando que a química entre eles é de alto nível.

Ao longo de suas onze faixas, destaque para as pesadas "Predator", "Nosferatu (The Vampires Waltz)" e a faixa-título, a bela homenagem aos roadies em "Roadie's Song", bem como a Lemmy Kilminster em "They Played Rock And Roll", com o próprio Lemmy surgindo no meio da faixa, para entoar o nome da canção (lembrando que o álbum é dedicado a ele), e um grandioso solo de e as referências das mitologias nórdicas de "Sons of Odin (e sabbháticas, já que é impossível não lembrar de "Heaven and Hell" nesta faixa) e celtas de "A Wizard's of Tale".

Material completo de Thunderbolt Deluxe


Biff está impecável nos vocais, Glocker está mandando ver na bateria, Carter mostra um competente e seguro apoio para as viradas de Carter, e a dupla de guitarras afiadíssima, principalmente nos solos de "Sniper", "The Secret of Flight". Ainda, as constantes homenagens aos carros turbinados também estão presente, aqui na faixa "Speed Merchants".

Os últimos lançamentos têm recebido versões especiais. Ano passado, a belíssima caixa Solid Book of Rock, com 11 CDs e 3 DVDs, recuperou os álbuns lançado pelos britânicos nos anos 90 e 2000 (a saber, Solid Ball of Rock (1991), Forever Free (1992), Dogs of War (1995), Unleash the Beast (1997), Metalhead (1999), Killing Ground (2001), Lionheart (2004), The Inner Sanctum (2007) e Into the Labyrinth (2009)) acompanhada de diversos extras. Battering Ram (2015) teve uma versão lindíssima, no formato box, com camiseta, CD, LP e mais um CD extra com uma apresentação da banda na Suécia, em 2011. Sacrifice (2013) teve uma tiragem especial acompanhada de um moleton, CD e mais um CD ao vivo com uma apresentação na Holanda.

Capa do CD Loud, Proud and Live

Da mesma forma, o sensacional novo disco também recebeu uma versão DELUXE. A nova caixa não traz nenhum adereço de vestimenta como as duas antecessoras, o que já é um agravante a menos para adquiri-la, mas contém um CD extra. Aqui, a apresentação é batizada de Loud, Proud And Live - Official Bootleg, com registros da turnê da Battering Ram pela Europa, e talvez seja a única dentro da caixa. Afinal, apenas aqui você irá conseguir ouvir in the act as faixas "Battering Ram", "Sacrifice", "The Devil's Footprint", "Chasing The Bullet" e "Queen Of Hearts", acompanhadas das clássicas "Killing Ground", "20,000 Ft" e "Power And The Glory".

Pin com o logo da banda


No mais, a caixa apresenta uma (bonita) versão em vinil vermelho, com as 11 canções do lançamento original, o CD com as onze canções, mais a bônus "Nosferatu", em uma versão "crua", e um K7 com as mesmas canções do LP. Para finalizar, um pequeno pin com o logo da banda fecha o lançamento que é bem decepcionante em comparação aos seus antecessores. E para os fãs não tão colecionistas assim, vale mais a pena investir na Special Edition que foi lançada na Europa, já que musicalmente, apresenta tanto Thunderbolt na íntegra como o CD ao vivo vindo como extra.

O preço médio da caixa aqui no Brasil está girando entre 350 e 500 reais. No exterior, você consegue entre 150 e 300 reais, mas o problema é o frete. Porém, devido aos baixos itens de colecionador, somente se você for um fã ardoroso da banda, que coleciona tudo o que eles estão lançando, é que recomendo essa versão. Caso contrário, contente-se com a versão normal em CD, ou a versão limitada em vinil vermelho, que estará tendo em mãos uma obra de excelência musical, e também alguns bons trocados no bolso.

Material completo da versão deluxe

Track list

Thunderbolt LP, K7 e CD

1 - Olympus Rising
2 - Thunderbolt
3 - The Secret Of Flight
4 - Nosferatu (The Vampire's Waltz)
5 - They Played Rock And Roll
6 - Predator
7 - Sons Of Odin
8 - Sniper
9 - A Wizard's Tale
10 - Speed Merchants
11 - Roadies' Song

Somente CD

12 - Nosferatu (Raw Version)

As canções do CD bônus
CD: Loud, Proud And Live - Official Bootleg

1 - Battering Ram
2 - Sacrifice
3 - The Devil's Footprint
4 - Chasing The Bullet
5 - Queen Of Hearts
6 - Killing Ground
7 - 20,000 Ft
8 - Power And The Glory

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Entrevista Exclusiva: Biff Byford (Saxon)



O grupo inglês Saxon, um dos mais importante nomes do cenário da New Wave of British Heavy Metal, estará se apresentando no próximo dia 03 de maio, em show exclusivo e único na cidade de São Paulo, promovendo seu mais recente álbum, Thunderbolt. Tive a honra de conversar com o vocalista Biff Byford, que no meio de uma agenda completamente lotada, dedicou um pouco de seu tempo para responder algumas questões sobre o novo álbum e a atual turnê. Confira abaixo o bate-papo, nas versões em português e inglês.

Versão em português

O Saxon está de volta ao Brasil para uma única apresentação em São Paulo. Quais as lembranças que você tem da última passagem da banda por aqui (2013), e o que os fãs podem esperar para este novo show?
Adoramos tocar no Brasil. Temos muitas lembranças de ótimos shows no passado. Maravilhosas pessoas loucas.

Com uma carreira longa, com muitos clássicos, como escolher o set list noite após noite?
Tentamos colocar tantos clássicos quanto possíveis, mas também nos concentramos em Thunderbolt. Teremos 7 novas canções em nossas apresentações como headliner.

Antes do show no Brasil, o Saxon irá fazer uma turnê europeia com Judas Priest e Black Star Riders. Como irão ser estes shows?
Somos convidados do Judas Priest nessa turnê, e em dias alternativos, estaremos tocando como atração principal.
A bela versão DELUXE de Thunderbolt

Vocês estarão em uma turnê Latino-americana, que irá passar por Brasil e México. Quais as principais semelhanças e diferenças entre o público mexicano e brasileiro?
Ambos são muito apaixonados pela música do Saxon. 

No México, o Saxon irá participar em um festival, ao lado de Deep Purple, Ozzy Osbourne, Marilyn Manson, e outros grandes nomes do rock ‘n’ roll. Aqui no Brasill, já temos o anúncio de uma noite do Rock in Rio dedicada para o Heavy Metal. Vocês gostariam de participar desse evento?
Iríamos amar tocar no Rock in Rio. Nunca estivemos lá!

Falando sobre o novo álbum, Thunderbolt, que chegou às lojas em fevereiro, três anos após Battering Ram. Como foi a gravação e quais as principais inspirações para criar o novo material?
O novo álbum entrou nas paradas ao redor do mundo, então, Thunderbolt tornou-se um álbum muito especial para nós, já que as pessoas gostaram muito dele.

Biff e Lemmy, amigos desde 1979

“They Played Rock n Roll”, uma das novas canções, é uma homenagem para Lemmy Kilminster. Para os fãs, a morte de Lemmy foi uma grande perda. Além de fãs, vocês eram amigos dele. Para uma banda tão importante como o Saxon , esta homenagem representa o que, além de gratidão e amizade?
Conheço o Motörhead desde 1979. Eles ajudaram o Saxon muito, quando da nossa primeira apresentação em público. Esta canção é sobre eles e sua música.

Conte-nos sobre as principais lembranças da estrada com o Motörhead, durante a Bomber Tour?
Foi nossa primeira turnê. Eles nos ensinaram tudo o que e como fazer.

Outra canção do novo álbum, a faixa-título, recebeu um clipe com imagens do Saxon ao vivo. Conte-nos sobre a ideia deste vídeo. Ainda, algo muito especial neste vídeo é que existem poucos celulares na audiência, que está lá para curtir a música e a banda. O que você pensa sobre muitos fãs permanecerem gravando ou tirar fotos durante o show, bem como os fãs irem até os hotéis em busca de um autógrafo ou foto com a banda?
Este vídeo é uma compilação de filmagens do Wacken, e da última turnê que o Motörhead fez na Europa. Nós achamos que é legal como nos dias de hoje cada celular se torna uma câmera. Sem problemas com isso.

Vocês também lançarão outro vídeo para esse álbum?
Já temos três vídeos no youtube "PlanetSaxon", e irão existir mais..

, Paul Quinn, Biff Byford e Nigel Glockler
A atual formação do Saxon: Tim “Nibbs” Carter, Paul Quinn, Biff Byford, Doug Scarratt e Nigel Glockler

A atual formação do Saxon é uma das mais estáveis no rock atual. O que você acredita ser a principal causa desse estabilidade na banda?
Somos amigos, e a química entre nós é ótima.

Por favor, envie uma mensagem para os fãs brasileiros. Obrigado por seu tempo e nos vemos em maio.
Obrigado à todos que compraram o novo álbum. Nos veremos em breve. Mantenha a fé.

English version

The English band Saxon, one of the most important names in the New Wave of British Heavy Metal scene, will be performing on May 03, in an exclusive and unique show in São Paulo, promoting their latest album, Thunderbolt. I had the honor of talking to singer Biff Byford, who, in the middle of a busy schedule, took some time to answer some questions about the new album and the current tour. Check out the chat in English (above, in Portugues) versions.

Saxon is back to Brazil for an only presentation in São Paulo. What are the main memories of the last passage for here (2013), and what the fans can expect for this new show?
We love to play in Brazil we have many memories of great shows there in the past crazy wonderful people

With a long career, with many classical songs, how is to choose the set list night by night?
We try to put in as many classic songs as possible but it’s all about thunderbolt so we have 7 new songs in our headline shows.

Before the Brazil show, Saxon will be in a European Tour with Judas Priest and Black Star Riders. How will be these shows? 
We are very special guests on the Judas Priest but we are playing headline shows on day offs

You will be in a Latin American tour, with a leg passing to Brazil and Mexico. What are the main similarities and differences between Mexican and Brazilian audiences?
Both are very passionate about Saxon music

In Mexico, you will participate in a festival, together with Deep Purple, Ozzy Osbourne, Marilyn Manson, and other great rock ‘n’ roll names. Here in Brazil, we have an announcement of one night of Rock in Rio Festival dedicated to Heavy Metal. Would you like to participate in Rock in Rio?
We would love to play on rock in Rio we have never played there.

Talking about the new album, Thunderbolt, which coming at stores in February, three years after Battering Ram. How was the recording and what was the main inspirations to create new material. 
The new album has been in the charts around the world so thunderbolt has become a special album the people love it.


“They Played Rock n Roll”, one of the new songs, is a Lemmy Kilminster tribute. To fans, the Lemmy’s dead was a huge loss. Besides fans, you were Lemmy’s friends. To a band so important like Saxon, this tribute represents what, beyond gratitude and friendship.
I knew Motorhead since 1979 they helped Saxon a lot when we first appeared on the scene and this song is about them and their music.

Tell us the main memories on the road, with Motörhead, in Bomber Tour?
It was our first tour. They taught us how to do it .

Another song of the new album, the title track, has received a clip with images of Saxon caught in the act. Tell us about the idea of this video. And something very special in this video is that are so few mobiles and cell phones in the audience. It is in order to like the songs and the band. What do you think about many fans stay recording or taking pictures during the show, as well as the fans that goes to hotel looking for an autograph or picture with the band?
It’s a compilation of shots from Wacken and the last tour Motörhead did in Europe. We think it’s great that’s how it is these days every phone is a movie camera. No problems


Would you released another video clip from the album?
There are 3 videos on youtube planet Saxon, and there will be more.

The current Saxon line-up is the most lasting in the rock of these days. What do you believe which maintains this stability in the band?
We are friends and the chemistry is great.

Please, send a message to your brazilian fans, thank you for your time and see you in May.
Thanks all who bought the new album we’ll see you soon
Keep the faith
Bx
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