segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Orquestra de Câmara da ULBA: Clássicos do Rock II - 28/11/2009


Um baú é formado basicamente de antiguidades, mas sempre tem espaço para guardar algo novo lá dentro. Neste último fim de semana agreguei mais um autógrafo para a minha pequena coleção em perseguição aos grandes astros da música, além de arquivar na memória um belo espetáculo, mas que parece que está chegando em um ponto de discussão.

Estou falando da já tradicional apresentação da Orquestra de Câmara da ULBRA no Salão de Atos da UFRGS. Organizada pela DANA Produções, a ideia inical era apresentar a orquestra interpretando grandes clássicos do rock, e assim foi a primeira versão do espetáculo, chamada de
Clássicos do Rock I e apresentada pela primeira vez 29 de abril de 2006. A finalidade desta versão era conseguir alimentos (o ingresso eram 2 kg de alimento) e mostrar a união das duas maiores universidades da região metropolitana de Porto Alegre.

Este foi um dos espetáculos mais bonitos já realizados no Salão de Atos da UFRGS, tendo no repertório pérolas como "Magnum Opus" (Kansas), "Sabbath Bloody Sabbath" (Black Sabbath), "Nothing Else Matters" (Metallica), "Aqualung" (Jethro Tull) e "Kashmir" (Led Zeppelin). O principal atrativo foi uma versão a la Apocaliptica para a maioria das canções, ou seja, não existia vocal, sendo que nas faixas que contavam com alguma participação de voz elas eram feitas por profissionais, como Nei Lisboa.

O ano de 2007 acabou reapresentando o
Clássicos do Rock I no mesmo local, e em 2008 surgia a segunda versão, o Clássicos do Rock II, contando nada mais nada menos com a participação de Andre Matos. Essa mesma versão foi reproduzida no último dia 28 de novembro, e eu, claro, fui conferir como estava o repertório e também a apresentação vocal de Andre Matos. Em 2008, é importante ressaltar, o ingresso já havia sido mudado, tendo um valor de 15 reais.

Em 2009 o ingresso passou para 25 reais. Não entendi o porque do aumento absurdo no preço, já que as primeiras versões eram de graça, mas posteriormente tive a explicação que era necessário pagar alguns royalties (e, claro, entendo que passagem, acomodação e estadia de Andre Matos devem estar inclusos). O alto preço acabou diminuindo a presença de público em relação às outras duas apresentações que vi, mas mesmo assim o salão estava com um bom número de pessoas (aproximadamente 1.000 fãs de rock e convidados especiais).

Acabei entrando como representante da
Collector's Room, já que o nosso blog é bem divulgado aqui no sul, e, claro, o pessoal da ULBRA aceitou facilmente minha participação. O horário marcado para retirada das credenciais era 18:00, com o show programado para as 21:00. Porém as credenciais não foram entregues, mas somente um passe para ingressar no Salão de Atos, exatamente cinco minutos antes de começar o show, que veio a iniciar com meia hora de atraso.


Para variar, colocaram todo o pessoal da imprensa em um canto na parte mais alta do salão (o que seria o mezanino), onde o som não chegava bem e a visão do palco era muito ruim. Mesmo assim, o novo repertório prometia, repetindo o de 2008 mas com a adição do guitarrista Frank Solari, que, para quem não conhece, é um dos maiores guitarristas do Rio Grande do Sul e lançou trabalhos fantásticos, como, por exemplo, o excepcional álbum inicial,
Frank Solari, e que substituiu o talentoso violonista Angelo Primon, que pecava bastante quando assumia a guitarra elétrica. E, além disso, tinha Andre Matos, um dos maiores vocalistas do Brasil. Então valia a pena estar ali.

O show começou bem, com os acordes da orquestra sendo regidos pelo maestro Tiago Flores e introduzindo "Cryin'" (Aerosmith), cantada por Chico Padilha, seguida por uma versão um tanto quanto decepcionante de "Pinball Wizard" (The Who), já que a vocalista Vanessa Longoni conseguiu estragar o que Roger Daltrey construiu.

A seguir o cantor Panta subiu ao palco e interpretou uma belíssima versão para "Bad" (U2), que ficou muito linda com a participação da orquestra e do público. Porém, já dava pra perceber que esse
Clássicos do Rock não ia contar com o diferencial da primeira versão, que eram versões instrumentais. E assim foi, todas as canções com um intérprete, sendo a seguinte a bela "Fairy Tale" (Shamaan) contando com Andre Matos. O público veio abaixo com a presença do cantor, que mandou bem nos seus tradicionais agudos.

Na sequência, "Release, Release" (Yes) trouxe Chico Padilha novamente para o palco, e contou com um longo e belo solo do baterista Marquinhos Fê, um dos momentos mais aplaudidos pela plateia. Panta recordou Joe Cocker com uma linda versão para "With a Little Help From My Friends" (Beatles) e Vanessa conseguiu destruiu outro clássico do rock, "Love Me Two Times" (The Doors), inventando a letra ("Love me two times, boy") e com um vocal rasgado estilo Bette Midler.

Apesar do desastre protagonizado novamente por Vanessa em "Great Gig in the Sky" (Pink Foyd), Panta salvou a alma do Floyd com uma boa interpretação de "Time", seguido por Chico Padilha, que levantou a plateia com "Sabbath Bloody Sabbath" (Black Sabbath), e "Eagle Fly Free" (Helloween) com Andre nos vocais e muito peso do violoncelo. Foi bem interessante ver Andre agitando com os músicos, principalmente com Frank Solari.

A sequência de encerramento foi fantástica, começando com "Bohemian Rhapsody" (Queen), contando com todos os '
mamma mia' e 'figaro' da versão original, muito bem feitos pelo coral e por Chico Padilha; uma emocionante versão de "Stairway to Heaven" (Led Zeppelin), com um belo solo de Solari e com Panda nos vocais; e encerrando com uma mais que pesada versão de "Fear of the Dark" (Iron Maiden) com Andre nos vocais, que foram cantados em uníssono pela plateia, principalmente na tradicional sequência de solos.

O show terminou com o público aplaudindo em pé, e tendo como bis "Bohemian Rhapsody" novamente.


Após o show, finalmente a imprensa recebeu as credenciais para as entrevistas. Mas, novamente, a equipe da ULBRA falhou, nos deixando esperando quase uma hora. Só quando os músicos já estavam saindo do complexo da UFRGS foi que conseguimos acesso aos mesmos.

Andre estava extremamente feliz, bebendo chimarrão, e foi muito simpático comigo, principalmente quando viu os vinis da era Viper, que eu
bolhogicamente levei para pegar autógrafos. Batemos um pequeno papo, onde ele me contou histórias das capas dos dois álbuns, perguntou para mim desde quando eu tinha aqueles vinis, já que eram versões originais, e ainda discutiu sobre o CERN e o LHC (lembrando que eu trabalho com física de partículas, diretamente ligado ao LHC), após segurar minha caneta vinda do famoso centro de pesquisas.


Andre ainda me contou que foi o maestro Tiago quem entrou em contato com ele através de uma indicação, e que prontamente aceitou participar do projeto. Inclusive já está em andamento uma ideia de gravação de um álbum solo de Andre contando com a orquestra e regência do próprio Tiago.

Claro, para nós colecionadores, em especial os fãs de Andre, fica o aviso que o show foi registrado e deve ser lançado em CD brevemente. Portanto, é mais uma raridade na coleção de vários bangers país afora (e talvez até mundo afora, tendo em vista a carreira de Andre). O CD com
Clássicos do Rock I é encontrado através do site da orquestra, e vale a pena principalmente pelas versões citadas no início do texto.

E fica o recado para a Orquestra da ULBRA de que é possível melhorar, principalmente resgatando a ideia da primeira apresentação, com músicas predominantemente instrumentais, mas, claro, sem deixar de lado a participação de um artista de renome. Quem sabe possamos ver um Andreas Kisser nas guitarras ou ainda uma Rita Lee ou um Ney Matogrosso nos vocais?

Encerro com a frase mais gritada após a apresentação: "
Long Live Rock'N'Roll"!!!

Set List

Cryin' - Aerosmith (Chico Padilha)
Pinball Wizard - The Who (Vanessa Longoni)
Bad - U2 (Panta)
Fairy Tale - Shamaan (Andre Matos)
Release, Release - Yes (Chico Padilha)
With a Little Help From My Friends - Beatles (Panta)
Love Me Two Times - The Doors (Vanessa Longoni)
Great Gig in the Sky / Time - Pink Floyd (Vanessa Longoni e Panta)
Sabbath Bloody Sabbath - Black Sabbath (Chico Padilha)
Eagle Fly Free - Helloween (AndréeMatos)
Stairway to Heaven - Led Zeppelin (Panta)
Bohemian Rhapsody - Queen (Chico Padilha)
Fear of the Dark - Iron Maiden (Andre Matos)

Bis

Bohemian Rhapsody - Queen (Chico Padilha)

domingo, 22 de novembro de 2009

A suposta morte de Paul McCartney


Aqueles mais próximos de mim conhecem no mínimo quatro fatos que não tem como mudar: sou um apaixonado por música da década de 70 para baixo, um admirador nato de física e ciências da terra, torcedor (sofredor as vezes) de futebol e afeiçoado em boas carnes acompanhadas com cerveja.

A união música/ciência é a mais saudável para mim, já que graças à minha curiosidade acabei descobrindo bandas (e sons) desconhecidos como SBB, Syrius, The Call, a fase free jazz de John Coltrane, ...

Recentemente, venho tentando (até agora em vão) compreender todo o fascínio e admiração a respeito de uma das bandas mais citadas como a melhor e mais importante de todos os tempos. Óbvio, estou falando dos Beatles.

Aos meus 5/6 anos tive o primeiro contato com os Beatles. Meu irmão ganhou de presente de aniversário uma coletânea chamada
20 Greatest Hits (acho que muitos tiveram esse vinil), e claro, fui apresentado à clássicos como "She Loves You", "Yesterday", "Can't Buy Me Love", "Come Together", mas sem nunca me apegar às mesmas, já que minha paixão pelo progressivo do Pink Floyd e as guitarras do Led Zeppelin tomava conta das minhas coleções de fita Vat e Basf Ferro.

Os caminhos musicais seguiram, sempre com 90% das revistas especializadas em música que eu lia falando sobre "A MAIOR BANDA DO MUNDO", "O MELHOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS", até que comprei o Sargento Pimenta por míseros 2.000 cruzeiros, ouvi e, novamente, não tive maiores atrações, ao mesmo tempo que algumas publicações locais começavam a narrar sobre os "30 anos da morte de Paul McCartney" e toda a história envolvendo o primeiro Beatle morto. Isso sim me chamou a atenção.

Porém, sem ser um admirador dos Beatles, passava longe dos álbuns do quarteto, mas sempre me intrigava como todo mundo podia amar os Beatles (menos eu e alguns outros poucos). E teria mesmo Paul McCartney falecido? Finalmente, obtive (pelo menos para mim) a resposta para a segunda questão. Para compreender a obtenção da resposta, volto ao início da pergunta.

Teria Paul McCartney falecido? Bom, tudo começou em um acidente de moto no dia 09 de novembro de 1966. Pouco tempo antes, os Beatles haviam sido apresentados a Bob Dylan, que os apresentou à "marijuana" e, consequentemente, mudou toda a forma de pensar do Fab Four. Até então, os Beatles não pensavam sobre o significado e o poder de uma letra em uma canção, apenas tocavam por se divertir, até que descobriram que a música era o principal aliado para ampliar cabeças e horizontes.

Paul McCartney ou Billy Shears?

Foi então que lançaram
Rubber Soul em 1965, e posteriormente, em 05 de agosto de 1966 o cultuadíssimo Revolver, saindo então para mais uma turnê (com passagem inclusive pelo Japão). Então, no dia 09 de novembro de 1966 Paul sofria o tal acidente de moto, que foi tratado como um grave acidente de carro, onde Paul teria passado um sinal vermelho com seu Aston Martin e batido em outro carro. Eram 5 horas da manhã da gelada quarta-feira, e Paul sofreu esmagamento craniano (com algumas fontes dizendo que foi decapitado). Assim, Paul teria perdido o rosto e todos os dentes, ficando impossível a identificação do cadáver.

Com o nome Beatles subindo como um foguete em todo o mundo, os três Beatles remanescentes decidiram por manter a morte de Paul em segredo. Para isso, resolveram anonimamente criar um concurso para sósias de Paul, que teve como vencedor Willian Campbell (apelidado de Billy Shears).

Uma das primeiras consequências da "morte de Paul" foi o cancelamento de shows por parte dos Beatles. Assim, quanto menos o sósia aparecesse em público, menos se comentaria sobre o fato. A segunda providência foi que o sósia sofreu algumas operações plásticas, que aumentaram ainda mais sua semelhança com o Beatle falecido. O único problema que não foi solucionado era uma cicatriz no lábio de Billy, a qual não foi possível de ser removida. Por fim, os Beatles trancaram-se em estúdio durante 129 dias (algo inexplicável na época), onde conceberam o álbum
Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band.

Porém, os Beatles deixariam pistas nos álbuns seguintes à
Revolver que descreviam e contavam sobre a morte de Paul.

Tem que se ressaltar aqui que o acidente de moto com Paul realmente ocorreu, sendo inclusive relatado na clássica "A Day in the Life", e a explicação dada para a cicatriz seria uma consequência deste acidente, bem como um dente quebrado. O vídeo de "Paperback Writer" mostra como Paul ficou, com o dente quebrado visivelmente aparecendo em todas as imagens do baixista/vocalista.

A primeira vez que a imprensa deu ouvidos às especulações foi em 12 de outubro de 1969, quando o DJ Russ Gibb, da rádio WKNR-FM de Detroit, divulgou o fato a partir de um telefonema de um ouvinte que insistia na morte de Paul. Tal ouvinte havia verificado as capas dos álbuns lançados pelos Beatles pós-
Revolver, e em todas havia uma ou mais pistas sobre o fato. Russ leu algumas dicas e improvisou outras, e foi o suficiente para toda a imprensa começar a divulgar o acontecido. Centenas de matérias em jornais, livros e revistas especializadas começaram a ser divulgadas, bem como fã-clubes da banda investigando dia e noite as tais especulações.

A primeira explicação dizendo que Paul não havia morrido surgiu dos próprios Beatles, que afirmaram que tudo não passava de boatos, o que aumentou ainda mais as especulações, mesmo com um especialista afirmando que o corpo de Paul teria que ter sido totalmente carbonizado e virado cinzas para que o reconhecimento da arcada dentária de Paul não pudesse ser feito. Algumas fontes passaram então a dizer que os Beatles haviam escondido o corpo de Paul, enterrando-o em uma distante ilha da Grécia chamado Leso, a qual havia sido comprada pelos Beatles justamente para o fato, e que acabou sendo engolida pelo mar. Outro fato intrigante é que, com um acidente tão grave, não havia uma testemunha do mesmo. Algumas dicas são tão falsas quanto o assunto, principalmente por pertencerem a álbuns anteriores ao acontecido, mas mesmo assim valem a pena serem citadas para mostrar a criatividade das pessoas.

A capa de Rubber Soul

Começando então pelo álbum
Rubber Soul, de 1965, onde os três Beatles (menos Paul) olham para baixo, ou seja, uma suposta tumba onde Paul teria sido enterrado. Além disso, as letras de "I'm Looking Through You" e "In My Life" trazem referências diretas ao fato de Paul ter sido substituído por um sósia ("you don't look different but you have changed, I'm looking through you, you're not the same") e de também não estar mais entre os vivos ("some are dead and some are living").

A bela capa de Revolver

Já em
Revolver, na capa temos uma mão sobre a cabeça de Paul, que estaria sendo abençoado antes de finalmente ser enterrado, bem como pela primeira vez aparecia um desenho do Fab Four na capa ao invés de uma imagem real, o que despistaria sobre a imagem do novo Paul. Na parte das letras, temos uma referência ao acidente em "Taxman" ("if you drive a car", "if you get too cold" e "my advice to those who die taxman"), sendo que "taxman" seria um diminuitivo para taxidermista, ou seja, pessoa que empalha animais para que eles pareçam vivos mesmo após a morte.

Haveria também uma semelhança entre o Father McKenzie de "Eleanor Rigby" com Macca, com a citação "
Father McKenzie wiping the dirt from his hands as he walks from the grave" e, finalmente, em "She Said She Said" temos "she said I know what it's like to be dead".

Essas dicas são relativamente infantis, já que ambos os álbuns foram lançados antes de Paul "ter morrido", mas o caldo engrossa nos lançamentos seguintes. Então vamos aos mesmos:

A famosa capa de Sgt Pepper

A capa de
Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band dá as dicas mais arrepiantes, a começar pelas inúmeras pessoas, o que diminui o rosto dos integrantes do conjunto, disfarçando assim o novo Paul, que ainda conta agora com um bigode no rosto. Além disso, todos estão claramente em um enterro, supostamente do próprio Paul, apesar da idéia original ser de uma banda tocando em um parque de diversões.

Um dos arranjos de flores forma o desenho de um baixo Hofner semelhante ao que Paul tocava, inclusive com o braço virado para a direita, já que Paul era canhoto, o que prova que é Paul é quem está sendo enterrado. Este mesmo arranjo conta com apenas três cordas, uma alusão ao fato de que os Beatles verdadeiros seriam apenas três. Novamente a mão aberta aparece sobre a cabeça de Paul, bem como o arranjo de flores que forma o nome da banda e que é seguido por um pequeno arranjo que forma a letra "O". Assim, temos escrito a frase "be at Leso", ou "fique em Leso", sendo Leso a ilha onde Paul teria sido enterrado.

Temos quatro figuras de cera dos Beatles na fase inicial, todos com um olhar triste, enquanto que ao lado os verdadeiros Beatles posam com instrumentos metálicos, a menos claro de Paul, que segura um corne inglês de madeira. Sob o "T" de Beatles temos uma estátua de Shiva, deusa Hindu da morte, cujos braços apontam diretamente para as duas imagens de Paul. Na verdade a deusa em questão é a deusa hindu da riqueza, Lakshimi Ma.

  Criatividade a 1000. I ONE IX HE ^ DIE

A pista mais criativa está na bateria da capa, onde, segundo os especialistas, colocando-se um espelho na horizontal cortando exatamente a frase "lonely hearts" tem-se da combinação da parte de cima das letras com o seu reflexo a frase "one he die", ou ainda que a frase deve ser lida como "I One IX He ^Die", cujo significado surge das seguintes conexões: "I One" seria onze (II), "IX" nove em romanos, e "He ^Die" indica que Paul está morto, já que a seta aponta diretamente para Paul. Portanto, em "november, 9th" Paul morreu.

A contracapa de Sgt Pepper

Na contracapa todos os Beatles olham para a frente, com excessão de Paul, supostamente escondendo a imagem do novo Beatle. Também é possível notar que George Harrison está com o dedo indicador direito apontando exatamente para a frase de "She's Leaving Home" que diz "
Wednesday morning at five o´clock", exatamente hora e dia da semana que Paul falecera, além da parte da letra de "Without You, Without You", que traz o nome da canção exatamente sobre a cabeça de Paul.

Já no encarte, Paul tem no braço esquerdo um distintivo onde está escrito "OPD", que no Canadá é a sigla para "Officially Pronounced Dead", ou "Oficialmente Considerado Morto". Na verdade, a sigla é OPP, referindo-se a Ontario Provincial Police (Policia da Província de Ontario), e o distintivo foi oferecido para cada um dos quatro Beatles como lembrança quando o grupo esteve no Canadá em agosto de 1965.

Indo para as letras, em "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band" aparece a citação ao sósia Billy Shears em "
so let me introduce to you the one and only Billy Shears". Em "Good Morning, Good Morning" temos duas citações ao acidente em "nothing to do to save his life" e "people running around it's 5 o'clock", sendo cinco horas exatamente o horário do acidente de Paul. "A Day in the Life" já foi citada anteriormente, e as frases emblemáticas são "he blew his mind out in a car" e "a crowd of people stood and stared they'd seen his face before, nobody was really sure if he was".

Finalmente, diz a lenda que a prensagem original do álbum era para ser guardada dentro de uma jaqueta, contando com emblemas, lápis e pequenos bonecos da banda. Existia um diversificado número de cores na tal jaqueta de baixo para cima, começando com um vermelho muito forte (simbolizando o sangue) e terminando em um branco-neve que simboliza a paz no céu. Infelizmente não sei dizer se essa jaqueta realmente existiu ou não.

Mais pistas na capa de Magical Mystery Tour

Pulando para o álbum seguinte,
Magical Mystery Tour, temos na capa alguém vestido como morsa, que é um símbolo de morte em algumas culturas. Muito se falou sobre quem é a morsa, mas uma olhada mais específica identifica óculos na ave, sendo este então John. Já na canção "I Am the Walrus" John clamava por ser a morsa, e a mesma contém a citação "oh, untimely death". No álbum seguinte, o famoso White Album, na faixa "Glass Onion" foi revelado que "the walrus was Paul"! Finalmente, quando George Harrison, após o término dos Beatles, fez o clipe para "When We Was Fab" contando sobre seus tempos nos Beatles, temos Ringo na bateria, George na guitarra e a morsa tocando um baixo Hofner!
 
  Suposto número de telefone

O espelho também faz efeito no nome Beatles da capa, onde o efeito agora é o de um número de telefone (esse exige bastante criatividade) que, quando se ligasse para o mesmo, ouvia-se uma mensagem dizendo "you're getting closer", mostrando que aquele que descobria a pista estava chegando perto da verdade. De fato, uma menina aderiu a brincadeira e era responsável pelo fato.

Preste atenção no bumbo da bateria de Ringo


Paul de olhos fechados e com o rosto coberto


Uma rosa negra e três vermelhas

Já o livreto de fotos da versão original tinha uma foto do quarteto com cada um com uma rosa na lapela. Todos estavam com uma rosa vermelha, a não ser Paul, que está com uma rosa preta. No mesmo livro, na foto central do encarte, está escrito "love 3 Beatles" na bateria de Ringo, e Paul está descalço em todas as fotos, sendo que os mortos são enterrados descalços.

Já a capa interna mostra o rosto de Paul parcialmente coberto com um gorro, com a poeira de estrelas formando uma espécie de auréola sobre a cabeça do mesmo. Finalmente, em "Strawberry Fields Forever" é possível ouvir John Lennon dizendo "
I buried Paul" e, no final de "All You Need Iis Love", temos John falando algo como "yes! he is dead!".

O clássico e inconstestável White Album

Dando sequência aos álbuns, em
The Beatles (ou White Album) novamente não temos uma imagem do quarteto na capa. Porém as citações estão nas letras, como em "Revolution #9", com a frase "my fingers are broken and so is my hair". Ainda nesta faixa, ao se ouvir o verso "number nine" ao inverso temos as mensagens "turn me on dead man". Ainda ao inverso, é possível ouvir Paul gritando para sair do automóvel ("let me out") e, em "I'm So Tired", a voz de Lennon dizendo que "Paul is a dead man".


As fotos individuais do Álbum Branco, com Paul e sua cicatriz


O encarte do White Album

Nas fotos do álbum, temos Paul em uma banheira com a cabeça para fora da água, criando uma imagem apavorante de uma pessoa decapitada. Além disso, Paul está entrando em um trem com duas mãos fantasmas atrás dele, prontas para levá-lo para o além. Finalmente, a cicatriz de Paul aparece nas fotos individuais de cada integrante.

A capa de Yellow Submarine também traz pistas

Na capa de
Yellow Submarine temos novamente a mão-aberta sobre a cabeça de Paul, bem como um desenho dos Beatles na capa. Além disso, o submarino lembra um caixão com uma coroa de flores enterrado sob uma montanha.

O último álbum a trazer pistas é
Abbey Road. O quarteto atravessa a rua na sequência da direita para esquerda, com Lennon e Ringo trajados apropriadamente para um funeral, Paul como se estivesse pronto para ser enterrado (inclusive estando novamente descalço) e com George de calça jeans (seria o coveiro?). Paul também está com o passo trocado em relação aos demais, e de olhos fechados. Uma outra descrição para a capa sugere que Lennon está de branco por ser Deus (já que ele havia citado que os Beatles eram mais famosos do que Jesus Cristo), Ringo de preto por ser o padre e, claro, Paul o cadáver e George o coveiro.

A caveira de luz e sombras

Um belo fusca branco está estacionado na esquerda com a placa
28IF, lembrando que Paul teria 28 anos se estivesse vivo na época do lançamento de Abbey Road, sendo que fusca em inglês é beetle e "if" significa "se". Na contracapa temos uma imagem feita por luzes e sombras que lembra muito uma caveira.

Paul segurando o cigarro com a mão direita

Mas é exatamente uma das tais pistas que passa desapercebida para um fã menos atento, mas para aquele que conhece um pouco da obra da banda (e das capas), onde fica claro que tudo não passa de imaginação. Trata-se novamente da imagem de Paul na capa, onde ele está segurando um cigarro com a mão-direita. Notoriamente Paul era canhoto, portanto aquele que está segurando o cigarro não poderia ser Paul. Teriam os Beatles deixado mais uma dica? Na verdade, não. Voltando no tempo, na capa interna de
For Sale, de 1964, temos um jovem e alegre Paul McCartney segurando tranquilamente seu cigarro com a mão-direita. Portanto, realmente é Paul quem está na capa de Abbey Road, e todas as alusões à sua morte são (ou foram) feitas de certa forma de propósito pela banda, o que mostra ainda mais a genialidade dos mesmos, já que muitos passaram a correr atrás dos álbuns não só pelas músicas, mas também pelas pistas por registros da morte de Paul, aumentando as já colossais vendas de álbuns dos mesmos.

Claro, essa resenha traz um ponto de vista pessoal sobre suposta morte de Paul. Muitos podem duvidar do que cito e até mesmo pensar que o velho Macca está morto e enterrado em Leso. Porém, o que não se pode negar é a criatividade (e paciência) dos fãs em busca de respostas para o assunto, que com certeza ainda vai gerar muito pano pra manga.

Encerro dizendo que para mim este assunto está morto (com o perdão da redundância), mas continuo os estudos para compreender o porque dos Beatles serem considerados a melhor banda do mundo em termos de música, apesar de entender que comercialmente falando, mesmo com o Kiss batendo os Beatles em termos de venda de imagem, os caras realmente foram geniais em deixar as pistas nos álbuns, se é que elas tiveram este propósito.

domingo, 15 de novembro de 2009

Deep Purple - Marks IV e V


Sem Ritchie Blackmore, a liberdade finalmente voltava aos campos purpleanos. Porém, a ideia de a banda acabar jamais passou pela cabeça de Ian Paice, Jon Lord e companhia. O primeiro nome cotado para assumir a guitarra foi Jeff Beck, que recusou prontamente. Então se mandam para a Califórnia, onde no tradicional Pirate Studio da Columbia Sound Stage começam a ouvirdiversos músicos, sendo que nenhum chamava a atenção.



Convidam então o ex-guitarrista da Colosseum, Dave Clempson, que também havia passado pelo Humble Pie, e que partiu para a Califórnia onde ficou ensaiando com o Purple durante quatro dias. Porém, o próprio Clempson saiu alegando que não se encaixava na proposta do grupo.




Foi então que o nome de Tommy Bolin acabou surgindo na lista de Coverdale. Bolin havia substituído (e com sucesso) nada mais nada menos que Joe Walsh na James Gang Band, além de ter feito uma importante contribuição no álbum Spectrum, de Billy Cobham, e também no excelente Mind Transplant, de Alphonse Mouzon. Na época da saída de Blackmore estava gravando seu primeiro álbum em um estúdio próximo ao do Purple, ao mesmo tempo em que flertava com o Moxy.




Convidado para uma jam, Bolin chocou à todos quando chegou com suas roupas coloridas e um visual muito extravagante. No auge de seus 24 anos era um tímido garoto loiro que ao empunhar a guitarra transformava-se em uma fera indomável. A jam deixou todos no estúdio de boca aberta, com Bolin sendo efetivado no cargo na hora. O mais interessante de tudo é que Bolin nunca havia ouvido uma canção sequer do Purple, mas a harmonia criada com Paice, Lord e Hughes (principalmente) foi como a união do queijo com a goiabada.


Os ensaios com Tommy Bolin saíram em CD em 2000

No início de junho de 1975 surgia então a Mark IV, com o grupo trabalhando intensamente até o final de julho nas composições de um novo material. Os registros desses ensaios podem ser conferidos no CD Days May Come and Days May Go, lançado no ano 2000 através de um projeto de resgate da obra do Purple pela Purple Records. Ali, mostra-se como Bolin conseguiu entrar para o Purple não como um simples guitarrista, mas como realmente um membro do grupo.

O sensacional ao vivo Made in Europe


Em outubro era lançado o esplêndido e fundamental Made in Europe, trazendo uma compilação de músicas das turnês européias de divulgação de Burn e Stormbringer. Um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, com performances impecáveis para "Burn", "Mistreated", "Lady Double Dealer", "You Fool No One" (com um longo solo de Paice) e "Stormbringer".


Em 08 de novembro o Purple voltava à estrada com um show em Honolulu, e no dia 13 fazem uma turnê pela Austrália, Indonésia e Nova Zelândia. Os shows na Indonésia ficaram marcados por inúmeros problemas, principalmente com a super lotação do estádio nas duas noites de apresentação e com a morte do guarda-costas da banda, Patsy Collins, que caiu do sexto andar do hotel onde o grupo estava hospedado. Investigações chegaram a apontar que Collins havia sido jogado por alguém, mas nada foi provado.

O subestimado, porém excelente, Come Taste the Band


Ao mesmo tempo, o novo álbum chegava no mercado. Com o sugestivo nome de Come Taste the Band, é uma das obras-primas do Purple, mostrando ao mundo um novo grupo em relação à Mark III, com muito mais liberdade musical e, principalmente, inovando no estilo de tocar, misturando funk, soul e até jazz. Sete das nove canções traziam a autoria de Bolin, mostrando mais uma vez a importância que o mesmo teve na banda.


A paulada "Comin' Home", com a guitarra cheia de distorção de Bolin e a presença de Lord nos teclados e piano, apresenta um grande som cantado por Coverdale, regado com a slide guitar de Bolin e com as vocalizações de Hughes e do próprio Bolin. Agora, o Deep Purple contava com três grandes vocalistas. Destaque para o solo de Bolin, acompanhado de uma ótima levada criada por Paice, Hughes e Lord.

"Lady Luck" vem a seguir, em uma levada dançante. Os vocais são de Coverdale, e, assim como a faixa anterior, não possui alternância de vocais com Hughes, que se concentrou muito mais em tocar (e bem) o baixo. O solo de Bolin novamente faz uso do slide. Para os ouvidos acostumados com Blackmore, era uma sonoridade bem diferente.

A funkzona "Gettin' Tighter" apresenta Hughes nos vocais. Ao vivo, essa era a peça para as viagens instrumentais, que alcançavam seus 20 e poucos minutos. Em estúdio, conta com uma baita participação de Paice, Hughes e, principalmente, de Bolin, que criou um riff magistral. Para matar, uma sequência instrumental funkeada, entre guitarra, baixo e bateria no melhor estilo James Brown. Excelente faixa!

O lado A encerra com outras duas pérolas. A primeira é a excepcional "Dealer", com outro grande riff de Bolin, mostrando como intercalar uma distorção pesada com slide guitar e criar um funk de primeira para Coverdale mostrar seus dotes vocais, além de ter um excelente refrão e também uma linda passagem com os vocais de Bolin.

A segunda é "I Need Love", outro riffzão não tão dançante, mas bem trabalhado, principalmente pelas intervenções de Bolin e as camadas de órgão de Lord. A sequência para o solo de Bolin é tão simples quanto genial. Lord, Hughes e Paice abrem suas teias de inspiração no funk e na soul music para Bolin apenas brincar de tocar notas e deixar o ouvinte balançando o esqueleto com as vocalizações de Hughes e Coverdale.

"Drifter" abre o lado B com mais um grande riff, e Bolin mandando ver no slide. É incrível como a Mark IV conseguiu unir funk e peso nas mesmas proporções. De novo Coverdale manda ver nos vocais, e Paice é quem se destaca mais, dando uma aula de bateria com variações entre o funk e o rock, executando uma complicada distinção entre cymbals e pratos. O solo de Bolin ocorre sobre um tema viajante, utilizando do volume e do slide sobre camadas de órgão, baixo e bateria, encerrando a faixa com outro riff executado ao mesmo tempo por Lord, Hughes, Bolin e Paice.

O lado B segue com "Love Child" e outro riff imortal de Bolin, acompanhado por Hughes e Lord. A cadência de Paice para esta canção também é complícadissima, principalmente na segunda parte da canção, onde executa viradas perfeitas e também acompanha o solo de Moog de Lord com precisão cirúrgica.

Na sequência, uma lembança da época do Mark I, ou seja, duas canções na mesma faixa. A primeira é a lindíssima "This Time Around". Somente acompanhado por teclados, Hughes toca baixo e canta abusando de variações no clima de sua voz, em uma das mais bonitas canções que já ouvi, abrindo espaço para a segunda canção, "Owed to G", uma instrumental matadora, começando com a bateria de Paice, que executa um belo trabalho acompanhando o tema principal criado por Lord, Hughes e Bolin, tocado durante toda a canção e que serve para Bolin mostrar o porque de ser considerado um dos melhores guitarristas de sua época. Apesar de simples, o solo de Bolin é recheado de feeling, com emprego direto de bends, arpejos e palhetadas inversas.

O álbum encerra com "You Keep on Moving". A entrada dessa canção já dá uma idéia do que virá pela frente. Hughes começa no baixo com o tema principal, seguido aos poucos por Paice no cymbal, Lord no órgão e Bolin viajando na guitarra. Os vocais surgem com Coverdale e Hughes cantando juntos sobre o tema principal, e a canção vai ganhando corpo até chegar no clímax, onde finalmente Paice detona a bateria, com Hughes e Coverdale cantando muito. A parte central da letra é cantada primeiramente por Hughes, seguida por um maravilhoso solo de Lord. A parte central agora é cantada apenas por Coverdale, retomando então ao início da canção, com os dois cantando a letra e encerrando com um magistral solo de Bolin utilizando o pedal de oitavas. Era o ponto culminante de mais um trabalho fantástico e cheio de inspiração, que demorou muito tempo para ter seu reconhecimento por parte da imprensa e até mesmo dos fãs, mas que hoje é analizado com outros olhos, principalmente por ser um dos principais registros da curta carreira de Tommy Bolin.

No dia 06 de dezembro chegam ao Japão para uma sequência de quatro shows. Eram as primeiras apresentações pela Terra do Sol Nscente desde a saída de Gillan, o que causava ainda mais tensão nos produtores e até mesmo em Paice e Lord. O sucesso do Deep Purple entre os nipônicos era tão grande que a gravadora Warner propôs gravar os shows tanto em áudio quanto em vídeo para um lançamento posterior. As apresentações renderam muita fama para o Mark IV, com o Deep Purple praticamente sendo carregado nos ombros pelos produtores japoneses.

O talento de Bolin, bem como seu carisma e aparência, contagiavam as fãs, fazendo com que o Purple crescesse também entre as mulheres. Outro fato interessante é que sete das nove músicas de Come Taste the Band - "Lady Luck", "Gettin' Tigher", "I Need Love", "Drifter", "Love Child", "This Time Around/Owed to G" e "You Keep On Moving" - estavam presentes no set list, sendo que uma vez que outra as duas faltantes ("Dealer" e "Comin' Home") também eram apresentadas. Portanto, era a primeira vez que um álbum recém lançado tinha todas as suas músicas tocadas em um show pelo Purple.

Porém, a amizade entre Bolin e Hughes começou a fugir do lado musical, entrando também pelo lado das drogas. Hughes era viciado em cocaína, enquanto Bolin usava heroína sempre que não estava em estúdio. Antes das apresentações no Japão a barra já começara a pesar. Bolin, que havia ficado todo o tempo de gravação sem injetar heroína, abusou da dose antes da primeira apresentação em Nagoya. O resultado: teve o lado direito de seu corpo paralisado, tendo que subir no palco somente para fazer as bases, e mesmo assim com muita dificuldade.

Três shows depois, já em Tóquio, Bolin deu sinais de melhora, mas mesmo assim não conseguiu fazer no Japão uma apresentação à altura de seu talento. Como Bolin estava em dificuldades de recuperação, a data de Hong Kong acabou sendo cancelada, com a banda entrando no já tradicional recesso de fim de ano.

Em 14 janeiro de 1976 o grupo voltava à estrada, fazendo uma turnê pelos EUA e tendo o Nazareth como banda de abertura. A turnê acabou em 04 de março, sem maiores problemas com o vício de Bolin, partindo então para cinco datas pela Grã-Bretanha: Leicester, Wembley Arena (por duas noites consecutivas), Glasgow e Liverpool.

Foi exatamente em Liverpool que o barco afundou. Bolin novamente abusou, perdendo totalmente o controle de tudo o que fazia no palco durante praticamente todos os shows britânicos, mas em Liverpool ele ficou totalmente imóvel, sem nem consguir ficar em pé, quanto menos segurar a guitarra. Coverdale deixou o palco aos prantos, confidenciando a Lord que estava saindo do Deep Purple.

Sem Coverdale, Hughes também pediu as contas, e assim, Bolin foi oficialmente demitido, com Lord e Paice decidindo dar um ponto final à carreira do Deep Purple em junho de 1976. Bolin lançou o espetacular álbum Private Eyes no final de 1976, mas não pode aproveitar o sucesso do álbum, vindo a falecer em 04 de dezembro do mesmo ano, vítima de uma overdose de heroína. Um dos maiores talentos da guitarra perdia para o vício. Bolin foi enterrado na cidade de Sioux (EUA), tendo em seu dedo anelar o mesmo anel que Jimi Hendrix estava usando quando faleceu, mais uma curiosidade do rock.

Cultuados discos de Hughes e do projeto Paice Ashton & Lord

Hughes foi seguir carreira solo, lançando o magistral Play Me Out (1977) e tendo uma longa passagem por clínicas de recuperação, até se recuperar, integrar o Black Sabbath e seguir uma promissora carreira solo, enquanto Coverdale fundou o aclamado Whitesnake, levando com ele posteriormente Paice e Lord, o qual havia gravado ao lado de Tony Ashton no Paice Ashton & Lord o álbum Malice in Wonderland (1976).

Obrigatórios registros ao vivo da Mark IV

Em 1978 saía Last Concert in Japan, com o registro de algumas canções da turnê nipônica da Mark IV, bem como o vídeo com parte do show no Budokan de Tóquio. O show completo saiu em CD no ano de 2001, também como parte dos lançamentos da Purple Records, com o nome de This Time Around - Live In Tokyo 75, onde pode-se ver que, mesmo com Bolin fora de forma, ele mandava, e muito, na guitarra.

O famigerado "New Deep Purple"


O nome Deep Purple ficou congelado durante três anos, até que em 1980 um retorno do grupo começou a surgir na imprensa especializada. Na época, o fanfarrão empresário Steve Green, dono da Advent Talent Associates, pensou em reunir a Mark II . Ian Gillan foi o primeiro a ser contatado, dando um sonoro não como resposta. Sem ter muito o que perder, Green apelou para níveis mais baixos e foi atrás de Nick Simper e Rod Evans, com a intenção de remontar a Mark I.


O empresário já havia trabalhado com uma falcatrua batizada de "New Steppenwolf", onde dois integrantes que passaram pelo Steppenwolf participavam. A ideia era tentar fazer o mesmo com o Deep Purple. Evans topou na hora, até por estar afastado havia algum tempo dos meios musicais, mas os demais, vendo que era muita pilantragem, recusaram-se a participar da anomalia.

Então, tendo Evans como chefe e contando com Tony Flynn (guitarra), Tom de Rivera (baixo), Geoff Emery (teclados) e Dick Jurgens (bateria), o Deep Purple renascia das cinzas, mesmo com todos os alertas de que a marca Deep Purple já pertencia a Ian Paice e Jon Lord.

Os primeiros ensaios começam a ocorrer no Texas, com a intenção de gravar um álbum e, claro, fazer shows. Assim, várias datas anunciando o retorno do Purple foram agendadas, inclusive contando com o logo oficial do grupo na época. Porém, bastaram os dois primeiros shows para que os fãs e a imprensa percebessem a armação. Além de tocarem muito mal, os integrantes não eram os anunciados, o que deixava todo mundo literalmente p... da vida. No show na Cidade do México, em 28 de junho de 1980, garrafas foram quebradas e lançadas ao palco pela plateia, que gritava insanamente Deep Purple, com o estádio onde fora agendado o evento sendo parcialmente destruído.

Em 12 de agosto, durante uma apresentação em Quebec, Evans anunciou ao público "agora vamos tocar uma do nosso álbum Burn", começando então os riffs de "Might Just Take Your Life" sob inúmeras vaias. Ao final da canção, objetos atingiram o microfone de Evans, que acabou pifando, tendo que a banda improvisar "Wring that Neck" para que o microfone fosse arrumado. O nível do volume das vaias aumentava, até que, quando finalmente o microfone foi arrumado, Evans anunciou: "Agora um clássico do nosso Machine Head, Space Truckin". Foi a gota d'água para um cidadão que estava à frente do Capitol Theatre, que arrancou uma cadeira e a jogou para o palco, passando perto da bateria.

Evans abandonou o palco enquanto a banda tentava terminar o que tinha começado, ao mesmo tempo que mais uma cadeira foi arremessada, desta vez acertando a bateria. A banda saiu do palco sob muitas vaias. Em uma tentativa fracassada, Flynn ainda retornou e gritou que "aqueles que quiserem ver o verdadeiro Deep Purple permaneçam, enquanto o resto que se f...", levando uma chuva de objetos e líquidos desconhecidos.

Com o acontecimento de Quebec, os promotores resolveram mudar a divulgação do show. Assim, em 19 de agosto, na apresentação de Long Beach, o cartaz advertia que nem Blackmore, Coverdale, Gillan, Glover, Hughes (com a grafia errada, sem um n do Glenn), Lord e Paice participariam daquele show.



Em Somersett, Massachussets, foi ainda pior. Apenas 300 pessoas compareceram no estádio local, e ao ver Evans e companhia subirem ao palco, parte deles invadiu a área de proteção tentando agredir os mesmos, com Evans quase sendo linchado antes de escapar pro camarim.


No final, o grupo realizou 13 shows: Amarillo Civic Center (17/05), El Paso (18/05), Laredo (02/06), San Bernardino (21/06), Mexico City (28/06), Phoenix (29/06), Detroit (04/07), Seaside Heighs (20/07), Somersett (10/08), Quebec (12/08), Anchorage (14 e 15/08) e Los Angeles (19/08), sendo o show de Nova York sido cancelado na última hora.

Rod Evans foi processado pelos empresários do verdadeiro Deep Purple por uso indevido do nome, bem como pela empresa responsável pelo estádio Ciudad de Los Deportes no México, tendo que pagar 672.000 dólares no resultado final e perdendo os royalties dos discos em que participou com o Deep Purple. Hoje em dia seu paradeiro é obscuro, com citações até de que se formou em medicina e exerce a profissão na Califórnia, mas o certo é que nunca mais voltou para o mundo da música. Outro grande talento que acabou se estragando de uma maneira não convencional.

O ótimo ao vivo Live in London


Seguindo o barco, em 1982 saiu o registro Live in London, trazendo uma fantástica apresentação da Mark III na Inglaterra durante a turnê de Burn, contando com "Burn", "Might Just Take Your Life", "Lay Down Stay Down", "Mistreated", "Smoke on the Water" e "You Fool No One", ficando de fora apenas "Space Truckin'". Já em 1984, após muita especulação, a Mark II emergia novamente com o disco Perfect Strangers, lançando ainda House of the Blue Light em 1987.


Porém, o clima entre Gillan e os produtores do Deep Purple não andava nada bem, assim como novamente a tensão entre ele e Blackmore voltava à tona. Pouco antes de um show em Verona (1988), uma brincadeira com Blackmore (colocaram catchup no molho do spaghetti do guitarrista, que odeia o tempero) fez com que Blackmore, indignado achando que Gillan era responsável por tal atitude, jogasse o prato com o molho na cara do vocalista, com a situação quase terminando em pancadaria.

Após Verona lançam o ao vivo Nobody's Perfect, e mais um problema surge. Gillan queria trabalhar em um material novo, enquanto o resto da banda preferia dar uma descansada. Resultado: Gillan foi demitido através do management do Purple e também dos demais membros no início de 1989.

Em busca de um novo nome, aceitam a indicação de Blackmore para que Joe Lynn Turner (ex-parceiro de Glover e Blackmore no Rainbow) substituísse Gillan. Claro que Joe entrou principalmente pelo fato de que Blackmore fez o famoso discurso "ou é ele ou eu tô fora", já que havia o medo de o Deep Purple virar o Rainbow. E essa foi a reação mundial com o anúncio oficial de Joe como novo vocalista do grupo, em janeiro de 1989.

O controverso álbum Slaves and Masters


Durante o ano compõem material para o novo álbum, gravado em 1990. Em outubro chegava às lojas Slaves and Masters, um disco que não é tão ruim de um ponto de vista geral, mas é muito fraco perto da obra do Purple.


O álbum abre com a introdução soturna de "King of Dreams", com Glover e Paice fazendo uma batida no estilo hard farofa para acompanhar os vocais de Joe e a guitarra de Blackmore, com um refrão bem grudento, como manda o figurino das canções daquela época.

"The Cut Runs Deep" traz uma longa introdução com Lord e Blackmore executando o riff principal. A entrada de Glover e Paice lembra bastante a fase comercial do Rainbow, com os viajantes vibratos de Blackmore, que também executa um solo interessante, seguido por um também interessante solo feito por Lord.

Um riff muito similar ao de "Wring that Neck" introduz "Fire in the Basement", considerada por muitos a melhor canção da Mark V. Um bluesão parecido com muito material feito pela Mark II, com o refrão lembrando "Highway Star" e "Lazy" e com bons solos de Blackmore e Lord.

A balada "Fortuneteller" encerra o lado A sem muitos destaques, onde Blackmore é o dono da bola, do campo, das traves e ainda diz as regras, comandando a guitarra em mais um som comercial.

O lado B abre com um riff característico de Blackmore em "Truth Hurts". Lord e Blackmore resgatam as harmonias construídas na faixa "Perfect Strangers", mas, infelizmente, a sonoridade nesta canção não ficou boa, soando muito comercial.

"Love Conquers All" apresenta as cordas comandadas por Jesse Levy, introduzindo o dedilhado de Blackmore. Uma das baladas mais chorosas do Purple, porém sem atingir os picos de "When a Blind Man Cries", "Mistreated" ou "Soldier of Fortune".

Pulando para "Breakfast in Bed", temos sintetizadores e um instrumental que lembra o Aerosmith do final dos anos 80, com destaque para o solo de Blackmore utilizando slide guitar. "Too Much is Not Enough" possui uma marcação no cowbell e muitas vocalizações no refrão, e o álbum encerra com "Wicked Ways", com sua melodia simplista típica dos álbuns comerciais do Rainbow, onde Joe canta como Sammy Hagar (com o perdão da comparação), e tendo ainda um solo de Blackmore acompanhado por cordas.

No dia 19 de novembro a Mark V estreava no programa de rádio Rockline, na verdade contando apenas com Glover e Joe em uma versão acústica de "King of Dreams". Já em 23 de janeiro de 1991 começa a Slaves and Masters World Tour, com o grupo passando por lugares ainda desconhecidos, como Croácia, Tchecoslováquia, Polônia, Israel, Tailândia e Cingapura, além dos tradicionais Inglaterra, Estados Unidos, França, Itália e Alemanha.

Foi nessa turnê que o Brasil teve a primeira oportunidade de ver o Deep Purple ao vivo, durante o gelado agosto de 1990, com quatro shows em São Paulo (16 e 17, 19 e 20), um em Curitiba (18), Porto Alegre (22) e Rio de Janeiro (24), onde uma atitude infeliz de um fã de Gillan causou muita revolta por parte principalmente de Blackmore (o cidadão jogou um rolo de papel higiênico na cara de Joe enquanto gritava "Gillan, Gillan"). Um detalhe importante na turnê era a inclusão de "Burn" como música de abertura, o que com Glover no baixo e sem Hughes nos vocais realmente não ficou muito legal, como pode ser conferido em alguns bootlegs da época.

A turnê se encerrou em 28 de setembro, na cidade de Tel-Aviv, com as vendas de Slaves and Masters muito aquém do esperado, apesar de "Fire in the Basement" ter alcançado a vigésima quinta posição nos charts da Billboard e "King of Dreams" ter chegado em sexto.

Com os 25 anos de idade do Deep Purple se aproximando, era impossível que a Mark II não voltasse à ativa, e assim Joe foi demitido, seguindo uma carreira solo de não muito sucesso, participando ainda, ao lado de Glenn Hughes, do Hughes/Turner Project, que lançou três bons discos: HTP, Live in Tokyo e HTP 2. Gillan volta e grava mais dois álbuns: The Battle Rages On (1993) e Come Hell or High Water (1994).

Deep Purple versão 2009


As brigas voltaram a aparecer, e quem saiu foi Blackmore, indo remontar o Rainbow e seguindo carreira ao lado da esposa Candice no Blackmore's Night, sendo então substituído por Joe Satriani (Mark VI) e posteriormente por Steve Morse(Mark VII). Hoje o Purple se mantém na ativa tendo Don Airey no lugar de Jon Lord, além de Morse, Gillan, Paice e Glover (Mark VIII), apresentando novos e velhos sucessos, principalmente da Mark II.


Resumo da ópera: o Deep Purple tem uma história longuíssima e, principalmente, muito influente. Praticamente todas as bandas de rock mais conhecidas pelo ouvinte de som tem alguma ligação direta ou indireta com o nome Deep Purple, desde Black Sabbath e Led Zeppelin até mesmo os brazucas Los Hermanos e Mutantes. Das veias do Purple surgiram nomes fortes do rock mundial, como Whitesnake, Rainbow, Captain Beyond, Warhorse e Blackmore's Night, sem contar o trabalho feito com a Purple Records em busca de revelações, como o Judas Priest e o Nazareth.

Sem dúvida, a Mark II é a mais importante formação da banda, mas as demais, de uma forma ou de outra, colaboraram, e muito, para que o som do Deep Purple permanecesse vivo entre os fãs até os dias de hoje.
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