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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Lista - 1979 em discos: por Mairon Machado



Seguindo com a proposta do meu amigo e colega Ronaldo Rodrigues de trazer listas de melhores discos que completam aniversário fechado em 2019, apresento aqui meus preferidos de 1979.

Esse foi um ano ímpar (não só no número) para a história mundial. Margaret Thatcher chegava ao poder na Inglaterrra, tornando-se a primeira mulher Primeira Ministra da Grã-Bretanha. Na China, Deng Xiaopin abriu o mercado do país para o Ocidente. A guerra do Afeganistão começa exatamente nesse ano, em um dos momentos mais conturbados entre URSS e EUA.

Na música, o rock progressivo que havia assolado boa parte da década de 70 começava a se moldar para tornar-se o AOR. O punk rock e a Dance Music, que haviam estourado em 1977 com Sex Pistols e Bee Gees principalmente, migravam para o fim. Era a época da inserção de novas tecnologias, principalmente eletrônicos, culminando com o nascimento do pós-punk, que revelou, já nos anos 80, gigantes como U2, R. E. M., The Cure e por aí vai. Em paralelo, a NWOBHM entregava de bandeja para a década seguinte nada mais que Iron Maiden, Saxon, Def Leppard ... Dentre os diversos lançamentos daquela época, vários são os que até hoje perambulam nas vitrolas mundo a fora, e que na lista final de 1979 elaborada pelos consultores, os 10 melhores escolhidos foram:

1) Pink Floyd - The Wall

2) AC/DC -Highway To Hell

3) The Clash - London Calling

4) Michael Jackson – Off the Wall

5) Thin Lizzy – Black Rose: A Rock Legend

6) Motörhead – Overkill

7) Supertramp – Breakfast in America

8) Kiss – Dynasty

9) Van Halen – Van Halen II

10) Steve Howe – The Steve Howe Album

Ou seja, um apanhado relevante entre o progressivo (Pink Floyd, Supertramp e Steve Howe) e o rock pesado (AC/DC, Thin Lizzy, Motörhead, Kiss e Van Halen), além do pop de Michael Jackson e do punk de The Clash. Em minha lista de melhores álbuns que não constaram das listas gerais (veja aqui), não citei nenhum disco de 1979, mas não que fosse por que não havia mais nada a ser citado, é que em outros anos, em minha opinião, haviam materiais muito mais importantes a ser feito justiça. Mas, graças a ideia do Ronaldo, aqui posso resgatar mais 10 grandes discos de 40 anos atrás:


Keith Jarrett – Eyes of the Heart

O pianista de jazz Keith Jarrett sempre foi um perfeccionista ao extremo. Formado na escola de Miles Davis, o americano sempre teve um QI acima da média, o que acabava afetando seu genioso e genial cérebro. Comumente, vez por outra Jarrett estressava-se em seus shows, seja com barulhos da plateia, seja com os músicos, seja com o instrumento, seja com ele mesmo. Quando Eyes of the Heart foi gravado, ao lado dos também americanos Dewey Redman (saxofone), Charlie Haden (baixo acústico) e Paul Motian (percussão), em maio de 1976 na Áustria, de forma totalmente improvisada, parte da apresentação acabou sendo desprezada e proibida de publicação por conta do próprio Jarrett não ter gostado dessa gravação. Acredito que Jarrett ficou convencido de o que ele gravou nos 3 lados do vinil (sim, é um vinil duplo de apenas 3 lados) era o melhor que ele podia fazer na época, tanto que logo em seguida ele desmanchou o quarteto. Honestamente, E QUE MELHOR!!! O disco 1 traz a obra "Eyes of the Heart" em suas partes. A primeira é explorativa, começando com percussões e solos de saxofone e um logo solo de piano, em 17 envolventes e explorativos minutos. Quando a segunda parte surge, somente com Jarrett ao piano, o clima é totalmente outro, bastante sombrio e tenso. O solo é lindo e comovente, e na medida que os demais instrumentos (baixo e bateria) entram para acompanhá-lo, a tensão e ansiedade para saber o que virá mais adiante toma conta. Basta então Redman executar a primeira nota de seu saxofone para que tudo faça sentido. Foi exatamente nesse momento que meu coração apaixonado por Heavy Metal traiu o estilo, e se converteu ao jazz. Arrepio só de lembrar desse solo, que é curto, pouco mais de 3 minutos, mas que simplesmente coloca a casa abaixo, levanta a platéia (que não se contém e aplaude o que pode diante do olhar criterioso de Jarrett) e só por isso, faz de Eyes of the Heart um dos Melhores Discos de 1979, sendo que a sequência da obra ("Encore", uma faixa próxima ao free jazz, com um trabalho formidável de piano, e que serve para Jarrett mostrar um pouco de seus dotes ao saxofone) eleva o álbum a um dos Melhores Discos de Todos os Tempos! Ouça sem medo e sem preconceito.


Triumph – Just a Game

O Triumph é uma banda de cabeceira na minha formação, e muito por conta desse álbum. Foi o primeiro disco que ouvi e comprei do trio, influenciado por leituras que diziam que a banda era um primo próximo do Rush. Mero equívoco. O Triumph tem qualidades que o colocam a frente do Rush em várias situações, principalmente quando se trata de um hard rock bem feito. E é isso que os canadenses entregam nesse álbum, onde a divisão dos vocais entre o guitarrista Rik Emmett e o baterista Gil Moore é um espetáculo por si só. Mas vamos as músicas. A faixa-título é daquelas para se gritar em plenos pulmões em arenas lotadas, assim como a linda "Lay It On The Line", uma base simples de três acordes menores que simplesmente fazem você viajar junto da voz aguda e da guitarra afiada de Rik Emmett, um dos guitarristas mais injustiçados que conheço. O que ele faz ao violão na sensacional "Fantasy Serenade" é uma aula de estudo por meses. Ou no jazz  de “Suitcase Blues"? Meu Deus, sem palavras. O que o trio constrói no blues corta pulsos "Young Enough To Cry", que barbaridade, é lindo demais. Por outro lado, o grupo antecipou as trilhas de propagandas de cigarro em muitos anos, fazendo um hard oitentista em plena década de 70 com "Movin' On", "American Girls" e "Hold On". Há um forte apelo para conquistar os jovens americanos, mas quem disse que isso é ruim? Ninguém em 1979 fazia algo se quer próximo do que o Triumph fez com Just A Game, e por isso, ele está aqui hoje! Discão!!!


Pierre Moerlen’s Gong – Downwind

Depois de sair do maluquete Gong, e participar do projeto Gong Expresso, o baterista Pierre Moerlen resolveu montar um timaço sob o pseudônimo de Pierre Moerlen's Gong. E esse timaço tinha os exímios Hansford Rowe (baixo), François Causse (percussão) e Ross Record (guitarras). Assim, nasceu Downwind, uma joia do jazz rock advindo no final dos anos 70, e que é totalmente oposto ao que o Gong fazia. Nomes como Mick Taylor, Mike Oldfield, Steve Winwood e Benoit Moerlen fazem participações mais que especiais. Conheci esse álbum por conta da versão revisitada de "Jingo" (famosa com o Santana), aqui batizada de "Jin-Go-Lo-Ba", e que não tenho palavras para descrever o que a banda faz nessa interpretação no mínimo fenomenal. A linha original percussiva foi mantida, assim como a empolgação e vibração, mas o tempero que o vibrafone e a percussão de Moerlen deu para faixa, puta que pariu, é extremamente delicioso. Só isso já valeu comprar o disco, mas ao ouvir Downwind na íntegra, me deparei com um disco simplesmente soberano e muito bem construído. Primeiro de tudo, quer sentir um grande arrepio na espinha e ver como somente dois músicos podem construir uma pérola, ouça "Emotions", somente vibrafone e violino (além de um suave sintetizador). O nome já diz tudo!! A faixa de abertura, "Aeroplane", em nada lembra as experimentações viajantes de seu ex-grupo, fazendo uma mescla de jazz rock com pop de altíssima qualidade, ainda mais na presença do belo solo de Ross. O swing de "What You Know", com um belíssimo solo de Taylor, é para sair dançando pela casa. Que delícia é sentar num sofá com uma bela dose de uísque e ouvir "Xtasea", uma faixa suave, que desce redondo no cérebro. Moerlen é o nome do disco, sem dúvidas, sobressaindo na sensacional e percussiva "Crosscurrents", intrincada faixa com um excelente trabalho de vibrafone por parte de Benoit. E quem não vibrar com os doze minutos enlouquecedores de vibrafone, percussão, sintetizadores, guitarra e saxofone da faixa-título, na qual Oldfield e Winwood dão suas colaborações, é por que tem sérios problemas de ouvidos. É um clássico disco sensacional a ser descoberto por admiradores de música, independente do estilo, e que em cada audição, conquista mais e mais espaço em minha admiração.

Frank Zappa – Joe’s Garage Acts II & III

1979 foi um ano sensacional para Frank Zappa. O americano lançou nada mais nada menos que cinco LPs, sendo dois duplos. Destes cinco, um dos duplos (este que vos apresento) é o encerramento da maluquete história de um jovem guitarrista chamado Joe, que arrancou os cabelos da mídia e dos políticos norte-americanos, já que o objetivo da Garage de Joe é narrar a história (fictícia) de um governo tentando acabar com a música através de leis, perseguições e outros atributos que são contados durante o desenvolvimentos dos dois LPs. Se o presidente Bozo curtisse Zappa, certamente saberia o que é Golden Shower, já que esta é apenas uma das várias polêmicas que Zappa mete o bedelho sem dó nem piedade. Para quem não é um iniciado na obra do bigodudo, talvez o disco soe um tanto quanto arrastado ou sem sentido, principalmente pela mescla de estilos, vozes robotizadas (o Central Scrutinizer, que mantém a lei) e muitas conversas que fazem parte do enredo na Garagem de Joe. Mas para quem curte as invenções (e sonzeiras) hilárias de Zappa, tipo "Keep It Greasey" ou "Stick It Out" , aprecia os solos esquisitóides mas contagiantes ("He Used To Cut The Grass", "Outside Now" ou "Packard Goose"), mas principalmente, entende um pouco de inglês e tem a mente aberta para viajar pela criação do artista, Joe's Garage é um prato cheio. Mas vou resumir o por que desse álbum estar aqui em apenas uma canção: "Watermelon In Easter Hay". O solo imaginário de Joe, depois de tantas turbulências pessoais, é tão lindo que chorar será algo natural enquanto você o escuta. Falei sobre essa Maravilha, bem como resumi a história dos dois álbuns, aqui, então, apenas coloque ela para rodar no youtube, no carro, no seu player favorito, e irá entender por que Joe's Garage Acts II & III é um dos melhores discos de 1979.

David Bowie – Lodger

O encerramento da fase Berlim de Bowie é o menos aclamado da trilogia (Low, "Heroes", Lodger), mas não por ser um álbum ruim. Ao contrário, Lodger não vence Low e "Heroes" por que esses discos são insuperáveis em qualidade e inspiração (tanto que os dois estiveram no pódio na lista de Melhores de 1977 feita pelo site), mas possui ótimas faixas que o faz no mínimo um dos grandes lançamentos de 1979. Uma coisa que chama a atenção de cara em Lodger em relação aos seus antecessores é que as inspirações no Krautrock se perderam. Poucas faixas têm aquele "som sombrio" que marca os álbuns de 1977, e aqui elas são a balada "Fantastic Voyage", as esquizóides "Red Money" e "Repetition" e a agitadíssima "Red Sails", uma das melhores faixas dessa trilogia, com inspirações nipônicas em suas melodias. Aliás, o grande diferencial de Lodger é esse, sair dos limites dos muros de Berlim e pegar influências mundias. As experiências eletrônicas de outrora acabam rumando para sons ainda mais distintos, como as percussões africanas de "African Night Flight", o clima oriental de "Yassassin" ou até experimentos vocais, como "Move On". Outras grandes faixas, que eu não me seguro ao ouvir e saio dançando fácil, é a enlouquecedora "Look Back in Anger" (ritmo contagiante para uma sonzeira animal) e "Boys Keep Swimming", que além de ser um som fantástico, ainda possui um dos clipes mais legais que o camaleão fez. O pop dançante de "D. J." foi o maior sucesso do disco. As canções são curtas, nenhuma ultrapassando 4 minutos, perfeitas para uma festa, e levam Bowie com tranquilidade para construir dos álbuns atemporais na sequência (Scary Monsters e Let's Dance), predominando como um dos gênios Pop nos anos 80.


Bruford – One of a Kind

Depois de sair do Yes, Bill Bruford investiu em várias outras bandas. King Crimson, Genesis e U. K. foram algumas delas, até que se deu conta que precisava montar sua própria banda para poder fazer o que curtia. O Bruford é um projeto maravilhoso que une com perfeição jazz e progressivo, através do trabalho não de Bruford, mas do animalesco Jeff Berlin (baixo), do perfeccionista Alln Holdsworth (guitarra, que Bruford "roubou" do U. K.) e dos teclados harmoniosos de Dave Stewart. Terceiro disco da banda, One of a Kind é sem sombra de dúvidas o mais complexo disco que tem a mão do baterista no processo de composição em toda sua carreira. Canções como a faixa-título, “Hell’s Bells”, “Five G” e “Fainting in Coils” extrapolam os limites de um baterista comum, além de ter Jeff Berlin em uma forma fantástica. O que esse cara faz nessas canções, e também na linda "The Abingdon Chasp", não é pouco, sendo uma boa amostra para os que afirmam que Jaco Pastorius foi o responsável pela revolução no baixo. Stewart também brilha com seus sintetizadores durante "Travels With Myself - And Someone Else" enquanto Holdsworth é o cara em "Forever Until Sunday". O encerramento com a Maravilha Prog “The Sahara of Snow” é o grande momento do LP. Suas duas partes mostram ao ouvinte muita quebradeira e intrincação. As batidas na caixa em contra-tempos, as viradas,  o prato levando o ritmo correto, é perfeição pura, sendo um grande panorama de por que Bruford ser um baterista inigualável, e simplesmente o melhor de todos os tempos em minha opinião. Para quem curte um jazz rock na linha do Weather Report, é um prato cheio, e certamente, um dos melhores lançamentos de 1979.

ABBA - Voulez-Vous

O ABBA pode torcer o nariz de muita gente, mas é inegável que sua música, em termos de pop, tem qualidades altíssimasa. Quando do lançamento de Voulez-Vous, o grupo passava por uma situação interna crítica, que era a separação do casal Björn e Agnetha. Musicalmente, eles viviam o auge de sua fase Dance Music, e entre tapas e beijos, o quarteto entrega aos seus fãs baladas clássicas que tocam até hoje nas festas de seus pais / avós, como "I Have a Dream" e "Chiquitita", e uma das melhores trilhas para os embalos de sábado a noite. Afinal, como segurar o esqueleto com tanto swingue através de "As Good As New", “Does Your Mother Know”, a canção mais Bee Gees que o Bee Gees nunca gravou, não querer sair de carro pelas ruas, sozinho ou acompanhado de uma ceva, cantando o refrão de "The King Has Lost His Crown", o peso da guitarra em “Lovers (Live A Little Longer)“, contrastando com as orquestrações incrivelmente criadas pela dupla Benny / Björn (seriam eles a maior dupla de compositores da história do Pop?) e principalmente, com aquele riff árabe e o ritmo da faixa-título, fácil fácil Top 3 na carreira da banda, e cujo clipe atesta ainda mais quão linda era Agnetha. Que música fantástica!! Perdidas entre tantas faixas boas, outras faixas igualmente contagiantes, mas que vão conquistando o coração aos poucos surgem a cada audição, no caso "Angel Eyes", “Kisses of Fire” e “It It Wasn’t For the Nights”. Podem jogar as pedras, mas vou largar ainda mais pimenta para defender esse disco: só no Brasil, vendeu mais de um milhão e meio de cópias, e no resto do mundo também foi um gigante de vendas, atingindo o primeiro lugar em doze países. Ou seja, aquela frase de que se unanimidade significasse qualidade, mosca não comeria merda, acho que de nenhuma forma se encaixa aqui. Para um disco que vendeu tanto em 1979, sua menção entre os Melhores lançamentos desse ano é extremamente sensata. E musicalmente, ele merece sim essa citação!



Saxon - Saxon

Esse para mim é um dos melhores discos de estreia de todos os tempos. A vitalidade e energia que o quinteto britânico entrega em pouco menos de meia hora é de uma exemplar qualidade que me atiça a garganta quando vejo headbangers defendo outro nome da NWOBHM (vocês sabem bem quem) em comparação ao Saxon. O baixão e o riff empolgante de "Rainbow Theme", seguida pela baladaça "Frozen Rainbow", com aquele solo magistral das guitarras de Paul Quinn e Graham Oliver, impressionam de cara, e particularmente, foi emocionante conferir as duas ao vivo em março desse ano. Mas ainda há mais qualidades para Saxon estar aqui. Os hits "Backs to the Wall" e "Militia Guard", essenciais nas apresentações da banda para levantar o público, as variações de "Judgment Day", com magistral interpretação vocal de Biff Byford, aquele riff clássico mas sempre bem vindo para a cabeça em "Big Teaser" e "Stallions of the Highway", e o agito de "Still Fit To Boogie", são o recheio de um disco essencial para quem quer conhecer as origens do rock pesado que tomou conta dos anos 80. O Saxon ainda faria discos melhores e mais importantes que sua estreia (Wings of Steel, Crusader, Strong Arm of The Law), mas cara, para uns novatos, Saxon é de tanta qualidade que ficar entre os dez mais de 1979 é justíssimo.


Scorpions – Lovedrive

Para mim essa foi uma das maiores surpresas em não comparecimento nas listas. Para um pessoal todo metido a metaleiro, tinha tanta certeza que Lovedrive estaria na lista que acabei nem citando ele. Pois errei brutalmente. E que lástima Lovedrive não estar lá. A presença de Michael Schenker retornando a banda em “Another Piece Of Meat”, com fortes inspirações em Led Zeppelin e um riff grudento, na faixa-título, uma das melhores canções do grupo pós-Uli Roth principalmente por conta de seu baixo galopante, e na pancada instrumental “Coast To Coast”, a qual tornou-se obrigatória nos shows do grupo a partir de então, já fazem de Lovedrive um disco no mínimo histórico. Na verdade, Lovedrive é um divisor de águas na carreira da banda. O hard rock da fase Uli está bastante presente através da citada "Another Piece of Meat" (repito, que baita som), “Loving You Sunday Morning”, que tornou-se um clássico de cara, e na pegada “Can’t Get Enough”, para mim a segunda melhor do disco, atrás apenas de “Coast to Coast”, e onde Jabs emula Uli descaradamente. Por outro lado, a banda passa a voltar seus ouvidos para as baladas, e aqui, o centro das atenções fica para a linda “Always Somewhere” (introdução que me lembra muito "Simple Man", do Lynyrd Skynyrd) e a arrepiante baladaça “Holiday”, uma das interpretações mais marcantes de Klaus Meine, que foi a partir daqui que começou a ganhar mais espaço como compositor e como artista. Único ponto fraco é o reggae no sense de “Is There Anybody There?”. O que os alemães tomaram quando gravaram isso, nem eles sabem. Tirando ela, Lovedrive é um clássico, simplesmente isso, e se você quiser saber mais sobre esse álbum, pode acompanhar aqui.


Elis Regina - Elis, Essa Mulher

Elis, Essa Mulher é um disco de retorno da pimentinha para a Música Popular Brasileira. Depois da esplendorosa turnê Transversal do Tempo (que culminou no excelente álbum homônimo, de 1978), Elis assinou com a WEA, e reencontrou-se com o samba que marcou sua carreira no final dos anos 60, com uma empolgante versão para agitada “Cai Dentro” e a irônica e divertida “Eu Hein Rosa!”, responsáveis por abrir ambos os lados do vinil, e o samba-choro “Pé Sem Cabeça”. É um álbum muito maduro e romântico, que marca bem a fase pessoal de Elis em 1979, com um relacionamento estável ao lado do marido Cesar Camargo Mariano e o sucesso dos shows Falso Brilhante e o citado Transversal do Tempo. Elis explora temas bastante voltados para a intimidade feminina, concentrando-se principalmente nas relações amorosas, e assim ouvimos as belas baladas “Altos e Baixos” e “As Aparências Enganam”, essa com uma excepcional performance de Cesar ao piano, os boleros “Beguine Dodói” e “Bolero de Satã”, o último com participação especial de Cauby Peixoto, e a dolorida e fantástica interpretação de Elis para “Essa Mulher”, uma das mais fortes e arrepiantes de sua carreira. Que música! Que letra! Outra interpretação fantástica é de "Basta de Clamares Inocência", um samba tradicional do mestre Cartola que com Elis virou um jazz rasgado, sofrido, com um groove singelo e contagiante de Luizão Maia, e certamente, com lágrimas correndo dos olhos da cantora em estúdio. Mesmo com tanta música boa, o álbum ficou marcado pelo clássico “O Bêbado E A Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, e que é realmente uma senhora canção. Desde o acordeão de Chiquinho, passando pela letra enorme e complicada, com uma melodia encantadora, ela tornou-se o hino da anistia, e colocou Elis como uma das referências artísticas contra a ditadura, algo que ela havia lutado e muito durante os anos 70. Só por ela, Elis, Essa Mulher já entra nos 10 Melhores Lançamentos Mundiais de 1979, e com o conjunto da obra fechado, se torna para mim disparado o Melhor Disco Nacional lançado há 40 anos.

Menção honrosa: Led Zeppelin – In Through the Out Door

Gravado entre muitos problemas pessoais de Jimmy Page e Robert Plant, In Through The Out Door é considerado por muitos (eu incluso) como o álbum mais fraco do Led Zeppelin. Mas mesmo o álbum mais fraco do Led é digno de ser um dos Melhores lançamentos de seu ano. A guitarra de Page acaba sendo encoberta pelos teclados e sintetizadores de John Paul Jones, o principal responsável por conseguir lançar este disco. O disco começa bem, com a viajante “In the Evening“, repleta de efeitos na guitarra de Page. Essa é a única canção que Page aparece mais, e aqui percebemos a mudança na voz de Plant, com um timbre diferente do comum, sem tantos agudos e com algum efeito. O recheio do álbum é meia-boca, com “South Bound Saurez”, “Fool in the Rain” e “Hot Dog”, que parecem sobras inacabadas de Houses of the Holy. O grupo se recupera com a animalesca “Carouselambra“, um tour de force de mais de dez minutos, dividido em três partes, variando com climas orientais, outros mais lentos e muitas partes intrincadas. Temos também “All My Love”, uma das mais lindas baladas de todos tempos, contando com o mais famoso solo de Jones nos teclados. “I’m Gonna Crawl”  antecipa o que viria a ser a carreira solo de Plant nos anos oitenta, e é uma triste despedida para uma das maiores bandas da história. Por isso, essa menção honrosa em 11°.

sábado, 7 de junho de 2014

ECM Records



Depois de ter apresentado aqui a Fábrica de Discos Rozenblit, hoje irei complementar aquele texto falando sobre uma das mais poderosas gravadoras de jazz do mundo, a alemã Edition of Contemporary Music Records, conhecida mundialmente como ECM Records.

Sua história é muito longa e repleta de curiosidades, que para complementar, indicarei alguns sites no final do texto, mas aqui, farei um resumo suficiente para o leitor ser apresentado ao selo (caso não conheça).

Fundada em 1969 na cidade de Munique, esta gravadora foi um dos grandes trunfos que o ser humano pode registrar nos anais como parte de sua história. Afinal, a ideia de Manfred Eicher, o principal nome por trás da ECM, era ampliar o mercado do jazz americano na Europa, e mostrar ao mundo a potência que o jazz da Europa também tinha.


Manfred Eicher, em 1969

Eicher era um baixista de jazz, apaixonado pelo estilo, e que garimpava álbuns importados nas diversas lojas da Alemanha e Europa. Porém, os mesmos não eram tão simples de serem encontrados, ainda mais o jazz europeu que Eicher ouvia nos locais por onde se apresentava.

Do próprio bolso, Eicher investiu 16 mil marcos alemães (algo em torno de 40 mil dólares na época) para montar o selo, sendo acusado por muitos como um amador, o qual ele mesmo adotou como insígnia, já que se considerava um amador (amante) do jazz. Depois de montar a companhia, passou a buscar os artistas que iria lançar, procurando sempre aqueles que ele gostava. 


Primeiro LP lançado pela ECM Records
Em suas próprias palavras: "Minhas escolhas nunca foram influenciadas pela evolução do mercado musical. Eu escolhia os artistas intuitivamente, principalmente por causa do que suas músicas causavam em mim, tocando-me e fazendo sentir que deveria estar em nosso catálogo da ECM. Se eu tinha dinheiro suficiente no banco, eu produzia a gravação".

O primeiro disco lançado pelo selo coube ao pianista americano Mal Waldron, o excepcional Free at Last (1969), com a marcação ECM 1001. Depois dele, vieram diversos artistas ingleses (Dave Holland e Derek Bailey), americanos (Paul Bley, Bayy Autschul, Barre Phillips, Marion Brown,Robin Kenyatta, Chick Corea alemães (Alfred Harth, Wolfgang Dauner) e europeus (Jan Garbarek - Noruega, Bobo Stenson - Suécia e Terje Rypdal - Noruega), até que em 1972, surge a primeira grande estrela da ECM Records, Keith Jarett.



Keith Jarrett (acima) e três de seus principais álbuns com a ECM
O pianista estava excursionando com Miles Davis pela Noruega, e conquistou a mente de Eicher, que ofereceu-lhe a oportunidade de registrá-lo com um trio, caso achasse necessário. Jarrett decidiu lançar-se sozinho, e assim, registrou uma série de improvisações no ótimo  Facin' You (1972), o primeiro álbum da ECM a ultrapassar a marca de meio milhão de cópias vendidas. 

Jarrett lançou mais onze álbuns pelo selo, dentre eles os clássicos  Hymns/Spheres (1976) e The Köln Concert (1975), esse o primeiro disco do selo a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas (quase três milhões de cópias até hoje), enquanto teve alguns discos lançados por outro grande selo de Jazz, o americano Impulse! no mesmo período, e a partir de 1977, TODOS os álbuns de Jarrett saíram pela ECM, totalizando quarenta e cinco discos até o presente momento.


A estreia do Return to Forever, alavancando o nome da ECM na América

Ainda em 1972, outro álbum vendeu extremamente bem para a ECM, o inquestionável Return to Forever, lançado pelo grupo de mesmo nome. A fusão de estilos de Chick Corea (teclados), Joe Farrell (saxofone, flautas), Stanley Clarke (baixo), Flora Purim (vocais, percussão) e Airto Moreira (percussão, bateria) e alcançou a oitava posição entre os álbuns de jazz mais vendidos dos Estados Unidos, uma proeza para uma gravadora com apenas três anos. Não à toa, o Return to Forever é reconhecidíssimo como um dos pilares do jazz fusion, ao lado de Weather Report e The Eleventh House.

Foi graças ao sucesso do Return to Forever nos Estados Unidos que a ECM começou a ser reconhecida, e cada vez mais nomes americanos passaram a ser lançados pelo selo, que manteve o americano Jarrett sempre como principal força-motor.


Pat Metheny (acima)
e seu principal lançamento pelo selo (abaixo)

Depois de Jarrett consolidar-se como estrela no cast da ECM, e de ter lançado no mercado a carreira solo de nomes como Ralph Towner, John Abercrombie e Dave Liebman, eis que surge o segundo artista a reinar soberano no selo, mais uma jovem surpresa americana que Eicher conheceu em suas audições, o talentosíssimo Pat Metheny. Metheny assustou Eicher com seus fraseados e estilo único, e rapidamente, o alemão lançou o primeiro álbum com o guitarrista, o essencial Bright Size Life, na qual ele está acompanhado por nada mais nada menos que Jaco Pastorius (baixo) e Bob Moses (bateria). Foram apenas quatro álbuns junto ao selo, entre 1977 e 1981, mas o suficiente para que a ECM ganhasse uma sequência de milhões de dólares para The Köln Concert, já que o clássico disco de estreia solo de Metheny, New Chautauqua (1979) é até hoje um dos discos de jazz mais vendidos na história da música.

Outro fator genial de Eicher e sua companhia era a união de nomes do cast para a gravação de um álbum. Foi assim que surgiram diversos trios e duplas de jazz consagrados, como: John Surman / Jack DeJohnette; Paul Bley / Gary Peacock / Paul Motian; Keith Jarrett / Gary Peacock / Jack DeJohnette; John Abercrombie / Dan Wall / Adam Nussbaum; Charles Lloyd / Billy Higgins; Ralph Towner / Gary Peacock; entre outros nomes que acabaram não sendo reconhecidos mundialmente, mas de valores comparáveis com os gigantes citados, dos quais destaco Kimiko Hagiwara / Dohyung Kim / Junko Kuribayashi e Trygve Seim / Øyvind Brække / Per Oddvar Johansen.


Os brasileiros Egberto Gismonti e Nana Vasconcelos tiveram álbuns lançados pela ECM
Como vocês podem ver, os nomes que saíram pela ECM durante a década de 70 são extremamente valiosos, mas durante a segunda metade daquela década, Eicher decidiu aumentar o leque de gravações, não ficando apenas no Jazz. Assim, investiu em áreas bastantes distintas, buscando nomes que fugiam do eixo Estados Unidos - Europa. Foi assim que os brasileiros Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos tiveram alguns de seus álbuns registrados pelo selo (Dança das Cabeças, de 1977, por Egberto, e Saudades, 1979, por Nana, além de Duas Vozes, unindo ambos os músicos em 1985), que tornou-se um precursor no lançamento do gênero hoje conhecido como World Music, trazendo ao mundo obras de países que não eram ainda ouvidos pelo ocidente, como Tunísia, Tchecosováquia, Finlândia e Índia.

A música clássica uniu-se aos lançamentos de música local, que receberam uma marcação nova no selo, batizados sob o título New Series. Todos os álbuns com a sigla ECM NS significavam álbuns voltados essencialmente para a música clássica e/ou lançamentos de música característica de um determinado local/país. O selo foi fundado em 1984, e seu primeiro lançamento foi o CD de Octet / Music for a Large Ensemble / Violin Phase, de Steve Reich, que havia sido lançado originalmente em 1980. Esse também foi o primeiro CD lançado pelo selo.

A NS ganhou força com o passar dos anos, e atualmente, é tão responsável pelos lançamentos do selo quanto o Jazz, sendo que por ela também saíram algumas trilhas sonoras de filmes e documentários europeus, principalmente em colaboração com o diretor francês Jean-Luc Goddard.

A ECM notabilizou-se também pela qualidade de suas gravações. Mixagens em Stereo, com instrumentos tendo caixas exclusivas (piano na esquerda, baixo e bateria na direita, por exemplo, em discos de trio) ou efeitos sonoros são algumas das "modernidades" que o selo trouxe ao mundo. Para Eicher, a qualidade de gravação era o essencial para poder captar aquilo que o conquistava. Assim, ele gravava os instrumentos obedecendo duas regras importantíssimas:

1) Imagem de estéreo completamente homogênea (o som deveria ser gravado com mesmo nível em ambos os canais, a não ser em casos especiais, quando fosse um pedido do autor);

2) Muitos níveis de profundidade do som durante a mixagem (eram feitas quantas mixagens fossem possíveis para se obter o som mais claro possível).


Alguns álbuns lançados pela New Series

Nas palavras de Eicher: "Eu coloquei em prática tudo que eu aprendi durante minhas sessões como produtor assistente em algumas sessões de gravação de música de câmara. Até então, eu tinha ouvido muitos discos de jazz, principalmente da Impulse! e da ESP. Eu achava a música muito interessante, mas eu não gostava da forma como ela era produzida, principalmente por que eu sentia um vazio na qualidade final, como se parte da mensagem tivesse desaparecido. Meu principal objetivo, quando fundei a ECM, foi respeitar cada aspecto da música, o que significa ser hábil a ouvir cada nuância do instrumento, cada colorido, e respeitar as dinâmicas do som, como dadas pelo músico. Era uma forma muito diferente de se gravar o jazz, e o público foi  muito sensível para isso".

Ainda hoje, milhares são os que creditam aos álbuns da ECM como os que possuem a melhor qualidade de gravação. As mixagens eram feitas com modernas técnicas de unidades eletrônicas, capazes de inserir no som reverberações (pequenas distorções e sobreposições de instrumentos) e os famosos decays (aquela diminuição do volume do som no final de cada faixa). 


Eicher sempre gostou de participar das produções dos álbuns da ECM.
Acima com Keith Jarrett, e abaixo, com Pat Metheny


Pode ser normal nos dias de hoje, mas no início da década de 70, isso era uma grande novidade. O mais interessante é que Eicher tentava capturar as gravações praticamente ao vivo no estúdio, na primeira tomada. Poucos foram os discos que levaram mais que dois dias para serem gravados, e a mixagem percorria um dia inteiro, agilizando no lançamento do material praticamente depois de ele ter sido construído.

Por fim, outro ponto marcante nos lançamentos da ECM era a combinação de música clássica e jazz. Frequentemente, Eicher resolvia que um artista seu iria gravar com uma orquestra, e o resultado não-raramente tornava-se uma obra-prima. 


Officium, marcante fusão do Jazz com a Música Clássica lançada pela ECM em 1994

Alguns bons exemplos são Officium (1994), de Jan Garbarek, gravado ao lado da The Hilliard Ensemble, um quarteto vocal que arrepia durante o álbum com cantos gregorianos sob os solos de saxofone de Jan, e A Wider Embrace, magnífica fusão do saxofone de Trevor Watts com as percussões africanas da Moiré Music Drum Orchestra, lançado também em 1994.

A ECM tem em seu catálogo são quase mil e quinhentos álbuns, registrados em quarenta e cinco anos de existência. Em uma média de 33 LPs por ano, ou 3 LPs por mês, mostrando toda a importância do selo para divulgar seus músicos.


Manfred Eicher, em 2009

Entre 2002 e 2004, foi lançada uma série de compilações de vinte dos principais artistas do selo. Jan Garbarek e Keith Jarrett foram agraciados com coletâneas duplas, e os demais, com CDs simples que resumem a obra do artista na ECM. Aos interessados, os artistas são: Keith Jarrett, Jan Garbarek, Chick Corea, Gary Burton, Bill Frisell, Art Ensemble of Chicago, Terje Rypdal, Bobo Stenson, Pat Metheny, Dave Holland, Egberto Gismonti, Jack DeJohnette, John Surman, John Abercrombie, Carla Bley, Paul Motian, Tomasz Stanko, Eberhard Weber, Arild Andersen, Jon Christensen.

A infinidade de fãs do selo pelo mundo garante ainda mais sua importância para a história da música. Para se ter uma pequena ideia, entre 23 de novembro de 2012 e 10 de fevereiro de 2013 foi realizada uma exposição no Museu Haus der Kunst, em Munique, somente com os álbuns de Jazz lançados pela ECM até meados dos anos 80. Durante a exposição, músicos como Enrico Rava, Evan Parker, Jan Garbarek, Meredith Monk, Anoham Brahem Quartet, entre outros apresentavam-se para a plateia, que levou mais de 10 mil pessoas por dia (aproximadamente) durante o período de exposição. Há ainda um belíssimo site dedicado à obra da gravadora, o qual é frequentemente atualizado por seu idealizador, o fã Tyran Grillo.


Pôster de exposição dedicada ao selo (acima)Anoham Brahem Quartet, na exposição em homenagem ao selo (abaixo)

O sucesso da ECM foi tão grande que nos Estados Unidos, o selo foi distribuído pela Warner Bros., BMG Records e Polygram. Desde 1999, a Universal Music (que comprou os direitos da Polygram) é a responsável pela distribuição dos álbuns do selo, que já conquistou cinco vezes a premiação de Melhor Selo do Ano (1980, 2008, 2010, 2012 e 2013), selo este que permanece intacto até hoje, com as três letras ECM (o C como sendo um vinil retirado da capa M sobre o encarte E) com um fundo alternando de cores entre um verde escuro, preto ou cinza, e que dia após dia, faz cada vez mais mentes ferverem com as preciosidades do jazz e da música clássica que a gravadora lançou, e que certamente lançará por muitos anos.

Eicher continua ativamente seus estudos e interesse pela música, atuando como produtor na maioria das gravações, e sempre buscando novos artistas, mantendo a chama de um Selo Lendário acesa e com força.


O famoso selo com o C em formato de vinil saindo da capa M sobre o encarte E



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Podcast Collector's Room #31




O podcast da Collector´s Room dessa semana é dedicado a canções com o piano sendo o instrumento principal, apresentando peŕolas do cancioneiro brazuca, bloco de obscuridades, clássicos do progressivo e o artista da semana.
 

Abra uma cerveja e aprecie cada segundo no volume máximo!



Tracklist Podcast Collector´s Room #31


Secos & Molhados - Primavera nos Dentes
Álbum:
Secos & Molhados (1973)
Raul Seixas - Ave Maria da Rua
Álbum:
Há 10 Mil Anos Atrás (1976)

Módulo 1000 - Teclados
Álbum:
Não Fale Com Paredes (1972)
Monument - Overture For Limp Piano In C
Álbum:
The First Monument (1971)


Quicksilver Messenger Service - Edward, the Mad Shirt Grinder
Álbum:
Shady Grove (1969)
Beggars Opera - Classical Gas
Álbum:
Get Your Dog Off Me! (1973)
It's A Beautiful Day - Bombay Calling
Álbum:
It's A Beautiful Day (1969)


Renaissance - Prologue
Álbum:
Prologue (1972)

Pink Floyd - The Great Gig In The Sky
Álbum:
Dark Side of the Moon (1973)
Supertramp - Crime of the Century
Álbum:
Crime of the Century (1974)

Keith Jarrett - Eyes of the Heart part II
Álbum:
Eyes of the Heart (1979)

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