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sábado, 19 de outubro de 2019

Ouve Isso Aqui: O rock ao vivo de 1979

 




Por André Kaminski

Tema escolhido por Ronaldo Rodrigues

Com Davi Pascale e Mairon Machado

1979 é marcante por ser um momento de agigantamento do rock, ainda que os nomes que dominaram o fim dos anos 60 e a década corrente toda estavam saindo de cena ou experimentando uma incômoda sinuca conceitual. Novos nomes do chamado rock de arena estavam a mil por hora e as bandas produziam sons sob medida para o público já maduro do rock ouvir em seus rádios e carros. O rock estava cada vez mais distorcido, acelerado e intenso, pavimentando o heavy metal oitentista, abandonando gradativamente uma instrumentação muito elaborada e indo mais direto ao ponto. Essa lista tenta capturar, em discos ao vivo, um pouco da riqueza musical do período.



UK – Night After Night

Ronaldo: O UK iniciou-se como um quarteto estelar, mas pouco meses depois da estreia foi convertido a um poderoso trio com a presença do baterista Terry Bozzio. Uma repaginação também foi trazida pelo baterista, dando um gás extra na parte musical da banda. Esse álbum captura passagens da banda pelo Japão e é, na opinião de muitos apreciadores, o melhor momento da banda, já que praticamente tudo neste disco ao vivo é melhor do que nas respectivas versões de estúdio. A pegada da banda é mais poderosa, Eddie Jobson mostra que fazia miséria com seus vários teclados e não precisava de overdubs e que John Wetton era absolutamente soberano em sua posição de baixista/vocalista. Essa energia adicional na performance fez com que a blenda pop-progressivo de arena da banda funcionasse perfeitamente. O disco é recheado de maravilhosos momentos instrumentais e um entrosamento apenas possível para músicos de altíssimo calibre. As versões de “Nothing to Loose” e “Time to Kill” (em explosiva interpretação progressiva à la ELP) figuram fácil entre as melhores coisas gravadas em 1979.

André: Não tem muito o que falar dessa bandaça ao vivo. Que desempenho sensacional do tecladista Eddie Jobson. John Wetton no baixo e vocais e Terry Bozzio na bateria não deixam por menos. Um petardo atrás do outro. Rocks incríveis e detalhe para a ausência de guitarras. Que por sinal, não fizeram nenhuma falta.

Davi: Eis uma banda que nunca tinha parado para ouvir. Claro que conheço os músicos envolvidos. Especialmente o John Wetton (quem sempre admirei pelo trabalho no Asia, especialmente) e o Terry Bozzio. Esse já gravou com meio mundo e tem uma técnica e uma precisão impressionante.O tecladista e violinista Eddie Jobson completava o lineup. Aqui, não tinha guitarrista, mas dei uma pesquisada sobre os caras e vi que o Allan Holdsworth toca no primeiro álbum. Com certeza, pegarei para ouvir em breve. Voltando ao álbum, gostei bastante da sonoridade da banda. Como de se esperar, o som dos caras é bem progressivo. O lado B é onde estão as músicas com mais improviso, onde se fazem valer como destaque “Alaska” e “Time to Kill”. Essa última com grande influência de Yes nos arranjos. No lado A, as interpretações são um pouco mais contidas. Claro que existem algumas quebradas de tempo aqui e ali, mas nada muito viajado. Inclusive, algumas canções como “Night After Night” e “Nothin´ to Lose” trazem um acento pop no trabalho vocal. Disco muito bom que, muito provavelmente, entrará para minha coleção em breve.

Mairon: No final dos anos 70, muitos dos anfitriões do rock progressivo começaram a reformular seu som, levando ao que hoje conhecemos como AOR. O UK é um dos precursores desse estilo. Uma super banda formada inicialmente por John Wetton, Eddie Jobson, Bill Bruford e Allan Holdsworth (que time), que lançou o impecável U. K. em 1977, mas acabou separando-se após a estreia. Com Terry Bozzio substituindo Bruford, e sem as guitarras de Holdsworth, lançaram Danger Money (1978) e esse ao vivo, o qual registra as apresentações no Sun Plaza e no Seinen Kan de Tóquio. Com duas inéditas (“Night After Night” e “As Long As You Want Me Here”), e faixas dos dois primeiros álbuns, o U. K. apresenta-se como um embrião de Asia, conforme atestam “Caesar’s Palace Blues”, “Nothing To Lose” ou “Rendezvous 6:02”, tendo o diferencial o uso de sintetizadores e do violino elétrico de Jobson, o dono de tudo por aqui. Na verdade, essas são as principais atrações de Night After Night, sendo impossível não apreciar Jobson em faixas trabalhadas como “Alaska” (quebradeira fenomenal), “Time to Kill”, e principalmente, as influências clássicas do loiro na dupla “Presto Vivace” / “In The Dead Of Night”, essa última forte candidata a melhor faixa da banda. Curiosamente, essas duas faixas são do disco de Bruford, talvez por isso mesmo eu as curta mais. Confesso que já gostei mais desse disco, mas ouvi-lo novamente, depois de um bom tempo sem passar na vitrola, trouxe uma nostalgia que até me arrancou uma lágrima aqui.


Queen – Live Killers

Ronaldo: O Queen já estava no topo (ou muito perto dele) do rock naquele fim dos anos 70, sendo um dos principais representantes do rock de arena na Inglaterra. Esse disco ao vivo representa com toda a propriedade o poder de fogo da banda ao vivo. Os 4 músicos estavam em um nível de entrosamento que apenas bandas em seu ápice conseguem transparecer com tanta voracidade. E é possível perceber o quanto um disco ao vivo é bom quando as versões ao vivo superam as equivalentes em estúdio. No palco, todas as plumas e excentricidades dos discos de estúdio ficam pra trás e uma descarga de distorção golpeia o ouvinte nas poderosas versões de “Let Me Entertain You”, “Bicycle Race”, “Now I’m Here”, “Don’t Stop Me Now” e “Brighton Rock”. Um desfile de clássicos do Queen setentista captado magnificamente. Até mesmo as baladas e piano-rocks ganham uma dose extra de agressividade e vigor. Indispensável!

André: Interessante a diferença entre o Queen de estúdio e ao vivo. No primeiro, temos uma banda cheia de traquejos instrumentais, sonoridades inovadoras, ritmos inesperados e uma pomposidade que deixa tudo mais épico. Mas ao vivo a banda era visceral. Rock das entranhas mesmo, com Brian May socando riffs de guitarra e Roger Taylor judiando da bateria. É inexplicável as razões do disco na época ter sido tão criticado. Amei a versão de “39” desse disco.

Davi: O Queen sempre foi uma banda enigmática. Nos álbuns de estúdio, nunca se sabia o que iriam aprontar. A criatividade dos caras não tinha fim. Ao vivo eram um caso à parte. A banda era conhecida por seu profissionalismo acima de tudo. Sendo assim, um álbum ao vivo do Queen é uma audição quase obrigatória. O Live Killers marca o fim da fase mais visceral, antes de começarem a experimentar mais a fundo a sonoridade mais pop. O show é marcado pela voz marcante de Freddie Mercury e o som inconfundível da guitarra de Brian May. O repertório mistura clássicos como “Keep Yourself Alive” e “Tie Your Mother Down” com lados B como “Get Down, Make Love” e “I´m In Love With My Car”, todas interpretadas com uma garra fora do comum. O set acústico se destaca pelas belas versões de “39” e “Love of My Life”. Não há como deixar de citar ainda o número “Brighton Rock”, com o belo solo de Brian May, além da ótima versão do clássico “Now I´m Here”. Obrigatório!

Mairon: Cara, lembro até hoje da primeira vez que ouvi Live Killers. Havia juntado uns trocos e fui comprar o disco por 15 reais (caríssimo na época), e escolhi este por causa de “Bohemian Rhapsody”. Lembro que sai da loja correndo, e acabei tropeçando, me espatifando no chão, mas o disco, graças a Freddie Mercury, não quebrou. Quando eu coloquei o lado A na vitrola, e saiu a explosão da versão pesada de “We Will Rock You”, seguida pela pancada de “Let Me Entertain You”, eu me assustei: “Cara, isso era o Queen?”, pensei … “Death on Two Legs” dá ainda mais peso para Live Killers, e assim, resistir a algo tão espetacular foi inútil para quem tinha uns 10 anos de idade. Então, começa uma espécie de medley, com “Killer Queen”, “Bycicle Race”, dois grandes clássicos, Roger Taylor soltando a voz em “I’m In Love With My Car”, as viagens de “Get Down, Make Love”, cara, eu tava no paraíso. Nem sentia a delicadeza “You’re My Best Friend”. O lado B vinha com uma pegada acústica (“Dreamers Ball”, “Love of My Life” e “’39”), entremeadas por duas pancadas (“Now I’m Here” e “Keep Yourself Alive”). Nessas alturas do campeonato, depois de ter ouvido o público cantando “Love of My Life”, Mercury brincando com a voz em “Now I’m Here”, e minha air guitar ter derrubado muita coisa no quarto, eu não estava mais no paraíso, eu estava realmente lá no dia da gravação do disco. Quando o Lado C foi para a agulha, e “Don’t Stop Me Now” estourou as caixas de som, seguida pela magnífica interpretação de “Spread Your Wings”, e deixando o gol aberto para que Brian May metesse para a rede em “Brighton Rock”, ali eu vi que o Queen era a maior banda de todos os tempos, e desde então, isso nunca mais modificou-se em minha cabeça. Há, ainda o lado D, o mais “fraquinho” do disco, já que tem só “We Will Rock You” na sua versão original, “We Are The Champions”, “Bohemian Rhapsody”, “Tie Your Mother Down” e “Sheer Heart Atack”, causando um verdadeiro ataque de coração com tamanha vitalidade, energia, tudo o que o rock ‘n’ roll pode entregar de bom. Se fudê Ronaldo, que baita indicação!!!


UFO – Strangers in the Night

Ronaldo: O álbum parece uma coletânea e consta de inúmeras listas de melhores álbuns ao vivo de toda a história do rock. Não a toa! o UFO neste álbum é puro veneno e colocou no palco dessa apresentação em Chicago o seu melhor repertório e sua melhor performance possível. As guitarras são nítidas e tem uma relação siamesa; o vocal de Phil Mogg é irrepreensível, assim como o baixo de Pete Way. Rock n’ roll pesado na veia, com músicas empolgantes, instrumental de primeira grandeza, solos de guitarra memoráveis e uma pegada que transborda em cada sulco desse álbum. Não sei se aquilo realmente aconteceu ou se foi montagem, mas é emocionante ouvir a plateia vibrar no início da levada de “Doctor Doctor”.

André: Caras, eu me pergunto porque caralhos não nasci uns 30 anos antes nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Isso aqui é de fazer o cérebro simplesmente escorrer pelo nariz de tão derretido que ficou. Olha o que Schenker fez nessa versão de “Lights Out”? Puta merda, eu acho que estou há muito tempo sem ir atrás de discos ao vivo, isso aqui me fez parecer que estou perdendo um tempo precioso ignorando apresentações marcantes para ficar ouvindo só produções de estúdio.

Davi: Considerado por muitos como um dos grandes álbuns ao vivo de todos os tempos, Strangers In The Night apresenta o Ufo em seu auge. Durante muito tempo acreditou-se que esse disco não havia retoques, mas como já era de se esperar, houve algumas gambiarrinhas, sim. Paul Elliot chegou a declarar em 2008 que as canções “Mother Mary” e “This Kid´s” haviam sido gravadas em estúdio e o publico havia sido acrescido na mixagem. Contudo, isso não faz com que esse disco deixe de soar mágico. Os caras estavam em seu melhor momento, com sua melhor formação. O repertório traz clássicos imortais do porte de “Only You Can Rock Me”, “Love You To Love”, “Lights Out”, “Doctor Doctor”, “Too Hot To Handle”, mas o grande momento é mesmo a versão mortal de “Rock Bottom” com um solo inspiradíssimo de Michael Schenker. Aula de rock n roll!

Mairon: Este é facilmente um dos melhores discos ao vivo da história. Perde talvez somente para o Fillmore do Allman Brothers. Uma banda afiadíssima, que mesmo sabendo ser a despedida de seu principal guitarrista, fez uma turnê para arrancar os cabelos dos fãs de tanto balançar a cabeça. O álbum começa lentamente, com “Natural Thing”, “Out in the Streets” e “Only You Can Rock Me”, rocks simples que preparam o terreno para as grandes audições que virão. Afinal, é impossível não pular pela casa gritando ao som da clássica “Doctor Doctor”, principal faixa da banda. Igualmente, como se segurar em “Lights Out” e “Too Hot To Handle”? Mas o centro de tudo é Michael Schenker. O diabinho está verdadeiramente endemoniado. Ele mostra seus dotes de peso em “Mother Mary” e “This Kids”, sacode com riffs certeiros em “I’m a Loser” e “Shoot Shoot”, estraçalha no solo final da linda “Love To Love” ou na ponte de “Let It Roll”, mas principalmente, o que ele faz em “Rock Bottom” não dá para descrever com palavras. Um solo fantástico, eterno, que por muitos anos será falado nas rodas de música mundo a fora, e que mostra que mesmo com todos os problemas “extra-campo”, e por trás de toda a marra, Schenker tem muita razão de se sentir O fodão. DISCAÇO com letras garrafais!


Neil Young – Live Rust

Ronaldo: Neil Young ainda tinha plateia cativa naquele fim de anos 70, mesmo tentando se equilibrar entre suas raízes folk e os rocks mais diretos que faziam a cabeça da moçada da época. Mas o fato é que o som que projetou Young estava em franca obsolescência naquela ocasião, ainda que para os ouvidos de hoje tudo que ele apresentou em Live Rust soe atemporal, já que sua capacidade como compositor é incontestável. A primeira sessão do disco é toda acústica, na qual pontos fundamentais de sua faceta folk são apresentados, com destaque para uma linda versão de “My My, Hey, Hey (Out of the Blue)”. A parte elétrica começa com a clássica “When You Dance I Can Really Love” e passeia por outros momentos igualmente clássicos como “Cortez the Killer”, “Cinnamon Girl” e “Like a Hurricane”, na qual Young não economiza em solos poucos ortodoxos e muita intensidade.

André: Não posso dizer que Young é um de meus artistas de cabeceira, mas eu não tenho como criticar este cara encarando a plateia. Escutar execuções singelas e perfeitamente afinadas como a de “I am a Child” é de muito bom gosto. Neil Young é um pouco diferente dos outros artistas aqui apresentados; é daqueles que fazem um show milimetricamente perfeito, com execuções de solos límpidos e caprichados, diferentemente de outras execuções mais “orgânicas” ao vivo. Devem ter sido apresentações incríveis para quem estava na plateia.

Davi: Neil Young sempre foi conhecido por suas guitarras estridentes repletas de microfonias, mas também pela sutileza de seu violão, sua gaita bem colocada, seu piano sutil. E, claro, sua habilidade como compositor é indiscutível. Esse é um trabalho bem marcante em sua trajetória. Acredito que para quem não esteja muito familiarizado com sua enorme discografia, seja uma interessante porta de entrada. Aqui, temos um pouco de cada um desses universos. O disco começa com o Neil Young mais acústico, explorando sua faceta mais folk, onde vale um destaque para a interpretação de “Comes a Time” e a belíssima canção “After The Gold Rush” com Neil nos pianos. A partir do lado B, temos uma apresentação elétrica ao lado do emblemático Crazy Horse, onde o músico canadense coloca toda sua emoção em versões avassaladoras para clássicos do porte de “Cinnamon Girl”, “Like a Hurricane”, “Hey, Hey, My, My”, “The Loner”, além de trazer mais uma interpretação acústica, a lindíssima “The Needle and The Damage Done”. O melhor trabalho ao vivo de Neil Young, na minha opinião.

Mairon: Havia ouvido esse álbum há muitos anos atrás, não lembro quando. Mas lembro que me decepcionei bastante com o disco. Ouvindo agora, modifiquei um pouco minha opinião. São quatro lados bem definidos. Temos música folk dylanesca de melhor qualidade no lado A (“I Am A Child”, “Comes Time” e a clássica “My, My, Hey Hey (Out of The Blue)”, misturadas com uma dolorida e bela canção com voz e piano (“After Gold Rush”), com Young soltando seu vozeirão. O lado B é constituído de pedradas elétricas certeiras para pular pela casa como na magnífica apresentação do velhote no Rock in Rio de 2001 (“When You Dance”, “The Loner”, “Sedan Delivery”), intercaladas pela deliciosa dupla amolecedora de corações “The Needle and the Damage Done ” e “Lotta Love”. O lado C traz a suavidade, com o country-rock de “Powderfinger”, a baladaça mega-clássica “Like a Hurricane”, “Hey Hey, My My (Into the Black)” e “Tonight’s the Night”, para arrancar as lágrimas do ouvinte. Ouvindo agora, já achei um bom disco, mas ainda não me animo a naufragar nos oceanos discográficos colecionísticos do bardo canadense.


Cheap Trick – At Budokan

Ronaldo: O material foi gravado em 1978, mas veio ao mundo e aos charts em 1979. Indiscutivelmente, uma banda melhor no palco do que no estúdio, onde sua música pode realmente se mostrar devidamente empolgante e bacanuda. Tão despretensiosa quanto animada, a fórmula do Cheap Trick é tão eficiente que espanta o fato de como outras tantas bandas não conseguem fazer o mesmo. É um pop rock ardido, daqueles que se parece com o chiclete pisado que fica dias nos nossos sapatos. Os vocais são certinhos e tudo é no lugar, bem equilibrado em termos instrumentais; mas de forma alguma isso pode ser interpretado como uma fraqueza da banda, como se ela não tivesse nada a oferecer. É uma equação sonora difícil de descrever de tão simples que é, mas muito fácil de ser curtida.

André: Os gritos agudos da plateia já dão ideia de que o Cheap Trick na época atraia principalmente o público feminino. E a mulherada deve ter ficado de queixo caído com a performance dos cabeludos americanos neste disco cheio de versões ainda mais pesadas de rocks como “Lookout” e “Big Eyes”. Aqui há de se destacar o brilhante desempenho do baterista Bun E. Carlos, que simplesmente arregaçou. Como o bom gosto do Ronaldo em sugerir discos é praxe, esta seleção para esta matéria foi simplesmente incrível e prazerosa.

Davi: Excelente recomendação. Esse LP é clássico. Acredito que tenha sido a porta de entrada de muita gente para o universo do Cheap Trick. A minha foi por esse e pelo LP Dream Police. Essa banda sempre foi muito boa de palco. Robin Zander sempre teve uma boa voz e a banda sempre teve uma energia fora do comum. A gravação não esconde a euforia do publico, o que sempre joga a favor em álbuns do tipo. Nunca curti muito discos ao vivo onde o som do publico fica muuuito pra trás. Some tudo isso à um repertório de primeira grandeza com músicas divertidíssimas como “Come On, Come On”, “Big Eyes” e os megaclássicos “I Want You to Want Me”, “Surrender” e “Goodnight”, e o que temos é um trabalho empolgante e que se faz essencial na coleção de um rocker que se preze.

Mairon: Esse disco é impressionante. A força de um grupo novato levando ao delírio as ninfetas nipônicas é visceral ao longo de sus 42 minutos. É gritaria das guriazinhas de olho puxado o tempo inteiro. Me lembra bastante a potência do Slade Alive!, mas só que ainda mais forte. O som do Cheap trick é um rock visceral, perfeito para animar noitadas de ceva e festa. Tanto é que a versão para “Ain’t That a Shame” (Fats Domino) é alegria pura através do slide de Rick Nielsen! “Clock Strikes Ten”, “Goodnight Now” e “Hello There” são de uma pancadaria adimensional, assim como “Big Eyes”, onde o vocal Robin Zander gasta a garganta de tanto gritar. “Come On, Come On” tem uma batida de rock dos anos 50 que me agrada muito, ainda mais com as altas doses de distorção. “I Want You to Want Me” e “Lookout” possuem uma ingenuidade punk que os caras do punk nunca tiveram em suas canções de amor. Até um quase épico o Cheap Trick entrega aos fãs, a ótima “Need Your Love”, talvez melhor canção da carreira dos americanos, principalmente pela sensacional sequência de solos que abrange boa parte de seus quase 10 minutos. A única faixa que acho mais abaixo das demais é justamente o mega-clássico “Surrender”, que possui uma pegada mais oitentista a qual foge da visceralidade apresentada nas demais canções. É um disco clássico, obrigatório de ser ouvido ao menos uma vez, e depois, cada um decide o que fazer com o mesmo.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Cinco Discos Para Conhecer: John Wetton



Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock

Um dos grandes músicos do rock, o baixista John Wetton possui uma extensa discografia, seja em fase solo, seja em passagens importantes por grupos como Family, King Crimson, Uriah Heep, Wishbone Ash, Asia, Roxy Music, U. K., entre outros. Apenas um Cinco Discos Para Conhecer é pouco para abranger tantos lançamentos interessantes, mas irei trazer aqui aquilo que julgo ser o filé dos filés entre os álbuns com participação de Wetton no baixo e vocais.

Family - Fearless [1971]

O Family sempre foi um grupo obscuro dentre os seus companheiros britânicos, sendo inclusive difícil definir seu estilo. Alguns o classificam como progressivo, outros como rock somente, e uma vertente maior aplica o psicodelismo como principal fonte de inspiração. O fato é que em 1971, o Family estava no seu sexto disco, e o estilo ainda não era definido. A entrada do então jovem John Wetton trouxe para a banda um lado mais melódico, que acalmou os ânimos exaltados de discos como Family Entertainment (1969) e Anyway (1970). A voz de Roger Chapman soa mais rouca do que nunca, a inclusão de um naipe de metais eleva o trabalho instrumental, mas o maior destaque vai para as construções harmônicas do baixo de Wetton e da guitarra de Charlie Whitney. Ouvir clássicos como "Between Blue and Me", a primeira faixa do LP e que já apresenta um curto solo de baixo, o arranjo vocal de "Larf and Sing", mais uma com Wetton estraçalhando nas linhas de baixo, a sensacional "Spanish Tide", uma das melhores canções do Family, na qual os vocais de Wetton são apresentados com ênfase aos fãs e a jazzística instrumental "Crinkly Grin", e o experimentalismo de "Blind", contando com a participação de uma gaita de foile como instrumento principal, fazem pensar por que um grupo tão bom durou tão pouco (sete anos para ser preciso). O maior destaque fica para a delirante jam session "Take Your Partners", seis minutos e vinte e nove segundos de piradas experimentações jazzísticas entre guitarra, baixo, moog e metais, com a voz de Chapman rasgando essa faixa ao meio, e as linhas de baixo de Wetton sendo o carro mestre dos alucinantes solos de guitarra e moog. Wetton ainda gravou mais um álbum com o Family, Bandstand (1973), antes de partir para o projeto que finalmente o levou ao patamar das grandes estrelas do rock tal qual conhecemos hoje, assumindo a linha de frente do King Crimson.

1. Between Blue and Me
2. Sat'd'y Barfly
3. Larf and Sing
4. Spanish Tide
5. Save Some for Thee
6. Take Your Partners
7. Children
8. Crinkly Grin
9. Blind
10. Burning Bridges

Formação: Roger Chapman (vocais, guitarra, percussão); Charlie Whitney (guitarras, mandolin, percussão), John "Poli" Palmer (teclados, cordas, flauta, percussão, vocais), John Wetton (guitarra, baixo, vocais, teclados) e Rob Townsend (bateria, percussão)

King Crimson - Red [1974]

Para muitos, Red é uma exploração musical do rock progressivo que fundiu (e ainda funde) a mente de muito headbanger mundo afora, apesar de não ser um disco totalmente pesado. O trio Bill Bruford, Robert Fripp e John Wetton elaborou um disco seminal dentre os álbuns do King Crimson, saindo das experimentações percussivas dos dois álbuns anteriores (Lark's Tongues in Aspic, de 1973, e Starless and Bible Black, de 1974)  e tentando tocar rock 'n' roll com distorção e feeling. A ideia funciona em duas canções do lado A. O baixo de Wetton está mais imponente que nunca logo na pancada inicial da faixa-título, aonde o trio conseguiu construir algo próximo da perfeição, assim como "One More Red Nightmare", a qual traz a importante participação de Ian McDonald no saxofone. "Fallen Angel" é a exceção ao peso do lado A, e poderia ter saído de Lizard (1970), principalmente pelo belo arranjo de metais. Do outro lado do vinil, encontramos as tradicionais explorações progs que consolidaram a carreira do King Crimson, através de "Providence", gravada ao vivo na cidade de Providence, em 1974, com a participação de David Cross no violino, e com Wetton fugindo totalmente do tradicional, fazendo sua melhor performance no baixo dentre os discos gravados com a banda, em uma canção paranóica, esquisita e disparada a melhor da bolacha; e a linda "Starless", com a chorosa guitarra de Fripp sendo levada pelo mellotron em outra canção que pode ser considerada a melhor do LP, tendo uma magnífica sessão instrumental de encerramento. Independente de ser pesado ou prog, o fato é que em Red você vai ouvir Wetton tocando baixo como nunca.

1. Red
2. Fallen Angel
3. One More Red Nightmare
4. Providence
5. Starless

Formação: Robert Fripp (guitarra, mellotron); John Wetton (baixo, mellotron, vocal), Bill Bruford (bateria, percussão)

Participação especial: Mel Collins (saxofone em 2), Robin Miller (oboé em 2), Mark Charig (corneta em 2), Ian McDonald (saxofone em  3 e 5) e David Cross (violino em 4)

Uriah Heep - High and Mighty [1976]

O Uriah Heep ficou famoso no início da década de 70 por dois álbuns que traziam letras voltadas à magia, que são os clássicos Demons and Wizards e The Magician's Birthday (ambos de 1972). Depois disso, o grupo mudou a temática das letras, torcendo o nariz de muitos fãs, e principalmente, da imprensa especializada. Em 1975, a saída do baixista Gary Thain permitiu a entrada de John Wetton para o grupo, e assim, o disco Return to Fantasy voltou as fantasias, magias e visões de contos de fada que consagraram a banda novamente. Mas isso não durou muito tempo. No ano seguinte, High and Mighty colocou o Uriah Heep em um novo trilho, cada vez mais guiado pelo tecladista/guitarrista/faz-tudo Ken Hensley. Sobrou para Wetton o papel de encarar o chefão Hensley e apresentar suas próprias canções, mesmo contando com a "parceria obrigatória" do seu colega. Assim, nasceu um álbum promissor, e que até hoje tem sua qualidade discutida pelos fãs do grupo, mas de inegável importância para o futuro do Heep. As pérolas "Weep in Silence" e "Footprints in the Snow" mostram que Wetton além de grande baixista e vocalista, era um ótimo compositor, enquanto "Woman of the World" e "Midnight" destacam o poderoso baixo do músico,  sendo a sensacional "One Way or Another" aquela onde Wetton demonstra por que de ter sido escolhido para o posto de baixista, ao mesmo tempo que possuía, na época, melhor condição de segurar o posto vocal do que Lord David Byron. Wetton formou o U. K. no ano seguinte, Byron perdeu seu lugar em troca das drogas e o Heep continuou em frente, dessa vez somente com Hensley segurando o volante.

1. One Way or Another
2. Weep in Silence
3. Misty Eyes
4. Midnight
5. Can't Keep a Good Band Down
6. Woman of the World
7. Footprints in the Snow
8. Can't Stop Singing
9. Make a Little Love
10. Confession

Formação: David Byron (vocals); John Wetton (baixo, mellotron, piano, vocals); Lee Kerslake (bateria, percussão, vocals); Mick Box (guitarras); Ken Hensley (órgão, piano, moog, sinos tubulares, guitarra, vocals)

U. K. - U. K. [1978]


Fundado após um breve hiato da banda Bruford, o U. K. foi talvez o primeiro grupo a indicar o som que se tornaria conhecido nos anos 80 como AOR. No seu álbum de estreia, o talento individual de um quarteto muito virtuoso, formado por Bill Bruford, Eddie Jobson, Allan Holdsworth e John Wetton é colocado a prova, e conquista gerações de fãs até hoje. O som é uma mistura de rock progressivo, jazz rock, eletrônicos e muitas variações complicadíssimas, além de arranjos fabulosos que somente monstros como esse quarteto poderiam construir. Aos que consideram Wetton apenas um bom vocalista, ouçam as intrincadas linhas de baixo de canções como "In the Dead of Night", "Alaska" e "Nevermore", e para os apreciadores de sua voz, o deleite ocorre nas pérolas "Thirty Years" e "Time to Kill". O U. K. ainda lançou mais dois belos álbuns, sem Bruford e Holdsworth, mas trazendo Terry Bozzio na bateria. Porém, é a sua estreia um dos pilares essenciais na vasta discografia de Wetton.

1. In the Dead of Night
2. By the Light of Day
3. Presto Vivace and Reprise
4. Thirty Years
5. Alaska
6. Time to Kill
7. Nevermore
8. Mental Medication

Formação: Eddie Jobson (violino, teclados, eletrônicos); John Wetton (vocals, baixo); Allan Holdsworth (guitarras), Bill Bruford (bateria, percussão)

Wetton / Downes - Icon [2005]

Você deve estar se perguntando: "Ué, mas não vai ter nada do Asia?". Como disse na abertura, a discografia de John Wetton é tão vasta que facilmente irei deixar discos de fora, e como é para conhecer o músico, prefiro apresentar um disco que talvez seja desconhecido do grande público. Icon é o segundo da dupla Wetton / Downes, e se você é fã de Asia, prepare-se para ouvir uma sequência do que o Asia poderia ter feito nos anos 80, mas envolvendo muito mais o lado romântico da dupla, algo que raramente foi explorado antes, mesmo com as mais melosas canções do quarteto inglês. Em Icon, o trabalho dos teclados de Downes é complementado pela sutileza vocal de Wetton, bem como arranjos de cordas emocionantes e muitas aventuras sonoras guiadas pela guitarra de John Mitchell. Desde a abertura com "Overture: Paradox / Let Me Go", até o encerramento com a linda "In the End", tendo a participação especial de Annie Haslam nos vocais, sentimos a nostalgia oitentista brotando em cada sulco do CD. Vários são os destaques melosos e românticos, mas podemos nos concentrar em três momentos distintos: "I Stand Alone", oitentista pacas, revivendo os melhores momentos de álbuns como Asia e Alpha; a bonita balada "Far Away", um dos melhores momentos vocais de Wetton; e a já citada "In the End", a mais bonita canção do álbum, com uma bonita participação da flauta, e com os vocais de Wetton sendo adocicados pelo timbre inconfundível de Haslam. A dupla ainda lançou mais duas sequências para Icon, os bons Icon 2: Rubicon (2006) e Icon 3 (2009), que mantém o mesmo estilo do primeiro, além do grandioso ao vivo Icon Live: Never in a Million Years (2006). Perfeito para ouvir agarrado na cintura da patroa em uma fria noite de inverno.

1. Overture: Paradox / Let Me Go
2. God Walks with Us
3. I Stand Alone
4. Meet Me at Midnight
5. Hey Josephine
6. Far Away
7. Please Change Your Mind
8. Sleep Angel
9. Spread Your Wings
10. In the End

Formação: John Wetton (guitarra, violão, baixo, vocais); Geoff Downes (teclados, piano, sintetizadores); John Mitchell (guitarras); Steve Christey (bateria)

Participação especial: Annie Haslam (vocais em 10)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Maravilhas do Mundo Prog: Bruford - The Sahara of Snow [1979]





O segundo membro a sair do Yes foi o tecladista Tony Kaye. A sua falta de técnica não era o suficiente para acompanhar o nível que o resto do grupo estava alcançando, e assim, Kaye foi convidado a sair, sendo substituído por Rick Wakeman. Enquanto Kaye passou a integrar o Flash de Peter Banks (ex-colega de Yes), e depois gravou com o Badger os bons One Live Badger (1973) e White Lady (1974), com Wakeman nos teclados, o Yes chegou na sua formação clássica, consistindo do próprio Wakeman, Jon Anderson (vocais), Steve Howe (guitarras, vocais), Chris Squire (baixo, vocais) e Bill Bruford (bateria). Esse quinteto gravou dois álbuns fundamentais para os aprendizes e amantes do rock progressivo: Fragile (1971) e Close to the Edge (1972), mas, durante a turnê de Close to the Edge, Bruford sentia-se deslocado e limitado dentro do Yes.

Decidido a ampliar seus horizontes, Bruford saiu do Yes e foi parar no King Crimson. Junto de Robert Fripp (guitarras), John Wetton (baixo, vocais), David Cross (violinos) e Jamie Muir (percussão), veio outro álbum extremamente importante: Lark's Tongues in Aspic (1973). Aos poucos, o King Crimson foi ruindo, mas mesmo assim, lançando álbuns excelentes, os quais são Starless and Bible Black (1974), já sem Muir, e Red (1974), já sem Cross. 

Bill Bruford, no King Crimson

O King Crimson acabou em 1975, e então, Bruford ingressou como músico convidado no Gong, onde ficou poucas semanas de 1975, passando para o Genesis, por onde participou da turnê dos álbuns A Trick of the Tail e Wind and Wuthering, ambos de 1976, e que foi parcialmente registrada no ao vivo Seconds Out (1977), já que Bruford saiu do Genesis exatamente no início da turnê em 1977, partindo para uma carreira solo.

Nessa carreira solo, Bruford decidiu misturar elementos de jazz, progressivo, e também inspirações de diferentes estilos, como blues, sons africanos, música eletrônica, etc. Assim, formou o que batizou de Bruford, tendo como companhia Dave Stewart (teclados), Jeff Berlin (baixo, e que já havia tocado com Patrick Moraz em Story of i, de 1976), Allan Holdsworth (guitarras) e Annette Peacock (vocais). A estreia do Bruford foi em 1978, com o ótimo Feels Good To Me. Contando, além do quinteto citado, do saxofonista Kenny Wheeler, Bill Bruford apresentou ao mundo uma sonoridade mezzo-fusion, mezzo-rock, onde o destaque era realmente as individualidades dos competentes Stewart, Berlin e Holdsworth, além de todas as técnicas e performances que o baterista consegue demonstrar em pouco mais de quarenta minutos. As misturas de jazz com eletrônicos agradou aos fãs do músico, e principalmente, levou Bruford a integrar outro importante nome do cenário progressivo britânico, o U. K..

No U. K., Bruford teve a companhia de Eddie Jobson (teclados), John Wetton (voz, baixo) e de Holdsworth (guitarras), gravando apenas um disco, que não preciso reforçar, é essencial. U. K. foi lançado em 1978, e foi aclamado por público e crítica. Mas o insatisfeito Bill Bruford não sentia-se confortável, e retomou seus trabalhos com seu grupo solo, trazendo novamente Holdsworth, Berlin e Stewart.

Dave Stewart, Bill Bruford, Allan Holdwsorth e Jeff Berlin
Então, como um quarteto, o Bruford entrou nos estúdios em 1979, e registrou uma obra belíssima, digna de um músico como Bill Bruford. One of a Kind é sem sombra de dúvidas o mais complexo disco que tem a mão do baterista no processo de composição. Canções como a faixa-título, "Hell's Bells", "Five G" e "Fainting in Coils" extrapolam os limites de um baterista comum, além de ter Jeff Berlin em uma forma fantástica. O que esse cara faz nessas canções não é pouco, sendo uma boa amostra para os que afirmam que Jaco Pastorius foi o responsável pela revolução no baixo. A briga entre Berlin e Pastorius é grande (Pastorius tocava no mesmo período que Berlin, porém, com o grupo Weather Report).

Dentre todas as canções de One of a Kind, "The Sahara of Snow" é a mais representativa do trabalho do Bruford nesse grupo, e por outro lado, é a que Berlin menos aparece. Dividida em duas partes, ela abre com os teclados de Stewart tomando conta do quarto em uma entrada longa e soturna, trazendo as agressivas notas do piano na medida que o volume aumenta. Stewart executa um complicado tema, e Bruford surge com um ritmo quebrado na bateria, enquanto baixo e xilofone fazem o tema central. A canção vai ganhando corpo, e Holdsworth cria um tema na guitarra que é diferente de todo o andamento da canção, desenvolvendo seu solo sobre a quebradeira de xilofone, baixo, piano e bateria.

O solo explode em uma maravilhosa virada de Bruford, chegando em uma sessão apenas com sintetizadores, em acordes trêmulos, de onde xilofone, baixo, piano e bateria brotam, desta vez para o xilofone solar, com muita velocidade, retornando ao estranho tema da guitarra. O que Bruford faz na bateria é indecifrável. As batidas na caixa em contra-tempos, as viradas,  o prato levando o ritmo correto, é perfeição pura.

A parte dois de "The Sahara of Snow" surge com os sintetizadores e percussão, em um ritmo marcial, onde piano e guitarra surgem aos poucos, para Holdsworth solar manhosamente, e mesmo assim, exalando virtuosismo. O clima oriental do piano é preenchido pela entrada do órgão, e o ritmo suave leva essa pérola ao seu encerramento, com outro show de Bruford, para Holdsworth voltar ao tema de seu solo, que conclui mais um essencial álbum da carreira de William Scott Bruford com os sinistros acordes de órgão da introdução.  

Jeff Berlin, John Clarke, Dave Stewart e Bill Bruford
O grupo Bruford ainda lançou mais dois álbuns: Gradually Going Tornado (1980), com mais experimentações eletrônicas e com John Clarke no lugar de Holdsworth, e The Bruford Tapes (1980), esse gravado ao vivo durante o período inicial do grupo. Depois, Bruford voltou para o King Crimson, peregrinando tanto com o grupo de Robert Fripp quanto por sua carreira solo, ao lado do grupo que batizou de Earthworks, o qual conta com uma vasta coleção de álbuns ligados ao jazz. Além disso, gravou diversas participações em álbuns de outros artistas, sempre mostrando o talento de um gênio da bateria, que passou simplesmente por algumas das mais importantes bandas da história do rock progressivo e sempre deixando sua marca, seja no Yes, seja no King Crimson, seja no Genesis, seja no U. K., ...

quinta-feira, 3 de março de 2011

UK

O grupo UK (abreviatura para United Kingdom) surgiu com o status de super grupo. E não era por menos. Na época, início de 1977,  três deles haviam passado pelo King Crimson de Robert Fripp. Esses músicos eram nada mais nada menos que John Wetton (baixo, vocais, com passagens por grupos como Wishbone Ash e Uriah Heep), Eddie Jobson (violino elétrico, violino, teclados, sintetizadores, programações e piano, que havia passado pelo Curved Air e foi o substituto de Brian Eno no Roxy-Music) e Bill Bruford (bateria).

Bruford começou sua carreira de grande sucesso quando passou a integrar o Yes em 1967, Ao lado de Chris Squire e cia, gravou apenas cinco álbuns, sendo que nos dois últimos (Fragile – 1972; Close to the Edge – 1973), ao lado de Rick Wakeman (teclados), Steve Howe (guitarras, vocais), Jon Anderson (vocais) e o já citado baixista Squire, formou uma das mais importantes encarnações do grupo, registrando clássicos eternos como “Roundabout”, “Close to the Edge”, “And You And I” e “Heart of the Sunrise”.

Bruford abandonou o Yes por sentir-se muito limitado musicalmente, e então, juntou forças a Robert Fripp no King Crimson, onde não deixou por menos, e registrou excelentes trabalhos como Lark’s Tongues in Aspic (1973) e Red (1974), além do ao vivo USA (1975). Antes de formar o UK, Bruford teve uma rápida passagem pelo grupo Gong, e ainda esteve no Genesis, acompanhando o grupo na turnê de excursão do álbum A Trick of the Tail (1976), o que foi registrado no sensacional ao vivo Second’s Out (1977).

Bruford em ação com o Genesis

Com o final da primeira fase do King Crimson em 1975, Bruford passou a consolidar em sua cabeça a ideia de criar uma banda onde ele iria ser o líder, buscando então músicos que personificassem o que estava na genial mente do baterista. Poucas semanas bastaram para que ele encontrasse os parceiros desejados, os quais eram dois antigos colegas: um deles era o próprio Wetton, que já estava de saída do Uriah Heep. O outro, Rick Wakeman, que estava recuperando-se de um infarto ocorrido pelos diversos problemas surgidos na turnê Arthur on Ice.

Estava formado o embrião do UK. O trio passou a ensaiar e compor músicas, e diversas gravações foram feitas. Porém, a gravadora de Wakeman (A & M Records) não conseguiu chegar a um acordo com a gravadora de Bruford, e então o projeto acabou não avançando. Mesmo assim, Bruford acabou montando sua própria banda, o grupo Bruford, que merecerá um destaque especial dentro de algumas semanas.

Jobson e Holdsworth (ao vivo em 78)


Faziam parte do Bruford: o próprio, Dave Stewart (teclados), Jeff Berlim (baixo) e Allan Holdsworth (guitarras). Holdsworth havia passado por grupos como Soft Machine, Gong e Tempest, consolidando sua carreira com um estilo único de tocar guitarra, incrementando escalas velozes dentro da linha jazzística que consagrou posteriormente Jon Abercrombie como um dos melhores no ramo, e havia acabado de lançar seu primeiro álbum solo, Velvet Darkness (1976).

Após o lançamento do primeiro álbum do Bruford, Feels Good to Me (1977), Wetton contatou o baterista para resgatar o projeto que não tinha dado certo com Wakeman. Jobson surgia como o promissor tecladista que seria o responsável pelos solos principais das canções que Bruford e Wetton haviam composto. Porém, com uma visão sempre à frente, Bruford aceitou o convite, e levou com ele Holdsworth. Surgia então a primeira e mais importante formação do UK, com Bruford, Wetton, Jobson e Holdsworth.


O essencial U. K.

Logo, o quarteto passou a ensaiar, resgatando canções ainda da fase com Wakeman, e não demorou muito para que surgisse o primeiro álbum. U. K. foi lançado em março de 1978, e logo foi considerado como um dos melhores trabalhos progressivos do ano, com a imprensa rotulando o UK como o novo King Crimson. 

O LP abre com a marcação de baixo, bateria e guitarra apresentando o riff de teclados feito por Jobson, começando "In The Dead of Night", onde viradas de Bruford são seguidas pelo ritmo do baixo de Wetton. Wetton começa a cantar a canção, com Bruford fazendo suas marcações estranhas e complicada, e o refrão surge entoando o nome da canção, tendo então um tema central executado por baixo e guitarra, acompanhado pela marcação de Bruford após um curto solo de Jobson.

Temos a segunda estrofe da letra, chegando a repetição do refrão e dos temas anteriores. Wetton faz a marcação no baixo enquanto Bruford cria uma complicada marcação para Holdsworth solar sobre os acordes dos teclados de Jobson. O refrão é repetido, bem como o tema central, e então entramos em "By The Light of Day".
 
Efeitos de sintetizadores formam um viajante arranjo para acompanhar os vocais de Wetton, e então, o nome dessa parte da canção é entoado na mesma melodia do refrão de "In the Dead of Night". O UK surge por trás dos vocais de Wetton, e Jobson sola no violino elétrico sobre as vocalizações. Mais uma estrofe é cantada, e Jobson entra em outra viajante sequência de sintetizadores, acompanhado pelas rufadas de Bruford, para então executar um solo inicialmente acompanhado por todo o UK, e depois sozinho, recheando seu solo com longos e viajantes acordes, levando então para "Presto Vivace and Reprise".

A matadora entrada de Bruford é seguida por um intrincado tema dos teclados, lembrando muito canções de Frank Zappa, enquanto Wetton e Bruford executam um tema muito complicado e totalmente diferente ao fundo. Holdsworth passa a acompanhar o tema de Wetton e Bruford, enquanto Jobson viaja nos teclados, e assim, voltamos ao início de "In the Dead of Night", com Wetton retomando a letra e repetindo o refrão com as frases "By the Light of Day, In the Dead of Night", encerrando essa primorosa faixa com o imponente tema central.

"Thirty Years" vem a seguir com sintetizadores e violino elétrico apresentando acordes tristes e um bonito solo de Holdsworth. Wetton começa a cantar acompanhado apenas pelos acordes de Jobson, e aos poucos, Bruford vai adicionando pratos aos acordes de Jobson, enquanto Wetton segue cantando a letra com a voz característica que marcou sua carreira.
 
Então, a longa sessão lenta transforma-se para Jobson solar com os sintetizadores sobre um andamento marcado de Bruford e Wetton. O andamento muda, agora com o baixo e a guitarra fazendo o mesmo tema enquanto Bruford inventa batidas impossíveis de serem reproduzidas. Jobson e Holdsworth passam a solar de forma alternada, ambos esbanjando virtuosismo, e assim, Wetton retorna a letra, com o andamento tornando-se mais simples e com a canção encerrando em um belo tema executado por guitarra e violino, onde Bruford destaca-se com suas viradas e batidas impressionantes.

O virtuosístico Eddie Jobson

O lado B abre com "Alaska", onde acordes de sintetizadores fazem o tema inicial em uma longa e viajante introdução, até Bruford entrar, seguido por Wetton e Holdsworth, para a pauleira pegar de vez entre Jobson e Holdsworth, alternando acordes pesados e marcados, com Bruford e Wetton sendo os mediadores do duelo entre teclados e guitarra.

Então, a doideira pega geral, e entramos em "Time to Kill", a qual abre com os vocais de Wetton, em um andamento dançante, com destaque para as intervenções de piano feitas por Jobson. Após o refrão, Jobson começa seu solo de violino sobre a marcação de guitarra e baixo, com Bruford alternando as batidas nos pratos, bumbo e caixa. O solo ganha peso junto com as batidas de Bruford, voltando então para o refrão, que encerra a faixa com a sequência que abre a canção.

"Nevermore"surge com Holdsworth esbanjando virtuosismo no violão, acompanhado por acordes de sintetizadoers e fazendo um curto tema. Bruford surge com marcações no cymbal, e Wetton começa a cantar, com o moog acompanhando a melodia do vocal. Bruford faz uma virada e passa a comandar o ritmo da canção, dessa vez sem muitas invenções.
O baixo de Wetton se destaca durante os solos de Holdsworth e Jobson, onde a alternância entre guitarra e teclado cria um clima ótimo e dançante junto a marcação quebrada e a pegada de Bruford e Wetton. Holdsworth e Jobson fazem o mesmo tema, e Wetton grita o nome da canção, retornando a letra na melodia deste último tema, levando assim para a viajante sessão somente com sintetizadores, com muitos eletrônicos.

Wetton passa a cantar sobre os acordes de Jobson, enquanto Bruford, em um mundo paralelo, faz diversos rolos, levando ao solo de Holdsworth, que encerra a canção com mais um show a parte feito por Bruford.

Formação clássica: Jobson, Bruford, Wetton e Holdsworth

O LP encerra com "Mental Medication", onde os acordes jazzísticos da guitarra, bem como sintetizadores, apresentam os vocais de Wetton na mesma melodia desses acordes. Bateria e baixo surgem dando ritmo para a canção, acompanhados pelas intrincadas sessões de teclados, com Bruford fazendo misérias na bateria. Essa parte recheia o tema central da canção, antecedendo o virtuoso solo de Holdsworth, onde novamente Wetton e Bruford se destacam com um andamento dançante e swingado, e ao mesmo tempo extremamente complicado.

O mesmo acompanhamento está presente no solo de violino feito por Jobson, levando ao encerramento da canção com as frases iniciais de Wetton, e com sintetizadores e guitarra repetindo a melodia inicial.

O UK partiu para uma rápida turnê pela europa, mas, apesar de todo o sucesso do LP de estreia, Bruford e Holdsworth decidiram retornar as atividades com o Bruford, deixando Wetton e Jobson na mão. Jobson, cada vez mais virtuoso e auto-didata, convenceu Wetton de que não era necessário uma guitarra para a banda, que o que eles estavam precisando era de um baterista e nada mais. Depois de muitas audições, Terry Bozzio asumiu o comando dos bumbos.

Bozzio era um proeminente garoto que tinha no currículo uma excelente participação trabalhando ao lado de Frank Zappa, registrando álbuns como Zoot Allures (1976) e In New York (1978).

Famosa foto do UK sob um dia nevoso

Então, entre novembro de 1978 e janeiro de 1979, passam a trabalhar na Air Studios, onde registram uma famosa foto com casacos de lã em um embranquiçado dia de neve (similar a outra famosa foto do grupo Emerson Lake & Palmer). As alterações no UK mostravam que o grupo tinha adquirido uma nova personalidade. Apesar da sentida ausência, principalmente de Bruford, em alguns momentos, o UK inovava na utilização dos sintetizadores, e Jobson tornava-se cada vez mais especialista no violino elétrico, tirando sons que seriam copiados por sintetizadores diversos durante toda a década de 80. Além disso, Bozzio trouxe mais peso e velocidade ao ritmo do UK, o que para os fãs da primeira encarnação, acabou soando não tão bem.


A estreia do UK como trio

Em março de 1979 era lançado o álbum de estreia da nova formação do grupo. Danger Money apresentava o que já vinha sendo conferido nas apresentações e ensaios que o UK estava fazendo: peso e virtuosismo empregados em doses perfeitas para o fã de rock progressivo.

O álbum abre com a faixa-título. “Danger Money” começa com os sombrios acordes de teclados e das batidas de Bozzio empilhando viajantes acordes que diminuem o tom até Wetton começar a cantar o nome da canção na melodia do tema principal, feito por teclados e baixo. A letra desenvolve-se em um interessante duelo vocal de Wetton com ele mesmo, em uma canção que pode se dizer precursora do estilo AOR que marcaria a carreira de Wetton anos depois ao lado de grupos como Asia e Phenomena II.

O refrão entoando o nome da canção é repetido, e o duelo vocal segue, para então, mais uma vez surgir o tema central, chegando ao solo de Jobson, onde primeiramente ele apenas marca o tempo com o sintetizador enquanto faz um estranho tema com outro sintetizador. Wetton e Bozzio acompanham os acordes de marcação de Jobson, e aqui claramente percebemos a ausência de Bruford, já que o andamento de Bozzio é muito convencional, não saindo das batidas bumbo-caixa, enquanto que Bruford estaria fazendo grandes peripécias com seu kit.

O tema central retorna, e Jobson dá sequência aos seus acordes, retomando o tema principal e Wetton encerrando a letra, sem antes deixar de repetir o refrão, com o sombrio iníio completando a canção.

“Rendezvous 6.02” vêm a seguir, com piano elétrico, baixo e cymbal apresentando outra canção na linha do Asia na fase inicial, principalmente pela melodia vocal de Wetton. O tímido refrão apenas entoa o nome da canção, e após mais uma breve estrofe, temos o solo de piano de Jobson, com Wetton fazendo boas escalas no baixo e onde Bozzio finalmente se apresenta para os fãs do UK, com boas e rápidas viradas, voltando então para o refrão e ao encerramento da canção com mais uma estrofe da letra de Wetton.

O lado A encerra-se com a pérola “The Only Thing She Needs”, que começa com um ótimo solo de Bozzio. Marcações de baixo, bateria e teclados, trazem o tema principal, com a canção virando uma dançante faixa comandada pela marcação de Wetton e Bozzio, onde Jobson sola utilizando violino e sintetizadores. O tema dos teclados aumenta de velocidade, e então Wetton passa a cantar sobre o andamento dos teclados, baixo e bateria, com Bozzio novamente fazendo uma boa performance.

Mais um curto solo de Bozzio e voltamos ao início da canção, para Wetton seguir a letra. Bozzio executa uma rápida virada que leva ao início dos solos de Jobson, primeiramente ao piano elétrico, e tendo apenas a companhia de intervenções de Bozzio. Wetton então passa a marcar o tempo enquanto Bozzio e Jobson travam uma batalha particular, chegando ao clímax da canção no delirante solo de violino, que antecede os ritmos oitentistas que apareceriam em diversas bandas posteriormente, com uma pegada fantástica de Bozzio e Wetton, além do próprio Jobson fazendo acordes no seu órgão hammond, que são seguidos por um virtuoso solo no mesmo instrumento.

Um crescendo dos acordes, onde o destaque vai para as escalas de Wetton, e essa excelente faixa encerra-se com longos acordes do baixo e dos sintetizadores, entre rápidas viradas executadas por Bozzio.

Segunda formação do UK: Jobson, Wetton e Bozzio

“Caesar’s Palace Blues” abre o lado B com longos acordes de violino entre batidas de Bozzio e marcacão de Wetton. Bozzio novamente trabalha muito bem, e Jobson apresenta o intrincado tema central nos teclados, seguido pelo baixo e pela marcação de Bozzio. Violinos surgem trazendo o vocal de Wetton, entoando o nome da canção entre as intervenções do violino. Aliás, essa é a canção da carreira do UK onde Jobson mais utiliza esse instrumento, que também irá aparecer bastante nas duas faixas seguintes. O solo que Jobson faz aqui, utilizando-se de escalas similares as de Darryl Way (Curved Air) é sensacional, levando então para o encerramento da canção.

“Nothing To Lose” já possui um andamento bem mais oitentista, recheado de teclados e com a marcação cavalgando lentamente pelo baixo e bateria. Temos claramente um embrião de Asia, recheado de vocalizações que entoam o nome da canção, e em um andamento que só não é mais parecido com o Asia primeiramente por que ele ainda não existia, e segundo pela ausência das guitarras de Steve Howe. Essa canção é perfeita para os amantes do estilo, e facilmente poderia ter se transformado em trilha de propaganda de cigarros. Destaque para mais um interessante solo de violino feito por Jobson.

O LP encerra-se com mais uma jóia. Sintetizadores vagarosamente introduzem “Carrying No Cross”, acompanhados de muitos eletrônicos, até Wetton começar a cantar. Resquícios de King Crimson surgem na melodia vocal de Wetton, que está acompanhado apenas pelos sintetizadores. A bateria aparece, e o climão viajante de canções como “Starless and Bible Back”, “The Night Watch” e “Exiles” (todas do King Crimson) toma conta do recinto a partir dos teclados e do violino.

Wetton segue a letra da canção, e assim, começa a sequência de solos de Jobson. Para os que consideram o tecladista/violinista apenas um mero coadjuvante nas bandas por onde passou, essa é a canção que ele precisava para demonstrar suas habilidades e gravar seu nome como um dos principais nomes do rock progressivo. Com o piano elétrico, Jobson começa a solar acompanhado pela forte marcação de Wetton e Bozzio. Intrincadas intervenções do hammond modificam a canção, que ganha um ritmo veloz com Bozzio utilizando bastante os dois bumbos, além de viradas precisas que se encaixam perfeitamente com o que Jobson está fazendo no piano elétrico.

Wetton passa a fazer uma marcação que dita o ritmo da sequência da canção, enquanto Jobson delira nos sintetizadores e Bozzio cria um ritmo totalmente insano para acompanhar a doideira de Jobson e a marcação de Wetton. Jobson salta como Keith Emerson para o hammond, fazendo um dos melhores solos de sua carreira, para então, com os sintetizadores, executar os acordes que Wetton permanece incansavelmente executando. Jobson ainda executa um virtuoso solo com o piano, que então o leva para a utilização de diversos eletrônicos, enquanto Bozzio destrói atrás do bumbo.

Finalmente, a canção ganha uma cadência que leva para o solo de violino, com a melhor canção de Danger Money encerrando-se tendo apenas Wetton cantando o final da letra acompanhado pelos eletrônicos de Jobson. 

O derradeiro álbum ao vivo

O UK partiu para uma excursão mundial, passando por países como Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos e Japão, onde as apresentações no Sun Plaza e no Seinen Kan de Tóquio foram registradas no álbum Night After Night (1979), com o grupo lançando duas canções inéditas: “Night After Night” e “As Long As You Want Me Here”.

Após o lançamento desse álbum ao vivo, o UK encerrou suas atividades, com os músicos partindo para projetos individuais, onde Wetton foi montar o Asia ao lado de Steve Howe, Geoff Downess (teclados) e Carl Palmer (bateria), Jobson integrando o Jethro Tull e Bozzio criando a banda Missing Persons, ao lado de Dale Bozzio (esposa do baterista) nos vocais, Patrick O’Hearn (baixo, que havia tocado com Bozzio na banda de Frank Zappa) e Warren Cucurullo (guitarra, também ex-membro da banda de Zappa).
Em 98, saiu o CD Concert Classics Vol. 4 – UK, trazendo uma apresentação do grupo com a formação original em 1978. Wetton e Jobson lançariam ainda o álbum Legacy , trazendo como convidados músicos como Bruford e Steve Hackett (Genesis), mas que acabou sendo abortado.

Fundado por alguns dos maiores nomes do cenário progressivo mundial, o UK obteve em sua curta carreira o respeito e a admiração do público e da crítica especializada, apresentando uma sonoridade que associava as novas tendências do rock progresivo  e também utilizando-se da formação jazzista de seus integrantes, culminando com o surgimento do estilo que ficou conhecido como Adult Oriented Rock (AOR).
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