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domingo, 17 de junho de 2018

Supertramp - Parte I




Formado no ano de 1969 através de um anúncio do pianista e vocalista Rick Davies (ex-The Joint) no famoso semanário inglês Melody Maker, o Supertramp conquistou o mundo na década de 70 com um pop progressivo de alta qualidade, embalado por grandes clássicos que até hoje tocam nas rádios, e consolidado por uma das formações mais emblemáticas do mundo da música.

Essa Discografia Comentada do grupo britânicos irá ser dividida em duas partes. A primeira abrange os sete discos lançados entre a primeira formação da banda e a saída de um de seus principais membros, Roger Hodgson. A segunda, em quinze dias, trará os álbuns lançados pelo grupo pós-saída de Hodgson.

Uma das grandes estreias de todos os tempos

Lançado em julho de 1970, a estreia homônima do Supertramp é uma joia da psicodelia inglesa. A formação do grupo consistia em um quarteto, tendo como pilares o piano e o vocal de Davies (que também nessa época ainda tocava hammond e harmônica) e o violão, baixo (sim, baixo) e o vocal de Roger Hodgson (que também toca violoncelo e flajolé), na companhia de Richard Palmer (guitarras, balalaika, vocais) e Robert Millar (bateria, harmônica). Supertramp é um álbum muito distinto na discografia da banda, mas não tem um fator importante, que irá surgir e se repetir em todos os discos dessa primeira parte, que é a divisão vocal das músicas entre Davies e Hodgson. 

O predomínio dos vocais é de Hodgson, e assim como seus vocais, o disco também exala uma atmosfera jazzy fundamentada na guitarra e no órgão. A única faixa que há divisão de vocais entre Davies e Hodgson é a pegadaça "Nothing To Show", uma pancada com o baixão de Hodgson e o órgão de Davies espancando a cara do ouvinte através do ritmo de Millar e Palmer, e com uma grandiosa jam session na qual afloram inspirações no órgão e na guitarra. "It's a Long Road" é um som psicodélico levado pelo órgão de Rick, assim como "Shadow Song", faixa flower-power onde podemos ouvir o flajolé com destaque. 


O Supertramp e sua primeira formação, ao vivo na TV

As leves "Surely", com linda participaçãodo Hammond, e "Words Unspoken", guiada pela guitarra de Palmer e com o marcante vocal de Hodgson, são as únicas que contém elementos mais conhecidos para os apreciadores da banda na fase "The Logical Song", assim como a baladaça "Aubade And I Am Not Like Other Birds of Prey", com uma sensacional execução de Roger ao baixo, e onde percebe-se os dedilhados de violão que iriam ser um dos responsáveis por consagrar a banda anos depois. Para quem curte explorações instrumentais, delicie-se com "Maybe I'm a Beggar", um show de guitarras, órgão, vocalizações (divididas entre Hodgson e Palmer), para sair cantando pela casa, e a épica "Try Again", treze enlouquecedores minutos de um arranjo musical soberbo, e com uma jam session arrepiante, onde podemos conferir um pouco das habilidades de Hodgson ao baixo, e tendo a guitarra de Palmer como principal instrumento. 

Não posso esquecer da leve "Home Again", apenas com voz, guitarra e violão, e da vinheta "Surely", que pouco acrescentam à um disco impecável, talentosissimamente resenhado pelo meu amigo Ronaldo Rodrigues nesse link, e que vendeu muito pouco em sua primeira tiragem. Somente em 1977, com um relançamento americano, é que o mundo veio a realmente conhecer uma obra seminal dos ingleses. Como uma última curiosidade, foi gravado em apenas nove sessões, todas da meia-noite às 6 da manhã, como uma forma de superstição do grupo.


A primeira formação do Supertramp, adicionada do flautista Dave Winthrop.Rick Davies, Roger Hodgson, Richard Palmer, Frank Miller e Winthrop (L to R)
Algumas canções desse álbum entraram na rara trilha do filme Extremes (1972), de Tony Klinger e Michael Lytton.  Foram usadas "Words Unspoken", "Surely" e "Am I Not Like Other Birds Of Prey". Além delas, destaque da trilha para a participação do grupo Arc. A trupe chegou a participar da edição do Festival da Ilha de Wight de 1970, já com o flautista Dave Winthrop. No mesmo festival que se apresentou The Who, The Doors, entre outros, o Supertramp abriu a segunda noite de espetáculos. Mas ainda naquele ano Palmer discutiu com Hodgson e se mandou para escrever as letras do King Crimson, enquanto Millar teve um colapso nervoso durante uma turnê na Noruega, desmontando a banda. A dupla remanescente, Hodgson e Davies, junto com Winthrop, reformulou o grupo no ano seguinte, e criou outro álbum igualmente excelente.
Nova formação para o segundo disco da banda, tão bom quanto o primeiro


A nova formação contava agora com Davies, Winthrop, Hodgson (assumindo as guitarras),  Kevin Currie (bateria) e Frank Farrell (baixo). Lançado em junho de 1971, Indelibly Stamped é um dos melhores trabalhos dos britânicos, ainda bastante usuário de elementos psicodélicos. 

Aqui os vocais de Davies estão predominantes, começando pelo boogie inicial de "Your Poppa Don't Mind", destacando o baixo de Farrell e o solo de piano elétrico, passando por "Coming Home to See You", balada ao piano que transforma-se em um bluegrass instrumental de primeira, o rockzão de "Remember", a primeira participação do saxofone em uma música dos britânicos, e também com um exímio solo de harmônica por Davies, e a dançante "Friend in Need", contendo boas vocalizações.  "Forever" e "Times Have Changed", ambas com Davies nos vocais, são canções representativas do que irá se tornar o Supertramp anos depois, levadas pelo piano e pelo vocal de Davies em baladas emotivas e tocantes. 


Clássica imagem estampada na capa interna do segundo álbum

Falando em baladas, "Rosie Had Everything Planned" também é representante desse estilo, com um belo solo de acordeão por Farrell, e tendo Hodgson ao baixo e vocal. As outras duas canções com Hodgson no vocal são "Travelled", com sua linda introdução apenas com flauta e violão, e sofrendo uma transformação surpreendente, para um rock sessentista muito bom, e a sensacional "Aries", obra seminal da carreira da banda conduzida pelos violões, a voz de Hodgson e uma alucinante flauta, bem como uma leve percussão e intervenções do piano elétrico, em um clima de luau que dura perfeitos 7 minutos. 

Winthrop também dá o ar da graça no posto de vocalista principal, mandando ver em "Potter", faixa com uma pegada na linha The Band, e com ótima participação da guitarra. Como seu antecessor, vendeu muito pouco no seu lançamento, mas a partir do crescimento da banda, ganhou fama, chegando a conquistar ouro no Canadá e na França. Aos colecionadores, a versão original americana possui os bicos dos seios da mulher tapados com estrelas. Edição essa que é uma raridade hoje em dia.


Supertramp em 1972: Dave WInthrop, Roger Hodgson, Frank Farrell, Rick Davies e Kevin Currie


Davies estava convencido de que sua ideia musical era correta, mas talvez os nomes não fossem os apropriados. Então, reformulou o grupo mais uma vez, substituindo a cozinha por dois músicos não ingleses: o americano Bob Siebenberg (bateria, vocais, na época grifado como Bob C. Benberg) e o escocês Dougie Thomson (baixo), o último ex-The Alan Bowl Set, assim como John Anthony Helliwell, o novo saxofonista, e o responsável por dar o toque final para a criação de uma das mais importantes formações do rock mundial.
O incontestável Crime of the Century


Uma grande reformulação no grupo levou à entrada de John Helliwell (saxofone), Bob Siebenberg (bateria) e Dougie Thomson (baixo), unindo-se a Hodgson (agora nos piano elétrico, vocais, guitarras) e Davies (teclados, piano) para fechar uma das formações mais importantes do rock mundial, que estreou com diversos clássicos. 

A partir de Crime of the Century, lançado em 1974, os britânicos encontram a fórmula do sucesso, e passam a ter a mais importante característica do grupo: a divisão dos vocais. Com Davies, percebe-se um crescimento na interpretação. Ele é responsável pela leve "Asylum", com a presença do piano elétrico em evidência, o jazz "Bloody Well Right", com Hodgson desfilando seus dotes no wah-wah. 


Encarte de Crime of the Century

Já Hodgson emociona através de "Hide in Your Shell", comprovando que além de um ótimo guitarrista também é um exímio pianista e um talentoso vocalista - a dose de emoção que ele atribui à essa faixa, junto com vocalizações muito bem encaixadas, feitas por Christine Helliwell, Scott Gorham e Vicky Siebenberg, é arrepiante - , arrasar corações na suave "If Everyone Is Listening", e comandar o clássico "School", faixa que abre o disco de forma brilhante, através de um riff de harmônica que talvez seja o mais conhecido desse instrumento, e que rapidamente tornou-se essencial em todos os shows da banda a partir de então. 


O single de "Dreamer"
E deixou para a história musical o primeiro grande sucesso do grupo, "Dreamer", faixa comum, pop ao extremo, com o piano Wurlitzer fazendo sua mais importante participação dentre as obras do grupo, mas particularmente, considero a faixa mais fraca do disco, apesar de seu single ter chegado na 13a posição no Reino Unido. 


Já as que considero as melhores faixas são a própria faixa-título, interpretação arregaçante nos vocais e no piano, por parte de Davies, com um crescendo de chorar, e a sensacional "Rudy", uma Maravilha Prog (perdida pela Uol ...) com Davies fazendo misérias ao piano, Helliweel dando uma contribuição incrível com o saxofone, Hodgson estraçalhando com a guitarra e um duelo vocal Hodgson / Davies de tirar o fôlego. Meus colegas consultores e eu comentamos um pouco mais sobre este que é terceira posição dos melhores do grupo em minha opinião (segunda posição) aqui. Chegou entre os 10 mais no Reino Unido (quarta posição), e ficou entre os 40 mais nos Estados Unidos, onde ganhou ouro e o single de "Bloody Well Right" chegou na posição 35.

O mediano quarto álbum

Depois do sucesso de Crime of the Century, e uma longa turnê pela Europa e América do Norte, seria difícil manter o alto nível de qualidade musical que havia sido criado em 1974. Não que o quarto álbum da banda, Crisis? What Crisis?, seja um álbum fraco, mas como é apoiado em canções que ficaram de fora de seu antecessor (para se ter ideia, o Supertramp registrou 42 faixas durante as gravações de Crime of the Century, e só lançou 8), já temos uma ideia do nível mediano que vem pela frente. Um álbum com poucas inspirações progressivas,mas que continua com a democratização das divisões vocais. 

Para Davies, ficou a responsabilidade de comandar a jazzística "Ain't Nobody But Me", o grande sucesso do disco, com ótima participação da guitarra de Hodgson, o ritmo acelerado de "Another Man's Woman", também com importante presença da guitarra, e com um show a parte de Davies ao piano, além de utilizar o Wurlitzer durante a leve "Poor Boy". E que lindo solo de clarinete. Já Hodgson usa o violão e a guitarra para estabelecer suas composições e seus vocais, destacando "Sister Moonshine" como a sua principal canção do álbum, utilizando novamente o flajolé, comandando o dedilhado de "The Meaning", melhor canção do disco, relembrando bastante os primeiros álbum, e criando as bonitas "Easy Does It" e "Two Of Us", garantia certa de romance com o (a) companheiro (a). 


Uma das principais duplas do rock mundial

Hodgson também faz a prima nova de "Dreamer", usufruindo do Wurlitzer durante "Lady". Longe das cordas elétricas, faz até as paredes chorar ao piano elétrico durante a linda "A Soapbox Opera", fácil uma das melhores do LP, contando com a presença de sintetizadores imitando cordas, o que ocorre também na romântica "Just A Normal Day", essa tendo ambos dividindo os vocais. Foi o primeiro disco do Supertramp registrado nos Estados Unidos, o qual virou a sede do Supertramp a partir de então. 

Ficou apenas entre os 20 melhores no Reino Unido, e não atingiu se quer os 40 mais vendidos nos Estados Unidos, mas como disse, não é um disco desprezível. Apenas teve a infelicidade de ser lançado após uma obra-prima, e pior, antes do melhor disco da banda!


O melhor álbum da banda

Even in the Quietest Moments ... (1977) é o álbum que coloca-os novamente nas paradas britânicas e americanas, fazendo uma mistura soberba de baladas pop com pinceladas progressivas, comandado pelo hit "Give a Little Bit", faixa dançante levada pelo violão e voz de Hodgson, como só o Supertramp sabe fazer, destacando o solo de saxofone por Helliwell, e que está frequentemente nas rádios até hoje. Hodgson é a voz na linda faixa título, onde o trabalho de Helliwell é digno de nota. 



Davies canta o jazz suave de "Lover Boy", com as vocalizações já características e um bonito solo de guitarra, e comanda sozinho, com voz e piano, a sensacional "Downstream", uma dedicatória de amor perfeita para esses dias de inverno, gravada ao vivo no estúdio em uma única tomada. O ápice do LP vai para seu lado B, um dos melhores de todos os tempos, começando por "Babaji", emotiva canção cantada por Hodgson e com Helliwell também marcando presença em seu solo. Depois, temos "From Now On", super balada comandada por Davies ao piano e voz, com um encerramento em crescendo fascinante, e o saxofone de Helliwell novamente sendo grande atração. 

A formação clássica: John Helliwell, Bob Siebenberg, Rick Davies, Dougie Thomson


e Roger Hodgson


Por fim, a melhor canção dos britânicos, a mini-suíte "Fool's Overture", uma faixa espetacular, onde o quinteto faz valer sua criatividade de composição, entregando algo complexo, admirável, inesquecível e responsável por fazer com que muitos críticos e jornalistas classifiquem a banda como progressiva, já que ela realmente é uma Maravilha Prog (Uol, cadê essa matéria?). A importância de "Fool's Overture" é tamanha para o álbum que a capa de Even in the Quietest Moments ... destaca um Grand Piano na neve, com a partitura da canção. O disco - único da formação clássica a não contar com a participação do piano Wurlitzer - chegou na décima sexta posição nos Estados Unidos (décimo segundo no Reino Unido), e foi o primeiro LP do grupo a conquistar ouro na América (mais de quinhentas mil cópias vendidas). Foi primeiro em vendas na Alemanha e Canadá, segundo na Nova Zelândia e terceiro na Noruega, ampliando o nome do grupo por todo o planeta.


O grandioso Breakfast in America

Com Breakfast in America (1979), finalmente o Supertramp entra no Hall das Grandes Bandas de Todos os Tempos, e se entrega ao mundo Pop, com o Wurlitzer voltando à tona e comandando as principais faixas e consolidando o som próprio da banda. Platina quádrupla nos Estados Unidos (EUA), é até hoje o álbum mais bem sucedido da banda, tendo vendido mais de 20 milhões de cópias até hoje. Só as clássicas “Goodbye Stranger”, “Take the Long Way Home”, “The Logical Song”, e a faixa-título já fazem o álbum merecer os grandes números que atingiu, pois se tornaram singles de muito sucesso. 

"Goodbye Stranger", cantada por Davies e com um refrão marcante entoado por Davies e Hodgson, além do Wurlitzer puxar o riff, atingiu a quinta posição no Canadá e a décima quinta nos EUA. "Take the Long Way Home" é cantada por Hodgson, resgata a presença da harmônica, e também quinto no Canadá, décimo nos EUA, e não lançado no Reino Unido. "The Logical Song" foi número 1 no Canadá, 6 nos EUA e 7 no Reino Unido. Foi a canção que me apresentou ao grupo - ainda hoje tenho grande apreço por ela, apesar de considerá-la uma das mais fracas do disco. "Breakfast in America" ficou em nono no Reino Unido. Essa última possui a participação de Slyde Hyde na tuba e no trombone, e é um Pop direto, grudento, mas muito bom.


single de "Goodbye Stranger"

Escondida nos sulcos de um disco praticamente perfeito, a obra-prima “Child of Vision” é uma perfeita faixa progressiva, disparada a melhor música do LP, cantada por Hodgson e Davies, comandada pelo Wurlitzer e com um longo trecho instrumental onde o solo de piano por Davies é de se aplaudir em pé. Wurlizer também marcante em “Just Another Nervous Wreck”, onde a guitarra também aparece em destaque. 

Tem-se também a força de “Gone Hollywood”, pancada que abre o disco, cantada por Davies acompanhado de fortes vocalizações e fundamental presença do saxofone, e “Lord Is It Mine”, rara faixa com Hodgson ao piano, e forte candidata a melhor balada cantada por ele. Fechando, a simplicidade de “Oh Darling”, mais uma faixa suave com o Wurlitzer em destaque, cantada por Davies, e “Casual Conversations” para tornar o recheio do LP ainda mais gostoso, e deixar nossos ouvidos satisfeitos com um marco musical sendo transmitido.

Algo que chama bastante a atenção é a participação de Helliwell, cada vez mais importante para caracterizar a sonoridade do Supertramp, e que em especial em Breakfast in America, talvez seja sua melhor performance. Primeiro lugar em vendas na Austrália, Áustria, Alemanha, Canadá, Espanha, Nova Zelândia, Noruega e Suécia, segundo na Suécia e Japão (o mais novo mercado conquistado pelo quinteto até então) e terceiro na Itália e Reino Unido. O mundo estava sob os pés dos britânicos.

O excelente ao vivo Paris

Da turnê de divulgação desse álbum, saiu Paris (1980), um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos, e que só atesta a importância de Crime of the Century, já que sete das oito faixas do LP estão registradas nesse ao vivo. Aliás, falando em França, Breakfast in America é até hoje um dos cinco discos mais vendidos em todos os tempos naquele país.

O single de "Dreamer", retirado desse álbum, foi sucesso no Canadá e Estados Unidos. O álbum também contém "You Started Laughing", faixa lançada somente como lado B do single de "Lady". O DVD de Paris foi lançado somente em 2012, sob o nome Live in Paris '79. As coisas já não andavam bem entre os membros do grupo. Hodgson havia abandonado Los Angeles, indo viver nas montanhas do Norte da Califórnia. Era o começo do fim do Supertramp, como apresentarei em quinze dias.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Podcast Grandes Nomes do Rock #28: Supertramp



Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)

Essa semana, o Podcast Grandes Nomes do Rock apresenta um dos grupos mais importantes do rock britânico nos anos 70, o essencial Supertramp. Em duas horas de programa, passaremos pela carreira de Rick Davies e companhia, apresentando canções desconhecidas do início psicodélico, um bloco especial com suítes progressivas registradas, o bloco O DISCO, homenageando um LP específico do grupo, além de artistas que regravaram canções compostas pelo Supertramp.




Rick Davies, Roger Hodgson, Richard Palmer, Robert Millar e Dave Winthrop

O grupo foi formado no ano de 1969 através de um anúncio do pianista e vocalista Rick Davies no famoso semanário inglês Melody Maker. Responderam ao anúncio diversos músicos, mas os escolhidos foram Roger Hodgson (baixo - sim, ele entrou como baixista - e vocais), Richard Palmer (guitarras - que faria sucesso como letrista do King Crimson) e Robert Millar (bateria). Naquela época, a A&M Records era uma pequena gravadora londrina, e o grupo foi um dos primeiros a assinar com a mesma, lançando o fabuloso álbum Supertramp no início de 1970. O disco trás ótimas canções, mostrando a banda no estilo flower power do fim dos anos 60, mas também com uma certa tendência progressiva. 

Roger Hodgson, Kevin Currie, Rick Davies, Frank Farrell e Dave Winthrop

Como a banda não fez sucesso, houve uma reformulação dos músicos, primeiro com a entrada de Dave Winthrop (flauta e saxofone), e depois, com a formação ficando com Davies, Winthrop, Hodgson assumindo as guitarras, Kevin Currie (bateria) e Frank Farrell (baixo). Com essa formação lançam Indelibly Stamped (1971). A capa da mulher nua tatuada causou uma certa polêmica, o que fez com que o nome Supertramp ficasse mais conhecido na Europa. 

Formação clássica: Rick Davies, Bob Siebenberg, Roger Hodgson, Dougie Thomson e John Helliwell
Como o Supertramp não emplacava de jeito nenhum, Davies decidiu novamente fazer uma reformulação. Mantendo Hodgson, que agora assumia além da guitarra também os teclados, passou a recrutar membros pela Inglaterra. O primeiro músico a ser agregado foi o baixista Dougie Thomson, o qual já havia participado de alguns shows do grupo no período da primeira modificação. Um grande número de bateristas apareceram para o posto, e o selecionado foi Bob Siebenberg. Por fim, John Helliwell assumiu o posto do saxofone, instrumentos de sopro, vocais e teclados, completando a formação mais importante do grupo.

Ela estreiou com o single de "Land Ho", lançado ainda em 1973, e no primeiro LP, Crime of the Century (1974), conquistou o mundo. Canções como "School", "Bloddy Well Right", "Dreamer" e "Crime of the Century" chegaram entre as 40 mais nos Estados Unidos, fora outras belas canções como "Rudy" e "Hide in Your Shell", que ajudaram a definir a nova sonoridade do Supertramp, onde Davies e Hodgson alternavam as linhas vocais, duelando com teclados, órgão e piano, tendo a participação influente dos sopross de Helliwell e assegurados por uma precisa cozinha formada por Siebenberg e Thomson. O LP atingiu a primeira posição em vendas no Reino Unido. 

O grupo partiu para uma bem sucedida turnê pela europa, e em novembro de 1975, lançou Crisis? What Crisis?, que se não saiu tão bem quanto seu antecessor, deixou para a posteridade pelo menos mais dois clássicos: "Two of Us" e "Ain't Nobody But Me". Mantendo a sequência de um ano em excursão, um ano gravando/descansando, em 1977 voltam as paradas com o fundamental Even in the Quietest Moments. Canções como "Give a Little Bit", "Babanji" e a épica suíte "Fool's Overture", fizeram com que o nome do grupo crescesse cada vez mais, principalmente nos Estados Unidos, para onde decidiram se mudar.

Single japonês de "The Logical Song"

A influência americana apareceu logo no álbum seguinte, inclusive no nome do mesmo: Breakfast in America (1979). Assim como Crime of the CenturyBreakfast in America é repleto de clássicos, como "The Logical Song", "Breakfast in America", "Goodbye Stranger" e "Take the Long Way Home", as quais ficaram entre as 15 mais nos Estados Unidos. Este foi o primeiro LP do grupo a chegar na primeira posição na Billboard americana, ficando em terceiro no Reino Unido.

Uma gigantesca turnê elevou o nome Supertramp para o hall dos principais grupos do rock no final dos anos 70, com seus álbuns vendendo e muito. O sucesso culminou no fundamental ao vivo Paris (1980), um dos melhores álbuns ao vivo da história do rock. Nele, versões mais que fiéis e especiais para diversos clássicos do grupo pós-Crime of the Century, recheiam o álbum duplo, com destaque para a versão de "Fool's Overture".

Supertramp no auge da carreira
Porém, o excesso de shows e também problemas pessoais começaram a desgastar a relação entre Hodgson e os demais membros do grupo. Hodgson estava com dois filhos pequenos, e também com problemas de saúde, decidindo então se retirar por um período do mundo da música. 



Assim, em 1982, saiu o último LP com a formação clássica, ... Famous Last Words. Outro álbum de grande sucesso, levou para o topo das paradas "My Kind of Lady" e "It's Raining Again", para então, o Supertramp partir em uma longa turnê de despedida para Hodgson, encerrando em uma apresentação emocionante na Alemanha, em 24 de julho de 1983, e que foi registrada no VHS Live in Germany (1983).


Após isso, Hodgson se mudou para Los Angeles, em uma região nas montanhas da Califórnia, onde ele construiu uma casa e um estúdio particular, dedicando-se primeiramente a uma vida espiritual e focando-se na sua família, para então voltar em uma carreira solo de altos e baixos.


Supertramp, já sem Hodgson



O Supertramp segiu como quarteto, com Davies assumindo todos os vocais, e sem deixar a peteca cair, em 1985 lançam Brother Where You Bound, com destaque para "Cannonball" e para a longa suíte "Brother Where You Bound", uma maravilha prog que conta com a participação de David Gilmour (Pink Floyd) na guitarra. Esse álbum chegou na vigésima primeira posição nos Estados Unidos, mantendo a chama do grupo acesa para a gravação de mais um LP.


Free as a Bird chegou as lojas em 1987, trazendo a participação de Mike Hart nas guitarras e vocais. O grande destaque do LP é a canção "I'm Beggin' You", primeiro lugar nos Estados Unidos. As boas vendas de Free as a Bird colocaram o Supertramp na estrada novamente, inclusive com o grupo vindo pela primeira vez ao Brasil para encerrar a segunda edição do festival Hollywood Rock, em 1988. Dessa turnê, foi registrado o álbum Live '88, contando com Mike Hart como membro-convidado, e após ela, Thomson saiu, inconformado com o uso das canções de Hodgson durante as apresentações.


Supertramp anos 90: Mike Hart, Lee Thornburg, Carl Verheyen, Rick Davies, John Helliwell, Bob Siebenberg, Cliff Hugo e Tom Walsh

Sem um baixista, Davies decidiu encerrar as atividades do grupo temporariamente. Somente em 1996, ele reformou o Supertramp, contando com Helliwell, Siebenberg, Hart (efetivado como membro oficial) e ainda Cliff Hugo (baixo), Lee Thornburg (trompete, trombone), Carl Verheyen (guitarra) e Tom Walsh (percussão). Essa formação lançou o bom álbum Some Things Never Change (1997), saindo em uma bem sucedida turnê que foi registrada no álbum It Was the Best of Times, gravado ainda em 1997, mas lançado apenas em 1999.


Em 2001, chegou as lojas o álbum ao vivo Is Everybody Listening?, trazendo uma apresentação do Supertramp em 1975, e em 2002, Slow Motion encerrou a carreira de álbuns da banda, contando com Jesse Siebenberg na percussão. Por fim, em 2010, a série de álbuns ao vivo 70-10 Tour foi lançada para comemorar os 40 anos do grupo, que fez parte da turnê 70-10, na qual o Supertramp ainda está se apresentando por diversos países ao redor do planeta.

Coleção de vinis do Supertramp


Track list Podcast # 27: It's Only R'n'R and We Love it
Bloco 01
Abertura: "La Bamba" [do álbum Ritchie Valens - 1959 (Ritchie Valens)]
"Johnny B. Goode" [do álbum ... Berry is on Top - 1959 (Chuck Berry)]
"Jailhouse Rock" [do compacto Jailhouse Rock - 1957 (Elvis Presley)]
"Great Balls of Fire" [do compacto Great Balls of Fire - 1957 (Jerry Lee Lewis)]
"Help Me Rhonda" [do álbum Today! - 1965 (Beach Boys)]
"Twist and Shout" [do álbum Please Please Me - 1963 (The Beatles)]
"(I Can't Get No) Satisfaction" [do álbum Out of Our Heads - 1965 (The Rolling Stones)]
"For Your Love" [do álbum BBC Sessions - 1997 (Yardbirds)]
"Little Wing" [do álbum Axis: Bold as Love - 1967 (Jimi Hendrix)]
"Try (Just a Little Bit Harder)" [do álbum I Got Dem 'Ol Kosmic Blues, Again Mama  - 1969 (Janis Joplin)]
"Break on Through (To the Other Side)" [do álbum The Doors - 1967 (The Doors)]

Bloco 02
Abertura: "Sunshine of Your Love" [do álbum Disraeli Gears - 1967 (Cream)]
"Have You Ever Seen the Rain?" [do álbum Pendulum - 1970 (Creedence Clearwater Revival)]
"Born to Be Wild" [do álbum Steppenwolf - 1969 (Steppenwolf)]
"Paranoid" [do álbum Paranoid - 1970 (Black sabbath)]
"Highway Star" [do álbum Machine Head - 1972 (Deep Purple)]
"Rock and Roll" [do álbum IV - 1971 (Led Zeppelin)]
"Shout it Out Loud" [do álbum Destroyer - 1976 (Kiss)]
"Highway to Hell" [do álbum Highway to Hell - 1979 (AC/DC)]


Bloco 03
Abertura: "Sangue Latino" [do álbum Secos & Molhados - 1973 (Secos & Molhados)]
"Ando Meio Desligado" [do álbum A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado - 1970 (Mutantes)]
"Rock do Diabo" [do álbum Novo Aeon - 1975 (Raul Seixas)]
"Envelheço na Cidade" [do álbum Vivendo e Não Aprendendo - 1986 (Ira!)]
"Sexo" [do álbum Sexo! - 1987 (Ultraje A Rigor)]
"Será que é Isso que Eu Necessito" [do álbum Titanomaquia - 1993 (Titãs)]
"Puteiro em João Pessoa" [do álbum Raimundos - 1994 (Raimundos)]


Bloco 04
Abertura: "Carry on My Wayward Son" [do álbum Leftoverture - 1976 (Kansas)]
"Anarchy in the UK" [do álbum Nevermind the Bollocks, Here is the Sex Pistols - 1978 (Sex Pistols)]
"London Calling" [do álbum London Calling - 1979 (The Clash)]
"Holiday in Cambodia" [do álbum Fresh Fruit for Rotting Vegetables - 1980 (Dead Kennedys)]
"Pet Sematary" [do álbum Brain Drain - 1989 (Ramones)]
"Breaking the Law" [do álbum British Steel - 1980 (Judas Priest)]
"Aces High" [do álbum Powerslave - 1984 (Iron Maiden)]


Bloco 05
Abertura: "Paradise City" [do álbum Appetite for Destruction - 1987 (Guns N' Roses)]
"The One I Love" [do álbum Document - 1987 (R. E. M.)]
"Epic" [do álbum The Real Thing - 1989 (Faith No More)]
"Smells Like Teen Spirit" [do álbum Nevermind - 1991 (Nirvana)]
"Alive" [do álbum Ten - 1991 (Pearl Jam)]


Encerramento: "Cigarettes and Alcohol" [do bootleg Manchester - 2001 (Oasis)]
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