quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Capas Legais: Marinho Castellar - Marinho Castellar & Banda Disrritmia [1981]

 


No episódio de hoje, o Capas Legais apresenta uma das capas mais belas lançadas no nosso Brasil varonil. Trata-se do raro Marinho Castellar & Banda Disrritmia, um obscuro LP da década de 80, com influências de psicodelia e folk, e cuja capa revela uma arte belíssima. Acompanhe!


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Steve Hackett - The Night Siren [2017]



Durante 7 anos, o guitarrista inglês Steve Hackett ficou responsável por coordenar as cinco cordas do grupo Genesis, um dos mais importantes nome da cena prog britânica na década de 70, ao lado de Yes, King Crimson, Pink Floyd e Emerson Lake & Palmer. Em 1977, ele abandonou o grupo, buscando novas sonoridades, e seguiu em carreira solo de relativo (ou pouco) sucesso. Hackett realmente voltou à mídia musical em 1986, quando ao lado de Steve Howe, naufragou titanicamente no projeto GTR (de sucesso temporário apenas para quem amava o Pop oitentista).

A partir dos anos 90, o guitarrista resolveu reviver seu passado no Genesis, e investiu pesado nisso, através de Genesis Revisited (1996). Nos anos 2000, montou uma parceria com o grupo húngaro Djabe, participando de vários discos do quinteto, revisitou o Genesis em mais um álbum (Genesis Revisited II, de 2012) até chegar ao seu vigésimo quarto (!) disco de estúdio em 2017, The Night Siren.

Com Jo Hackett, sua esposa

Acompanhado de diversos convidados (os únicos músicos fixos são Rob Townsend, no saxofone, flauta, pífaro, quena, duduk e clarinete, Christine Townsend no violino e viola, e Dick Driver no double bass), tendo como principal deles Roger King, responsável pelos teclados e arranjos (exceto na canção "The Gift", conforme será mencionado), Hackett criou ao lado da esposa Jo Hackett (parceira em 7 das 11 faixas do disco) um álbum muito interessante, misturando elementos e instrumentos de diversas regiões do mundo. The Night Siren passou despercebido por mim quando de seu lançamento, mas nos últimos meses, virou uma constante nas audições que tenho feito no trabalho ou no carro. Hackett é responsável pelas guitarras, alaúde, charango, sitar elétrica e vocais, e você se surpreende como a voz de Hackett é muito boa de se ouvir, com um grave particular mas adocicado, bem diferente do agudo Phil Collins ou da fanha Gabriel.

O álbum começa muito bem, com "Behind the Smoke", uma faixa bastante progressiva, cuja introdução lembra David Bowie em Blackstar, mas que com seu andamento marcial, revela uma canção que alegra de imediato os admiradores de um som jurássico, ainda mais quando Hackett solta a mão para fazer mais um dos seus incontáveis solos majestosos. A grande atração aqui além do solo de Hackett é a orquestração, muito bonita e envolvente, além de Malik Mansurov no Tar (instrumento tradicional da região do cáucaso).  O trecho acústico na segunda metade da faixa já a coloca de cara entre as prováveis favoritas em The Night Siren. As orquestrações também aparecem em "Fifty Miles from the North Pole", uma canção extremamente moderna, com batidas eletrônicas por conta de Gary O'Toole e vocalizações carregadas de efeitos, mas que vale pelo solo Lamb Lies Downiano que Hackett cria. Nessa faixa, temos Ferenc Kovács no trompete e Sara Kovács no didgeridoo (instrumento de sopro dos aborígenes australianos).

Steve Hackett

É bonito ouvir o violão de Hackett na linda "Other Side Of The Wall", com um dedilhado clássico no início, e aquele dedilhado acelerado característico de seu período inicial no Genesis, para abrir aquele sorriso na face do fã. Uma faixa onde o guitarrista mostra que além de exímio nas seis cordas, ele também sabe soltar a voz muito bem. "Anything But Love" também traz o violão como instrumento central, aqui em um ritmo flamenco descomunante. O que Hackett faz ao violão nessa faixa é para se parar tudo o que está fazendo e ouvir com atenção, mas, é só na introdução. Depois, cantando ao lado de Amanda Lehmann, tornar-se algo que nem nos piores momentos do GTR poderíamos imaginar Hackett participando. Como positivo, fica o solo de Hackett com a harmônica, e claro, a bela introdução flamenca. Outra faixa mais abaixo é "In The Skeleton Gallery", com um andamento arrastado e bem diversificada nos ritmos, ora pesada, ora complexa, ora moderna, ora conservadoramente progressiva. Uma faixa estranha, que ainda não me caiu bem.

Versões em vinil branco e Lilás

Porém, esses pequenos deslizes são compensados ao longo de The Night Siren. A experimentação musical de "In Another Life", por exemplo, é surpreendente. O ritmo dos violões na introdução parece nos levar aos tempos medievais. Já a entrada dos vocais tornam a canção quase que apropriada para um luau, e dominada pelas belas vocalizações femininas. Boa faixa, com uma segunda metade surpreendente, onde a gaita irlandesa de Troy Donockley predomina de forma encantadora. "Martian Sea" possui um andamento veloz, graças a participação de Nick D'Virgilio na bateria, com grandes vocalizações e a flauta de John Hackett  que nos remetem a Moody Blues, porém com toques mais modernos, sem permitir o brilho dos solos melódicos das guitarras de Hackett, que aqui mostra um lado virtuoso praticamente desconhecido pelos que o conhecem apenas nas bandas citadas no início do texto. Destaque para o rápido solo de Sitar Elétrica feito por Hackett.

Outra faixa onde os violões surgem com força é a baladaça prog "West to East". O dedilhado dos violões tipicamente Hackettianos são intercalados por trechos vocais muito belos, que trazem a participação dos israelenses Kobi Farhi e Mīrā ‘Awaḍ, assim como Jo Hackett. A bateria ficou a cargo de Gary O'Toole, e o irmão de Hackett, John Hackett, apresenta um belo trabalho na flauta. O arranjo orquestral aqui, com o tema dos violinos, é muito belo. Os instrumentos andinos tocados por Townsend estão presentes na bonita "Inca Terra", faixa com uma harmonia típica dos Andes, e com Hackett brilhando novamente ao violão. Curto muito as vocalizações centrais, a cargo de Hackett, Amanda e Nad Sylvan, que facilmente remetem à Yes, e a parte percussiva que leva ao solo de guitarra é sensacional. Aliás, o pique desse solo vai fazer você certamente lembrar de "Los Endos", e é outra forte candidata a melhor de The Night Siren.

Linda versão Nothern Lights, com a capa imitando a aurora boreal

Das faixas instrumentais, "El Niño" é uma potente canção, onde tudo o que podemos esperar de Hackett na guitarra está ali, ou seja, um solo melodioso, mas inspirado, que em alguns momentos me remeteu a fantástica "Please don't Touch", gravada por Hackett no álbum homônimo de 1976. A bateria aqui está novamente a cargo de Gary O'Toole. Na outra, "The Gift", os teclados de Benedict Fenner e Leslie-Miriam Bennett fazem a cama para Hackett solar gloriosamente, como que mostrando aos fãs o presente que recebeu que é o dom de tocar (E MUITO BEM). Solo tocante, para emocionar estátuas, e fechar com chave de ouro um belo álbum.

Acompanhando o encarte, vamos lendo textos de Hackett que vai nos contando como criou as canções e o conceito para The Night Siren. Então, descobrimos que "Behind the Smoke" é uma homenagem as raízes da família Hackett, "In The Skeleton Gallery" é uma lembrança dos pesadelos de infância de Hackett, "Inca Terra" é uma homenagem para as florestas peruanas do Vale Sagrado, "Other Side of the Wall" é uma história de um sonho de amor que Steve e Jo tiveram, entre outras histórias de um belo disco, que acredito que deve agradar não só a mim, mas todos os fãs de Genesis e rock progressivo em geral.

Linda imagem da capa do CD autografado

Tracklist

1. Behind the Smoke
2. Martian Sea
3. Fifty Miles from the North Pole
4. El Niño
5. Other Side Of The Wall
6. Anything But Love
7. Inca Terra
8. In Another Life
9. In The Skeleton Gallery
10. West To East
11. The Gift

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Consultoria Recomenda: Pioneiros do Rock



 Por André Kaminski

Tema escolhido por Ronaldo Rodrigues

Com Daniel Benedetti, Davi Pascale, Fernando Bueno e Mairon Machado

André: Seguimos com mais uma edição do Consultoria Recomenda sempre alternada com uma do Ouve Isso Aqui. O tema é excelente e então bora ouvir o que os consultores recomendaram para nós!

Ronaldo: Creio particularmente que há uma lacuna em nosso site ao não tratar tão maciçamente dos primeiros dias do nosso venerado rock n’ roll. Vejo que muitas pessoas tem dificuldade de entender a evolução do estilo ao fazer comparações diretas entre o rock do fim dos anos 50 com algo do hard rock dos anos 80 ou o grunge dos 90. As conexões foram ficando mais sutis na medida em que as décadas se passaram, mas isso longe de mostrar que o estilo seria mais “atitude” do que música, mostra a riqueza das possibilidades musicais que existem dentro do rock. Essa lista de indicações busca trazer luz para os pioneiros, os que lançaram as fundações dessa grande construção chamada rock.


Jerry Lee Lewis - Jerry Lee's Greatest [1961]

Por Ronaldo Rodrigues

Jerry Lee Lewis é um dos grandes nomes do piano no rock. Além de sua capacidade de também ser agressivo e intenso, Lewis trazia consigo uma malandragem dos pianistas de bar. Seu som traz alguns temperos rítmicos que o diferenciavam de outros pares e sempre havia algum momento da música em que seu piano vinham para o primeiro plano, não apenas seu vocal e as letras das músicas. O caldeirão de Lewis trazia referências de muitas variantes de blues, de country e até de swing-jazz, flavorizadas com sua atitude rebelde e seu talento ao piano. Outro clássico do rock n’ roll está aqui registrado – "Great Balls of Fire" – que além do piano eletrizante, tem uma batida irresistível.

André: Grande época! Jerry tem uma voz incrível para o estilo e suas canções são sempre dançantes e cativantes. O piano e o baixo são sempre fantásticos. "What'd I Say" é a minha favorita com Lewis debulhando o piano. O que mais me surpreende é que, concordando plenamente com a escolha do Ronaldo quanto ao tema e nossa falta quanto a isso, quando fui criar esta matéria foi perceber que ainda não havia uma tag salva por nós do Jerry Lee Lewis. Lamentável, precisamos todos nós aqui urgentemente ouvi-lo mais.

Daniel: Greatest! é o segundo álbum de Jerry Lee Lewis pelo selo Sun Records. O disco é um exemplo fiel do talento de Jerry Lee, um dos pioneiros do Rockabilly, em faixas vibrantes, com musicalidade frenética e interpretações apaixonantes. Um ótimo exemplo disto é a elétrica “Hillbilly Fever”. Outra boa indicação!

Davi: Sempre adorei o trabalho de Jerry Lee Lewis. Excelente cantor, pianista brilhante, aquele tipo de artista que te cria um fascínio. O rapaz teve um início de carreira avassalador e foi meio que ofuscado após ter vindo a publico a notícia de que ele havia se casado com sua prima Myra. Uma garota de, até então, 13 anos. Musicalmente falando, o cara era um gênio. Adoro aquelas levadas velozes que ele faz no piano, em músicas como "As Long As I Live" e "Hillbilly Fever", para ficar dentro dos exemplos desse disco. Jerry Lee´s Greatest é seu segundo álbum pela Sun e, apresenta todas as facetas que marcaram a sonoridade clássica de 'the killer'; a influencia do blues ("Hello, Hello, Baby"), do country ("Cold, Cold, Heart"), os solos velozes, a levada rockabilly. A música mais conhecida daqui, obviamente, é o hino "Great Balls of Fire". Ótimo álbum, conforme já esperado.

Fernando: O disco começa com “Money” e te ganha por transmitir a vontade de todos, afinal “I need money, that´s what I want”. Porém no restante do álbum o que eu ouvi foram só rock and roll padrão sem nada que chamasse muito atenção até chegar “Great Ball of Fire”, outro clássico imortal do período.

Mairon: Esse é fera; Jerry Lee Lewis era a frente de seu tempo. Seu gênio impetuoso abalou as estruturas da sociedade careta norte-americana do início dos anos 60. Ele era rock 'n' roll na veia. Adoro o estilo de cantar de Lewis ("As Long As I Live", "Breakup" e "Let's Talk About Us") e de tocar piano também ("Frankie And Johnny", "Hello Josephine"  e "Money"). Não é nenhum virtuose, mas faz o chão pegar fogo. O disco vive do grande sucesso "Great Balls a Fire", que acaba eclipsando uma baita coletânea de ótimas músicas para se divertir. Por exemplo, o solo de guitarra em "Country Music Is Here To Stay (Hillbilly Fever)" ou o fraseado de "Home" são avançadíssimos para 1961. Que swingue ouvimos em "What I'd Say", sonzeira. O solo de piano em "Hello, Hello Baby" é muito legal também. A inspiração country de "Cold Cold Heart", faixa de Hank Williams, seria um precursor do country rock? Muita malícia e muita diversão de um gigante. Baita recomendação.


The Outlaws - Dream of the West [1961]

Por André Kaminski

Sempre que há a oportunidade, gosto de indicar uns discos mais diferentes e desconhecidos nessas nossas sessões de recomendações. Um belíssimo disco instrumental com aquele rock típico de filmes de "bang bang" que parece ter vindo direto da produção de algum filme do John Wayne ou do Clint Eastwood. Dedilhados de guitarra, castanholas, sons de tiroteios... várias referências ao Velho Oeste por aqui. É vestir as botas, carregar o revólver, subir no cavalo e se dirigir ao saloon para tomar aquele whisky quente.

Daniel: Este eu nunca havia ouvido. Álbum totalmente instrumental em que, em diversas passagens, pareceu-me uma trilha sonora de algum filme de faroeste. A musicalidade é agradável e antecipa sonoridades que me remeteram ao Beach Boys. Minhas favoritas foram “Husky Team” e “Ambush”. Gostei da audição, foi bem agradável, mas não sei se retornarei.

Davi: Único álbum dessa lista que eu não conhecia. A banda aposta em uma sonoridade instrumental, mas diferente da pegada do The Shadows e do The Ventures. A sonoridade deles tem bastante daquela influência western, me lembrou um pouco aquele som "Ghost Riders In The Sky" nos arranjos. Trabalho interessante, mas minhas preferidas são mesmos as mais baladinhas tipo "Smoke Signals" ou "Spring Is Near". Não é meu som, mas até que foi divertido ouvir.

Fernando: Certamente fui influenciado pela capa, mas tive a impressão de que o som do The Outlaws é uma trilha sonora de algum filme de western, mesmo sendo uma banda britânica. Talvez seja o disco mais diferente dessa lista, totalmente instrumental e o que mais curti de ouvir. A curiosidade é que em 1962 o conjunto teve em suas fileiras um jovem guitarrista que respondia pelo nome de Ritchie Blackmore.

Mairon: The Outlaws é um precursor do country rock, por assim dizer. O estilo suave de suas faixas instrumentais, lideradas pela guitarra melodiosa de Billy Kuy, são para relaxar ao lado de um bom uísque e um pedaço de carne assado na esperteza. A faixa-título é o maior símbolo disso, assim como "Homeward Bound" e "Rodeo" . O embalo da guitarra e o ritmo do conjunto por vezes parece uma polca, mas com todo o swingue do rock 'n' roll. Mas os caras também surfam pela surf music ("Barbecue" e "The Outlaws"), baladinhas ("Spring Is Near" e "Western Sunset") e pelas trilhas de faroeste, ou Bang Bang, "Ambush", "Husky Team", "Indian Brave", "Smoke Signals" e "Tune For Short Cowboys", sempre com uma pegada country e/ou com temáticas indígenas. É um disquinho curto, para curtir de boas, mas nada de sensacional como os colegas de mesmo ano aqui recomendados.

Ronaldo: Grupo inglês instrumental que adotava a fleuma dos filmes western, tão em voga na época. O som tem marcante participação do violão fazendo as bases para a guitarra solo e também a presença de instrumentos de percussão diversificados (boa parte das músicas desse álbum não é tocada com um kit de bateria convencional). As influências do country norte-americano são mais visíveis aqui, bem como da música italiana e espanhola tradicional, além é claro da raiz fincada no blues rural. Há muitas melodias marcantes no disco todo, cortesia do guitarrista Billy Kuy, cuja cadeira depois viria a ser ocupada por Ritchie Blackmore. Outro músico que tem relação com a grande árvore genealógica do Deep Purple fez parte de uma das muitas formações do Outlaws – o baterista Mick Underwood, que tocou no Episode Six e com Ian Gillan em sua carreira solo.


The Crickets - The "Chirping" Crickets [1957]

Por Daniel Benedetti

O álbum de estreia do The Crickets e o único com Buddy Holly como vocalista e guitarrista, The "Chirping" Crickets é um álbum que ouço constantemente e o tenho em alta conta. Contém o single número um do grupo, a ótima "That'll Be the Day", seu hit "Oh, Boy!" e outros clássicos como "Not Fade Away", "Maybe Baby" e "I'm Looking for Someone to Love". Enfim, todas estão entre as melhores canções de Rock & Roll dos anos 1950, tornando este um dos álbuns de estreia mais significativos na história do Rock.

André: Não faz 1 mês que me dediquei a ouvir vários discos de vários cantores ou bandas do chamado doo-wop. E felizmente, tenho mais uma banda aqui indicada para ir atrás de ouvir mais. Eu adoro a forma como as vozes são usadas ao melhor estilo doo-wop. Agora acho que peguei a referência de Robert Plant ao incluir aquelas "pausadinhas vocais" em músicas como "Black Dog". Deve ter sido dos Crickets, do Holly ou de alguma banda similar. Buddy Holly é o principal destaque mas toda a banda aqui tem um desempenho fantástico, com um som divertido e empolgante.

Davi: Realmente, adoro esse período inicial do rock 'n' roll. Gene Vincent, Eddie Cochran, Carl Perkins, Ritchie Valens, e é claro, Buddy Holly. Esse disco é o primeiro álbum da curtíssima carreira do músico. Visualmente falando, Buddy Holly era a antítese do rock 'n' roll. Um sujeito tímido, com um óculos que lhe dava um visual meio nerd, mas sonoramente, esse cara foi uma das peças fundamentais do estilo. Esse LP é meio que discoteca básica e traz clássicos absolutos como "Oh Boy", "That I´ll Be The Day", "Not Fade Away" (mais tarde regravada pelo Rolling Stones), além de outras músicas deliciosíssimas como "You´ve Got Love" e "Send Me Some Lovin´". Ótima escolha.

Fernando: Toda vez que e alguém fala que gosta de rock eu penso nela ouvindo esses grupos do final dos anos 50. Claro que nem sempre é isso que a pessoa está querendo dizer, mas o rock and roll padrão é o que ouvimos aqui. Músicas curtas, bastante curtas – o disco todo tem pouco mais de 25 minutos. O que mais chama atenção aqui é a presença e Buddy Holly que depois foi fazer uma bem sucedida carreira solo. No mais, nada a acrescentar ao repertório musical que ouço normalmente.

Mairon: A banda de Buddy Holly fazendo história na música. Mais um grande nome do rock raiz, aquele de festas, brilhantina, três acordes e vocais de apoio cheios de harmonia e melodia. Vou ser honesto, acho os arranjos fraquinhos. "Not Fade Away", por exemplo, ganha muito mais força com os Stones. Falta uma potência nos vocais como a de Little Richard, vide "An Empty Cup (And A Broken Date)", "Last Night" e "Tell Me How". A guitarra soa sem tesão por diversas vezes ("Maybe Baby", "Oh, Boy!"). Mas tem momentos divertidos, como o rockabilly de "You've Got Love", a baladinha "Send Me Some Lovin'", que com Elvis seria muito mais sacana, o clima gospel de "That'll Be The Day", a própria guitarra em "I'm Lookin' For Someone To Love", e as clássicas  "Rock Me My Baby" e "It's Too Late". É um disco um tanto quanto infantil, mas importante para toda a história que viria depois.

Ronaldo: Aqui é possível ver claramente que o rock surgiu como música para dançar. Na época desse lançamento a guitarra também não era ainda o instrumento preponderante no rock, já que seu protagonismo era dividido com o piano e o saxofone. Mas Buddy Holly era guitarrista e, nesse caso, sim a guitarra é quem dá as cartas. Há momentos em que se percebe o fraseado blues acelerado e incrementado; em outros, novas construções harmônicas começam a aparecer, as mesmas que seriam trabalhadas à exaustão pelos Beatles. Outro ponto interessante é a presença dos vocais de apoio quase que como um instrumento na formação da banda, fazendo os vocais conhecidos como doo-wop. No geral, é uma delícia ouvir o misto de rebeldia-ingenuidade sacolejante do rock dessa época, da qual Buddy é um dos seus principais ícones.


Little Richard - Here's Little Richard [1957]

Por Davi Pascale

Esse foi um dos primeiros nomes que me veio à mente quando o tema foi lançado. Little Richard é uma figura fundamental desse período. Influência direta na carreira de gigantes como Paul McCartney, Robert Plant e até mesmo dentro do heavy metal, pasmem. Lembro quando entrevistei a Doro Pesch e perguntei sobre os primeiros artistas que ouviu, suas primeiras influências e de cara, ela citou: Little Richard. Veja até onde vai a influência do cara. O disco que abre com a voz poderosa de Little Richard gritando "Uah-Bap-Lu-Lah-Bein-Bum" é uma verdadeira aula de rock n roll. Som simples, honesto, contagiante. Excelente trabalho vocal, instrumental afiado. Embora seja seu primeiro LP, o repertório é quase uma coletânea. Das 12 músicas gravadas aqui, 9 são consideradas clássicos do rock. Entre elas: "Tutti-Frutti", "Slippin and Sliddin", "Long Tall Sally", "Rip It Up", "Ready Teddy" e "She´s Got It". Disco obrigatório na coleção de qualquer colecionador que se preze.

André: Vixe, não creio que exista um disco mais com cara de rock 'n' roll do que esse. A palavra clássico é pouco para o que ele representa. Sempre simpático e carismático, o Ricardinho nos entrega interpretações de cair o queixo por aqui. Não há muito o que falar aqui a não ser dizer que é o disco supremo do rock 'n' roll.

Daniel: Este disco é simplesmente sensacional. A forma como Richard canta e interpreta as canções é a combinação perfeita para uma sonoridade insana para seus dias, em um dos grandes discos de todos os tempos.  Somente as presenças de clássicos como “Tutti Frutti” e "Long Tall Sally” já seriam avalistas do material, mas outras canções incríveis como “Ready Teddy”, “Jenny, Jenny” e “Baby” só reforçam seu conteúdo. Em suma: ouça-o!

Fernando: A capa icônica já chama atenção logo de cara e “Tutti Frutti”, talvez o maior clássico desse rock feito por esses pioneiros, arrebenta e coloca as expectativas lá em cima. Outro desses clássicos imortais também está presente, “Long Tall Sally”. Gostei também do blues “Can´t Believe You Wanna Leave”.

Mairon: "Uah-Bap-Luh-Bah-Lah-Bein-Bum"!". E assim nascia o rock 'n' roll de vez, conquistando os jovens americanos, e por que não ingleses, através da potente voz de Little Richard em "Tutti Frutti". Here's Little Richard foi o primeiro disco que me veio à mente para indicar, mas tinha certeza que alguém indicaria, e não errei. Little Richard dá uma aula de energia, mexendo com a velocidade do blues e empregando seu vozeirão soul para criar faixas dançantes e perfeitas para os bailinhos de domingo (os famosos merengues), tais como "Ready Teddy", "Rip It Up", "She's Got It", "Slippin' And Slidin'" e "True, Fine Mama", trazendo hinos do tamanho da já citada "Tutti Frutti", e "Long Tall Sally", ou baladaças como "Can't Believe You Wanna Leave". No meio de campo, as linhas bluesy de "Baby", "Jenny Jenny", "Miss Ann" e "Oh Why?". Little Richard merece muito mais reconhecimento do que já tem. Saxofone, piano, vocalizações bem encaixadas, tudo o que a british invasion pegou para si anos depois, mas colocando a guitarra na posição de destaque. Discaço!

Ronaldo: Little Richard é um dos artistas mais incendiários do período e sua importância para o desenvolvimento do rock é inquestionável. A garra com que ele se entregava aos vocais e ao piano fazia com que os músicos que o acompanhassem também oferecessem o máximo para o som ser intenso, agitado, contagiante. A faixa que abre o trabalho, Tutti-Frutti, é um dos maiores clássicos do rock de todos os tempos (e não tem guitarra!). O vocal de Richard faz jus a tradição dos gospel-singers, que botavam os bofes para fora para cantar nas igrejas americanas, ou dos blueseiros que queriam ser ouvidos pela plateia dos bares ou que cantavam nas ruas barulhentas das grandes cidades. O disco tem velocidade e intensidade; o peso no rock viria nos anos seguintes com avanços técnicos em amplificação e na eletrificação dos instrumentos (esse disco, por exemplo, foi gravado inteiramente com instrumentos acústicos). Mas toda a base para o rock ser pesado já estava fundamentada desde aqui.


The Shadows - The Shadows [1961]

Por Fernando Bueno

Quando procurei uma banda para indicar aqui para a nossa sessão pensei em trazer uma banda inglesa, pois imaginava que todos os outros consultores acabariam trazendo somente artistas americanos para as nossas audições. No fim das contas Apareceu também o The Outlaws que tinha uma proposta muito parecida com o The Shadows. Também são um grupo instrumental (nos anos seguintes viriam a ser a banda de Cliff Richard) mas o enfoque não tem tanto aquele clima de filmes de “bang bang”.

André: Tudo bem que o instrumental é bom pacas, mas não entendo o motivo dos caras terem poucas canções com vocais. Os três caras que cantam tem bons vocais. Independente disso, se notam influências claras de country norte-americano, blues e aquele tipo de temas mais acústicos (mas feitos na guitarra) de música latina/espanhola/mexicana. E os caras são britânicos. O instrumental não me cansou de nenhuma maneira e os lindos dedilhados de guitarra como em "Blue Star" já garantiram a minha simpatia pelo disco todo.

Daniel: Álbum predominantemente instrumental, com o destaque para o guitarrista Hank Marvin, o qual ilustra possibilidades até então pouco exploradas da guitarra e que influenciariam nomes como Jimmy Page e Eric Clapton, por exemplo. Um álbum muito bom, extremamente interessante, e no qual aponto “Nivram”, “Stand Up and Say That” e “Gonzales” como as favoritas.

Davi: O The Shadows teve dois auges. Um como a banda de apoio do cantor Cliff Richard e outro como grupo de rock instrumental. Esse é o primeiro LP deles longe do cantor. A figura principal aqui era o guitarrista Hank Marvin, que tinha um estilo bem próprio e acabou influenciando uma tonelada de músicos. A influencia chegou até mesmo no Brasil. Grupos como The Jordans, por exemplo, bebiam bastante na fonte deles. Nesse primeiro LP, destacam-se os clássicos "Blue Star" e "Sleepwalk" (que muitos devem conhecer pela trilha do filme La Bamba). Também gosto muito de "Stand Up and Say That" e a faixa de abertura "Shadoogie".

Mairon: O The Shadows talvez tenha sido a primeira grande banda de rock da história. Os caras, liderados pela guitarra de Hank Marvin, alcançaram número 1 no Reino Unido em uma época onde só o Pop barato conseguia tal status. E isso com um som quase todo instrumental, uma guitarra sem distorção, mas com embalo para agitar a gurizada da Terra da Rainha. As únicas com vocais são "All My Sorrows", com seu fantástico arranjo vocal,  "Baby Me Heart", típico embalinho pop rock dos anos 60, com um ótimo solo por Marvin, e a delicada "That's My Desire", onde os vocais arrasam calcinhas. Nas instrumentais, a guitarra parece cantar aos ouvidos, um espetáculo! Ouça "All My Sorrows", "Big Boy", "Find Me A Golden Street", "Gonzales" ou "Shadoogie" e entenda o que quero dizer. Os caras não foram revolucionários só na guitarra. "See You In My Drums" talvez seja o primeiro solo de bateria registrado na história do rock, e um solo bem legal por sinal. E recriam Little Richard ao piano de "Stand Up and Say That". Ainda temos baladinhas lindas, como "All My Sorrows", "Blue Star" (que melodia encantadora), "My Resistance Is Low" e "Sleepwalk", a sapequice de ""Nivram" e "Theme From A Filleted Place", com seus solos de guitarras oitavadas igualmente revolucionários, enfim. Um disco revolucionário, simples e direto!

Ronaldo: Os Shadows eram um grupo inglês majoritariamente instrumental, que assim como muitos outros pares na época e posteriormente, tentava emular o som dos grupos norte-americanos e eventualmente até os superava (!). São contados entre os pioneiros do chamado surf-rock, uma variante do rock com um vínculo não tão explícito ao blues, que buscava traduzir toda a energia daquela nova prática esportiva. Mas ressalte-se que não existia (e nem existe até hoje) uma cultura de surf na gelada e nublada ilha britânica. Nem tudo dos Shadows faz menção ao surf e é possível conectar a música deles com outros estilos da época, entre o rock mais adocicado de Buddy Holly, reminiscências do country e do blues com piano e até mesmo influências de música espanhola. Tudo isso lido como boa qualidade instrumental. Outros dois detalhes interessantes de se notar - a nitidez do baixo elétrico na gravação, algo raro em gravações da mesma época devido a limitação dos amplificadores e gravadores da época, e também o solo de bateria em “See You in my Drums”, algo incomum para o rock no período.


Ike & Tina Turner - River Deep Mountain High [1966]

Por Mairon Machado

O mundo não estava preparado para Ike Turner. Quando ele surgiu em 1951 com "Rocket 88", e seus Kings of Rhythm, a revolução sonora que ele propôs através da sua guitarra era inexplicável. Tanto que muitos historiadores cravam a faixa como sendo a primeira gravação de rock da história. Ao se unir com Tina Turner, a partir de 1957, Ike trouxe ao mundo as performances de palco mais sexy e encantadoras que o mundo jamais havia visto. A potência vocal de Tina com o talento de compositor e manda-chuva de Ike mudaram a arte da música como ninguém havia feito antes. Em 1966, o casal já era O casal da música mundial, e se deram ao luxo de unir forças com o produtor Phil Spector e sua Wall of Sound precursora de muitas produções desde o final dos anos 50. Daí a coisa foi longe demais. Tu colocas o disco pra rodar e vem a destruidora "River Deep-Mountain High", que arranjo. Falando em arranjo, Spector se destaca criando pérolas românticas orquestrais do porte de "A Love Like Yours (Don't Come Knocking Every Day)", "Every Day I Have To Cry", "Save The Last Dance For Me" ou estourando alto falantes com "Hold On Baby", "It's Gonna Work Out Fine", "Oh Baby! (Things Ain't What They Used To Be)" e "You're So Fine", uma monstruosidade impactante para a época. As canções de Ike são as que mais me amarro. "I Idolize You" é tão sensual que até uma lombriga embriagada se apaixona. "A Fool In Love" é um blues safado onde os backing vocals das Ikettes são magníficos, e Tina arrasa! Os vocais de Ike e Tina se combinam em "Make 'Em Wait", rockzinho perfeito para dançar com brilhantina na cabeça e as meninas de saias rodadas. "Such A Fool For You" é uma faixa típica da mente de Ike, embalada, com ótimos vocais de apoio e um naipe de metais que gruda na nossa mente. Um disco para consolidar a carreira dos gigantes americanos Ike e Tina diante de toda a British Invasion.

André: Eu nunca ouvi muito as músicas da Tina Turner, mas reconheço que a voz dela deve estar entre as 5 melhores da história da música. Essa mulher canta demais. Entretanto, eu gostei desse disco. Tem rocks bem legais tais como "Am I a Fool in Love" e "Hold on Baby". Vejo que eu deveria dar atenção maior à Tina e procurar melhor seus trabalhos visto que o pouco que conheço dela é daquela fase mais pop/soul oitentista do que essa mais rock 'n' roll. Ike também foi um grande músico e compositor, mas é só isso também visto que Tina sofreu um tanto nas mãos dele.

Davi: Adoro esse álbum, amo a Tina Turner, e talvez esteja até errado, mas vejo esse LP mais como um precursor da soul music do que do rock. O LP, contudo, é brilhante. A produção de Phil Spector é certeira. Tina Turner já tinha uma voz fora do comum. Transpirava emoção, além de um alcance invejável. O repertório é espetacular. Além da faixa-título, que todos já devem conhecer, gosto muito de faixas como "Idolize You", "Make ´Em Wait" e "Such a Fool For You". De todo modo, é um disco clássico e foi bacana reescutá-lo.

Daniel: Os talentos de Tina Turner como intérprete dispensam maiores comentários. River Deep Mountain High é um disco muito bom de R&B, contando com uma coleção de faixas hipnotizantes como a sensacional “I Idolize You” ou a excelente “A Fool in Love”. Não sei se é um “Pioneiro do Rock”, mas é um baita trabalho!

Fernando: O único álbum da lista que eu já tinha ouvido (nem mesmo o que eu escolhi eu conhecia). É o álbum caçula dessa lista e para mim é o melhor disparado. Talvez o motivo dessa minha preferência é que aqui os parâmetros do rock que eu gosto já estavam muito mais estabelecidos. Já se tinham Beatles, Rolling Stones, The Who, Yardbirds, Beach Boys e mais um monte de outras bandas moldando o estilo e guiando para um universo muito mais amplo do que os pioneiros que foram apresentados aqui faziam. Uma pena que toda vez que vejo essa capa fico triste por tudo o que veio a acontecer entre os dois.

Ronaldo: Apesar desse disco ter sido lançado quando Beatles e Rolling Stones já davam as cartas no mundo do rock e até mesmo das primeiras experiências psicodélicas dentro do rock, o casal Turner já estava na ativa desde o fim dos anos 50 e traz de lá toda sua bagagem de pioneirismo. Aqui temos mais clara a importância de outras variantes da música negra (não apenas o blues) para o rock, especialmente a tradição trazida de dentro das igrejas protestantes norte-americanas e das músicas de trabalho dos agricultores. Tudo isso foi vitaminado pela guitarra esperta de Ike Turner e os vocais fantásticos de Tina, a então sofrida esposa de um canalha. O disco é pura energia do rock, mas vejo que ao longo do tempo dialogou mais com a galera que desenvolveu o soul/funk/r&b do que com o rock. A produção de Phil Spector dá um tom mais épico ao assunto, inserindo aquele som cavernoso e orquestrações luxuosas.

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Adeus Eddie Van Halen?


Ontem no meio da tarde chegou a triste notícia de que Eddie Van Halen havia perdido a luta contra o câncer. Mas o mais influente guitarrista dos últimos 40 anos não não faleceu. Ele viverá em cada menino que assistir a um show de rock. A revolução nas seis cordas que o cara fez foi equivalente apenas ao que Hendrix fez nos anos 60. Ao empregar técnicas conhecidas com novas, usando uma nova cara, totalmente veloz, e disparadamente complexa, Eddie mostrou que sim, era possível fazer rock ‘n’ roll com muita técnica, sem ser piegas ou arrogante. “Eruption” é um ultraje para iniciantes, mas há muito mais em sua vasta e incrível carreira. “Cathedral”, “Little Guitars”, “Mean Street”, “Spanish Fly”, são outras grandes obras do cara! 

Além disso, era de uma energia impactante no palco. Fora participações em discos de outros artistas, destacando “Beat It”, com Michael Jackson. Um ser de fora do planeta, que trouxe além céus uma revolucionária forma de tocar, e se une a outro revolucionário contemporâneo, mas do baixo, Jaco Pastorius, e tantos outros músicos no paraíso da arte. Infelizmente não tive a honra de presenciar um show dele, mas sempre lembro da história de um amigo, que irei contar mês que vem por aqui, através do nosso estimado Eurico. Que perda para a guitarra e para a música. Câncer maldito levando mais um. Mas, já diria Renato Russo: “Os bons morrem jovens”!

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Unboxing: U2 - Innocent + Experience Deluxe Edition [2016]



Hoje, revelo o que á no box Innocent + Experience DELUXE Edition, lançado pelo U2 em 2016. Vários mimos, um deles eletricamente surpreendente. Confira!





sábado, 3 de outubro de 2020

Melhores de Todos os Tempos: Anos 90

 Andreas Kisser, Igor Cavalera, Max Cavalera e Paulo Jr. Sepultura em divulgação a Chaos A. D.


Por Mairon Machado

Participação de André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Libia Brigido e Micael Machado

Os anos 90 foram marcados pela força do grunge. Nomes como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains trouxeram para os jovens daquele período letras que narravam as realidades daqueles que sofriam, de alguma forma, problemas pessoais distintos, desde uso de drogas até brigas familiares. Ao mesmo tempo, nomes que haviam nascido nos anos 80 fincaram suas estacas como ícones símbolos de toda uma nova geração, principalmente através da dupla Metallica e Guns N' Roses, e também do ícone R. E. M.. Isso tudo na primeira metade da década, que ainda ficou marcada pelas saídas de Rob Halford do Judas Priest, e de Bruce Dickinson do Iron Maiden, bem como o retorno de Ronnie James Dio aos vocais do Black Sabbath.

Sete das bandas até aqui citadas estão presentes na lista de Melhores discos dos Anos 90 escolhidas hoje, e não por acaso, com álbuns lançados na primeira metade daquele período. A segunda metade trouxe o nascimento - mundial - de uma nova onda de bandas britânicas, e bem como o surgimento de grandes nomes no rock nacional, que fizeram os jovens e adolescentes brasileiros a curtir Charlie Brown Jr., Raimundos, Los Hermanos, Jota Quest, Skank, entre outros, porém sem causar um estardalhaço como nossa primeira posição.

Afinal, o Sepultura foi o grande nome do Brasil naqueles anos, com dois discos emblemáticos e revolucionários, e com Chaos A. D. novamente atingindo o posto de principal disco do período. O álbum de 1993 já havia conquistado essa mesma posição quando da escolha de Melhores Brasileiros na Década de 90, mas agora, através das escolhas de nossos consultores, conquista a posição em nível mundial. Mas não foi fácil. Para tal, o disco do Sepultura teve que brigar taco a taco com Grace, de Jeff Buckley. O garoto, filho de Tim Buckley, lançou sua estreia em 1994, e perdeu a primeira posição apenas na segunda votação feita entre os consultores, já que na primeira, empatou com o mesmo número de pontos que nosso campeão, como explicado abaixo.

Concorda com as escolhas,? Discorda? Achou algum absurdo? Os comentários estão à disposição. Lembrando que a pontuação é baseada no sistema da Fórmula 1, com a adição de 1 ponto para cada citação de álbum, como se fosse o ponto da volta mais rápida, tentando evitar ao máximo alguma injustiça de um álbum com mais citações não entrar em detrimento de outro com menos citações.

* A lista com os Melhores Discos escolhidos dos anos 90 nas listas originais envolvem os álbuns de cada ano, álbuns das listas de Melhores Brasileiros e aqueles discos citados na série Aqueles Que Faltaram. Esses discos estão listados no fim da postagem, após as listas individuais.

** Conforme citado, Grace e Chaos A. D. ficaram empatados na primeira posição com duas citações cada. Em uma nova votação, o álbum do Sepultura ganhou por 6 votos a 2

*** O outro empate foi entre Painkiller e Accident of Birth. Na nova votação, Painkiller ganhou por 5 votos a 3


Sepultura – Chaos A. D. [1993] (52 pontos) **

André: Não mudei em nada minha opinião sobre o disco que tanta gente aqui ama e eu não consigo ver essa qualidade toda. Arise é melhor do que ele em todos os sentidos e preferia muito mais que ele tivesse entrado. Não acho que seja um disco ruim, mas o acho demais superestimado. É o que menos gosto da fase Max.

Daniel: Com esta lista que conseguimos chegar, ao menos o primeiro lugar é um álbum de primeira linha. O Sepultura com sua formação clássica, no ápice da inspiração e uma coleção de canções inesquecíveis como "Refuse/Resist", "Territory" e "Slave New World" , para ficar apenas nas mais óbvias. Goste-se (ou não), este é um dos mais influentes álbuns do Heavy Metal noventista. Eu adoro.

Davi: Fiquei feliz em ver o Sepultura no topo da lista porque acho que eles nunca tiveram o merecido reconhecimento em nosso país, então foi meio surpreendente quando recebemos a notícia de que eles eram o número 1 da lista. Para mim, esse é o auge do Sepultura. A banda apresentava uma sonoridade extremamente pesada, com arranjos bem elaborados e uma notável evolução técnica. Já começavam aqui com as experimentações com a cultura brasileira, o que seria mais aprofundado em seu sucessor, Roots. O repertório é forte e traz clássicos como "Refuse/Resist", "Territory", "Slave New World", "Kaiowas", além da escrachada versão de "Polícia" (Titãs). Belo e merecido resgate.

Eudes: O disco “brasileiro” do Sepultura, como dizem. Canções pesadíssimas, com algum jogo de cintura (não muito, vamos combinar). Mas, de fato, o álbum distingue a banda do cipoal de bandas pesadíssimas do período, com nuances rítmicas, e mesmo melódicas, de certa influência nativa, impensáveis para a concorrência gringa. "Refuse/Resist" e "Territory" grudam na memória. Não por acaso, foram os singles. Pena que “Polícia” não tenha entrado no repertório, tendo saído como bônus apenas em edições posteriores. De fato, olhando retroativamente, bem que “Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)” poderia ter saído aqui e se transformado na melhor faixa do disco.

Fernando: Lembro do dia que peguei esse disco da loja e fui correndo para casa ouví-lo. Num primeiro momento eu estranhei toda pluraridade do material do álbum. Tinha thrash, tinha hard core, tinha punk, tinha até viola. Demorei para absorver tudo e encontrar uma unidade no todo, ainda guardo meu LP da época e é sem dúvida um dos principais discos já lançados no Brasil e no mundo. Eu só tenho um pensamento de pesar sobre o álbum: suas experimentações deram tão certo que incentivaram seu próximo lançamento Roots, que, apesar do sucesso fora, é um disco muito abaixo de Chaos AD e seus anteriores.

Libia: Muito bom ver em primeiro lugar uma das mais importantes bandas nacionais, sendo até hoje citada por diversas bandas no mundo como uma das suas principais influências. No momento do Chaos A. D., a música passava pelas mais diversas e ecléticas transformações, e nessa situação, o Sepultura estava destinado a ter um papel fundamental, como uma das mais inovadoras bandas de metal dos anos 90. E assim foi um álbum que surpreendeu com o seu som genuíno, dessa forma, levando a banda para uma nova fase. Para mim, os destaques desse álbum são as faixas “Refuse/Resist”, “Territory”, “Biotech is Godzilla”, “Slave New World” e “Propaganda”. A produção de Andy Wallace é fantástica, realmente capturou a essência da banda, dando um novo senso de clareza e definição. Foi o último grande sucesso da banda para a maioria dos fãs, mas Sepultura é uma banda que se recusou a parar no tempo.

Mairon: Disco revolucionário na carreira dos caras, Chaos A. D. levou o nome Sepultura para patamares jamais imaginados por algum grupo de metal brasileiro. A sonoridade mudou, o grupo ficou pesado, principalmente pelas percussões de Igor Cavalera, e claro, pelo vocal gutural de Max. Não é meu preferido do grupo, mas tem ótimos momentos, principalmente na surpreendente abertura de "Refuse/Resist", na viola caipira de "Kaiowas", a pesadíssima "Amen" e o cover muito bem trabalhado de "The Hunt". Acho exagerada a primeira posição, mas que o disco foi seminal para a criação de Roots, e colocar o Brasil na linha de frente do Heavy Metal, ah, isso foi. Mais comentários sobre o álbum tracei aqui, na lista de Melhores de 1993, e aqui.

Micael: Para mim, este é o melhor disco de heavy metal lançado por uma banda nacional em todos os tempos (ao lado de Theatre of Fate, do Viper). É dos raros discos que eu gosto da primeira à última faixa (um pouquinho menos de "Clenched Fist", mas apenas dela), e não apenas de uma ou duas ou das "mais conhecidas". Muita gente exalta Roots, mas, para mim, o auge do Sepultura (e não só dele, como do metal nacional) está aqui!


Jeff Buckley – Grace [1994] (52 pontos)

André: Oh céus, de novo esse cara. Lá se foram uns 5 anos desde que o ouvi pela primeira e única vez. Ouvindo de novo e... de boa... não dá. Muito sono, uma emoção que não me soa honesta, aquele vocal falseto bregaço em "Corpus Christi Carol" e um excesso de baladas que não faz o baterista de suas músicas nem suar um pouco que seja, sendo "Last Goodbye" a única um pouco mais animadinha. Me parece que a audição de hoje me foi mais desagradável do que da primeira vez. Definitivamente não é para mim.

Daniel: Devo confessar minha completa ignorância tanto do artista quanto do álbum. Entretanto, apenas em afrontar a sonoridade monocromática da lista, já se encontra méritos em sua presença aqui. Ouvi com atenção, gostei do trabalho e retornarei a ele posteriormente.

Davi: Único álbum desse talentoso artista que teve sua carreira interrompida por conta de uma fatalidade. O disco é muito bonito, mas é um trabalho bem triste, meio deprê. A sonoridade mistura elementos do folk com o rock alternativo que estava em voga na época ("Eternal Life" poderia ter sido gravado por qualquer banda grunge). É um trabalho muito bem gravado e muito bem executado que, infelizmente, só teve seu reconhecimento após a morte do rapaz. Os melhores momentos, para mim, ficam por conta de "Grace", "Last Goodbye", "Lover You Should´ve Come Over" e a linda releitura de "Hallelujah".

Eudes: De longe, o melhor disco da década. Menos mal que apareça na lista. Para gente como eu, que acreditava que melodias arrebatadoras, performances emocionantes e execuções contundentes era coisa do passado, este álbum reacendeu a esperança e aqueceu o coração. Grace é um disco antigo, e já era muito velho quando foi lançado. Mas daquela antiguidade atemporal. Na verdade, o disco é original estranhamente porque cruza, de forma inusitada e surpreendente, sons que estão soltos no ar desde diferentes épocas. A faixa de abertura, “Mojo Pin”, é assim. Parece com muita coisa e não parece com nada. Como se as sonoridades que você ouviu e amou ao longo da vida se mesclassem todas ali. Mas, para um padrão tão alto, estabelecido logo nos primeiros minutos do jogo, o álbum se equilibra maravilhosamente bem. Canções como “Lilac Wine”, o hit “So Real”, a misteriosa “Lover, You Should've Come Over”, com sua cornucópia instrumental e a lindíssima “Corpus Christi Carol” se ombreiam com a faixa de abertura e garantem a homogênea excelência do disco. Nem a hoje insuportável “Hallelujah” (Leonard Cohen), em versão de chorar, fica atrás. Um disco que a gente pode chamar de clássico, sem medo de estar banalizando o termo.

Fernando: Confesso que não ouvi tantas vezes quanto esse disco merece. É um disco que eu sei que é bom, que eu sei que tem músicas fantásticas, mas acabo lembrando mesmo só de "Hallelujah". Talvez o que falte seja eu comprar o disco e aí sim ter a obrigação de ouví-lo com atenção. Porém, o álbum é bastante melancólico e talvez não sirva para qualquer momento. Melancolia que combina com o sentimento de perda quando se sabe que o artista partiu tão cedo.

Libia: Eu não conhecia o Jeff Buckley, foi realmente uma bela surpresa, e quando fui pesquisar soube que foi o único álbum lançado, pois o artista foi embora desse mundo precocemente. A voz dele é doce, a musicalidade é apaixonante e assim ouvi repetidas vezes a música “Last Goodbye”. Ainda com uma curta passagem na Terra, quando ouvimos bandas formadas anos depois podemos identificar a influência de Jeff Buckley. E mais uma vez o produtor Andy Wallace conseguiu extrair toda a essência de um artista, trazendo toda a emoção de sua voz nas músicas com um instrumental perfeito e equilibrado.

Mairon: Das diversas novidades que conheci por conta dessas listas, a que mais fui agraciado em conhecer é exatamente Grace. Quando ouvi esse disco pela primeira vez foi exatamente para a lista de 1994. Meu mundo caiu. Como pude ficar tanto tempo sem conhecer tal obra? O tempo passou e o disco cada vez mais foi conquistando espaço em minhas audições. Me tornei um fã de Jeff Buckley. Adquiri shows, singles, relançamentos, e descobri um talento impressionante, que infelizmente partiu cedo demais. Essa obra é fantástica. Os vocais de Buckley são algo de sobrenatural, principalmente pelos agudos e variações que ele consegue alcançar (ouça a faixa-título e me diga se não é verdade). A banda é foderosa ("So Real" e "Eternal Life"), os arranjos arrepiam ("Dream Brother" e "Last Goodbye"), as harmonias são esplêndidas ("Mojo Pin" e "Corpus Christi Carol"), e claro, Buckley é o dono de tudo, exalando sensualidade e drama através de acordes tristes e sua linda voz em faixas belíssimas, como "Lilac Wine", "Lover, You Shoul've Come Over". Grace também tem a melhor versão de "Hallelujah" que alguém já gravou, e só por ela, já merecia estar entre os dez mais. Mas, o conjunto da obra é muito mais que isso. O melhor disco dos últimos 30 anos fácil fácil, e a certeza de que havia muito mais música boa nos anos 90 além da cena metálica!

Micael: Nunca parei para ouvir um disco inteiro de Jeff Buckley, e meu conhecimento de sua obra musical se resumia à excelente versão para "Hallelujah", de Leonard Cohen, além de alguns fatos de sua trágica carreira. Por conta da inclusão nesta lista, fui ouvir Grace sem muitas expectativas, e encontrei um álbum onde, apesar das variações musicais dentre as faixas, o clima é predominantemente tristonho, algo que em geral me agrada, mas os tons mais agudos de Buckley em algumas passagens me fizeram ficar com um "pé atrás" em relação às músicas do disco. De todo modo, achei o "lado B" muito melhor que o "lado A" ("Lover, You Should've Come Over" é excepcional, e "Eternal Life", até por ser mais agitada que as demais, me agradou bastante), mas não o suficiente para considerar incorporar Jeff Buckley à lista de artistas que sigo mais atentamente. Um bom disco, mas não o suficiente para me cativar!


Metallica – Metallica [1991] (47 pontos)

André: Tudo o que devia ser falado sobre este disco já foi. Então vou me focar naquilo que sempre me chamou atenção. Lars Ulrich sempre foi considerado um baterista limitado e no começo da carreira do Metallica, errava pra caralho. Quão irônico é a vida quando eu ouço este disco e creio ter ele a melhor mixagem de bateria que eu já ouvi na vida. Fico imaginando como seria o disco se o Lars fosse um grande baterista.

Daniel: Eu não consigo ser totalmente isento para falar deste álbum. Basta dizer que se hoje estou escrevendo estes absurdos por aqui, este disco foi um dos culpados. Não foi o primeiro álbum que comprei, mas foi o que me iniciou no caminho do Rock e do Metal. Dito isto, ainda o acho um trabalho de primeira linha.

Davi: Disco divisor de águas na carreira do Metallica e que, para mim, ainda é seu melhor trabalho. Muita gente fica puta comigo quando digo isso. Não me levem a mal. Adoro os 4 primeiros trabalhos dos caras, mas aqui considero seu ápice. Conseguiram atacar o heavy metal no mainstream. James Hetfield evoluiu bastante enquanto cantor. A qualidade de gravação é impecável (o som de bateria, principalmente, é foda). "Enter Sadman", "Sad But True", "Wherever I May Roam" e até mesmo a balada "Nothing Else Matters" marcou quem viveu aquela geração. Álbum extremamente bem feito e com um impacto que poucas vezes foi visto.

Eudes: Vou nem dizer nada, só que qualquer disco que tenha pequenos hinos roqueiros como "Enter Sandman", "Sad but True", "The Unforgiven", "Nothing Else Matters" e "The God That Failed", como diria o velho Gonzagão, é danado de bom! Um disco de ruptura com o passado, sem maldize-lo, mas afirmando caminhos novos. Lembro que as revistas especializadas ferveram, na época, com a controvérsia em torno do que se chamou de “disco pop do Metallica”. Já faz tempo que os fãs ortodoxos foram pacificados, mas não foi fácil dar cavalo de pau num transatlântico como o Metallica. A banda, contudo, passou com mérito por esta delicada manobra que, no passado, liquidou tantas bandas talentosas. E o fato de que a obra se trata de uma “traição ao movimento” apenas me faz simpatizar mais com ela.

Fernando: Já falei sobre o disco na discografia comentada da banda que fiz há bastante tempo. É inegável que é um dos discos de metal mais importante da história. Segundo as fontes da minha cabeça, esse disco foi talvez o maior responsável por angariar fãs para o metal. Eu não tinha um único amigo da minha idade ali por volta de 91-92-93 que não ouvia ese disco sempre. Podem falar que a banda amaciou o som, pode falar que tinha balada e pode vir com toda a lenga lenga metaleira sobre a banda ter se vendido. Acredito que era o disco que a banda queria fazer, independendente de produtor ou gravadora e foram extremamente felizes no resultado. Se você hoje tem raivinha por que a banda ficou super famosa e até sua prima mais nova de segundo grau passou a gosta de metal e invadiu seu mundinho o problema é seu.

Libia: O artista tem a necessidade de criar algo com uma abordagem diferente e os anos 90 era um ambiente perfeito para isso. Assim surgiram vários álbuns que de alguma forma mudaram o cenário para sempre, e quando há uma boa mudança muitos vão jogar pedras e aplaudir, totalmente natural, ainda mais se tratando das bandas já reconhecidas na época. O Metallica fez isso lançando o disco que ficou mais conhecido como “Black Album”, chegando a conquistar outras tribos fora do Thrash Metal e consequentemente influenciando nas criações das bandas de Rock Alternativo. Vejo isso de forma muito positiva, pois engajou o público da nova geração para o Heavy Metal e até hoje podemos observar isso. O álbum começa com a verdadeiramente excelente "Enter Sandman", e ao longo do caminho, os destaques particulares para mim incluem "Wherever I May Roam" e a balada "Nothing Else Matters".

Mairon: O álbum preto apresentou o Metallica para uma nova geração de fãs (eu incluso), que delirou com um vasto repertório de clássicos. Qualquer admirador de rock pesado conhece (e curte) "Enter Sandman" e "Sab But True", e ainda, se aproveita para conquistar uma gatinha tocando as baladas "Nothing Else Matters" e "The Unforgiven". Existem canções que ficaram eclipsadas por esses quatro sucessos, mas com qualidades similares ou até melhores, seja nas velozes "Holier Than Thou" e "The Struggle Within", ou nas pesadas "Through the Never", "Don't Tread On Me", "The God That Failed" e "Or Wolf And Man". Para mim, as melhores ficam por conta de "Wherever I May Roam" (que baita introdução) e "My Friend of Misery", uma das raras oportunidades que Jason Newsted teve de mostrar por que foi escolhido para substituir o lendário Cliff Burton.

Micael: O disco que mudou o patamar comercial não só do Metallica, mas do heavy metal em geral a nível mundial. Mais "acessível" que os registros anteriores da banda, mas ainda "pesado" o suficiente para agradar à maioria dos antigos fãs. O "álbum preto" trouxe muitas faixas que viraram clássicos da discografia do grupo, vendeu horrores e catapultou o quarteto ao patamar de "gigantes" do show business mundial. Gosto do disco, mas o acho inferior aos clássicos da época com o saudoso Cliff Burton. O que não o faz menos merecedor de figurar aqui.


Pearl Jam – Ten [1991] (45 pontos)

André: Deve ser a quarta ou quinta vez que já falei isso, mas nem o Pearl Jam e nem nada do que o Eddie Vedder fez na vida me agrada de fato. E já tentei muitas e muitas vezes, porém desisti e assumi de vez que o Pearl Jam nunca será uma banda que irei gostar. Não sei explicar, mas creio que uma vibe meio "alternativa" que há no som dos caras não me vai. Isso não acontece com o Alice in Chains e outras contemporâneas da época que eu gosto.

Daniel: Em conjunto com Nevermind, Ten foi um dos responsáveis pela explosão daquilo que se convencionou a musicalmente ser chamado de ‘grunge’. Ao contrário de Nevermind, deste álbum eu gosto bem mais. Guitarras marcantes e ótimos vocais de Vedder fazem deste disco uma coleção de clássicos impressionantes. Minha canção preferida é a sensacional “Black”.

Davi: Ótimo álbum de estreia da trupe de Eddie Vedder. O Pearl Jam é uma das grandes bandas dos anos 90 e os caras já iniciaram em grande estilo. Embora seja o grande ídolo de 90% dos fãs, Eddie Vedder foi o ultimo a entrar no grupo. Quando se juntou aos garotos, boa parte dos arranjos já estavam elaborados e acabou contribuindo bastante na construção das letras. Não há dúvidas que a escolha foi correta. Eddie Vedder se encaixou como uma luva no som dos caras, além de ter um grande carisma no palco. "Jeremy", "Alive", "Even Flow" e "Black" tocaram bastante nas rádios da época, mas não dá para ignorar sons do porte de "Once", "Porch" e "Why Go". Discaço!

Eudes: Outro disco, não só representativo, mas brilhante, do período. Claro que sou movido por um sentimento que tive na época, depois do naufrágio de meus ídolos de adolescência nos anos 80, de “puxa vida, temos rock de novo”. Mas, reouvindo o disco para escrever estas maltraçadas, meu encanto por estas canções não diminuiu em nada. O bom gosto em mesclar uma abordagem zeppeliniana para canções originais e muito inspiradas, em torno da voz guia de Eddie Vedder, arrebatam a gente. Este álbum, como Nevermind, vai resistir a bem mais que trinta anos. Dá licença que vou ali tocar o riff de “Even Flow” em minha air guitar.

Fernando: Até hoje o melhor disco do Pearl Jam e, tenho certeza, que a té a banda tem consciência disso. A quantidade de clássicos que estão presentes nesse disco é enorme e até hoje fico em dúvida sobre a música preferida. Quando se compara Ten, Nevermind e Dirt vemos o quanto o tal do grunge era somente um movimento de bandas que tinham em comum a época de seu surgimento e não uma sonoridade única, muito parecido com a NWOBHM.

Libia: Excelente álbum de estreia de uma banda fundamental dos anos 90. Aqui estava um frontman com uma presença de palco inteiramente nova, cuja voz se esforçava muito pela sinceridade das composições, sem recorrer a sentimentos fáceis ou coros de autoglorificação. Os Hits “Once”, “Even Flow”, “Alive”, “Black” e “Jeremy” quase que ofuscam a beleza da segunda parte do álbum. As composições são de temas fortes e sombrios e possui uma qualidade instrumental absurda. Esse clássico levou a banda a ser uma das mais bem sucedidas do movimento grunge até hoje.

Mairon: Pearl Jam raiz. Levado pelos vocais insanos de Eddie Vedder, e pela rifferama de Mike McCready e Stone Gossard, os caras criam uma coletânea de sucessos para a eternidade, marcando o grunge definitivamente com "Once", "Even Flow", "Alive", "Black", "Jeremy" e "Porch", no mínimo seis das onze faixas que se tornaram conhecidíssimas. E óbvio, todas ótimas. "Black" é tristíssima, mas linda. "Porch" e "Once" são para sair pulando pela casa. "Even Flow", "Alive" e "Jeremy" são para cantar a plenos pulmões. Ainda temos "Why Go", outra paulada. "Deep", "Garden", "Oceans" e "Release" destoam um pouco da forças que as citadas têm, mas também são ótimas faixas. Só não é o melhor disco do grunge por que o Temple of the Dog carrega esse mérito, mas foi um disco super bem resgatado pelo Davi e que ganhou realmente seu status agora, já que ficou de fora vergonhosamente da lista de 1991.

Micael: De todas as bandas que caíram no rótulo "grunge" na década de 1990, o Pearl Jam sempre foi a que mais me agradou, e este ainda é, para mim, seu melhor registro. Tenho uma relação emocional enorme com este álbum, o que nubla um pouco meu julgamento com relação a ele. Gosto muito de todas as faixas do álbum, e, em qualquer show da banda ainda hoje, qualquer uma delas que toque ainda levanta a galera de forma como poucas outras na história do grupo consegue. Mais um clássico importantíssimo de sua década!


Black Sabbath - Dehumanizer [1992] (42 pontos)

André: Gosto de Dehumanizer. É aquele disco que não se espera muito dele mas que agrada e diverte. Dio canta muito e há várias canções que me animam tais como "TV Crimes" (com um clipe hilário) e "Buried Alive" com um riff típico daqueles tempos mais pesados da época de Ozzy. Talvez seja um pouco exagerado considerá-lo como um melhor da época, mas eu gosto e não ligo de estar aqui.

Daniel: Este é um dos casos de discos que todo mundo adora, mas eu não consigo achar tudo isso que se fala. Claro, “TV Crimes” e “I” são incríveis, embora o resto não consiga me comover. Assim sendo, não consigo ver a presença deste álbum como normal em uma lista tão acirrada como esta.

Davi: Tenho alguns amigos que citam esse como seu álbum favorito do Sabbath. Não concordo que seja nem o melhor da fase Dio (para mim, o título fica com Heaven and Hell), mas não tem como negar que é um disco bem legal e que causou um certo impacto nos headbangers da época. Lembro que ouvi bastante o CD na época, assim como um boot ao vivo que tinha em fita k7 dessa turnê, e me recordo que canções como "Computer God", "I" e "Time Machine" não saíam dos meus ouvidos. Legal sua aparição por aqui.

Eudes: O Black Sabbath fez oito discos nos anos 70, dos quais cinco estão na eternidade e os outros dois ainda espancam a concorrência, sem ser lembrado na lista dos Dez Mais daquela década, e entra em segundo lugar com sonoridade descaracterizada, com Dehumanizer... nos anos 90! O tico e o teco aqui não conseguiram processar. Não que o disco seja ruim, mas definitivamente as coisas não batem. Única explicação sensata que ouvi foi do boss Mairon Machado: “turma gosta é do Dio e não do Black Sabbath”! Vai ver, é isso mesmo! Mas tem coisas legais: a banda emulando o velho Sabbath em “After All/The Dead” e “Letter from Earth”, o solo excepcional de Iommi em "Too Late" e Vinny Appice chupando partes de bateria de John Bonham em "Computer God".

Fernando: Quando eu lembro de Dehumanizer imediatamente vem à minha cabeça os refrães de "Too Late" e "I". Sei que os fãs mais fanáticos pelo Sabbath tem outras como exemplo do disco, mas eu lembro até de onde eu ouvi essas duas músicas pela primeira vez. Mas ouvindo recentemente curti bastante "After All", o que me fez até a ouvir de novo a música quando o disco acabou. Foi uma excelente volta do Dio que poderia ter rendido muito mais se não fosse toda aquelas história do show de "despedida" do Ozzy pouco tempo depois de seu lançamento (alías, não é impressionante o Ozzy ter falado em despedida há quase 30 anos atrás e estar aí até hoje?).

Libia: Nos anos anteriores ao Dehumanizer banda passava por um momento complicado apesar das formações impecáveis e excelentes álbuns na minha opinião. Em 1992 a banda veio com todo aquele veneno e fúrias cativantes que entraram nas veias metálicas dos fãs para sempre. O álbum começa de forma retumbante com a bateria de Vinny Appice e os vocais lindamente raivosos do Ronnie James Dio. Apesar das tensões existentes na época, prefiro lembrar dessa formação épica com Geoff Nicholls nos teclados e sintetizadores. A banda se encaixou nas tendências dos anos 90 provando que poderia recapturar elementos de uma era anterior enquanto ainda soava moderna e relevante. Quando escuto “Time Machine” eu me sinto em outro planeta e quando toca “I” até paro de existir. Dio passou como um raio pelo Sabbath nessa época, mas esse disco permanece grandioso nos nossos ouvidos.

Mairon: Minha relação com Dehumanizer foi contada aqui. Então, para complementar, só digo que o impacto desse retorno de Dio aos vocais do Sabbath após 10 anos (como naquela época dez anos parecia algo tão distante ...) foi chocante, e pariu um dos melhores discos que já ouvi. "I" (principalmente), "After All", "Time Machine" e "Buried Alive" são faixas espetaculares. Iommi está impecável. Appice soltando o braço. Butler com vontade de tocar, e Dio, simplesmente fazendo uma performance como não se via há anos. Disco de cabeceira para qualquer um que aprecie Heavy Metal, e um dos melhores do Sabbath.

Micael: Quando este disco foi lançado, eu ainda não conhecia bem o Black Sabbath ou sua história, portanto não soube dimensionar o tamanho da volta de Ronnie James Dio à banda. Hoje, passados tantos anos e com um conhecimento um pouco maior, sei que, comercialmente, foi um renascimento importante para o grupo e que, infelizmente, durou muito pouco (sendo retomando tempos depois na forma do Heaven and Hell). Musicalmente, acho Dehumanizer do mesmo nível de Mob Rules, ou seja, um belo e agradável disco, mas inferior aos clássicos da fase Ozzy e ao primeiro registro de Dio com a banda. Mesmo assim, vale (e muito) a audição!


Guns N’ Roses – Use Your Illusion II [1991] (39 pontos)

André: Este sim é o melhor disco da década. Cheia de grandes canções, sei que foi o disco que influenciou muita gente a mergulhar de vez no rock. Outra grande vantagem é que ele envelheceu muito bem, suas canções continuam incríveis, a banda usou melhor de teclados e outros instrumentos e mesmo as canções não tão conhecidas parece que funcionam para serem singles ou clássicos.

Daniel: O Guns N’ Roses eram realmente gigantes no início dos anos 90. Particularmente, eu não consigo ver este álbum separado de seu irmão gêmeo, mas ambos são trabalhos de Hard Rock de ótimo nível. Tenho uma ligeira simpatia por este por conta de "You Could Be Mine" e seu videoclipe sensacional.

Davi: Axl Rose sempre foi um maluco egocêntrico. Lançar dois LPs duplos, no mesmo dia, é a cara dele hehehe. Lembro que, na época, optei pelos 2 CDS. Os encartes eram tão grossos que na hora que você ia encaixar de volta na caixinha acabava rasgando kkk O disco, em si, é bem legal. Lembro que escutei "Pretty Tied Up", pela primeira vez, na transmissão do Rock in Rio 1991 e gostei da música de cara. O clipe de "You Could Be Mine" com Arnold Schwarzenegger também ficou na memória. Isso para não falar na versão de "Knocking On Heaven´s Door" e no clássico "Civil War", onde ouvi pela primeira vez em uma coletânea chamada Nobody´s Child. Disco bem legal, mas confesso que sempre achei o I (capa amarela) um pouco mais forte, mas valeu...

Eudes: O projeto Use Your Illusion flagra a banda no clássico momento da pretensão sem limites, depois de conquistar as massas nos anos anteriores. Mas este volume II do projeto é bacanudo. Tem canções para bater cabeça, "You Could Be Mine" e "Shotgun Blues", faixas cheias de seções, no estilo setentista ("Estranged" e "Locomotive"), balada semibrega (“Don't Cry") e cover desnecessária de Bob Dylan. Tudo embalado em vídeo clips de orçamentos de longa-metragem e pintura de Rafael ("A Escola de Atenas") na capa. O Guns achava que estava a um passo do Olimpo, mas o projeto mastodôntico se mostrou um canto de cisne. Um documento obrigatório de uma época.

Fernando: Dois álbuns duplos sendo lançados pela mesma banda no mesmo dia. É algo muito fora do comum, ainda mais quando se lembra que os dois discos são forte o suficiente para poderem estar aqui numa lista dessas. Mas acho que termos escolhido o II é mais representativo mesmo. Junto do disco do Metallica esses discos do Guns formaram uma legião de fãs de rock. Minha música preferida da banda até hoje é "Estranged", mas o disco tem várias outras que são preferidas de muita gente como "Civil War", "You Could Be Mine", "Yesterdays"... Clássico!

Libia: A banda conseguiu explorar de maneira brilhante todas as suas influencias com músicas mais encorpadas e com muitos outros elementos. As músicas atrevidas, cheias de drogas e álcool do Appetite For Destruction se foram e nesse álbum temos uma banda mais madura e polida, com um tecladista em tempo integral. Além disso, se foi o baterista bastante solto Steven Adler, que foi substituído pelo Matt Sorum, um baterista mais tecnicamente sólido. Repleto de hits como "Civil War", "Knockin' on Heaven's Door" e "You Could Be Mine”, esse álbum tem um som firme e digno de reconhecimento.

Mairon: Entre os dois Use Your Illusion, o segundo ganha na minha opinião por que é o que possui um repertório mais azeitado. Afinal, começa com uma canção tão impactante quanto "Civil War", e só agrega nas maravilhosas "Locomotive" e "Estranged", o que o faz receber meu voto para essa lista. Mas ainda há mais. "You Could Be Mine" se tornou um clássico de imediato, muito pela promoção no filme do Exterminador do Futuro. A versão de "Knocking On Heaven's Door" apresentou Bob Dylan para toda uma nova geração de fãs (o que o Guns havia feito anos antes com Aerosmith). Passeamos pelo rock de "14 Years",os hards de "Shotgun Blues" e "Pretty Tied Up", o desabafo estupendo de "Get in the Ring", as baladaças "Yesterdays", "Don't Cry" - essa em sua versão com letra diferente -, "So Fine", cantada pelo baixista Duff McKagan, e ainda a linda e esquecida "Breakdown", tão bela quanto "November Rain", apesar de muito ofuscada pela mesma, e com um belo trabalho do pianista Dizzy Reed. Era um novo Guns, com seis membros (Axl, Slash, Dizzy, Izzy, Matt e Duff) que preenchiam um palco gigantesco, apoiados ainda por diversos músicos, e uma banda que tocava soando como se tudo estivesse na perfeição. Ninguém imaginaria que nos bastidores Axl mostrava-se cada vez mais um egoísta, arrogante e prepotente. Para mim, um dos grandes discos da sua época, e que bom ver ele por aqui.

Micael: Para mim é muito difícil separar as duas partes de Use Your Illusion, mas, se eu fosse obrigado a escolher, esta seria a minha favorita. Apesar de conter "My World", a pior música já gravada pelo Guns em sua discografia, Use Your Illusion II possui tantas faixas boas que fazem com que sua colocação nesta lista seja mais do que justificável. E não me refiro apenas às mais "conhecidas" e "aclamadas" que até sua mãe conhece, mas também a faixas mais subestimadas como "14 Years", "Yesterdays", "Breakdown", "Pretty Tied Up" ou "So Fine", canções excelentes que mereciam um reconhecimento maior até por parte dos próprios fãs dos gunners!


Nirvana – Nevermind [1991] (35 pontos)

André: É justo a entrada dele pelo impacto causado na cena noventista da época, talvez um dos últimos suspiros do rock arrebatando de vez o mainstream com outras bandas depois emplacando hits mas sem toda a aura de impacto que teve o Nirvana. É um ótimo disco, ainda envelhece bem e tem músicas em um tom bem pessoal por parte de Cobain, o que me ajuda a ter simpatia pelo álbum. Uma pena que se Cobain não tivesse se levado a sério em relação a esse negócio de ser rebelde, ele poderia talvez ter gravado mais um ou dois discos e viver a vida reclusa que sempre quis ao invés do suicídio.

Daniel: Alguns discos mudam os caminhos da música e este aqui é um destes casos. Achava que ele seria o primeiro colocado da lista e isto seria um fato plenamente aceitável. Nevermind representa a ruptura do Rock da década anterior e oferece o que seria o ‘novo Rock’. Dito isto, eu não seria honesto se votasse nele, pois jamais consegui gostar da banda.

Davi: Um dos álbuns mais marcantes da década de 90. O impacto que "Smells Like Teen Spirit" causou na juventude da época é algo indescritível. O sucesso do Nirvana abriu as portas para toda uma geração de bandas. Embora sejam constantemente massacrados pelos críticos e pelos metaleiros, os caras foram uma banda bacana, sim. Grupo bem honesto e com ótimas canções. Nevermind oscilava momentos pesados, com momentos calmos, sem deixar de ter um pé mais comercial. Lembro que "Come As You Are", "Lithium" e "In Bloom" também tocaram nas rádios, mas praticamente todo o álbum caiu no gosto de seus seguidores. Canções como "Breed", "Drain You" e "On a Plain" causavam grande impacto nas apresentações e são considerados clássicos por seus seguidores. Merecia o primeiro lugar.

Eudes: Este, ao lado de Ten e Automatic for the People talvez sejam os discos que seguramente representam melhor a década (sem entrar no mérito). E olha que os Consultores do Metal limaram uma das obras, sem trocadilho, luminares dos 90, Ray of Light, de Madonna. Nevermind é simplesmente um greatest hits da banda, só com faixas de uma inspiração dignas das pequenas sinfonias de Phil Spector, nos anos 60, só que movidas a guitarras no talo e cozinha enérgica, honrando a tradição dos power trios. Acho ocioso ficar falando de faixas que já entraram para o imaginário coletivo. Apenas digo que periodicamente eu volto a estas gemas de despretensão e imenso talento, para recuperar minha fé na música.

Fernando: Não é meu disco preferido da década. Ouvi muito e pouco ouço atualmente, mas é provavelmente o principal disco dos anos 90 em vários aspectos. A desconstrução dos padrões do rock da época ajudou a moldar o jeito que o estilo começou a ser feito a partir de então. Até hoje vemos headbangers com camisa amarrada na cintura nos shows de metal e muitos nem se dão conta de onde vem essa tendência e muito se deve à esse disco mesmo que as pessoas insistam em dizer que ele é ruim.

Libia: Os hits desse álbum caíram no meu colo no início de tudo quando passavam clipes na MTV e outras várias coisas sobre o Nirvana. “Smells Like Teen Spirit”, “In Bloom”, “Come As You Are”, “Lithium” e “Polly” foram febres por muitos anos após a morte de Kurt. No Nevermind havia o vocal de Kurt assombrado e ferido, enjaulado e desesperado, e seu diário rasgado e gasto de uma voz que você lembra depois que as guitarras se apagaram. Sua presença desgastada que garante que Nevermind seja um clássico com falhas, mas um clássico da mesma forma. Por um tempo parei de Nirvana por causa da polêmica boba Grunge versus Metal, e até criei um certo preconceito sem muito fundamento. O tempo passou e reconheci o Nevermind como um clássico inegável que revolucionou o Rock, e também fiquei mais consciente de que há tempo para todos. A diversidade de estilos se mostrou benéfica desde os primórdios para estimular a criatividade e revolução no Rock/Metal.

Mairon: Me nego a ouvir esse disco. Reconheço sua importância e pronto, não preciso dizer mais do que isso.

Micael: Se o "Black Album" do Metallica foi importante para levar o heavy metal para as "massas", Nevermind fez o mesmo com o rock, principalmente o mais "alternativo". O disco mais importante da década de 1990 (por tudo o que representou para o mundo do rock, por abrir portas para tanta gente boa que trilhou os caminhos traçados por Cobain e companhia neste álbum para chegar ao reconhecimento, pela quantidade imensa de dinheiro que gerou) é também um dos melhores, embora o Nirvana aqui soe muito mais "amaciado" e "pop" do que havia sido antes ou seria depois. Raro caso em que a alta qualidade de um disco acaba sendo reconhecida também comercialmente. Um clássico!


R.E.M. – Automatic for the People [1993] (34 pontos)

André: Outra banda que não tem jeito de eu gostar. Essa aura quase sempre tristonha/melancólica/introspectiva que a banda passa em suas canções (com algumas poucas exceções) é demais para os meus ouvidos de metaleiro acéfalo. Daqui só gosto mesmo de "Everybody Hurts" porque as maravilhosas irlandesas do The Corrs fizeram um cover muito melhor que a original e isso me fez ter simpatia pela faixa.

Daniel: Seja por preconceito, por falta de interesse ou mesmo por ausência de sabedoria, está aí uma banda que nunca parei para ouvir. É um álbum bem interessante, mesclando o Rock com sonoridades bem suaves, encontrando melodias bonitas e interpretações bem emocionais. Não sei se é para uma lista como estas, mas, dentro da que construímos, fica muito bem.

Davi: Automatic For The People apresenta uma sonoridade bem sombria, é um disco bem calmo e acredito que deva receber algumas críticas aqui por conta disso. Eu gosto muito do R.E.M., mas nunca tive esse disco entre meus favoritos (sorry, folks). Não acho o álbum ruim, acho bom, mas não espetacular. O início do disco com (as ótimas) "Drive" e "Try Not To Breathe" é bem impactante. Depois, começa altos e baixos, na minha opinião. "This Sidewinder Sleeps Tonite" e "Monty Got a Real Deal" acho ok. "Ignoreland", "Man On The Moon" e "Find The River" estão entre os grandes momentos do disco, ao lado das duas primeiras. Agora, "Star Me Kitten", "New Orleans Istrumental Nº1" e "Sweetness Follows" são bem chatinhas. E "Everybody Hurts" acho bonita, mas sempre achei a fama dela meio exagerada... Out Of Time é o disco que deveria ter representado o R.E.M., na minha opinião.

Eudes: Me sinto bem a vontade para dizer que este disco é um dos melhores discos da história do rock. Isto porque ele é uma exceção me minha opinião sobre o REM, grupo que jamais me impressionou. Acho a sonoridade densa e sólida apresentada no disco bem diferente do pop magrelinho dos lançamentos anteriores da banda. E tudo para embalar canções francamente lindas. A contribuição de John Paul Jones certamente tem a ver com esta reinvenção sonora, expressa nos arranjos orquestrais de algumas das melhores faixas. A abertura com “Drive” já é massacrante, mas não há em absoluto solução de continuidade em faixas como “Try not to Breathe”, “New Orleans Instrumental No. 1”, “Monty Got a Raw Deal” e minha predileta do disco, “Nightswimming”. E você pode até ter se saturado de ouvir, mas, confesse, o hit “Everybody Hurts” anda te enchem os olhos de água, não é, não?

Fernando: "Losing My Religion" e "Everybody Hurts": é como REM é definido na minha cabeça. Nunca fui um grande fã e dificilmente coloco a banda para ouvir.

Libia: Em Automatic for the People temos os integrantes do R.E.M investigando mais profundamente do que nunca, é um álbum musicalmente irresistível. Quando as baladas “Nightswimming” e “Find the River” fecham o álbum elas resumem toda a sua intensidade crepuscular e com o mundo interior da memória, perda e saudade. O hit "Everybody Hurts" é uma música de como permanecer otimista diante de um momento difícil e uma das mais belas ao vivo também. “Ignoreland” mostra uma certa revolta, pois se trata de política. "Man on the Moon" apresenta a teoria da conspiração como fato e a verdade como questão de opinião. A banda estava no auge de suas proezas criativas e lançou esse disco que surpreende mesmo após muitos anos a seu lançamento.

Mairon: Como fazer um disco depois de lançar um álbum clássico que o consagra mundialmente? O R. E. M. deu a receita, e assim o fez em Automatic for the People. Depois de conquistar o mundo com Out of Time, muito pelo supra-hit "Losing My Religion", Michael Stipe e cia. se focaram em trazer um disco imerso em letras magnificamente tocantes, e melodias encantadoras. Ouvir "Drive" logo no início já é para chorar e se arrepiar horrores. O disco vai passando suave, gostoso, através da delicadeza de "Try Not to Breathe" e "Star Me Kitten", as cordas e o lado acústico de "Sweetness Follows" e "Nightswimming", as alegrias depressivas de "The Sidewinder Sleeps Tonite" e "Man on the Moon", o mandolin de "Monty Got A Raw Deal", o violão e o acordeão de "Find the River", e até o peso de "Ignoreland". Porém, entre tanto frescor, "Everybody Hurts" faz até o piso se derramar em lágrimas, com uma letra poderosa e para cima, simplesmente perfeita. Gosto do trabalho de teclados de Mike Mills, gosto dos violões super encaixados de Peter Buck, gosto dos vocais agonizantes de Michael Stipe, gosto tanto desse disco que cada audição é um orgasmo aos ouvidos. Um dos melhores discos de todos os tempos, e certamente, o melhor disco do R. E. M., dando uma repaginada muito boa para essa lista tão metálica!

Micael: O terceiro registro do R.E.M. por uma major veio com um ar mais sombrio e tristonho, bem diferente da atmosfera mais "leve" presente no anterior Out of Time, que, particularmente, eu colocaria aqui no lugar deste. Isto não quer dizer que não seja um bom disco, mas "mexe" menos comigo do que outros álbuns que a banda já fez. Agora, se houver alguém com coragem para dizer uma sílaba sequer capaz de denegrir algo tão belo e emocionante quanto "Everybody Hurts", então essa pessoa deveria desistir do mundo da música e procurar outra ocupação para seus ouvidos...


Judas Priest – Painkiller [1990] (32 pontos) ***

André: Já fui um pouco mais crítico com o Judas, mas aí está um exemplo de disco que deu uma mudada nos meus conceitos nos últimos anos. Por incrível que pareça, eu o achava um disco médio. Hoje já gosto dele e vejo que a banda foi uma das poucas da era setentista que conseguiu com algum louvor (e alguns tropeços na década anterior) a entrar na casa dos mais de 20 anos de carreira ainda impactante. Bem legal ouvir o tradicionalíssimo speed metal em canções como em "All Guns Blazing" ou aquele estilo mais cavalgado que o Maiden fez fama como em "Between the hammer & the Anvil". Ótimo disco, hoje o aprecio muito mais do que antes.

Daniel: Este álbum é um clássico do Judas Priest e seu disco mais pesado, ao menos até aquela altura. É óbvio que gosto bem dele, embora minha fase preferida do grupo seja a setentista. A faixa-título é Heavy Metal “até o osso”, fazia muito tempo que não o ouvia e foi uma experiência bem reconfortante.

Davi: Ótima lembrança! Painkiller é o último álbum do Judas que considero clássico. Aprender a introdução de bateria da faixa-titulo tornou-se um desafio para qualquer baterista de rock a partir de então. Rob Halford, que já tinha quebrado tudo na faixa "Painkiller", volta a arregaçar em "All Guns Blazing". "Between The Hammer &  The Anvil" apresenta ótimos riffs, enquanto Halford volta a impressionar em "A Touch of Evil". Melhor do que isso só se tivesse entrado War of Words do Fight.

Eudes: O quinto disco de heavy/hard na lista. Mas ainda bem que é um disco divertidíssimo de uma banda extremamente competente. Meio hard, meio heavy, mas sempre energético e imaginativo. Canções como a faixa-título e "A Touch of Evil" dão o tom do disco, no geral, rápido, com um humor meio punk e feito para animar qualquer festa de roqueiro. Graças a Deus, tem sempre um cantor gay para compensar o mau humor e o reacionarismo metaleiro.

Fernando: Esse é um disco fantástico. Bom do começo - e que começo! - ao fim. É impressionante como a banda saiu de uma fase ruim (eu gosto de Turbo, mas sei que sou minoria, e Ram it Down não dá para defender mesmo) e se valeu da entrada do ótimo baterista Scott Travis para moldar uma sonoridade que bebeu das suas próprias raízes, mas ainda sim diferente do que tinham feito até então, ficaram mais pesados, mais rápidos e meteram o pé na porta da década que insistiu em mal tratar o heavy metal. Rob Halford abusa de sua voz privilegiada, os guitarristas devem ter praticado muito pois a técnica demonstrada é absurda e isso é mostrado de cara loga na faixa título com arpejos que deixaram os fãs de Malmsteen com sorriso de orelha a orelha. Só tem uma coisa...a banda não deveria mais tocar essa faixa hoje em dia, pois é uma crueldade com Rob Halford. O banda tem tantos clássicos que esse poderia ficar de fora.

Libia: É bem óbvio que Judas Priest vem fazendo a diferença desde os anos 70. A banda abriu a década de 90 em termos metálicos com o Painkiller, um som totalmente novo que ninguém imaginaria antes. A entrega da banda é total, com a bateria devastadora e guitarras dividindo a Terra ao meio porque lembram um motosserra as vezes. Não há atributos suficientes para descrever esse álbum. Minhas músicas favoritas são “All Guns Blazing”, “Metal Meltdown”, “Night Crawler” e talvez todas as outras! Mais uma vez, o Priest provou que pode fazer um disco sem uma única fraqueza.

Mairon: Discaço do Judas. O melhor em anos (desde 1978 posso afirmar sem medo). O lado A é simplesmente perfeito, numa sequência "derruba casa" digna de um álbum clássico. "Painkiller", "Hell Patrol", "All Guns Blazing", "Leather Rebel" e "Metal Meltdown", esta a melhor música de Painkiller, já fazem o Judas subir muito nas posições de melhores discos dos anos 90. Daí vem a ignorância bestial de devastadora em "Between the Hammer & The Anvil - e dê-lhe rifferama - e "Battle Hymn", mostrando um pouco do que o Judas faria 20 anos depois a partir de Nostradamus, e pronto, Painkiller se torna no mínimo Top 3 nos melhores discos da discografia dos britânicos. Único deslize, mas pequeno, é "A Touch of Evil", com tecladinhos que ainda remetem a Rob Halford está cantando pra caralho nesse disco, que loucura. Acho que essa é a melhor performance da carreira dele. Aliás, com exceção de Ian Hill, que sempre fez um feijão com arroz básico, todos os demais estão em um momento único em suas carreiras. Os solos de K. K. e Tipton são dotados de muita técnica, e Scott Travis pra mim simplesmente é o melhor batera que tocou no Judas. Justíssima presença entre os dez mais!!!

Micael: Por algum motivo que nem eu mesmo sei direito nunca dei muita atenção ao Judas Priest. Acho o som do grupo bastante genérico, muito parecido com o de outras bandas que até foram influenciadas por eles, mas que eu conheci antes, por isso viraram minhas referências. Não sei dizer se já tinha ouvido um disco inteiro da banda antes deste, então, certamente não sou a pessoa mais adequada para julgar os méritos deste álbum. O lado B ficou mais ou menos naquilo que eu esperava de um disco dos ingleses, mas o lado A me surpreendeu com algumas faixas bem mais pesadas do que eu estava aguardando, a começar pela clássica faixa título, que, obviamente, não era desconhecida para mim. Algumas faixas me deixaram um sentimento de estar ouvindo algo do King Diamond dos últimos discos, e outros trechos me pareceram saídos de um disco do Massacration (podem me jogar as pedras, e, sim, eu sei que os brasileiros vieram muito depois do Judas ter conquistado seu espaço e inclusive copiam muitas coisas deles, mas, como eu disse, conheci uma bem antes de dar atenção à outra), o que talvez tenha tornado a audição do lado A mais "agradável" para mim. É um disco ruim? Longe disso, mas não é para o meu gosto... ah, só para finalizar, gostei bastante da faixa bônus lançada posteriormente, "Living Bad Dreams", que, embora meio deslocada do contexto geral do disco, soa melhor que algumas das "oficiais presentes nele...


Bruce Dickinson – The Chemical Wedding [1998] (32 pontos)

André: Sem me alongar muito, apenas questionar meus colegas consultores: já ouviram falar de Accident of Birth?

Daniel: Eu sou muito fã do Bruce Dickinson, realmente acho que este é o seu melhor trabalho solo e gosto muito deste disco. A presença deste álbum nesta lista também condiz com um pensamento que tenho, qual seja, de que os melhores discos solos de Bruce são superiores a tudo que o Iron Maiden fez naquela década de 90. Contudo, não penso que deveria estar entre os 10 melhores da década.

Davi: Segundo álbum da carreira de Bruce ao contar com a presença de Adrian Smith, o disco trazia um som pesado, sujo, com um trabalho vocal brilhante. Eu gosto bastante da carreira solo de Bruce Dickinson e acho esses discos superiores a muitos trabalhos que ele produziu depois que retornou ao Maiden. Entretanto, se tivesse que escolher um álbum dele para essa lista ficaria com Balls to Picasso ou Accident of Birth. Mas e aí? O disco é meia bomba? Não. É um trabalho bacana, onde, para mim, os grandes momentos estão em sua primeira metade. Para ser mais especifico: "Chemical Wedding", "The Tower" e "Book of Thel". Um bom disco, mas acho sua presença aqui meio exagerada.

Eudes: Uma maioria massacrante heavy metal, numa década como a de 90 diz mais de quem vota do que dos discos em si. Um bom álbum do vocalista da banda de estimação aqui da turma, mas que já é sem dúvida uma nota de rodapé na história do rock do século passado.

Fernando: Um nobre amigo meu diz que esse é o melhor disco de um artista solo já lançado. Tirando seu comentário baseado somente em seu fanatismo é díficil de rebater. É o melhor disco da carreira solo do meu artista preferido e ainda tem a presença do guitarrista mais inventivo da minha banda preferida. O disco é pesado, cheio de melodias certeiras, tem uma tema muito interessante e, como bônus, ajudou a fazer o Iron Maiden a voltar ser a maior banda de metal do mundo e junto disso levar o metal a ser grande de novo.

Libia: O semi-conceitual inspirado em escritos de William Blake é considerado o melhor pela maioria dos fãs. Com uma composição simplesmente fantástica e direta, tem letras excelentes, místicas e a produção traz à tona o sentimento místico das canções. Tanto Roy Z quanto Adrian Smith fazem trabalhos excelentes em suas 6 cordas, mantendo a melodia perfeita, e as canções dão destaque ao estilo de cantar de Bruce. Os destaques para mim são “Chemical Wedding”, “Book of Thel”, “Jerusalem” e “The Alchemist”, porém é impossível ouvir uma música ou outra, ele é lindo por inteiro e implora para não ser ignorado.

Mairon: Eleito o melhor disco de 1998 na nossa lista, The Chemical Wedding me chamou a atenção por ser melhor do que os discos anteriores de Bruce, mas ser um prenúncio da abobrinha enrolada em chuchu que e tornou o Iron Maiden com o retorno do queridinho dos fãs ao posto de vocal principal. Claro que faixas como "King in Crimson", "Killing Floor", "Machine Men" e "The Tower" são ótimas, diversificadas e não repetitivas, mas bah aturar a faixa-título, "Book of Thel", "Jerusalem" ou "The Alchemist" não dá. Prenúncios de tudo que eu passei a não gostar no Iron Maiden pós-Blaze. Disquinho bem meia-boca, que entra mais pelo fanatismo do que pelas qualidades. Um Rush ou Megadeth caberia bem melhor aqui.

Micael: Para mim, o melhor disco da carreira solo de Bruce Dickinson, superior, inclusive, a muitas coisas que ele faria antes ou depois ao lado do Iron Maiden. Sua reunião com Adrian Smith já havia rendido Accident of Birth, um belo álbum focado no metal clássico que os fãs da dupla esperavam há tempos da banda de origem de ambos. Mas aqui os temas estão ainda mais pesados, mais bem arranjados, mais encaixados, e tudo conspirou para formar um álbum que, passados mais de vinte anos de seu lançamento, já pode ser considerado um clássico!


Listas Individuais

ANDRÉ

1. Guns N’ Roses – Use Your Illusion II
2. Metallica – Metallica
3. Nightwish – Oceanborn
4. Harem Scarem – Mood Swings
5. Dream Theater – Awake
6. Queensrÿche – Empire
7. Depeche Mode – Violator
8. Death – Symbolic
9. Helloween – The Time of the Oath
10. Legião Urbana – V

DANIEL

1. Sepultura – Chaos A. D.
2. Chico Science & Nação Zumbi – Da Lama Ao Caos
3. The Smashing Pumpkins – Mellon Collie and the Infinite Sadness
4. Pearl Jam – Ten
5. Dream Theater – Metropolis Pt. 2 – Scenes From a Memory
6. U2 – Achtung Baby
7. Soundgarden – Badmotorfinger
8. Megadeth – Rust in Peace
9. Alice in Chains – Facelift
10. Metallica – Metallica

DAVI

1. Metallica – Metallica
2. Nirvana – Nevermind
3. Kiss – Revenge
4. Pearl Jam - Ten
5. Dream Theater – Images and Words
6. Skid Row – Slave To The Grind
7. Soundgarden – Badmotorfinger
8. Aerosmith – Get a Grip
9. Rage Against The Machine – Rage Against The Machine
10. Pantera – Vulgar Display of Power

EUDES

1. Jeff Buckley – Grace
2. Paul McCartney – Flaming Pie
3. Teenage Fanclub – Bandwagonesque
4. R.E.M. – Automatic for the People
5. Madonna – Ray of Light
6. Nirvana – Nevermind
7. Chico Science & Nação Zumbi – Da Lama Ao Caos
8. Radiohead – OK Computer
9. Soundgarden – Badmotorfinger
10. The Black Crowes – By Your Side

FERNANDO

1. Megadeth - Rust in Peace
2. Bruce Dickinson – The Chemical Wedding
3. Angra – Holy Land
4. Judas Priest – Painkiller
5. Sepultura – Arise
6. Helloween – The Time of the Oath
7. Stratovarius – Visions
8. Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth
9. Pink Floyd – The Division Bell
10. Dream Theater – Images and Words

LIBIA

1. Black Sabbath - Dehumanizer
2. Judas Priest - Painkiller
3. Pink Floyd - The Division Bell
4. Rush - Counterparts
5. Queensrÿche - Empire
6. Dream Theater - Images And Words
7. Megadeth - Countdown to Extinction
8. Angra - Angels Cry
9. Ramones - Mondo Bizarro
10. R. E. M. - Automatic For The People

MAIRON

1. Jeff Buckley - Grace
2. R.E.M. – Automatic for the People
2. Black Sabbath – Dehumanizer
4. Bacamarte - Sete Cidades
5. Rush - Counterparts
6. Slayer – Seasons in the Abyss
7. Los Hermanos – Los Hermanos
8. Legião Urbana - V
9. Temple of the Dog – Temple of the Dog
10. Guns N’ Roses – Use Your Illusion II

MICAEL

1. Sepultura – Chaos A. D.
2. Pearl Jam – Ten
3. Dream Theater – Metropolis Pt. 2 – Scenes From a Memory
4. Bruce Dickinson – The Chemical Wedding
5. Guns N’ Roses – Use Your Illusion II
6. Guns N’ Roses – Use Your Illusion I
7. Nirvana – Nevermind
8. Legião Urbana – V
9. Faith No More – Angel Dust
10. Rush – Counterparts


DISCOS ELEITOS ENTRE 1990 E 1999

Aerosmith – Get a Grip
Alanis Morissette – Jagged Little Pill
Alice in Chains – Facelift
Alice in Chains – Dirt
Angra – Angels Cry
Angra – Holy Land
Anthrax – Sound of White Noise
Arnaldo Antunes – Nome
Bacamarte – Sete Cidades
Badlands – Voodoo Highway
Black Sabbath – Dehumanizer
Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth
Bon Jovi – These Days
Bruce Dickinson – Balls to Picasso
Bruce Dickinson – Accident of Birth
Bruce Dickinson – The Chemical Wedding
Buena Vista Social Club – Buena Vista Social Club
Carcass – Heartwork
Chico Science & Nação Zumbi – Da Lama Ao Caos
Coverdale•Page – Coverdale•Page
Danzig – Danzig II: Lucifuge
Death – Human
Death – Individual Thought Patterns
Death – Symbolic
Death – The Sound of Perseverance
Def Leppard – Euphoria
Depeche Mode – Violator
Dissection – Storm of the Light’s Bane
DJ Shadow – Endtroducing…
Down – NOLA
Dream Theater – Images and Words
Dream Theater – Awake
Dream Theater – Metropolis Pt. 2 – Scenes From a Memory
Engenheiros do Hawaii – Várias Variáveis
Enigma – MCMXC a.D.
Faith No More – Angel Dust
Faith No More – King for a Day… Fool for a Lifetime
Gamma Ray – Land of the Free
Glenn Hughes – Addiction
Guns N’ Roses – Use Your Illusion I
Guns N’ Roses – Use Your Illusion II
Harem Scarem – Mood Swings
Helloween – Master of the Rings
Helloween – The Time of the Oath
Iced Earth – The Dark Saga
Iced Earth – Something Wicked this Way Comes
In Flames – The Jester Race
In Flames – Whoracle
In Flames – Colony
Jeff Buckley – Grace
Judas Priest – Painkiller
Korn – Korn
Kiss – Revenge
Kiss – Carnival of Souls: The Final Sessions
Kiss – Psycho Circus
Legião Urbana – V
Living Colour – Time’s Up
Los Hermanos – Los Hermanos
Madonna – Ray of Light
Mamonas Assassinas – Mamonas Assassinas
Marilyn Manson – Antichrist Superstar
Melvins – Stoner Witch
Mercyful Fate – In the Shadows
Megadeth – Rust in Peace
Megadeth – Countdown to Extinction
Megadeth – Youthanasia
Metallica – Metallica
Mr. Big – Get Over It
Mötley Crüe – Mötley Crüe
Neutral Milk Hotel – In the Aeroplane Over the Sea
Nick Cave and The Bad Seeds – Murder Ballads
Nick Cave and The Bad Seeds – The Boatman’s Call
Nick Cave and The Bad Seeds – Let Love In
Nightwish – Oceanborn
Nirvana – Nevermind
Nirvana – In Utero
Oasis – (What’s the Story) Morning Glory?
Pantera – Cowboys from Hell
Pantera – Vulgar Display of Power
Paradise Lost – Draconian Times
Paul McCartney – Flaming Pie
Pearl Jam – Ten
Pink Floyd – The Division Bell
Primal Scream – Screamadelica
Queensrÿche – Empire
Queensrÿche – Promised Land
Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno
Radiohead – OK Computer
Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles
Raimundos – Raimundos
Ramones – Mondo Bizarro
Red Hot Chili Peppers – Californication
R.E.M. – Automatic for the People
Richie Kotzen – Mother Head’s Family Reunion
Running Wild – Black Hand Inn
Rush – Counterparts
Savatage – The Wake of Magellan
Sepultura – Arise
Sepultura – Roots
Sepultura – Chaos A. D.
Shania Twain – Come On Over
Skid Row – Slave to the Grind
Slayer – Seasons in the Abyss
Slipknot – Slipknot
Sonic Youth – Goo
Soundgarden – Badmotorfinger
Stratovarius – Visions
System of a Down – System of a Down
Teenage Fanclub – Bandwagonesque
Temple of the Dog – Temple of the Dog
Testament – The Gathering
The Black Crowes – By Your Side
The Smashing Pumpkins – Mellon Collie and the Infinite Sadness
The Smashing Pumpkins – Siamese Dream
Therion – Theli
Therion – Vovin
Tiamat – Wildhoney
Titãs – Titanomaquia
Tom Waits – Bone Machine
Tom Waits – Mule Variations
Type O Negative – Bloody Kisses
U2 – Achtung Baby
Within Temptation – Enter

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