segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Robson Van der Ham e Marcos Rigolli






A manhã deste último domingo foi marcada por uma grande tragédia: o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que vitimou mais de duzentas e trinta pessoas, na maioria jovens entre vinte e vinte e cinco anos, que divertiam-se ao som do grupo Gurizada Fandangueira, após terem curtindo o som do grupo Pimenta e Seus Comparsas.

O Rio Grande do Sul, e por que não, o Brasil inteiro, lamenta a morte desses jovens, e o Baú do Mairon, hoje, presta uma homenagem à todos os familiares e amigos das vítimas dessa imensa tragédia, mas especialmente, aos músicos Robson Van der Ham e Marcos Rigolli, respectivamente baixista e baterista do grupo Excellence, e que também faziam parte do Pimenta e Seus Comparsas.

Robson Van der Ham

Para quem não conhece, o quarteto de Ijuí recebeu um post no Consultoria do Rock do colega Fernando Bueno, com elogios para o álbum Against the Odds

Van der Ham nasceu no dia 17 de janeiro de 1982, portanto, completou trinta e um anos há onze dias, e tinha como inspirações Steve Harris, Geddy Lee e John Myung. Apesar de não ser técnico como seus ídolos, fazia um groove que auxiliava bastante nas melodias de seu colega guitarrista Lucas Prauchner.

Já Marcos, nascido em 10 de agosto de 1975, era a alma do Excellence. Com uma pegada forte, conduzia o ritmo do grupo com talento, fazendo viradas marcantes e uma batida inconfundível na caixa e no bumbo, inspirada em nomes como Aquiles Priester e Neil Peart.

Marcos Rigolli

O grupo havia se apresentado antes do Gurizada Fandangueira, e estava nos camarins quando o incêndio começou. Infelizmente, a dupla do Excellence não escapou, assim como tantos outros que estiveram presentes naquela trágica noite de Santa Maria.

Duas grandes perdas para hard/heavy nacional. Força e garra para os colegas do Excellence e para seus familiares. 

Deixo aqui o vídeo de "Going Down to Nowhere", uma das melhores canções do grupo, que contra tudo e contra todos,  conseguiram vencer dentro do mercado roqueiro nacional, mas que a fumaça do incêndio na boate Kiss acabou derrotando-os na madruga de sábado para domingo do dia 27 de janeiro de 2013.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Melhores de 2012




2012 foi um ano estranho em termos de lançamentos. Apesar da grande quantidade de material que chegou às lojas nos últimos doze meses, a maioria deles só apresentou qualidade em grupos com mais de vinte anos de carreira. Poucos foram as bandas novas que fizeram um trabalho relevante, mas, o lado positivo, é que os melhores trabalhos vieram do lado brazuca.



Álbuns do ano
 Quaterna Requiém - O Arquiteto




Após doze anos do álbum ao vivo Livre, e dezoito anos do último disco de estúdio (Quasímodo), o quinteto carioca, liderado pela tecladista Elisa Wierman, voltou com gás total, e fez um disco perfeito. O Arquiteto homenageia alguns dos principais arquitetos mundial, como o recém falecido Oscar Niemeyer, na bela "Niemeyer", quinta parte da suíte "O Arquiteto", com quase cinquenta minutos de duração, homenageando "Bramante", "Mansart", "Gaudi" e "Frank Lloyd", cada um com uma peça da suíte especialmente criada para ele, comparando a criação da canção com o estilo do artista. A suíte de abertura, "Preludium", com mais de onze minutos de duração, é uma forte candidata a Maravilha Prog, com Elisa dando show no piano e nos sintetizadores, e o guitarrista Roberto Crivano mandando ver em solos arrepiantes. Um álbum que será ouvido muitas vezes pelos fãs de rock progressivo, emocionante, belo e o melhor de 2012 (e também o melhor da década).



Thiago França - Sambanzo: Etiópia



Durante a abertura do show do Los Hermanos em Porto Alegre, as caixas de som reproduziam um som indefinido aos meus ouvidos. Agradável, harmonioso, diferente, encantador, entusiasmante, vários são os adjetivos positivos para Sambanzo: Etiópia, segundo álbum do saxofonista paulista Thiago França. Simplesmente, é uma canção melhor que a outra. A mistura de jazz, rock, samba e bossa-nova casou muito bem, e a criatividade rola solta em pérolas como "Sino da Igrejinha", "Xangô da Capadócia" e "Xangô". Outro belo trabalho nacional, mostrando que, em época de escassez no mercado brasileiro, ainda tem muitos artistas que conseguem fazer um som moderno e ótimo.






Toy Dolls - The Album After the Last One




Quando o grupo punk Toy Dolls lançou The Last One? em 2004, os fãs ficaram com uma pulga na orelha se realmente a trupe do guitarrista Olga iria encerrar suas atividades. Graças aos deuses do rock, Olgresgatou sua criatividade, e ao lado de Tommy Gobber (baixo) e Mr. Duncan (bateria) gravou um álbum engraçado pacas, respeitando o fã do grupo e, claro, satisfazendo o desejo de ouvir as canções irônicas e cheias de graça de um trio mais que especial para o rock mundial. "Sciatia Sucks", "Decca's Drinkin' Dilemma", "Kevin's Cotton Wool Kids", "Credit Crunch Christmas", enfim, todo o álbum faz você relaxar e dançar, relembrando os clássicos Wakey Wakey e Bare Faced Cheek. Que o trio continue na ativa, pois o rock perderá muita graça se este for o último álbum do Toy Dolls.


Van Halen - A Different Kind of Truth
O retorno mais aguardado dos últimos anos foi também o mais ovacionado de 2012. Afinal, para 90% dos fãs de Van Halen, o grupo só é O GRUPO com David Lee Roth nos vocais. A Different Kind of Truth é um sensacional atestado de que, apesar das indiferenças, David e Eddie Van Halen são capazes de satisfazer os seus fãs, superando o ego individual e retornando às origens do grupoao mesmo tempo que soa extremamente original. O que é o riff de "Outta Space", o baixão de Wolfgang Van Halen em "She's the Woman" ou o embalo safado de "Stay Frosty", se não uma visita ao final da década de 70, início dos 80, onde o Van Halen explodiu para o mundo como a maior banda de sua época, e Eddie Van Halen aparecia em tudo que era capa de revista como o maior guitarrista a pisar na Terra desde Jimi Hendrix? Se vai continuar, não se sabe, mas que a parceria gerou um saboroso fruto em 2012, isso ninguém pode negar.


UFO - Seven Deadly

Desde que Vinnie Moore assumiu as guitarras do UFO em You Are Here (2004), o grupo vem lançando discos regularmente, com um som característico de uma nova fase, independente das guitarras afiadas de Michael Schenker, e, por que não, tão relevante quanto antes. É inegável que Moore mudou o estilo do UFO, transformando o hard pesado da década de 70 (e o desprezível AOR dos 80) em um hard simples mas convincente. Seven Deadly segue a linha de The Visitor (2009), 
sem uma canção mais atraente que a outra, e tendo como único ponto negativo a balada "Burn Your House Down". As demais onze canções são diretas e sem firulas, fazendo um feijão com arroz que, enquanto durar, sem inovações, vai alimentar e muito a fome dos fãs do quarteto.


Europe - Bag of Bones

Bag of Bones é outro álbum que mantém uma nova linha para um velho grupo, desta vez o Europe. Desde Start from the Dark (2004) que Joey Tempest e cia. deram uma guinada de 180 graus, só que aqui o grupo está muito setentista, o que torna o som ainda mais atraente. E John Norum então, o que ele faz na guitarra é demais, ou até mesmo no violão, através da bela faixa-título. Inspirações no Led Zeppelin aparecem praticamente em todas as canções, mas "Firebox", "Not Supposed to Sing the Blues" e "Riches to Rags" são perfeitas demais para o fã do grupo. Aliás, nunca vi a voz de Tempest soar tão parecida com a de Robert Plant quanto em "Riches to Rags". Só não é o melhor disco de 2012 por que UFO e Van Halen (além dos brasileiros) fizeram discos essenciais. Mas está na sexta posição, com a diferença de milésimos para o segundo colocado.


Beach Boys - That's Why God Made the Radio
Diz o ditado que de onde menos se espera, daí que não saí nada. Para o The Beach Boys, isso não procede. Afinal, ninguém esperava que Brian Wilson, Bruce Johnston, Mile Love e Al Jardine pudessem voltar a gravar juntos. Afinal, haviam vinte anos desde o último lançamento do grupo, e, apesar de Wilson ter trabalhado bastante nesse período, pouco de relevante foi lançado de forma inédita (tivemos mais resgastes de obras primas como Pet Sounds ou Smile do que canções novas). Pois That's Why God Made the Radio apanhou a todos de surpresa, e que ótima surpresa. Comemorando os cinquenta anos da banda, nele estão as harmonias vocais, o embalo californiano e as baladas características do grupo. Ouça a faixa-título, "Shelter" e "Summer's Gone", essa última com a participação especial de Jon Bon Jovi, e duvido que resista a esse grandioso álbum.


Van der Graaf Generator - ALT
Se no ano passado o Van der Graaf Generator já havia lançado um disco soberbo, o trio Peter Hamill, Hugh Bantoe Guy Evans se superaram em 2012. Somente com canções instrumentais, é um fantástico disco, com arranjos complexos como manda o figurino do mundo prog, mas com o diferencial de que não há nenhuma suíte. Apenas faixas curtas recheiam ALT em sua quase uma hora de duração. As três canções mais longas ("Colossus", "Repeat After Me" e "Dronus") são sessões zen dificilmente encontradas na obra do Van der Graaf, e as demais, girando entre um e cinco minutos, preenchem o disco e o local onde você o está escutando misturando delírios jazzísticos, viagens progressivas e inspirações psicodélicas muito complicadas. Um disco experimental do início ao fim, e do Van der Graaf Generator. Precisa ser dito algo mais?


Peter Buck - Peter Buck
Quando o R. E. M. acabou em meados do ano passado, parecia evidente que, musicalmente, os integrantes do grupo não ficariam parados. Restava saber quem iria lançar o primeiro álbum solo. Coube ao guitarrista Peter Buck a tarefa. A curiosidade é que Peter Buck, o álbum, foi lançado apenas em vinil. Com a participação do baixista Mike Mills (também do R. E. M.), e mais uma superbanda, Buck fugiu do que estava acostumado a criar para seu antigo grupo, e, mesmo assim, se superou. Faixas como a folk "Some Kind of Velvet Sunday Morning", a agitada "So Long Johnny" e a oitentista "Nothing Means Nothing", essa com os vocais de Corin Tucker, são algumas das canções principais de um disco surpreendente, abrindo espaço para uma próspera carreira solo.


Rush - Clockwork Angels

Ano passado coloquei como maior decepção o não lançamento do novo álbum do Rush. A expectativa criada pela turnê em 2010, bem como a canção "BU2B", faziam crer que o novo álbum seria excelente. Eis que Clockwork Angels veio às lojas em 2012. O disco não é de todo o ruim, mas para uma banda como o Rush, esperava bem mais. Aos poucos, fui me acostumando com o som, e canções como a citada "BU2B",  "Seven Cities of Gold" e "The Garden" entraram na minha lista de "possíveis faixas para uma coletânea do grupo". Assim como todo disco do Rush, a primeira vez que se ouve temos uma sensação de estranheza, mas o tempo nos faz acostumar com o mesmo.



Bacamarte
Melhor notícia: O retorno de bandas nacionais aos palcos

Pois o ano de 2012 acabou trazendo uma surpresa melhor que a outra em termos de bandas nacionais. Nada mais que Planet Hemp, Los Hermanos, Viper, Sagrado Coração da Terra, Quaterna Requiém, Arnaldo Baptista e Bacamarte voltaram à ativa, todos com a formação quase 
original, interpretando clássicos que estavam engavetados há alguns anos. Os casos mais emblemáticos foram de Arnaldo, Planet Hemp, Los Hermanos e Viper, que voltaram com uma super turnê pelo país. Já Bacamarte e Sagrado Coração da Terra fizeram shows específicos, mas a tendência para 2013 é de que uma turnê pelo país também ocorra. O Quaterna Requiém simplesmente lançou o melhor disco do ano, que, para fechar com chave de ouro, apresentou o retorno do Mutantes na fase progressiva, com Sérgio Dias, Túlio Mourão, Rui Motta e Antônio Pedro de Medeiros, durante o festival Psicodália, apresentando na íntegra o clássico Tudo foi Feito Pelo Sol. Tomara que essas bandas saiam em turnê pelo país, e, quem sabe, grupos como Secos & Molhados, Terreno Baldio, Som Nosso de Cada Dia e tantos outros retornem para agradar ainda mais os fãs brazucas.


Encerramento do constrangedor MOA 2012
Pior notícia: Metal Open Air

Quando o Metal Open Air foi anunciado no final de 2011 para meados de 2012, os fãs de metal no Brasil entraram em polvorosa. Afinal, apesar de o festival ser realizado fora do centro do país, na cidade de São Luis (Maranhão), e com a quantidade de bandas prometidas, principalmente as internacionais, valeria a pena o esforço. Pois muitos foram os que venderam o que não tinham e se largaram para o festival, e todos viram apenas meio dia de shows, e nada mais. Um fiasco enorme, que o mundo inteiro viu e deu risada. Uma pena, pois dificilmente um cast como o que foi montado para esse Festival irá se repetir.



Roger Waters e a The Wall Tour
Surpresa: quantidade de shows no país

Havia anos que o Brasil não recebia tantos shows internacionais de qualidade. Tivemos no país de tudo um pouco, sempre com ingressos concorridos e locais lotados. Mark Farner, Roger Waters, Alanis Morrisette, Anthrax, Misfits, Dream Theater, Megadeth, Exodus, Martin Turner's Wishbone Ash, Jack Bruce,  Robert Plant, Slash, Kiss, Rick Wakeman, Black Label Society, Nightwish e Madonna foram alguns dos grandes nomes da música mundial que passaram por nosso país e aos quais o  Consultoria do Rock esteve presente, mas vários outros shows preencheram os doze meses do ano, trazendo alegria e esperança de que, para 2013, mais shows importantes venham para cá, sendo que dois grandiosos espetáculos já foram anunciados: Elton John e Yes (além de mais uma edição do Rock in Rio).



Decepção do ano
Decepção: Steve Harris - British Lion

Os fãs do Iron Maiden fizeram mais alarde que Quero-Quero quando souberam que Steve Harris iria lançar um álbum solo. Particularmente, pensei que Harris iria vir com um disco fortemente inspirado em rock progressivo ou nas linhas tradicionais de UFO, Thin Lizzy e Wishbone Ash (que tanto foram importantes para o Iron anos atrás). Pois nem um, nem outro. British Lion é de uma pobreza sonora inimaginável para os padrões da Donzela, e serviu apenas para caçar níqueis dos fanáticos pelo grupo. Sem falar que a voz de Richard Taylor é tinhosa. Inexplicável como alguém do porte de Harris lança tamanha atrocidade. 

outros destaques

Ian Anderson - Thick as a Brick 2
Lynyrd Skynyrd - Last of a Dyin' Breed
ZZ Top - La Futura
Black Country Communion - Afterglow
Bob Dylan - Tempest

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