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terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Melhores de 2018





O ano de 2018 foi bastante atrativo em termos de lançamentos. Não consegui ouvir muitos álbuns esse ano (pouco mais de 50), mas a maioria do que ouvi é de ótima qualidade. Fechar os 10 não foi uma tarefa fácil, mas depois de muitas audições, e considerações daqueles finaleiras, eis aqui minha lista de 2018, e que 2019 seja um ano de muitos lançamentos e paz à todos!


Greta Van Fleet - Anthem of the Peaceful Army


Um disco de inéditas do Led Zeppelin é covardia perto de outros tantos lançamentos desse ano. Ok que o Greta Van Fleet não é o Zeppelin de chumbo, mas seu álbum de estreia é um marco nas produções sonoras desse século. Os guris conseguiram sugar tudo o que podiam do D. N. A. de Page e Plant (principalmente), e nos colocaram diretamente nos anos 70. Que tesão me dá em escutar "Lover, Leaver", puta merda. Uma pegada meio "Whole Lotta Love", som foda do caralho! O mesmo acontece com "Brave New World", com seu cheirão de imponência, muito bem construída e de fácil agrado. Ouvir "Mountain of the Sun" e "The Cold Wind" é ter certeza de que estamos com sobras de estúdio de Physical Graffitti ou Houses of the Holy, assim como a baladaça "Watching Over", linda! "You're The One" possui D. N. A. da cruza de "Your Time Is Gonna Come" e "Thank You". "When the Curtain Falls" traz aquele sabor de jovialidade que Led Zeppelin II nos faz sentir em cada audição. "Age of Man" já é mais representativa da fase In Through The Outdoor. "Anthem" e "The New Day" brotam das sessões acústicas de III ou IV. Por trás de tudo isso, há um toque de modernidade e uma clara percepção que John Bonham e John Paul Jones são seres sobrenaturais impossíveis de serem copiados, mas cara, o que sobra é de altíssimo nível. Várias bandas já foram comparadas com gigantes. Até o Aerosmith era acusado de chupar as músicas dos Stones, e hoje, não há quem não reconheça a qualidade dos caras. Quando o GVF encontrar seus próprios caminhos, será uma banda a ser reverenciada por anos como seus ídolos zeppelianos. E viva esse grandioso disco.



Saxon - Thunderbolt


Outra grande covardia de 2018 é mais um lançamento do Saxon. Os britânicos, mesmo com a idade avançada, estão mandando ver. Thunderbolt tem homenagem à Lemmy Kilminster ("They Played Rock 'n' Roll"), aos carros "("Speed Merchants") e aos roadies ("Roadie's Song"), peso em demasia durante “Predator”, “Nosferatu (The Vampires Waltz)” e na faixa-título, referências das mitologias nórdicas (“Sons of Odin) e celtas (“A Wizard’s of Tale”), solos de guitarra para delirar (“Sniper” e “The Secret of Flight”) e uma banda afiadíssima. Não consegui ver a apresentação do grupo em São Paulo nesse ano, mas já estou com o ingresso para o show de Porto Alegre em março, que com certeza, é o mais aguardo por mim para 2019, pelo menos por enquanto.Comentei mais sobre a edição DELUXE de Thunderbolt aqui, e longa vida para os velhinhos.




El Efecto - Memórias do Fogo

O grupo carioca fez um dos grandes shows que tive oportunidade de ver esse ano, e comprovou para mim aquilo que eu já imaginava: o talento desses caras é imensurável. Seu novo álbum, Memórias do Fogo, traz uma evolução inacreditável para uma banda que parece ser um camaleão a cada disco. Se em Pedras e Sonhos os fãs acharam que o grupo havia chegado no ápice de criatividade, e com A Cantiga É Uma Arma o grupo mudou para um lado totalmente acústico, a surpresa ao ouvir canções como "Café", "O Monge E O Executivo", e principalmente, “O Drama da Humana Manada”, é digna de uma estrela azul, a mais gigante do espaço. É uma mistura de elementos musicais, sejam eles da América Latina, África, samba, rap, hard rock e muito rock pesado. As letras são um tapa na cara da sociedade hipócrita e imbecil que permeia nosso país - quiçá o mundo - nos dias de hoje, com fortes cunhos sociais e políticos. Os melhores exemplos são "Chama Negra" e "Carlos e Tereza", que retratam as lutas dos oprimidos perante a arrogância e soberania da classe alta. Para completar, "Incêndios" é tão violenta que no show citado acima, muitos foram os que fecharam a roda punk e não aguentaram a pressão da faixa. Sete canções, sete petardos, sete aulas de composição, sete espetáculos da Música Popular Brasileira, para serem reverenciados eternamente.




Merlin - The Wizard

Disco fantástico desses americanos, que unem heavy metal, progressivo, new wave, pop eletrônico, e elementos musicais que irão confundir seu cérebro. Guitarras pesadas e ácidas, vozes distorcidas e um saxofone surpreendente, entre sintetizadores e uma bateria avassaladora, devoram qualquer conceito de novidade que você possa conhecer. Dentre as faixas de destaque, "Abyss" é a que aparece de cara, com a guitarra e o saxofone mandando ver, ao lado do espetáculo sonoro de mais de dez minutos, batizado "The Wizard Suite", com certeza uma das melhores músicas que ouvi em 2018. Arrepiante de ouvir o saxofone e as viagens maluquetes de "Sage's Crystal Staff ", fazendo nos lembrar dos bons tempos do King Crimson de Lizard, mas com temperos muito mais rebuscados. Delicie-se com os sintetizadores e as notas de saxofone na sensacional "Iron Borne" e pule pela casa ao som do ritmo cavalgante de "Tarantula Hawk". Os admiradores de um som no estilo Ghost irão prestigiar "Golem" e "Gravelord". Para quem quer ser surpreendido com muita música boa, The Wizard é o álbum do ano entre as bandas novas do exterior.




Whoopie Cat - Illusion of Choice

Os australianos já haviam me conquistado em 2016 com o seu belíssimo EP de estreia. Quando finalmente lançaram Illusion of Choice, podemos comprovar que o amadurecimento do grupo é fantástico. Logo de cara, os onze minutos de "Ophidian" nos traz uma balada bluesy para deixar desde Rober Plant até David Coverdale com inveja, sendo a presença da flauta a grande atração da mesma. Os solos rasgados ("Sweet Jane" com certeza vai te fazer cair o queixo) e melódicos ("Gentle Goodbye") de Jesse Juzwin ainda estão lá, assim como a voz apaixonada de Dan Smoo (no bluesaço "Tell Me You'll Stay" e na tocante "Cicada") e a presença mais constante dos teclados ("Dissolution" e "Fear Is Blind") e vocalizações ("Sun Don't Shine II") de Jo Eileen. Porém, o grupo resolveu ampliar sua sonoridade, e como é ótimo quando banda novata explora mais do que já fazia. Discuto perfeito, que só não ficou em posições mais acima por que realmente, os que estão aí em cima são foda.



Uriah Heep - Living The Dream

O Uriah Heep é uma das raras bandas do final da década de 60 que conseguiu sobreviver ao turbilhão de lançamos pífios nos anos 80 e se renovou totalmente. Depois da entrada do vocalista Bernie Shaw, especialmente, cada novo lançamento é uma obra de arte para os fãs. Não é diferente com Living the Dream. Mick Box mantendo seu padrão de alta qualidade nas guitarras, Phil Lanzon mandando ver nos teclados, e uma cozinha impecável formam toda a cama sonora necessária para o vocalista soltar sua bela voz, e fazer o fã contente. Todas as músicas são sensacionais, mas não há como não destacar a genial "Grazed by Heaven", pancada que abre o disco com um riff violento de órgão e guitarra, e a mágica "Rocks in the Road", com mais de oito minutos hipnotizantes. Outro álbum que resenhei aqui, e que o Heep continue em ação por muitos anos.








Judas Priest - Firepower


Creio que esse é o arroz de festa nas listas aqui dos Consultores, e é justo. Mesmo com o abalo psicológico causado pela doença de Glen Tipton, o Judas manteve-se na ativa, e entregou um álbum excepcional, como tem sido desde o retorno de Halford aos vocais. Considero esse álbum melhor que Redeemer of Souls, que já era incrível, por conta de haver a jovialidade na guitarra de Richie Faulkner. O que precisei falar sobre ele, resenhei aqui, e só torço para que não seja a despedida da banda, apesar que se for, é uma despedida gloriosa.






Naxatras - III

Em 2015, a estreia desses gregos foi eleita por mim como o melhor álbum daquele ano. Agora, em seu terceiro full lenght, o trio continua mandando ver em seu som psicodélico e carregado de inspirações sabbháticas, porém tirando as distorções dos vocais em algumas faixas (vide "You Won't Be Left Alone" e "Spring Song"), flertando com outros ritmos (reggae em "Land of Infinite Time", violões acústicos e slide guitar na baladaça "White Morning") e caprichando em linhas melódicas e chapadas (a doentia "Machine" em principal), deixando o baixão de John Vagenas brilhar mais, como na dançante instrumental "On the Silver Line". Com isso, temos um desbunde sonoro, em faixas longas e muito inspiradas, sendo "Prophet" a única canção que ainda nos remete aquela anda ainda sem tanta maturidade, mas com muita categoria e competência, lá de 2015. O Naxatras para mim é a banda da década, e torço muito para que eles possam se apresentar aqui no Brasil um dia.



Orphaned Land - Unsung Prophets & Dead Messiahs

Um dos primeiros discos lançados em 2018 foi obviamente uma de minhas primeiras e agradáveis audições. Conheci o Orphaned Land numa lista de Consultoria Recomenda, e logo virei fã da banda. A mistura de elementos orientais com o peso ocidental é de fácil assimilação para meus ouvidos, e sendo assim, fico chapado quando o grupo resolve unir os instrumentos e vocalizações orientais ("Yedidi") com guitarras pesadas e uma bateria destroçante. Unsung Prophets & Dead Messiahs , aguardado depois do fracasso de All is One (será esse um daqueles Discos Que Parece Que Só Eu Gosto?) há cinco anos atrás, está longe de ser um The Neverending Way of ORwarriOR, quiçá um Mabool, mas tem seus momentos. As inspirações death floydianas em "The Cave" e “Only the Dead Have seen the End of War”, a presença de Steve Hackett na sensacional “Chains Fall to Gravity”, e as maluquices “All Knowing Eye” são os grandes momentos. Um som épico com grande tempero de antiguidade, que deve ser ouvido com atenção e dedicação.




Le_Mol - Heads Heads Heads


Conheço pouco do gênero post rock, e confesso que o pouco que conheço não é muito do meu agrado. Porém, e sempre há um porém, ouvir e conhecer o grupo austríaco Le_Mol foi uma das grandes alegrias sonoras de 2018. É difícil descrever o som da banda, mas se fosse para resumir em uma única palavra, diria experimentalismo. Piano, guitarras distorcidas, ritmos robóticos, sintetizadores malucos, peso misturado com delicadeza, passam por nossos ouvidos ao longo de pouco mais de 40 minutos, deixando-nos em uma sensação de embriaguez e dormência que dura por algumas horas. Uma segunda audição causa ainda mais chapação, acompanhada agora da necessidade urgente de tentar entender o que realmente sai das caixas de som. Nos momentos de sanidade, "Temperatures Will Drop – Pekoppa" brilha com sobras nos ouvidos. Enfim, com diversas audições, você já está viciado na música dos austríacos, mas ainda assim, entender o que eles criam é complexo demais para uma simples resenha de Melhores do Ano. Acredito que Heads Heads Heads ainda vai crescer muito em meu conceito, mas nesse momento, ele sendo responsável por fechar minha lista de 2018 é uma surpresa até para mim.

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10 Menções honrosas

Dave Matthews Band - Come Tomorrow

Rikard Sjoblom’s Gungfly – Friendship

Alice in Chains - Rainier Fog

Electric Octopus - Pipe Dream Train

The Smashing Pumpkins - Shiny and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun.

Lady Gaga and Bradley Cooper – A Star Is Born

Wolftooth - Wolftooth

Mulamba – Mulamba

Roger Daltrey - As Long as I Have You

Birth of Joy – Hyper Focus

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Entrevista Exclusiva: Whoopie Cat



Jaksen Juzwin, Jo Eileen, Dan Smoo, Jesse Juzwin e Josh Brandon. A banda Whoopie Cat

Fotos do facebook oficial da banda

A Consultoria do Rock hoje viaja até a Austrália, e da cidade de Melbourne, traz de forma exclusiva a primeira entrevista para a América do Sul do grupo Whoppie Cat. Tendo lançado o aclamado EP homônimo no ano passado, o quinteto formado pelos irmãos Jaksen (bateria) e Jesse Juzwin (guitarras), Jo Eileen (teclados, vocais), Dan Smoo (voz, guitarras) e Josh Brandon (baixo), está conquistando cada vez mais seguidores ao redor do mundo, e em um bate papo muito agradável e humilde, os integrantes da banda nos contam sobre como foram as gravações de Whoopie Cat, os planos para o primeiro álbum oficial, um pouco sobre a história da banda e o desejo de vir a América do Sul fazer shows. Confira abaixo as versões em português e a versão em inglês da entrevista.

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Whoopie Cat


Caros amigos, obrigado pela entrevista. Conte-nos sobre os planos da banda para 2017 e quais foram os melhores momentos de 2016.
Olá, e nós que agradecemos pela entrevista à Consultoria do Rock. Os melhores momentos do Whoopie Cat em 2016 foram os shows na região de Melbourne, mais notavelmente aquele do lançamento do EP no Barn, no qual nossos fãs fizeram uma noite realmente grande e especial para nós. Gravar nosso EP com nossos engenheiros Dave e Sam também foi sensacional. Em 2017, planejamos finalizar a escrita de nosso primeiro álbum full lenght, o qual está atualmente sendo trabalhado, esperamos lançar um vídeo, conseguir algum acontecimento importante no mercado e fazer uma turnê na costa leste da Austrália

Os fãs então podem aguardar pelo primeiro full lenght?
Nós temos tido um grande retorno do nosso EP, especialmente no canal Stoned Meadow of Doom. Muito de nossos fans expressam que eles estão muito ansiosos pelo lançamento do nosso álbum. Nós ainda estamos nos estágios inicias do processo de escrever, e não sabemos quando ele será lançado ainda, pois não podemos apressar nossa música.

Conte-nos sobre os primeiros dias do Whoopie Cat
O Whoopie Cat surgiu de uma progressão de uma antiga banda com quatro dos mesmos membros atuais. Quando o Bad Repeat contudo, esses mesmos membros se reuniram trocando o estilo jovem punk pop para um estilo mais maduro, polido e rock and roll / blues, adicionando os teclados do Jo nessa mistura.


Whoopie Cat, detonando ao vivo


Vocês são de Melbourne, uma das principais cidades roqueiras da Austrália, a Terra Sagrada do AC/DC. Como está a cena rock 'n' roll por aí atualmente. Pergunto isto por que aqui, no Brasil, o rock ainda está sobrevivendo principalmente através das bandas de garagem, bem como produções independentes.
A cena do rock aqui em Melbourne é ainda muito forte, mas a maioria em bandas de garagem em shows locais. Nem sempre é fácil encontrar bandas que são similares ao nosso estilo e queiram dividir o palco conosco. Melbourne ainda está produzindo grandes bandas e sempre temos grandes bandas de rock vindo para nossa cidade também.

Aqui no Brasil, o Whoopie Cat tornou-se conhecido principalmente pelo youtube e sua página no bandcamp. O que vocês pensam sobre estas novas formas de divulgação pela internet? É a melhor forma para as novas bandas encontrarem seus caminhos?
Atualmente, parece que a música compartilhada online é definitivamente um fator contribuinte para o sucesso das bandas ao redor do mundo que podem upar suas músicas e ser tocada em qualquer lugar. O youtube ajudou-nos a criar uma grande base de fãs, e sites como bandcamp ajuda-nos a vender nossa música. Outros sites notáveis para compartilhar música são o spotify e o soundcloud. Instagram e facebook também exercem uma grande parte da interação com os fãs após eles encontrarem suas músicas.

Ainda sobre a internet, qual a sua opinião sobre o sistema crowfunding, e ainda, vocês estão pensando em usar, ou já usaram ele?
O sistema de financiamento coletivo é uma boa forma de conseguir uma grana para projetos importantes. Sites como Kickstarter e GoFundMe  são ótimos para ajudar as bandas para conseguir o dinheiro para o lançamento de um disco, vídeo ou merchandising em geral. Nós não fizemos uma campanha dessas ainda, mas talvez no futuro tentaremos conseguir o dinheiro para uma turnê/gravação se necessitarmos da ajuda de nossos fãs.

Como estão os shows de divulgação do EP, bem como a receptividade da mídia e dos fãs na Austrália?
Os shows que temos feito tem sido ótimos. Nós temos um grande retorno dos fãs após cada show, as pessoas realmente conectam-se com nossa performance e nos dão um grande feedback. Os críticos da mídia na Austrália tem nos dado resenhas positivas. Nossas melhores resenhas contudo vem de fora da Austrália, como websites, revistas e rádios.


O EP homônimo

Por que vocês decidiram lançar um EP, e não um álbum completo?
Pensamos que seria melhor lançar o EP apenas para deixar nosso som registrado. Estivemos escrevendo isso por mais de um ano e nada havia sido lançado para nossos fãs. Um álbum completo iria demorar mais tempo para ser lançado, e decidimos empurrar o som de algumas das faixas novas para o próximo disco, o que se não acabaria não sendo bem trabalhado como foi no EP.

Ao ouvir o EP pela primeira vez, algumas pessoas percebem similaridades entre as canções do disco com a banda Blue Pills. Porém, acredito que as suas músicas são mais ligadas ao blues, melódicas, harmônicas e, obviamente, o vocal masculino é a grande diferença entre as bandas. De qualquer forma, existe nele uma grande influência das bandas dos anos 60 e 70. Essas são as bandas de referência para criar as canções?
Somos fãs do Blues Pills, bem como outras bandas de blues rock como Graveyard e Witchcraft, dos quais também tomamos influência. Temos também muita influência das bandas dos anos 50, 60 e 70 através dos elementos vocais tirados das raízes dos primeiros blues, e influências nos tons e riffs vindas de bandas como Led Zeppelin, Black Sabbath e Pink Floyd.

Duas das mais belas canções do EP são "When She goes" e "As Long As I Can". Conte-nos as histórias dessas incríveis blues ballads.
"When She Goes" foi escrita pouco depis da banda ser formada. Escrevemos ela na velha residência de Juzwin. O sentimento e o conteúdo lírico veio de nosso vocalista Dan, que inseriu as emoções e a história do rompimento com uma ex-namorada naquela época. A canção é propositadamente lenta e arrastado para ajudar o ouvinte a enfatizar a dor que ele sentia, até o fim, quando o som muda totalmente e começa uma transição de mover e levantar a alma. A ideia para "As Long As I Can" veio de nosso guitarrista Jesse e foi uma das últimas canções que nós escrevemos para o EP. Como a maioria de nossas canções, isso iniciou com uns acordes simples, e foi cuidadosamente aperfeiçoadas instrumentalmente. As letras contam a história de uma profunda perspectiva dentro das bandas dividindo pensamentos, emoções profundas de estar perdido e não pertencer a este mundo. O pre-chorus com a melodia cantada por Jo, é o epítome do sentimento desta canção.

Acredito que o que é mais característico nas músicas do Whoopie Cat são os riffs profundos acompanhados pelas harmonias vocais. Quanto de tempo foi trabalhado para ajustar tão perfeitamente essas harmonias, e como é o processo de composição da banda?
Passamos o tempo necessário para capturar cada riff no nível que todo o grupo possa concordar que seja o som perfeito. Isso pode ser tão simples como um dia de práticas, ou as vezes alguns meses mudando acordes nas melodias em vários instrumentos. O mesmo vale para as harmonias. As principais harmonias entre Dan e Jo são cuidadosamente pensadas e praticadas por uma semana ou poucos meses até levarmos as gravações dos vocais no álbum. O processo de escrita das canções difere música a música. Normalmente, uma progressão de acordes ou melodia é trazida para a banda pelo Dan, ou Jesse, que são os principais compositores. O resto da banda irá aprender esses acordes e prosseguir com a escrita das partes de acompanhamento para as músicas. Os vocais são escritos principalmente pelo Dan, embora a maioria da banda tenha uma contribuição nas letras para refletir uma visão geral da banda.

Jesse, Dan e Jaksen, embalando EPs para os fãs

Estamos vivendo um retorno do vinil, e até mesmo dos cassetes. Colecionadores do mundo inteiro estão buscando por raridades que nem Indiana Jones imagina existir. Qual sua opinião sobre o retorno das velhas mídias, bem como a possibilidade dos colecionadores terem acesso há algum novo material do Whoopie Cat nesse formato?
É legal que no mundo da tecnologia e dos formatos digitais ainda exista fãs die hard de música que amam sua própria cópia física. Lançamos nosso EP no formato de CD para garantir que os fãs poderiam ter sua própria versão física, vindo com as letras e áutografos para aqueles que desejavam uma cópia autografada. Pretendíamos lançar também em vinil durante um tempo, mas seriam prensagens limitadas, e seria muito caro fazê-las. Nada supera o som do vinil, e seria muito interessante ouvir o EP nesse formato.

Vocês já tiveram oportunidades de sair da Austrália para fazer shows ou até turnês? Da mesma forma, existe algum planejamento do Whoopie Cat para vir a América do Sul, talvez em um grande evento como o Rock in Rio?
Nesse momento ainda estamos excursionando apenas em nosso país, então nós adoraríamos que antes de tudo, construíssemos uma grande base de fãs pelo mundo e se nós vermos um crescimentos nesses números e pudermos fazer, iríamos amar realizar uma turnê em tantos países quanto possível. Dan e Jesse visitaram a América do Sul ano passado, e adoraríamos tocar aí no futuro.

Conte-nos alguma curiosidade ou uma história engraçada envolvendo alguma gravação ou apresentação da banda.
O nome da banda, Whoopie Cat, foi retirado de uma interpretação errada de uma canção do Led chamada "Misty Mountain Hop". Robert Plant canta "hey now would we care?" que pode ser interpretada erroneamente como "hey now whoopie cat". Assim surgiu nosso nome.

Por favor, deixem uma mensagem para seus fãs no Brasil, e obrigado por sua atenção. Tenham um grande 2017 de muito sucesso e paz.
Gostaríamos de dar um estrondoso grito para todos os nossos fãs no Brasil. Vocês são foda! Muito obrigado por nos apoiar do outro lado do mundo! Esperamos tocar para vocês um dia! Muito amor e paz do Whoopie Cat.


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Jaksen Juzwin, Jo Eileen, Dan Smoo, Jesse Juzwin and Josh Brandon.

English Version

Today, the Consultoria do Rock travels to Australia, and uniquely from Melbourne, brings onte of the first interview to South America's Whoppie Cat group. Having released the acclaimed eponymous EP last year, the quintet (Jaksen  Juzwin on drums, Jesse Juzwin on guitars, Jo Eileen on vocals and keyboards, Dan Smoo on vocals and Josh Brandon on bass) is gaining more and more followers around the world, and in a very pleasant and humble chat, the members of the band tell us about the recordings of Whoopie Cat, the plans for the first official album, a little about the band's history and the desire to come to South America to do shows.

1. Dear friends, thank you for this interview. Let we know about your plans to 2017 and what were the best moments in 2016.

Hey, and Cheers for the interview Consultoria do Rock. Whoopie Cats best moments of 2016 were playing shows around Melbourne, most notably our EP launch at the Barn which our fans made a really big and special night for us. Also recording our EP with our engineers Dave and Sam was great. In 2017 we plan to finish writing our full length album which is currently in the works, we hope to release a video, get some merch happening and do an east coast tour of Australia.

The band's logo
2. Can your fans wait for the first full lenght?

We have had a great response from our EP, especially on the Stoned Meadow of Doom channel, many of our fans expressing that they are very keen for the release of our full length album, we are still in the early stages of writing though, and won't see the full length released for some time yet, we can't rush our music.

3. Tell knows about the first days of Whoopie Cat.

Whoopie Cat came about from a progression of an ex-band with 4 of the same members from Whoopie Cat. The band Bad Repeat, disbanded, however soon after the same members got together trading the young pop punk style with a more mature, polished rock and roll/blues style and added keyboard player Jo into the mix.

4. You are from Melbourne, one of the main rock 'n' roll cities from Australia, the AC/DC's Sacred Ground. How are the rock 'n' roll scene in your city at this moment. I ask it because here, in Brazil, rock still are living mainly in garage bands, as well independent productions.

The rock scene in Melbourne is still strong, but mostly in garage bands and local shows, Its not always easy to find bands that are simular to us who want to share the stage. Melbourne is still producing great bands and there is always some great bands to rock out to in Melbourne city.

5. In our country, the band "arrives" by youtube and bandcamp website. What do you think about these new kinds of divulgation via internet? Is it the best way to new bands find their path?

It seems most music is currently shared online and is definitely a contributing factor to the success of bands around the world who can upload their music and be played anywhere. YouTube has definately helped us reach a larger fan base, and sites like band-camp help us sell our music, other notable sites to share music are spotify and soundcloud. Instagram and facebook also play a big part in interacting with fans after they have found your music.

6. Thinking about the internet, what is your opinion about the crowfunding system, and have you thinking to use, or used it?

The crowd funding system is a great way to raise money for important projects, sites like kick starter and go fund me are great to help bands raise money to release an album, video, or merchandise. Currently we have not run a crowdfunding campaign but may do so in the future to raise money for touring/recording if we need the help from our fans.

7.  How are the shows by Whoopie Cat's EP, as well as how has been the receptivity of media and fans in Australia.

The shows we have been playing are great, We have a huge response from fans after each show, people really connect with our performance and give us great feedback. Media wise in Australia we have received positive reviews. Our best reviews are from international media like websites, magazines and radio.

8. Why do you decide to release an E. P. and not a full lenght?

We thought it would be best to release an EP just to get our sound out there. We had been writing it for over a year and still had nothing released for our fans. A full length would have taken more time to record, and we have pushed the sound on a few of the new tracks for the next album, which may not have worked as well on the EP.

9. Listening Whoppie Cat from the first time, some people says that have similarities between that song with Blue Pills band. However, I believe that your songs are more bluesy, melodical, harmonical and obviously, the male vocal is a great difference between both bands. Anyway, we have here a strongly influence from 60's and 70's bands. Are that bands your references to create your songs?

We are fans of modern blues rock bands like blues pills, and other blues and rock bands like Graveyard and Witchcraft which we do take influence from, we also take a lot of influence from the 50's 60's and 70's with elements of the vocals taken from early blues and roots, and influences in tone and riffs from bands like Led Zeppelin, Black Sabbath and Pink Floyd.

10. Two of the most beautiful songs from the E. P. are "When She goes" and "As Long As I Can". Tell us the history of these incredible blues ballads.

"When she goes" was written quite early on just after the band had formed, we wrote it at the old Juzwin residence. The feel and lyrical content came from our singer Dan as he put the emotions and story of a breakup with a recent ex girlfriend at the time. The song is purposfully slow and strung out to help the listener empathize with the pain he feels, until the end when the song kicks in and begins a transition of moving on and lifting spirits. The idea for As long as I can was brought in by our guitarist Jesse and was one of the later songs we wrote for the EP. As with most of our songs, it started off with simple chords and was carefully fleshed out one instrument at a time, the lyrics tell a story from a deep perspective within the bands shared conscious, deep emotions of feeling lost and a sense of not belonging in this world. The prechorus with Jo's sung melody is the epitome of the feeling of this song.

Whoopie Cat


11. I believe that what is most characteristic in the Whoopie Cat's sound are the deep driving riffs accompanied by vocal harmonies. How much work time to fit these harmonies so perfectly, and how is the process of composing the band?

We spend as long as we need to getting each riff to a level that the band can all agree is perfect for the song, this could be as simple as one day of practice, or sometimes months changing chords or melody's on various instruments. The same goes for harmonies. The main harmonies between Dan and Jo were carefully thought out and practiced once a week over a few months in the lead up to the recording of vocals on the album. The song writing process differs from song to song. Usually a chord progression or melody will be brought to the band by Dan, or Jesse who are the main songwriters, The rest of the band will learn these chords and proceed to write accompanying parts for the song. Vocals are mainly written by the singer Dan, although most of the band has an input on the lyrics which must reflect the overall vision of the band.

12. We are living a revival of vinyl, and even k7. Collectors from all the world are looking for gems that even Indiana Jones does not imagine exists. What is your opinion about this return of old media, as well as the possibility of collectors getting some new Whoopie Cat material in this format?

It is great that in a world of technology and digital formats that there is still die hard music fans that love to own a physical copy. We released our EP in CD format to make sure fans could own a hard copy, which came with lyrics and a signature for those who wanted a signed copy. We intend to release a vinyl at some stage, but it would be a limited press as vinyls are expensive to make. Nothing beats the sound of Vinyl and we are keen to hear the EP on a record.

13. Do you have some opportunities to go beyond Australia from shows or tours? In the same way, are you thinking to come here in South America, maybe in a great event like Rock in Rio?

At this stage we are yet to tour our own country, so we would like to do that first, we are quickly developing an overseas fan base and if we see some growth in the numbers and can get some support we would love to do a tour of as many countries as possible. Dan and Jesse visited south america in 2016 and we would all love to play a show there in the future.

14. Tell us some curiosities or funny facts involving some recording or presentation of the band.

The bands name Whoopie Cat is taken from the misheard lyrics of a Led Zeppelin song called misty mountain hop. Robert Plant sings "hey now would we care?" which can be misheard as "hey now whoopie cat" hence where we got the name.

15. Please leave a message for your fans in Brazil, and thank you for your attention. Have a great 2017 of great success and peace

We would like to give a massive shout out to all our fans in Brazil, you guys rock! thankyou so much for your support from the other side of the world! we hope to come rock you someday! Much love and peace from Whoopie Cat

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Melhores de 2016




Ano passado, na análise dos Melhores de 2015, tomei um esporro do colega Marco Gaspari que me deixou com muita vergonha. Realmente, nas sábias palavras do mestre siri, aquela lista era um aglomerado de velharias, com poucas novidades, que refletiam um pouco minha preguiça em procurar novos bons sons.

Determinado e obstinado a receber um elogio do meu querido amigo crustáceo, em 2016 dediquei muita atenção aos lançamentos que pipocavam quase semanalmente no youtube e no bandcamp. Cadastrei-me em alguns canais e no fim, fui surpreendido por uma gama de bandas novatas que estão fazendo um som de qualidade altíssima, nas mais variadas região de nosso planeta Terra.

Foi difícil fechar apenas 10 discos, por que temos muitos lançamentos bons, mas enfim, a regra é essa, e então, aqui vão os meus 10 mais de 2016, sendo que nos comentários, deixarei os outros discos que ouvi para que vocês possam ir atrás. Obrigado Marco, por me incentivar a ouvir novos bons sons, e espero que aprecie os discos a seguir.

Ah, um detalhe! dessa feita não irei trazer opiniões sobre decepções, lados negativos e outras coisas que complementaram minhas listas do passado. Afinal, depois da morte de David Bowie, nada pode ser pior.


Church of the Cosmic Skull - Is Satan Real?

Então você encontra uma imagem de um hepteto todo de branco com uma Flying V e um órgão. Olha o nome da banda e percebe que é algo tão psicódelico que nem a Califórnia podia criar algo assim. O nome do disco e as vestimentas sugerem algo religioso, e o arco-íris parece ressaltar o flower-power com ainda mais força. Daí decide ouvir "isso daí" e depara-se com um minuto de um solo de guitarra em crescendo apocalíptico, seguido de vocalizações entoadas em uníssono junto com o riff da guitarra, um órgão maravilhoso, uma melodia sensacional e grudenta, e quando vê, seu corpo está balançando no ritmo avassalador de "Mountain High". Sem perceber, você vai cantando as melodias vocais que saem das caixas de som, os arrepios vão tomando conta da sua pele, e aos poucos, você está se convertendo para a Igreja da Caveira Cósmica. O clima enigmático de "Black Slug", com um riffzão pesadíssimo, irá assustar aqueles que estavam encantados pela felicidade da faixa anterior, mas mesmo assim, a curiosidade irá fazer você seguir ouvindo, para entender aonde essa seita irá chegar. O órgão e o dedilhado de "Movements In The Sky" voltam a acalmar os ânimos, ainda mais com essas vocalizações tão belas, e quando o violão zeppeliano de "Answers In Your Soul" ecoam pela casa, bom, daí não tem jeito. É se ajoelhar e orar em Nome da Caveira por voltar ao final dos anos 60 vivendo em 2016. A união do órgão, baixo e guitarra na intrincada faixa-título trazem um pouco do melhor do  rock progressivo britânico, e "Watch It Grow" deixará você viciado na repetição do nome dessa faixa. Por fim, os onze minutos de " Evil In Your Eye" irão celebrar sua entrada para a Igreja sublimemente, em uma blues ballad que é a melhor faixa do álbum, sendo que o solo de órgão é para chorar em prantos em Nome da Caveira!. Não importa quem são os "pastores" dessa Igreja, o que importa é a lavagem cerebral que eles fazem com seus instrumentos e suas vozes. Um dos melhores discos dessa década - se não o melhor - e obrigado youtube por me apresentar essa jóia britânica.


David Bowie - ★

Só não foi o melhor disco de 2016 por que realmente, o Church of the Cosmic Skull me derrubou como os deputados da direita derrubaram a Dilma. O que eu precisava falar de principal sobre esse álbum está aqui. DISCAÇO, e ADEUS BOWIE, o Maior e Melhor Artista de Todos Os Tempos. 


Whoopie Cat - Whoopie Cat

Cara, sabe aquele disco de rock 'n' roll bem tocado, com solos de guitarra rasgados, vocais muito bons, cozinha azeitada, isso é Whoopie Cat, o primeiro lançamento do grupo, no formato EP, mas com 33 minutos de duração, o tempo médio dos vinis da década de 70, e é lá que a a banda foi buscar inspirações. Ela pode lembrar nomes incensados nos últimos anos, como Rival Sons ou até Blue Pills - principalmente quando em alguns momentos, mas a sonoridade dos Cats vai além disso. O quinteto de Melbourne faz um som que agrada todos os estilos, sendo que a mistura de elementos leves ("When She Goes") com outros pesados (ouça o solo do excelente guitarrista Jesse Juzwin na mesma faixa citada), atestados por um vocalista muito bom chamado Dan Smoo, e que rasga a garganta nas ótimas "Sun don't Shine", "When the Light" e "Taken My Money", nos remete direto às grandes bandas setentistas. Blues rock de primeira qualidade, com destaque principal para o bluesão "Amy Rose", e claro, para as sensacionais vocalizações de "As Long As I Can", grudentas como piche, e que para quem curte grupos tradicionais de Led Zeppelin a Black Crowes, sem firulas, apenas com feeling nas alturas, irá ser um deleite, pois o que não falta são solos inspirados e vocalizações sensacionais. Releve a capa e absorva o sulco desse EP/álbum incrível. Tomara que não fique só nesse.


Lee Van Cleef - Holy Smoke

Power trio italiano que nasceu no final do ano passado, e já nasceu com pompas de grandiosidade. Esse álbum é um desbunde sonoro de fascínio, que como a própria banda define, "dilata as fronteiras da consciência e libera a lucidez da medula da narcose". Os riffs da guitarra de Marco Adamo, vomitando wah-wah e muito peso, são magnéticos, impressionantes, levando-nos por escadas em espirais que atiçam a audição em cada degrau, até chegar no alto da escadaria com uma vista impressionante de uma montanha em chamas ardentes e, por que não, fumegantes de psicodelia. Faixas com durações na medida, sem serem longas demais ou curtas demais, e que mostram que ainda existem bandas capazes de criar um som diferenciado. Ouça a lindeza dos riffs de "Hell Malo", faça uma viagem ao deserto marroquino em "Towelie", curta a pureza angelical de "Heckle Yuppies", assuste-se com o andamento carregado de "Mahãna", e duvido você se segurar durante a reta final da excelente "Banshee", pois o que esse italiano toca na guitarra, pqp!!! Um dos álbuns mais originais que ouvi em 2016, e é o primeiro de uma série de álbuns instrumentais lançados neste ano que me encantaram profundamente,


The Spacelords - Liquid Sun

O quarteto alemão já havia me impressionado com o excepcional Synapse (2014), onde empregavam psicodelia e progressivo com muita gana e tesão, e o mesmo procede nesse disco. Três longas faixas que exalam um aroma lisérgico de um ácido extremamente chapante, capaz de literalmente derreter o Sol, e  tudo isso em pouco mais de quarenta e quatro minutos. A maior delas, "Black Hole", tem um clima soturno que te fará pensar e refletir muito sobre seu gosto musical após o término da mesma, sendo que particularmente eu me embasbaquei com ela, e percebi que o Metal está cada vez mais em baixa aqui em casa, por que o que esses caras fazem misturando peso, progressivo, criatividade e doses cavalares de alucinantes é para poucos. Um sonzão para colocar cada poro de seu corpo para suar, ainda mais com 21 minutos de duração. Antes, é impossível não mergulhar em um oceano de chá de cogumelos com os intergalácticos acordes psicodélicos dos teclados de Didi Holzner em "Liquid Sun" - que baita crescendo feito pelas notas repetidas hipnoticamente - e com a guitarra mais que afiada de Hazi Wettstein em "Spaceship Breakdown", uma embalada faixa com elementos sabbháticos uriaheepianos mas com muita psicodelia inglesa no meio, sendo isso apenas um aperitivo do majestoso banquete musical que os alemães fornecem para seu súditos, e que faria Robert Wyatt pular pelo quarto junto com a turma do Gong (eita mistura boa!). Segundo dos álbuns instrumentais, este tem o detalhe de ter elementos harmônicos muito bem feitos, principalmente para quem aprecia uma boa viagem lisérgica através da música .



Electric Octopus - This Is Our Culture

Um disco de uma hora e dez minutos com apenas três faixas, é praticamente tudo o que peço à Deus em termos de música, e é isso o que o trio britânico Electric Octopus nos entrega nesse belíssimo disco, o terceiro grande álbum instrumental que ouvi em 2016. As faixas ("Disenchanted Creative Response", com solos melódicos e muito ritmo, "Absent Minded Driving", com certeza a mais viajandona delas, e "Sundried Equivalence, um blues chapante para Eric Clapton lembrar que um dia ele tocou esse estilo) foram gravadas em apenas um único take, como forma de mostrar para os próprios músicos do que eles eram capazes, sem nenhum ensaio, e portanto, são regadas por longas e delirantes improvisações que permeiam desde o jazz rock até o mais complexo rock progressivo, sem soar pomposo, maçante, cansativo ou virtuosístico demais. Viajar com os solos de guitarra de Tyrrel Black, a levada endiabrada da bateria de Guy Hetherington e o baixão swingado de Dale Hughes foi uma das boas experiências que tive nesse ano, e ouvir This Is Our Culture seja como pano de fundo enquanto dirige por uma estrada ensolarada, seja acompanhado de um belo 12 anos e alguns petiscos, foi-me uma das experiências mais revigorantes nesse ano cansativo e turbulento de 2016. Recomendo também Under A Black Moon, o EP na mesma linha desse álbum, que saiu em outubro desse ano, e o ótimo Be Real, álbum lançado mês passado, com Hughes também explorando com propriedade os teclados, tão bons quanto este que selecionei para minha lista de 10 mais.


1000mods - Repeated Exposure To...

Quando o baixo de Dani G. explodiu nas caixas de som do meu computador, meu queixo foi até o inferno, e lá, encontrou algumas dezenas de ídolos do rock 'n' roll, bebendo cerveja, comendo uma boa costela e celebrando o quarto álbum de uma bandaça. O som do grupo apresenta fortes influências stoner, só que não é uma cópia ou similaridade de nada que você possa lembrar. O baixo - que coisa maravilhosa nós ouvimos em "The Son", para mim a melhor do disco - e as vocalizações - sensacional o arranjo vocal de "Groundhog Day" - são os maiores destaques em um disco muito bem trabalhado e produzido. Duvido que você adivinhe da onde a banda é - tá bom, vou entregar, os caras são gregos!! Entregue-se ao feitiço dos oito minutos de "Into the Spell" (que clichê), absorva um show de wah-wah em "Loose" e "A.W.", e no geral, deixe o 1000mods apresentar um som poderoso, moderno, impactante e muito, muito grudento. Mergulhei na discografia da banda e me encantei. É promessa de DC no segundo semestre do ano que vem. A frase estampada na capa do disco diz tudo: "“repeated exposure to high sound levels (more than 80 decibels) might cause permanent impairment of hearing”. Para quebrar pescoços e joelhos!!!



Native Daughters - Master Manipulator

Esse disco eu ouvi pela primeira vez por conta da capa, e a partir do momento que a música começou a rolar, foi uma paixão a primeira ouvida. O quarto grande disco todo instrumental de 2016 é uma viagem sonora provocada por viradas de bateria intensas, já que temos uma dupla de baterias sendo apresentadas ao ouvinte, notas climáticas de guitarra e surpreendentes despejamento de peso no meio de uma delirante e hipnótica camada de música ambiente, me lembrando bastante o fantástico grupo Isis. Um disco envolvente, principalmente para quem quer ser surpreendido, destacando as faixas "UninVAIted", música sensacional, repleta de mudanças de andamento, a trabalhada e maluquete "Duke", para arrepiar os cabelos do dedão do pé, e principalmente, "Happy New Year, Nurse", uma apropriada canção para esse fim de ano que é uma pancada lindíssima nos ouvidos macios dos metaleiros que acharam o novo disco do Metallica de sensacional para cima. Bela descoberta!!


Suicidal Tendencies - World Gone Mad

Em um ano tão maluco como foi 2016, esse foi o melhor título de álbum, e das velharias, o que mais gostei depois do Bowie. Cara, como o Lombardo é um monstro na bateria, independente do estilo que ele toque, e como se encaixou bem ao som do Suicidal. A banda apresenta um metal pegadão, mantendo suas características ligadas ao hardcore e ao crossover, mas de alguma forma, esse disco me atingiu positivamente que eu passei semanas ouvindo ele. A homenagem para Ozzy em "Clap Like Ozzy" é sensacional. Além desta, destaco também as três faixas longas que o grupo registrou, as quais são "Happy Never After", "The New Degeneration" e "Still Dying to Live", essa diferente de tudo o que já tinha ouvido do Suicidal antes, bem melódica e embriagantemente linda, bem como "One Finger Salute" (que baita título, e Ra Díaz destruindo no baixo) e a espantosa levada acústica de "This World". World Gone Mad é um show de solos rasgados e velozes por Dean Pleasants, e pena que, segundo o vocalista Mike Muir, talvez seja o último álbum da banda, pois esse trabalho mostra que os velhinhos ainda tem muita lenha para queimar.


Atlas - Death & Fear

O som que sai das caixas durante a audição de Death & Fear é um bálsamo stoner viajante para não se colocar defeito, com um diferencial, os vocais. Distorções ao máximo unem-se aos arranjos vocais muito bem elaborados pelo quarteto sueco. É desse tipo de banda que eu tenho curtido ouvir atualmente em se tratando de novidades, ou seja, uma banda que carrega as fortes referências do melhor do rock pesado do passado, mas trazendo elementos criativos que tornam suas músicas criações próprias. Confira a intrincação da ótima faixa de abertura, "Wermland" e sinta o que estou afirmando nessas linhas, mas se você quer ir direto apreciar a cereja do bolo, delicie-se com o espetáculo sonoro de "A Waltz". Vários discos poderiam estar ocupando essa décima posição, mas ouvindo Death & Fear mais uma vez, tenho certeza que fiz a escolha certa.
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