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quinta-feira, 28 de março de 2024

A Breve e Importante História da James Gang [Parte II]

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Dale Peters, Jim Fox, Roy Kenner e Tommy Bolin

A saída de Domenic Troiano não afetou a personalidade do quarteto, que foi buscar na ensolarada Miami o novo dono das seis cordas, o exímio e novato Tommy Bolin, indicado pelo formador Joe Walsh. Com apenas 21 anos, o músico vinha de uma passagem soberana no obscuro grupo Zephyr, e assumiu a guitarra da James Gang com tanta personalidade que muitos fãs até desconfiam que houve uma carreira pré-Bolin com a banda.

Foram apenas dois álbuns, o suficiente para chamar a atenção do mundo, principalmente do Deep Purple, que o levou para substituir nada mais nada menos que Ritchie Blackmore, e que trarei agora, encerrando a segunda parte com os últimos lançamentos oficiais dessa gloriosa banda do hard setentista.


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Bang [1973]

A estreia de Bolin é um disco acima do comum, e na minha opinião, o melhor disco da carreira do James Gang. Tendo na formação além de Bolin o vocalista Roy Kenner, o baixista Dale Peters e o baterista Jim Fox, é o gurizão das roupas coloridas que toma conta, chegando com tudo ao anotar oito das noves composições de um LP sensacional. Quem conhece a curta carreira do guitarrista americano, ou apenas o álbum Come Taste the Band (gravado por ele junto ao Deep Purple em 1975), irá descobrir que as linhas de guitarra e os efeitos que tanto marcaram suas performances já se faziam presentes por aqui, seja na viajante introdução de "Standing in the Rain", utilizando diversos efeitos na guitarra, ou no espetacular solo de "From Another Time", onde ele desossa os dedos em uma faixa percussiva que deve ter agradado e muito ao chicano Carlos Santana. Bolin traz para a banda o uso do moog sintetizado, que abrilhanta o petardo setentista "Ride the Wind". Dois fatores a mais para a entrada de Bolin é que a James Gang ganhou mais um incrível vocalista, pois poucos tinham a capacidade de colocar tanto açúcar na voz quanto Bolin, que derrete calcinhas na lindíssima "Alexis", por incrível que pareça, ainda mais malemolência, como no sensual embalo da versátil "Must Be Love", com Bolin estraçalhando com o slide na introdução e fazendo um solo de tirar o fôlego. Quem procura algo da James Gang dos discos anteriores, encontrará no embalo acústico de "Got No Time For Trouble", na verdade uma canção muito mais Zephyr do que James Gang. Aqui comprovamos que Bolin levou suas características para o grande grupo inglês, com uma personalidade exclusiva de um dos poucos gênios da guitarra que apareceram na década de 70, e que acabou indo curtir outras bandas muito cedo. Exemplo maior dessa influência James Ganguiana no som do Purple está no riff de "The Devil is Singing Our Song", pois duvido que você não imagine os vocais de David Coverdale ou Glenn Hughes. A única composição sem a mão de Bolin, "Rather Be Alone With You (Song for Dale)" é uma maravilhosa criação  vocal de Kenner, sem a participação de nenhum instrumento, apenas vozes e palmas mandando ver em um soul sensacional. O melhor ficou para o final, onde segurar as lágrimas com o lindíssimo arranjo de cordas de Jimmie Haskell na linda "Mystery" é missão impossível, ainda mais com os dedilhado do violão de Bolin fazendo cada molécula de seu corpo vibrar. Música linda, que encerra um álbum raro na história da música, pois afinal, desconheço outro onde um novato chegou com tanta personalidade em um grupo veterano e simplesmente assumiu a posição de maior destaque. Nota 11 em 10, e um dos melhores discos da história fácil fácil.


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Miami [1974]

A influência e importância de Bolin para a James Gang foi tamanha que sua cidade Natal foi responsável por batizar o sétimo álbum do grupo, o qual revela ainda mais a capacidade de um agora cobiçado Bolin, já que suas performances em Bang e no incrível Spectrum, lançado por Billy Cobham no outono americano de 1973, chamaram a atenção de todo o mundo. O disco possui de tudo um pouco, sendo bem mais versátil que Bang. Apreciadores de Deep Purple coloquem a agulha direto em "Do It", e se apavorem com o que o guri faz na guitarra, despejando peso, velocidade e rifferama como poucos, ou então, chame a sua garota para mais uma vez derreter sua calcinha na bela "Spanish Lover", uma das canções marcantes da carreira do guitarrista colorido. Outra baladaça, "Sleepwalker", destaca a arrepiante interpretação de Kenner e o magistral slide guitar de Bolin, numa das peças mais bonitas do grupo, enquanto "Cruisin' Down the Highway" mistura elementos southern com pesadas passagens de slide, presentes também em "Summer Breezes", na qual eu diversas vezes penso ser uma faixa do Trapeze de Glenn Hughes que está saindo das caixas de som. Como sempre, temos espaço para canções mais swingadas, com "Wildfire" sendo a principal pepita a brilhar com essa característica, e se você quer curtir uma viagem, delire com as escalas jazzísticas de "Praylude", pequena peça instrumental que é acompanhada pela pesadíssima e maluquete "Red Skies", outra na qual Kenner mostra todos os seus dotes vocais. Para encerrar, temos a participação de Albhy Galuten com o sintetizador em "Head Above the Water", canção suave que encerra outro belo disco, taco-a-taco com Bang candidato a melhor da banda. A capa é a versão negra de Rides Again, o que acabou marcando entre os fãs o apelido de "Disco Preto".

Bolin acabou desiludindo-se com os problemas de drogas e álcool de seus companheiros - quem diria -, e foi gravar com Alphonse Mouzon, passeando pelas gélidas terras do Canadá na maravilhosa estreia do Moxy, fazendo Teaser, seu essencial álbum de estreia de 1975, e parando no Deep Purple para gravar o já citado Come Taste the Band. O James Gang deu uma pequena pausa, e em 1975, retornava com uma nova formação, tendo Fox, Peters, Bubba Keith (vocais e guitarras) e Richard Shack (guitarras).

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Richard Shack, Bubba Keith, Jim Fox e Dale Peters
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Newborn [1975]

Para muitos esse é o disco mais fraco do James Gang. Não consigo concordar com essa opinião, mas concordo que a sonoridade da banda mudou bastante com a saída de Bolin, fugindo inclusive do que foi produzido na era Walsh ou no período Troiano. O interessante é que assim como aconteceu com Bolin, dessa vez o estreante Bubba anotou dez das onze canções do LP, sendo sete em parceria com o também novato Richard Shack, o que me faz pensar onde foi parar a criatividade de Peters e Fox. Independente disso, a voz de Bubba é agradável de ouvir, principalmente na linda "All I Have", balada acústica onde o vocalista destaca-se com sobras, e na emocionante "Come With Me", apresentando George Ricci no violoncelo e Donny Brooks na harmônica. Acredito que a cisma dos fãs com esse álbum é por que a guitarra de Shack não brilha como a de Bolin ou Walsh. O guitarrista é tímido e por poucas vezes consegue se destacar, como na pesada "Earthshaker", grande canção que é fácil a melhor do disco, na pegada "Shoulda' Seen Your Face", sonzeira para balançar o pescoço sem dó, e na hardeira "Watch It", onde o quarteto soa como o grande grupo que os fãs esperam. Gosto bastante do rockzão "Red Satin Lover", onde o grupo rememora os arranjos vocais que se destacavam no início da carreira, mas não me agrada o ritmo country de "Cold Wind", com a participação da steel guitar de Al Perkins e do piano de Tom Dowd. Falando em country, o pianista e organista David Briggs deu uma cara southern na leve "Gonna Get By" e em "Merry-Go-Round", canção que abre o LP com o órgão sendo o destaque. Fox também usa o órgão como um dos instrumentos centrais de "Driftin' Dreamer", tendo o baixo de Fox estourando as caixas de som, assim como na pesada recriação do clássico "Heartbreaker Hotel", imortalizada na voz de Elvis Presley. A formação não durou muito tempo, com Bubba e Shack dando lugar a Bobby Webb (guitarras e vocais) e Phil Giallombardo (teclados, vocais e piano).

Bob Webb, Phil Giallombardo, Jim Fox e Dale Peters 
Bob Webb, Phil Giallombardo, Jim Fox e Dale Peters
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Jesse Come Home [1976]

A despedida da James Gang não é um grande álbum, infelizmente. O retorno de Giallombardo (que havia feito parte do grupo no início da carreira da banda) gerou um LP pouco inspirado e carregado de sacarose, trazendo baladas em excesso, como "Love Hurts", carregada na orquestração, ou a derretida "Peasant Song", onde o piano de Giallombardo nos faz lembrar Guilherme Arantes em sua fase Global, mas pelo menos o bonito arranjo orquestral a salva. Webb lidera os vocais em "Another Year", linda faixa comandada pelo bonito dedilhado de violão, e na qual a voz do tecladista casa muito bem com a suavidade que sai das caixas de som, e "Stealin' the Show", mais uma balada, só que essa bem viajante, com um brilhante hammond e muitos efeitos na guitarra. Outros bons momentos surgem na pegada rocker de "Hollywood Dream", a ótima instrumental "Pick Up the Pizzas", com seu riffzão pesadíssimo e a percussão de Nelson Flaco Pedron em destaque, o delírio hippie de "Feelin' Alright", última composição de Peters e Fox com a banda, os embalos funky de "I Need Love", e na trabalhada "When I Was a Sailor", mais uma balada trazendo cordas, metais, vocalizações e muitas variações de andamento.

Dale Peters, Joe Walsh, Jim Fox 
Dale Peters, Joe Walsh, Jim Fox na reunião de 2006

O James Gang reuniu-se várias vezes após seu término oficial em 1977, mas infelizmente, nunca mais registrou algo novo. Porém, sua curta discografia mostra que grandes bandas não necessitam de muitos álbuns para fazer história. Espero que os fãs da banda tenham gostado das descrições aqui apresentadas, e para quem não conhecia, que as matérias os tenham feito buscar os álbuns de um grandioso e praticamente desconhecido grupo, principalmente os clássicos da era Walsh e Bolin.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

A Breve e Importante História da James Gang [Parte 1]

Joe Walsh, Jim Fox, Dale Peters e Joe Walsh


Uma das grandes e injustiçadas bandas do hard rock setentista, assim podemos definir o James Gang. Afinal, além, de ter revelado ao mundo nomes como Tommy Bolin, Joe Walsh e Jim Fox, o grupo lançou no mínimo cinco obras-primas em sua curta temporada em ativa (pouco mais de sete anos). Em duas partes, vamos passear pelos nove álbuns de estúdio da banda, lançados entre 1969 e 1976, um período mágico, onde quase tudo que nascia na música era regado a altíssimas doses de criatividade, inspiração, técnicas arrojadas e belíssimas canções.

A ótima estreia do trio

Yer' Album, lançado em 1969, é a estreia do power trio Joe Walsh (guitarras, teclados, vocais, piano), Tom Kriss (baixo, flauta, vocais, vibrafone) e Jim Fox (bateria, vocais, teclados), e uma pequena amostra do que o grupo iria fazer nos anos seguintes. Descarte "Introduction" e as viagens de "Stone Rap", as duas vinhetas que abrem cada um dos lados do LP, e prendam-se no que Yer' Album oferece, canções que dividem-se em pauladas hard do mais alto calibre, faixas mais acessíveis e três fantásticos covers, das quais a esplêndida versão de nove minutos para "Lost Woman" é tão empolgante que até mesmo o pessoal dos Yardbirds (que gravou essa joinha em Roger the Engineer, de 1966) deve ter rendido-se aos solos de Walsh e cia, já que cada um ganhou seus minutos de fama para fazer o que bem entendesse, com Kriss despejando distorção no seu baixo. Aliás, é impressionante o que os garotos fazem em 1969, que além de gravar um álbum de cinquenta minutos, algo incomum para o final da década de 60, ainda mais para um grupo novo, faz o emprego certeiro do órgão hammond em "Fred" e "Take A Look Around", ambas com lindos solo de Walsh, ou na acústica e emotiva "Collage", a qual possui um lindo arranjo de cordas, presentes também na curta instrumental "Wrapcity in English". 

A clássica imagem do trio com as Harleys na neve: Jim Fox, Dale Peters e Joe Walsh

Os outros dois covers do álbum também merecem destaque, no caso a pesada versão de "Bluebird", originalmente gravada pelo Buffalo Springfield em Again (1967), e que foi totalmente transformada pela guitarra endiabrada de Walsh, e a mais que detonante "Stop!", para mim uma das melhores canções da banda, que foi originalmente gravada no fundamental álbum de Al Kooper e Mike Bloomfield, Super Session (1968), e que aqui recebeu uma adaptação de doze minutos com muitos improvisos, os quais caracterizam o James Gang que conquistou milhares de seguidores, com suingue e peso em doses certas, e que também brota no embalo a la "Sly Stone" de "Funk #48", e na vulgarmente Cream "I Don't Have the Time", bela parceria de Fox e Walsh. 

Os dois singles extraídos de Yer Album


Daqui saiu o single "I Don't Have The Time" / "Fred" que não fez sucesso nos países onde foi lançado (Alemanha, Holanda e Estados Unidos) e também "Funk No. 48" / "Collage", com cópias lançadas nos Estados Unidos, Itália e Reino Unido, e de relativas vendas. Há também um raro compacto francês, com "Take A Look Around" / "I Don't Have The Time". Este foi o primeiro e único álbum a contar com Tom Kriss, que deu lugar para Dale Peters, criando assim a formação mais clássica do trio.

O mega clássico Rides Again, já com Dale Peters

O segundo disco trio, Rides Again, chega às lojas em 1970, agora com Dale "Bugsley" Peters no baixo, é uma continuação dos trabalhos iniciados em Yer' Album, com uma variedade de estilos onde predomina embalo e inspiração. Começando pela sequência de "Funk #48", obviamente intitulada #Funk #49", com o mesmo embalo da faixa do disco anterior, mas com uma percussão muito mais envolvente, Rides Again é um show de musicalidade para agitar as noitadas com mulheres e farras, rivalizando com o que o Grand Funk Railroad fazia na mesma época. Temos influências country em "There I Go Again", com a participação do Pedal Steel Guitar de Rusty Young, na instrumental "Asshtonpark" e nas belíssimas "Thanks" e "Garden Gate", esta apenas com voz e violão, peso embaladíssimo em "Woman" e predomínio do piano e do Hammond de Walsh na trabalhada "Tend My Garden", trazendo um arranjo vocal digno dos grandes nomes da soul music. O grupo deixou o melhor para o encerramento de cada lado. No lado B, a introdução de "Ashes the Rain and I" nos prepara para uma canção que irá te deixar de queixo caído, seja pela interpretação de Walsh ou pelo emocionante arranjo de cordas de Jack Nitzsche, contrastando com os belíssimos dedilhados dos violões de Walsh e Peters. "Thanks" é uma linda faixa levada pelo violão.

Contra-capa do single italiano "Funk 49" / "Thanks"


Ao mesmo tempo, uma das melhores canções do grupo, "The Bomber", encerra o Lado A sendo dividida em duas partes, a pesadíssima "Closet Queen", com uma performance toda especial de Fox, e "Cast Your Fate To The Wind", onde Walsh brilha no slide guitar, fazendo uma viagem sonora que deve ter deixado Jimmy Page com um sorriso estampado na face, tamanha a semelhança do timbre da guitarra do loiro com a do guitarrista do Led Zeppelin. Um destaque adicional vai para a contra-capa do álbum, a qual mostra uma das mais famosas imagens do trio, andando de moto pela neve americana. Vale ressaltar que a versão original de "The Bomber" ainda conta com um trecho de "Bolero" de Ravel, a qual foi limada nas edições posteriores por que foi utilizada sem a autorização dos herdeiros do músico francês, tornando as edições iniciais bastante cobiçadas pelos colecionadores. O melhor dos três álbuns de estúdio que Joe Walsh gravou com a banda, e o disco que indico para quem quer conhecer os americanos.

Singles promocionais:"Stop" americano (esquerda) e o com o Humble Pie no lado B (direita)


Os singles extraídos do segundo disco foram "Stop" / "Take A Look Around" (apenas EUA) e "Funk #49" / "Thanks" (Canadá, Estados Unidos, Espanha, Holanda, Reino Unido e Itália). Também é desta época um raro compacto para jukebox com a James Gang no lado A, interpretando"Funk N. 48" e o Humble Pie no lado B, com "The Sad Bag Of Shaky Jake".

O último álbum de estúdio com Joe Walsh

Com uma formação consolidada, nasce o terceiro álbum da banda, Thirds. Lançado em 1971, ele não apresenta tanto peso como seus antecessores, concentrando-se em canções com um trabalho mais importante nos vocais e no instrumental, donde "Things I Could Be", cantada por Fox, ou a lindíssima balada "It's All the Same" são bons exemplo da evolução musical que o trio obteve mantendo a formação, com a primeira destacando-se pelos arranjos vocais e a segunda enaltecendo os dotes de Walsh ao piano, além de um envolvente arranjo de metais. Outra faixa que mostra grandiosidade nos arranjos vocais é "White Man/Black Man", divino blues concebido por Peters, com a participação vocal do grupo The Sweet Inspirations, quarteto vocal feminino que também mostrou do que é capaz em álbuns como Blowin' Your Mind (Van Morrison, 1967) e Electric Ladyland (Jimi Hendrix, 1968), tornando essa facilmente a melhor faixa do disco, o qual, em comparação aos seus antecessores, é bem mais acessível, e por incrível que pareça, ainda mais diversificado. 

Single japonês de "Walk Away" (esquerda); Single alemão de "Midnight Man" (direita)



Temos country em "Dreamin' in the Country", com os vocais de Peters, jazz na instrumental "Yadig?", outro grande momento do LP, com o vibrafone de Peters sendo o centro das atenções, e a leve "Live My Life Again", canção para acender os isqueiros em arenas lotadas. Completa Thirds a melosa "Again", tendo arranjo de cordas por Walsh, e as pops "Walk Away" e "Midnight Man", essa última com as vocalizações de Bob Webb e com o vocal principal de Mary Sterpka ao lado de Walsh. No geral, são canções que não condizem com o que o grupo tinha de melhor, que era o peso e o suingue destacando um instrumental forte e com improvisos, e por esses motivos, posso dizer que esse é o mais fraco dos discos da fase Walsh, mesmo tendo sido o primeiro disco do trio a conquistar ouro nos Estados Unidos, levado pelo single de "Walk Away" / "Yadig?", que entrou nas cinquenta mais das paradas americanas, e que foi lançado também no Reino Unido, Alemanha, Itália, Dinamarca, Grécia, Canadá, Holanda, México, Noruega, Austrália, Nova Zelândia e Japão. No Japão, este single também saiu com uma versão tendo "Midnight Man" no Lado B. "Midnight Man" que teve seu single individual (com "White Man / Black Man" no lado B) lançado nos Estados Unidos, Alemanha, Itália, Holanda, Austrália, Nova Zelândia e Canadá).

O único álbum ao vido da James Gang

Nesse mesmo ano saiu o excelente James Gang Live in Concert, um dos grandes discos ao vivo da década de 70, registrando a passagem do grupo no célebre Carneggie Hall de Nova I0rque, onde o grupo detona uma poderosíssima versão de "Stop" - que baixão Peters estoura nas caixas de som -, arrepiam com a linda "Ashes, Tha Rain & I", ovacionada pelos presentes, mergulha nas profundezas de um bar sujo no interior dos EUA com o blues embriagante de "You're Gonna Need Me", a qual em um dia que você pegue despercebido, certamente irá achar que é o Cream quem está rolando na vitrola (o que Walsh toca aqui, pqp), e faz viajarmos em toneladas de LSD nos viajantes 19 minutos de "Lost Woman", estendida em dobro para deleite dos fãs de Yardbirds. 

O álbum, cujo CD completo traz mais dez canções, foi o que me apresentou a banda, e marcou a despedida de Joe Walsh, indo formar o Barnstorm ao lado de Joe Vitale (bateria) e Kenny Passarelli (baixo). Para seu lugar, Domenic Troiano é o contratado, e mais uma mudança surge na formação, agora não mais como um trio, mas como um quarteto, tendo como vocalista principal Roy Kenner.


A estreia da chamada Segunda Geração da James Gang

Os dois ex-membros do grupo canadense Bush fazem sua estreia no quarto disco dos americanos, Straigh Shooter, lançado em 1972 e marcando também o que os fãs chamam de segunda geração do James Gang. Apesar de uma nova formação, o som da banda não muda muito, continuando uma mescla de gêneros e tendo como principais diferenças a diminuição no peso e o aumento no swing. Para tal, Troiano mostra ser uma bela escolha para substituir Walsh, já que sua mão direita tem ainda mais malemolência do que o guitarrista loiro, e a voz de Kener parece ter saída de algum grande vocalista da Motown, tendo "I'll Tell You Why", "My Door Is Open" e "Kick Back Man" como atestados de que esse quarteto era afiadíssimo para o funk, mas por outro lado, também imponente para despejar toneladas de peso em distorções, com "Looking For My Lady" sendo o maior exemplo. 

Jim Fox, Dale Peters, Domenic Troiano e Roy Kenner


Troiano também mostra seus dotes vocais na romântica "Getting Old", levada pelo seu violão, pelo violino de Sheldon Kurland e pelo arranjo de cordas de Glen Spreen, e que tem uma irmã tão bela quanto, só que com os vocais de Kenner, batizada "Let Me Come Home". Outra balada, "Get Her Back Again", tem uma pontuação menor no compto geral do LP, que é fechado pelas influências southern na linha Lynyrd Skynyrd que abrilhantam "Hairy Hypochondriac" e as loucuras dançantes de "Madness". Alguns torcem o nariz, mas acho Straight Shooter uma ótima virada de página na carreira do James Gang, e coloco-o em um Top 5 dos melhores discos de estúdio que a banda lançou.

Singles japoneses extraídos de Straight Shooter


Dois singles saíram deste disco: "Madness" / "I'll Tell You Why", lançado apenas no Japão, e "Looking For My Lady" / "Hairy Hypochondriac", que saiu nos Estados Unidos, Japão e Canadá. Algumas cópias americanas saíram no formato promocional, com "Looking For My Lady" em ambos os lados.

O último disco antes da entrada de Tommy Bolin

Passin' Thru é lançado em 1972, e é o último disco da segunda fase do James Gang, que também foi o último com a gravadora ABC Records, sendo mais um álbum versátil. O lado A é o mais sacolejante, com canções tendo muito embalo, onde a mistura da mão sacolejante de Troiano com belos arranjos vocais e muito groove no baixo e na bateria de Peters e Fox se sobressaem na ótima "Up to Yourself", na qual você terá um panorama interessante do álbum, ou então o funk swingado da delirante "One Way Street" e de "Had Enough". O lado B já é mais calmo, tendo canções amenas como "Out of Control", o harpsichord de "William D. Smitty" Smith na baladaça "Things I Want to Say to You", a qual conta com um bonito arranjo de cordas por Craig Sapphin, que também estão presentes na acústica balada "Drifting Girl", com a participação de David Briggs ao piano. 

No mais, a mistura de estilos continua, com o ritmo southern de "Ain't Seen Nothing Yet", a leveza country de "Run Run Run", com a participação de Charlie McCoy na harmônica e Weldon Myrick  no pedal steel guitar, e o grande funk pop de "Everybody Needs a Hero", destacando o órgão de "Smitty" e um longo trecho instrumental onde o harpsichord duela com a guitarra, nessa que é a melhor canção do disco. 

O single francês de "Had Enough"


O único single foi "Had Enough" / "Kick Back Man", lançado nos Estados Unidos, Japão e França, Não é um dos melhores álbuns da banda, e dessa primeira fase, passa despercebido entre as grandiosidades que o cercam, no caso Straight Shooter e os dois próximos álbuns, que veremos daqui uns dias, quando um novo James Gang irá surgir, já que Troiano voltou para o Canadá, tornando-se membro do The Guess Who, sendo substituído por um jovem e talentoso guitarrista loiro, Tommy Bolin, como veremos numa futura parte 2.


quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Tommy Bolin - The Ultimate Bolin [1989]




Na segunda metadade dos anos 80, surgiram no mercado os boxes de vinis e CDs com raridades de diversos artistas. Bob Dylan, Eric Clapton, Bruce Springsteen, entre outros, tiveram seus boxes lançados. Há algum tempo inclusive tratei aqui do box 20 Years of Jethro Tull, que traz diversas preciosidades do grupo comandado por Ian Anderson. Hoje, venho resgatar o excelente The Ultimate Bolin, um box de três vinis (ou dois CDs, ou dois K7s) que faz uma justa lembrança para este que é considerado por mim um dos maiores guitarristas da história.

Sem perder muito tempo contando quem foi Tommy Bolin (para isto deixo este texto que fiz quando dos 35 anos de sua morte, ainda jovem, com apenas 25 anos, e esta lista de Cinco Discos Para Conhecer o músico), basta lembrar que ele substitui nada mais nada menos que Joe Walsh na James Gang e Ritchie Blackmore no Deep Purple, isso com apenas 22 e 24 anos respectivamente. Além disso, o cara fez parte das trupês dos bateras Alphonse Mouzon e Billy Cobham, simplesmente dois dos maiores nomes do instrumento na história do jazz. Um cara que passeava do jazz ao rock, do blues ao country, com uma naturalidade única, e The Ultimate Bolin faz um excelente apanhado da breve mas gloriosa 9e repleta de excelentes composições) carreira do americano, que completaria 71 anos no último dia 01 de agosto.
Capa do encarte

Tratarei aqui da versão vinílica do box. O vinil 1 concentra-se na fase inicial da carreira de Bolin. O Lado A traz três canções juntos da Zephyr, bandaça da Califórnia que revelou o menino ao mundo, e DEVE ser conhecida por todos os que gostam de boa música. O destaque não é só para a participação de Bolin, mas também para as magistrais interpretações vocais de Candy Givens, principalmente na baladaça "Sail On" (do álbum Zephyr), que lembra bastante os modos da versão de "With A Little Helo From My Friends" de Joe Cocker, mas com uma virada Purpleana para matar a pau, principalmente por conta do órgão matador de John Faris, com Bolin se apresentando ao mundo em um solo jazzístico igualmente matador. Tem também "Cross The River" (de Zephyr), paulada hippie para ninguém botar defeito (e dê-lhe Candy gastando a voz) com outro grande solo de Bolin, saindo do hard para o jazz com muita naturalidade. Seu duelo com os vocais de Givens, enquanto uma flauta diabólica surge entre eles, é sensacional. É impressionante como ainda menino, com apenas 20, 21 anos, Bolin já solava como gente grande, e criava riffs / melodias memoráveis. Por fim, "See My People Come Together" (do álbum Going Back To Colorado) tem um tempero ácido muito bem vindo durante a audição, e mais uma vez, palmas para as vocalizações de Candy e para o solo de Bolin.

O Lado B apresenta mais uma canção da Zephyr, a sensacional "Showbizzy" (de Going Back To Colorado), com outra magistral interpretação de Candy, lembrando muito Janis Joplin, e então passamos para a James Gang, que como citado acima, é a banda onde Bolin teve a difícil tarefa de substituir o substituto de James Walsh. São três canções deste período fantástico: a linda "Alexis" (de Bang), com a voz delicada de Bolin derretendo calcinhas mundo à fora, os geniais efeitos na guitarra de "Standing In the Rain" (também de Bang) e "Spanish Lover (de Miami), outra que calcinhas (e até cuecas) irão derreter. É incrível como Bolin chegou chegando ao James Gang (ele logo de cara compôs 8 das 9 canções do álbum de estreia na banda, Bang), e essas três canções são muito representativas do poder de fogo que o cara exalava não só de sua guitarra, mas também de sua magnífica voz. 

O bebê Bolin no livreto de The Ultimate Bolin

O disco 2 traz as participações especiais de Bolin em álbuns de outros artistas, e também entra junto com ele em Come Taste the Band (único disco que Bolin gravou no Purple, registrado em 1975). Porém, o Lado C abre com uma pancada dos tempos da James Gang "Do It" (de Miami), na qual o magistral solo de encerramento de Bolin certamente está entre um dos melhores de sua carreira. O que o guri faz na guitarra aqui, despejando peso, velocidade e rifferama, é para poucos. A Pancadaria come solta na locomotiva sonora de "Quadrant 4", faixa mágica registrada no essencial Spectrum do batera Billy Cobham, com um show a parte de Cobham e do tecladista Jan Hammer (que time!) na introdução, e com Bolin apresentando todos os efeitos que vieram a consagrá-lo junto ao Deep Purple. O riffzão e a voz inconfundível de Buddy Caine nos apresentam o blueszaço "Train", de quando Bolin deu sua contribuição no maravilhoso álbum de estreia dos canadenses do Moxy (Moxy, 1975), fazendo um duelo com Caine de arrepiar. Encerra esse lado a embalada "Time To Move On", também do Moxy, para sacudir o esqueleto pela casa. Ouça o solo de Bolin aqui e entenda por que ele foi contratado para substituir Ritchie Blackmore.

O Lado D abre com a participação de Bolin no álbum Mind Transplant, do batera Alphounse Mouzon (1975). Aqui, ele faz a gente viajar na jazzística "Golden Rainbows", fazendo um belo dueto junto do baixista Henry Davis, e arrepiando em um solo veloz e carregado de efeitos, enquanto "Nitroglycerin" é uma faixa explosiva, com uma performance absurda de Mouzon. O Deep Purple de Come Taste the Band surge com os embalos de "Gettin' Tighter" e a dupla "This Time Around / Owed To 'G'", registrada na contra-capa apenas pelo segundo nome (e também indica que é David Coverdale nos vocais), mas que o vinil nos propicia a oportunidade de sermos encantados pela voz de Glenn Hughes em "This Time Around", e quando Bolin começa a solar, a casa cai. Nem preciso comentar muito, já que esta certamente é a canção mais emblemática da carreira de Bolin.


Encarte autografado por Glenn Hughes


O último disco encerra a passagem de Bolin pelo Purple, através de duas canções retiradas do álbum ao vivo Last Concert In Japan (1977), as quais são a sensacional versão de "You Keep On Moving", com o tecladista Jon Lord brilhando, e uma versão matadora para "Wild Dogs", onde novamente podemos comprovar o talento vocal de Bolin. Isso no Lado E, que ainda abre espaço para a carreira solo de Bolin, com "Dreamer" (de Teaser, 1975), balada belíssima levada pelo piano e o sintetizador de David Foster, com mais uma bela interpretação vocal de Bolin.

Já o Lado F é todo dedicado a carreira solo de Bolin, primeiro com a latinidade quase reggae de "People, People" (de Teaser), o boogiezão de "Teaser" (de Teaser), com Bolin brilhando ao slide, aquecendo corações na suave "Sweet Burgundy" (de Private Eyes, 1976) e experimentando com a New Wave em "Shake The Devil" (de Private Eyes). São faixas onde a guitarra de Bolin não é o principal, mas sim seu vocal, o qual aprecio muito. Encerra a caixinha uma faixa inédita, "Brother, Brother", totalmente acústica, com Bolin cantando acompanhado apenas de seu violão, de forma emocionante. 

Acompanha a caixa um livreto de páginas, trazendo a história do guitarrista, bem como depoimentos de Glenn Hughes, Nikki Sixx, Jan Hammer, Carmine Appice, Narada Michael Walden, Bill Graham, Tom Dowd, David Coverdale,  assim como Barb Bolin (mãe do garoto), amigos e parentes que enaltecem não só o talent de Bolin, mas também sua incrível capacidade de conquistar as pessoas (algumas imagens nessa postagem).

Daquelas aquisições que apesar de não trazer muitas novidades para Crackudos de Bolin, serve para mostrar aos que o conhecem apenas por Come Taste The Band quem era realmente o cara que Glenn Hughes e David Coverdale se encantaram, tanto antes quando depois do Purple, mas principalmente, para deixar na prateleira, à disposição de seus ouvidos, uma excelente coletânea de excelentes canções.

As canções de The Ultimate Bolin

Track list

1. Sail On
2. Cross The River
3. See My People Come Together
4. Showbizzy
5. Alexis
6. Standing In The Rain
7. Spanish Lover
8. Do It
9. Quadrant 4
10. Train
11. Time To Move On
12. Golden Rainbows
13. Nitroglycerin
14. Gettin' Tighter
15. Owed To 'G'
16. You Keep On Moving
17. Wild Dogs
18. Dreamer
19. People, People
20. Teaser
21. Sweet Burgundy
22. Shake The Devil
23. Brother, Brother (Previously Unreleased)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Podcast Grandes Nomes do Rock # 40: Postagem 666



Por Fernando Bueno e Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)


Excepcionalmente, o Podcast Grandes Nomes do Rock não será apresentado na segunda-feira como costumeiramente tem sido nos últimos meses, mas sim hoje, uma quarta-feira, já que exatamente hoje temos uma data mais que especial para o Consultoria do Rock. 


Há exatamente uma semana, atingimos a incrível marca de 500 mil acessos, e na data de hoje, estamos colocando no ar a postagem de número 666. Em homenagem à esse número tão significativo e presente no rock, os consultores Fernando Bueno e Mairon Machado montaram um Podcast Especial somente com canções relacionadas à esse número, associado erroneamente com o Coisa-Ruim. 


Não somente isso. Esse é o Podcast de número 40, uma marca muito importante para o Consultoria e para você leitor que permite-nos continuar com o programa mensalmente.



O número 666 aparece no Livro da Revelação (13:17-18) dentro do Novo Testamento, mais precisamente no Apocalipse de João, associado erroneamente à Lúcifer (o demônio). Porém, este número na realidade, como bem mostra o clássico "The Number of the Beast" (Iron Maiden) é o número do homem, sendo o homem a própria besta. Ainda na Bíblia, 666 aparece por diversas vezes como em referência ao número de talentos de ouro coletados pelo Rei Salomão a cada ano, e o judaísmo cabalístico, o número representa a criação e a perfeição do mundo que foi criado em seis dias e com seis pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste, Cima e Baixo).


Folha do Novo Testamento
Tentando entender um pouco dessa história relacionada ao demônio, precisamos voltar nas velhas traduções (e interpretações) do texto citado e também do Velho Testamento (N. R. essa é uma interpretação livre do autor que segue vários livros e artigos especializados na área, mas que em nenhum momento tem a pretensão de desmistificar ou polemizar o assunto em termos das interpretações religiosas como o catolicismo, o evangelismo e outros).


Lúcifer era um dos principais anjos de Deus, com todos os poderes e forças que Deus possuía, mas com a incapacidade de racionalizar, obedecendo única e exclusivamente as ordens divinas. Seu nome significa "O Portador da Luz" e servia para descrever a estrela Vênus (a primeira estrela criada por Deus). O livro bíblico de Ezequiel, no capítulo 28, é o primeiro a tratar Lúcifer com relação ao mal, como sendo um anjo caído. A interpretação católica considera Lúcifer como sendo o próprio Satanás (o adversário) e aqui veio a ideia do Anjo Caído, que foi expulso do céu por ter se rebelado contra Deus, apesar de em nenhum momento isso aparecer na Bíblia.


Aqui começa o principal erro e a principal associação do número 666 com Lúcifer (e consequentemente ao Coisa-Ruim). Segundo a Igreja Católica, Lúcifer teria ficado revoltado por que Deus criou um ser a sua imagem e semelhança, mas com capacidade de agir independente dos desejos de Deus, apenas obedecendo alguns mandamentos.
O quadro 666, de William Blake
Enciumado (ou com raiva), Lúcifer organiza uma reunião com os demais anjos e comenta que aquilo era uma injustiça com a classe. Exatamente um terço (33.3 %) dos anjos saem a favor de Lúcifer, enquanto os demais dois terços (66,6 %) são contra o mesmo, defendendo então a criação da nova criatura, que é o homem. Assim, 66.6 % dos anjos aprovam o nascimento do homem, caracterizando o número 666 como o número do homem.


Os 33.3% seguidores de Lúcifer são expulsos do reino dos céus, gerando um conflito entre eles e os demais anjos, tudo por causa do homem, a verdadeira Besta (causadora de problema em sua etimologia original) da história. 


666, um dos principais discos do rock progressivo


Essa seria a verdadeira origem do número 666 e sua associação como sendo o número da Besta, que com traduções diversas, e outras interpretações, acabou fazendo com que a associação contrária se consolidasse no mundo cristão.


De qualquer forma, muitos grupos passaram a dedicar canções para o Coisa-Ruim (e seus diversos nomes-sinônimos como Satã, Diabo, Leviatã, ...), ao inferno e ao que quer que seja relativo ao mal. Esse Podcast resgata algumas das principais canções com esse tema, destacando um bloco especial ao disco do Aphrodite's Child que carrega exatamente o nome do número de postagens que o blog atinge hoje: 666.


Quem não queria um demônio desses em casa?
Track list Podcast # 39 - 45 Anos de Monterey Pop Festival

Bloco 01
Abertura: "Along Comes Mary" [do bootleg Live at Smothers Brothers - 1967 (The Associations)]
"Numbers" [do álbum Ellis Island - 1968 (The Paupers)]
"St. James Infirmary" [do álbum Live! - 1971 (Lou Rawls)]
"Where the Good Times" [do compacto "Happy New Year" / "Where the Good Times" - 1966 (Beverley)]
"Do You Wanna Dance" [do álbum Classic - 2008 (Johnny Rivers)]
"Paint it Black" [do álbum Live Stockholm - 1968 (The Animals)]
"The Sound of Silence" [do álbum Live at Monterey - 1967 (Simon & Garfunkel)]

Bloco 02
Abertura: "Up On the Roof" [do álbum Christmas and the Beads of Sweet -  1970 (Laura Nyro)]
"Amphetamine Annie" [do álbum Boogie with Canned Heat - 1968 (Canned Heat)]
"Ball and Chain" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Big Brother & The Holding Company)]
"Flying High" [do álbum Electric Music for the Mind and Body - 1967 (Country Joe & The Fish)]
"Jolie" [do álbum Naked Songs - 1973 (Al Kooper)]
"East-West [do álbum East-West - 1967 (Paul Butterfield Blues Band)]
"Killing Floor" [do bootleg Live - 1967 (Electric Flag)]

Bloco 03
Abertura: "Serenade" [do álbum Greatest Hits 1974/78 - 1978 (Steve Miller Band)]
"The Fool" [do bootleg First LP Outtakes - 1967 (Quicksilver Messenger Service)]
"Omaha" [do álbum Moby Grape - 1967 (Moby Grape)]
"Babajula Bonke (Healing Song)" [do álbum The Promise of a Future by Hugh Masekela - 1968 (Hugh Masekela)]
"Eight Miles High" [do bootleg Live at Fillmore East - 1970 (The Byrds)]
"We Can Be Together" [do álbum Volunteers - 1969 (Jefferson Airplane)]
"Green Onions" [do álbum Green Onions - 1962 (Booker T & The MG's)]
"(Sittin' On) The Dock of Bay" [do DVD Dreams to Remember - 2007 (Otis Redding)]

Bloco 04
Abertura: "Raga" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Ravi Shankar)]
"Flute Thing" [do álbum Projections - 1966 (Blues Project)]
"Stop Children What's That Sound" [da bootleg Buffalo Springfield 67/68 - 2000 (Buffalo Springfield)]
"My Generation" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (The Who)]
"Wild Thing" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Jimi Hendrix)]
"San Francisco" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Scott McKenzie)]
"California Dreamin'" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (The Mamas & The Papas)]

Encerramento: "Morning Dew" [do bootleg Live at Barton Hall - 1977 (Grateful Dead)]

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

35 anos sem Tommy Bolin


Quantas pessoas você conhece que, com 22 anos, assumem a responsabilidade de substituir o dono de um grande grupo de rock, e com 24 anos torna-se a referência musical para quatro monstros do rock, liderando a guitarra de uma das mais importantes bandas do hard rock mundial?

Bolin ao vivo
Bom, eu conheço apenas três pessoas que foram capazes dessa façanha: Eric Clapton (Yardbirds e Cream), Jimmy Page (Yardbirds e Led Zeppelin) e Tommy Bolin. Porém, os dois primeiros surgiram na década de 60, em um cenário efervescente, onde em cada esquina do mundo nascia uma pequena banda de rock, com fortes chances de conseguir o sucesso através de algum hit, e depois, navegar no mar da obscuridade, o que convenhamos, não foi o caso do Cream e tampouco do Led Zeppelin.

Mas Tommy Bolin viveu uma vida diferente dos outros dois gênios da guitarra. Mesmo Clapton tendo começado com apenas 18 anos no Yardbirds, e com 21 montado o Cream, sua carreira, em termos de ascensão, é incomparável ao que o jovem guitarrista americano conquistou.

Bolin nasceu no dia 1º de agosto de 1951, na cidade de Sioux, Iowa. Desde cedo, ele teve inclinação para a música, e com oito anos já estava tirando os primeiros acordes no violão. Na entrada da adolescência, Bolin passou a integrar diversas bandas de Sioux, até que sua família mudou-se para Boulder, Colorado. Lá, ingressou no grupo American Standard, onde começou a criar uma boa reputação.

Zephyr: Bobby Berge, John Faris, David Givens, Candy Givens e Tommy Bolin


Irreverante, com roupas chamativas e um corte de cabelo diferente dos demais membros do American Standard, além de uma voz poderosa e uma habilidade incrível na guitarra, não demorou para que o pessoal do grupo Ethereal Zephyr chamasse o garoto, com apenas 18 anos, para assumir o posto de guitarrista principal. Ao lado de John Faris (teclados), Robbie Chamberlin (bateria), David Givens (baixo) e sua esposa, Candy Givens (vocais), Bolin foi responsável pelo lançamento dos dois primeiros discos do agora batizado Zephyr. Batizados de Zephyr (1969) e Going Back to Colorado (1971), o último contando com Bobby Berge na bateria, esses dois álbuns, hoje preciosidades a serem conhecidas pelos admiradores da música, revelam um ainda tímido Tommy Bolin, fazendo solos curtos, mas mostrando a agilidade da mão direita em levadas espetaculares. A fusão de psicodelia com southern music era a principal atração do Zephyr, e, principalmente, a voz de Candy Givens (uma espécie de Janis Joplin misturada com Grace Slick) sem dúvidas era o referencial. Canções como "Raindrops" e "Cross the River", pertencentes ao primeiro álbum do grupo, "Miss Libertine"  e "Take My Love", são alguns dos bons exemplos da capacidade musical do Zephyr, que os levou a participar da edição do Texas Pop Festival de 1971.

Ao lado de Candy Givens


Mas o sucesso do Zephyr, que também os levou a abrir um show do Led Zeppelin durante a passagem dos britânicos pelo Colorado, fez alguns produtores virarem os olhos para o jovem guitarrista do grupo. A atração pelo sucesso, e a falta de sintonia com a música do Zephyr, fez Bolin abandonar o barco. Na realidade, Bolin já havia entrado em dois mundos de onde, depois que você entra, dificilmente sai.

O primeiro deles, o mundo de Miles Davis. Bolin pirou com as experiências sonoras de Davis no álbum Bitches Brew (1970), e, posteriormente, A Tribute to Jack Johnson (1971), e assim, decidiu voltar-se para o jazz e para o blues. O segundo mundo é o mundo das drogas. Com o Zephyr, Bolin descobriu a maconha e rapidamente evoluiu para a cocaína, da qual virou consumidor ativo. 

Ao vivo com o Energy, em 1972


Com muitas viagens na cabeça, Bolin criou o Energy, um grupo fortemente influenciado por Miles Davis, mas que nunca chegou a gravar um disco com o guitarrista. O período tocando com o Energy chamou a atenção do baterista panamenho Billy Cobham. O músico, que havia participado de A Tribute to Jack Johnson, agradou-se ainda mais do garoto quando ele disse que era seu fã, e que seria um prazer tocar ao lado do melhor baterista que já havia ouvido.

Essencial disco de Billy Cobham, com a participação de Bolin


Bolin então registrou sua guitarra no álbum Spectrum, uma obra-prima lançada por Billy Cobham em 1972, que, além de Bolin na guitarra, possui a participação de Leland Sklar (baixo) e Jan Hammer (teclados), além de outros músicos de menor expressão. Nesse disco, surgiu finalmente o Bolin pelo qual o mundo se apaixonaria três anos depois. As notas leves, acordes swingados e a levada da mão direita são algumas das características que Bolin registrou nos sulcos de Spectrum. Canções como a agitada "Taurian Matador", onde trava um duelo feroz com os teclados de Hammer, a impressionante "Stratus" e a swingada "Red Baroon", duelando com os teclados de Hammer, dessa vez em um swing leve, embriagante e sensacional, são uma boa amostra do talento de Bolin.

James Gang: Tommy Bolin, Dale Peters, Jim Fox e Roy Kenner

A participação do guitarrista em Spectrum foi crucial para que Jimmy Fox, baterista do James Gang, escolhesse Bolin para substituir Dominic Troiano em seu grupo. Dominic havia entrado para o lugar de Joe Walsh, um exímio guitarrista que levou o James Gang ao topo das paradas através de álbuns essenciais como 'Yer Album (1969) e Rides Again (1970). Com 22 anos, muitos duvidaram que Bolin fosse capaz de aguentar a pressão de ser o guitarrista de uma banda famosa e com mais de oito anos de carreira.

 
Os dois álbuns de Bolin com a James Gang


Pois Bolin superou essa dúvida com sobras, registrando os maravilhosos Bang (1973) e Miami (1974). Com o James Gang, Bolin pôde aperfeiçoar sua técnica no violão e nos teclados, e nesses álbuns, fez algumas de suas principais gravações, destacando "Standing in the Rain", "Ride the Wind" e a emocionante "Mystery" (de Bang), e "Cruisin' Down the Highway", "Wildfire" e "Head Above the Water" (de Miami). Os vocais suaves de Bolin também aparecem com destaque na linda "Alexis", de Bang. Já a guitarra carregada de efeitos das demais canções, criava uma sonoridade inédita, que chamava a atenção de diversos novos seguidores do James Gang. Para a carreira de Bolin, o crescimento como compositor era algo cada vez mais notório.

Bolin com Alphonse Mouzon, segundo da direita para a esquerda (abaixo);
e a capa do álbum Mind Transplant (acima)


Depois da turnê de divulgação de Miami, Bolin tentou se afastar da cocaína, na qual já estava bastante viciado. A solução foi virar músico de estúdio, e assim, Bolin começou a pensar em investir em uma carreira solo. Nesse período, participou de diversos registros como músico convidado, destacando outro grande álbum do jazz rock setentista: Mind Transplant (1974), do baterista Alphonse Mouzon, onde deixou pelo menos mais dois petardos sonoros para a posteridade: a faixa-título, "Carbon Dioxide" e "Golden Rainbows", onde os solos são carregados dos efeitos que já apareciam nos discos da James Gang.

Bolin: virtuoso e talentoso
Ainda em 1974, Bolin assinou contrato com a Nemperor Records para gravar seu primeiro álbum solo. Para isso, apoiou-se nos ombros dos gigantes David Foster (arranjos), David Sanborn (saxofone), Jan Hammer (teclados), Phil Collins (bateria) e Glenn Hughes (baixo). Durante a gravação do primeiro álbum, dois fatos mudaram a vida de Bolin.

O primeiro deles foi a aparição do grupo canadense Moxy na Califórnia. Bolin estava fazendo uma sessão de gravação no mesmo estúdio do Moxy, e ficou impressionado com a sonoridade dos canadenses, que estavam gravando seu primeiro e fundamental álbum. Fascinado com o som do grupo, Bolin ofereceu seus trabalhos para a banda, o que foi prontamente aceito, já que Bolin, além de ser um boa pinta, também tinha um estilo que se encaixava ao que estava sendo buscado pelo Moxy.

Um clima de harmonia surgiu nos estúdios e após as diversas sessões, quando o Moxy já estava pronto para convidar Bolin para oficialmente se tornar o principal guitarrista do grupo - lembrando que o Moxy contava na época com o sensacional guitarrista Earl Johnson, além de "Buzz" Shearman (vocais), Bill Wade (bateria) e Tery Juric (baixo) -, eis que um convite de David Coverdale chegou para Bolin: "você está convidado para ser o novo guitarrista do Deep Purple".


Um dos principais nomes do hard mundial, o Deep Purple estava na ativa havia pouco mais de oito anos, mas já havia deixado sua marca em álbuns como In Rock (1970), Machine Head (1972) e Burn (1974). Porém, a Mark III naufragou em uma guerra de egos, levada principalmente pelo guitarrista Ritchie Blackmore. David Coverdale (vocais) foi o primeiro a incentivar a entrada de Bolin, convencendo Ian Paice (bateria), Jon Lord (teclados) e Glenn Hughes (vocais) de que mesmo Bolin tendo apenas 24 anos, era possível que ele cobrisse as partes de Blackmore ao vivo, e ainda mudar de vez o som do Purple (algo que estava ocorrendo desde a entrada de Hughes e Coverdale em 1973).


A estreia do Moxy, com Bolin nas guitarras


Como não tinha um vínculo oficial com o Moxy, Bolin preferiu seguir carreira ao lado do Purple, deixando para o pessoal do Moxy uma excelente contribuição, através de Moxy, o álbum de estreia do grupo, que foi lançado em 1975. Essencial na discografia de qualquer apreciador do hard setentista, Moxy exalta ainda mais as qualidades de Bolin, destacando "Fantasy", "Moon Rider" e "Train". 

A estreia solo de Bolin


Ainda em 1975, Bolin completou seu álbum de estreia, Teaser, o qual chegou às lojas no dia 17 de novembro do mesmo ano. Trazendo diversos convidados, dos quais além dos citados anteriormente também é necessário chamar a atenção para a participação do baterista Jeff Porcaro, Teaser é um álbum dançante, envolvente e muito gostoso de se ouvir. Bolin desfila suas notas na guitarra, mergulhando profundamente sua voz clara em canções marcantes, como "The Grind", "Savannah Woman", "People, People" e a super clássica "Wild Dogs". Outro grande destaque é a participação de Glenn Hughes na faixa "Dreamer".

Jam session que levou Bolin a assumir as seis cordas do Purple


Pouco antes, em junho de 1975, Bolin participou de uma jam session com o Deep Purple, a qual resultou na aprovação de Bolin para as seis cordas do Purple. Bolin chocou a todos quando chegou com suas roupas coloridas e um visual muito extravagante. Mesmo tendo passado pela James Gang, Bolin ainda era um tímido garoto loiro, mas que, ao empunhar a guitarra, transformava-se em uma fera indomável. A jam deixou todos no estúdio de boca aberta, com Bolin sendo efetivado no cargo na hora. O mais interessante de tudo é que Bolin nunca havia ouvido uma canção sequer do Purple, mas a harmonia criada com Paice, Lord e Hughes (principalmente) foi como a união do queijo com a goiabada.

Mark IV do Deep Purple: David Coverdale, Jon Lord e Tommy Bolin (acima);
Ian Paice e Glenn Hughes (abaixo)


A entrada de Bolin deu origem à chamada Mark IV, e mudou totalmente o Deep Purple. Se antes, Lord e Paice eram os líderes (ao lado de Blackmore), Bolin de tornou o mentor do quinteto britânico. Sua palavra era sempre a última, e sua influência marcou bastante os colegas do Purple, principalmente Hughes, que, além de dividir o palco e os estúdios com Bolin, passou a dividir heroína com o guitarrista.

Come Taste the Band, único registro de estúdio da Mark IV


A Mark IV lançou Come Taste the Band em 1975. Na época, a sonoridade funkeada do LP não agradou aos fãs da fase pesada da Mark II e da Mark III. Porém, hoje a maioria dos fãs aplaudem e reverenciam o álbum, que traz aquele que é o melhor momento de Tommy Bolin: a canção "Owed to G", um belo tema instrumental onde Bolin simplesmente detona na guitarra. Outro grande destaque desse LP é "You Keep on Moving", canção que encerra o álbum e que concretiza a obra talentosa de Bolin tanto como guitarrista quanto compositor. 

Bolin, provando algo "diferente"
Porém, durante a turnê de divulgação do LP, a coisa começou a naufragar. A turnê começou pelo Japão, e pouco antes, Bolin, que havia ficado todo o tempo da gravação de Come Taste the Band sem injetar heroína, abusou da dose antes da primeira apresentação em Nagoya. O resultado: teve o lado direito de seu corpo paralisado, tendo que subir no palco somente para fazer as bases, e mesmo assim com muita dificuldade.

Bolin deu sinais de melhora quando o grupo chegou em Tóquio, três shows depois, mas mesmo assim não conseguiu fazer no Japão uma apresentação à altura de seu talento. Como Bolin estava em dificuldades de recuperação, a data de Hong Kong acabou sendo cancelada, com a banda fazendo um recesso de fim de ano, onde Bolin tentou se livrar das drogas, assim como começou a compor novas canções.

Em 14 janeiro de 1976 o Deep Purple voltou à estrada, fazendo uma turnê pelos Estados Unidos, que acabou em 4 de março, sem maiores problemas com o vício de Bolin, partindo então para cinco datas pela Grã-Bretanha: Leicester, Wembley Arena (por duas noites consecutivas), Glasgow e Liverpool. Foi exatamente em Liverpool que o barco afundou de vez. Bolin novamente abusou, perdendo totalmente o controle de tudo o que fazia no palco durante praticamente todos os shows britânicos, mas em Liverpool ele ficou totalmente imóvel, sem nem consguir ficar em pé, quanto menos segurar a guitarra. Coverdale deixou o palco aos prantos, confidenciando a Lord que estava saindo do Deep Purple. Sem Coverdale, Hughes também pediu as contas, e assim, Bolin foi oficialmente demitido, com Lord e Paice decidindo dar um ponto final à carreira do Deep Purple em junho de 1976. 


Robert Plant, Glenn Hughes e Tommy Bolin


Bolin então investiu em sua carreira solo, e aproveitando-se de que já havia conquistado um nome entre os grandes músicos de sua geração, lançou-se em uma bem sucedida turnê, ao lado de músicos como Narada Michael Walden (bateria), Jimmy Haslip (baixo), Mark Stein (teclados), além de seu irmão Johnnie Bolin (bateria) entre outros de menor expressão.

Segundo (e último) registro solo de Bolin


Em 1976, assinou com a CBS e lançou seu segundo disco solo, Private Eyes. Nele, mais canções marcantes, destacando "Someday Will Bring Our Love Home", "Bustin' Out for Rosey" e "You Told Me That You Loved Me", que fizeram de Private Eyes o mais bem sucedido álbum solo de um ex-Purple até aquele momento. O sucesso de Private Eyes levou Bolin a abrir para Jeff Beck, o qual estava no auge da sua fase fusion.

Mas, infelizmente, ele não pôde aproveitar o sucesso do álbum. No início da manhã de sábado do dia 04 de dezembro de 1976, sua namorada o encontrou inconsciente, e poucas horas depois, Bolin foi declarado oficiallmente morto, vítima de uma overdose de heroína. Com apenas 25 anos, um dos maiores talentos da guitarra perdia sua guerra contra o vício. Bolin foi enterrado na cidade de Sioux, tendo em seu dedo anelar o mesmo anel que Jimi Hendrix estava usando quando faleceu, mais uma curiosidade do rock.

Last Concert in Japan: primeiro ao vivo oficial a contar com a guitarra de Bolin


Com o passar dos anos, diversos relançamentos vêm resgatando a obra de Bolin, destacando os lançamentos da Purple Records. Em 1977, foi lançado Last Concert in Japan, trazendo, como o nome diz, a última apresentação da Mark IV na terra nipônica. Depois, Days May Come and Days May Go (2000), o qual traz a jam session na qual Bolin foi aprovado para ser o guitarrista do Purple, e também This Time Around: Live in Tokyo 75 (2001), trazendo a cobertura da turnê japonesa da Mark IV, aumentaram o material de Bolin. Outros destques vão para a caixa Tommy Bolin: The Ultimate Collection, lançada em 1989 e que traz um apanhado geral da carreira do guitarrista, a série Whips and Roses I e II, lançadas em 2006, com muitas sobras de estúdio dos álbuns Teaser e Private Eyes, bem como versões ao vivo, e o ao vivo Tommy Bolin & Energy - Live in Boulder 1972 (2003), trazendo uma rara apresentação do músico com o Energy.

Porém, esses lançamentos, apesar de extremamente valiosos, servem apenas para aumentar nossa lástima pela perda de um guitarrista genial, que influenciou pessoas muito mais experientes que ele, e que em sua curta estadia na Terra, conquistou uma enorme geração de seguidores, apreciadores e músicos que ainda tentam tirar de suas guitarras os endiabrantes timbres que Bolin tirava de seu instrumento.
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