quarta-feira, 29 de julho de 2009

Triumph - Parte 3: Queda e resurreição



Após uma pausa de quase um ano, a banda volta aos estúdios. De cara, um novo problema: Gil e Mike estavam interessados em seguir uma linha mais comercial, tentando modernizar o som do grupo, enquanto Rik pensava em construir mais um álbum conceitual.

Chegam em um meio-termo, e os trabalhos são retomados com o grupo adquirindo uma aparelhagem moderna, empregando, e muito, os sintetizadores, programações e teclados. Tanto que três diferentes programadores participaram dos ensaios e gravações do próximo álbum: Lou Pomanti, Michael Boddicker e Scott Humphrey. Porém, durante os ensaios, a banda acaba entrando em atrito com a MCA, que exigia um álbum totalmente comercial. Assim, decidem incorporar idéias de outras pessoas, gerando composições não feitas pelo trio.

Talvez o mais fraco álbum do Triumph

Cheio de conflitos internos e externos, no dia 11 de setembro de 1986 chegava às lojas The Sport of Kings, talvez o mais fraco álbum da banda. "Tears in the Rain" abre o lado A, com muitos sintetizadores acompanhados pelo riff de Rik e pela batida bumbo-caixa de Gil. Baixo e teclado surgem, dando início a um som bem A.O.R., o qual é cantado por Gil, e trazendo novamente muitas vocalizações no refrão.

"Somebody's Out There" é um rock anos 80, cheio de teclados e cantado por Rik. O refrão é um daqueles verdadeiros "levanta-público". A terceira faixa é "What Rules My Heart", onde o predomínio é dos overdubs na guitarra Essa para mim é a melhor faixa do álbum. A guitarra dedilhada e o trabalho de Mike e Gil trazem os vocais do baterista, duelando com os de Rik antes do refrão. Para quem gosta do Yes na fase Trevor Rabin, é um prato cheio, com um grande solo de Rik.

Porém, a falta de inspiração surge em "If Only",um som bem oitentista, que serve para testar seu controle-remoto (no caso do CD) ou pegar a agulha e pular para a próxima faixa, "Hooked on You", essa sim um hard com uma pimenta anos 70 adicionada de um tempero oitentista que encaixou muito bem. Gil e Rik dividem os vocais, com destaque para o solo de slide feito por Rik. É mais um daqueles sons que você de cara lembra do Led. O lado A encerra com "Take a Stand". Outro bom som, com um riff marcante de Rik. Os vocais do guitarrista são acompanhados apenas pela marcação na caixa, em mais uma canção A.O.R..

A balada "Just One Night", de Fanucchi, Martin e Schon, cantada por Gil, abre o lado B, seguida pela peça "Embrujo", um lindo tema instrumental, começando com a guitarra executando a escala oriental cercada por violões. O trêmolo no violão é acompanhado por acordes de teclado, seguida por uma levada flamenca e encerrando com um lindo dedilhado. Como sempre, os solos de Rik ao violão são algo muito bom de parar e ouvir.

Rik assume os vocais em "Play with the Fire", um som pesado, com uma boa participação de Mike e com uma ótima linha vocal. Essa é outra faixa de destaque, com um trabalho instrumental fantástico, onde Rik duela com os teclados em seu solo, executando posteriormente uma magnífica e emocionante sequência de tappings. Fantástica!!!!

Rik também canta as duas últimas faixas. "Don't Love Anybody Else But Me", de Miller e Roynesdal, traz um riff cercado de solos, em uma balada repleta de teclados, e "In the Middle of the Night", com muito teclado e percussão eletrônica.

O disco contou com a participação dos backings de Johnny Rutledge, David Blamires e Neil Donell, e teve dois singles lançados: "Somebody's Out There", que ficou na posição 27 nos EUA, e "Just One Night", que ficou em vigésimo-sexto. Alcançou a posição 33 na América, e, para surpresa do trio, ficou na posição 57 na Inglaterra, algo que a banda não havia conseguido anteriormente.

A pressão da MCA para uma turnê era grande, e, com o guitarrista Rick Santers fazendo as bases para Rik, o grupo abre a turnê "Sport of Kings Tour" no dia 18 de setembro, em Saginaw (Michigan), tocando ao lado de Yngwie Malmsteen, que também acompanhou a banda nos shows de Columbus (Ohio, 26 - 27). Ainda em setembro, tocam em East Troy (Wiscosin - 20). Em outubro é a vez de Syracuse, Binghampton (Nova Iorque - 01, 04), Pittsburgh e Philadelphia (Pennsylvania - 05, 24), Lansing (Michigan - 08), ao lado do Bad Company, Peoria (Illinois - 09), St. Louis (Missouri - 11), Minneapolis (Minnesota - 15), Worchester (Massachusetts - 22), Buffalo (Nova Iorque - 25), ao lado de Yngwie Malmsteen e Fairfax (Virginia - 31).

Retornam para Worchester no dia 01 de novembro, e nesse mês passam também por East Rutherford (Nova Jérsei - 02), ao lado de Malmsteen, Providence (Rhode Island - 06), Glen Falls (Nova Iorque - 07), Houston (Texas - 21), ao lado do Saxon, Lansing (Michigan - 25), sendo que nesse show, com a abertura do Bad Company, o Triumph tocou pela primeira vez sem Rik. Naquele dia, Rik acordou muito doente, e foi substituído por inteiro por Santers. O show teve a presença de 2.500 pessoas e começou com um um atraso de mais de duas horas, já que o desconhecimento sobre a saúde de Rik era enorme, com Gil e Mike se recusando a subir no palco sem saber se Rik estava vivo. Rik havia sido internado no hospital da cidade pela manhã em estado grave, com uma forte gripe e com muitas dores de cabeça,e os médicos recusavam-se a dar uma notícia animadora. A única coisa que diziam era que estava sobre observação e respirando com ajuda de aparelhos, e assim, o show pode começar. Tudo não passou de um susto, e Rik voltou a tocar já em Chicago (Illinois - 26), Indianapolis e Fort Wayne (Indianapolis - 27, 28), o primeiro com o Bad Company, e Detroit (Michigan - 29).

Em dezembro foi a vez de passar pela Flórida, tocando em Daytona Beach, Hollywood e Lakeland (05, 06 e 07), indo para Daytona e Cleveland (Ohio - 10 e 12), o primeiro com Malmsteen e o segundo com o Bad Company, Philadelphia (Pennsylvania - 14), com o Mountain, e Hollywood (Flórida - 16), com o Bad Company. A turnê é encerrada em janeiro de 1987, fazendo três shows no Canadá: Winnipeg (02), ao lado do Kick Axe, Toronto (09), onde o Brighton Rock aqueceu a platéia, e que também abriu os dois shows seguintes, em Halifax (16) e Oakland (Califórnia - 31). Ainda fazem um show extra no dia 04 de fevereiro, em Long Beach (Califórnia).

Entre fevereiro e julho voltam aos estúdios, entusiasmados pela "Sport of Kings Tour". Chamam para dar uma força em duas canções o guitarrista Steve Morse, que estava trabalhando no Kansas. Também estão presentes Dave Traczuk (sintetizadores e programação), Greg Loates (percussão), Hugh Cooper (efeitos sonoros), os backings Joel Feeney, Joel Wade e Paul Henderson e o coral formado pelos três anteriores mais Ross Munro, John Alexander e Noel Golden.

O último LP com Rik Emmett


No dia 27 de julho de 1987 era lançado Surveillance, uma tentativa de resgatar os tempos de Progressions of Power e Allied Forces, e que mostrava os integrantes com um novo visual, no melhor estilo hard farofa, com cabelos esvoaçantes e muito colorido.

"Prologue: Into the Forever" abre o disco com um lindo solo de guitarra acompanhado por teclados, indo para "Never Say Never", com a guitarra em um riff pesado e com a tradicional batida bumbo-caixa. Cantada por Rik, segue a linha de canções como "Tears in the Rain".

"Headed for Nowhere" abre com uma introdução muito interessante no riff de Rik, que ao mesmo tempo executa um rápido solo, para Gil entrar com os vocais, em um ritmo bem acelerado. É uma boa música, principalmente pela cadência e pelo emprego correto dos teclados. Mas claro, o destaque maior vai para a participação de Morse, e o trabalho de Rik duelando com ele no solo é demais. É bem legal ouvir os diferentes estilos de ambos nas caixas em separado. Grande faixa!!!

Violões abrem "All the King's Horses", que foi composta pelo trio junto à Morse. Uma pequena balada cantada por Rik sobre o dedilhado dos violões e camadas de teclados. Uma boa faixa, que é seguida pela tentaiva de progressivo "Carry on the Flame", com uma sequência estranha de acordes. Cantada por Gil e Rik, traz em seu refrão a alma do Triumph, com intervenções de sintetizador e viradas de bateria que acabam agradando ao ouvido.

O lado A encerra com "Let the Light (Shine on Me)" e muitos teclados, com a guitarra de Rik trazendo uma sequência de pequenos solos. Mais uma canção cantada por Rik, e que também lembra o Yes da fase
90125.

"Long Time Gone" abre o lado B seguindo a linha do lado A, com guitarra dedilhada e muito teclado. Após a breve introdução, os riffs pesados de guitarra e a levada da cozinha apresentam mais um hard triumphiano, cantado por Rik e intercalado por sessões mais lentas e ainda com uma parte contando com um coral, o qual também abre a faixa seguinte, "Rock You Down". Com uma boa levada da bateria e com vocais de Gil, é uma canção bem oitentista, e que serve para animar festas.

O disco segue com a peça "Prelude: The Waking Dream", onde sinos de igreja e barulho de chuva trazem teclados e o violão, com intervenções de notas de guitarra. Rik executa um pequeno solo na guitarra limpa, com os teclados viajando em seus acordes. Uma linda peça, seguida pela faixa seguinte, "On and On", com os teclados de encerramento de "Prelude: The Waking Dream" apresentando uma faixa no estilo de Mark Knopfler, mas que depois retorna aos hards do Triumph.

A cover "All Over Again", de Roger Freeland e Joe Pizzulo, vem bem oitentista, repleta de bateria eletrônica e cantada por Gil, que também canta "Running in the Night", outra com muita eletrônica, mas em um ritmo mais acelerado que a faixa que a antecede, encerrando o álbum de forma pouco inspirada.

O disco teve três singles: "Long Time Gone" (posição 65 nos EUA), "Let the Light" e "Never Say Never", os quais conseguiram posição somente no Canadá. A turnê de divulgação também foi um fracasso, com apenas dois shows, um em Santa Clara (Califórnia) no dia 30 de julho e outro em Maple, no Canadá, no dia 03 de setembro e com a abertura da Brighton Rock. Os desentendimentos entre Mike, Gil e Rik eram cada vez maiores, e acabam se afastando durante três meses.

Por fim, no início de 1988 Rik saía da banda, alegando seguir uma carreira solo e relevantes discordâncias com o futuro do Triumph. Mesmo sendo um dos principais nomes do trio, devido a um acordo feito no início da banda, Rik ganhou apenas 1/9 dos direitos em cima do que a banda viesse a vender a partir daquela data.

Lançou seu primeiro álbum,
Absolutely, em 1990, conseguindo um sucesso interessante em sua carreira solo. Enquanto isso, Mike e Gil reformulavam o Triumph, encerrando o contrato com a MCA ao lançar a coletânea Classics em 1989 e assinando um novo contrato com a gravadora Victory.

A estreia de Phil X.

Em 12 de janeiro de 1993, com Phil Xenidis (Phil X) nas guitarras, e contando ainda com Rick Santers, lançam Edge of Excess, que abre com a guitarra de Phil mandando ver uma longa sequências de notas, que introduzem "Child of the City", um hard bem oitentista, seguindo a linha de Sport of Kings, mas que ganhou uma sonoridade diferente com a guitarra de X.

A guitarra também introduz "Troublemaker", um som bem pesado, com uma boa levada na bateria e com um grande riff construído por Phil. Uma das melhores canções do álbum, que lembra bastante os hards dos tempos de
Allied Forces e Never Surrender. Destaque para o veloz solo de X.

"It's Over" começa nos violões, com intervenções de teclado e com uma forte influência das bandas dos anos 90 (Skid Row, Extreme). Os vocais de Gil se encaixaram muito bem nessa balada. É impossível não retornar aos anos 80 com esse som, principalmente pelo refrão estilo comercial de cigarros Hollywood.

A faixa-título "Edge of Excess" retoma os hards triumphianos, com mais um riff matador de X, que consegue incluir uma sonoridade nova para a banda, cheio de peso e vibratos, sem soar desprezivo ao trabalho de Rik. Mais ou menos o que Morse viria a fazer posteriormente no Purple. "Turn My Back on Love" encerra o lado A na mesma linha, com um refrão forte e com uma boa levada da cozinha.

O lado B abre com "Riding High Again", uma homenagem ao Moxy até no nome, com mais um riffzão de Phil X e suas palhetadas, que levam muitos a pensar se tratar de Steve Morse, e com um belo trabalho vocal. "Black Sheep" dá sequência ao LP. O início cheio de risadas nos traz a guitarra triste com slide, sugerindo um blues. Riffs de guitarra e palmas trazem os vocais de Gil, em um southern muito bom, com a interferência do slide para cada estrofe de Gil. A partir de então, a canção segue os tradicionais hards do grupo, contando om muito peso na guitarra e também no estilo de tocar de Mike, cheio de variações nas notas do baixo.

"Boy's Night Out" vem com o baixão de Mike acompanhando as viradas de X e com um refrão cheio de vocalizações, enquanto harmônicos introduzem a linda "Somewhere Tonight", com uma introdução hendrixiana, mas com uma levada anos noventa diferente do que o grupo já havia feito anteriormente. O álbum encerra com "Love in a Minute", outro hardzão triumphiano, que mantém todo o nível do álbum no mesmo status.

A recepção nas rádios foi muito boa, e três datas são marcadas para divulgar o novo álbum: El Peso (Texas - 21/05), Milwaukee (Wisconsin - 30/06) e Barrie (Canadá - 24/07), além de uma grande participação no programa Rock Awards, onde interpretaram "Rock'N'Roll Machine" tendo como vocalista o líder do Skid Row, Sebastian Bach. Porém, o fraco público nos shows e a torção de nariz dos fãs que não aceitavam a saída de Rik, acabou levando Mike e Gil a encerrarem as atividades do Triumph, mesmo com Edge sendo um bom trabalho.

No ano de 1995, o primeiro álbum do grupo foi relançado, com o nome de In the Beginning. Já em 1998, Mike e Gil tentam, sem sucesso, trazer Rik de volta para uma turnê americana em comemoração aos 20 anos da banda. Devido ao fato de ser uma turnê totalmente comercial, Rik alegou que não precisava dar mais dinheiro a Mike e Gil do que ele já havia dado com suas canções no passado, e que até aquela data ainda faziam os bolsos da cozinha triumphiana pesar um bocado.

Excelente registro no US Festival

Mike e Gil compram todos os direitos e materiais relativos ainda a época da MCA e criam seu próprio selo, o TML Entertainment, onde passam a lançar raridades, como a participação em CD e DVD no
King Biscuit Flower Hour (1996), trazendo o show de 12 de outubro de 1981,e também a bombástica apresentação no US Festival (2003), que havia sido lançada em uma pequena tiragem em VHS, contando com dois vídeos promocionais do álbum Never Surrender. Foi somente quando vi o DVD que descobri que na verdade o que sempre pensei ser o Rose Bowl Stadium era um imenso campo lotado de gente em San Bernardino.

Coletânea do grupo


Em 2004, é a vez do DVD A Night of Triumph, filmado durante o show de Halifax, em 16 de janeiro de 1987, seguido de duas coletâneas: Livin' For the Weekend: Anthology (2005), com "24 Hours a Day", "Street Fighter", "Blinding Light Snow"/"Moonchild", "Takes Time", "New York City Streets, Pt. 1/ Pt. 2", "Rocky Mountain Way", "Lay it on the Line", "Hold On", "I Live for the Weekend", "I Can Survive", "Fool for Your Love", "Allied Forces", "Fight the Good Fight", "Magic Power", "Too Much Thinking","When the Lights Go Down", "Follow Your Heart", "Spellbound", "Mind Games", "Tears in the Rain","Somebody's Out There", "Just One Night", "Never Say Never", "Headed for Nowhere", "Carry on the Flame", "Long Time Gone", "Never Surrender" e "Love Hurts"; e também Extended Versions: Triumph (2006), com as músicas "When the Lights Go Down", "Tear the Roof Off", "Lay it on the Line", "Rock & Roll Machine", "Guitarinator", "Nature's Child", "Drummer's Elbo", "Never Surrender", "Magic Power" e "Fight the Good Fight". Ambos boas pedidas para se entrar no mundo do trio.

Gil passou a trabalhar no seu próprio estúdio, o Metalworks Studios, que havia sido originalmente aberto para trabalho único do Triumph, ainda nos anos 80, além de ensinar e também ministrar palestras sobre novas sonoridades e técnicas musicais

Reunião no Sweden Rock Festival

No dia 10 de março de 2007, o Triumph entrou no Canadian Music Industry Hall of Fame. Na cerimônia, realizada no Fairmont Royal York Hotel, em Toronto, todos os membros originais estavam presentes, sendo este o primeiro encontro de Rik com Gil e Mike em 20 anos sem nem se falar. Esse encontro gerou diversas expectativas de uma reunião, inclusive após o lançamento do trabalho
Airtime (2007) de Rik pela Metalworks. Porém, Mike e Gil alegaram muito tempo afastados dos palcos para poder participar de qualquer show.



Mas o sonho tornou-se realidade em 2008, quando no dia 18 de janeiro foi anunciada a volta do Triumph para participar de um show no Sweden Rock Festival, em junho do mesmo ano, com direito a algumas apresentações especiais em julho. No palco, o guitarrista Dave Dunlop substituía Santers, e as estruturas das turnês de Never Surrender e Thunder Seven iriam ser resgatadas.

No dia 6 de abril de 2008 o Canadian Music Hall of Fame homenageava mais uma vez a banda, e no dia 07 de junho eram uma das principais atrações no
Sweden Rock Festival, ao lado de Poison (o headliner da vez), Judas Priest, Blue Oyster Cult, Whitesnake, Ace Frehley, Joe Satriani, Sebastian Bach, Tesla, Hanoi Rocks, ELO, Ratt e Saxon.

Como nada é perfeito, as datas de julho e a turnê mundial acabaram não saindo. Um show no dia 8 de novembro foi realizado em Elgin, Illinois, mas, atualmente, pouco se sabe sobre o futuro que Mike, Rik e Gil darão para o grupo.

De qualquer forma, o Triumph é lembrado não só pelas brigas que levaram ao fim da banda, mas por toda uma carreira de sucesso, tornando-se uma das mais populares bandas do Canadá. Oito dos seus álbuns receberam o Disco de Ouro, sendo que o grupo ganhou a posição de melhor banda do ano por quatro vezes nos Estados Unidos (1979, 1985, 1986 e 1987).

Espera-se que os planos voltem a ativa, e que as brigas internas acabem de vez, trazendo para os fãs materiais fantásticos e elaborados como os magnifícos anos iniciais da banda ou, ainda, um hard mais saudosista, que conquistou a América nos anos 80. Afinal,
it's just a game, furthermore, since the Triumph a rock'n'roll machine, lay it on the line and never surrender!!!!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Triumph - Parte 2: O auge



Com os Estados Unidos na mão, o Triumph decidiu que agora era a vez de conquistar o mundo. Os shows na Inglaterra haviam feito algum rebuliço na imprensa especializada britânica, mas o grupo sentia que algo mais precisava ser feito para levantar as vendas por lá, já que ainda não haviam conseguido muito êxito na Europa com os quatro álbuns anteriores. Além disso, Progressions of Power havia se tornado um disco fundamental na carreira do Triumph, já que haviam descoberto a fórmula para o sucesso, a qual havia sido fornecida pelo Moxy de Under the Lights: refrões grudentos, solos de guitarra e uma mistura de peso/riffs com cadências e levadas suaves agradavam a geração de jovens que surgia na década de 80, e deixavam de vez as semelhanças e influências zeppelianas totalmente à parte.

Com o término da turnê de
Progressions of Power trancam-se novamente no estúdio para buscar uma sonoridade que agradasse os europeus (saindo do punk rock, curtindo a chamada New Wave of British Heavy Metal e entrando em uma fase mais eletrônica), e ao mesmo tempo manter a hegemonia nos Estados Unidos.



No dia 19 de setembro de 1981 chegava as lojas Allied Forces, um disco repleto de excelentes canções que viraram hits, abrindo com um deles, no sustain de "Fool for Your Love", um hard bem oitentista com um riff pegajoso e acompanhado pelo slide de Rik. Cantada por Gil, essa canção virou um dos símbolos da nova fase do grupo.


A volta as boas canções em Allied Forces

A trilha de hits segue com "Magic Power", uma das mais famosas canções do trio, com a guitarra dedilhada e teclado suave acompanhando os vocais de Rik, que entoa a letra seguida de seu refrão. Riffs de guitarra mudam a cadência, aumentando o ritmo aos poucos, fazendo então surgir um hard no estilo que o Triumph consagrou em seu álbum anterior, cercado de Hammonds tocado por Mike.

Passos acelerados, sirenes e bombas explodindo fazem de "Air Raid" uma introdução para mais um clássico, a faixa-título "Allied Forces", com sua guitarra pesadíssima e um riff imortal. Gil canta sobre um ritmo acelerado construído sobre uma escala de blues. Destaque maior para o refrão e o final apoteótico, bem como o solo de Rik. O refrão também é o principal destaque de "Hot Time (In this City Tonight)", que encerra o lado A com uma introdução bem rock'n'roll, seguindo posteriormente a linha de "Magic Power" e contando com outro belo solo de Rik.

O lado B abre com mais um hit, "Fight the Good Fight". Teclados trazem Rik comandando um violão de 12 cordas acompanhado de uma cadência bem sessentista feita por Mike e Gil. Novamente temos uma grande utilização de teclados. O refrão é pesado, com Gil mandando ver nos pratos. A seguir uma sessão viajante, onde baixo, teclado e o dedilhado da guitarra acompanham os vocais de Rik, abrindo espaço para Rik mandar ver no solo. Na guitarra de seis cordas Rik segue a letra, rasgando a voz no encerramento feito com o refrão.

A épica "Ordinary Man" dá sequência a esse fantástico álbum, iniciando com um coral entoando o nome da canção. Lentamente a guitarra e o teclado surgem, trazendo juntos baixo e bateria, que acompanham os vocais de Rik em uma linda balada, onde o refrão é novamente acompanhado pelo coral. A canção ganha velocidade com Rik mandando ver em riffs rápidos e Gil adicionando diversas viradas. O solo de Rik é de arrepiar, abrindo espaço para mais uma estrofe da letra e com uma pequena pausa, retomando o refrão com diversas intervenções de Rik.

A peça clássica "Petite Etude" vem com um dedilhado triste e lento, interferindo acordes jazzísticos. O dedilhado ganha velocidade, com mudança rápida de acordes e encerrando da mesma forma que o início. Finalmente, "Say Goodbye" traz a cadência de "Fool for Your Love, com Rik nos vocais e no slide. O refrão é mais simples, com uso de Hammond e uma linda sessão, onde os vocais são acompanhados pelo dedilhado da guitarra.

O disco alcançou a posição #23 na parada da
Billboard, com "Magic Power" e "Fight the Good Fight" alcançando o oitavo e o décimo-oitavo postos na lista do Mainstream Rock daquele ano. Acabou virando o álbum mais cultuado dos fãs, principalmente pelo fato de ser um divisor de águas na carreira da banda, já que ele abria mão de todas as influências progressivas e, principalmente, zeppelianas, colocando o Triumph como uma banda independente e produtiva. Além disso, o conjunto de backing vocals utilizado nos dois álbuns anteriores resumiu-se a apenas à participação de Elaine Overholt.

Com a intenção de tornar o disco conhecido primeiramente na Europa, e assim tentar conquistar o mercado daquele continente, no dia primeiro de agosto de 1981 a banda começou a "Allied Forces Tour" em Portval, na Inglaterra. No dia 09 de setembro começam a turnê pelos Estados Unidos na cidade de Laredo (Texas), e assim foi durante o mês de setembro, com o grupo passando por Odessa, San Antonio (ao lado de Frank Marino), Lubbock, San Angelo, El Paso, Austin, Houston, Dallas, Beaumont (Texas - 10, 11, 12, 17, 18, 24, 25, 26, 27), Oklahoma City (Oklahoma - 13), Phoenix (Arizona - 19) e Albuquerque (Novo México - 20). Em outubro, o grupo continuou a turnê pela Terra do Tio Sam, já que as vendas na Europa não estavam altas, e assim, passaram por Louisville (Kentucky - 02), St. Louis (Missouri - 03), Erie, Pittsburgh (Pennsylvania - 07, 11), Daytona, Cleveland (Ohio - 08, 12), Chicago (Illinois - 09), Indianapolis (Indianapolis - 10), Oakland e dois shows em Santa Monica (California - 24, 30 e 31).

Em novembro o Triumph alcança até então o maior número de shows consecutivos da carreira, encerrando a turnê americana com uma passagem por San Diego, Los Angeles, Oakland e Sacramento (California - 04, 05, 07 e 08), Reno (Nevada - 06), Portland (Oregon - 09), Seattle e Spokane (Washington - 20, 21), voltando para o Canadá para fazer a festa de final de ano em Toronto (Ontario) no dia 31 de dezembro, com direito a uma apresentação especial no dia 02 de janeiro em Ottawa (Ontario).

Buscam em vão agendar shows na Europa, que torcia o nariz para o hard proposto pelo grupo, mas com o sucesso de vendas na Terra do Tio Sam, em fevereiro retornam para mais uma sequência de shows, começando por Lansing (Michigan - 11) ao lado da banda Flye, Omaha (Nebraska - 13), St. Paul (Minnesota - 14) e Pittsburgh (Pennsylvania - 26). Ainda em fevereiro fazem uma pequena turnê ao lado do Saxon, tocando em Nova York (Nova York - 19), Baltimore (Maryland - 21) e South Bend (Indiana - 24), sempre com casas lotadaças.

Tocam em Worchester (Massachusetts) no dia 12 de março e tiram dois meses de férias, já que haviam feito mais de 40 shows em pouco mais de cinco meses, o que causou um grande desgaste nos músicos. Ao mesmo tempo, o grupo recebia o disco de ouro pelas vendas de
Allied Forces, que ultrapassaram a quantia do milhão. Foi exatamente nessa turnê que Rik começou a usar a guitarra de dois braços, a qual variava entre a cor vermelha, preta, marrom e branca.



US Festival

Entram em estúdio em junho de 1982, ao mesmo tempo que aceitam o convite para ser a atração principal no Toledo Speedway Jam do dia 27 de junho, em Toledo (Ohio), ao lado de Foreigner, Donnie Iris e Loverboy. Em meio as gravações, tocam em Orlando (Flórida) no dia 10 e 14 de outubro e também em Pasadena (Califórnia) no dia 13 de outubro.

A longa turnê fez o grupo repensar a carreira e se concentrar mais em temas ligados à política e também às causas humanitárias, fugindo das tradicionais mulheres, sexo e festas. Com esse pretexto preparam um trabalho mais intimista, e saem em divulgação do mesmo antes do lançamento do álbum. Então começam a chamada "Never Surrender Tour" nos Estados Unidos, que contou com 66 shows em menos de cinco meses. As datas foram: fevereiro - Spokane e Seattle (Washington - 16 e 17), Portland (Oregon - 18), Bakersfield, Fresno e San Bernardino (California - 24, 25, 26), Phoenix (Arizona - 27), com uma rápida passagem em Vancouver (Canadá - 19); março - Des Moines (Iowa - 02), Rockford (Illinois - 03), Cincinnati (Ohio - 04), ao lado do Molly Hatchet, Detroit (Michigan - 05), Fort Wayne, Indianapolis e Evansville (Indianapolis - 11, 12, 13), todos ao lado do Golden Earring, Kalamazoo (Michigan - 24), Rochester (Nova Iorque - 26), Milwaukee (Michigan - 30) e Omaha (Nebraska - 31).

Em abril, foram para Cedar Rapids (Iowa - 01), St. Louis (Missouri - 03), Norman (Oakland - 09), Amarillo, Lubbock, San Antonio e Corpus Christi (Texas - 11, 12, 14, 15), Los Angeles, Sacaramento e San Francisco (Califórnia - 22, 23, 24), Hawaii (28) e Albuquerque (Novo México - 30) e em maio, tocam em El Paso (Texas - 01), Providence (Rhode Island - 06), Syracuse, Buffalo, Glen Falls e Uniondale (Nova Iorque - 11, 13, 14 e 19), Cleveland (Ohio - 12), Baltimore (Maryland - 15), Knoxville (Tennessee - 20), Louisville (Kentucky - 22), Green Bay e La Crosse (Wiscosin - 25 e 26) e St. Paul (Minnesota - 27).

Devido aos inúmeros shows, decidem incluir o guitarrista Rick Santers nas apresentações, o que liberava Rik para solar e viajar ainda mais. Os shows também traziam diversos efeitos pirotécnicos e explosões, além da presença de palco de Rik e Gil, cada vez mais contagiante. O grupo também participou, entre março e maio, de uma mini-turnê ao lado da Foghat, tocando em março nas cidades de Kalamazoo, Lansing, Saginaw e Detroit (Michigan - 16, 17, 22 e 24), South Bend (Indianapolis - 23), Pittsburgh (Pennsylvania - 25) e Milwaukee (Wiscosin - 29). Em abril, os grupos passaram por Kansas City (Missouri - 02), Memphis (Tennessee - 08), Dallas, Odessa, Houston (Texas - 10, 13, 16), Worcester (Massachusetts - 20) e Witchita (Kansas - 25), encerrando a turnê em maio nas cidades de Worcester (Massachusetts - 07), Portland (Maine - 08), Saginaw (Michigan - 10) e Uniondale (Nova Iorque - 18).



Alguns nomes do US Festival

Também em maio o Triumph participou de dois grandes festivais. O primeiro foi realizado em Orlando, Flórida, no dia 28, contando com Sammy Hagar, Foghat e também ZZ Top, onde o grupo tocou para mais de 55.000 pessoas, e o segundo foi o já citado U.S. Festival, em San Bernardino, no dia 29, onde o Triumph fez um show enlouquecedor, detonando e angariando ainda mais fãs, com Rik tocando muito e mostrando todo seu talento para mais de 375.000 pessoas. O grupo entrou as 6:10 da tarde, após apresentações de Quiet Riot, Motley Crue, Ozzy Osbourne e Judas Priest, encerrando o show as 7:20 e dando lugar para o Scorpions, e só perdeu em repercusão para o Van Halen, no auge da carreira com David Lee Roth. Sendo assim via-se como o Triumph era conceituado nos EUA, já que ficaram na frente de expoentes do metal britânico como Ozzy e Judas. Até os dias de hoje Rik, Mike e Gil consideram o U.S. Festival como o ponto crucial para o futuro que a banda teve. O grupo ainda faria dois shows em junho, claro, no Texas, tocando em Dallas (18) e Houston (19).


Grandes hits em Never Surrender

Após a longa turnê, no dia 28 de julho lançam
Never Surrender, um álbum exemplar, que mostra o grupo seguindo a linha de Allied Forces, calcado em diversos hits. O disco abre com anúncios de rádio e a guitarra de Rik introduzindo "Too Much Thinking", cantada por Gil e com a utilização de um pedal wah-wah por Rik. O refrão é bem anos setenta, lembrando "Highway Star" do Deep Purple, com destaque maior para o solo de Rik. A faixa encerra novamente com os anúncios, introduzindo "A World of Fantasy" e o violão dedilhado, com um fundo repleto de teclados imitando um órgão de igreja. A guitarra executa a melodia e o riff principal, com os vocais de Rik acompanhando a linha melódica da mesma. O Hammond se faz presente no refrão, que também conta com a participação de um quinteto de vozes.

A peça "A Minor Prelude" mantém os temas clássicos de Rik. Construída sobre a escala lá menor, é um lindo dedilhado na escola de Sor, acompanhado por vocalizações feitas por Rik. A guitarra pesada muda o clima clássico em "All the Way", mais um grande hard triumphiano cantado por Rik, seguido pela faixa que encerra o lado A, "Battle Cry", com muitas alavancas e uma canção na linha "Magic Power", cantada por Gil e com um belíssimo trabalho instrumental.

O lado B vem com "Overture (Procession)", onde a ovação da platéia e uma contagem regressiva nos brinda com o som de guitarras e sintetizadores, seguido de um crescendo no andamento da bateria, acompanhado pelo baixo e guitarra, e contando ainda com um final apoteótico. A linda "Never Surrender" dá seguimento ao lado B com o seu riff principal reconhecido até por um gambá bêbado. Rik canta acompanhado pela guitarra de 12 cordas e pelo belo arranjo feito por Mike e Gil, bem como pelas vocalizações, que permitem assim explorar seus mais altos agudos. O baixo de Mike ganha presença principal na segunda parte da canção, com Rik acompanhando a melodia do baixo. Rik se estraçalha em dedos no seu solo, com a canção ganhando velocidade até atingir novamente seu andamento principal. Uma grande faixa!

"When the Lights Go Down" é introduzida por um bluesão no violão, com Rik mandando ver no slide. Guitarra e baixo repetem o riff do violão, agora acompanhados pelo ritmo da bateria e pelos vocais de Gil, com mais um belo solo de Rik, que repete o refrão principal com o wah-wah, e a faixa encerra novamente no violão bluesístico. A guitarra introduz "Writing on the Wall", outro hard bem anos oitenta, encerrando com "Epilogue (Resolution)", onde acordes de violão acompanham um solo de guitarra limpo.


Never Surrender alcançou a posição #26 na parada da Billboard, sendo que o álbum teve duas faixas entre as cinco mais pedidas do ano nos Estados Unidos - "All the Way" (segundo lugar) e "A World of Fantasy" (terceiro lugar) -, com a faixa-título alcançando a vigésima terceira posição. Conquistam o segundo disco de ouro nos EUA, onde Never Surrender vendeu mais de 500.000 cópias, deixando o trio no auge da carreira.

Foram os convidados principais do
Day on the Green, no dia 30 de julho, em Oakland (Califórnia), onde tiveram a companhia de Night Ranger, Bryan Adams, Eddie Money e Journey, e também do American Rock Festival, já no dia 27 de maio de 1984, em Gobles (Michigan), onde a banda foi a headliner em um time que contava com os nomes de Accept, Quiet Riot, Ratt, Motley Crue, Night Ranger e Ozzy Osbourne. Ainda em 1984 tocam no dia 15 de agosto em Dallas (Texas) e no dia 17 de agosto participam do Texas Jam, também em Dallas, ao lado de Ted Nugent, Styx e Sammy Hagar.

Porém, o relacionamento com a gravadora RCA estava cada vez mais insatisfatório, já que a divulgação, apesar de enorme na América do Norte, era precária em outros países, principalmente na Europa. Assim, mudam de gravadora, assinando com a MCA Records de Irving Azoff, onde o grupo iria produzir cinco álbuns que seriam amplamente divulgados, e também ter relançados seus dois primeiros discos.



O conceitual Thunder Seven

De gás renovado preparam novo material. Surgia o CD na América, e, no dia 10 de novembro, era lançado o álbum
Thunder Seven, tanto em LP/K7 quanto em uma grande tiragem em CD. Isso foi um erro da MCA, já que a quantidade de aparelhos CD player ainda era pouca, e os mesmos acabaram pegando poeira nas lojas. Apesar disso, o vinil e os cassetes venderam muito bem. No dia 19 o álbum era lançado na Europa.

O disco traz um tema conceitual, com parte do lado A e todo o lado B narrando fatos sobre homens do futuro e suas batalhas para conseguir sobreviver em um mundo cheio de novidades como computadores, aparelhos celulares e naves espaciais. Um excelente trabalho, que demorou para ser absorvido pela crítica e pelos fãs, acostumados com as letras e temas adolescentes dos álbuns anteriores. Na capa, uma ilustração de Dean Motter apresentava o tema central do LP, com uma versão computadorizada do
Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, mostrando o que a banda iria narrar, basicamente ações e anomalias que o homem iria enfrentar no século XXI. Outra característica importante é que foi o último álbum a não apresentar covers da banda desde Rock & Roll Machine, além de contar com a participação de Lou Pomanti (sintetizador, teclados e programação), Al Rogers, Sandee Bathgate, Dave Dickson, Herb Moore e Andy Holland, todos backing vocals.

O disco abre com a clássica "Spellbound", com seus barulhos de vidro quebrando e uma moto em alta velocidade. O riff é um dos mais conhecidos do trio, com baixo e bateria marcando o tempo para os acordes de Rik, cercado por sintetizadores. Uma canção cheia de variações, com um refrão dançante, e que ficou entre as 100 mais no Canadá, na posição #97. Destaque para a bela sessão lenta, onde dedilhados e teclados acompanham os vocais.

"Rock Out, Roll On" mostra novamente uma participação grande dos teclados, e mantém o clima da faixa de abertura. O violão folk introduz "Cool Down", um hardão anos 70 de primeira, com guitarra e baixo reproduzindo o tema do violão. Uma das poucas canções da nova fase a lembrar algo do Led, aqui principalmente pelos agudos e pela linha vocal de Rik. O lado A encerra com mais um clássico, "Follow Your Heart", com seu riff totalmente anos oitenta e com os vocais de Gil. Mais um grande hard triumphiano, onde Gil e Rik dividem os vocais no refrão e os teclados acompanham o solo de Rik. Essa faixa alcançou o posto #88, tanto nos EUA quanto na Inglaterra,

Sons de máquinas, vento e o badalar de um sino introduzem "Time Goes By" abrindo o lado B. Mike e Rik dividem espaço no riff principal, com um belo trabalho vocal, onde Gil e Rik novamente voltam a dividir a letra, sobre um arranjo de teclados. Gil é o destaque principal da faixa, comandando ótimas quebradas e viradas de tempo, permitindo para Rik improvisar muito em seu solo, cheio de tappings, palhetadas e arpejos, além de diversas alavancadas à la Jimi Hendrix.

A peça para violão moderno "Midsummer's Daydream" mostra que Rik também estava atento as novas composições de música clássica. Repleta de harmônicos e com uma afinação diferente (D maior), Rik toca a canção baseado em mudanças de acordes e com dedilhados rápidos e cheio de arpejos. "Midsummer´s Daydream" acabou virando seu solo principal nos shows.

Um coral cercado de teclados é a vinheta "Time Canon", que introduz "Killing Time", uma linda balada, onde a guitarra dedilhada e os teclados acompanham Rik nos vocais. O ritmo muda quando Gil assume os vocais, e ambos acabam divindo o refrão. O excelente trabalho na divisão das vozes continua a partir de então, e fica ainda mais interessante na segunda parte da canção, com cada vocalista cantando uma frase em cima da outra. Claro, Rik também está soberbo em seu solo. "Stranger in a Strange Land" é um bluesão anos oitenta cheio de alavancadas e bends, enquanto que a instrumental "Little Boy Blues" encerra o álbum com mais uma bela balada, onde Rik despeja todo o seu feeling em longos sustains e arpejos.

Em dezembro começam a "7 Tour", seguindo a linha da turnê anterior, com muita pirotecnia e a inclusão de inúmeros lasers, os quais reproduziam imagens do
Homem Vitruviano da capa em diferentes situações. Foi nessa turnê que Gil passou a usar as baquetas luminosas para executar seu solo. O grupo partiu de Saginaw e Lansing (Michigan - 26, 27), Cincinnati e Cleveland (Ohio - 28, 31), com a participação do Molly Hatchet nos shows de 27 e 28. Já em janeiro de 1985, avançam a turnê por Lexington (Kentucky - 04) junto ao Molly Hatchet, Kalamazoo (Michigan - 06), Glen Falls (Nova Iorque - 09), New Haven (Connecticut - 10), ao lado do Mountain, e Lakeland (Flórida - 17), novamente com o Molly Hatchet.

Em fevereiro é a vez de Buffalo (Nova Iorque - 02) e Austin (Texas - 10), esse com o Moly Hatchet. Em março viajam para a Califórnia, tocando em San Bernardino (06-11), Los Angeles (08), San Francisco (09) e San Diego (14), com direito a mais um show tendo o Mountain como abertura no dia 29, em Worcester (Massachusets). Em abril passam pelo Canadá, onde tocam em Montreal (03), Guelph (06), tendo a Helix como abertura, Ottawa (10), Halifax (11com Honeymoon Suite e 15 com Helix), Toronto (13 - 14, 27 - 28), com shows nos Estados Unidos no dia 19, onde tocam em Portland (Maine), Worchester (Maine - 20) e Norfolk (26), esse novamente ao lado do Mountain.

Já em maio é a vez de Glen Falls (Nova York - 03), Cincinnati (Ohio - 06), ao lado do Mountain, Pittsburgh (Pennsylvania - 09), East Rutherford (Nova Jersey - 10), com o Mountain e o Loudness, St. Louis (Missouri - 23) e Philadelphia (Filadélfia - 30), novamente com Loudness e Mountain. Encerram a turnê em junho, com shows em Cleveland (Ohio - 04), Pittsburgh (Pennsylvania - 08) ao lado do Mountain e Hollywood (Florida - 12), ao lado da Molly Hatchet, sem ter conseguido ir para a Europa.
Thunder Seven foi o pico da curva gaussiana do grupo. Durante a turnê as brigas internas acabaram surgindo, já que Rik queria cada vez mais espaço para seus solos, enquanto Mike e Gil ficavam relegados a meros participantes de palco, o que irritava bastante a dupla, já que ambos haviam convidado Rik para participar. Diversos problemas começaram a aparecer, como a baixa vendagem dos CDs, os altos custos de produção dos shows e, principalmente, desvio de dinheiro e má produção dos álbuns, o que levou a um pequeno afastamento do cenário musical.



Stages, único ao vivo oficial em LP

Para amenizar a situação a gravadora lançou o primeiro álbum ao vivo do grupo. Stages registra diversas apresentações da banda entre 1981 e 1984, além de duas novas músicas gravadas em estúdio, "Mind Games", um som bem A.O.R, onde Mike e Rik trazem o riff principal acompanhados por teclados e uma guitarra dedilhada sob os vocais de Gil, e "Empty Inside", a qual é cantada por Rik e também soa no estilo A.O.R. Na parte interna da capa diversas fotos dos shows durante a turnê eram ilustradas, com comentários engraçados dos membros da banda para cada uma delas.

Na próxima coluna veremos a última parte da história do Triumph, narrando a saída de Rik, a breve participação de Steve Morse e a volta à ativa com a formação original após vinte anos afastados.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Triumph - Parte 1: Os primeiros anos


Encerrando nossa viagem pelo Canadá, irei falar nessa e nas próximas duas edições do Baú do Mairon de um dos maiores power trios de todos os tempos. Esse grupo contava com um talentoso guitarrisa loiro, um baixista de cabelos longos, que também tocava teclado, um vocalista de voz aguda e inconfundível e um baterista que mais parecia uma lula, de tantas batidas e viradas impressionantes. Junte a isso uma fase áurea no final dos anos setenta e início dos oitenta e uma pequena decadência na metade dos 80, flertando com sintetizadores e um som mais pop. Não, não estou falando do Rush, mas sim do maior rival que o trio de Ontario teve: o Triumph.

A primeira imagem que tenho do Triumph é a arena do Rose Bowl lotada em 1983, no famoso U.S. Festival. Porém, o Triumph caminhou um bocado antes de chegar ali, e também após a apresentação, continuou sua carreira por mais alguns anos.

O grupo começou a ser formado no bairro torontiano de Mississauga, Ontario, no ano de 1975, quando o office-boy Richard Gordon "Rick" Emmett (guitarra e vocais), conheceu "Gil" Moore (bateria e vocais) e Michael "Mike" Levine (baixo). Gil já havia passado antes pelo Sherman & Pabody, o qual contou com os talentos de Buzz Shearman (Moxy) e Greg Godovitz (Goddo), enquanto os demais participaram de grupos de garagem. Não tardou para que a troca de som e ensaios surgisse, formando o Triumph em poucas semanas.

Poster de divulgação

No dia 19 de setembro de 1975, com um cachê de 750 dólares, o Triumph fazia o seu primeiro show no Simcoe High School, em Simcoe - Ontario, tocando um hard rock inspirado em Led Zeppelin e também Uriah Heep, o que fez a mídia os comparar ao Rush, graças também aos longos cabelos loiros de Rick e pelo conjunto de bateria que Gil usava ser idêntico ao de Peart na época.

Com o dinheiro do show gravam a tradicional demo e continuam os ensaios, mas com uma grande dificuldade em realizar shows, já que além de serem taxados como uma imitação do Rush, também não possuíam um empresário. Enfim, a demo caiu nas mãos de membros da Attic Records, que fizeram um teste com o trio, colocando-os para participar de um único show no Gasworks, agora em Toronto, no dia 09 de agosto de 1976.

Mais maduros, e auxiliados pelo início da fase progressiva do Rush, os três destruíram com uma pegada forte e bem diferente dos co-irmãos, arregalando os olhos dos produtores da Attic, que decidiram por lançar o primeiro álbum da banda.

A excelente estreia

Então, no dia 13 de outubro chegava as lojas canadenses Triumph. Um excelente disco de estreia, que abre com "24 Hours a Day" e as guitarras dedilhadas com vocal de Rik- que assumia o novo nome (com o "C" e apenas com o "K") graças a um erro de digitação apresentado na capa -, remetendo a faixas de Caress of Steel, do Rush. Porém, um teclado muda essa ideia, dando um clima mais oitentista, com violões aparecendo para fazer a base, levando a uma pequena pausa, onde a banda mostra um grande rock'n'roll como nas canções do Kiss, agora com os vocais de Gil. Bela faixa para agitar uma festa.

"Be My Lover", apesar do nome, é uma música pesada, com um riff de guitarra e baixo de primeira linha, trazendo os vocais de Rik, que também manda bala no talk box, utilizando-se da escala oriental.

O disco segue com "Don't Take My Life" e a sua introdução inconfundível, que iria aparecer posteriormente nos shows da banda em outra canção. Após a introdução, uma levada a la "D'yer Maker" (Led Zeppelin) comanda essa canção cheia de violões e totalmente baseada em escalas de terças, mudando somente em seu refrão, pesado e com rápidas viradas da bateria de Gil, que também é o vocalista. O solo de Rik é genial, e também ficou como uma marca da banda.

Por fim, "Street Fighter Man" e "Street Fighter Man (reprise)" encerram o lado A com fortes riffs, refrão e muita pegada. Rik comanda os vocais em ambas, cuja diferença está que o reprise é mais lento, com violões e teclados fazendo a base para baixo e bateria acompanharem a melodia e a letra da canção, com Rik inserindo harmônicos entre a letra, e o final é apotéotico, com baixo, guitarra e bateria mandando ver em riffs crescentes, encerrando somente com Rik dedilhando o violão e executando um pequeno solo na guitarra.

O lado B abre com o funkzão feito por Gil em "What's Another Day of Rock and Roll?", que ficou muito legal após Rik entrar com a guitarra cheia de distorção e com Mike mandando ver no baixo. Assim que Gil assume os vocais, temos novamente um rock'n'roll de levantar qualquer um do sofá."Easy Life" e as guitarras dobradas mandam qualquer comparação possível ao Rush embora. Muito peso e riffs certeiros são ouvidos nesse grande hard, onde Rik canta muito.

A homenagem ao Led Zeppelin, "Let Me Get Next You", no melhor estilo "Rock and Roll", mostra como o quarteto britânico influenciava bastante as bandas da América, inclusive com um solo idêntico ao de Jimmy Page e com Rik imitando os vocais de Plant em frases muito parecidas ao clássico do Led, abrindo as portas para uma das melhores faixas da banda, a linda e épica "The Blinding Light Show / Moonchild.

Ventos e viradas de bateria trazem o riff principal, com um baixo galopante e muitas quebradas, caindo em uma guitarra dedilhada cheio de efeitos, capaz de arrancar lágrimas de qualquer pessoa em estado de depressão. Os vocais tristes de Rik, acompanhados pela guitarra, dão um clima mais melancólico à faixa, que agora com teclados entra em um ritmo cadenciado, com a grande presença do baixo de Mike e das batidas de Gil. Baixo e teclado executam as mesmas notas, com Gil marcando no chimbal e com Rik imitando uma sirene na guitarra, voltando à cadência da canção, mas agora com mais destaque para as batidas nos pratos de Gil. Após Rik cantar o refrão, começa "Moonchild", um tema instrumental de Rik ao violão clássico, mostrando por que ele é um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Um lindo dedilhado cheio de acordes e harmônicos de causar transe em qualquer pessoa que acha que toca alguma coisa.

O clima clássico do violão muda para uma sessão mais apreensiva, com dedilhados rápidos, acompanhados por teclados e vocalizações. Rik executa o tema principal no violão, voltando para "Blinding Light Show" com muito peso nas guitarras, que executam o mesmo tema do violão, além de um solo furioso de Rik.

Teclados, guitarra e baixo executam as mesmas notas, voltando à cadência original da faixa e à letra, com o baixo executando um pequeno tema sobre camadas de dedilhados de guitarra e teclados, acompanhado também por um violão, que executa o mesmo tema, e encerrando com um trovão. Simplesmente linda!Esse álbum chamou a atenção da RCA, que decidiu divulgar o trio fora do Canadá, mas acabou lançando poucas cópias desse LP, o que o transformou em uma raridade hoje em dia. Vale a pena ressaltar que o tecladista Laurie Delgrande colaborou no ábum, principalmente nas passagens de "The Blinding Light Show".

O Triumph continou seus ensaios e, com o contrato com a RCA, fez sua primeira incursão pelos Estados Unidos. Aproveitando o sucesso do Moxy no Texas, acompanham o grupo e realizam um show em San Antonio no dia 18 de fevereiro de 1977, o que fez com que o nome da banda pegasse, novamente graças a ampla divulgação das rádios. Foi o único show daquele ano, dedicado a ensaios e, principalmente, a angariar boas composições para a gravação do segundo LP, o qual foi lançado em 13 de novembro de 77.

Capa original de Rock & Roll Machine

Rock & Roll Machine vinha como um petardo naqueles que ainda insistiam na comparação com o Rush. Um excelente álbum desde o início, com a hard "Takes Time". Contando com Gil nos vocais, a introdução apresenta Rik executando um sustain, caindo em um hard bem anos setenta, com um riff inconfundível, e mostrando que o Triumph procurava seguir os passos de seu primo, o Moxy.

Rik e seus violões introduzem "Bringing It On Home", com pequenas notas de guitarra, com a letra surgindo novamente sobre um riff
zeppeliano. O Triumph passa a investir cada vez mais em refrões, aqui apoiado por backing vocals e por intervenções de solos de guitarra. Destaque para o solo de Rik nessa faixa.Gil volta aos vocais em "Little Texas Shaker", cuja introdução é igual a de "Good Times Bad Times" (outra do Led), mas a canção em si é pesada, com um groove balança-esqueleto e com um refrão grudento, onde novamente o destaque fica para o solo de Rik, que mostra evolução em técnicas como o vibrato e as palhetadas.

Assim como o primeiro álbum, o lado A encerra com duas canções de mesmo nome, no caso "New York City Streets, Pt. 1" e "New York City Streets, Pt. 2". A primeira é uma balada, onde Gil canta suave acompanhado por teclados, guitarras com efeitos de violões e uma batida suave, onde o destaque maior vai para o baixo de Mike. Os backing vocals aparecem no refrão, que também tem a presença de pequenas intervenções de Rik. O ritmo inicial retoma a letra, para assim o refrão mudar o ritmo da canção, com as backings cantando o nome da mesma de forma dançante, encerrando com acordes jazzísticos, em um embalo bem New Orleans, onde Rik manda ver em um solo a la Wes Montgomery.

Já a parte 2 é mais agressiva, com Rik mandando ver em um riff acompanhado por Mike e pela pegada de Gil. Rik comanda a letra dessa vez, e executa um solo com pedal wah-wah muito interessante. As backings também participam nessa faixa, que pode ser a única comparação a ser feita com a parte 1, já que uma é totalmente diferente da outra. Seria uma divisão nos pensamentos da banda? Bom, isso veremos adiante, o importante é que são duas belas faixas e que mostram como o Triumph estava buscando ser uma banda versátil.

O lado B abre com outro épico do trio, a clássica "City", uma das melhores do grupo, a qual é dividida em três partes; "War March", inspirada no "Bolero" de Ravel, tem uma melodia apreensiva, começando com os sintetizadores e com barulhos de ondas no mar. Gil executa o tema de "Bolero" na caixa, com acompanhamento de Mike, para Rik começar um solo distorcido. O volume das batidas vai crescendo, assim como a faixa de inspiração, agora com a guitarra executando o tema junto com a bateria e o baixo.

O solo ganha mais vigor ainda com a entrada do órgão, enquanto o volume do tema aumenta, assim como a cadência das batidas, que acabam encerrando em diversas viradas, entrando então para a segunda parte, "El Duende Aconizante", onde a clássica "Asturias" é relembrada. Rik comanda o violão em uma sessão flamenca, a la Paco de Lucia. Dedilhados rápidos e o acompanhamento espanhol são fantásticos, em uma levada rápida e contagiante. O solo de Rik é muito veloz, e é complicado entender como ele executa as notas com tanta rapidez em um violão de cordas de aço.

Por fim, os teclados e o violão dedilhado abrem "Minstrel's Lament", que é a parte central da canção. Com vocais de Rik, a letra surge acompanhada pelo violão. O Triumph flertava com o progressivo, adicionado sintetizadores que imitavam flautas e violinos. Outro violão e um teclado/mellotron dão continuidade a letra, que ganha uma determinada cadência com a entrada do baixo e da bateria, acompanhados pelos violão e pela marcação da guitarra. Rik canta muito, e o tema de "War March" abre espaço para um dos mais lindos solos que Rik compôs. Quem conhece a obra de Ritchie Sambora, C.C. Deville e Dave Sabo, por exemplo, ouça esse solo e veja de onde surgiu a inspiração para tantos solos feitos pelos mesmos. A canção ganha velocidade, entrando em uma sequência de terças, onde Rik encerra a letra, acompanhado por mais um solo de guitarra, terminando a canção com acordes de órgão e uma forte batida nos pratos. Excelente!


A embalada cover de Joe Walsh para "Rocky Mountain Way" dá sequência ao LP. Cantada por Gil, essa foi a primeira canção do grupo a realmente fazer sucesso nos Estados Unidos, principalmente pela levada bluesy. Uma bela faixa para uma noitada, ou também para aqueles filmes americanos com Harley Davidsons e cigarros.

Por fim, outro clássico, a faixa-título "Rock and Roll Machine". Com seus quase sete minutos, essa canção também foi inspirada em mais uma obra do Led, a clássica "Heartbreaker". A faixa começa com o riff principal e muita pegada da bateria e do baixo. Gil canta a letra, que fala sobre um show de rock e uma banda que era uma máquina de tocar.

Então Rik mostra todo seu talento, apresentando novamente o riff inicial e começando o seu longo solo, executando um segundo riff, acompanhado pelo ritmo punk rock de Mike e Gil. Palhetando de maneira cada vez mais veloz, a canção vai em um crescendo de acordes, bateria e baixo, até Rik ficar sozinho na guitarra e simplesmente destruir. Palhetadas velozes podem ser ouvidas nos dois canais. Como ele acerta as casas da guitarra? Poucos sabem, mas a velocidade é absurda. Rik executa um tapping seguindo a linha de Jimmy Page. Após, cria uma sequência mais cadenciada, que vai ganhando velocidade nas notas muito rapidamente.

A banda retorna acompanhando o solo de Rik e retomando o riff que dá origem ao solo, para assim Gil encerrar a canção com a reprodução da letra. Uma grande faixa, que foi escolhida como o melhor solo de Rik em todos tempos, e ganhava muito ao vivo, já que o guitarrista adicionava diversos solos de música clássica e até mesmo passagens de outras canções da banda.

Esse mesmo álbum foi lançado em 1978 nos Estados Unidos com uma grafia diferente (Rock & Roll Machine) e também com uma listagem diferente das músicas, já que inclua canções do primeiro álbum, ficando o track list da seguinte forma: "Takes Time", "Bringing It On Home", "Rocky Mountain Way", "Street Fighter", "Street Fighter (Reprise)", "24 Hours A Day", "Blinding Light Show/Moonchild" e "Rock & Roll Machine".

Capa da versão americana de Rock & Roll Machine

Outra diferença ficou na capa. Enquanto que a versão canadense era uma capa dupla, mostrando em sua frente uma imagem das faces robóticas dos três integrantes, com cada um tendo também sua foto na parte interna da capa, e a capa traseira não trazia nenhuma informação sobre o álbum, a versão norte-americana apresentava uma capa simples com uma linda Flying V azul sobre uma cópia vermelha da mesma, cercada de brilhos e luzes, contando com o nome das música no verso. Essa é a versão que acabou sendo lançada na Europa, já nos anos oitenta, onde também pode ser encontrado como Rock'N'Roll Machine.

Rcok & Roll Machine - Versão inglesa

Uma terceira capa ainda seria lançada em 1985, contando com os integrantes caught in the act. Além de Delgrande, participaram como músicos convidados Mike Danna (teclados) e as backing vocals, Beau David, Elaine Overholt (que já havia participado em discos de Ray Charles e Tina Turner), Gord Waszek e Colina Phillips.

Com uma divulgação maior nos Estados Unidos, realizam a primeira turnê em 1978, com shows em Austin no dia 27 de janeiro, contando com a abertura do April Wine, e nos dias 25 de novembro e 01 de dezembro, na cidades de Amarillo e Beaumont respectivamente, todos no Texas, onde o Godz fez o aquecimento da gurizada.

Ainda nos Estados Unidos, tocam em Pittsburgh no dia 14 de novembro, apresentação que serviu como um aquecimento para os shows do Texas. Pelo Canadá, a banda tocou em Ontario (Hamilton - 18/02, com a abertura da Rose; Bowmanville - 28/06 e 26/08, Toronto - 29/06) sendo que no último show, em Bowmanville, mais de 110 mil pessoas compareceram para assistir ao grupo no festival Canada Jam, ao lado dos Dobbie Brothers, Dave Mason Band e Kansas, e passaram também por Campbellton, na província de New Beunswick, no dia 09 de maio.

Após a rápida passagem pelos Estados Unidos, e com o sucesso no Canada Jam, voltam aos estúdios para a gravação do terceiro álbum em 1979. Após seis meses de ensaio, a banda registra uma obra-prima do hard canadense, concebida através de muitas horas de gravação e também discusão de cada canção. Antes do lançamento, realizam um show em Vancouver no dia 20 de maio desse ano.

Com o álbum prestes a ser lançado, começam a chamada Just a Game Tour pelos Estados Unidos no dia 04 de julho, tocando em Cortland (Ohio), com abertura do Missouri, South Bend (Indiana) em 12 de julho, com o Moxy e o Trooper, e Lousiville (Kentucky) no dia 14 de julho, com os The Rockets sendo a banda de abertura.
O sucesso chega com Just A Game

No dia 21 de julho de 1979 chegava as lojas o álbum mais versátil da carreira da banda, o qual dava nome a turnê, Just a Game, contando com no mínimo três hits da carreira do trio e fortemente influenciado pela nova fase do Moxy sem Buzz Shearman e, claro, pelo Led Zeppelin.

O disco começa com os gritos de platéia, fazendo o ouvinte pensar que se trata de um álbum ao vivo, mas não, é apenas o início de "Movin' On", na qual Rik mostra suas habilidades na slide guitar e Gil comanda os vocais. Uma canção bem AOR., com destaque para o encerramento, cheio de vocalizações.

Abra uma garrafa de uísque e prepare-se para a segunda faixa. "Young Enough to Cry" é um blues que começa com um riff tradicional feito por Rik, acompanhado por sintetizadores, bateria e com Mike levando a mesma melodia no baixo. Gil canta a canção, que fala sobre os sofrimentos amorosos adolescentes. O refrão é recheado de belas vocalizações, mostrando como o Triumph havia trabalhado bastante nos últimos meses. Rik sola a la Page e o blues continua, com Gil narrando todo o sofrimento causado pela garota que o abandonou, para Rik então mandar ver naturalmente um lindo solo. Gil encerra a letra em busca de razões para sobreviver, com Mike e Rik executando o riff inicial e com Gil quase chorando no microfone. Excelente faixa!

Buscando conquistar de vez o mercado norte-americano e investindo pesado em refrões grudentos, a banda registrou no terceiro sulco do lado A "American Girls", o primeiro hit do álbum, principalmente nos EUA, lógico. A guitarra viajante da introdução nos leva a crer que ouviremos uma música no estilo progressivo, mas a distorção toma conta e o embalo de Mike e Gil nos traz um hard simples falando sobre a felicidade de se viver nos States ao lado das garotas americanas. Quer coisa mais clichê para conquistar mercado? Bom, se falar das mulheres não é o suficiente, o grupo decidiu incorporar "Star Spangled Banner" ao solo de Rik, que novamente abusa da slide guitar, com os Estados Unidos rendendo-se ao trio.

O lado A encerra com outro clássico, "Lay It on the Line". A guitarra dedilhada do início virou um marco na carreira do Triumph, daqueles que no primeiro acorde já se sabe qual é a canção. O vocal de Rik é acompanhado somente pela guitarra, para posteriormente a banda entrar detonando um grande hard com escalas bluesy. Destaque total para Rik e seu solo, que ganhou ao vivo o incremento de trechos da canção "Don't Take My Life".

O lado B abre com a faixa-título "Just a Game" e um crescendo de violão, baixo, teclado, bateria e guitarra. Rik canta uma quase balada que só o Triumph conseguia fazer, com um refrão novamente recheado de vocalizações. A fórmula batida e refrão grudento, solo de Rik e levada de Mike era mais uma vez bem repetida. Destaque principalmente para o solo de Rik, que no final comanda um violão clássico, que introduz a faixa seguinte, "Fantasy Serena", mais uma peça ao violão, onde o dedilhado e mudanças de acordes comandam a primeira parte, enquanto que na segunda arpejos e palhetadas, bem como uma levada flamenca, são os destaques.

Outro hit vem a seguir, "Hold On". Teclados e violões dedilhados trazem os vocais de Rik em uma canção que narra os sonhos que as pessoas tem quando estão em dificuldades. Mais uma faixa AOR seguindo a linha de "Movin' On".

Por fim, Rik nos mostra que não só é um excelente guitarrista de rock ou um fenomenal violonista clássico, mas também um conhecedor das escalas jazzísticas, na fantástica e simples "Suitcase Blues", um jazz anos 20, com Mike tocando baixo acústico e Gil cantando e tocando com
brushes. Se você não destruiu o uísque em "Young Enough to Cry", aqui ele irá acabar, já que o clima e a letra da canção falam sobre como é estar sozinho, acompanhado apenas de um Johnny Walker.

O grupo passou por Chicago no dia 19 de agosto e pela Philadelphia no dia 19 de outubro. Encerravam a turnê de
Just a Game com apenas um show no Canadá, mas com o mercado americano nas mãos. "Hold On" chegou no top#40 das rádios americanas, enquanto "Lay It On the Line" e "American Girls" entraram no top#100, fazendo com que o disco ganhasse disco de ouro nos EUA. Além disso, o álbum foi o primeiro lançado mundialmente, inclusive no Brasil, onde pouco a pouco o Triumph foi conquistando seu espaço.

Os mesmos convidados do álbum anterior participaram de
Just a Game, contando ainda com os backings de Rosie Levine. Um destaque à parte fica para a capa original do álbum, a qual sendo dupla, quando aberta, mostrava um tabuleiro pronto para o fã jogar. Além disso, as peças do tabuleiro constantes na capa mostravam imagens relacionadas com cada faixa do álbum. Outro fato interessante foi que a versão em cassete continha uma sequência diferente da versão vinílica, com "Lay It On the Line", sendo a segunda faixa do tape, "Young Enough to Cry" a terceira e "American Girls" encerrando o lado A. Esta é a versão que acabou saindo no vinil brasileiro.


Eleitos o grupo do ano de 1979 nos Estados Unidos e, com o sucesso de Just a Game, em dois meses gravam seu quarto LP, que chega as lojas no dia 25 de março de 1980. Até então a banda era apenas uma promessa, mas foi nesse álbum que gravaram definitivamente seu nome na história do rock mundial.
Virada musical em Progressions of Power

Progressions of Power abre com "I Live For the Weekend", onde muitas guitarras trazem um hard pesado, que vira um rock'n'roll com os vocais de Gil. Destaque maior para o solo de Rik, onde ele destrói notas em cima de notas em uma escala bem blueseira.

O violão e a voz de Rik abrem "I Can Survive" em ritmo de balada, a qual se transforma com a entrada da guitarra seguindo a linha do álbum anterior, com um refrão grudento e com muitas vocalizações. Essa canção virou o hit do álbum, alcançando a posição número 91 nas paradas.

O violão, acompanhado de teclados, abre também "In the Night", com a guitarra executando notas no vibrato. Rik canta acompanhando a melodia do violão. A guitarra dá peso em mais uma balada, onde Rik esganiça sua voz e demonstra todo seu talento em um solo rasgadíssimo, com um belo acompanhamento da cozinha e dos teclados.

Por fim, "Nature's Child" encerra o lado A com uma guitarra manhosa acompanhada por chimbal e pelo baixo. Um hardão bem anos 70, e que um ouvinte desatento pode acabar pensando se tratar de uma raridade do Deep Purple na fase Tommy Bolin. Os vocais de Gil tiram essa aparência, mas os rifs de Rik e Mike, bem como a batida de Gil, fazem desta uma das melhores canções do álbum. Rik manda ver em mais um solo, encerrando a faixa com uma levada de bateria.

O lado B abre com "Woman in Love", cheia de teclados e com Rik na slide guitar, para Gil cantar sobre uma base cadenciada, com outro refrão repetitivo e cheio de vocalizações. "Take My Heart" traz novamente violão e teclado introduzindo um belo jazz, com os vocais de Rik acompanhados primeiramente pelo violão, com baixo e cymbal sendo adicionados aos poucos, levando a canção para uma balada repleta de teclados.

Outro hit, "Tear the Roof Off", traz a bateria em um crescendo, acompanhada de baixo e guitarra, em mais um hard
Triumphiano cantado por Gil. Uma canção bem viajante, com muito sintetizador, barulhos e gritos, os quais antecedem o magnífico solo de Rik, mostrando um flerte com o progressivo.

O solo clássico de Rik surge em "Finger Talking", que começa com uma levada flamenca e tem toda sua construção em cima de um dedilhado tipo "The Clap" (Steve Howe), encerrando com uma boa levada de blues.

Por fim, "Hard Road" encerra o álbum com teclados, guitarra, baixo e bateria executando um som bem anos oitenta, o qual é cantado por Rik. Destaque maior para o primeiro solo de teclado a aparecer em uma canção do grupo, sendo o mesmo tocado por Mike. Aliás, o baixista fez o teclado em todas as faixas que esse instrumento aparece. A canção por fim encerra em uma linda balada, com Rik cantando sobre camadas de teclados e violões.

O disco alcançou a posição de número 32 na parada da
Billboard, e o Triumph conseguia cada vez mais espaço nas rádios americanas. Começam a turnê de divulgação do álbum pelos Estados Unidos, tocando em Santa Mônica (Califórnia, 27/04), Royal Oak (Michigan, 30/04), San Antonio, Dallas e Austin (Texas, 01-02-04/05, ao lado do UFO), Louisville (Kentucky, 18/05), St. Paul (MInnesota, 26/05), Buffalo (Nova Iorque, 07/06) e Oakland (Califórnia, 04/07), substituindo o The Babys no Day on the Green, ao lado de Sammy Hagar, Blue Öyster Cult, REO Speedwagon e Randy Hansen, passando pelo Canadá no dia 26 de setembro, em Toronto e no dia 05 de outubro em Winnipeg, e partindo em novembro para a primeira turnê européia , fazendo shows pela Grã-Bretanha e tocando em Bristol (07), Manchester (09), New Castle (12), Birmingham (13) e Londres (15), encerrando a turnê em Toronto no dia 26 de novembro.

Na próxima edição, veremos como o Triumph alcançou seus maiores êxitos, narrando a história da fase mais conhecida da banda.
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