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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Livro: A Divina Comédia dos Mutantes [1995]



Nada mais justo que hoje, dia da "Independência do Brazil", trazer aqui um texto sobre a maior banda que o país pariu em seus 520 anos de "descoberta", Os Mutantes. Há quase um ano, escrevi sobre o livro Rita Lee - A Autobiografia, lançado pela eterna ex-Mutante em 2017, e desci um pouco a lenha no livro, por diversas situações que você pode conferir aqui. Naquele livro, Rita, entre críticas diversas a pessoas diversas, critica também Carlos Calado, autor da biografia A Divina Comédia dos Mutantes, lançado primeiramente em 1995, e que até hoje, já recebeu uma segunda edição em 1996, e uma terceira em 2012.

Claro, o livro tem quase 25 anos, então é natural haverem outras edições, mas honestamente, para mim esse é uma das melhores biografias lançadas em nosso país sobre um artista legitimamente brasileiro. Com 360 páginas, 22 capítulos mais Prefácio por Mathilda Kóvak, Agradecimentos, Índice Remissivo, Discografia, Bibliografia e Crédito das diversas imagens raras que aparecem ao longo do livro, A Divina Comédia dos Mutantes é um prato cheio para quem quer conhecer a história da banda mais importante da história do Brasil, e por que não, uma das maiores do mundo.


O livro começa relembrando a tragédia que envolveu Arnaldo Baptista, quando o mesmo jogou-se, no dia 31 de dezembro de 1981 (aniversário de Rita), do terceiro andar do Hospital do Servidor Público de São Paulo, narrando todo o drama da recuperação de Arnaldo, e depois, em ordem cronológica, conta a formação dos Mutantes de forma envolvente e de fácil leitura, fazendo com que o texto passe rapidamente por nossos olhos. A infância e adolescência dos irmãos Sergio, Arnaldo e Claudio (o quarto Mutante) Baptista, bem como de Rita, são os primeiros capítulos, destacando as primeiras bandas e apresentações dos mesmos, até chegarem ao grupo O'Seis.

Nesta passagem, muito bem detalhada, destacam-se a criação do Six Sided Jazz, que mudou rapidamente para Six Sided Rockers, e então O' Seis, as apresentações dos Rockers na TV (Programas Jovem Guarda, Show em Si-monal, Papai Sabe Nada e Almoço Com as Estrelas), a primeira gravação com um Mutante (o compacto "Pertinho do Mar" e "O Meu Bem Só Quer Chorar Perto de Mim", de Tony Campello, acompanhado pelas Teenage Singers, que tinham Rita nos vocais), e a gravação do raríssimo compacto do O'Seis.


No limbo pós debandada geral dO'Seis, surge Ronnie Von, responsável por acolher o trio Rita, Arnaldo e Sergio, além de batizá-los, e levá-los para a TV, cuja estreia foi no dia 15 de outubro de 1966, no programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von. Surgem as participações no Quadrado E Redondo da TV Bandeirantes, Divino Maravilhoso da Tupi, os encontros com Gilberto Gil e Caetano Veloso, e os Mutantes participando (e chocando) nos grandes festivais nacionais da segunda metade dos anos 60. Novamente, Calado preenche o texto com muitos detalhes, o que torna a leitura bastante atrativa, e ainda traz informações pertinentes e raras, como a participação do grupo no filme As Amorosas, o registro de Tropicália ou Panis et Circensis, disco símbolo do tropicalismo, contando com o trio,  o inflamado discurso de Caetano no TUCA em 1968, durante o FIC daquele ano, e a esperada (e elogiada) estreia de 1968, no álbum homônimo que hoje é aclamado como um dos Melhores Lançamentos nacionais da história. Outro ponto interessante, e bastante desconhecido até então, foi o festival organizado por Caetano na boate Sucata, contando com os Mutantes, que acaba levando a conturbada prisão (e deportamento) de Caetano e Gil em 27 de dezembro de 1968.

Com o status de grande banda alcançado logo no primeiro lançamento, chega então Mutantes, o segundo disco, e a estreia de Dinho "I Du Rancharia" Leme na bateria. O autor traz a primeira passagem do grupo pela Europa, apresentando-se no MIDEM, em Cannes, França (1969), onde ganharam muitos elogios da imprensa francesa, apresentações em Portugal, e ainda uns dias de férias nos EUA, onde viram Janis Joplin, que deixou-os de boca aberta, e decepcionaram-se com os Mothers de Frank Zappa. 




Como novidade não-musical para os fãs da banda, Calado traz detalhes da participação da banda como convidados da Feira de Utilidades Domésticas de São Paulo, em abril de 1969, com o desfile Moda Mutante, apresentando as coleções masculina e feminina da Rhodia, com os Mutantes como atração central, em um evento que durou quase três semanas, e a peça de teatro Planeta dos Mutantes, espetáculo que estreou em julho de 69, escrito e idealizado pelo trio, e que chocou a pauliceia desvairada com cenas bastante bizarras, e que acabou resultando em certo prejuízo financeiro ao grupo. Porém, é aqui onde a sonoridade dos Mutantes começa a mudar.

Essa mudança aparece em A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado, que contou com a fundamental colaboração do amigo Élcio Decário nas composições, Liminha, fã dos Mutantes desde adolescente, no baixo e participações de Naná Vasconcelos e Raphael Vilardi. Arnaldo mergulha nos teclados, influenciado pelo que viu e ouviu na Europa, e começa a ter suas primeiras brigas e separações com Rita, levando inclusive a uma breve "estacionada" dos Mutantes, já no final de 1969, com Rita passeando pela Europa e Arnaldo viajando de moto pela América Latina. Essa separação acabou sendo boa visualmente para Rita, que acabou sendo convidada para ser protagonista dos shows-desfiles Nhô-Look e Build Up, outra grande novidade para os fãs do grupo, e também lançou seu primeiro álbum solo, Build Up, com participações dos demais membros da banda.


Com a chegada dos anos 70, os Mutantes mudam-se para a serra da Cantareira. Novamente, a banda vai à Europa, agora para uma temporada de shows no Olympia francês. Voltam ao Brasil para fazer parte do elenco do programa Som Livre Exportação, da Rede Globo, e com muitos ácidos europeus na mente, registram Jardim Elétrico, disco com canções de um álbum inicialmente planejado para ser lançado na Europa (Technicolor), mas que acabou ficando engavetado por quase 30 anos, e mais algumas novidades. Os detalhes que Calado nos apresenta até aqui são muito reveladores não só da intimidade mutante, mas da importância e pioneirismo do grupo em ser um dos primeiros nomes nacionais a conseguir conquistar o mercado europeu com shows lá no Velho Continente, destacando ainda mais a relevância do nome Mutantes para a música mundial.

Envolvidos pela fácil e repleta de informações leitura, chegamos em 1972, e no capítulo 17, com os Mutantes lançando seu quinto álbum, e metendo-se em uma empreitada fantástica: uma turnê itinerante por pequenas cidades do país, começando por Guararema, onde foram saudados pelo prefeito local. Sobre Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets, brigas com a censura e a exploração instrumental da faixa-título são os destaques. Com a casa na Cantareira, a banda passa a cada vez mais fazer ensaios e improvisos, culminando com uma forte guinada para o rock progressivo britânico de Yes e ELP (principalmente). Rita e Arnaldo separam-se novamente, com Rita indo para a Inglaterra, e na sua volta, gravam Hoje É O Primeiro Dia do Resto das Suas Vidas, segundo disco de Rita, mas que na verdade, é um álbum totalmente Mutantes.


Da Inglaterra também veio Mick Killingbeck, que mudou totalmente a cabeça dos rapazes da banda, tornando-se um guru de Arnaldo (e um affair de Rita). Ele é um dos principais influenciadores de "Mande Um Abraço Pra Velha", última canção com Rita na banda, já que logo em seguida, após declarar "estar cansada de ser o Jon Anderson", a ovelha negra havia sido demitida (ou convidada a deixar a banda) por Arnaldo. Esse é o ponto mais delicado de A Divina Comédia dos Mutantes. Calado coloca o dedo na ferida, e acaba sendo sensato, atribuindo a separação para os dois lados em termos de culpa (uma Rita que queria ser estrela e um grupo de rapazes que queriam ser a melhor banda do país).

O ano de 73 começa com o grupo vivendo a fase Uma Pessoa Só. Calado nos apresenta as gravações de O A E O Z e diversas apresentações da banda naquele ano, com o show Mutantes com 2 Mil Watts de Rock, para a época, o maior espetáculo sonoro que o país já vira. Calado também apresenta a (única) apresentação das Cilibrinas do Èden, banda formada por Rita e a amiga Lucia Turbull, na Phono 73, e os graves problemas de Arnaldo com as drogas, culminando com sua saída da banda (ele mesmo se demite) por tentar impor uma apresentação gratuita em São Lourenço, Minas Gerais, o que foi descartado pelos colegas de forma unânime. Arnaldo foi sozinho para Minas, e ali entrou em derrocada na carreira, enquanto Rita monta a Tutti Frutti e começa sua longa carreira solo de sucesso. Ah, o álbum Loki! também é narrado por Calado, em um clima de muita dor e emoção.

Chegamos na reta final do livro, com Sergio tocando o Mutantes e suas diversas formações, seja com Manito, Túlio Mourão ou Luciano Alves nos teclados, o batera Rui Motta e Antonio Pedro e Paul de Castro no baixo. É a época dos shows lotados, músicas longas e viajantes, das gravações de Tudo Foi Feito Pelo Sol - curiosamente, até então, o álbum do grupo que mais havia vendido - e Ao Vivo, de uma turnê pela Itália, e o fim de uma das bandas mais importantes da história da música nacional. A tentativa frustrada de unir o trio original em 1992, em um show de Rita, é tratada rapidamente por Calado, que conclui o livro dando um panorama atual (na época) de cada membro que passou pela banda.


Sergio, Arnaldo e principalmente Rita desceram a lenha no livro sem exagero algum. Tudo bem, o autor pode ter se passado em algumas informações bastante pessoais (principalmente nos casos amorosos e extra-conjugais do trio), mas esse tipo de fofoca é pouco perto da grandiosidade de pesquisa (foram quase 2 anos de trabalho e mais de 200 entrevistas) e informações que A Divina Comédia dos Mutantes traz. Para quem é um fã da banda, é uma ótima pedida de investimento. E para quem está a fim de aprender muito sobre uma época que não volta mais, e de todo o pioneirismo de Arnaldo, Claudio, Rita, Sergio, Liminha e Dinho, terá em mãos uma ótima escolha. 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Cinco Discos Para Conhecer: Rolando Castello Junior




Quando falamos em grandes bateristas da história do rock, nomes como John Bonham, Keith Moon, Carl Palmer, Bill Bruford e Neil Peart são sempre lembrados. No Brasil, sem dúvidas o mais importante nome desse instrumento é Rolando Castello Júnior. Com mais de 40 anos de carreira, Júnior fez parte de grandes grupos do rock brasileiro e também da América Latina, sendo inclusive fundador da Patrulha do Espaço, a qual acompanhou Arnaldo Baptista pós saída dos Mutantes.

Nesse Cinco Discos Para Conhecer, trago algumas das principais obras de uma discografia vasta, magnífica e fundamental para quem quer conhecer um dos bateristas mais criativos e geniais do rock nacional, que superou um problema de saúde (poliomelite) para criar uma forma de tocar única e inconfundível, identificado logo nas primeiras batidas. Algo pouco comum no mundo das baquetas.

Made in Brazil - Made in Brazil [1974]

O famoso "Disco da Banana" é um dos mais conceituados álbuns do rock nacional. Rock 'n' roll direto, sem frescura, comandado pelos riffs de Celso Vecchione e o vocal rasgado do louquete Cornelius Lucifer. Adicionando tempero a esse preparo tipicamente nacional, a pegada indistinguível de Júnior. Basta ouvir "Anjo da Guarda" para ali reconhecermos todas as principais características de suas batidas, seja nas viradas com os tons, na sequência de batidas nos pratos ou apenas na marcação precisa do bumbo e da caixa. Algo que também aparece claramente em "Menina, Pare de Gritar", "Você Já Foi Vacinado" e "Vamos Todos à Festa". Outras faixas que Júnior chama a atenção são a viajante "Doce", o suingue e malemolência de "Intupitou o Trânsito" e o bluesaço "Tudo Bem, Tudo Bom". E cara, o que eles fizeram na versão de "Aquarela do Brasil", outra que Júnior desfila todas as suas armas, é de tirar o chapéu e comê-lo sem nenhuma pitada de sal, acompanhado apenas de uma bela caneca de chopp. Sensacional! É a nata do rock nacional entregue ao ouvinte para deleite sem fim, e uma das obras essenciais que o Brasil produziu como arte.

Cornelius Lucifer (vocais), Oswaldo Vecchione (baixo e vocais), Celso "Kim" Vecchione (guitarra solo, violão de 6 e 12 cordas, vocais), Rolando Castello Jr. (bateria e percussão), Ricardo Fenilli (percussão, efeitos e vocal de fundo), Onisvaldo Scavazzinni (teclados, piano e órgão).

Participações
Tony Babalu - guitarra.
Bolão - saxofone e flauta.
Daniel Salinas - arranjos

Anjo da Guarda
A Mina
Doce
Aquarela do Brasil
Intupitou o Trânsito
Você Já Foi Vacinado
Tudo Bem, Tudo Bom
Vamos Todos à Festa
Menina Pare de Gritar
Uma Longa Caminhada

Aeroblus - Aeroblus [1977]

Este álbum abriu o mercado latino americano em definitivo para o rock pesado. É a união da pesada mão de Júnior com a pegada portenha de Medina e a técnica inqualificável de Pappo nas seis cordas. Um dos primeiros power trios da América Latina a conquistar um lugar ao sol, e cm pancadas foderosas, chamadas "Aire En Movimiento", "Buen Tiempo" e "Completamente Nervioso". Aeroblus deixou registrado também lindas baladas ("Nada Estoy Sabiendo" e "Vendríamos a Buscar"). Júnior dá um show a parte nas canções instrumentais "Árboles Difusores" e "Sofisticuatro", a primeira com uma introdução matadora, e a segunda, uma complexa peça na qual a bateria é a locomotiva desvairada que conduz o solo hipnótico da guitarra de Pappo. Abrindo os trabalhos, o clássico "Vamos a Buscar La Luz", com seu final estardaçalhante. Apenas 30 minutos de um hardão setentista que vai virar sua cabeça 180°.

Pappo (vocais e guitarra), Alejandro Medina (baixo e vocais), Rolando Castello Júnior (bateria)

Vamos a Buscar La Luz
Completamente Nervioso
Tema Solisimo
Árboles Difusores
Vendríamos a Buscar
Aire en Movimiento
Vine Cruzando el Mar
Nada Estoy Sabiendo
Sofisticuatro
Buen Tiempo

Arnaldo Baptista & Patrulha do Espaço - Faremos Uma Noitada Excelente ... [1988]

Depois de abandonar os Mutantes em 1973, Arnaldo Baptista criou o grupo Space Patrol, junto do igualmente genial baterista Zé Brasil (Apokalypsis). A formação durou pouco, e Arnaldo seguiu sozinho, para gravar Lóki!. No ano seguinte, formou a Patrulha do Espaço, tendo como principal alicerce a poderosa bateria de Júnior, apresentado a Arnaldo por Zé Brasil. O grupo fez alguns shows, entre 1976 e 1979, e um deles foi registrado no dia 13 de maio de 1978, no famoso Teatro São Pedro de São Paulo, aqui nesse álbum, resgatado pelo selo Baratos Afins em 1988. É uma participação diabólica de Júnior. Ao vivo o homem demole. Basta ouvir a insanidade gerada no longo solo de "Cowboy", com uma série embasbacante de rufadas, além da condução potente e arrasadora. Júnior também conduz com primazia a viajante "Emergindo da Ciência", espanca os tons e pratos no pesado blues "Um Pouco Assustador", e dá um show de viradas e condução em "Hoje de Manhã Eu Acordei". Ainda por cima, Arnaldo vivia momentos de pura inspiração, o que torna as canções ainda mais atraentes. A qualidade e gravação não é das melhores, mas o conteúdo do álbum é excelente, além de ser um dos raros registros ao vivo de Rolando nos anos 70.

Arnaldo Baptista (piano, vocais), Eduardo Chermont (guitarra, vocais), Osvaldo Gennari (baixo, vocais), Rolando Castello Júnior (bateria)

John Flavin (guitarra, vocais - Faixas 2 e 4)

Emergindo da Ciência
Um Pouco Assustador
Arnaldo Solizta
I Feel in Love One Day
Cowboy
Hoje de Manhã Eu Acordei

Patrulha do Espaço - Patrulha [1982]

Encerrada a temporada ao lado de Arnaldo Baptista, Júnior adquiriu a independência e levou a Patrulha para a estrada. O álbum de estreia, conhecido como "Disco Preto", é o primeiro álbum independente do rock brasileiro, e era distribuído aos fãs pelos Correios. Mas é seu terceiro disco que faz da Patrulha a maior banda do heavy rock nacional do início dos anos 80. Aqui temos um Rolando soltando a mão, pesadíssimo como nunca antes. A pancada "Meus 26 Anos", a introdução de "Bomba" e o ritmo desconcertante de "Mar Metálico" são exemplos da potência que é o braço do homem. Júnior novamente também manda bem no blues ("Jeito Agressivo"). Além disso, temos "Columbia", o maior hino da Patrulha, e um dos principais da cena pesada de nosso país, tanto que a Roadie Crew a elegeu como um dos 200 maiores hinos do heavy rock mundial (uma das raras canções cantadas em português, presentes nessa lista), com o acompanhamento marcante da bateria de Júnior, e os sintetizadores que devem ter delirado com os roqueiros setentistas no início dos anos 80. Dudu e Sergio também eram excelentes músicos. O sucesso foi tamanho que o próprio Eddie Van Halen se rendeu ao trio, e exigiu que eles fossem a banda de abertura dos shows do Van Halen em São Paulo. Meia hora de audição fundamental em qualquer casa que tenha o rock pesado como audição central.

Dudu Chermont (guitarras, cordas e voz), Sergio Santana (baixo, vocais), Rolando Castello Júnior (bateria, percussão e vocais)

Columbia
Bomba
Jeito Agressivo
Festa Do Rock
Mar Metalico
Cão Vadio
Transcendental
Meus 26 Anos

Quantum - Quantum [1983]

Ao lado de Bacamarte, Quintal de Clorofila e Recordando o Vale das Maçãs, entre outros, o Quantum é mais uma das gigantes bandas brasileiras formada no início dos anos 80 e que não teve o reconhecimento que merecia. Durou apenas dois anos. Seu único álbum, lançado em 1983, era o contra-ponto do que o BRock fazia naquela época, e um verdadeiro achado para quem aprecia um rock progressivo raiz. Totalmente instrumental, Quantum é uma aula de técnica, maestria e competência dos músicos "Gringo" Rosset, "Dinho" Jr. e Fernando Costa (ver formação abaixo). Teclados viajantes, inspirações que vão de Yes e Mahavishnu Orchestra a Brand X e Weather Report, temos aqui um perfeito exemplar de como unir exímios músicos sem soar pomposo. Júnior participa de apenas uma canção, a longa suíte "Inter Vivos", que apresenta aos fãs do batera sua inacreditável capacidade de tocar com precisão também no rock progressivo, com muita intrincação, quebradas e as suas tradicionais viradas, duelando com o veloz teclado de Fernando e a enfurecida guitarra de "Gringo". Uma obscuridade para investigadores de "Arquivo-X" estudarem, e apaixonados pelo rock progressivo entenderem que o estilo ainda respirava no Brasil nos anos 80.

Marcos "Gringo" Rosset (guitarra, violão, baixo na Faixa 4), Reynaldo "Dinho" Rana Jr. (guitarra e violão de 12 cordas), Paulo Eduardo Naddeo (bateria e percussão), Fernando Costa (teclados, guitarra na Faixa 2) e Segis Rodrigues (baixo)

Participação Especial
Rolando Castello Júnior (bateria, Faixa 4)

Tema Etéreo
Chuva
Acapulco
Inter Vivos
Sonata
Quantum


sábado, 5 de novembro de 2016

Melhores de Todos os Tempos: Artistas




Por Mairon Machado

Convidados: Alisson Caetano, André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Christiano Almeida, Davi Pascale, Diogo Bizzotto, Marco Gaspari e Ronaldo Rodrigues
Há algum tempo, começamos uma nova série de escolha dos Melhores aqui na Consultoria. Em paralelo com a já consagrada série de eleição de Melhores Álbuns ano após ano, a partir de 1963, criamos também os Melhores Instrumentistas, na qual foram eleitos John Bonham (bateria), Rick Wakeman (teclado), Tony Iommi (guitarra), Freddie Mercury (voz) e John Entwistle (baixo). Depois, elegemos a Melhor Banda de Todos os Tempos, com Black Sabbath encabeçando o primeiro posto, deixando em segundo lugar Led Zeppelin e The Beatles na terceira posição, .
Para encerrar essa série em paralelo com a escolha dos discos, hoje é a vez de escolhermos o Melhor Artista de Todos os Tempos. Tendo como critério que poderiam ser votados apenas artistas que tivessem ao menos um álbum solo, trinta nomes foram escolhidos pelos dez participantes, gerando diversos artistas citados, sendo que os trinta mais estão apresentados abaixo seguindo esta pontuação:
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Destes, somente um atingiu quase que unanimidade: David Bowie. O Camaleão se fez presente em nove das dez listas, deixando para trás com sobras os seus "rivais". Acompanhando Bowie no pódio de Maiores Artistas, o recém ganhador do prêmio Nobel Bob Dylan e o eterno beatle Paul McCartney.
Confira, apresente sua lista, discorde, concorde, enfim, não deixe de comentar.

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  1. David Bowie
    (426 pontos) MAIRON
    Falar de David Bowie para mim é uma tarefa complicada. Afinal, a primeira posição dessa série, com tantos pontos de vantagem para Bob Dylan (o segundo colocado) mostra como o cara era perfeito. Vocalista, letrista, desenhista, saxofonista, pianista, guitarrista, ator de cinema, teatro e televisão, o homem fez praticamente tudo o que a arte permite fazer, e tudo com uma qualidade inquestionável. Anos-luz à frente de seu tempo, Bowie transpirava arte em cada pequena célula de seu corpo, e poucos são os momentos de sua vasta carreira que possuem algo de questionável. Quando ele era folk, fez "Space Oddity". Quando era glam, criou "Ziggy Stardust". Na fase soul, veio com nada mais nada menos que o "Young Americans" e resgatou John Lennon do ostracismo com "Fame". Também trouxe do fundo do poço Iggy Pop, mostrando que além de um grande artista, era um grande coração. No auge de sua busca pela limpeza dos tóxicos, fez talvez a melhor trilogia musical de todos os tempos (Low, "Heroes" e Lodger). Ainda revelou ao mundo Stevie Ray Vaughan através dos embalos de "Let's Dance", colocou Peter Frampton novamente no mercado durante os conturbados anos 80, e inspirou toda uma nova geração de eletrônicos com o cult de "Earthling", bem como foi capaz de criar um álbum de despedida para os fãs que arrepia praticamente o tempo inteiro. Quer mais? Tem muito mais, mas daí eu iria tirar o espaço dos meus colegas, então, isso já é o suficiente para elucidar por que Bowie merece esse primeiro lugar. Ele nos deixou esse ano para brilhar como mais uma estrela no céu dos grandes nomes que Deus colocou na Terra, onde deixou um legado para a humanidade de como ser um Artista com todas as qualidades que se espera do mesmo.
    Disco Recomendado: 
    Difícil escolher apenas um, mas como aqui não dá de se fazer de vaselina, não vou no melhor, mas no mais famoso: The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars [1972]

    Bob Dylan in 1963
  2. Bob Dylan
    (282 pontos) ALISSON
    A recente nomeação ao Prêmio Nobel de Literatura é muito pouco para resumir Dylan. Tão pouco que o próprio sequer esboçou alguma reação ao prêmio, ignorando-o por completo. Em versos mais batidos e clichês possíveis, posso resumir facilmente a carreira de Dylan falando sobre sua enorme importância por falar diretamente com a geração adolescente dos anos 60, sobre o poder de seus versos anti-guerra e sua atitude rebelde perante todo o status da música folk da época. Parece muita coisa, mas tudo isso ainda continua sendo muito pouco perante tudo o que Dylan fez pela música. De maneira sucinta, por mais que você não entenda tudo o que Dylan fez, resta-lhe apreciar seu extenso catálogo, um dos mais poderosos e ricos da história da música pop.
    Atualização: Dylan enfim respondeu ao comitê do Nobel. Com seu habitual sarcasmo, mas respondeu.
    Disco Recomendado: Começe por Blood on the Tracks, um de seus mais versáteis e fascinantes. Depois vá intercalando entre outros de seus icontáveis clássicos, como Blonde on BlondeNashville SkylineHighway '61 RevisitedDesire, dentre outros tantos.


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  3. Paul McCartney
    (250 pontos) BERNARDO
    O mesmo debate há 50 anos: qual o melhor Beatle? Certamente cada um representa uma característica que mais atraia a pessoa, como a técnica apurada de George Harrison e a atitude rocker e provocativa de John Lennon. Paul conquistou seu público sendo o Beatle mestre das melodias e compositor das mais belas baladas sentimentais. Felizmente, Paul não demorou a demonstrar que não seria sempre o caso e mostrou que na verdade era o Beatle versátil, capaz de arranjar o segmento mais sofisticado até servir uma balada infantil ou inflamar os ouvintes destilando rocks poderosos e vibrantes. Tendo sua inspiração melódica e rítmica muito baseada em Beach Boys e James Brown - misturando acessibilidade com ineditismo - Paul posteriormente em sua carreira solo e em sua banda Wings se mostraria aquele com uma das carreiras mais rentáveis e repletas de hits, capaz de décadas depois ainda fazer parcerias relevantes, arriscar novos estilos sonoros, mexer tanto com eletrônica quanto com jazz, o que mostra que o interessante para o músico é compôr músicas marcantes, sendo para isso capaz de mudar seu estilo com facilidade e sabedoria. O que torna Paul um dos grandes artistas da nossa época é justamente a quantidade de diferentes pessoas tocadas por diferentes músicas em diferentes épocas, colecionando uma quantidade de sucessos ainda impressionante meio século depois.
     
    Disco Recomendado: Macca em seu auge como compositor de música popular redescobrindo o prazer de tocar em uma banda. Capaz de fazer pular, gritar e chorar em um espaço de dez minutos. Band on The Run (Wings, 1973)


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  4. Miles Davis
    (208 pontos) BRUNO
    Poucos artistas são capazes de transitar e revolucionar diversos gêneros, e se sair bem em todos eles. Se no rock tivemos David Bowie, o jazz contou com a genialidade de Miles Davis. Trumpetista prodígio desde jovem lançou às bases do cool jazz e do que viria a ser o bepop. Ao eletrificar sua banda, algo até então inédito, misturando jazz com guitarra, órgão hammond e contra-baixo, deu origem ao Fusion. Não à toa, revelou nomes do calibre de John Coltrane, Herbie Hancock, John Mclaughlin, Chick Corea e Billy Cobham. Miles ainda flertou com o funk no maravilhoso On The Corner (1972) e com música eletrônica. Apesar da discografia bastante extensa, a qualidade sempre se sobressaiu. Miles Davis é talvez o artista mais importante da música ocidental do século XX.
    Disco recomendado: Jack Johnson (1971). Poderia recomendar o mais do que clássico Kind of Blue, essencial para quem quer se iniciar no jazz, mas deixo aqui a indicação de meu álbum favorito da fase elétrica do trompetista, mais acessível e menos experimental que o aclamado Bitches Brew, mas tão genial quanto. O protagonismo da guitarra de John Mclaughlin também pode ajudar na transição de quem está mais acostumado a ouvir rock. Apenas uma das mostras da capacidade e competência de Miles Davis.

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  5. Michael Jackson(201 pontos) ANDRÉ
    O grande Rei do Pop que tinha um pé bem fincado no rock! Impossível desconsiderar o sujeito que tem Thriller [1982], o disco mais vendido de todos os tempos estimado em 100 milhões de cópias comercializadas. Mas Michael não era só um intérprete qualquer: ele era compositor, dançarino, ator, produtor e coreógrafo. Ou seja, aquilo que podemos chamar de artista completo, termo tão banalizado nos dias atuais com uma porção de gente que não fez metade do que ele fez. Michael influenciou meio mundo de artistas e praticamente refundou a música pop com ênfase especial na dança, coreografia e em vídeos originais e bem produzidos retirados de sua mente criativa. Ele definitivamente não merecia o fim melancólico que passou nos últimos anos de sua vida.
     
    Disco recomendado: Thriller [1982]. Muitos tem suas fases e discos preferidos de Michael Jackson, mas este é praticamente unânime que mereça ser citado no mínimo entre os três melhores discos de sua carreira.


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  6. Elvis Presley
    (194 pontos) DAVI
    É claro que em uma lista dessas o rei do rock não poderia ficar de fora. Muitos insistem em questionar a alcunha de rei, mas não há o que questionar. Dono de uma afinação impecável, uma versatilidade musical fora do comum, o garoto de Tupelo, Mississipi, tomava cada canção que gravava para si. Muitas vezes, superava o original. O musico se aventurou em diferentes caminhos, sem perder a qualidade. Sem contar que a influencia que o músico teve/tem é algo impressionante, fora do comum. Sua obra ainda vive, sua voz ainda ecoa, sua discografia é uma escola musical para qualquer cantor que se preze. Ele pode não ter inventado o rock n roll, mas certamente levou à um patamar até então desconhecido. E, depois dele, o rock nunca mais foi o mesmo.
    Disco Recomendado: Aloha From Hawaii [1973]

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  7. Alice Cooper
    (193 pontos) ANDRÉ
    Estamos diante de um dos pioneiros a levar o terror para os palcos dos shows de rock. Vincent Furnier, aka Alice Cooper, é a "tia" que todos nós sonhamos em ter: gente boa, bem humorada, meio pirada e com várias ideias malucas que servem para divertir e chocar o público. O seu hard rock com temática de horror foi o responsável por divertir muitas plateias mundo afora, contando com discos que buscam aterrorizar e divertir seus ouvintes com aquela voz característica e sempre reconhecível em qualquer música que cante. Rob Zombie, Marilyn Manson e diversos hard rockers fantasiados foram fortemente influenciados por ele. Cooper também tem uma relação especial com o Brasil devido a este ser o primeiro rockstar estrangeiro a pisar e tocar em nossa terra que na época ninguém dava bola.
     
    Disco recomendado: Welcome to my Nightmare [1975] é o seu auge criativo e o primeiro como artista solo. Dá para se dizer que este disco foi um dos responsáveis em moldar toda uma década de 80, após alguns adolescentes espinhudos o ouvirem e resolverem montar bandas que fariam todo um sucesso alguns anos depois.

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  8. Neil Young
    (179 pontos) BRUNO
    O canadense que apareceu pro mundo no Buffalo Springfield, divindindo os holofotes com Richie Furay e Stephen Stills saiu em carreira solo após dois álbuns, para tornar-se um dos maiores compositores do rock. Melodista de mão cheia, suas canções sempre mantiveram um clima tristonho, seja nos countrys bucólicos ou nos rocks distorcidos na companhia do Crazy Horse. Além de letrista brilhante, a voz frágil e até meio fanha, mas de uma interpretação totalmente honesta o tornam ainda mais peculiar. Seu approach também único na guitarra, apesar de influente, ainda é subestimado. Ouça Powderfinger e Cortez The Killer e comprove. Após uma má fase nos anos 80, ressuscitou na década seguinte, tocando com o Pearl Jam, e apadrinhando toda a nova cena de bandas barulhentas e lançando ótimos discos. Sem dúvida um dos maiores.
    Disco recomendado: Rust Never Sleeps (1979). Esse álbum é bastante representativo e um ótimo começo para quem deseja conhecer Neil Young. O lado A é acústico e traz o lado folk/country com as belas melodias e o clima bucólico e o lado b vem com toda a potência e barulho do Crazy Horse, e os solos de guitarras faiscantes de Neil.

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  9. Frank Zappa
    (162 pontos) MAIRON
    Frank Zappa era guitarrista, maestro, compositor, vocalista, tocador de bicicleta, revelador de talentos, ou seja, um faz tudo da arte. Assim como Bowie, onde ele atacava ele tinha sucesso, mesmo quando combatia de frente com a política e a tradicional família americana. Sua pessoa é uma referência para diversos nomes consagrados na música, e seus discos estão cada vez mais sendo descobertos por uma nova geração, aberta para as novidades, maluquices e principalmente, a genialidade de um ser ímpar que pisou em nosso solo. Zappa não era daqui, com certeza. Sua obra é atemporal e tudo o que ele fez para a arte está à disposição para quem quiser se aventurar em uma longa e magnífica discografia. Pena que não foi presidente dos Estados Unidos, pois talvez, o mundo seria um local melhor hoje.
    Disco Recomendado: 
    Na vasta coleção de Zappa, apenas um álbum é indiscutível: Hot Rats [1969]. Porém, não deixe de procurar os quase setenta álbuns de sua coleção.

    S11 ARQUIVO 17-06-2009 CADERNO2 CINEMA Cena do documentario Loki - Arnaldo Baptista FOTO Mariana Vianna/ DIVULGACAO
  10. Arnaldo Baptista
    (153 pontos) MARCO
    Temos sorte do Arnaldo nascer brasileiro. Temos sorte até mesmo do Arnaldo nascer neste planeta, pois ele não parece ser deste mundo. Os primeiros discos dos Mutantes, onde ele era o cabeça, estão entre o que de melhor a psicodelia nos legou. E os discos solo do Arnaldo… bom, quer dizer… vou ter que ficar meses debruçado no Aurélio para descobrir quais palavras fazem justiça. Um dia o Arnaldo caiu de uma janela e dizem que ele nunca mais foi o mesmo. Acontece que ele não morreu, apenas foi viver em outra dimensão. Um dia a gente evolui e chega lá, no mesmo nível dele. Enquanto isso, vamos treinando ouvindo Loki, seu primeiro disco solo.
    Disco Recomendado: Lóki!? [1974]

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  11. Janis Joplin
    (153 pontos) MAIRON
    Aqui está uma artista que fez da vida sua arte, e usou a música, ou melhor, seu talento vocal para isso. Janis sempre foi questionável quanto sua técnica vocal, mas nunca quanto sua capacidade de se expor, de jogar seus sentimentos para a captação dos microfones. Em cima do palco, poucas foram as cantoras capazes de deixar o mundo de boca aberta (basta ver Mama Cass embasbacada em Monterey para se ter uma ideia), com uma força de um vulcão em erupção, que não deixava ninguém parado. Em estúdio, sua capacidade de interpretação, por mais críticas que alguns ainda insistam em tecer, era perfeita. Uma mulher que respeitou exatamente aquilo que significa arte, ou seja, feito com emoção. Essa é Janis Joplin.

    Disco Recomendado: I Got dem 'Ol Kosmic Blues, Again Mama! 
    [1969], o ápice de emoção registrado por um artista, com uma sonoridade ímpar.

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  12. John Coltrane
    (150 pontos) BERNARDO
    O maior saxofonista da história e um dos maiores compositores e artistas de todos os tempos do Jazz e da música popular. Gravando em uma frequência impressionante em um período de quase vinte anos, tanto solo quanto com outros músicos, Coltrane estava na banda de Miles Davis quando o mesmo gravou Kind of Blue, todo baseado em escalas modais de improvisação e que se tornaria um dos discos mais influentes da história de jazz. Atuando por muito tempo na vanguarda e no radicalismo, vaiado e criticado, aclamado e adorado, conheceu vícios e conheceu a espiritualidade, estudo a ciência e explorou a astrologia... À medida que os anos passavam, Coltrane enveredou tanto por registros mais conservadores quanto em discos absolutamente radicais e dissonantes, que lhe valeram nomes para seu estilo como "avant-garde", "free jazz", "new thing"... O homem que preencheu de energia a melodia de Kind of Blue foi muito mais que o sideman de Miles Davis - equiparou o mestre do trompete em experimentalismo e importância para o jazz, sendo considerado influente até mesmo no rock e na música erudita.
     
    Disco Recomendado: Jazz carregado de espiritualidade, do hinduísmo ao candomblé, onde Coltrane tocou como nunca a sua visão de música - jazz em formato de mantra, de salmo, de elevação. A Love Supreme [1965]


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  13. Milton Nascimento
    (149 pontos) RONALDO
    Cantor de intenso lirismo e que, apoiado a geniais letristas e arranjadores, mudou o leme da música brasileira no fim dos anos 60. Trouxe a tona uma abordagem nova para a MPB, decodificando o requinte da musicalidade da bossa nova sob a ótica da música interiorana do Brasil. Regional e universal, sua obra tem uma profundidade tocante, densa e, por ora, abstrata. Cruzou o soft jazz com o folk latino em tintas lisérgicas e ainda que essa mistura encontre paralelos com a música de outros países, uma marca indelével de Milton Nascimento é sua unicidade. De uma originalidade atroz, sua voz incrível nos atinge como uma poesia cortante.
    Disco recomendadoClube da Esquina [Milton Nascimento & Lô Borges, 1972]

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  14. Peter Hammill(146 pontos) MARCOBob Dylan ganhou o Nobel de Literatura. Muito justo, bom pra ele. Eu daria então, sei lá, um Specsavers National Book Awards, ou um Costa Book Awards, ou até mesmo um Hugo Awards a este que é um dos grandes poetas britânicos vivos. Se eu pudesse daria logo 2 nobéis  ao Peter Hammill. E o cara não é bom só nas letras. Poucos vocalistas cantam como ele, o gogó mais bipolar do rock. Seus discos solo são misteriosos, soberbos, líricos, caóticos, depressivos, intensos… É o Van der Graaf Generator, só que mais intimista.
    Disco Recomendado: Qualquer LP seu lançado nos anos 70 vale a pena, mas vou indicar The Silent Corner and The Empty Stage [1974].

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  15. Stevie Wonder
    (144 pontos) CHRISTIANO
    Stevie Wonder iniciou sua carreira logo no início dos anos 60, como uma espécie de jovem artista prodígio. Seu primeiro disco, gravado quando tinha apenas 12 anos, mostra que Little Stevie, como ficou conhecido, já era um exímio instrumentista de Jazz e Soul. Aos poucos, sua carreira foi decolando e Stevie gravou singles de grande repercussão. No entanto, a partir do início da década de 70, seu amadurecimento como compositor tornou-se evidente. Em 1972 ele gravaria um de seus melhores discos, Talking Book, que iniciou uma fase mais ousada de sua carreira, com composições mais elaboradas. Seu 16º disco, batizado de Innervisions, reafirmou o grande momento criativo pelo qual passava sua carreira, o que fica claro quando notamos que este álbum foi seguido por Fulfillingness' First Finale (1974) e Songs In The Key of Life (1976), tido por muitos como seu melhor álbum. Aliás, por mais incrível que isso possa parecer, ele toca praticamente todos os instrumentos em quase todas as faixas destes discos, executando suas partes com a maestria de velhos músicos de estúdio. Na década de 80, passou a buscar o reconhecimento diante do grande público, mesmo que sem a inspiração de seu período clássico. Contribuiu com diversos artistas, dentre eles Paul Mccartney e Michael Jackson, e participou da projeto/single We Are The World [1985], que visava angariar fundos para ajudar países Africanos que sofriam com extrema pobreza. Seja como compositor, cantor e instrumentista, sua carreira é responsável pelo registro de grandes momentos da música contemporânea, o que lhe confere lugar garantido nesta lista.
    Disco Recomendado: Innervisions [1973]


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  16. Bruce Springsteen
    (144 pontos) DIOGO
    Mais de 20 anos após iniciar minha vida de fanático por música, acho que posso dizer que conheço bastante coisa. No meio de tantos artistas com os quais travei conhecimento, nenhum é maior que Bruce Springsteen. Com ninguém houve identificação tão forte, lírica e musical. Mais do que isso, com a energia gigantesca que brota de suas performances, ao vivo e em estúdio. Ninguém é tão poderoso quanto Springsteen com uma caneta, um violão ou um piano na sua frente. Sua capacidade de contar histórias formidáveis só não é tão grande quanto a de embalar essas histórias em algumas das melhores canções já compostas. Dos primórdios como um emulador de Bob Dylan até a atualidade, um homem de 67 anos que põe no chinelo jovens com menos da metade de sua idade ao colocar em prática maratonas de quatro horas sobre um palco, Springsteen conquistou o mundo sempre fazendo aquilo que quis. Foi assim, sempre com honestidade a seus princípios e exalando sinceridade em suas músicas e performances, que ganhou a alcunha de “The Boss” e conquistou o mundo. Tornou-se uma espécie de porta-voz do povo “blue collar” e jamais abandonou a inquietude em troca do conforto. Não há disco ruim em seu extenso catálogo, mas o que Springsteen construiu entre 1973 e 1987 é algo que, para mim, nenhum outro ser humano foi capaz. Oito álbuns que são um verdadeiro tratado do comportamento humano, transitando entre a tristeza e a alegria, a melancolia e a euforia, a simplicidade e a exuberância. Entre eles, meu disco favorito: Born to Run (1975), o ápice de uma carreira que ainda tinha muito a crescer. Com um raro equilíbrio entre sucesso de público e respeito imenso da crítica, Bruce segue como uma das principais referências musicais na atualidade, mantendo sua relevância em um mercado de consumo cada vez mais fugaz.

    Disco Recomendado: Born to Run [1975]

    NEW YORK, NY - DECEMBER 03: Elton John performs at Madison Square Garden on December 3, 2013 in New York City. (Photo by Mike Lawrie/Getty Images)
  17. Elton John
    (140 pontos) DAVI
    Sir Elton John é um dos compositores mais talentosos que existe. Pianista exímio e bom vocalista, o músico é dono de uma enorme discografia e dezenas de hits. Mais do que hits, muitas de suas composições já ganham a alcunha de clássico. Em seu repertório, baladas românticas, pop e rock, tudo realizado com uma qualidade muita acima do padrão. Homossexual assumido, o musico é envolvido na luta contra a AIDS desde o final dos anos 80. Sempre com um visual extravagante e um profissionalismo invejável, Elton John é uma das lendas vivas do rock n roll.
    Disco Recomendado: Elton John [1970]

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  18. Eric Clapton
    (140 pontos) RONALDO
    Diferentemente da grande maioria dos guitar-heros, especialmente os contemporâneos, Eric Clapton passou boa parte de sua trajetória sendo um guitarrista de uma banda e não um artista solo. E aí, meus caros, é onde se separam os homens dos meninos. Artista solo é um pequeno ditador que acha que uma música se faz apenas com a voz, batida ou com solos de guitarra. Banda é igual casamento: se não souber ceder e ouvir, tudo desaba. E ouvido é uma coisa fundamental aos merecedores do Olimpo. Eric Clapton teve seu talento cunhado junto a outros grandes músicos, no qual aprendeu a aplicar com precisão cirúrgica todo seu extenso e eficaz vocabulário de blues em grandes canções de rock. E foi por essa via que ganhou a alcunha de God. Quando já estava nas alturas, é que resolveu voar sozinho, também se dando bem, sem esquecer com quantos compassos se fazem um bom blues(rock). Eric Clapton é um especialista e na sua especialidade, ele foi, é, e sempre será God.
    Disco recomendado: Blind Faith [Blind Faith, 1969]

  19. roger-waters-wallRoger Waters
    (134 pontos) BERNARDO
    Sem ele, a história do Pink Floyd seria definitivamente diferente. Seria a banda vanguardista do rock psicodélico liderada por Syd Barrett, mas sob seus auspícios e de David Gilmour, sobreviveu e foi muito além. O baixista foi um dos principais compositores e letristas da banda, que se tornou um símbolo do rock progressivo em sua era de ouro - ambicioso e técnico, carregado de temáticas e letras profundas, onde antes do estilo cair em uma mentalidade parnasiana de tecnicismo puro, os arranjos complexos e a alta ambição artística tinham uma proposta maior - falar dos seus próprios demônios, falar de política, falar de estética e falar da cultura à sua época. O Pink Floyd foi uma banda icônica em todos os quesitos, arregimentando uma verdadeira legião de fãs. Sua carreira pós-Floyd não deslanchou ou teve grandes momentos, mas sua persona ainda é capaz de lotar estádios. Reconhecido tanto por sua proficiência em criar linhas de baixo marcantes , sua popularização dos sintetizadores e tape loops, e por seu ativismo político, Waters é assumidamente a definição de lenda do rock tão talentosa quanto intensa, tão gloriosa quanto falha. Ao menos oito obras-primas foram lançadas em sua época de Floyd, tornando-a uma das bandas mais influentes da história. Caso contrário, como ainda conseguiria fazer turnê colhendo louros de discos feitos há quarenta anos atrás?
     
    Disco Recomendado: Não é o melhor álbum da banda, mas devemos admitir que nenhum disco transpira Roger Waters pelos poros como sua ópera-rock autobiográfica. Um disco sinônimo de visceralidade, que originou um filme igualmente imperdível. The Wall (Pink Floyd, 1979)

  20. thumbOzzy Osbourne
    (128 pontos) DIOGO
    Viva, Sharon Osbourne! Viva, Sharon? Sim! Não fosse sua essencial presença, o mundo talvez fosse privado de uma das trajetórias mais peculiares da história do rock. Demitido do Black Sabbath em 1979 e desiludido com os rumos de sua carreira, consumindo cada vez mais álcool e drogas, Ozzy foi praticamente resgatado por Sharon de seu estado lastimável, dando ânimo para que o vocalista pudesse buscar novos músicos a fim de formar a banda que ajudaria a impulsionar seu nome rumo a um estrelato que jamais havia alcançado com o Black Sabbath. Em meio a grandes discos e turnês de sucesso, Ozzy ainda revelou uma série de ótimos músicos, como os guitarristas Randy Rhoads, Jake E. Lee e Zakk Wylde, que imprimiram sua personalidade nas canções criadas junto ao vocalista e inspiraram tantos outros artistas. Mais que um simples cantor, Ozzy tornou-se uma figura ímpar na cultura popular. Sua fama atingiu níveis sem precedentes com o seriado televisivo “The Osbournes” (2002 - 2005), mas seu foco continuou sendo a música, alternando sua carreira solo e reuniões com os integrantes do Black Sabbath. Não se deixe enganar por seu jeito atrapalhado e pela aparente ausência de grande técnica: sua voz é a condutora de clássicos como “Crazy Train”, “Mr. Crowley”, “Over the Mountain”, “Bark at the Moon”, “Shot in the Dark” e tantos outros. Ozzy é único: nunca houve nem haverá alguém como Ozzy Osbourne.
    Disco Recomendado: Diary of a Madman [1981]

  21. lou-reed-hp-02_gq_30aug13_getty_bt_642x390Lou Reed
    (116 pontos) ALISSON
    Mais fácil que reconhecer as influências e importâncias de um artista é criticá-lo por seus erros. É muito fácil encontrar detratores da figura excêntrica e polêmica de Lou Reed atualmente. Muitos apontam os erros notáveis de sua carreira, como Metal Machine Music e Lulu (apesar de achar que este não seja um erro em sua plenitude). E assim, muitos simplesmente viram as costas para tudo aquilo que o sujeito foi importante para o rock na virada dos anos 60 para os anos 70, e não foi pouca coisa. Seu início bombástico com o Velvet Underground (sem diminuir as figuras de Sterling Morrison, Moe Tucker, John Cale e até Nico) mudaram definitivamente o paradigma da música dali em diante. O surgimento do punk é o legado mais óbvio, mas a importância das performances polêmicas e o cunho subversivo daquele material influenciaram incontáveis bandas, em um nível de grandeza do tamanho dos Beatles, sem exagero algum. O completo oposto estético tornaria a ocorrer novamente em sua carreira solo. Embalado por uma musicalidade chamativa e visual escandaloso, fica difícil apontar quem não sofreu influência de Lou dentro do cenário glam como um todo.
    Disco Recomendado: A introdução básica para sua trajetória é o multiplatinado Transformer, aquele que mais se aproxima de um disco acessível. Porém, não deixe de vasculhar o seu longo catálogo e, claro, ouvir todo os discos do Velvet Underground que contam com sua participação.


  22. johnlennonJohn Lennon
    (113 pontos) CHRISTIANO
    John Lennon, juntamente com Paul Mccartney, foi responsável pela autoria de boa parte das canções dos Beatles. Isso já reserva seu lugar em qualquer lista de grandes artistas da música. Mas sua carreira solo rendeu grandes registros, que ajudaram a eternizar seu legado. Após sua saída dos Beatles, gravou discos de grande importância e também registros totalmente dispensáveis. Entre os primeiros, incluo John Lennon/Plastic Ono Band (1970), Imagine (1971), Mind Games (1973) e Walls and Bridges (1974). Nos demais álbuns, exceto por Rock ‘n’ Roll (1975) - um registro de covers - ele insistiu na desastrosa parceria com Yoko, responsável por estragar todas as faixas de que participou. No entanto, é inegável a importância de sua carreira solo, que gerou músicas que hoje em dia pertencem ao cancioneiro popular mundial: "Imagine", "Happy Xmas (war Is Over)", "Give Peace A Chance", "Working Class Hero", etc. Além disso, sua imagem como ícone da cultura pop, com um discurso muitas vezes politizado, ajudou a criar uma aura mística que eternizou sua obra. Sua morte trágica e precoce cristalizou ainda mais sua figura de artista ímpar e com grande apelo popular.
    Disco Recomendado: Imagine [1971]


  23. img-1025600-galeria-raul-seixas-abreRaul Seixas(112 pontos) ANDRÉ
    Difícil falar de algo que já não tenha sido dito do cancioneiro baiano. O sujeito já misturou música nordestina regional, country, mpb, bossa nova, blues e tantos outros estilos ao seu rock que fica impossível categorizá-lo em algum gênero. Raul Seixas até hoje é lembrado por suas críticas à politicagem, à sociedade e a vários temas abordados em sua música contando com um carisma e sua voz marcante que fizeram o Maluco Beleza ainda ser ídolo de muita gente, mesmo quase três décadas após a sua morte. Qualquer aprendiz de violão é ensinado a tocar e cantar alguma música de Raul. Suas músicas com temas obscuros e suas posições com relação a religião ainda causam discussões entre muitos que se põem a analisar suas letras. Raul se foi há muito tempo, mas é fato que ele ainda será um dos principais retratos do rock brasileiro.
     
    Disco: Gita [1974]. Outro artista que fica difícil selecionar um único disco, mas creio que dá para dizermos que várias de suas músicas mais conhecidas estão aqui. Tem "Gita", tem "Trem das 7", tem "Medo da Chuva", tem "S.O.S,". Mas vários outros da década de 70 também poderiam estar por aqui, é só uma questão de gosto mesmo.

  24. madonna-black-and-white1Madonna
    (110 pontos) DAVI
    Muitos pegam no pé da cantora por conta dos playbacks que ocorrem em vários momentos de sua apresentação (não, não é em todo o show). Infelizmente, essa “técnica” é comum entre os artistas do gênero por conta das coreografias que tomam conta de boa parte da respiração. Independente de qualquer situação, seu talento e sua importância é inegável. Madonna conseguiu manter-se em evidência durante décadas. Algo muito difícil dentro do universo pop. Mais do que se manter, ela mudou, por diversas vezes, a linguagem do cenário. Musicalmente e visualmente. Lançou moda, tornou-se referência para diversos artistas. É uma cantora extremamente criativa. Vários de seus álbuns e de suas canções são considerados clássicos do universo da qual faz parte. Aquela velha história... Você pode imitar sua vocalização, pode copiar sua tecnologia, pode contratar o mesmo produtor, o mesmo coreografo, mas você nunca se igualará à Madonna.
    Disco Recomendado: Like a Prayer [1990]

  25. jeff-buckley_1Jeff Buckley
    (110 pontos) CHRISTIANO
    Em 1994, o que ficou conhecido como Grunge já não era mais novidade, visto que muitos dos seus mais emblemáticos representantes buscavam novos caminhos: o Pearl Jam experimentava um pouco mais com seu Vitalogy, o Nirvana tinha registrado o estranho In Utero no ano anterior, e agora dava seu adeus na forma de um acústico melancólico, o Alice In Chains gravava Jar of Flies, um EP praticamente acústico e bastante introspectivo. Ainda neste mesmo ano, bandas de Rock Alternativo e Indie Rock começavam a ganhar mais destaque. É neste cenário que surgiu Grace, primeiro e único disco que Jeff Buckley lançou em vida, sintonizado com todo aquele contexto, sem, no entanto, prender-se a ele. As dinâmicas entre a bela voz de Jeff e o instrumental rico e sutil mostram que aquele não seria apenas mais um disco de estréia de um artista qualquer. Existia alguma coisa diferente ali, uma melancolia que se mostrava ora em momentos de sublime beleza, ora nas explosões de raiva. Talvez isso tenha sido fruto das influências de Buckley, tão amplas a ponto de agregarem gente como Nina Simone, Edith Piaf, MC5, John Coltrane e Cocteau Twins. Aliás, um dos momentos mais sublimes de Grace é a versão de “Hallelujah”, canção de Leonard Cohen em que Jeff, sozinho, tocou guitarra e cantou, registrando um dos mais belos momentos do disco. Mesmo sendo bem recebido pela crítica, Grace não obteve boas vendas, talvez por ser um daqueles discos que levam tempo para serem devidamente apreciados, mas que, com o tempo, são aos poucos alçados à condição de clássico. Isso foi ainda mais reforçado pela morte de Jeff, em 1997, durante a gravação daquele que seria seu segundo albúm, Sketches For My Sweetheart the Drunk (1998) lançado postumamente. Sketches, como diz o nome, é o registro de um trabalho inacabado, em curso, um esboço do que seria seu segundo álbum. Mesmo assim, é um grande disco. Após sua morte, muitos lançamentos trouxeram registros inéditos de Jeff, revelando sua versatilidade e imenso talento, que já havia sido notado por gente como Page & Plant, Bono Vox e Patti Smith. Sua pequena obra foi suficientemente forte para influenciar toda uma geração de músicos que o citam como influência, além ser um dos mais belos registros daquela década.
    Disco Recomendado: Grace [1996]


  26. 9813-4676Tony Iommi
    (110 pontos) DIOGO
    Receber a alcunha de “rei dos riffs” enfrentando a concorrência que Tony Iommi tem enfrentado ao longo de seus 50 anos de carreira não é pouca coisa. Seu estilo, fortemente afetado por um acidente de trabalho que decepou a ponta de dois dedos da mão direita quando tinha apenas 17 anos, tornou-se um dos mais reconhecíveis na história da música popular, influenciando um número gigantesco de jovens a pegar em uma guitarra pela primeira vez e formar suas próprias bandas. Muitos deles, inclusive, obtendo sucesso e prestando as devidas homenagens ao mestre. Pode ter havido outros artistas muito importantes para a criação daquilo que viria a ser conhecido como heavy metal, mas ninguém foi tão essencial quanto Tony e seus riffs poderosos e criativos, cujo estoque parece interminável. Dos segundos iniciais da cortante faixa que dá nome à banda que fundou, até 13 (2013), lançamento de estúdio mais recente do Black Sabbath e de Tony, seu maior talento é, mais que a técnica, a capacidade de assombrar o ouvinte com riffs monumentais, como aqueles que conduzem canções como “Iron Man”, “Children of the Grave”, “Into the Void”, “Supernaut”, “Sabbath Bloody Sabbath”, “Symptom of the Universe” e “Heaven and Hell”. A lista poderia seguir por mais uma página inteira. Em carreira solo, Tony não decepcionou: juntou-se a velhos amigos e a muitos daqueles que influenciou, entregando obras dignas de seu talento, entre as quais destaca-se Fused (2005), ao lado de Glenn Hughes. A trajetória do Black Sabbath pode estar chegando ao fim, mas esperamos que a de Tony siga dando frutos.
    Disco Recomendado: Master of Reality [Black Sabbath, 1971]

  27. tom-waits-sebree-e1460679967287Tom Waits
    (110 pontos) ALISSON
    São poucos artistas que mutaram sua carreira de maneira tão drástica e conseguiram êxito artístico em ambas as fases. Tom Waits é seguramente um dos artistas mais chamativos e de voz única dentro da música de vanguarda no século XX. Enquanto um compositor de peças folk, nos brindou com belas composições cheias de sentimento e interpretações com intensões de mostrar-nos as entranhas da vida suburbana e as histórias mais obscuras possíveis. Sua fase experimental não mudou o foco de suas histórias, mas intensificou todos os pontos de sua musicalidade e lirismo possível. Tudo tornou-se mais tortuoso, obscuro, perigoso, asqueiroso e estranhamente saboroso. Seu som passou de um puro folk para um híbrido absurdo de música primitiva, rock, cabaret, jazz e qualquer coisa que Waits julgasse interessante para meter em seus discos. Nunca pretendeu que qualquer de seus discos fosse algo próximo de um "easy listening". Isso ao mesmo tempo afastou incontáveis, que já saíam proferindo que o que Waits faz não é música. Mas ao mesmo tempo, o incontável número de seguidores que angariou para si é algo impensável para um artista com os padrões de Tom. No auge de seus 66 anos, Thomas Alan Waits continua desafiando seus ouvintes com músicas cada vez mais imprevisíveis. E que assim continue por muito mais tempo.
    Disco Recomendado: Na transição entre sua fase folk para as suas experimentações infinitas, dê uma chance a Heartattack and Vine, com o melhor de sua voz amedrontadora e suas letras depravadas. Se achar que precisa de uma música mais convencional, vá de Closing Time. Se julgar que prefere algo mais experimental, vá fundo com Rain Dogs.

  28. 0ed4b449e92d249760587e7ab864221dJohnny Cash
    (108 pontos) BRUNO
    Sempre tive apreço pelos compositores marginais. Os sujeitos sofridos de alma e cabeça atormentadas, que encontram na música uma maneira de expurgar todos os demônios. E Johnny Cash sem um dúvida foi um dos maiores. De infância pobre, perdeu o irmão e maior ídolo quando criança em acidente terrível, e passou o resto da vida sendo culpado pelo pai. Seu country direto e afiado se confundiu com a primeira geração do rock n roll e as letras sobre assassinos, bêbados, foras da lei e amores perdidos acabaram criando sem querer um subgênero: o outlaw country. Após um período de ostracismo, foi resgatado nos anos 90 pelo produtor Rick Rubin, que trancou Cash e seu violão no estúdio Sound City e saíram de lá com uma das voltas mais impressionantes da história da música. A série American, em parceria com Rubin rendeu mais 5 álbuns, cada vez mais bem produzidos e com versões de músicas antigas e regravações que vão de Leonard Cohen e Simon e Garfunkel a Soundgarden, Nine Inch Nails e U2. O vozeirão de barítono e a interpretação sempre intensa de Cash deram uma vitalidade impressionante às canções. Continuou gravando até sua morte em 2003, mas o reconhecimento e importância permanecem, tendo influenciado gigantes como Bob Dylan, Leonard Cohen, Tom Waits e Nick Cave.
    Disco Recomendado: Live At Folsom Prison (1968). Sei que é covardia escolher esse álbum, mas além de marcar uma volta do músico após se livrar das drogas, trata-se de um dos maiores discos ao vivo de todos os tempos. Gravado na prisão que dá nome ao seu maior clássico, temos aqui um registro visceral e um setlist irretocável, onde é possível ouvir Cash xingando, pigarreando e contando piadas, enquanto o público de presidiários vai à loucura a cada nota tocada.

  29. jimi-hendrix-1968-jimi-hendrix-37252169-750-504Jimi Hendrix *
    (100 pontos) RONALDO
    Um artista completo e dos mais influentes no século XX, não só em seu instrumento como em todo o rock e música pop em geral. Foi um dos primeiros nessa linguagem musical a enfatizar o valor da instrumentação e do arranjo para as canções; teve inteligência suficiente para combinar música cerebral com um groove forte e acessível; elevou o nível de execução e composição para a guitarra elétrica como nenhum outro antes dele; cunhou clássicos atemporais do rock, atuando como guitarrista, vocalista, compositor, arranjador e letrista. Adjetivos são pequenos para a importância de Jimi Hendrix.
    Disco recomendado: Electric Ladyland [Jimi Hendrix Experience, 1968]

  30. 161213robertwyattwRobert Wyatt *
    (100 pontos) MARCO Robert Wyatt está na raiz de quase tudo: canterbury sound, psicodelia inglesa, rock progressivo, jazz rock, experimental, rock in opposition… Na árvore genealógica do rock inglês ele está sob a terra, base do tronco mais sólido, dos galhos mais exuberantes e das folhagens mais frondosas da música inglesa do pós-guerra. E nessa posição não foi visto ou ouvido o suficiente, o que é uma injustiça já que sua obra está entre as mais belas, mais necessárias, mais definitivas. Não dá para indicar este ou aquele disco de Mr. Wyatt.
    Disco Recomendado: Vou escolher então uma coletânea: Going Back a Bit: a Little History of Robert Wyatt [1994]. E é justo que esta coletânea em CD duplo não passe de uma pequena história, pois ela tenta retratar um gigante.

Listas Individuais:
bjork-2015-inez-vinoodh-nytimes-04Alisson
  1. Björk
  2. Elliott Smith
  3. Dr. Dre
  4. Lou Reed
  5. Aphex Twin
  6. Tom Waits
  7. Neil Young
  8. Kendrick Lamar
  9. Frank Zappa
  10. David Bowie
  11. Madlib
  12. MF DOOM
  13. Nick Cave
  14. Will Oldham
  15. Dj Shadow
  16. Moondog
  17. Charles Mingus
  18. Eric Dolphy
  19. Brian Eno
  20. John Zorn
  21. Chelsea Wolfe
  22. Nick Drake
  23. Bob Dylan
  24. Leonard Cohen
  25. Scott Walker
  26. Ennio Morricone
  27. Jack White
  28. St. Vincent
  29. Johnny Cash
  30. Kanye West

almirAndré
  1. Raul Seixas
  2. Alice Cooper
  3. Almir Sater
  4. Michael Jackson
  5. Arjen Anthony Lucassen
  6. Joe Satriani
  7. Jordan Rudess
  8. Michael Schenker
  9. Bruce Dickinson
  10. Ozzy Osbourne
  11. Peter Frampton
  12. Rick Wakeman
  13. Roger Waters
  14. Gary Hughes
  15. Kiko Loureiro
  16. Kim Wilde
  17. Rory Gallagher
  18. Elvis Presley
  19. Steve Vai
  20. Paul Rodgers
  21. Blaze Bayley
  22. Ian Gillan
  23. James Labrie
  24. Uli Jon Roth
  25. Eric Martin
  26. Zé Ramalho
  27. Sammy Hagar
  28. Yngwie Malmsteen
  29. David Bowie
  30. Doro

frases-de-frank-sinatra-9Bernardo
  1. Bob Dylan
  2. Paul McCartney
  3. Frank Sinatra
  4. Keith Richards
  5. Michael Jackson
  6. Roger Waters
  7. Nina Simone
  8. Tom Waits
  9. John Coltrane
  10. Thom Yorke
  11. Antônio Carlos Jobim
  12. Iggy Pop
  13. Tony Iommi
  14. Jorge Ben
  15. James Brown
  16. Joni Mitchell
  17. Elvis Presley
  18. Nick Drake
  19. Miles Davis
  20. Cartola
  21. Aretha Franklin
  22. Ray Charles
  23. Madonna
  24. Nick Cave
  25. Tim Maia
  26. David Bowie
  27. Curtis Mayfield
  28. Chuck D
  29. Noel Rosa
  30. George Clinton

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  1. Johnny Cash
  2. John Frusciante
  3. Neil Young
  4. David Bowie
  5. Tim Maia
  6. Nick Cave
  7. Rory Gallagher
  8. Stevie Wonder
  9. Arnaldo Baptista
  10. Lou Reed
  11. Bruce Springsteen
  12. Mark Lanegan
  13. Miles Davis
  14. Curtis Mayfield
  15. Joni Mitchell
  16. Otis Redding
  17. John Coltrane
  18. Patti Smith
  19. The Notorious B.I.G.
  20. Elvis Costello
  21. Frank Zappa
  22. Paulinho da Viola
  23. Milton Nascimento
  24. Muddy Waters
  25. Johnny Winter
  26. Tupac Shakur
  27. Raul Seixas
  28. Sam Cooke
  29. Mac Demarco
  30. Roky Erickson

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  1. Jeff Buckley
  2. Bryan Ferry
  3. Kate Bush
  4. Paul Mccartney
  5. Beto Guedes
  6. Steve Hillage
  7. Milton Nascimento
  8. Fish
  9. John Lennon
  10. Peter Gabriel
  11. David Gilmour
  12. David Bowie
  13. Scott Walker
  14. Mark Lannegan
  15. Mick Ronson
  16. David Sylvian
  17. Françoise Hardy
  18. Joe Walsh
  19. Sandy Denny
  20. Jupiter Maçã
  21. Stevie Wonder
  22. Richard Hawley
  23. Lô Borges
  24. John Martyn
  25. Nina Simone
  26. Marty Friedman
  27. Peter Hammill
  28. Eric Clapton
  29. King Diamond
  30. Elton John

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  1. Elvis Presley
  2. Paul McCartney
  3. Eric Clapton
  4. Elton John
  5. John Lennon
  6. David Bowie
  7. Alice Cooper
  8. Little Richard
  9. Jerry Lee Lewis
  10. Michael Jackson
  11. Prince
  12. Madonna
  13. Stevie Ray Vaughan
  14. Janis Joplin
  15. Ray Charles
  16. Phil Collins
  17. Bob Dylan
  18. Rod Stewart
  19. Joe Cocker
  20. Iggy Pop
  21. Sting
  22. Ozzy Osbourne
  23. Chuck Berry
  24. B.B. King
  25. George Michael
  26. Carlos Santana
  27. Gary Moore
  28. Billy Idol
  29. Billy Joel
  30. Seal

93-ogDiogo
  1. Bruce Springsteen
  2. Richie Kotzen
  3. David Bowie
  4. Tony Iommi
  5. Gram Parsons
  6. Ozzy Osbourne
  7. Gene Clark
  8. Bob Dylan
  9. Alice Cooper
  10. Gary Moore
  11. Glenn Hughes
  12. David Coverdale
  13. Elton John
  14. Jon Bon Jovi
  15. Don Henley
  16. Richie Sambora
  17. Joe Walsh
  18. Prince
  19. Neil Young
  20. Bruce Dickinson
  21. Ted Nugent
  22. Chris Hillman
  23. Michael Jackson
  24. Jeff Beck
  25. King Diamond
  26. Bryan Adams
  27. Jack Bruce
  28. David Lee Roth
  29. Dwight Yoakam
  30. Garth Brooks

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  1. David Bowie
  2. Frank Zappa
  3. Elis Regina
  4. John Coltrane
  5. Arnaldo Baptista
  6. Janis Joplin
  7. Elomar
  8. Miles Davis
  9. Madonna
  10. Glenn Hughes
  11. Peter Hammill
  12. John McLaughlin
  13. Andres Segovia
  14. Duke Ellington
  15. Mike Oldfield
  16. Roger Waters
  17. Elvis Presley
  18. Jobriath
  19. Carlos Santana
  20. Ravi Shankar
  21. Rick Wakeman
  22. Charles Mingus
  23. Buddy Rich
  24. Tommy Bolin
  25. Vangelis
  26. Milton Nascimento
  27. Freddie Mercury
  28. Jeff Buckley
  29. Bob Marley
  30. Kazuhito Yamashta


68d58a5d4123bded07d67c78c6e87276Marco
  1. Robert Wyatt
  2. Peter Hammill
  3. Brian Eno
  4. Luis Alberto Spinetta
  5. Sergio Sampaio
  6. Donovan
  7. Edward Ka-Spel
  8. Franco Battiato
  9. Serge Gainsbourg
  10. Yoko Ono
  11. Jorge Mautner
  12. Fausto
  13. Arnaldo Baptista
  14. Roy Wood
  15. Holger Czukay
  16. Erkin Koray
  17. Pascal Comelade
  18. Harvey Mandel
  19. Todd Rundgren
  20. Jo Ann Kelly
  21. Captain Beefheart
  22. Julian Cope
  23. Marian Varga
  24. Peter Blegvad
  25. Terry Riley
  26. Angelo Branduardi
  27. Twink
  28. Todd Dillingham
  29. Mort Garson
  30. Jaime Ross

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  1. Jimi Hendrix
  2. Miles Davis
  3. Bob Dylan
  4. Stevie Wonder
  5. Muddy Waters
  6. Milton Nascimento
  7. Janis Joplin
  8. Eric Clapton
  9. Herbie Hancock
  10. Carlos Santana
  11. Hermeto Pascoal
  12. James Brown
  13. Howlin' Wolf
  14. Caetano Veloso
  15. Chick Corea
  16. Vangelis
  17. John Mayall
  18. Steve Hillage
  19. Jeff Beck
  20. Gilberto Gil
  21. Elton John
  22. Rick Wakeman
  23. Airto Moreira
  24. BB King
  25. Neil Young
  26. Stevie Ray Vaughan
  27. Aretha Franklin
  28. Donovan
  29. Tim Buckley
  30. David Bowie

* Jimi Hendrix, Robert Wyatt e Björk empataram com o mesmo número de pontos. Em uma votação a parte, Hendrix e Wyatt foram escolhidos 

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