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segunda-feira, 15 de junho de 2020

Consultoria Recomenda: blues rock britânico



Por André Kaminski
Tema escolhido por Daniel Benedetti
Com Davi Pascale, Fernando Bueno, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues
Após um tempo parado e um ataquezinho de pelanca em que eu pistolei com os consultores (mas eu tinha motivo, estavam me abandonando), voltamos com o Consultoria Recomenda. Sabem como é, eu sou o Roberto Justus da seção, o Fernando que me substituiu fez o papel de João Dória.
Iremos variar a cada dois meses entre um Recomenda e um Ouve Isso Aqui. Nessa edição, o nosso querido estagiário Daniel Benedetti escolheu um excelente tema e nos mandou recomendar discos de blues rock britânico. Os seis discos desta edição e os comentários de nossos consultores demonstram a absurda qualidade musical que este tão amado estilo proporciona aos seus fãs. Fique a vontade para comentar as nossas indicações e sugerir mais discos de qualidade em nossos comentários.

Spooky Tooth - Spooky-Two [1969]
Por Daniel Benedetti
Passei a ouvir este disco mais atenciosamente quando o encontrei em uma lista gringa sobre álbuns de Blues Rock. Desde então, ele tem sido uma presença constante em minhas audições. Seu estilo rústico - e até mesmo ‘cru’ - traz à tona faixas inspiradas como “Evil Woman” e seus intensos 9 minutos. “Lost in My Dream” é mais sorumbática e contrasta bem com “That Was Only Yesterday”. Mas minha preferida é a ótima “Better by You, Better than Me”, a qual ganhou uma versão metálica do Judas Priest.
André: Esta é uma banda em que sempre me prometo de ouvir com mais atenção mas que acabo sempre adiando. Ótima oportunidade para ouvir um pouco mais deste álbum que segundo dizem os críticos, é o melhor deles. Banda interessante que faz muito uso de órgão Hammond e piano. Duas das canções que mais gostei foram "I've Got Enough Heartaches" com aquele arranjo de vozes excelente e "That Was Only Yesterday" que sabe variar entre a calmaria e a energia surpreendendo com tamanha desenvoltura. Deveria mesmo ter me aprofundado neles antes.
Davi: Descobri essa banda alguns anos atrás por conta do Gary Wright. Gosto do trabalho solo dele, fui buscar informação de onde mais ele havia tocado e caí aqui. Não considero o Spooky Tooth uma banda de blues-rock, embora alguns veículos utilizem o rótulo para definir o som da banda. Na real, eles fazem uma mistura de hard rock, psicodelia, soul, prog e blues. Todos esses elementos estão misturados no caldeirão musical do grupo, criando uma sonoridade única e de enorme qualidade. Nesse trabalho, em específico, gosto muito das faixas “Waitin´ For The Wind”, “Evil Woman”, “That Was Only Yesterday” e “Better By You, Better Than Me”. Foi bacana reescutá-lo, é um belo álbum, mas creio que fuja um pouco do tema...
Fernando: Tenho esse disco e fazia anos que não o ouvia. Que voz de Gary Writh!! O único americano entre uma banda de ingleses. “I've Got Enough Heartaches” é uma lindeza e o que Gary e Mike Harrison fazem juntos em “Evil Woman” é fanstástico. E tem música aqui que o Judas Priest colocou em um de seus álbuns “Better By You, Better Than Me”, com a maestria de sempre. Porém, seria esse disco em que o blues esteja mais diluído dos que aparecem nessa lista?
Mairon: A turma de Gary Wright vez que outra pinta no meu computador. Não tenho nada deles em disco, ou mídias, mas sempre que posso passeio pela carreira da banda, e Spooky Two é um dos meus preferidos. Da parte blues, temos o arranjo vocal gospel de "I've Got Enough Heartaches", o ritmo dançante de "That Was Only Yesterday" e o tour de force de 9 minutos em "Evil Woman", sonzeira fantástica como manda o figurino, e que é o resumo da ópera para o Spooky, com um solo de guitarra fantástico, órgão comendo e arranjos vocais incrivelmente bons. Bons arranjos vocais também aparecem em "Feelin' Bad". A dupla de órgão com Mike Harrison é quase um rival ao Van der Graaf de Peter Hammill e Hugh Banton, e por isso eu coloco o Spooky Tooth com um pezinho no progressivo. Exemplos de inspirações prog estão em "Hangman Hang My Shell on a Tree",  "Lost in My Dream" ou "Waitin' for the Wind". E para os metaleiros de plantão, aqui está o original de "Better by You, Better than Me", que o Judas Priest fez questão de manter igualzinha, apenas dando um pouco mais de peso nas guitarras para substituir os teclados. Baita disco, baita banda!
Ronaldo: O Spooky Tooth não era exatamente um grupo de blues, mas um dos muitos grupos britânicos que tinham o blues como base para a criação de uma nova linguagem de rock. Além de uma pegada mais nervosa do que os pares blueseiros, o grupo tinha uma base forte na soul music e uma ênfase nos teclados que os aproximava do rock progressivo (ou de um som mais eclético, como o Traffic). O disco é, em boa parte, calcado em baladas ou músicas de andamento médio. Essa característica não tem correlação com a qualidade do material apresentado, que é de alto nível – composições cativantes, bons arranjos e vocais de primeira (a dupla Mike Harrison e Gary Wright não brincava em serviço). “Evil Woman”, “Lost in My Dreams” e “Better by You, Better than Me” tem um clima mais denso e sinistro, com riffs de guitarra mais evidente. Em uma cena marcada por bandas que tinham verdadeira devoção pelo blues norte-americano, o Spooky Tooth soa um pouco deslocado, ainda que o disco em questão seja muito bom.

Danny Bryant - Blood Money [2016]
Por André Kaminski
Para diferenciar um pouco dos meus colegas, resolvi indicar este álbum de um britânico mais novo e não tão conhecido por aqui, apesar de já ter uma discografia considerável. Com uma forte influência do blues americano misturado com soul e funk e com uma produção mais moderna, me impressiona muito ouvir ótimas músicas como "Unchained" e o belo sacolejo proporcionado por "On the Rocks". Aliás, como é bom ouvir Bernie Marsden, um dos primeiros guitarristas do início do Whitesnake de volta e solando belamente como sempre.
Daniel: Jamais havia ouvido Danny Bryant e, pesquisando sobre o músico britânico, descobri a existência de sua já longa carreira. Outra boa recomendação. Gostei muito da trinca “Master Plan”, “Slow Suicide” e “Unchained”. A presença do Hammond – e do guitarrista Bernie Marsden – em “Just Won’t Burn” já a transformaram em um grande destaque do disco. Enfim, gostei do álbum e vou passar a acompanhar (e conhecer) a carreira do Danny Bryant.
Davi: Esse cara, eu não conhecia. Gostei bastante. Trabalho de voz diria que correto, mas o trabalho de guitarra é muito bom. Um som tradicional com bastante influência de anos 70, arranjos bem variados. No estilo de tocar, pego bastante influência de Albert King, um 'q' de Stevie Ray Vaughan, mas pego algumas referências de Gary Moore também, como no caso de “Unchained”, por exemplo. Achei muito legal a participação do Bernie Marsden (Whitesnake) em “Just Wont Burn”, mas meus momentos favoritos ficam por conta de “Master Plan”, “Slow Suicide” e “Fool´s Game”. Além da já citada “Unchained”, é claro. Vou procurar ouvir mais algum disco dele.
Fernando: Disco mais novo desses que entraram aqui. Tenho um chute sobre quem o indicou, talvez um consultor que é conhecido por gostar de TUDO e por ter uma coleção gigante. O fato é que é um bom disco, agradável de ouvir, porém falta alguma coisa mais memorável, aquele tipo de coisa que faz a gente ficar cantarolando, uma melodia mais marcante. Alguma coisa.
Mairon: Confesso que desconhecia o trabalho de Danny Bryant até esse recomenda. Bryant apresenta muitas influências de Albert King ("On The Rocks"), Stevie Ray Vaughan ("Fool's Game" e "Master Plan"), Ray Charles ("Unchained"). Bryant toca super bem, o cara é um bom guitarrista de blues, traz bastante feeling, modernão, e faz um blues rock bem comum. Me surpreendi com o resgate de Bernie Marsden em "Just Won't Burn", baladaça bluesy para arregaçar corações, com um duelo de solos muito bom. Gostei do som, mas achei muita mais american blues do que british blues. Se colocasse para tocar, sem dizer que era britânico, jamais iria adivinhar. Bom para conhecer!
Ronaldo: Bom guitarrista contemporâneo de blues-rock. Não acompanho tanto a cena atual do estilo, mas é possível notar por esses e outros trabalhos que os que se aventuram nessa seara atualmente são bem menos puristas que os blues-rockers britânicos dos primórdios. O que se ouve nesse disco é uma grande mistura de diversas vertentes do r&b e da música negra americana, tendo uma pegada frequentemente funkeada nas faixas e baladas embebidas na soul-music. As guitarras são de alto nível, com uma pegada pesada e uma interpretação muito consistente. Há bastante teclado em todas as faixas e, alguns são até um tanto incomuns para o estilo. A instrumental “On the Rocks” mostra o poder de fogo de Bryant e sua banda. Mas no fim das contas, a produção trata de dar ao resultado um verniz mais pop ao trabalho como um todo, o que pode agradar uns e desagradar outros.

Robin Trower - Bridge of Sighs [1975]
Por Davi Pascale
Sempre gostei muito de blues-rock, mas meus artistas favoritos, dentro desse gênero, são, em sua maioria, norte-americanos. Quando pintou o tema fiquei pensando, pensando, pensando... Não queria indicar um disco qualquer, queria indicar “o” disco. Comecei a revirar minha coleção e eis que me deparo com esse CD aqui. Esse é o segundo álbum solo do Robin Trower após sua saída do lendário Procol Harum. Sem grandes frescuras, som honesto, cru e altamente inspirado. Gravado em formato de power trio, o álbum já chama a atenção de cara com o riff impactante de “Day Of The Eagle”. Contando com as mãos de Geoff Emerick (engenheiro de som dos Beatles) e de seu velho parceiro Matthew Fisher na produção, o rapaz entregou um álbum criado na dose certa. Há canções lentas brilhantes como a faixa-título e “In This Place” e canção com riffs arrasa-quarteirão como os de “The Fool and Me” e “Little Bit of Sympathy”. Os solos são perfeitos. James Dewar cantava bem pra cacete e o trabalho de bateria de Reg Isidore era bem eficiente. Ah, muita gente compara o estilo dele tocar aqui com o Jimi Hendrix. Ouça e veja se concorda ou não com a comparação.
André: É um crime pensar no fato do quanto Robin Trower é desconhecido no Brasil. Sujeito extremamente underrated e injustiçado. Nem mesmo em sua terra natal ele teve o reconhecimento que merecia. Pelo menos os Estados Unidos o reconheceram. Aqui tem a melhor faixa da carreira do Trower que é "Too Rolling Stoned", coverizada pelo UFO e que já ouvimos em um War Room passado. Incrível é perceber o esmero por parte do guitarrista em suas composições, das quais claramente se percebe uma dedicação em empolgar o ouvinte. Disco nota 10!
Daniel: Segundo álbum solo de Robin Trower, lançado depois que ele saiu do Procol Harum. Tenho que confessar que havia ouvido este disco há muitos anos e não me recordava dele. “Too Rolling Stoned” é uma porrada nos ouvidos, o ótimo balanço de “Lady Love” contagia, assim como a ‘dolorosa’ guitarra de Trower em “About to Begin”. Ah, claro, a faixa-título é sensacional. Depois que o ouvi novamente, já foram mais diversas audições. Para meu gosto, é o melhor disco da lista.
Fernando: Sabia de sua carreira solo e que esta era bastante de alto nível, mas nunca tinha conhecido o Robin Trower além do Procol Harum. Durante a audição eu notei que conhecia uma das músicas e descobri que a faixa título já foi regravada pelo Opeth. Foi uma ótima experiência e já vou deixar anotado para voltar a ouvir esse disco e os outros, também muito bem avaliados em todos os lugares que pesquisei. Ahhh... ouvi uma versão remaster de 2007 e achei o som fantástico. Fiquei curioso para ouvir em sua versão original.
Mairon: Lembro que quando conheci esse disco, o dono havia assinado na capa a inscrição "O Fantasma de Jimi Hendrix". Eu fiquei impressionado como a guitarra de Trower realmente lembra bastante a de Hendrix, e logo de cara, na ótima "Day of the Eagle", com um riff e um ritmo que iria agradar ao Deus Negro da guitarra, ou na funkeada "The Fool and Me", para mim o melhor som do disco, com um balanço fantástico. Acompanham essas influências "Little Bit of Sympathy", swingada como poucas, e a longa "Too Rolling Stoned", onde as influências Hendrixianas estão presentes em um solo matador de Trower. Porém, não é só de Hendrix que bebe a fonte de Trowe. Há psicodelia em "In This Place", licks vertiginosos em "Lady Love", e claro, muito blues. A faixa-título é o cerne disto, uma aula de blues para ser levada às escolas de música do mundo inteiro, enquanto "About to Begin" é daqueles blues lentos para se chapar com um uísque e só curtir a voz de James Dewar. Aliás, além de um baita guitarrista, o álbum também conta essa voz espetacular de Dewar, que passou pelo Stone the Crows). Curto o álbum, claro, e respeito Trower, com certeza, e por isso, foi uma audição ótima e extremamente bem vinda nesse recomenda.
Ronaldo: Jimi Hendrix foi nascido, batizado e criado no blues. Sua obra, porém, transcendeu em muito as possibilidades oferecidas pelo estilo até então. O impressionante legado do gênio da guitarra gerou uma abordagem totalmente diferenciada no instrumento, que mesclava uma construção inteligente de frases sobre as escalas do blues aliada a uma ferocidade rítmica incomum para os guitarristas de blues. Robin Trower foi um dos ícones do aprofundamento dessa linguagem ao longo dos anos que se seguiram. Mas, novamente, estamos tratando de blues trabalhado e reprocessado com tanta intensidade que é difícil encontrar com clareza os ingredientes originais da mistura. O disco tem um conjunto fantástico de músicas empolgantes, cheias de riffs e solos de guitarra memoráveis, no qual há uma decisiva contribuição dos vocais, do baixo e da bateria. “The Fool and Me” e “Too Rolling Stoned” tem grooves que são impossíveis de enjoar.

Beck, Bogert & Appice - Beck, Bogert & Appice [1973]
Por Fernando Bueno
Álbum de estúdio único desse que um dos grandes supergrupos montados nesse período do rock, todos eles influenciados pelo sucesso do Cream, claro! Chegaram a gravar um álbum ao vivo um ano depois. A versão para “Superstition” de Stevie Wonder com o inesquecível início com o talk box é demais. E o que dizer de “Morning Dew” cantada por Camine Appice? Yes!!! He can sing! O som do trio é todo baseado em baixo, guitarra e bateria, mas em algumas faixas eles tem a participação de Duane Hitchings que também era do Cactus, o que fazia quase como se o Jeff Beck tivesse invadido um ensaio da banda e começado a tocar. Caso, por algum motivo, não tenham interesse no álbum sugiro ouvirem pelo menos “I’m So Proud” para ver o trabalho de voz da banda. Excelente!
André: Beck é britânico, mas dá de se dizer que ele lidera os outros dois americanos em um ótimo registro. Interessante é o fato de Carmine Appice ser o principal vocalista da maior parte do tracklist. Por sinal, é com os vocais dele a maioria das músicas que eu mais gostei. A guitarra e o baixo são muito proeminentes, o que não é necessário citar o fato de que são dois monstros em seus respectivos instrumentos. Para quem curte este blues rock já quase pendendo para o hard, está aí uma ótima sugestão.
Daniel: A fusão do guitarrista do Yardbirds com a ‘cozinha’ do Vanilla Fudge/Cactus. Blues e rock se encontram com uma tremenda pegada hard, em um disco curto, mas extremamente prazeroso de se ouvir. Adoro a faixa “Lady” e os vocais de Carmine Appice nela. O sentido de urgência de “Lose Myself with You” e a pegada de “Livin' Alone” precisam ser destacadas. A interessante versão para “Superstition” é um ‘plus’. Outra boa indicação.
Davi: Esse é outro disco que tenho na minha coleção e já fazia um tempo que não colocava para rodar. Aqui não tem erro, né? Com um time desses não tem como o trabalho ser meia bomba, fala sério. Sempre gostei muito do Jeff Beck. Em especial, os álbuns que gravou ao lado do Jeff Beck Group e do Yardbirds. Carmine Appice, então, nem se fala. Ídolo! Entre as músicas mais lentas, gosto bastante de “Oh To Love You” e “Sweet Sweet Surrender”, que considero muito bonitas, mas os grandes destaques acabam sendo os rockões mesmo. “Black Cat Moan”, “Lady” e “Why Should I Care” são minhas favoritas. Só que, mais uma vez, fico em dúvida se ele se encaixa no rótulo blues-rock.
Mairon: A união de um gênio injustiçado da guitarra com dois remanescentes da genial injustiçada Vanilla Fudge se torna um disco genial injustiçado. Digo isso por que poucos são os que se lembram dessa aula de hard rock entregue pelo BBA nesse álbum. Esqueça as baladaças "Im So Proud", "Sweet Sweet Surrender" e "Oh To Love You" se você deseja só quebrar o pescoço, mas se não, aprecie bastante os vocais de Bogert em ambas. Agora, para quebrar o pescoço, todo o resto de Beck Bogert & Appice é demolidor. Certamente você conhece a versão matadora de "Superstition" que o trio apresenta aqui, o que por si só já vale o disco. Mas há mais. A pancadaria de Bogert e Appice no início de "Lady" é para relembrar os bons tempos da Vanilla Fudge ao vivo, mas a linhagem musical é dos melhores tempos do Cream, principalmente pelos vocais. Outra que lembra bastante o Vanilla Fudge é "Why Shoud I Care", rockzão para sair pulando pela casa, e com Appice fazendo misérias nos dois bumbos. Outro rockaço matador é Livin' Alone", com uma sequência instrumental mágica, que começa com Carmine Appice fazendo rufos sozinho, passa por Bogert solando com distorção e culmina com um belo solo de slide feito por Beck, acompanhado por palmas. Jeff Beck mandando ver com o slide em "Black Cat Moan", e o que ele faz com o wah-wah em "Lose Myself With You" é só para que você entenda por que ele é um gênio. Não diria que é um álbum de blues rock britânico, mas que é um baita disco, ô se é!
Ronaldo: Meus comentários aqui me levam a discordar da abordagem dos meus colegas na adequação dos discos ao tema. Nesse caso, estamos tratando mais de produtos derivados do blues-rock do que de blues-rock per se. Esse é um trio de ferro do rock setentista (2/3 da banda era americano e não britânica) que conseguiu se manter unido apenas por um breve período de tempo, deixando um legado em estúdio abaixo do que rendia nos palcos (muito devido a falta de uma produção que favorecesse o peso de sua execução). Ainda sim trata-se de um grande disco - os primeiros segundos de “Black Cat Moan” já são incríveis e indiscutíveis. Apesar do blues estar implícito em todas as escalas pentatônicas exploradas a exaustão nesse disco, creio haver exemplares bem mais representativos do estilo preconizado na lista.

Savoy Brown - Looking In [1970]
Por Mairon Machado
Não se engane pela introdução virtuosa do violão em "Gypsy", esse disco é uma aula de Britsh Blues. O Savoy Brown é um representante muito forte dessa cena, levado por um timaço que estava fervilhando nessa época. O ritmo avasssaladoramente sensual de "Poor Girl", com um baixo fenomenal e um solo de guitarra fabuloso por Kim Simmonds, o grande nome do Savoy Brown na época, já são os verdadeiros pratos desse discaço. Outra sonzeira extremamente sensual é "Sunday Night". O que Simmonds faz com a guitarra aqui é enlouquecedor. Não há pernas que resistam a ginga do baixo de Tone Stevens. Quer blues raiz, ouça "Take It Easy" e duvido não se imaginar ouvindo os clássicos blueseiros do Mississippi. Que sonzeira!! E encarar os 8 minutos de "Leavin' Again" é uma jornada para se chegar ao fim com as pernas e o pescoço destruídos. Delicie-se com as explorações percussivas da faixa-título, os vocais rasgados de Lonesome Dave em "Money Can't Save Your Soul", com Simmonds brilhando também ao piano, e a elegância instrumental de "Sitting an' Thinking". As congas, aliás, são um charme extra para um disco delirante. Espero que meus colegas apreciem.
André: Essa eu já conheço melhor e este disco é fascinante. O que falar do baixão foda de "Money Can't Save Your Soul"? Uma das minhas canções favoritas deste estilo. Citei só o baixo mas todo o arranjo instrumental desta canção é coisa de gênios. O disco todo é um petardo atrás do outro e a indicação de ouvi-los numa matéria com este tema foi mais do que bem vinda.
Daniel: Sexto álbum de estúdio da banda Savoy Brown e é o primeiro a contar com o ótimo Dave Peverett como vocalista. Gosto bastante da banda e Looking In é, bem possivelmente, meu disco preferido do grupo. Foi ótimo ouvir novamente faixas extasiantes como “Sunday Night”, a guitarra frenética de “Looking In” ou mesmo a melodia maliciosa de “Sitting An’ Thinking”. Ótima indicação!
Davi: Ah, bacana a indicação. Já tem um tempo que estava querendo pegar mais alguma coisa deles para ouvir e não sabia por onde começar. A discografia deles é enorme. Parece que esse é um dos álbuns mais famosos deles. Não sou expert no trabalho do Savoy Brown, mas pelo desenho da capa, esperava um disco um pouco mais pesado, com mais músicas na linha da (ótima) “Poor Girl”. No entanto, não há como negar a qualidade do álbum. Muito bem feito e muito bem tocado, sem dúvidas, mas em uma primeira audição não me empolgou tanto. As que mais gostei foram “Leavin´ Again” e a já citada “Poor Girl”. De todo modo, vou procurar ouvir mais alguns álbuns deles.
Fernando: Conheço quase nada de Savoy Brown. Li algo rápido e vi que nesse álbum eles tiveram que lidar com a saída de seu principal membro e compositor. Mas para mim parece que eles souberam se virar muito bem. O que sei é que com esse antigo membro o som tinha mais jazz nessa mistura e aqui o blues ficou mais evidente. Tenho que ouvir o material anterior, mas, me parece, que não fez falta alguma esse outro ingrediente musical. O que dá para notar é que as músicas são muito mais orientadas pela guitarra e menos para a voz.
Ronaldo: Militantes da cena blues desde muito cedo, o Savoy Brown teve muitas formações e uma longa discografia fortemente calcada no blues. Gradualmente, ao longo dos discos, o blues elétrico do grupo foi adquirindo assinatura própria e se metamorfoseando em algo que desaguou no hard rock. Não tão pesados quanto o Led Zeppelin, mas com muita qualidade e personalidade. O disco em questão situa-se em um momento de inflexão da banda, na qual as fronteiras do blues-rock do grupo estavam se expandido. Há blues de qualidade temperado com outros condimentos em todas as faixas desse bom álbum de 1970. Alguns dos destaques são o groove suave e as maravilhosas guitarras de “Sunday Night” e o clima de jam session da faixa “Leavin’ Again”.

Fleetwood Mac - English Rose [1969]
Por Ronaldo Rodrigues
O Fleetwood Mac, encabeçado por Peter Green, era uma das maravilhosas crias do grupo de John Mayall. Uma das primeiras formações da história do rock a ter três guitarristas na mesma banda (apesar de serem raras as faixas em que os três tocassem guitarra simultaneamente), o Fleetwood Mac tinha por mérito o fato de explorar em detalhes diversas facetas do blues e do r&b americano, seja o blues de Chicago (com a presença de naipe de metais), o fraseado de Elmore James, as transições do blues rural para o elétrico, o sentimentalismo das blues-ballads guiadas por vocais ou os momentos mais cheios de groove do cruzamento entre o blues e o gospel. Como destaques, duas icônicas faixas do período – “Black Magic Woman” (eternizada na versão do Santana, lançada em 1971) e a lindíssima “Albatross”.
André: O Fleetwood Mac que eu gosto é esse daí: blues rock mesmo, com guitarras e energia. Parece outra banda quando comparada ao famoso e, em minha opinião, soporífero Rumours [1977]. Peter Green aqui arrebenta na guitarra e na gaita de boca, além de ser o vocalista que eu mais gosto. O mais que clássico "Black Magic Woman" ainda é o destaque principal do cd. Porém, o disco infelizmente cai no defeito de cansar um pouco na parte final com a pouca variedade instrumental ainda mais se compararmos com os outros discos que foram citados por aqui. No mais, me surpreendeu em saber que a falecida Dona Bizantina da Praça é Nossa (quando jovem) é o Mick Fleetwood. "Apolônio, é você Apolônio!"
Daniel: English Rose foi o segundo álbum da Fleetwood Mac nos Estados Unidos e se trata de uma compilação que reúne faixas do álbum Mr. Wonderful, singles e algumas músicas até então inéditas. "Stop Messin' Round" e "I've Lost My Baby" são destaques óbvios, além da bela instrumental acústica, “Albatross”. Gosto muito de “Black Magic Woman” e de “Love That Burns”, mas minha predileta é a ‘sofrida’ “Something Inside of Me”. Excelente indicação!
Davi: Esse álbum, na verdade, é meio que uma coletânea. É um LP criado para o mercado norte-americano misturando o material de Mr Wonderful com canções de singles e afins. Nos anos 60, tinha muito disso. Beatles, Stones, Hollies, todos esses grupos, a discografia americana difere da inglesa por um período. A capa é uma das coisas mais feias que já vi, mas o disco em si é muito bom. Gosto do estilo deles tocarem. Os arranjos são bem variados, misturando momentos calmos com arranjos mais animados no melhor estilo blues de Chicago."Stop Messin´ ´Round”, “Doctor Brown” e “Albatross” são meus momentos favoritos. E ahhh, os (ótimos) músicos do Fleetwood Mac que me perdoem, mas a versão de “Black Magic Woman” com o Santana é muito mais enigmática.
Fernando: Para que conheceu o Fleetwood Mac ali no Rumors, aquele fantástico disco de rock, é difícil pensar que eles tiveram essa fase totalmente blues. É uma outra banda mesmo. Mas aqui, em ser terceiro disco a banda já dava mostras que tinha outras facetas musicais além do blues como vemos em faixas como “Abatross”. Porém “Doctor Brown” quase nem podemos chamá-la de blues rock pois é quase um blues puro. Bom disco, tenho que voltar a ouvi-lo mais.
Mairon: Coletânea de uma daquelas bandas exemplo de como nós éramos um dia, e você não irá acreditar. Cara, saber que o Fleetwood Mac surge dos Bluesbreakers de John Mayall, tocava esses blues tão fantásticos, e depois virou a choradeira com a entrada da Stevie Nicks e da Christine McVie, me dói na alma. Teve um War Room do Rumours que me falaram para ouvir o Fleetwood Mac raiz, e como é bom ouvir Peter Green comandando os ingleses em blues espetaculares como "Doctor Brown" , com um naipe de metais marcando presença na audição ou em "I've Lost My Baby", aqui com o delicioso slide de Jeremy Spencer. As canções que o naipe de metais aparece são as que mais me agradaram. Que tesão de blues ballad são "Without You", "Love That Burns" (solo de piano emocionante) e "Something Inside of Me", puta que pariu. A última lembrou me muito "Ball and Chain", na versão consagrada pela Big Brother & The Holding Company. As instrumentais "Jigsaw Puzzle Blues" e "Evenin' Boogie" são um êxtase por si só, enquanto a outra instrumental, "Albatross", é uma delicadeza tão sutil que a espinha se arrepiou como uma gata no cio. Há ainda o peso (perto das demais) de "One Sunny Day", a recriação estupenda para "Coming Home", de Elmore James, e os sucessos "Black Magic Woman", consagrada pelo Santana em Abraxas, e "Stop Messin' Round", únicas que eu conhecia de antemão. Desconheço o por que Green saiu do grupo, e como as mulheres entraram para levar o Fleetwood Mac a outro patamar, mas cara, essa coletânea e os dois discos anteriores são realmente muito boas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Podcast Grandes Nomes do Rock # 37: Jeff Beck




Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock

O podcast Grandes Nomes do Rock desse mês homenageia um dos principais guitarristas da história do rock, Jeff Beck. Em duas horas de programa, passearemos pela carreira do músico desde seus tempos no Yardbirds até os dias de hoje, destacando canções de sua carreira solo, canções do Yardbirds, bandas contendo músicos que tocaram ao lado de Beck e um bloco especial com covers gravadas por Beck, e também regravações de composições do inglês por outros artistas. 


Geoffrey Arnold Beck nasceu no dia 24 de junho de 1944, em Wallington, Inglaterra, e desde pequeno teve contato direto com a música. Aos 6 anos, Beck ouviu Les Paul tocando em uma rádio, e ali, decidiu que realmente o que ele queria ser era um guitarrista. Aos dez anos, o garoto era o principal cantor no coral da igreja da sua cidade, e com doze, teve suas primeiras lições de violão e guitarra em um violão emprestado. Insatisfeito de ter de sempre pegar um instrumento para tocar, Beck começou a desenvolver a construção de seu próprio instrumento, através da famosa tentativa e erro. 

O primeiro violão foi construído colando parafusos em uma caixa de charuto, que fazia o corpo do instrumento, e uma parte da cerca de sua casa que fazia a parte do braço, com as asas de uma aeronave de aeromodelagem sendo a mão do instrumento. Posteriormente, ele percebeu que o ideal seria fazer adaptações que facilitariam a forma de tocar, entre elas, adaptar captadores elétricos e transformar o violão em guitarra. 

Após encerrar o ensino médio, Beck ingressou no Wimbledon College of Art, aonde desenvolveu seus dotes como pintor e decorador, especializando-se principalmente na pintura de carros. É na Wimbledon College of Art, através de sua irmã, Annetta Beck, que ele é apresentado ao guitarrista Jimmy Page. Surgia assim uma grande amizade, a qual também foi muito conturbada. 

Com 19 anos, Beck fundou seu primeiro grupo, o The Rumbles, o qual era voltado para covers de Gene Vincent e Buddy Holly. Em 1963, ocorre a primeira gravação de Beck, fazendo o solo na canção “Stealin’”, do grupo The Cyril Davies All Start, sendo essa o lado A da bolachinha, que no lado B traz a faixa “Chuckles”. Ele passou o ano de 64 trabalhando como músico de estúdio, participando de singles gravados por Phil Ryan, Johnny Howard Band e Screaming Lord Sutch. 

Cris Dreja, Jeff Beck, Paul Samwell-Smith, Jim McCarthy e Keith Relf:
o Yarbirds em 1965

Em 1965, Beck aumenta o número de participações. Dessa vez, Beck executa as seis cordas em gravações de Nightshift, Fitz and Startz, Chris Andrews, Stars Charity e Sandy Shaw. Esse grande número de participações, e uma indicação de Jimmy Page, fez com que Beck entrasse no lugar de Eric Clapton no Yardbirds. 

A entrada de Beck no Yardbirds mudou o status do grupo para o mais elevado posto nas paradas americanas e britânicas, batendo de frente (e por muitas vezes ganhando) os grandes Beatles e Rolling Stones, apesar de Beck ter permanecido no grupo por apenas 20 meses. Nesse período, ele gravou o lado A do espetacular Having a Rave Up With The Yardbirds (1965) e o essencial Roger the Engineer (1966), também conhecido como Over Under Sideways Down, nome pelo qual foi lançado nos Estados Unidos. 

Uma das principais composições dessa época é “Still I’m Sad”, uma inovadora faixa, que mistura cantos gregorianos com psicodelia, distinto do que era apresentado por todas as bandas de rock da época. Outras canções clássicas da era Beck em Yardbirds são “I’m a Man”, “Over, Under, Sideways, Down”, “Jeffs Boogie”, “Heart Full of Soul” e “Shapes of Things”, alguns exemplos primordias da importância de Beck para o rock. 

Cris Dreja, Jimmy Page, Jim McCarthy, Keith Relf e Jeff Beck;
formação clássica do Yardbirds

Em setembro de 1966, o Yardbirds chegou no ápice de sua carreira, com a entrada de Jimmy Page para dividir as guitarras com Beck. Um dos momentos mágicos do rock pode ser conferido no filme Blow Up (1966), onde Beck estraçalha a guitarra enquanto Page dá risadas da interpretação artística de seu colega. Infelizmente, o quinteto Yardbirds, que além de Beck e Page, contava ainda com Keith Relf (harmônica, vocais), Cris Dreja (guitarra, baixo, vocais) e Jim McCarthy (bateria), não deixou nenhum registro para a posteridade, pois em novembro de 1966, Beck foi demitido, devido principalmente a seus atrasos e ausências em diversos shows do grupo pelos Estados Unidos, além de seu perfeccionismo e temperamento explosivo. 

Micky Waller, Jeff Beck, Rod Stewart e Ronnie Wood:
primeira formação do Jeff Beck Group
Pós-Yardbirds, Beck mergulhou em uma carreira solo de grande sucesso, primeiramente com os singles “Hi Ho Silver Lining” (uma das raras canções a trazer a voz de Beck) e “Tallyman”, e posteriormente, fundando a Jeff Beck Groupo, cuja primeira encarnação contou com Beck nas guitarras, Rod Stewart nos vocais, Ronnie Wood no baixo, Nicky Hopkins no piano e Micky Waller na bateria. 

Essa formação prontamente entrou nos estúdios da Atlantic, e em agosto de 1968, gerou um dos melhores discos daquele período, batizado Truth. Gravado em apenas quatro datas, nos dias 14, 15, 25 e 26 de maio de 1968, Truth é uma aula de guitarra, e da potência sonora que Beck exalava para o hard rock. Apesar de ser composto apenas por covers, é inegável a qualidade de pérolas como “I Ain’t Supertitious” (de Willie Dixon), “Ol’ Man River” (de Jerome Kern e Oscar Hammerstein”, e claro, os delírios instrumentais de “Beck’s Bolero”, uma obra prima composta por Page e Beck, com inspiração no "Bolero" de Ravel. 

Além desses clássicos, Truth também traz a polêmica “You Shook Me”, uma versão para a peça de Willie Dixon, gravada pelo Led Zeppelin de Jimmy Page cinco meses depois do lançamento de Truth em Led Zeppelin, o álbum de estreia do grupo de mesmo nome, e que até hoje gera controvérsias de quem teria feito a versão encontrada em ambos os álbuns, com Beck defendendo que ele é o responsável pelo arranjo, e Page dizendo que apenas adaptou o que Beck já havia gravado, construindo um novo arranjo. 

O fato é que Truth fez bastante sucesso, chegando na décima quinta posição nos Estados Unidos, e revelando a rouca voz de Rod Stewart para o mundo, além de um jovem Ron Wood executando linhas de baixo, algo que posteriormente, no Rolling Stones, ele deixaria de fazer. 

Jeff Beck, Rod Stewart, Tony Newman e Ronnie Wood

Em julho de 1969, chega às lojas a sequência de Truth, o também espetacular Beck-Ola, trazendo Tony Newman no lugar de Micky Waller. A gravação de Beck-Ola demorou um pouco mais que Truth, agora seis datas em abril de 1969 (3, 6, 8, 10, 11 e 19). Os grandes destaques ficam por conta das versões para “All Shook Up” (Elvis Presley) e “Jailhouse Rock” (Jerry Leiber e Mike Stoller”, além da embalada “Spanish Boots”, onde podemos conferir um pouco mais do baixista Ronnie Wood, e da belíssima instrumental “Girl from Mill Valley”, composta por Hopkins. 

Novamente, Beck alcançava a décima quinta posição nos Estados Unidos. Durante a turnê por este país, incidentes, brigas e o famoso Caso-Woodstock levaram ao fim da primeira geração do Jeff Beck Group em agosto de 1969. Aos que não conhecem o Caso-Woodstock, o Jeff Beck Group estava programado para ser uma das principais do evento, tanto que seu nome aparece nos cartazes promocionais. Porém, Beck desistiu de tocar dias antes do evento começar, desagrando Stewart e Wood. As ofensas foram inevitáveis, com Wood e Stewart sendo demitidos, Hopkins participando do evento como tecladista do Jefferson Airplane e Newman perdido no meio da discussão. 

Rod e Ron ingressaram no Faces, enquanto Hopkins passou a fazer parte do Quicksilver Messenger Service. Já Beck afastou-se temporariamente da música, rejeitando inclusive a oferta de substituir Brian Jones no Rolling Stones (sendo que em 1967, ele já havia recusado o convite para substituir Syd Barrett no Pink Floyd), até sofrer um grave acidente de carro próximo a cidade de Maidstone, em dezembro de 1969. 

Pouco antes do retiro para tratar sua lesão no crânio, causada no acidente, Beck participou do álbum Music from Free Creek, um ousado projeto com renomados artistas como Eric Clapton, Dr. John, Mitch Mitchell e Linda Ronstadt, e que foi lançado em 1973. Beck participa das canções “Cissy Strut”, “Big City Woman”, “Cherrypicker” e “Working in a Coalmine”. O retiro acabou impossibilitando a união de um super grupo, o qual começava a ser planejado, tendo Beck, Tim Bogert (baixo) e Carmine Appice (bacteria). 

A ex-dupla do Vanilla Fudge acabou fundando o Cactus, e Beck cuidou de tratar dos problemas gerados pelo acidente. Quando Beck recuperou-se do acidente, decidiu formar uma nova banda. Primeiro, o guitarrista trouxe para tocar com ele o baterista Cozy Powell, e então, com o auxílio do produtor Mickie Most, Beck e Powell mandaram-se para os Estados Unidos no início de 1970, onde alugaram o renomado Studio A da Motown, localizado em Hitsville. Lá, tendo o auxílio do grupo The Funk Brothers, o trio registrou diversas faixas, voltadas para o funk e a soul music, bem no estilo motowniano, o que inspirou Beck a construir uma formação sólida para tocar esse estilo de música. 

Famoso álbum bootleg da segunda geração do Jeff Beck Group
Em abril de 1971, surgia a segunda encarnação do Jeff Beck Group, contando com Beck, Powell, Alex Ligertwood (vocais), Max Middleton (teclado) e Clive Chaman (baixo), formação essa que entrou nos estúdios ainda em abril. A expectativa era grande para o lançamento do novo álbum de Beck, o qual era barrado por problemas entre Beck e a gravadora RAK. Quando o contrato entre ambos encerrou em maio de 1971, Beck assinou com a Epic, na época, uma subsidiária da CBS. 

Ali, o novo LP começou a tomar forma, aproveitando as músicas gravadas em abril. Porém, Beck não gostou da participação vocal de Ligertwood, e então, saiu em busca de um novo vocalista, cabendo esta tarefa para Bobby Tench (guitarra, vocais). O ex-vocalista do grupo Gass entusiasmou Beck em uma apresentação de seu grupo, e claro, não desperdiçou a oportunidade de tocar com um grande nome do rock como Jeff Beck. 

Essa formação então estreiou vinílicamente em Rough and Ready, lançado em 25 de outubro de 1971 no Reino Unido (09 de janeiro de 1972 nos Estados Unidos). A sonoridade totalmente nova, com influências do soul, rhythm & blues e jazz em nada se assemelhava ao peso da primeira encarnação do Jeff Beck Group, e relevava ainda mais as capacidades musicais de Beck, sendo considerado um sucesso, mesmo com atingindo a modesta quadragésima sexta posição nas paradas americanas. 

Logo após o lançamento nos Estados Unidos, o Jeff Beck Group saiu para uma curta turnê de dezesseis datas pelo país, destacando principalmente as canções de Rough and Ready, com destaque para “Got the Feeling”, “Situation” (ambas lançadas em single) e “New Ways / Train Train”. Vale lembrar que a versão original americana apresenta a canção “Max’s Tune” com o nome "Raynes Park Blues”, o que foi corrigido nas versões posteriores. Talvez o maior destaque desse álbum é que Beck escreveu seis das sete faixas do mesmo, o que não havia acontecido nos álbuns anteriores. 

A estrondosa turnê de Rough and Ready propiciou uma volta aos estúdios para a gravação do segundo álbum dessa encarnação. Tendo agora como produtor Steve Cropper, e a mesma formação do disco anterior, no primeiro dia de maio de 1972 chegava às lojas americanas Jeff Beck Group (09 junho no Reio Unido). Particularmente, considero este o melhor disco da carreira de Beck. Nele, as influências da soul music são ainda maiores do que no seu antecessor, com Beck voltando a trabalhar usando covers, principalmente de artistas da Motown. 

Beck em 1972

Cinco das nove faixas do Disco da Laranja são covers, destacando “Tonight I’ll Be Staying Here With You” (Bob Dylan), “Going Down” (Don Nix) e “I Got Have a Song” (Stevie Wonder). Mas a melhor canção deste LP fica por conta da que o encerra, uma composição de Beck batizada de “Definitely Maybe”, a qual é uma jóia rara instrumental, aonde o guitarrista faz seu instrumento chorar usando o pedal wah-wah cry-baby. Mais uma pequena série de shows e Beck resolve acabar com o Jeff Beck Group, alegando divergências musicais. O fato maior, não revelado na época, é que Beck estava com a cabeça novamente voltada para o hard rock. 

O antigo projeto de montar uma super-banda ao lado de Tim Bogert e Carmine Appica voltava a ser o alvo de Beck, ainda mais por que a dupla já havia saído do Cactus. Os ensaios entre o trio começou no início de 1972, e em agosto daquele ano, já estavam em cima dos palcos, para preencher obrigações contratuais da segunda encarnação do Jeff Beck Group. Nesses shows, além do trio citado, participaram Max Middleton e Kim Milford, o qual foi substituído na sétima apresentação por Bobby Tench, este último permanecendo até o final da turnê. 

Carmine Appice, Jeff Beck e Tim Bogert, um dos principais
power-trios da história

Encerradas as obrigações contratuais do Jeff Beck Group, enquanto os demais membros do Jeff Beck Group criaram o Hummingbird, Beck realizava seu sonho, fundando o power trio Beck, Bogert & Appice, um dos grandes Power-trios da história, ao lado de Cream, Taste, West, Bruce & Laing e Grand Funk Railroad. Em setembro, o BBA estreia oficialmente nos palcos, com Appice fazendo as vezes de vocalista. O poderoso som do trio impressionou os europeus, já que a turnê passou por Reino Unido, Holanda e Alemanha. Com isso, eles chegaram ovacionados nos Estados Unidos, em outubro de 1972, por onde permaneceram excursionando até o dia 11 de novembro daquele ano. 

A partir de dezembro, por pressão de gravadoras e dos fãs, concentram-se na gravação de um LP, o qual é lançado nos Estados Unidos em 26 de março de 1973 (06 de abril no Reino Unido) sob o título de Beck, Bogert & Appice. O som do LP é uma mistura das duas gerações do Jeff Beck Group, mas com uma pegada seminal advinda da cozinha Bogert e Appice. O grande destaque do LP ficou por conta do mega hit “Superstition”, originalmente gravada por Stevie Wonder. Outras canções que merecem destaque são “Oh To Love You”, “Livin’ Alone” e “Black Cat Moan”. Além do trio, participaram do LP Jimmy Greenspoon (piano), Duane Hitchings (mellotron) e Danny Hutton (vocais). Três singles foram lançados: "Black Cat Moan" / "Livin" Alone" (16 de fevereiro de 1972), "I'm So Proud" / "Oh To Love You" (28 de maio de 1973) e "Lady" / "Oh To Love You" (16 dejulho de 1973). O álbum alcançou a posição # 12 nos EUA e # 28 na Inglaterra. 

Beck durante a apresentação no Rainbow Theatre em 1974
Uma extensa turnê de promoção começou no primeiro dia de fevereiro de 1973, com o grupo partindo para uma turnê tocando em pequenos lugares, como salas de concerto e também em universidades pela Inglaterra, encerrando essa pequena temporada com uma apresentação no dia 18 de fevereiro no Top Rank Suite de Cardiff. No dia 20 de fevereiro, fazem uma aparição no programa de TV francês Pop Deux diante de mil pessoas, partindo para um descanso de um mês. 

Voltam a ativa no dia 28 de março de 1973, iniciando uma turnê mundial a partir dos EUA, no Music Hall de Boston, onde Beck utilizou pela primeira vez o talk box, dois anos antes de Peter Frampton explodir com o uso desse equipamento. Após dezessete apresentações pelos EUA, o trio fez o show de encerramento da turnê americana em Winterland, no dia 16 de abril, mais uma vez aclamados por mídia e público. 

Como o palco era o lar do BBA, voltam para uma segunda turnê, começando no dia 26 de maio no Centre Arena de Seattle e encerrando em 8 de junho no Honolulu International do Hawaii, de onde partiram para uma série de shows pelo Japão, iniciada em 14 de junho no Nippon Budokan, e após cinco dias, encerrava a série nipônica no Koseinenkin Hall de Osaka. No dia 03 de julho, o trio dividiu o palco com David Bowie, para tocar “Jean Genie”, “Love Me Do” e “Around and Around”) em um show na Inglaterra. Ainda na Europa, em 8 de julho apresentam-se no circuito anual de festivais de rock europeu, viajando pela Alemanha Oriental, Holanda e França durante uma semana, com o show de encerramento ocorrido em 14 de julho na cidade-luz. 

Em outubro daquele ano, Beck participou das gravações do álbum Lane Changer, de Michael Fennely, além de contribuir na produção do primeiro disco do Hummingbird. O término da turnê mundial seria novamente nos EUA, agora cobrindo a parte oeste e sul do país, passando por estados como Pennsylvania, Carolina do Norte, Flórida, Maryland e Georgia. Porém, no dia 17 de julho Jeff Beck dicidiu deixar o trio, alegando cansaço e falta de motivação para seguir adiante. 

Da turnê japonesa foi lançado em 21 de outubro o LP Live in Japan, o que motivou o trio a se reunir novamente. Assim, em 21 de novembro de 1973 se mandam para uma série de shows que passou pela Inglaterra, tocando em cidades como Brighton, Liverpool, Sheffield, Bristol e Londres, além das escocesas Glasgow e Edinburgo, onde a turnê foi encerrada em 29 de fevereiro de 1974, tocando no Caley Theater. 

Durante a turnê inglesa, registram o show de 26 de janeiro de 1974, realizado no Rainbow Theatre, o qual foi apresentado no programa americano de shows Rock Around the World. Este foi o último registro do BBA, mostrando alguns sons que fariam parte do segundo álbum da banda. Algumas canções aparecem na compilação Beckology, lançada em 1991. 

As sessões de gravação do segundo álbum começaram em janeiro de 1974, porém, brigas internas levaram a separação do trio antes do lançamento do mesmo, que até hoje aguarda um lançamento oficial. Várias cópias piratas circulam pela internet, e é possível perceber que a sonoridade da BBA ainda manteria o padrão do excelente álbum de estreia. 

O segundo álbum não foi lançado oficialmente, mas é possível encontrá-lo através de diversos sites e blogs mundo afora. Do show no Rainbow Theatre, “Blues Deluxe” e “BBA Boogie” foram lançadas oficialmente na caixa Beckology (1991), enquanto em fevereiro de 1975, saiu o álbum Beck, Bogert & Appice Live in Japan, registro da passagem do power trio pelas terras nipônicas, e que foi lançado primeiramente no Japão, em uma edição limitada e rara, e posteriormente na europa e Estados Unidos. 

Meses depois do término do BBA, Beck resolveu voltar para a carreira solo, tendo como banda de apoio o grupo Upp. Por outro lado, o Upp acabou lançando dois interessantes discos com a produção e participação especial de Beck, os raros Upp (1974) e This Way Upp (1975). 

Em outubro de 1974, começam as gravações do primeiro álbum solo da carreira de Beck, mesmo período que Beck chegou a realizar alguns testes para substituir Mick Taylor no Rolling Stones, mas a incompatibilidade de gênios entre Beck e Richards fez com eu o ex-colega Ron Wood assumisse a guitarra, e Beck seguisse em carreira solo. 
Jeff Beck, um mestre inspirador para o mundo das guitarras
Batizado de Blow by Blow, é um dos mais cultuados discos da carreira de Beck. Abrangendo a onda de fusion e jazz que assolava a Europa na metade dos anos 70, o guitarrista, apoiado por Max Middleton (teclados), Phil Chen (baixo) e Richard Bailey (bateria), gerou um dos melhores discos instrumentais da década de 70, inspirando nomes como Dave Murray, Eddie Van Halen e Ritchie Sambora. Vários são os destaques, dentre eles “Thelonius” (com a participação de Stevie Wonder), “Scatterbrain” (trazendo arranjos de George Martin) e “Constipated Duck”. Destaque também para a versão de “She’s a Woman” (original do Beatles). Não à toa, Blow by Blow foi o primeiro disco do guitarrista pós-Yardbirds a chegar entre os cinco mais nos Estados Unidos, atingindo a quarta posição, sendo este até hoje o mais bem sucedido disco da carreira do músico. 

Uma longa turnê começou nos Estados Unidos, após um pequeno show em Londres, no dia 29 de Março de 1975. Durante abril e maio, Beck tocou abrindo para a Mahavishnu Orchestra, naquelas datas que muitos dizem terem sido os melhores shows que o guitarrista já fez, apesar do famoso incidente no show de Ohio, Cleveland, onde o talk box do guitarrista falhou durante a apresentação de “She’s a Woman”, e para piorar, uma corda se quebrou pouco depois. Revoltado, Beck destruiu a guitarra e o talk box em pleno palco. 

Outro ponto relevante dessa turnê foi a participação do World Rock Festival, do mestre Yuya Uchida, realizado no dia 07 de agosto de 1975, no Japão. Beck interpretou sete canções, além de uma performance instrumental arrasadora entre bateria e guitarra (na companhia de Johnny Yoshinaga) e uma viagem de ida com o baixista Feliz Pappalardi (Mountain) e o vocalista Akira “Joe” Yamanaka (ex-companheiro de Yuya na Flower Travellin’ Band). 

Após a maratona de shows, Beck partiu para gravar seu segundo álbum solo. Seguindo a mesma linha de Blow by Blow, Wired chegou às lojas em maio de 1976, e é mais um grande disco instrumental lançado pelo guitarrista. Dessa vez, Max Middleton (teclados), Jan Hammer (teclados), Wilbur Bascomb (baixo), Narada Michael Walden (bateria), Richard Bailey (bateria) e Ed Greene (percussão) auxiliaram na criação de petardos como “Blue Wind”, “Led Boots”(uma interessante homenagem ao Led Zeppelin), “Sophie” e a fantástica versão para “Goodbye Pork Pie Hat”, de Charles Mingus. 

Jan Hammer e Jeff Beck: monstros do fusion em 1977

Apesar de não ter se saído tão bem quanto Blow by Blow (Wired alcançou a décima sexta posição na Billboard), é um grande disco, que deve ser buscado por todos os apreciadores de guitarra e jazz rock. A turnê de promoção foi feito ao lado da Jan Hammer Group, contando com Jan Hammer (teclados), Tony Smith (bateria), Fernando Saunders (baixo) e Steve Kindler (violino, cordas). Dessa turnê, saiu Jeff Beck with the Jan Hammer Group Live, lançado em 1977, o primeiro disco ao vivo gravado por Beck oficialmente. 

Esse também foi o último disco do guitarrista na década de 70, já que os altos impostos ingleses o mandaram para viver nos Estados Unidos durante um ano. Mesmo com alguns ensaios em um ambicioso projeto envolvendo o baixista Stanley Clarke e o baterista Gerry Brown (que infelizmente não passou de alguns ensaios), Beck teve como grande momento durante três anos uma excursão de três semanas tocando no Japão, em novembro de 1978, na companhia de Stanley Clarke, Tony Himas (teclados) e Simob Phillips (bateria). 

Lentamente, a vontade de gravar um novo disco foi contagiando Jeff, e no final de 1979, estava finalizado seu terceiro disco solo. There and Back foi lançado em junho de 1980, tendo algumas lembranças da época de Wired e Blow by Blow, mas adaptando-se aos sons dos anos 80. O line-up é o mesmo da turnê pelo Japão, à excessão do fato de Mo Foster ter substituído Stanley Clarke. Destaques nesse álbum ficam por conta de “Star Cycle”, “The Pump” e “Space Boogie”. There and Back atingiu a vigésima primeira posição nos Estados Unidos, tendo uma longa turnê por Japão, Reino Unido e Estados Unidos. 

Beck e Clapton, dividindo o palco nos anos 80

Os anos 80 começaram com Beck dividindo o palco ao lado de Eric Clapton, Sting, Phil Collins, Bob Geldof, Donovan entre outros, em uma série de concertos pela Anistia Internacional. Beck também participou de outra ação beneficente, o ARMS CONCERT, em busca de doações para pessoas com esclerose múltipla, que pode ser conferido hoje no DVD ARMS Charity Concerts, onde em mais um dos momentos mágicos da música, Jimmy Page, Eric Clapton e Jeff Beck dividiram as atenções durante “Layla” e “Tulsa Time”, sendo esta a única vez que os três guitarristas do Yardbirds tocaram juntos. 

Rod Stewart e Jeff Beck em 1984

Após os shows beneficentes, o guitarrista afastou-se novamente da música, até julho de 1985, quando ressurgiu com Flash, seu quarto álbum de estúdio, dessa vez trazendo diversos vocalistas convidados, com destaque para Rod Stewart interpretando a versão para “People Get Ready”, original de Curtis Mayfield. Mais um disco bem sucedido, permanecendo oito semanas entre os cincoenta mais bem vendidos nos Estados Unidos, apesar da sonoridade pop. Outro destaque fica por conta de “Escape”, a qual recebeu o prêmio Grammy de melhor música instrumental de 1985. “People Get Ready” foi um dos três singles do LP. Os outros dois foram “Get Us All in the End” e “Wild Thing” (esse último gravado mas não incluído no álbum). 

Terry Bozzio, Jeff Beck e Tony Himas
Mais quatro anos se passaram até que Beck desse as caras novamente, agora com Jeff Beck’s Guitar Shop, lançado em outubro de 1989. Nele, é retomado a época do power trio, contando com a participação de Tony Himas (teclados) e Terry Bozzio (bateria). Carregado pelo single de “Stand on It”, Jeff Beck’s Guitar Shop recebeu o Grammy de Melhor Disco de Rock Instrumental de 1989, e é sem dúvidas o melhor disco de Beck nos anos 80. Os longos anos afastados do palco se deveram principalmente por Beck ter problemas de audição, ouvindo zumbidos ao invés de sons. Tratamentos foram feitos nesse período, mas ainda hoje, ele sofre com alguns barulhos. 

Com apenas cinco discos em carreira solo, Beck entrou nos anos 90 voltando aos anos 60, sendo músico acompanhante em discos de nomes como Roger Waters (Amused to Death, de 1992) e Kate Bush (The Red Shoes, de 1993). O grande destaque porém ficou por conta do lançamento da caixa de três CDs Beckology, trazendo raridades desde o período com o The Tridents (pré-Yardbirds) até as sessões de gravação de Jeff Beck’s Guitar Shop

Ele gravou a trilha sonora para o filme Frankie’s House (1992) e o ótimo Crazy Legs, um tributo ao grupo Gene Vincent and the Blue Caps, lançado em 29 de junho de 1993, aonde o guitarrista apresenta dezoito clássicos da carreira de Gene Vincent, acompanhado pelo grupo The Big Town Playboys, formado por Mike Sanchez (vocais, piano), Adrian Utley (guitarra), Ian Jennings (baixo), Leo Green (saxofone) e Clive Deamer (bateria). 
Você, ouça esse podcast

Ainda em 1993, Beck acompanhou Paul Rogers no álbum Muddy Water Blues: A Tribute to Muddy Waters, e nesse mesmo ano, uma participação especial em um show do Guns N’ Roses acabou sendo frustrada novamente pelos problemas de audição do músico, levando-o a afastar-se novamente dos palcos e estúdios por seis anos. Em 1995 foi lançada a coletânea Best of Beck, indicada apenas para completistas. 

Somente em 1999 o mundo voltaria a ouvir um album inédito do ingles. Who Else!, acompanhado por Pino Palladino (baixo), Bob Loveday (violino), Steve Alexander (bateria) e Simon Wallace (sintetizador), além da presença de outros nomes como Jan Hammer, Manu Katché e Clive Bell. A sonoridade é uma mescla de eletrônicos com fusion, e os principais destaques ficam por conta de “Psycho Sam”, “Space for the Papa” e “THX138”. 

Beck nos anos 2000

Em 06 de fevereiro de 2001, You Had It Coming foi lançado, com destaque para a bela “Dirty Mind”, a qual recebeu o Grammy de Melhor Performance de Rock Instrumental daquele ano. Outros destaques ficam por conta de “Earthquake” (composta por Jennifer Batten) e a bela recriação para “Rollin’ and Tumblin’’, de Muddy Waters. O som é ainda mais eletrônico, principalmente pelo uso de programações e a ausência de bateria. 

Mantendo uma regularidade de um álbum a cada dois anos, em 05 de agosto de 2003 sai Jeff, misturando hard rock, jazz, fusion e música eletrônica, tendo destaque as faixas “Plan B”, “Trouble Man”, “Bulgaria” e “JB’s Blues”. Jeff gerou o quarto Grammy para Beck, novamente como Melhor Performance Instrumental, dessa vez por conta de “Plan B”. 

Após uma turnê abrindo para B. B. King, e de ter participado do Crossroads Guitar Festival de 2004, Beck afastou-se de novo do mundo da música. Em 2006, foi lançado o primeiro de dois bootlegs oficiais, chamado Live at BB King Blues Club, o qual foi gravado ao vivo em 2003. No ano seguinte, Official Bootleg Live USA ’06 complementou uma série que ainda prevê lançamentos inéditos ao vivo da carreira de Beck. Já em 2007, Beck acompanhou Kelly Clarkson na gravação de “Up to the Mountain (MLK Song)” para um episódio da série American Idol. 

Em 10 de novembro de 2008, Live at Ronnie Scotts apresentou um show do guitarrista em 2007, na companhia de Jason Rebello (teclados), Vinnie Colaiuta (bateria) e Tal Wilkenfeld (baixo), que gerou mais um Grammy para Beck, dessa vez com a versão de “A Day in the Life”. 

O guitarrista homenageando Les Paul

A participação na faixa “Black Cloud” do disco Years of Refusal (Morrissey) e a indução à Calçada da Fama são os principais momentos no ano de 2009, para no ano seguinte, nascer o seu último disco de estúdio até então, Emotion & Commotion, lançado em abril de 2010 e apresentando covers para “Corpus Christi Carol”, “Over the Rainbow” e “Nessun Dorma”. O principal destaque porém é para a participação de uma orquestra em diversas faixas, que colocaram mais uma vez Beck entre os vinte mais vendidos nos Estados Unidos, chegando na décima primeira posição. “Nessun Dorma” ganhou o Grammy de Melhor Performance de Pop Instrumental, enquanto “Hammerhead” recebeu o Grammy de Melhor Performance de Rock Instrumental. 

Jimmy Page e Jeff Beck, ao vivo
Ainda em 2010, Beck participou do álbum The Imagine Project, ao lado de Seal, Pink e Herbie Hancock, entre outros, recebendo mais um Grammy em 2011 por melhor performance vocal na faixa “Imagine”. A partir de então, saiu em uma longa excursão mundial, tendo uma super banda de apoio, com Narada Michael Walden (bateria), Rhonda Smith (baixo) e Jason Rebello (teclados). Essa formação gravou Live and Exclusive from the Grammy Museum, em 22 de abril de 2010, para um público seleto de 200 pessoas, com o álbum sendo lançado em outubro do mesmo ano. 

Já em 22 de fevereiro de 2011, o CD/DVD Rock & Roll Party: Honoring Les Paul, gravado ao vivo em 09 junho de 2010, homenageou este que é uma das maiores influências de Beck, um grande nome do rock, eleito quinto maior guitarrista de todos os tempos pela Rolling Stone, e também um dos mais influentes músicos da história. 

Discografia completa de Jeff Beck

Track list Podcast # 36 – Roger Waters 

Bloco 1 
Abertura: “Go Fishing” [do álbum The Pros and Cons of Hitchiking - 1984 (Roger Waters)] 
“Take Up Thy Stethoscopy and Walk” [do álbum The Piper at the Gates of Dawn - 1967 (Pink Floyd)] 
“Set the Controls for the Heart of the Sun” [do álbum A Saucerful of Secrets - 1968 (Pink Floyd)] 
“Grantcheaster Meadows” [do álbum Umma Gumma - 1969(Pink Floyd)] 
“Pigs” [do álbum Animals - 1977 (Pink Floyd)] 
“In the Fletcher’s Memorial Home” [do álbum The Final Cut - 1983 (Pink Floyd)] 

Bloco 2 
Abertura: “Radio Waves” [do álbum Radio K.A.O.S. - 1987 (Roger Waters)] 
“Give Birth to a Smile” [do álbum Music from The Body - 1970 (Roger Waters)] 
“The Pros and Cons of Hitchiking part 10” [do álbum The Pros and Cons of Hitchiking - 1984 (Roger Waters)] 
“Towers of Faith” [do álbum When the Wind Blows - 1986 (Roger Waters)] 
“Home” [ do álbum Radio K.A.O.S. - 1987 (Roger Waters)] 
“Perfect Sense Part I & II” [do álbum Amused to Death - 1992 (Roger Waters)] 
“Each Small Candle” [do álbum In the Flesh Live - 2000 (Roger Waters)] 

Bloco 3 
"Watching TV" [do álbum Amused to Death - 1992 (Roger Waters)] 
“I don’t Know Satisfaction” [do álbum Fresh - 1973 (Sly & The Family Stone)] 
“Young Americans” [do bootleg Live in the 70's - 1974 (David Bowie)] 
“Why does Love Got to be So Sad” [do álbum Layla and Other Assorted Love Songs - 1970 (Derek and the Dominoes)] 
“Indoor Games” [do álbum Lizard - 1971 (King Crimson)]
“Jody” [do álbum Rough and Ready - 1972 (Jeff Beck)] 

Bloco 4 
Abertura: “Knockin’ on Heaven’s Door” [do álbum Music from The Dybbuk of The Holy Apple Field - 1998 (Roger Waters)] 
“Across the Universe” [do álbum Tribute to John Lennon - 1985 (Roger Waters)] 
“Astronomy Domine” [do álbum Nothingface - 1989 (Voivod)] 
“Ibiza Bar” [do álbum Replicants - 1995 (Replicants)] 
“Have a Cigar” [do EP Miscellaneous Debris - 1992 (Primus)] 
“In the Flesh” [do álbum The Wall Live in Berlin - 1990 (Scorpions)] 

Encerramento: “Ça Ira – Act III” [do álbum Ça Ira - 2005 (Roger Waters)]


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