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quinta-feira, 18 de julho de 2024

Vários Artistas - The Bridge School Concerts Vol. One [1997]

Em 1986, o casal Neil e Pegi Young fundaram a The Bridge School, uma organização sem fins lucrativos que ajuda crianças com problemas físicos e de fala, incluindo paralisia cerebral. A ideia veio após o nascimento do filho do casal, Ben Young, que nasceu com a doença. O casal buscava por escolas que auxiliassem o menino a se desenvolver, mas acabaram esbarrando e frustando-se com o que havia no geral, e assim, criaram a organização. Apoiados por diversos amigos, principalmente Jim Foreder e Dr. Marilyn Buzolich, os Young passaram a realizar uma série de concertos beneficentes para angariar fundos, os quais foram batizados de The Bridge School Concerts, os quais ocorreram anualmente entre 1986 e 2016, a maioria no Shoreline Amphiteather na Califórnia (somente em 1987 o concerto não foi realizado), até que em 2017, com o divórcio do casal, os shows deixaram de ocorrer. 

Em 1997, comemorando os dez anos da fundação da organização, saiu uma compilação com algumas das principais atrações que participaram dos eventos, através do CD The Bridge Concerts Vol. One. São 15 músicas no total, com vários artistas que trazem versões acústicas bem especiais e raras, e que alegram os fãs que curtem ouvir velhos clássicos de uma maneira um tanto quanto diferente (os anos das apresentações registradas acompanham o nome da faixa no track list abaixo).

Neil Young, Pegi Young e seus filhos

O CD começa com o próprio Yong, empunhando violão e gaita para mandar ver em uma bela versão de "I Am a Child", rara canção que saiu na coletânea tripla Decade. Seguimos com Tom Petty e "Shadow of a Doubt (A Complex Kid)", oirignalmente registrada no álbum Damn The Torpedoes (1979). É impressionante como o estilo de cantar de Petty lembra muito o de Bob Dylan e o destaque aqui é a velocidade do ritmo do violão. Ambas apresentações são de 1986. Da apresentação de 1988, temos a espetacular Tracy Chapman trazendo seu vozeirão e o violão para entoar uma das peças mais belas do CD, "All That You Have is Your Soul", que viria a aparecer no ano seguinte no álbum Crossroads. Aqui, temos um dedilhado é encantador, assim como a fabulosa e emotiva interpretação da cantora, que vivia o auge de sua carreira. 

O CD pula para 1995, com o The Pretenders, acompanhados da The Duke String Quartet (quarteto formado por dois violinos, viola e cello) fazendo uma animada versão de "Sense of Purpose", do álbum Packed! (1990), mas que ficou mundialmente conhecida pela versão igualmente acústica, mas sem cordas, de The Isle of View (1995). Seguimos no mesmo ano com Beck e "It's All In Your Mind", faixa que é a que menos me atrae no CD. O problema na de Beck para mim é sua interpretação morosa demais. Voltamos para 1993, e a surpreendente "The Road's My Middle Name", um fantástico blues saído das entranhas de nada mais nada menos que Bonnie Raitt, a qual além de cantar super bem, manda ver nos riffs e arpejos de blues, acompanhada pelo baixo e vocais de Johnny Lee Schell. O solo de Raitt aqui é outro ponto muito alto do CD.

David Bowie, em apresentação no The Bridge Concerts

Don Henley resgata "Yes It Is" do repertório beatle, com um belo arranjo vocal ao lado dos amigos Danny Kortchmar, Timothy B. Scmit, John David Souther e Jal Winding, levando o ouvinte novamente para o ano de 1986. Já do show de 1994, surge uma das faixas que mais surpreende em todo o CD, a qual é a adaptação de "Friend of the Devil", do Grateful Dead, que o Ministry faz. A banda, famosa por suas experimentações eletrônicas, e pais do metal industrial, surge totalmente despida, com Al Jourgensen sacudindo o violão, cantando a la Bob Dylan e mandando ver nesse veloz country rock totalmente incomum na discografia da banda. Certamente uma das melhores do disco. Os grandes Paul Simon e Art Garfunkel, acompanhados de banda, fazem uma interpretação visceral para "America", lindíssima, retirada do show de 1993. Para quem é fã do Yes, e nunca ouviu a versão original, certamente irá se surpreender com a delicadeza vocal da dupla. 

Outro ponto de ápice do CD vem com David Bowie e a fabulosa interpretação de ""Heroes"", do show de 1996, ao lado de Reeves Gabrels no violão e Gail Ann Dorsey no baixo e vocais. O interessante aqui são algumas adaptações que Bowie faz a letra original, como inserindo um trecho onde fala sobre problemas com álcool". O grandioso Pearl Jam apresenta, também do show de 1996, "Nothingman", de Vitalogy, numa bela versão acústica que nos remete, claro, a antológica apresentação da banda no Unpluged MTV. Já as irmãs Ann e Nancy Wilson vêm em 1993 com o projeto paralelo ao Heart, Lovemongers, fazendo uma versão fenomenal para "The Battle of Evermore", do Led Zeppelin. Para quem se entusiasma e/ou se emociona ao ver Robert Plant chorando ao ouvir a dupla cantando "Stairway To Heaven" no famoso concerto na Kennedy Center Honors, em dezembro de 2012, ouça o que elas fazem aqui e entendam um dos motivos de por que elas foram as escolhidas para fazer tal apresentação, com Nancy, em especial, dando um show a parte no mandolin, e claro, rememorando os doces vocais de Sandy Denny, deixando para a irmã o papel de Robert Plant.

Neil, Ben, Pegi e grande elenco em uma das apresentações

Depois do auge com as irmãs Wilson, a reta final cai um pouco, com Nils Lofgren e uma chorosa versão para "Believe", do show de 1991, destacando a participação especial da harmônica e vocais de Neil Young, Elvis Costello e a clássica "Alison", do show de 1990, e para levantar o ânimo da galera, Patti Smith e o mega-clássico "People Have The Power", da apresentação de 1996. Todas as faixas são ok, mas sério, depois da trinca Bowie, Pearl Jam e Lovemongers, o CD não necessitava seguir. 

Um volume 2 estava previsto, mas nunca saiu. Em 2016, a iTunes lançou um conjunto com 6 volumes com nada mais nada menos 80 canções retiradas das apresentações de 86 a 2016, mas daí já é outro tipo de prazer auditivo comparado com esse CD que facilmente você encontra em balaios e feirinhas de vendedores por um precinho especial, e que vale a pena levar para casa até para preencher aquele espaço que os colecionistas curtem de ter tudo que seu ídolo lançou. 

Contra-capa do CD

Track list

1. Neil Young – I Am A Child (1986)

2. Tom Petty – Shadow Of A Doubt (A Complex Kid) (1986)

3. Tracy Chapman – All That You Have Is Your Soul (1988)

4. The Pretenders & Duke String Quartet – Sense Of Purpose (1995)

5. Beck – It's All In Your Mind (1995)

6. Bonnie Raitt – The Road's My Middle Name (1993)

7. Don Henley – Yes It Is (1986)

8. Ministry – Friend Of The Devil (1994)

9. Simon & Garfunkel – America (1993)

10. David Bowie – "Heroes" (1996)

11. Pearl Jam – Nothingman (1996)

12. Lovemongers – Battle Of Evermore (1993)

13. Nils Lofgren – Believe (1991)

14. Elvis Costello – Alison (1990)

15. Patti Smith – People Have A Power (1996)

sábado, 19 de outubro de 2019

Ouve Isso Aqui: O rock ao vivo de 1979

 




Por André Kaminski

Tema escolhido por Ronaldo Rodrigues

Com Davi Pascale e Mairon Machado

1979 é marcante por ser um momento de agigantamento do rock, ainda que os nomes que dominaram o fim dos anos 60 e a década corrente toda estavam saindo de cena ou experimentando uma incômoda sinuca conceitual. Novos nomes do chamado rock de arena estavam a mil por hora e as bandas produziam sons sob medida para o público já maduro do rock ouvir em seus rádios e carros. O rock estava cada vez mais distorcido, acelerado e intenso, pavimentando o heavy metal oitentista, abandonando gradativamente uma instrumentação muito elaborada e indo mais direto ao ponto. Essa lista tenta capturar, em discos ao vivo, um pouco da riqueza musical do período.



UK – Night After Night

Ronaldo: O UK iniciou-se como um quarteto estelar, mas pouco meses depois da estreia foi convertido a um poderoso trio com a presença do baterista Terry Bozzio. Uma repaginação também foi trazida pelo baterista, dando um gás extra na parte musical da banda. Esse álbum captura passagens da banda pelo Japão e é, na opinião de muitos apreciadores, o melhor momento da banda, já que praticamente tudo neste disco ao vivo é melhor do que nas respectivas versões de estúdio. A pegada da banda é mais poderosa, Eddie Jobson mostra que fazia miséria com seus vários teclados e não precisava de overdubs e que John Wetton era absolutamente soberano em sua posição de baixista/vocalista. Essa energia adicional na performance fez com que a blenda pop-progressivo de arena da banda funcionasse perfeitamente. O disco é recheado de maravilhosos momentos instrumentais e um entrosamento apenas possível para músicos de altíssimo calibre. As versões de “Nothing to Loose” e “Time to Kill” (em explosiva interpretação progressiva à la ELP) figuram fácil entre as melhores coisas gravadas em 1979.

André: Não tem muito o que falar dessa bandaça ao vivo. Que desempenho sensacional do tecladista Eddie Jobson. John Wetton no baixo e vocais e Terry Bozzio na bateria não deixam por menos. Um petardo atrás do outro. Rocks incríveis e detalhe para a ausência de guitarras. Que por sinal, não fizeram nenhuma falta.

Davi: Eis uma banda que nunca tinha parado para ouvir. Claro que conheço os músicos envolvidos. Especialmente o John Wetton (quem sempre admirei pelo trabalho no Asia, especialmente) e o Terry Bozzio. Esse já gravou com meio mundo e tem uma técnica e uma precisão impressionante.O tecladista e violinista Eddie Jobson completava o lineup. Aqui, não tinha guitarrista, mas dei uma pesquisada sobre os caras e vi que o Allan Holdsworth toca no primeiro álbum. Com certeza, pegarei para ouvir em breve. Voltando ao álbum, gostei bastante da sonoridade da banda. Como de se esperar, o som dos caras é bem progressivo. O lado B é onde estão as músicas com mais improviso, onde se fazem valer como destaque “Alaska” e “Time to Kill”. Essa última com grande influência de Yes nos arranjos. No lado A, as interpretações são um pouco mais contidas. Claro que existem algumas quebradas de tempo aqui e ali, mas nada muito viajado. Inclusive, algumas canções como “Night After Night” e “Nothin´ to Lose” trazem um acento pop no trabalho vocal. Disco muito bom que, muito provavelmente, entrará para minha coleção em breve.

Mairon: No final dos anos 70, muitos dos anfitriões do rock progressivo começaram a reformular seu som, levando ao que hoje conhecemos como AOR. O UK é um dos precursores desse estilo. Uma super banda formada inicialmente por John Wetton, Eddie Jobson, Bill Bruford e Allan Holdsworth (que time), que lançou o impecável U. K. em 1977, mas acabou separando-se após a estreia. Com Terry Bozzio substituindo Bruford, e sem as guitarras de Holdsworth, lançaram Danger Money (1978) e esse ao vivo, o qual registra as apresentações no Sun Plaza e no Seinen Kan de Tóquio. Com duas inéditas (“Night After Night” e “As Long As You Want Me Here”), e faixas dos dois primeiros álbuns, o U. K. apresenta-se como um embrião de Asia, conforme atestam “Caesar’s Palace Blues”, “Nothing To Lose” ou “Rendezvous 6:02”, tendo o diferencial o uso de sintetizadores e do violino elétrico de Jobson, o dono de tudo por aqui. Na verdade, essas são as principais atrações de Night After Night, sendo impossível não apreciar Jobson em faixas trabalhadas como “Alaska” (quebradeira fenomenal), “Time to Kill”, e principalmente, as influências clássicas do loiro na dupla “Presto Vivace” / “In The Dead Of Night”, essa última forte candidata a melhor faixa da banda. Curiosamente, essas duas faixas são do disco de Bruford, talvez por isso mesmo eu as curta mais. Confesso que já gostei mais desse disco, mas ouvi-lo novamente, depois de um bom tempo sem passar na vitrola, trouxe uma nostalgia que até me arrancou uma lágrima aqui.


Queen – Live Killers

Ronaldo: O Queen já estava no topo (ou muito perto dele) do rock naquele fim dos anos 70, sendo um dos principais representantes do rock de arena na Inglaterra. Esse disco ao vivo representa com toda a propriedade o poder de fogo da banda ao vivo. Os 4 músicos estavam em um nível de entrosamento que apenas bandas em seu ápice conseguem transparecer com tanta voracidade. E é possível perceber o quanto um disco ao vivo é bom quando as versões ao vivo superam as equivalentes em estúdio. No palco, todas as plumas e excentricidades dos discos de estúdio ficam pra trás e uma descarga de distorção golpeia o ouvinte nas poderosas versões de “Let Me Entertain You”, “Bicycle Race”, “Now I’m Here”, “Don’t Stop Me Now” e “Brighton Rock”. Um desfile de clássicos do Queen setentista captado magnificamente. Até mesmo as baladas e piano-rocks ganham uma dose extra de agressividade e vigor. Indispensável!

André: Interessante a diferença entre o Queen de estúdio e ao vivo. No primeiro, temos uma banda cheia de traquejos instrumentais, sonoridades inovadoras, ritmos inesperados e uma pomposidade que deixa tudo mais épico. Mas ao vivo a banda era visceral. Rock das entranhas mesmo, com Brian May socando riffs de guitarra e Roger Taylor judiando da bateria. É inexplicável as razões do disco na época ter sido tão criticado. Amei a versão de “39” desse disco.

Davi: O Queen sempre foi uma banda enigmática. Nos álbuns de estúdio, nunca se sabia o que iriam aprontar. A criatividade dos caras não tinha fim. Ao vivo eram um caso à parte. A banda era conhecida por seu profissionalismo acima de tudo. Sendo assim, um álbum ao vivo do Queen é uma audição quase obrigatória. O Live Killers marca o fim da fase mais visceral, antes de começarem a experimentar mais a fundo a sonoridade mais pop. O show é marcado pela voz marcante de Freddie Mercury e o som inconfundível da guitarra de Brian May. O repertório mistura clássicos como “Keep Yourself Alive” e “Tie Your Mother Down” com lados B como “Get Down, Make Love” e “I´m In Love With My Car”, todas interpretadas com uma garra fora do comum. O set acústico se destaca pelas belas versões de “39” e “Love of My Life”. Não há como deixar de citar ainda o número “Brighton Rock”, com o belo solo de Brian May, além da ótima versão do clássico “Now I´m Here”. Obrigatório!

Mairon: Cara, lembro até hoje da primeira vez que ouvi Live Killers. Havia juntado uns trocos e fui comprar o disco por 15 reais (caríssimo na época), e escolhi este por causa de “Bohemian Rhapsody”. Lembro que sai da loja correndo, e acabei tropeçando, me espatifando no chão, mas o disco, graças a Freddie Mercury, não quebrou. Quando eu coloquei o lado A na vitrola, e saiu a explosão da versão pesada de “We Will Rock You”, seguida pela pancada de “Let Me Entertain You”, eu me assustei: “Cara, isso era o Queen?”, pensei … “Death on Two Legs” dá ainda mais peso para Live Killers, e assim, resistir a algo tão espetacular foi inútil para quem tinha uns 10 anos de idade. Então, começa uma espécie de medley, com “Killer Queen”, “Bycicle Race”, dois grandes clássicos, Roger Taylor soltando a voz em “I’m In Love With My Car”, as viagens de “Get Down, Make Love”, cara, eu tava no paraíso. Nem sentia a delicadeza “You’re My Best Friend”. O lado B vinha com uma pegada acústica (“Dreamers Ball”, “Love of My Life” e “’39”), entremeadas por duas pancadas (“Now I’m Here” e “Keep Yourself Alive”). Nessas alturas do campeonato, depois de ter ouvido o público cantando “Love of My Life”, Mercury brincando com a voz em “Now I’m Here”, e minha air guitar ter derrubado muita coisa no quarto, eu não estava mais no paraíso, eu estava realmente lá no dia da gravação do disco. Quando o Lado C foi para a agulha, e “Don’t Stop Me Now” estourou as caixas de som, seguida pela magnífica interpretação de “Spread Your Wings”, e deixando o gol aberto para que Brian May metesse para a rede em “Brighton Rock”, ali eu vi que o Queen era a maior banda de todos os tempos, e desde então, isso nunca mais modificou-se em minha cabeça. Há, ainda o lado D, o mais “fraquinho” do disco, já que tem só “We Will Rock You” na sua versão original, “We Are The Champions”, “Bohemian Rhapsody”, “Tie Your Mother Down” e “Sheer Heart Atack”, causando um verdadeiro ataque de coração com tamanha vitalidade, energia, tudo o que o rock ‘n’ roll pode entregar de bom. Se fudê Ronaldo, que baita indicação!!!


UFO – Strangers in the Night

Ronaldo: O álbum parece uma coletânea e consta de inúmeras listas de melhores álbuns ao vivo de toda a história do rock. Não a toa! o UFO neste álbum é puro veneno e colocou no palco dessa apresentação em Chicago o seu melhor repertório e sua melhor performance possível. As guitarras são nítidas e tem uma relação siamesa; o vocal de Phil Mogg é irrepreensível, assim como o baixo de Pete Way. Rock n’ roll pesado na veia, com músicas empolgantes, instrumental de primeira grandeza, solos de guitarra memoráveis e uma pegada que transborda em cada sulco desse álbum. Não sei se aquilo realmente aconteceu ou se foi montagem, mas é emocionante ouvir a plateia vibrar no início da levada de “Doctor Doctor”.

André: Caras, eu me pergunto porque caralhos não nasci uns 30 anos antes nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Isso aqui é de fazer o cérebro simplesmente escorrer pelo nariz de tão derretido que ficou. Olha o que Schenker fez nessa versão de “Lights Out”? Puta merda, eu acho que estou há muito tempo sem ir atrás de discos ao vivo, isso aqui me fez parecer que estou perdendo um tempo precioso ignorando apresentações marcantes para ficar ouvindo só produções de estúdio.

Davi: Considerado por muitos como um dos grandes álbuns ao vivo de todos os tempos, Strangers In The Night apresenta o Ufo em seu auge. Durante muito tempo acreditou-se que esse disco não havia retoques, mas como já era de se esperar, houve algumas gambiarrinhas, sim. Paul Elliot chegou a declarar em 2008 que as canções “Mother Mary” e “This Kid´s” haviam sido gravadas em estúdio e o publico havia sido acrescido na mixagem. Contudo, isso não faz com que esse disco deixe de soar mágico. Os caras estavam em seu melhor momento, com sua melhor formação. O repertório traz clássicos imortais do porte de “Only You Can Rock Me”, “Love You To Love”, “Lights Out”, “Doctor Doctor”, “Too Hot To Handle”, mas o grande momento é mesmo a versão mortal de “Rock Bottom” com um solo inspiradíssimo de Michael Schenker. Aula de rock n roll!

Mairon: Este é facilmente um dos melhores discos ao vivo da história. Perde talvez somente para o Fillmore do Allman Brothers. Uma banda afiadíssima, que mesmo sabendo ser a despedida de seu principal guitarrista, fez uma turnê para arrancar os cabelos dos fãs de tanto balançar a cabeça. O álbum começa lentamente, com “Natural Thing”, “Out in the Streets” e “Only You Can Rock Me”, rocks simples que preparam o terreno para as grandes audições que virão. Afinal, é impossível não pular pela casa gritando ao som da clássica “Doctor Doctor”, principal faixa da banda. Igualmente, como se segurar em “Lights Out” e “Too Hot To Handle”? Mas o centro de tudo é Michael Schenker. O diabinho está verdadeiramente endemoniado. Ele mostra seus dotes de peso em “Mother Mary” e “This Kids”, sacode com riffs certeiros em “I’m a Loser” e “Shoot Shoot”, estraçalha no solo final da linda “Love To Love” ou na ponte de “Let It Roll”, mas principalmente, o que ele faz em “Rock Bottom” não dá para descrever com palavras. Um solo fantástico, eterno, que por muitos anos será falado nas rodas de música mundo a fora, e que mostra que mesmo com todos os problemas “extra-campo”, e por trás de toda a marra, Schenker tem muita razão de se sentir O fodão. DISCAÇO com letras garrafais!


Neil Young – Live Rust

Ronaldo: Neil Young ainda tinha plateia cativa naquele fim de anos 70, mesmo tentando se equilibrar entre suas raízes folk e os rocks mais diretos que faziam a cabeça da moçada da época. Mas o fato é que o som que projetou Young estava em franca obsolescência naquela ocasião, ainda que para os ouvidos de hoje tudo que ele apresentou em Live Rust soe atemporal, já que sua capacidade como compositor é incontestável. A primeira sessão do disco é toda acústica, na qual pontos fundamentais de sua faceta folk são apresentados, com destaque para uma linda versão de “My My, Hey, Hey (Out of the Blue)”. A parte elétrica começa com a clássica “When You Dance I Can Really Love” e passeia por outros momentos igualmente clássicos como “Cortez the Killer”, “Cinnamon Girl” e “Like a Hurricane”, na qual Young não economiza em solos poucos ortodoxos e muita intensidade.

André: Não posso dizer que Young é um de meus artistas de cabeceira, mas eu não tenho como criticar este cara encarando a plateia. Escutar execuções singelas e perfeitamente afinadas como a de “I am a Child” é de muito bom gosto. Neil Young é um pouco diferente dos outros artistas aqui apresentados; é daqueles que fazem um show milimetricamente perfeito, com execuções de solos límpidos e caprichados, diferentemente de outras execuções mais “orgânicas” ao vivo. Devem ter sido apresentações incríveis para quem estava na plateia.

Davi: Neil Young sempre foi conhecido por suas guitarras estridentes repletas de microfonias, mas também pela sutileza de seu violão, sua gaita bem colocada, seu piano sutil. E, claro, sua habilidade como compositor é indiscutível. Esse é um trabalho bem marcante em sua trajetória. Acredito que para quem não esteja muito familiarizado com sua enorme discografia, seja uma interessante porta de entrada. Aqui, temos um pouco de cada um desses universos. O disco começa com o Neil Young mais acústico, explorando sua faceta mais folk, onde vale um destaque para a interpretação de “Comes a Time” e a belíssima canção “After The Gold Rush” com Neil nos pianos. A partir do lado B, temos uma apresentação elétrica ao lado do emblemático Crazy Horse, onde o músico canadense coloca toda sua emoção em versões avassaladoras para clássicos do porte de “Cinnamon Girl”, “Like a Hurricane”, “Hey, Hey, My, My”, “The Loner”, além de trazer mais uma interpretação acústica, a lindíssima “The Needle and The Damage Done”. O melhor trabalho ao vivo de Neil Young, na minha opinião.

Mairon: Havia ouvido esse álbum há muitos anos atrás, não lembro quando. Mas lembro que me decepcionei bastante com o disco. Ouvindo agora, modifiquei um pouco minha opinião. São quatro lados bem definidos. Temos música folk dylanesca de melhor qualidade no lado A (“I Am A Child”, “Comes Time” e a clássica “My, My, Hey Hey (Out of The Blue)”, misturadas com uma dolorida e bela canção com voz e piano (“After Gold Rush”), com Young soltando seu vozeirão. O lado B é constituído de pedradas elétricas certeiras para pular pela casa como na magnífica apresentação do velhote no Rock in Rio de 2001 (“When You Dance”, “The Loner”, “Sedan Delivery”), intercaladas pela deliciosa dupla amolecedora de corações “The Needle and the Damage Done ” e “Lotta Love”. O lado C traz a suavidade, com o country-rock de “Powderfinger”, a baladaça mega-clássica “Like a Hurricane”, “Hey Hey, My My (Into the Black)” e “Tonight’s the Night”, para arrancar as lágrimas do ouvinte. Ouvindo agora, já achei um bom disco, mas ainda não me animo a naufragar nos oceanos discográficos colecionísticos do bardo canadense.


Cheap Trick – At Budokan

Ronaldo: O material foi gravado em 1978, mas veio ao mundo e aos charts em 1979. Indiscutivelmente, uma banda melhor no palco do que no estúdio, onde sua música pode realmente se mostrar devidamente empolgante e bacanuda. Tão despretensiosa quanto animada, a fórmula do Cheap Trick é tão eficiente que espanta o fato de como outras tantas bandas não conseguem fazer o mesmo. É um pop rock ardido, daqueles que se parece com o chiclete pisado que fica dias nos nossos sapatos. Os vocais são certinhos e tudo é no lugar, bem equilibrado em termos instrumentais; mas de forma alguma isso pode ser interpretado como uma fraqueza da banda, como se ela não tivesse nada a oferecer. É uma equação sonora difícil de descrever de tão simples que é, mas muito fácil de ser curtida.

André: Os gritos agudos da plateia já dão ideia de que o Cheap Trick na época atraia principalmente o público feminino. E a mulherada deve ter ficado de queixo caído com a performance dos cabeludos americanos neste disco cheio de versões ainda mais pesadas de rocks como “Lookout” e “Big Eyes”. Aqui há de se destacar o brilhante desempenho do baterista Bun E. Carlos, que simplesmente arregaçou. Como o bom gosto do Ronaldo em sugerir discos é praxe, esta seleção para esta matéria foi simplesmente incrível e prazerosa.

Davi: Excelente recomendação. Esse LP é clássico. Acredito que tenha sido a porta de entrada de muita gente para o universo do Cheap Trick. A minha foi por esse e pelo LP Dream Police. Essa banda sempre foi muito boa de palco. Robin Zander sempre teve uma boa voz e a banda sempre teve uma energia fora do comum. A gravação não esconde a euforia do publico, o que sempre joga a favor em álbuns do tipo. Nunca curti muito discos ao vivo onde o som do publico fica muuuito pra trás. Some tudo isso à um repertório de primeira grandeza com músicas divertidíssimas como “Come On, Come On”, “Big Eyes” e os megaclássicos “I Want You to Want Me”, “Surrender” e “Goodnight”, e o que temos é um trabalho empolgante e que se faz essencial na coleção de um rocker que se preze.

Mairon: Esse disco é impressionante. A força de um grupo novato levando ao delírio as ninfetas nipônicas é visceral ao longo de sus 42 minutos. É gritaria das guriazinhas de olho puxado o tempo inteiro. Me lembra bastante a potência do Slade Alive!, mas só que ainda mais forte. O som do Cheap trick é um rock visceral, perfeito para animar noitadas de ceva e festa. Tanto é que a versão para “Ain’t That a Shame” (Fats Domino) é alegria pura através do slide de Rick Nielsen! “Clock Strikes Ten”, “Goodnight Now” e “Hello There” são de uma pancadaria adimensional, assim como “Big Eyes”, onde o vocal Robin Zander gasta a garganta de tanto gritar. “Come On, Come On” tem uma batida de rock dos anos 50 que me agrada muito, ainda mais com as altas doses de distorção. “I Want You to Want Me” e “Lookout” possuem uma ingenuidade punk que os caras do punk nunca tiveram em suas canções de amor. Até um quase épico o Cheap Trick entrega aos fãs, a ótima “Need Your Love”, talvez melhor canção da carreira dos americanos, principalmente pela sensacional sequência de solos que abrange boa parte de seus quase 10 minutos. A única faixa que acho mais abaixo das demais é justamente o mega-clássico “Surrender”, que possui uma pegada mais oitentista a qual foge da visceralidade apresentada nas demais canções. É um disco clássico, obrigatório de ser ouvido ao menos uma vez, e depois, cada um decide o que fazer com o mesmo.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Melhores de Todos os Tempos: 1975

Led Zeppelin novamente no topo
Led Zeppelin novamente no topo
Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, José Leonardo Aronna, Mairon Machado, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues
Participação especial de Alexandre Teixeira Pontes, redator do site Minuto HM
Repetindo o resultado apurado na edição da série dedicada a 1971, o Led Zeppelin novamente ocupa o topo de nossa lista, com Physical Graffiti, confirmando de vez seu status como aquela que, possivelmente, foi a maior banda do mundo durante a década de 1970. Como se não bastasse, ainda vale mencionar que todos os discos lançados pelo grupo até 1975 já deram as caras na série, sem exceção. Cabe ressaltar também a expressiva votação obtida pelo segundo e pelo terceiro colocado, respectivamente A Night at the Opera (Queen) e Wish You Were Here (Pink Floyd), pouco contestados como clássicos absolutos, vide os comentários abaixo. Sempre lembramos que o critério para elaborar a lista final, baseada nas individuais de cada colaborador e de nosso convidado, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Leitor, não deixe de registrar sua opinião, seja ela elogiosa ou crítica, além de também enumerar seus álbuns favoritos lançados em 1975.

 
01 Physical Graffiti
Led Zeppelin – Physical Graffiti (173 pontos)
Adriano: Este é um daqueles discos duplos bem competentes. Pode não conter tantos clássicos, mas pelo menos não tem nenhuma derrapada. E alguns clássicos imortais podem ser encontrados, em ambos os discos. É o caso de “Trampled Under Foot” e “Kashmir”, no disco um, e de “In the Light” e “Down By the Seaside”, no disco dois. Talvez as faixas se arrastem mais que as lapidadas pedras preciosas do disco anterior, mas não chegam de forma alguma a cansar o ouvinte.
Alexandre: Quando eu pensei nos álbuns de 1975, ficou claro que era este o favorito para vencer a pesquisa. Eu o coloquei em segundo, atrás apenas de Sabotage, do Black Sabbath. É muito merecido, porém, que ele tenha vencido, pois é difícil demais que um álbum duplo tenha fôlego para competir com discos simples. A tendência é que um álbum simples seja mais coeso, ainda mais se pensarmos que boa parte do álbum fora feito de sobras de gravações anteriores e de diferentes períodos. Complicado é entender que eram sobras faixas como “The Rover” ou “Down By the Seaside”.  O Led Zeppelin na ocasião vinha enfileirando o sexto álbum seguido de grande qualidade, pouco havia para questionar na banda. Vejo um amadurecimento ainda maior e com mais espaço para experimentar: eles variam entre canções mais complexas, como “Kashmir” e “Ten Years Gone”, a sons mais básicos (mas nem tanto), como “Custard Pie” e “Sick Again”. O trabalho dos quatro músicos é brilhante, mas preciso dar um extra para John Paul Jones, além de Page. O multi-instrumentista está muito bem, especialmente nos teclados. Canções como “Trampled Under Foot”, “In the Light” e a própria “Kashmir” provam isso. Considero o álbum quase perfeito, a única faixa nele que não está no nível das demais para mim é “Boogie with Stu”.
Bernardo: O Led estava absolutamente iluminado nessa época. Indo muito além da mística e etérea levada dos oito hipnotizantes minutos de “Kashmir”, Physical Graffititambém tem “In My Time of Dying”, uma das músicas mais impressionantes do rock and roll, desde a primeira porrada de Bonzo até o último acorde de guitarra, em um ritmo nervoso e hipnótico – definitivamente um ápice da música setentista. Da sofisticação progressiva  à pancadaria do blues e do funk que estavam acostumados (“The Rover”, “Trampled Under Foot” , “Houses of the Holy”), passando pelo folk e o acústico, Physical Graffiti é o disco mais ambicioso e completo do Led, e merecedor absoluto da primeira posição deste ano.
Bruno: Muitos clamam que este disco deveria ser simples, mas discordo completamente. Physical Graffiti pra mim só perde para Led Zeppelin II (1969). O som de bateria e de guitarra é inacreditável, e temos uma pancada de composições, riffs e refrões marcantes. Discaço!
Davi: A discografia do Led Zeppelin é espetacular e este álbum não é exceção. Para mim, é não apenas um dos melhores discos do Led, como é um dos melhores álbuns de rock já produzidos. Um dos poucos discos duplos que considero perfeito.
Diogo: Apesar de não compartilhar da opinião de quem coloca Physical Graffiti como a obra maior do Led Zeppelin e melhor disco lançado em 1975, compreendo a sanha dos meus colegas que o posicionaram no topo: com exceção de “Boogie With Stu”, trata-se de um álbum niveladíssimo, em que aquelas músicas que não julgo como clássicas ao menos são muito boas. Jimmy Page, em especial, destaca-se com galhardia, apresentando um trabalho de guitarra tão bom – e cerebral – quanto sua então já evidente capacidade como produtor (o que são os timbres das maravilhosas “The Rover” e “Kashmir”?). Não que o trio restante não o acompanhe na genialidade, mas é que a capacidade assombrosa de Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham já estava mais que atestada nos discos anteriores. Não o incluí em minha lista por julgar ter sido mais impactado por outros álbuns lançados nesse ano, mas sua inclusão é bem vinda. Acreditava, porém, que o topo desta edição da série seria ocupado porWish You Were Here (Pink Floyd), disco que julgo melhor resolvido e mais cativante.
Eudes: Maravilhoso. Ainda bem que não comprei a tal corda para me enforcar!Physical Graffiti, na humílima opinião deste locutor que vos fala, está ali entre os três ou quatro melhores discos produzidos em 60 anos de rock ‘n’ roll. Penso, penso e não consigo lembrar de mais que dois ou três discos que abram com a sequência de rocks musculosos e concisos como “Custard Pie”  e “The Rover” (um dos solos mais marcantes de Page!), nos quais pancadaria, melodia, peso e jogo de cintura convivem como se fosse normal, para fechar com a experiência mística de “In My Time of Dying”, com uma das performances mais arrasadoras de Page, em um duelo de chicotadas com Plant, que clama pelo Anjo Gabriel, e Bonham, que vai do blues ao baião em uma levada insuportavelmente pesada. Só pelo lado A, Physical Graffiti já mereceria a glória. Mas o sujeito vira o LP e se depara com a animação heavy de “Houses of the Holy”, que é só um aperitivo para os pratos principais, “Trampled Under Foot”, um funk que soa como se Stevie Wonder tivesse entrado para a banda, e o hino setentista definitivo, “Kashmir”, uma prova cabal de que o Led estava a anos-luz da concorrência de sua época. O segundo disco traz duas gemas quase progressivas, “In the Light” e a maravilhosa “Ten Years Gone”, tida como a canção predileta de Jimmy Page, passando pelo exercício violonístico de “Bron-Yr-Aur”, que renova o fascínio do guitarrista pela sonoridade gaélica. Depois dessa tour de force de três lados, é de se imaginar que o time caia de produção no lado D. Mas é lá que Page e Plant cravam a ferro outro exemplar da sonoridade característica deste período do Led, o compósito de peso e melodia, entremeada por solo genial, que é “The Wanton Song”. Um triunfo no qual o Led Zeppelin grava na pedra seu estilo inimitável, que combina peso rítmico e filigrana instrumental. Meu júbilo é tão grande com este disco no topo que quase perdoo o pecado mortal de Still Crazy After All these Years, de Paul Simon, ter sobrado.
Fernando: Sempre tendo a associar Physical Graffiti a “Kashmir”. Não sei muito bem o motivo, já que no track list do álbum há diversos clássicos da história da música, como “Custard Pie”, “The Rover” e “Bron-Yr-Aur”. O balanço do blues, que estava um pouco desaparecido dos álbuns anteriores, voltou com tudo. Já o conheci na era do CD e o impacto da maravilhosa capa ficou perdido para mim. Merecidíssima a primeira posição, mesmo eu tendo escolhido outro disco para esse posto.
José Leonardo: Na minha modesta opinião, temos aqui o melhor álbum do Led. E mais: simplesmente o disco é um dos melhores álbuns duplos da história do rock e uma grande parte da razão pela qual o Led Zeppelin é considerado por muitos como uma das maiores bandas de todos os tempos. Suas quinze músicas nos fazem crescer, viajar, e, até hoje, quando as escutamos, nos trazem grandes e inesquecíveis recordações, sempre novas, sempre diferentes.  O Led Zeppelin gravou grandes discos durante a sua carreira que estão entre os melhores momentos da história do rock. Todos eles estão repletos de grandes clássicos. Mas foi com Physical Graffiti que a banda marcou seu nome na história do rock .
Mairon: Se o melhor disco de todos os tempos não fosse o melhor de 1975, eu ligaria para o hospício e internaria alguns colegas consultores. Como podemos ver, porém, apesar de algumas brincadeiras nas listas, a racionalidade predomina, e em 1975 parece que o cérebro dos meus colegas foi condizente com as expectativas. Dos dez discos finais, pelo menos seis são de audição obrigatória. Estes mesmos seis, entretanto, sequer chegam à sujeira dos pés de Physical Graffitti. Comentei sobre ele aqui, e para fazer um meio-campo, digo que este LP duplo demorou 18 meses para ser gravado, e, durante esse período, o guitarrista Jimmy Page conseguiu explorar o que pôde dos estúdios Swan Song, gravando e regravando (e gravando mais um pouco) com diferentes instrumentos, que tornam o álbum de uma beleza que, podemos dizer, não foi escrita por humanos. É um daqueles casos de “ame ou odeie”, só que não há como odiar “Kashmir”, “In My Time of Dying”, “Trampled Under Foot”, “Ten Years Gone”, “Custard Pie”, “The Rover”, “Sick Again”… Aos que conhecem, reparem que só nas canções citadas há uma variedade imensa de gêneros, do progressivo ao blues, da balada à disco music, e ainda há muito mais nas 15 canções do LP. É o álbum que mais ouvi na minha vida – junto com Presence (1976),  também do Led Zeppelin –, tanto que já tive que comprá-lo três vezes, porque duas cópias furaram . Com a chegada do mp3, agora a versão final está guardadinha, com sua genial capa original na qual podemos ver de tudo através das janelas dos prédios da  St. Mark’s Place, em Nova York (EUA), inclusive um discreto strip-tease. Repito: O MELHOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS, em letras garrafais, e obrigado ao Led Zeppelin por me propiciar tantos momentos bons com ele.
Micael: Apesar de incensado por muitos e da imensa qualidade de algumas canções, este é um dos álbuns do Led que menos me chamam a atenção. Acho-o um típico caso de álbum duplo que deveria ser simples, pois seria mais direto e mais fácil de degustar. Merece estar na lista, mas acho o primeiro lugar um exagero!
Ronaldo: O Led Zeppelin está para os anos 1970 como os Beatles para os anos 1960. A banda mais importante da década e com o trabalho de maior amplitude para agradar público e crítica. Músicas como “Kashmir” transcendem qualquer conceito estilístico dentro do universo rock.

02 A Night at the Opera
Queen – A Night at the Opera (150 pontos)
Adriano: Este não é um album que eu goste de ouvir de uma ponta à outra, mas contém certas músicas tão absurdamente boas que termina sendo um clássico. A sequência com “You’re My Best Friend”, “’39” e “Sweet Lady” é de fazer chorar! Mais à frente, a banda faz inveja aos grupos progressivos com a linda e majestosa “The Prophet’s Song”, e, pra encerrar qualquer discussão sobre sua realeza, rouba a cena com a eterna “Bohemian Rhapsody”. Deus salve o Queen!
Alexandre: Este é o que considero o melhor álbum da banda e tudo nele é muito majestoso. Ótimas e ousadas composições, excelência e referência nos backing vocals, ótimos solos, canções que ficaram para a posteridade. O álbum inicia com uma de suas melhores faixas, “Death on Two Legs”, na qual destaco Brian May pelo trabalho de guitarras. De uma sonoridade única, jamais copiada. Acho muito bom ter duas músicas que não trazem o vocal do saudoso Freddie:  “I’m in Love With My Car”, cantada por Roger Taylor, e “’39”, por Brian May. Apesar de Mercury sempre ser um dos maiores vocalistas de todos os tempos, os outros também tinham seu espaço. O lado B traz os clássicos inquestionáveis da banda, “Love of My Life”, “Bohemian Rhapsody” e o arranjo de Brian para o hino “God Save the Queen”. Músicas que nunca saíram dos shows da banda, mas a versão de “Love of My Life” aqui é bem diferente, com harpas. Particularmente prefiro a versão ao vivo, com o violão de 12 cordas e a participação da plateia. É merecidíssimo o segundo lugar entre os álbuns de 1975. Acabei colocando-o um pouco mais abaixo na minha lista, mas isso talvez seja percebido por mera preferência pessoal entre os demais que listei.  A Night at the Opera é para mim, como obra, um disco perfeito.
Bernardo: Queen é um fenômeno, e A Night at the Opera, sua obra-prima. Uma banda em plena sintonia mostra do que é capaz abrindo o disco com a porrada “Death on Two Legs”, deixando o baterista trazer meio mundo abaixo com a avassaladora power ballad “I’m in Love With My Car”, transforma tristeza em mágica em “Love of My Life” e de quebra crava o clássico absoluto e universal “Bohemian Rhapsody” que, revezando balada, rock pauleira e referências satíricas à ópera, apaixona e marca já na primeira audição. Disco indispensável.
Bruno: O disco mais celebrado do Queen. Por muito tempo não entendia o porquê, preferindo A Day at the Races (1976) ou até mesmo News of the World (1977), mas hoje entendo, e é sim a obra definitiva da banda com todos os méritos. Tem um pouco de tudo que consagrou os ingleses: composições épicas e de altíssimo nível, as performances vocais irretocáveis de Mercury, a mescla de guitarras pesadas com melodias pomposas e o timbre inigualável de Brian May.
Davi: Outro álbum essencial na discoteca de qualquer fã de rock que se preze. “Bohemian Rhapsody” hoje pode soar batida, mas na época foi ousada até demais. O som de guitarra de Brian May é único e Freddie Mercury era um dos grandes vocalistas do rock. Os caras não apenas eram excelentes músicos, como eram bem criativos, além de serem compositores de mão cheia. O Queen faz falta!
Diogo: Quantas bandas contam com todos seus integrantes tão habilidosos como instrumentistas e compositores? Pouquíssimas. E quantas são capazes de passear com tanta competência por diversos estilos musicais, sempre acertando na mosca? Honestamente, só lembro do Queen. A Night at the Opera é a culminância do processo que havia se iniciado no soberbo Queen II (1974), recheando de pompa e exuberância a musicalidade de um quarteto cujo talento infelizmente está em extinção. Rock pesado, progressivo, jazz, vaudeville, ópera, folk e muito mais dão as caras neste que é o melhor álbum do Queen, estabelecendo um parâmetro que nem os próprios conseguiriam igualar, apesar de grandes lampejos de genialidade distribuídos ao longo de sua discografia posterior, especialmente em News of the World (1977) e Jazz(1978). Como as habilidades de Freddie Mercury e Brian May já são costumeiramente exaltadas (e as de Roger Taylor também, em menor escala), aproveito meu espaço para tecer elogios ao mais reservado integrante do quarteto, o excelente baixista John Deacon, capaz de grooves deliciosamente dançantes que tomam a frente das canções, mas também de acompanhar seus companheiros de banda com muito bom gosto, além de belos timbres. Sua única canção no álbum, “You’re My Best Friend”, pode não ser a melhor, mas fica mesmo difícil competir com material do calibre de “Bohemian Rhapsody”, “The Prophet’s Song” e “’39”. A Night at the Opera é um dos discos que definem a década de 1970 e a possibilidade então palpável de perseguir horizontes musicais mais ousados e transformar isso em sucesso comercial.
Eudes: Não votei neste disco, mas como contestá-lo nesta lista? Talvez colocá-lo em segundo seja um certo exagero, mas, de fato, aqui o Queen manipulava com grande naturalidade a sonoridade que criou e afinou nos discos anteriores, quando passou repentinamente do hard cativante, mas meio repetitivo, do primeiro disco a uma refinadíssima tecitura de hard rock, vaudeville e prog rock que a banda veio destilando em Queen II (1974) e Sheer Heart Attack (1974). Em A Night at the Opera essa construção delicada e energética ganha suas cores definitivas, principalmente em faixas como “The Prophet’s Song” e na inevitável “Bohemian Rhapsody”. Justa inclusão, mas eu preferiria mais lá embaixo na lista.
Fernando: Se eu disse que, para mim, Physical Graffiti é quase sinônimo de “Kashmir”, A Night at the Opera é totalmente sinônimo de “Bohemian Rhapsody”. Claro que a lindíssima “Love of My Life” merece estar sempre a poucos degraus de distância na lista das maiores canções já produzidas pelo Queen, mas “Bohemian Rhapsody” é provavelmente a canção que define a carreira da banda e uma das mais geniais da história da música como um todo. Certa vez alguma dessas revistas internacionais elegeu-a como a música do milênio, fato que muito provavelmente é um exagero.
José Leonardo: Este disco foi um dos primeiros LPs de rock que comprei em minha vida. Ouvia tanto na época que quase cheguei a furá-lo! A Night at the Opera é considerado o “magnum opus” do Queen. É o auge de seu talento criativo como compositores.  Temos o rock furioso de “Death on Two Legs”, a nostálgica “You’re My Best Friend”, o sci-fi folk de “’39”, o rock básico e competente de “Sweet Lady”, a bela e harmoniosa “Love of My Life”, o épico progressivo “The Prophet’s Song”, e,  é claro, a sensacional  ópera rock “Bohemian Rhapsody”, que nunca fica menos impressionante a cada ano que passa.  Isso sem falar no vaudeville de “Seaside Rendezvous” e “Lazing on a Sunday Afternoon”, na pesada “I’m in Love With My Car”, melhor rock já composto e cantado pelo baterista Roger Taylor, e na jazzy “Good Company”. É mole? Que outra banda, hoje em dia, esbanja talento assim?  Clássico absoluto!
Mairon: Ah, coisa boa quando eu tinha meus 12 anos e ouvia Queen e Kiss praticamente o tempo todo em que estava acordado. Quantos LPs eu deixei de ouvir porque ia furá-los… A Night at the Opera foi um deles. Conheço cada segundo deste fantástico disco, do início ao fim, e não há como descrever em palavras o que Freddie Mercury e cia. fizeram aqui. Não somente pela melhor canção de todos os tempos, “Bohemian Rhapsody”, mas porque em A Night at the Opera o Queen finalmente consolidou sua base musical, misturando cabaré (“Lazing on a Sunday Afternoon”, “Good Company” e “Seaside Rendezvous”), folk (“’39”), hard rock (“Sweet Lady”), heavy metal (“Death on Two Legs” e “I’m in Love With My Car”) e baladas suaves (“Love of My Life” e “You’re My Best Friend”). Comentar sobre a preciosidade e perfeição de “Bohemian Rhapsody” é bater na mesmice, então prefiro destacar outra obra grandiosa que ficou registrada neste álbum, a épica “The Prophet’s Song”, forte candidata a segunda melhor canção do grupo, já que a primeira posição é e sempre será ocupada por “Bohemian Rhapsody”.
Micael: Em 1992, na seção “Discoteca Básica” da extinta revista Bizz, o jornalista André Forastieri teceu laudas e laudas exaltando as qualidades deste álbum. E, acredite, foram poucas! Que disco maravilhoso, que banda talentosa, que reunião de canções fantásticas! O Queen flerta com um monte de estilos, como o folk (“’39”, “Good Company”), o proto-heavy metal (“Death on Two Legs”, “I’m in Love With My Car”), hard rock à la Kiss (“Sweet Lady”), música de cabaré (“Seaside Rendezvous”, “Lazing on a Sunday Afternoon”), pop (“You’re My Best Friend”), progressivo (a maravilhosa “The Prophet’s Song”) e balada romântica (“Love of My Life”, talvez a mais bela de todas), e acerta no centro do alvo em todas elas! Como se não bastasse, ainda gravou uma das músicas mais fantásticas da história, chamada “Bohemian Rhapsody”, que, em pouco menos de seis minutos, nos leva por caminhos comparáveis a uma legítima montanha russa, sempre com um sorriso no rosto de assombro e fascinação ante tamanha perfeição! O hino britânico ao final do vinil só serve para provar que tanta qualidade só poderia mesmo ter vindo da terra da Rainha, a ilha que mais produz rock de qualidade no mundo! Essencial é pouco para definir esta obra-prima!
Ronaldo: Obra fantástica e esplendorosa do Queen, unindo art-rock, glam e rock pesado em um trabalho repleto de carisma. Todos ali eram parte de uma rara alquimia de composições inspiradas e performances individuais soberbas.

03 Wish You Were Here
Pink Floyd – Wish You Were Here (125 pontos)
Adriano: Muito melhor que The Dark Side of the Moon (1973), o único disco de 1975 que pode rivalizar com Wish You Were Here é o formidável Godbluff, do Van der Graaf Generator. Um trabalho perfeito de composição e interpretação, unindo doses cavalares de sentimento com a utilização de recursos os mais diversos, como sintetizadores e ruídos, sem que nada soe deslocado ou desnecessário. Sabendo ou não da história de Syd Barrett, este disco faz chorar, mas as lágrimas de tristeza misturam-se às de alegria, por ouvir tamanha riqueza musical. Destaque para todas as faixas e para o fato de o disco contar com participação equilibrada de todos os membros da banda.
Alexandre: Este disco já tem o mérito de ter a tarefa de suceder o multiplatinado The Dark Side of the Moon, e, em minha opinião, não dever em nada ao seu antecessor.  Trata-se, no entanto, de um disco mais complexo, pela faixa inicial, que se repete ao fim do trabalho. Não há nada parecido com “Shine on You Crazy Diamond” em The Dark Side of the Moon – a faixa me remete a “Echoes”, de Meddle (1971), mas a considero melhor que esta.  O Pink Floyd sempre primou por buscar a obscuridade em seus discos, mas este é mais obscuro que o anterior e menos comercial também. Mais uma vez adoro o trabalho de David Gilmour, o uso do pedal MXR Phase 90 em “Have a Cigar”, os solos brilhantes da faixa inicial e o bom gosto no uso do violão de 12 cordas na faixa-título. O disco tem poucas canções, com os cerca de 25 minutos das duas partes de “Shine on You Crazy Diamond”, assim não há muito a acrescentar por aqui. Faltou falar apenas de “Welcome to the Machine”, que é outro espetáculo, talvez a faixa mais caótica. Posso também dizer que não morro de amores por “Wish you Were Here”, a música, mas não posso considerá-la de forma alguma uma faixa menos poderosa no trabalho. O disco é perfeito, um dos grandes de 1975, sem dúvida alguma.
Bernardo: Outra banda que estava iluminada. Álbum melancólico e raivoso, as quatro faixas de Wish You Were Here falam tanto dos desgastes internos e a homenagem ao abalado gênio Syd Barrett – os vinte minutos de piração progressiva “Shine on You Crazy Diamond” e a sensibilíssima balada acústica “Wish You Were Here” – quanto da crítica feroz encontradas na fusão entre sintetizadores e violões em “Welcome to the Machine” e na levada pesada de “Have a Cigar”, com uma performance incrível do vocalista convidado Roy Harper. De The Piper at the Gates of Dawn (1967) até The Wall (1979), a carreira do Floyd foi praticamente irretocável.
Bruno: O que mais gosto da banda ao lado de The Wall. Melhor desempenho em estúdio de David Gilmour. Só “Welcome to the Machine” já vale a bolacha.
Davi: Ao contrário de alguns colegas aqui do blog, prefiro o Pink Floyd a partir de The Dark Side of the Moon. E este disco, para mim, está pau a pau com Dark Side. Sem dúvida um dos meus discos favoritos da banda. “Shine on You Crazy Diamond” é uma obra-prima.
Diogo: Minha admiração por Wish You Were Here é relativamente recente, pois, até algum tempo atrás, costumava não tê-lo em tão alta conta quanto seu antecessor, The Dark Side of the Moon, e seus sucessores Animals (1977) e The Wall, apesar de julgar “Shine on You Crazy Diamond uma peça soberba desde sempre. O que mais pesou para que minha avaliação se tornasse mais positiva foi a redescoberta da qualidade de seu “miolo”, mais especificamente “Welcome to the Machine” e “Have a Cigar”, já que a faixa-título costuma rondar-nos com certa frequência. Muito provavelmente em nenhum outro momento o Pink Floyd soou tão criativo instrumentalmente e como uma unidade sólida, apesar da predominância de Roger Waters como compositor já ter começado a se delinear, vide as duas faixas destacadas. “Have a Cigar”, inclusive, que costumava ser a canção que menos me chamava a atenção, hoje em dia talvez seja minha favorita no disco, destacando os teclados de Richard Wright e os solos de David Gilmour. Pela grande quantidade de faixas memoráveis e pela boa conexão com seu conceito, The Wall ainda é meu preferido, mas Wish You Were Here vem ganhando terreno.
Eudes: Devo dizer que amo este disco, para afirmar que não entraria na minha lista. Por uma razão: eu prefiro indicar, em um certo ano, o (s) disco (s) que considero (eis a subjetividade) mais representativo (s) de uma banda. Se fosse 1973, não vacilaria em indicar The Dark Side of the Moon, mas em 1975 outras bandas atingiram a culminância de suas próprias carreiras. O Pink Floyd fazia um disco muito bom, mas que já decorria do lançamento anterior. Portanto, não é por nenhum demérito do disco em si, mas por esse critério que não fico feliz em ver mais um disco do Floyd no top 10.
Fernando: O resultado deste disco é o que de melhor resultou na combinação da genialidade de Waters e de Gilmour. As composições de Waters unidas ao senso de melodia de Gilmour geraram talvez o maior tributo musical que alguém poderia merecer. O que me faz pensar sobre qual seria a opinião de Syd Barret a respeito deste disco.
José Leonardo: Considero este disco como o último realmente autêntico do Pink Floyd. Eles chegaram ao máximo nesse ponto. Em uma entrevista, Richard Wright cita que este é, na verdade, o último álbum do Pink Floyd como banda, a última vez que seus integrantes compuseram juntos. Em nenhum disco a banda soa tão bem, tão coesa quanto neste. Também está na lista dos dez primeiros álbuns que comprei na vida. Assim como o anterior, The Dark Side of the Moon, consigo me lembrar da primeira vez que o escutei e o impacto que me causou. Todas as faixas, sem exceção alguma, se encaixam perfeitamente, tanto que sequer parecem ser canções distintas, unindo-se como se fossem uma só. Isso é algo que eu levo muito em consideração em um álbum e coisa que o Pink Floyd sempre fez com perfeição. E por mais que eu goste de “Wish You Were Here”, a jóia da coroa é, sem dúvida, a enigmática e viajante suíte “Shine on You Crazy Diamond”.  A realista “Have a Cigar” e a angustiante “Welcome to the Machine”  também se destacam e não podemos deixar de citar as corrosivas e brilhantes letras de Roger Waters.
Mairon: Fiquei em dúvida durante algum tempo se colocaria Wish You Were Here ou Godbluff (Van der Graaf Generator) na minha lista final, mas a maravilhosa suíte “Shine on You Crazy Diamond” acabou somando mais pontos para este incrível álbum e ele entrou no décimo lugar; para ver quão acirrado foi 1975 na questão de álbuns complementares (já que, repito, a superioridade de Physical Graffiti é incomparável). Com Gilmour e Mason nem aí pro abacaxi, sobrou para Waters e Wright comporem a sequência do aclamado The Dark Side of the Moon. Waters brilha com letras e melodias inesquecíveis. O riff da faixa-título foi criado por ele, assim como a pesada “Have a Cigar” foi escrita e teria sido cantada por ele, mas ganhou a participação – contra a vontade de Waters – de Roy Harper. Porém, é Wright quem se destaca. A cama de teclados e sintetizadores em “Welcome to the Machine” é estonteante, mas as viajantes variações e solos de “Shine on You Crazy Diamond” são absurdamente lindas, fazendo das nove partes dessa suíte talvez a melhor canção que os britânicos gravaram. Para mim, uma ótima sequência para The Dark Side of the Moon. De fato, é aqui que Gillmour perdeu o comando para Waters, que tomou conta do grupo nos oito anos seguintes.
Micael: Um de meus álbuns favoritos do grupo, em que todas as músicas se deixam ouvir com muita facilidade! A suíte “Shine on You Crazy Diamond” coloca o Floyd de vez entre os grandes do rock progressivo (visto que, até então, muito de psicodélico ainda se ouvia no som do quarteto), “Welcome to the Machine” e “Have a Cigar” conseguem a proeza de debochar da própria indústria musical que havia elevado os ingleses ao topo das paradas dois anos antes (a segunda mostrando de novo influências de blues no som da banda), e a faixa-título só não é melhor porque tocou tanto que virou “carne de vaca”, assim como muitos outros clássicos! Clássico, aliás, que é um belo adjetivo para este disco!
Ronaldo: Um tanto quanto “cérebro-dramático” e não tão convincente quanto seu predecessor, Wish You Were Here soa-me como uma banda em processo de acomodação, depois do megassucesso obtido, ainda que, mesmo dadas todas as circunstâncias do show business, não haja forma de se manter oculto talentos do quilate da dupla Roger Waters e David Gilmour.

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Black Sabbath – Sabotage (73 pontos)
Adriano: Que dizer de um disco que contém duas das três melhores músicas do Black Sabbath? Ainda que as demais canções não ultrapassem a média de qualidade do quarteto de Birmingham, “Symptom of the Universe” e “Megalomaniac” são suficientes pra me fazer ver esse disco na lista final de 1975 com uma certa simpatia. (A terceira das minhas favoritas da banda é “Changes”.) Embora não seja tão consistente nem receba total aprovação por parte dos fãs da banda, é o melhor trabalho deles para mim.
Alexandre: Aqui está o meu favorito de 1975. O Black Sabbath com Ozzy tem duas fases distintas pra mim: a fase inicial traz a maioria dos clássicos, até mais ou menosVol. 4 (1972). A partir de Sabbath Bloody Sabbath (1973), o estilo da banda já é um pouco diferente, mais progressivo tanto nele quanto em Sabotage, mas este álbum experimenta um pouco mais em faixas como “Am I Going Insane (Radio)” e, principalmente, “Supertzar”.  Acho também que essa segunda fase do Sabbath traz os vocais de Ozzy em melhor forma. Bom, isso em estúdio, pois ao vivo a coisa não andava bem desde o início, e aqui não há exceção. Gosto muito dessa fase mais progressiva da banda, com Ozzy cantando a plenos pulmões. “Megalomania” é minha faixa preferida do trabalho e da fase com a formação original, mas gosto de todas, trata-se de um álbum sem falhas. Também não se pode negar a contribuição de “Symptom of the Universe” para tudo que se refere a som mais pesado dali em diante. Muitas das bandas de thrash metal podem considerá-la dotada de um dos exemplos de riffs mais influentes para o estilo. O único senão do álbum para mim é a capa, horrível. A contracapa é pior ainda.
Bernardo: Bem, se Led e Floyd estavam iluminados, o Black Sabbath estava possuído. Só isso justifica, após se aventurar no progressivo e na psicodelia por dois discos seguidos, meter o pé na porta com um álbum que abre com a gritaria ensandecida de Ozzy seguida pelo riff distorcidíssimo de Tony Iommi em “Hole in the Sky”, inventar o thrash metal em 1975 com “Symptom of the Universe” e retratar todo o universo maluco dos anos 1970 com a mezzo power ballad, mezzo heavy metal em último volume “Megalomania”. Ainda que o lado B não tenha a força impressionante do primeiro, cai de cabeça na experimentação, mostrando que o psicodelismo ainda não havia sido totalmente abandonado. Poucas bandas conseguiram reproduzir fúria, volume e intensidade no mesmo nível que o Sabbath – e Sabotage é um passeio por tudo que haviam construído até então, mostrando o porquê de serem ainda hoje a banda mais singular do heavy metal.
Bruno: Em Sabotage o Sabbath fincou pé nas experimentações que começaram lá emVol. 4. Na época, a banda renegou o disco e pouca gente entendeu, mas é um petardo maravilhoso. “Symptom of the Universe” talvez seja o melhor riff do mestre Iommi.
Davi: Pesado, empolgante, viciante. Mais uma vez, grandes riffs e faixas memoráveis. “Hole in the Sky”, “Symptom of the Universe”, “The Thrill of it All” e “The Writ” são os grandes destaques, na minha opinião. Indispensável!
Diogo: O Black Sabbath vinha diversificando sua sonoridade desde Vol. 4, e emSabotage atingiu seu ápice nesse aspecto, dosando peso extremo e ousadia em proporções semelhantes, e o melhor: mantendo-se na vanguarda do heavy metal, ou vocês acham que algo tão pesado quanto “Symptom of the Universe” já havia sido feito até então? Por mais que outras formações já viessem se aventurando com sucesso nesse território, ninguém havia produzido uma música tão explicitamente agressiva, destacando os riffs cortantes de Tony Iommi e um Bill Ward em sua melhor forma. “Hole in the Sky” não fica para trás, assim como “The Thrill of it All” aproveita-se da produção que conferiu muito mais “corpo” às músicas na comparação com o álbum anterior, Sabbath Bloody Sabbath (1973). Pra melhorar ainda mais, Sabotage conta com dois épicos de respeito: a delirante “Megalomania”, que alterna momentos de calmaria e loucura com naturalidade; e a fulminante “The Writ”, resultado da gigantesca ira do grupo para com aqueles que queriam extrair dinheiro do grupo e utilizavam-se de todos os expedientes possíveis para conseguir esse intento. Não compartilho da opinião daqueles que desprezam o Black Sabbath sem Ozzy Osbourne, mas não nego que Sabotage é a despedida da era verdadeiramente clássica do grupo original. Iommi e cia. criariam material de grande qualidade posteriormente, vide o soberbo Heaven and Hell (1980) mas sem a mesma aura, quase como se fosse outra banda.
Eudes: O mesmo caso de Wish You Were Here. Sabotage é, talvez, o segundo disco do qual eu mais gosto do Sabbath, mas a culminância da carreira da banda já havia ocorrido em álbuns anteriores, em 1972, com Vol. 4, ou em 1970, com Paranoid. Ademais, escolhas óbvias como esta são, às vezes, inevitáveis, mas acabam por tirar o lugar de discos excepcionais, mas não tão emblemáticos.
Fernando: O ponto final da carreira irrepreensível do Black Sabbath. Até Sabotagequalquer um dos discos da banda podem figurar entre os preferidos da era Ozzy Osbourne pelos fãs, fato que já não acontece com os dois seguintes.
José Leonardo: O último excelente álbum do Sabbath da era Ozzy!  O disco assume alguns riscos, tenta alguns novos estilos e tem uma música mais acessível, “Am I Going Insane (Radio)”, que muitos fãs hardcore não gostam (eu acho que é legal!).Sabotage tem algumas músicas muito pesadas, com riffs impressionantes, como em “Hole in the Sky”, “Symptom of the Universe” e “Megalomania”.  Uma das coisas que mais se destacam neste álbum, na minha opinião, é  Ozzy, que está cantando como nunca.  O único deslize é a capa, de extremo mau gosto. Ninguém deveria ter sido submetido a ver Bill Ward vestindo calças colantes vermelhas da sua esposa! No mais, um incrível álbum, porém um pouco subestimado .
Mairon: Não esperava ver Sabotage entre os dez mais, principalmente na quarta posição. O disco mais experimental da fase Ozzy é ótimo, assim como seus antecessores, e eu destaco a inclinação progressiva das mini-suítes “Megalomania” e “The Writ”. Outros bons momentos são a sombria “Supertzar” e a viajante “The Thrill of It All”. Claro que os fãs xiitas enaltecem o peso das pauladas “Hole in the Sky” e “Sympton of the Universe”, o que comprova que, na década de 1970, Black Sabbath, Led Zeppelin e Queen eram os únicos que sabiam pular de estilos diferentes para outros com muito talento, fazendo todos com excelência. Outro que não incluí na minha lista final, mas poderia ter entrado facilmente.
Micael: Um dos mais fracos discos gravados com Ozzy ao microfone, marcando o início de um declínio que culminaria com a saída do vocalista anos depois. “Symptom of the Universe” virou clássico, e canções como “Hole in the Sky”, “Am I Going Insane (Radio)” e “Megalomania” seguram bem a onda, mas não o suficiente para fazer este álbum merecer uma posição tão alta! Fato surpreendente, aliás!
Ronaldo: Irregular, com altos e baixos, este é o disco que fecha a série de quase-unanimidades que o Black Sabbath vinha lançando desde 1970. Ainda que sua poderosa máquina de grooves pesados fosse capaz de produzir petardos destrutivos, algumas músicas foram feitas mais mecanicamente e demonstram um certo esgotamento.

05 Born to Run
Bruce Springsteen – Born to Run (57 pontos)
Adriano: Rockão, produção caindo em cima com arranjos de metais, tudo bem polido, tipo da coisa que não tem muito pra me agradar. Mas o disco é bom. Alguns momentos belíssimos em “Born to Run” e “Jungleland”, mas a única faixa que eu incluiria nos anais do rock é “Tenth Avenue Freeze-Out”, lindíssima.
Alexandre: Precisei pesquisar um pouco sobre o trabalho de mais sucesso de Bruce Springsteen pra tentar entender como Born to Run vendeu aos borbotões. Afinal, Bruce é considerado uma personalidade da cultura norte-americana, mas eu continuo não entendendo o motivo. Coloquei o álbum para tocar e tento avaliar de forma desprovida de qualquer preconceito, mas confesso que a coisa não avançou em nada. Este é para mim a pior indicação desta lista e quase nada nele me agrada. A faixa de abertura, independentemente de gostar ou não, deixou claro que o álbum acabou por  influenciar diversos outros artistas, como o Bon Jovi (afinal, a música “These Days” não está muito longe do que ouvi aqui). Não gostei do uso do saxofone durante a maior parte do álbum e não tenho uma especial admiração pelo vocal de Springsteen. O álbum está em um nível pop acima do que minhas origens me permitem admitir. A terceira faixa, “Night”, de míseros três minutos, parece interminável. E lá está o sax de novo, ainda bem que por poucos segundos. O segundo lado mostrou uma música conhecida, a faixa-título, que até para  um completo ignorante da carreira de Springsteen como eu soou familiar, mas mesmo assim faltou alguma coisa. A segunda faixa continuou com aquele arranjo de piano e saxofone sob um andamento acelerado e eu chego à conclusão de que nunca vou gostar mesmo de Springsteen. Peço desculpas se feri sentimentos dos companheiros de comentários da Consultoria do Rock, mas este não ficaria nem perto dos demais desta lista na minha avaliação. Salvo apenas as duas últimas faixas, em especial a lenta “Meeting Across the River”. Não é que elas me agradem, mas soaram melhor que as demais. Até o uso do saxofone ficou mais adequado. Vou pular para o próximo, e rápido…
Bernardo: Do gênero “tão bom que parece coletânea”. Com todo o respeito ao antecessor The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle (1973), Born to Runé uma obra-prima absoluta. Com sua banda de nove músicos, Bruce vai fundo na alma de seu país, descrevendo estradas, ruas, romances e personagens com uma percepção e sensibilidade poética raras. Destaque absoluto para a faixa-título, um hino da vida “outsider” que faz a cabeça de qualquer um de espírito minimamente rebelde. Destaque-se também a força crescente da abertura “Thunder Road”, o groove irresitível de “Tenth Avenue Freeze-Out” e os nove minutos épicos e emocionantes do fechamento “Jungleland”, em que Clarence Clemons só não mudou a vida de quem ainda não ouviu seu solo. Disco absurdo.
Bruno: Confesso que demorei a entender a obra de Bruce Springsteen. Só depois de muitas audições que finalmente assimilei e passei a admirar o trabalho do cara. Born to Run é, sem dúvida, seu primeiro grande álbum, um disco muito musical, dotado de composições impecáveis e uma performance brilhante da E Street Band.
Davi: Álbum responsável por alavancar a carreira do “The Boss”. Os arranjos são bem pra cima. Além do trabalho vocal marcante, outro fator que me chamou a atenção foi o piano com bastante evidencia. As faixas são espetaculares. Grande disco!
Diogo: Da mesma maneira que alguns colegas estão aproveitando esta série para declarar a admiração por álbuns que tanto prezam e os acompanham através de suas vidas, não posso deixar de manifestar o quanto amo Born to Run, aquele que julgo o melhor disco já lançado em toda a história da música. Em seu registro anterior, The Wild, the Innocent and the E Street Shuffle, Bruce Springsteen já havia atingido a perfeição como compositor, cunhando canções plenas de conteúdo cuja qualidade atinge os ouvidos e traça um caminho sem volta. Pois na preparação do disco posterior, munido da necessidade de lançar um álbum de sucesso e de um perfeccionismo poucas vezes observado, Springsteen criou a mais estupenda obra que irei escutar até o fim de minha vida. Cada detalhe, cada verso, cada vigésimo overdub de guitarra, cada vez que Bruce obrigou Clarence Clemons a regravar um solo de saxofone, tudo valeu a pena. Born to Run é atemporal, um tratado sobre amor, amizade, camaradagem, liberdade e, sobretudo, a necessidade de fazer a vida valer a pena, assuntos que podem se relacionar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, não importando barreiras linguísticas. Caso você pense diferente disso, só lamento, amigo, você não entendeu nada. Fique com seus paradigmas frios e seja feliz seguindo-os, poisBorn to Run não é para você. Deixo, no entanto, como pista para entender o álbum, aquele que julgo ser talvez o mais belo verso que já pude ouvir, contido em “Thuder Road”: “You ain’t a beauty, but hey, you’re alright”. Confira mais comentários a respeito do disco aqui.
Eudes: Ouvi pouco e há muito tempo, prefiro não fazer comentários pouco informados.
Fernando: Sou um fã recente de Bruce Springsteen. Não conheço tudo o que ele fez e alguns álbuns sequer ouvi, mas acho que dificilmente ele produziu uma coleção de canções tão boas quanto em Born to Run.
José Leonardo: Já tive este LP há muito tempo, e como faz muito tempo que não o ouço, não vou comentar.
Mairon: Fazia algum tempo que não ouvia este álbum, e acabei fazendo-o para esta lista. Bastou colocar os primeiros segundos de “Thunder Road” para sentir o mesmo que senti da última vez que o ouvi, que é aquela mistura de boa música com deixa de fundo para outra atividade. Para mim o melhor álbum do “The Boss” é Nebraska(1982), antecessor de Born in the USA (1984), mas essa fase inicial do norte-americano é interessante, porém não o suficiente para entrar na minha lista de melhores de 1975.
Micael: Já dei várias oportunidades ao “Boss”, mas não consigo gostar de seu estilo musical. Não conheço a íntegra deste álbum, portanto não vou opinar.
Ronaldo: Torna-se um pouco fatigante ouvir um disco que mais parece um porta-estandarte da bandeira norte-americana. Do começo ao fim fica-se com uma imagem na cabeça: o trabalhador de classe média, em algum estado do Meio-Oeste, voltando suado e orgulhoso pra casa e encontrando sua linda família. Musicalmente, composições bem amarradas e embaladinhas para a rádio FM que toca no carro desse mesmo trabalhador, que passaria a ouvir esse tipo de fórmula sonora por anos a fio. Bruce Springsteen se entrega tanto na interpretação de cada canção que chega a causar um certo cansaço também.

06 Godbluff
Van der Graaf Generator – Godbluff (43 pontos)
Adriano: Pawn Hearts (1971) é espetacular, mas meu predileto do “patinho feio” do prog clássico inglês é Godbluff! Interessante que o único defeito que consigo enxergar neste disco é a faixa “Arrow”, mas quando a escuto separadamente do disco, considero-a um clássico! Isto, porque é uma tremenda covardia dividir espaço com três obras-primas da música mundial: a comovente “The Undercover Man”, a sensacional e enlouquecedora “Scorched Earth” e a dramática e envolvente “The Sleepwalkers”. Impossível escolher minha preferida. E, se os haters de progressivo adoram criticar o virtuosismo “desnecessário” das bandas do estilo, imagino o que teriam a dizer do Van der Graaf Generator. A prova de que se pode fazer música muito acima da média sem precisar de virtuosismo e, ainda assim, sendo inegavelmente progressivo.
Alexandre: Outro álbum que eu sequer considerei, por pura falta de conhecimento. Assim, ouvi-lo foi “dever de casa” para traçar estas linhas. Apesar de considerar insuficientes as duas ou três audições, em especial para um álbum de estilo eminentemente progressivo, posso deixar claro que gostei do trabalho. São quatro faixas bem trabalhadas, privilegiando os sons de teclado, mesclado com intervenções de sax e flauta em detrimento a poucas guitarras. Lembra-me bastante o trabalho do King Crimson, que também conheço pouco, mas admiro demais o álbum mais clássico,In the Court of the Crimson King (1969). A faixa que fecha o trabalho, “The Sleepwalkers”, é que ousa um pouco mais, com trechos em ritmos latinos, usando elementos percussivos lá pelos três minutos de canção. Gostei bastante do trabalho do baterista Guy Evans durante todo o álbum. Sei que boa parte dos apreciadores da Consultoria do Rock que habitam esta seção têm uma especial predileção pelo gênero mais progressivo, mas a minha iniciação no estilo foi pelo álbum Scheherazade and Other Stories (1976), do Renaissance, que ainda permanece como superior a Godbluff na minha preferência, por trazer canções como “Ocean Gipsy” e a própria “Song of Scheherazade”, além de ter uma das maiores vocalistas que ouvi na vida, Annie Haslam. Mas foi uma agradável surpresa ouvir o Van der Graaf Generator, em especial a faixa “Scorched Earth”, que mescla ótimo uso do hammond com o hofner clavinet. Valeu a dica!
Bernardo: Não é meu tipo de música.
Bruno: Não ouvi, mas como nada do Van der Graaf Generator me agradou, acho que dificilmente este álbum o faria.
Davi: Nunca gostei deste grupo. Não comentarei.
Diogo: Assim como foi ótimo ver Pawn Hearts na edição da série referente a 1971, é muito bom ver o Van der Graaf Generator novamente representado, desta vez comGodbluff, uma das mais contundentes provas de que é possível fazer rock progressivo com o cérebro e o coração. Apesar de não apresentar uma canção tão desafiadora quanto a longa “A Plague of Lighthouse Keepers”, como seu antecessor, Godbluff traz quatro faixas que fazem brotar assombro daqueles que se aventuram por seus 37 minutos, especialmente devido à abertura “The Undercover Man”, mais um motivo para que Peter Hammil torne-se cada vez mais um de meus vocalistas favoritos, não apenas pelo som que brota de sua garganta, mas de sua capacidade de envolver o ouvinte com melodias estranhas, bizarras, mas principalmente atraentes. Convenhamos, a verdade é que todo o track list é imperdível e digno do mais óbvio destaque.
Eudes: O que mais se poderia fazer depois de Pawn Hearts, para muitos a obra-prima definitiva do Van der Graaf Generator? Um disco totalmente diferente, menos “livre” no que diz respeito aos devaneios individuais de cada solista, mais centrado em arranjos que privilegiam a coesão da banda. O disco traz faixas eternas, como a abertura com “The Undercover Man”, ou a multicolorida e multitemática “The Sleepwalkers”, passando pela volta ao improviso representada por “Arrow”. Desconcertante disco que, não sei porquê, não escala o topo da lista. Uma das razões sou eu mesmo: onde eu estava com a cabeça que não botei este disco na minha lista pessoal?
Fernando: Os fãs de Van der Graaf Generator possuem um passatempo tão frequente quanto o de apreciar a obra da banda: discutir qual disco é melhor, Pawn Hearts ouGodbluff. Sou dos que preferem o primeiro, mas no meu critério Pawn Hearts ganha por um fio de cabelo. As músicas neste disco são mais densas e a voz traz um contraste com a parte musical que é até um pouco difícil de explicar.
José Leonardo: Logo após o lançamento da obra-prima Pawn Hearts, o Van der Graaf Generator entrou em recesso, e depois disso só foram lançados um single interessante, “Theme One/W” (1972), uma coletânea, 68-71 (1972) e belos discos solos de Peter Hammill. Em 1975 a banda voltou à ativa com o excelente Godbluff.  Aqui a banda soa mais crua e o canto de Peter Hammill mais agressivo do que antes. Apenas quatro faixas neste álbum, mas ele ainda é um dos seus melhores momentos, especialmente as duas últimas músicas, que são simplesmente extasiantes. “Arrow” e “The Sleepwalkers” são algumas das melhores músicas da banda.  “The Undercover Man” e “Scorched Earth”, porém, soam menos agressivas e mais melódicas, mas isso não as desmerecem de jeito nenhum. Incrível que o Van der Graaf Generator  não tenha recebido tanto reconhecimento no Reino Unido, muito menos nos Estados Unidos, como algumas outras bandas prog do período.
Mairon: Muito bom ver esse LP entre os dez mais. Foi o primeiro disco do Van der Graaf Generator que ouvi, e, ao lado de Pawn Hearts, é meu favorito. Quatro longas canções que mostram um grupo entrosado após três anos de descanso, e com Peter Hammill fazendo misérias, arrancando as cordas vocais em “Arrow” e com letras magníficas como “The Undercover Man” e “Scorched Heart”. O único “deslize” é “The Sleepwalkers”, cujos dez minutos de duração julgo demasiados, mas que não menosprezam o conjunto final deste que é meu 11º entre os melhores de 1975.
Micael: Praticamente a mesma coisa que escrevi sobre Springsteen aplica-se aqui, com a diferença que este disco eu já ouvi! Não consigo compreender o Van der Graaf Generator e tenho certeza que a culpa é só minha! Quem sabe um dia?
Ronaldo: A parte instrumental mais desenvolvida e apurada e a interpretação contundente de um inspirado frontman é o que temos em Godbluff. Apenas quatro temas transmitem um caótica e catártica torrentes de idéias, sem abusar de partes instrumentais e estabelecendo uma comunicação mais direta com o ouvinte.

07 Blow By Blow
Jeff Beck – Blow By Blow (40 pontos)
Adriano: Foi bom reouvir este disco e ver que ele não é tão ruim quanto eu julgava ser – acho que na minha memória ele se confundia com o disco seguinte, Wired(1976) –, embora eu ainda não o veja como um clássico. Jeff Beck é um gênio!
Alexandre: Bem, este disco eu havia ouvido uma vez ou outra, quando muito novo, e não me chamou a atenção. Ouvindo hoje, considero-o sensacional. Trata-se de um fusion instrumental excelente, com uma banda em que todos dominam suas posições e com participações ilustres: Stevie Wonder, como inspiração, certamente, mas também ao ver duas de suas composições no trabalho. Além disso, Stevie toca clavinet com a maestria de sempre na segunda faixa sua no álbum, “Thelonius”. E George Martin, o eterno beatle por trás das carrapetas, para produzir. É preciso dizer que este álbum deve ter influenciado zilhões de guitarristas. Deve ter sido ideia de Martin “transformar” a segunda faixa, dos Beatles, em uma versão com toques reggae para o trabalho. Gosto muito mais desta versão de “She’s a Woman” (com o uso por Jeff de um voice/talk box que Peter Framptom tanto usou em sua carreira) do que da original, que me perdoem os puristas e beatlemaníacos. O clavinet é tão bem executado durante o trabalho por Max Middleton quanto Wonder faz em seus álbuns. Gosto muito também do uso do Fender Rhodes; aliás, o piano elétrico é responsável por grande parte dessa sonoridade fusion que Blow by Blow tem. O disco é mesmo excelente, e destaco também os arranjos orquestrais de George Martin nas duas faixas que fecham os dois lados do disco, coisas de gênio mesmo. Em “Scatterbrain”, na qual a genialidade de George é até ouvida de forma mais discreta,  os demais músicos “debulham”. Trata-se da música da qual mais gosto no disco. Enfim, um álbum ótimo, digno de participar da relação, e que tem a cereja do bolo na clássica “Cause We’ve Ended as Lovers”, que tornou-se cativa nos set lists de Jeff Beck desde então.
Bernardo: Beck é daqueles caras que você ouve e não consegue acreditar que seja deste mundo. As texturas que o cara consegue criar praticamente levam quem ouve para um passeio. Minha favorita é “Cause We’ve Ended as Lovers”, composição de Stevie Wonder com participação não-creditada do mesmo tocando clavinet.
Bruno: Um disco instrumental bastante competente, mas ainda prefiro o clássicoTruth (1968).
Davi: Excelente músico. O trabalho de guitarra, como não poderia deixar de ser, é um absurdo, e o feeling dos músicos que o acompanham é algo indescritível, surreal. Uma verdadeira viagem musical.
Diogo: Trilhando o caminho do fusion e carregado de influências soul e funk, Jeff Beck finalmente encontrou seu mais fértil território com Blow By Blow, seu melhor disco até então. Cercado de um timaço, o guitarrista pôde dar vazão à sua genialidade através de seus habilidosos dedos e marcou golaço atrás de golaço, destacando a jazzística “Scatterbrain”, cujos arranjos de cordas lhe emprestam um toque mais que especial; o presente que Stevie Wonder deu a Beck na forma de “Cause We’ve Ended as Lovers”, recheada de feeling; “Thelonious”, outra obra de Wonder, dessa vez mais carregada no balanço e na malemolência; “Freeway Jam” e “Diamond Dust”. Posso não ter incluído Blow By Blow em minha lista particular, mas sua presença entre os dez mais é merecida, expressando reconhecimento a um dos melhores e mais influentes guitarristas que já habitaram este mundo.
Eudes: Outro disco com cacife sobrando para entrar na lista, mas injustiçado na colocação. E olha que a turma aqui nunca tinha incluído nenhum disco do gênio nas listas anteriores, nem mesmo o seminal Truth. Mas antes um sétimo lugar do que nada. Para começo de conversa, o cruzamento de blues, funk e jazz em um disco totalmente instrumental e que alcançou o quarto lugar em uma lista como a da Billboard já é um fenômeno. Mas o álbum sobrevive pela suas qualidades em si. Ninguém sai como entrou da audição da dobrada “Air Blower”/”Scatterbrain”, em que Beck nos leva por caminhos tortuosos sob a vertiginosa trilha orquestral de George Martin. Para completar, Beck nos dá dois diretos no queixo com sua versão super comovida de “Cause We’ve Ended as Lovers”, de Stevie Wonder, e com a sutileza repleta de insinuações de “Diamond Dust”, linda peça de Bernie Holland que Beck, Max Middleton e Martin elevam à condição de sublime.
Fernando: Inexplicavelmente ouvi pouco este disco, muito menos do que eu deveria ter feito, já que lembro que gostei da primeira vez. Não tive tempo de ouvir novamente até escrever este comentário, então não opinarei para não falar besteira.
José Leonardo: Apesar de curtir mais a fase inicial de Jeff Beck, liderando o Jeff Beck Group e tendo como vocalista o não menos talentoso Rod Stewart, este disco em questão é excelente. É simplesmente espantoso. Com cada nota pungente Jeff Beck prova que é um deus da guitarra. Blow By Blow é  tanto um marco na carreira de Jeff quanto um marco na história do jazz fusion. Beck trouxe a guitarra para a vanguarda do jazz rock como ninguém nunca havia feito antes. O álbum  está cheio de músicas umas mais  incríveis  que as outras. Os destaques vão para “Freeway Jam”, “You Know What I Mean”, “Cause We’ve Ended as Lovers” e  “Diamond Dust”.  O disco  realmente merece todo o reconhecimento que tem. Um dos melhores álbuns instrumentais já lançados.
Mairon: Criei-me ouvindo e lendo que este era o melhor álbum de Beck. Sei que me chamam de teimoso, mas eu discordo fortemente. A fase com o Jeff Beck Group é minha preferida, e da fase jazzística fico com Wired. Blow By Blow, o disco que inspirou Dave Murray (Iron Maiden) a virar guitarrista, tem um lado B muito bom, principalmente as gemas “Cause We’ve Ended As Lovers” e “Thelonius”, mas acho seu lado A não tão agradável, e, por isso, não o coloquei nem entre meus 30 selecionados finais. Entendo, contudo, sua relação entre os dez mais de 1975, achando-a justa, apesar de haver outros álbuns muito melhores nesse ano.
Micael: Idem ao disco de cima. Não faz a minha cabeça. Prefiro não opinar!
Ronaldo: Um excepcional guitarrista que não tinha lá muito as manhas para composição, mas sempre se cercou dos caras certos pra montar os times no qual jogou. E aqui o time é dos melhores de sua carreira até então. Pra Jeff, só era precisa soltar a mão em sua guitarra e lançar este clássico trabalho, que representa uma guinada total à música instrumental em sua carreira. Um tremendo acerto.

08 Come Taste the Band
Deep Purple – Come Taste the Band (39 pontos)
Adriano: Para um disco de hard rock, Come Taste the Band é ótimo, mas, para um Deep Purple que havia já lançado Burn e Stormbringer no ano anterior, ele é apenas mais do mesmo. Além do mais, a pegada soul/funk foi bastante absorvida pelo hard, o que, para mim, não é positivo. Vale a ouvida, mas podia ceder lugar nesta lista a muita coisa boa.
Alexandre: Não esperava ver este álbum entre os dez melhores do ano, embora tenha colocado-o em minha lista. Isso porque não acredito que o trabalho de Tommy Bolin seja uma unanimidade entre os fãs do Deep Purple. Não que isso ocorra comigo, acho que o guitarrista deu conta do recado em estúdio, gosto bastante de alguns riffs como, de “Getting Tigher” e “Love Child”. É uma pena que a banda tenha entrado em colapso por causa dos excessos de Glenn Hughes e Bolin – o guitarrista tem performances deploráveis na turnê para o álbum. Algo que achei interessante é que, mesmo com a saída de Ritchie Blackmore, o disco quase não carrega os aspectos de soul music e funk que o anterior, Stormbringer, que eu também adoro, mostrou, e que o guitarrista original não gostava. Achava que, sem Blackmore, Hughes teria mais espaço para mostrar essa vertente, mas, de um certo modo, ele retoma um som mais hard rock, de álbuns como Burn, por exemplo. A exceção para mim é “This Time Around” de Hughes e Jon Lord, um momento brilhante dos dois músicos.  Não considero o álbum impecável, mas é um trabalho muito bom da banda.
Bernardo: Não, Deep Purple sem Ritchie não é nenhuma aberração – e Tommy Bolin é a prova definitiva disso, chegando para somar ao groove de David Coverdale e Glenn Hughes. Disco de rock direto e de impressionante energia, com uma fome por velocidade vista desde a abertura “Comin’ Home”. Só pela abertura, o convite para provar a banda já estaria mais do que aceito. “Getting Tighter” e “I Need Love” só mostram como o estilo do jovem guitarrista combinava com aquela formação, tão elétrica e poderosa que os momentos que pisam no freio já não têm o mesmo brilho para mim. Pena que não durou mais.
Bruno: Se com a entrada de Hughes e Coverdale o Deep Purple deixava de lado os flertes com o progressivo e a música erudita e mergulhava de cabeça no hard rock, com o jovem e talentosíssimo Tommy Bolin ocupando o lugar de Ritchie Blackmore o som da banda tornou-se ainda mais direto e suingado, com composições bem mais pop. Pra quem achou que isso baixaria o nível, quebrou a cara. Come Taste the Band é um disco contagiante, redondinho, que proporciona uma audição prazerosa do começo ao fim. É meu terceiro disco favorito do Deep Purple, perdendo apenas para Burn eMachine Head (1972).
Davi: Puta disco. A influência funk de Glenn Hughes fica bastante evidente (quem conhece sua carreira solo sabe do que estou falando) e as canções são uma melhor do que a outra. Tommy Bolin fez um belo trabalho de guitarra e os vocais da dupla Coverdale/Hughes são magistrais. Considero-o um dos grandes álbuns da banda.
Diogo: Come Taste the Band pode até não ser tão bom quanto os outros discos do Deep Purpe registrados com David Coverdale e Glenn Hughes, Burn e Stormbringer, mas o fato é que, quando ele resolve ser bom, ele é soberbo. Refiro-me mais especificamente às belíssimas “Getting Tighter”, “You Keep on Moving” e, especialmente, “This Time Around/Owed to ‘G'”, perfeita para demonstrar que a entrada do guitarrista Tommy Bolin no lugar de Ritchie Blackmore reservou momentos deliciosos tanto para os admiradores da banda quanto aqueles que não possuíam necessariamente alguma adoração especial pelo grupo. É uma pena que o quinteto tenha encerrado temporariamente suas atividades poucos meses após o lançamento do álbum, pois seria muito interessante observar a possível evolução que a banda apresentaria em estúdio. Maior pena ainda é o fato de Tommy Bolin ter nos deixado com apenas 25 anos, privando-nos de ouvir seu estilo único em muito mais registros.
Eudes: Apesar de trazer uma das melhores faixas do Deep Purple, “This Time Around/Owed to ‘G'”, apresentar um novo guitarrista, na boa, à altura de Blackmore, Tommy Bolin, e ser o último disco autêntico da banda, nada justifica ele ser incluído nesta lista, ainda mais acima de Zuma, em um ano que teve coisas como Radio-Aktivität, do Kraftwerk, e o excepcional Fish Out of Water, de Chris Squire (melhor do que alguns discos do Yes no seu auge).
Fernando: Por mais que eu ache este álbum sensacional, não há dúvidas que é um registro um pouco estranho na discografia da banda. A entrada de Tommy Bolin apenas destacou algumas influências já introduzidas por Glenn Hughes e David Coverdale, mas mudou bastante seu direcionamento. Não dá para saber o que seria do grupo se não fôssemos privados da genialidade de Tommy Bolin. Talvez a banda teria acabado do mesmo jeito.
José Leonardo: Confesso que, apesar de curtir este disco, ele está longe, em minha opinião, de ser um dos melhores da banda, e a anos-luz de In Rock (1970), Machine Head e Burn, por exemplo. Após a saída de Ian Gillan e Roger Glover, em 1973, a banda introduziu uma sonoridade soul/funk, com a entrada de David Coverdale e Glenn Hughes, sem por em jogo a sonoridade clássica da banda, lançando em 1974 dois belos discos, Burn e Stormbringer. No ano seguinte, sem o “guitar maestro” Ritchie Blackmore” e com o talentoso guitarrista norte-americano Tommy Bolin (ex-James Gang), a banda lançou Come Taste the Band. Aqui a pegada funk  continua como mote do álbum. Bolin é um ótimo guitarrista, mas não podemos compará-lo com Blackmore, pois ambos têm estilos diferente. Em 1976, após algumas excursões, o Deep Purple encerrou suas atividades, talvez devido ao vício em heroína de Tommy Bolin, que comprometeu algumas apresentações da banda.
Mairon: O melhor disco do Deep Purple. Muito obrigado aos colegas por terem colocado Come Taste the Band entre os dez mais, pena que em uma posição tão baixa. Entendo que os admiradores da Mark II torçam o nariz para essa obra-prima, pois eles estão acostumados com brutalidade e gritos histéricos, só que a perfeição que Tommy Bolin trouxe para o lugar de Blackmore jamais existiu em nenhum outro momento do Deep Purple, ainda mais com a parceira mais que fiel de Glenn Hughes. Se David Coverdale ficou com ciúmes, ele respondeu com sua melhor performance musical, e o resultado final foi tão bom que Jon Lord e Ian Paice resolveram seguir os passos aprendidos aqui no delicioso Malice in Wonderland (Paice Ashton Lord, 1977). O álbum inteiro é ótimo, mas se for para destacar canções, fico com a sequência “This Time Around/Owed to G”, shows particulares de Hughes e Bolin, respectivamente, e com a soberania de “Gettin’ Tigher”. Este é o último disco do Deep Purple, tudo que veio depois é descartável como fralda usada, ou melhor, é o conteúdo da fralda usada. Pena que a Mark IV rendeu apenas ele. Quem quiser saber mais sobre o álbum, acesseaqui.
Micael: Ritchie Blackmore se foi, e Tommy Bolin chegou para criar a Mark IV, além de mudar e muito a sonoridade do Purple, apoiado pelo gosto funkeiro de Glenn Hughes! Um álbum muito diferente na carreira da banda, mas de alta qualidade. Minha preferida é “Comin’ Home”, quase nunca citada, mas um primor, e “This Time Around/Owed to ‘G'” e “You Keep on Moving” não ficam nem um pouco atrás! Por outro lado, acho “Gettin’ Tighter” insuportável, e todas as outras poderiam muito bem estar em um dos primeiros discos do Whitesnake que pouca gente notaria a diferença! Um belo registro, mas que não acredito superar os registros da Mark II (até então) e da Mark III!
Ronaldo: Um bom trabalho de rock, que, pelo lado pessoal, figura entre meus favoritos da banda devido à presença cheia de vigor do guitarrista Tommy Bollin. Pensando de forma mais ampla, porém, a banda se apresenta com menos identidade (talvez mais discos com esta formação fossem necessários para tal), sem nenhuma relação com seu passado e nem representando uma evolução ao som desenvolvido em discos anteriores. Para o ano em questão, fica um pouco abaixo da média.

09 Zuma
Neil Young with Crazy Horse – Zuma (37 pontos)
Adriano: Não sei qual o meu favorito dos discos deste ano do canadense, poisTonight’s the Night também é ótimo. Fato é que ambos superam um bocado o anterior On the Beach (1974). Aqui temos pelo menos duas preciosidades: “Danger Bird” e “Barstool Blues”. O que não tira o mérito das demais faixas, principalmente “Don’t Cry No Tears”.
Alexandre: Quando vi Neil Young na lista, pensei: “Isso vai ser uma dureza de ouvir”. Sim, este é mais um dos álbuns sobre os quais eu não tinha o menor conhecimento, mas tudo que vi e ouvi de Neil não me agradava até agora. Assim, novamente essa é uma análise superficial. Fiz uma pesquisa para tentar entender o conceito histórico do lançamento do álbum em relação à carreira de Young, e há claros exemplos de country e folk rock. Agrada-me mais a parte folk, que me lembra os trabalhos de James Taylor, em especial “Pardon my Heart”, a que melhor soou aos meus ouvidos, pelos vocais trabalhados, que é uma característica do trabalho de Young junto ao Crosby, Still & Nash, assim como a que fecha o álbum, “Through My Sails”. Mas é pouco para o “conjunto da obra”. Sempre considerei que Young tem uma consideração como vocalista e guitarrista apreciada de forma superestimada. No álbum o vocal me soou com uma fragilidade (em especial nas partes mais altas) que beira uma ligeira desafinação. E considerar o solo de guitarra de Cortez the Killer como um dos melhores de todos os tempos (está no ranking da revista Guitar World na 39ª posição) não faz o menor sentido. O que se ouve ali é básico; Jimmy Page, Jeff Beck, Brian May e Ritchie Blackmore apresentaram em 1975 contribuições muito melhores e que não foram citadas pela publicação. Ainda continuo não entendo o porquê deste álbum estar aqui e um como Fly By Night (Rush), que reuniu pela primeira vez em estúdio três gênios também canadenses como Young, não ter aparecido nesta lista.
Bernardo: Meu preferido de Neil deste ano na verdade é Tonight’s the Night, um dos discos mais doídos, sinceros, cinzentos e tristes da música setentista e do rock em geral. Zuma tem um clima menos pesado, com mais guitarras e percussão conferindo uma atmosfera menos difícil de se processar que o de seu irmão. Com performances avassaladoras em “Danger Bird” e “Cortez the Killer”, Zuma é mais um dos filhos da fase em que Neil era rei absoluto do folk/blues rock. Mas a impressão de Tonight’s the Night ser ainda mais impressionante, isso ninguém me tira.
Bruno: Mais uma obra-prima de Neil Young. Zuma traz toda a melancolia inerente do canadense, mas com o peso instrumental do Crazy Horse. O solo de “Cortez the Killer” é uma das coisas mais bonitas já saídas de uma guitarra elétrica.
Davi: Gosto de Neil Young, mas não conheço este álbum, não comentarei.
Diogo: Menos angustiado que seus antecessores, Zuma talvez seja o melhor álbum de Neil Young desde Everybody Knows this Is Nowhere (1969), evidenciando uma pegada ao mesmo tempo mais agressiva e mais country, sem esquecer seu jeito todo especial de fazer o blues. Ouçam a estupenda “Danger Bird” e “Barstool Blues” e tentem compreender o que quero dizer. Melhor que isso: escutem “Cortez the Killer” e entendam por que, apesar das vozes discordantes, Neil continua dando as caras na série Melhores de Todos os Tempos. Mais um grande álbum em uma carreira que, até então, desde so tempos de Buffalo Springfield, era praticamente irrepreensível.
Eudes: Sinto um misto de satisfação (sim, Zuma entrou na lista) e indignação (porra, em nono, só pode ser sacanagem dos consultores). Mas fazer o que se nossos escribas preferiram a criativa opção de enfiar mais um disco do Purple, do Sabbath e do Pink Floyd no topo da lista? Zuma é o mais afiado dos tremendamente afiados discos atribuídos a Neil Young e Crazy Horse (que, curiosamente, sem o cantor canadense, é uma banda bem mais ou menos). Um álbum que traz “Danger Bird” e “Barstool Blues”, chega no cume com o melhor blues de branco já gravado, “Cortez the Killer”, e fecha com a placidez arrebatadora de “Through My Sails” deveria ter tido melhor sorte.
Fernando: Não ouvi, não posso comentar.
José Leonardo: Após o lançamento da chamada “ditch trilogy” (“trilogia suja”), como foram chamados seus álbuns do período entre 1973 e 1975 (Time Fades Away, On the Beach e Tonight’s the Night), que representaram sua fase emocional na época, Neil Young finalmente se reencontrou com o Crazy Horse  pela primeira vez em cinco anos em Zuma. A banda apareceu em alguma faixas de discos anteriores, como After the Gold Rush (1970) e Tonight’s the Night (embora a faixa em questão seja uma performance ao vivo gravada em 1970),  mas esta era a sua primeira colaboração em um álbum completo com Young desde o brilhante Everybody Knows This Is Nowhere. Aqui, o guitarrista original Danny Whitten (falecido em 1972, vítima de uma overdose de heroína) foi substituído por Frank Sampedro. Zuma é outro álbum clássico da enorme discografia de Neil Young. O registro é preenchido com material incrível e praticamente todas as canções são ótimas. A música aqui é principalmente folk rock, mas é temperada com fortes elementos de country rock e hard rock, fato que o torna mais interessante. O álbum atinge seu ápice em petardos como “Danger Bird” e  “Cortez the Killer”, que representam algumas das  melhores coisas já feitas por Neil com o Crazy Horse.  E ainda temos a presença harmoniosa do Crosby, Stills & Nash na bela “Through My Sails”!
Mairon: Mas que barbaridade. Não tenho mais nada para falar há algumas edições sobre Neil Young, e ele continua aparecendo. Zuma é mais do mesmo, e não consigo ainda entender por que quando sua discografia comentada foi ao ar não teve tanta gente idolatrando o cidadão.
Micael: O último disco da “trilogia negra” de Young (e o melhor deles), o reencontro do músico com o Crazy Horse e a estreia de Frank “Poncho” Sampedro no lugar do falecido guitarrista Danny Whitten, um dos motivadores de tanta tristeza e devastação na vida do canadense. Se Zuma tivesse apenas a fantástica “Cortez the Killer”, já mereceria estar nesta lista, mas o disco tem muito mais: a beleza guitarrística de “Danger Bird”, a linda “Pardon My Heart” e a cativante “Don’t Cry No Tears”, entre outras pérolas. Como uma espécie de “bônus”, ainda tem uma faixa ao vivo com Young ao lado do trio Crosby, Stills & Nash (“Through My Sails”), para fechar com chave de ouro um dos melhores registros do bardo canadense!
Ronaldo: Outro bom trabalho (também bastante regular) de Neil Young e de seu cortante som de guitarra. Um pouco mais rude que On the Beach e com mais apelo na simplicidade das canções.

10 Ritchie Blackmore's Rainbow
Rainbow – Ritchie Blackmore’s Rainbow (37  pontos)
Adriano: Se este disco mantivesse a qualidade da faixa de abertura, a fenomenal “Man on the Silver Mountain”, unindo a maestria de Blackmore com a potência vocal de Ronnie James Dio (que também participou da composição de todas as faixas autorais do álbum), este álbum seria mais que fantástico. Mas isso não acontece. As músicas restantes são ótimas, com destaque para o cover de “Black Sheep of the Family”, do Quatermass, mas não tão geniais e pegajosas. Justo décimo lugar.
Alexandre: Outro que entrou na minha lista, considero-o um disco de transição para Blackmore, buscando um caminho com sua nova banda. Ele acertou em cheio ao trazer o saudoso Ronnie James Dio, que canta demais em seus três álbuns com Ritchie. O restante da formação é composto por músicos que tocavam com Dio no Elf, então a sonoridade do trabalho ainda não é aquela pela qual o Rainbow seria conhecido,apesar de bem gravado e com boa participação dos membros do grupo (destaco o trabalho de Craig Gruber no baixo). Não é à toa que ninguém sobrou para fazer a turnê do álbum durante os meses seguintes entre os ex-companheiros de Dio. Gosto muito das composições de Blackmore; várias delas são clássicas que entrariam no soberbo ao vivo On Stage, de 1977, como “Man on the Silver Mountain” e “Catch the Rainbow”. Aliás, o álbum ao vivo traz versões muito melhores que as que podem ser ouvidas aqui, mas ainda assim trata-se de um álbum primoroso. Queria destacar a balada “The Temple of the King” e outras duas faixas menos conhecidas, mas que me agradam demais: “Snake Charmer” e “Self Portrait”. Entre as mais fracas, não tenho predileção por “Black Sheep of the Family”, que é um cover, aliás, e “If You Don’t Like Rock ‘n’ Roll”. Enfim, uma ótima escolha para fechar a lista.
Bernardo: Não sei se essa sinceridade pode vir a ser polêmica, mas acho um disco fraco para um top 10 desse ano. “Man on the Silver Mountain” é um puta musicão de respeito, mas acho que a banda só conseguiria evoluir musicalmente ao passar a ser, após a reformulação, apenas Rainbow, no disco Rising (1976). Aqui ainda estava muito “verde”, mais uma empreitada do que uma abertura de paradigma.
Bruno: Após deixar o Deep Purple, Blackmore contratou os músicos da banda Elf, com exceção do guitarrista, e montou o seu novo projeto, batizado de Rainbow. Apesar deste debut ser um competente disco de hard rock, com destaque para os vocais de Ronnie James Dio, não o considero merecedor de entrar nesta lista. No disco seguinte é que a banda atingiria um outro patamar. Mas deixa isso para a próxima edição.
Davi: As guitarras de Ritchie Blackmore e os vocais de Ronnie James Dio juntos é algo mágico. A estreia do grupo não tinha como ser melhor. Álbum simplesmente matador. “Man on the Silver Mountain” e “Catch the Rainbow” são clássicos absolutos. Essencial!
Diogo: A união da guitarra de Ritchie Blackmore com o vocal de Ronnie James Dio certamente foi um dos fatos mais importantes na história do rock pesado, e foi neste álbum que esse casamento se concretizou, mostrando que Blackmore poderia oferecer muito mais do que aquilo que ele já havia apresentado no Deep Purple, e que Dio era uma força a ser reconhecida, digna de galgar degraus ainda mais elevados. Isso aconteceu com muito mais competência no absurdo Rising, um de meus discos favoritos em todos os tempos, mas Ritchie Blackmore’s Rainbow também é digno de muitos elogios, especialmente devido à canção que o abre, “Man on the Silver Mountain”, da belíssima balada “Catch the Rainbow” e da adaptação instrumental para “Still I’m Sad”, dos Yardbirds. Outros artistas foram melhor sucedidos ao fazer hard rock em 1975, como Bad Company, Alice Cooper, Scorpions, Rush e Ted Nugent, mas a inclusão deste álbum entre os dez mais passa longe de soar absurda.
Eudes: Como o disco de Springsteen, álbum ouvido mal e há muito tempo. Não cometerei a leviandade de comentar. Mas não resisto a lembrar que este era o último ano para prestar homenagem a Rita Lee, que lançou em 1975 um dos melhores discos de rock daqui e de alhures… Nem dá pra dizer que fica para outra.
Fernando: Ritchie Blackmore foi o primeiro trOO da história da música. Quando os novos componentes quiseram mudar o estilo de sua banda acrescentando novos ingredientes ele saiu. Montou uma banda nova e gravou a cartilha musical do que viria se tornar o power metal mais de dez anos depois.
José Leonardo: Abstenho-me de comentar, pois não possuo este disco e conheço apenas uma ou duas músicas dele.
Mairon: A estreia do Rainbow é um bom disco, com ótimas músicas, destacando principalmente “Man on the Silver Mountain” e a bela recriação para “Still I’m Sad”, que lembra muito “You Fool No One” (Deep Purple), mas acho que ter ficado entre os dez mais em 1975 é um exagero. Neste ano, grupos como Scorpions, UFO e Rush já estavam lançando material com qualidade suficiente para ocuparem pelo menos a nona posição desta lista, mas meus nobres colegas acabaram esquecendo deles para privilegiar este álbum, e aumentar o ego de Blackmore.
Micael: Se Tommy Bolin chegou para mudar a direção musical do Deep Purple, Ritchie Blackmore levou o hard rock padrão europeu que fazia com seu ex-grupo a um outro patamar na estreia de seu “projeto solo”. Clássicos do porte de “Man on the Silver Mountain”, “Catch the Rainbow”, “The Temple of the King” e as versões para “Sixteenth Century Greensleeves” e “Still I’m Sad” garantem com sobras este álbum nesta lista. O curioso é que o cover para “Black Sheep of the Family”, alegadamente o “motivo oficial” para a saída do guitarrista do Purple (Ritchie queria gravá-la, e o resto do grupo não aceitou) acabou sendo a pior faixa da estreia de uma excelente banda, que, quase completamente reformulada, acabaria atingindo níveis elevadíssimos nos anos seguintes!
Ronaldo: Ritchie Blackmore maximizou todos seus clichês de guitarra para a banda que levava seu nome e tinha seu total domínio. Contando com os poderosos vocais de Ronnie James Dio, falta algo ali para que o som decole e soe menos burocrático. Estranho um sentimento assim para uma banda estreante, mas compreensível em se tratando de músicos que já tinham uma estrada anterior.

Listas individuais
the-myths-legends-of-king-arthur-frontAdriano KCarão
  1. Pink Floyd – Wish You Were Here
  2. Van Der Graaf Generator – Godbluff
  3. Rick Wakeman – The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table
  4. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  5. Greenslade – Time and Tide
  6. Chris Squire – Fish Out of Water
  7. The Who – The Who By Numbers
  8. Queen – A Night at the Opera
  9. Soft Machine – Bundles
  10. Carpe Diem – En Regardant Passer les Temps

Kiss-Dressed-to-killAlexandre Teixeira Pontes
  1. Black Sabbath – Sabotage
  2. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  3. Pink Floyd – Wish You Were Here
  4. Rainbow – Ritchie Blackmore’s Rainbow
  5. Queen – A Night at the Opera
  6. Kiss – Dressed to Kill
  7. Rush – Fly By Night
  8. Deep Purple – Come Taste the Band
  9. Scorpions – In Trance
  10. Renaissance – Scheherazade and Other Stories

BobDylanBloodOnTheTracksBernardo Brum
  1. Bob Dylan – Blood on the Tracks
  2. Neil Young – Tonight’s the Night
  3. Black Sabbath – Sabotage
  4. Bruce Springsteen – Born to Run
  5. Queen – A Night at the Opera
  6. Tim Maia – Racional Vol. 1
  7. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  8. Pink Floyd – Wish You Were Here
  9. Kraftwerk – Radio-Aktivität
  10. Raul Seixas – Novo Aeon

FightingBruno Marise
  1. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  2. Bruce Springsteen – Born to Run
  3. Queen – A Night at the Opera
  4. Thin Lizzy – Fighting
  5. Rush – Fly By Night
  6. Neil Young with Crazy Horse – Zuma
  7. Black Sabbath – Sabotage
  8. Alice Cooper – Welcome to My Nightmare
  9. Deep Purple – Come Taste the Band
  10. Scorpions – In Trance

5200Davi Pascale
  1. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  2. Queen – A Night at the Opera
  3. Kiss – Dressed to Kill
  4. Aerosmith – Toys in the Attic
  5. Pink Floyd – Wish You Were Here
  6. Eric Carmen – Eric Carmen
  7. Rita Lee & Tutti Frutti – Fruto Proibido
  8. Rush – Fly By Night
  9. Bad Company – Straight Shooter
  10. Peter Frampton – Peter Frampton

one-of-these-nightsDiogo Bizotto
  1. Bruce Springsteen – Born to Run
  2. Queen – A Night at the Opera
  3. Black Sabbath – Sabotage
  4. Van der Graaf Generator – Godbluff
  5. Eagles – One of These Nights
  6. Deep Purple – Come Taste the Band
  7. Bad Company – Straight Shooter
  8. Bob Dylan – Blood on the Tracks
  9. Pink Floyd – Wish You Were Here
  10. David Bowie – Young Americans

vinillp-milton-nascimento-minas-_iZ34961XvZxXpZ1XfZ60522702-520795209-1.jpgXsZ60522702xIMEudes Baima
  1. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  2. Jeff Beck – Blow By Blow
  3. Neil Young with Crazy Horse – Zuma
  4. Milton Nascimento – Minas
  5. Elton John – Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy
  6. Paul Simon – Still Crazy After All These Years
  7. Rita Lee & Tutti Frutti – Fruto Proibido
  8. Kraftwerk – Radio-Aktivität
  9. Chris Squire – Fish Out of Water
  10. Kool & the Gang – Spirit of the Boogie

cover_3738226112010Fernando Bueno
  1. Pink Floyd – Wish You Were Here
  2. Queen – A Night at the Opera
  3. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  4. Van der Graaf Generator – Godbluff
  5. Rainbow – Ritchie Blackmore’s Rainbow
  6. Camel – The Snow Goose
  7. Renaissance – Scheherazade and Other Stories
  8. Tommy Bolin – Teaser
  9. Bruce Springsteen – Born to Run
  10. Aerosmith – Toys in the Attic

minstrell_in_the_galleryJosé Leonardo Aronna
  1. Pink Floyd – Wish You Were Here
  2. Jethro Tull – Minstrel in the Gallery
  3. Queen – A Night at the Opera
  4. Black Sabbath – Sabotage
  5. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  6. Neil Young with Crazy Horse – Zuma
  7. The Who – The Who By Numbers
  8. Jeff Beck – Blow By Blow
  9. Neil Young – Tonight’s the Night
  10. Van Der Graaf Generator – Godbluff

Armageddon001Mairon Machado
  1. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  2. Armageddon – Armageddon
  3. Deep Purple – Come Taste the Band
  4. Steve Howe – Beginnings
  5. David Bowie – Young Americans
  6. Rush – Caress of Steel
  7. Scorpions – In Trance
  8. Raul Seixas – Novo Aeon
  9. Queen – A Night at the Opera
  10. Pink Floyd – Wish You Were Here

Capa do álbum
Micael Machado
  1. Queen – A Night at the Opera
  2. Pink Floyd – Wish You Were Here
  3. Rainbow – Ritchie Blackmore’s Rainbow
  4. Renaissance – Scheherazade and Other Stories
  5. Deep Purple – Come Taste the Band
  6. Rush – Fly By Night
  7. Neil Young with Crazy Horse – Zuma
  8. Tim Maia – Racional Vol. 1
  9. Steve Hackett – Voyage of the Acolyte
  10. Neil Young – Tonight’s the Night

Steve_Hillage_Fish_RisingRonaldo Rodrigues
  1. Steve Hillage – Fish Rising
  2. Jeff Beck – Blow By Blow
  3. Queen – A Night at the Opera
  4. Led Zeppelin – Physical Graffiti
  5. Thin Lizzy – Fighting
  6. Hatfield and the North – Rotter’s Club
  7. Tangerine Dream – Rubicon
  8. Lula Cortês e Zé Ramalho – Paêbirú
  9. Mike Oldfield – Ommadawn
  10. Bob Dylan – Blood on the Tracks
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