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quarta-feira, 10 de março de 2021

Crossroads - A Vida e a Música de Eric Clapton [1995]



Michael Schumacher é um renomado piloto alemão de Fórmula 1, heptacampeão, e que infelizmente sofreu um gravíssimo acidente que acabou com sua carreira, sendo que ainda hoje sabemos pouco sobre o seu estado de saúde. Porém, é o nome também de um brilhante escritor norte americano, que em 1995, escreveu a Biografia Crossroads - A Vida e a Música de Eric Clapton, uma das melhores biografias que já li sobre o guitarrista inglês. Com 390 páginas (mais oito páginas exclusivas para fotos em preto e branco), Crossroads mergulha na vida de Clapton até o ano de 1995, sem deixar passar nenhum detalhe, mas ao mesmo tempo, sem ser maçante ou demasiadamente exagerado em termos de informações.

A edição que tenho não possui orelhas (é a edição de 1995 da Editora Record), o que já chama a atenção por fugir dos padrões normais dos lançamentos de livros. São 13 capítulos, mais prólogo e epílogo, saindo da família e infância conturbada de Clapton nos anos 40 até a morte do filho Conor em 1991, e de como Clapton teve que ressurgir das cinzas por diversas vezes ao longo de sua vida. Com o final do texto, fica a sensação de que você realmente é apresentado para toda a vida e a obra de de Clapton, já que Schumacher não deixa passar nada, e também, de como Clapton sempre foi um arroz de festa participando de shows e discos de diversos artistas.

Os Bluesbreakers - John Mayall, Hughie Flint, Eric Clapton e John McVie - numa opção de foto para a capa de seu clássico disco de 1965, The Bluesbreakkers with Eric Clapton.


Fazendo um apanhado geral do conteúdo de Crossroads, há vários pontos a se destacar sobre a vida e a música de Clapton. Quando pequeno, Clapton sofreu um trauma por saber que foi criado pelos avós, e que aquela que ele julgava ser sua irmã na verdade era sua mãe. Esse ponto da infância de Clapton é tratado de forma bastante delicada por Schumacher, mas sem perder-se em detalhes desnecessários ou fazer qualquer sensacionalismo barato. São os fatos por si só, apresentados ao leitor. O que tira a introversão de Clapton e o choque familiar é a música, mais precisamente o rock de Elvis Presley, o que o levou a comprar um violão quando tinha 13 anos, mas que não teve sucesso imediato para aprender o mesmo.

O contato com o blues, aos 17 anos, vem junto ao afastamento de Clapton da escola. Em 1962, a cena do blues estava ascendente em Londres, e Clapton passou a frequentar pubs para assistir e, por que não, aprender a tocar - ao mesmo tempo que se apresentava - por alguns trocados. Logo ele monta seu primeiro grupo, os Roosters, banda na qual Clapton aprendeu a tocar Howlin' Wolf, Robert Johnson, Freddie King e Muddy Waters, construindo assim uma reputação que o leva aos Yardbirds. Ali, ele passou a ser O cara da banda, empregando ao grupo solos de blues pouco comuns para jovens brancos ingleses, e claro, fazendo com que o nome de Eric começasse a se ampliar entre os frequentadores dos pubs londrinos. É aqui que o guitarrista realiza o sonho de tocar ao lado de um de seus ídolos, Sonny Boy Williamson, e quando ele se depara com deficiências próprias para tocar blues que só seriam saradas anos mais tarde. Além disso, o guitarrista abandona os Yardbirds logo após a gravação de Five Live, por conta do apelo comercial que o grupo rumava.

Com 20 anos, Clapton sai dos Birds para ingressar na trupê de John Mayall. Como um dos Bluesbreakers, é aqui que Clapton finalmente alcança o status de God pelos fãs. Ao lado de Mayall, Clapton teve um amigo com quem podia compartilhar igualmente sua paixão pelo blues, e também onde ele conhece os futuros colegas Jack Bruce (baixo, vocais) e Ginge Baker (bateria). A formação do Cream é narrada de forma até hilária, já que a rivalidade entre Baker e Bruce nunca foi negada por nenhum dos dois, só que a vontade de Baker tocar com Clapton era tão grande que ele aceitou o desejo do guitarrista de só formar a banda se tivesse Bruce como baixista. No Cream, a química e vitalidade do trio principalmente nos palcos era fantástica, mas pessoalmente, a guerra de egos e o excesso de shows era enorme, e infelizmente, o mundo viu o grupo em ação por apenas três anos, parindo álbuns seminais e atemporais, obras que são estudadas e referenciadas por músicos e jornalistas até hoje. Vale citar aqui a influência que Hendrix teve para Clapton nesse período, inclusive com o inglês adotando um visual mais hippie (com cabelo Black Power e tudo) por conta do Deus Negro da guitarra. Outro ponto importante é quando Schumacher cita o momento que Clapton decide abandonar o Cream: "Eu fiz uma experiência certa noite ... parei de tocar na metade de um número e os outros dois nem notaram ... então pensei, fodam-se!".

Clapton e sua guitarra, na fase psicodélica do Cream


Saindo do Cream, surge o convite para gravar "While My Guitar Gentle Weeps" com os Beatles, a amizade com George Harrison, e a formação de outra banda gigante, a Blind Faith. Ao lado de Steve Winwood, Rick Grech e o também ex-Cream Baker, temos aqui uma super banda, que fez um álbum sensacional mas que também sofreu muito na sua breve existência, principalmente pelo excesso de violência que ocorria nos shows da banda nos Estados Unidos, chegando ao ponto de em uma apresentação no Madison Square Garden, em Nova Iorque, os fãs serem implacavelmente espancados pela polícia, que ainda agrediu Baker, considerado um hippie desordeiro pela polícia, e não um membro da atração principal. A Blind Faith durou pouco mais de um ano, e Clapton novamente pulou da barca. Na entre-safra, temos outra parceria com um beatle, agora John Lennon, no álbum Live Peace in Toronto 1969 (1969), a participação de Clapton junto com o grupo Delaney and Bonnie and Friends (na gravação de On Tour with Eric Clapton, de 1970), o primeiro álbum solo de Clapton, Eric Clapton (1970), a conturbada participação do guitarrista em um projeto com Howlin' Wolf, culminando no essencial The London Howlin' Wolf Sessions (1971), e o nascimento da Derek and the Dominos.

O período no Dominos é um dos mais tristes na vida do guitarrista. Apaixonado pela esposa do melhor amigo, Pattie Harrison, vivendo um casamento frustrado, além de consumir drogas como quem respira, Clapton compôs uma das melhores letras de amor de todos os tempos, registradas no essencial Layla and Other Assorted Love Songs (1970), além de músicas marcantes como "Layla", que contaram com a mão e o talento essencial do guitarrista Duane Allman. Esse ponto do livro é interessante por que desmascara o mito de que George deixou a esposa para o amigo. Isso não ocorreu! Pattie também estava frustrada com seu relacionamento com George, que vivia cada vez mais voltado para a religião e o trabalho, praticamente abandonando o relacionamento entre eles. Clapton tentou de todas as formas conquistar Pattie, mas só foi conseguir se relacionar com ela depois que finalmente ela decidiu-se a separar-se de George. Porém, até chegar esse ponto, a vida de Clapton entrou em uma espiral declinante. Entre 1971 e 1974, Clapton teve que fazer uma reclusão forçada, gastando quase 1000 libras por semana em heroína, e levando sua esposa, Alice Orsmby-Gore, para o fundo do poço junto com ele. Musicalmente, há a participação em All Things Must Pass (disco solo de Harrison, 1970) e no Concerto for Bangladesh (1971), além de um novo amigo surgir na vida do guitarrista, o colega Pete Townshend (The Who), que veio várias vezes a ajudar Eric nos anos seguintes.

Eric e Pattie, num dos tão prezados carros esportes de Clapton


Com a ajuda de George, Clapton apresenta-se no Rainbow Theatre, gerando o álbum Rainbow Concert (1973), e assim, começa uma nova fase na carreira do guitarrista, após um longo e intenso tratamento neuroelétrico que fez ele abandonar o consumo de heroína e outras drogas. Montando uma super banda, grava um de seus discos mais bem sucedidos em carreira solo, 461 Ocean Boulevard (1974). Muito disso também está ao fato de que finalmente agora Clapton estava com o amor de sua vida, Pattie Boyd, que agora já estava separa de George. Nesse trecho do livro ficamos sabendo que o casal tinha pretensão de passar uns dias no Brasil, onde Clapton estava afim de gravar sons como samba, mas com a nova amante, ficou poucos dias, fugindo do país por conta de uma epidemia de meningite no Rio de Janeiro. Também nesse período, é relatado o acidente que quase tirou a vida de Clapton, quando o musico resolveu dar uma volta com sua Ferrari Boxer cinza-prata e acabou preso nas ferragens da mesma após atingir uma carreta. Salvo da morte por milagre, Clapton acabou temporariamente surdo de um dos ouvidos pelos cacos de vidro que penetraram nele, e só foram retirados duas semanas após o acidente. Em termos musicais, sem muito se preocupar em gravar, e curtindo o amor, lança o fraco There's One in Every Crowd (1975), e dos shows dessa tour sai o ótimo ao vivo E. C. Was Here (1975). Outro bom disco que surge após muito trabalho, e mais uma "super banda" na carreira de Clapton, é No Reason To Cry (1976), que uniu o inglês aos canadenses da The Band adicionados de Ron Wood (timaço). Porém, uma apresentação em Birmingham quase colocou fim a fama de Clapton. Totalmente embriagado, ele acabou ofendendo elogiando Enoch Powell, um político conhecido por não gostar de minorias imigrantes e relações raciais, justamente quando Birmingham passava por grande tensão racial. Ali, seguida de uma série de gafes alcóolicas,  foi o estopim para a relação Clapton + álcool começar a ter seu fim, seguida por Slowhand (1977), que eternizou mais dois clássicos na carreira de Clapton, "Cocaine" e "Wonderful Tonight".

Depois de excursionar com Muddy Waters, registra o que Schumacher chama de nadir (ponto mais baixo que uma estrela atinge no céu visível) das gravações de Clapton nos anos setenta, passar pela primeira vez pela Europa Oriental (com muitos problemas) e países da Ásia, o que culminou no álbum Just One Night (1979), humilhar Jack Bruce em uma festa de família, e uma série de brigas com Pattie Boyd - inclusive com um relacionamento extra conjugal com a modelo Jenny McLean, Clapton grava seu primeito registro nos anos 80, Another Ticket (1981), e definitivamente afundou-se no álcool. O britânico acaba internando-se na Hazelden Foundation, nos Estados Unidos, uma clínica de reabilitação para alcóolicos, um período extremamente importante para mostrar o que é a vida real para o guitarrista. A partir de então, passa a frequentar o AA, e a livrar-se gradualmente de sua dependência de álcool. Com novo ânimo, registra Money and Cigarettes (1983), que o trouxe novamente para o blues, no mesmo ano que uniu-se a Jeff Beck e Jimmy Page para participar do concerto ARMS, Movimento de Pesquisa da Esclerose Múltipla, em benefício do amigo e guitarrista Ronnie Lane (Faces), e que ficou eternizado por colocar em um mesmo palco os três grandes guitarristas da Inglaterra que o Yarbirds produziu.

Jimmy Page, Eric Clapton e Jeff Beck - todos ex-discípulos de guitarra dos Yardbirds - reuniram seus prodigiosos talentos numa série de concertos para levantar fundos para pesquisa sobre esclerose múltipla


Com um novo parceiro, Phil Collins, nasce Behind the Sun (1985) um álbum bastante diferente na discografia do britânico, em um rompimento radical com seu passado, principalmente pela entrega aos sintetizadores. O álbum surge pouco depois de Clapton gravar e excursionar com Roger Waters, durante a turnê do ótimo The Pros and Cons of Hitchhiking (1984), primeiro disco solo de Waters pós-Pink Floyd. A experiência de Clapton com Waters não foi das melhores, apesar de desafiadoras, segundo o próprio, principalmente por considerar o show pretensioso e desanimado. Uma série de aparições em shows e eventos também marca esse período, principalmente o Live Aid (1985), com o guitarrista arrasando e conquistando o mundo ao som de uima versão arrebatadora para "White Room". 85 também é o ano do nascimento de Ruth Clapton, filha do guitarrista com Yvonne Kelly, mais um dos vários casos extra conjugais que ele teve. Porém, quando a modelo italiana Lory Del Santo também ficou grávida de Clapton (1986), Pattie pediu as contas. Solteiro, papai e com a parceria ainda de Collins, Clapton registra August (1986), disco bastante criticado pela imprensa.

A partir de 1987, Clapton começa uma nova tradição, com os shows no Royal Abert Hall. (foram seis de primeira, até atingir 24 apresentações em sequência em 1991, registrada no álbum 24 Nights, lançado naquele ano). Mais uma série de participações diversas, em discos de Jack Bruce, Rolling Stones, George Harrison, trilhas sonoras, entre outros, o lançamento do incrível box Crossroads (1988) e da gravação de Journeyman (1989), Clapton fez a primeira apresentação de um artista internacional em Moçambique, vêm as duas tragédias que marcaram Clapton nos anos 90, as mortes de Stevie Ray Vaughan e do filho Conor. A morte de Vaughan, minutos após os dois se apresentarem no dia 26 de agosto de 1990 em Alpine Valley, EUA, transformou a turnê de promoção de Journeyman uma catarse emocional, obscurecendo um ano radiante para Clapton, quando recebeu o prêmio Living Legend nos Elvis Awards e foi considerado Top Rock Album Artis na Billboard Music Awards, além de uma exaustiva turnê que o levou ´para Austrália, Extremo Oriente e, pela primeira vez com shows, aqui no Brasil. Já o acidente que vitimou o pequeno Conor serviu para Clapton perceber como a vida pode acabar de repente, sem aviso, e decidir viver em bênção a cada dia que acordava, e utilizando o talento que tinha em toda plenitude.

Tendo consolidado sua reputação como um dos maiores guitarristas da época, Clapton era frequentemente chamado para se apresentar em shows como convidado especial. Nesta foto, ele conversa com B. B. King durante um dos shows de King no Café Au Go Go de Nova York.


O livro encerra-se então com a inversão dos papeis, agora Clapton trazendo Harrison aos palcos, com treze apresentações no Japão que rendera, Live in Japan (1992), o estrondoso sucesso de Unplugged (1992), recebendo seis Grammys, a inserção do Cream no Rock 'n' Roll Hall of Fame (1993), quando o trio voltou a se apresentar juntos depois de muito tempo, e, através do Epílogo, situa o leitor sobre a atual (na época) condição de Clapton, promovendo o excelente From the Cradle (1994) e voltando definitivamente para o blues, algo que os anos posteriores mostraram que não seria bem assim.

Complementa o texto Crédito das Fontes, Discografia Selecionada entre 1964 - 1994,  com compactos e LPs de Clapton lançados oficialmente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, bem como uma ampla seleção de compilações oficias, discos piratas e participações do guitarrista como convidado ou músico de estúdio, com as faixas que ele aparece, além da ficha técnica dos discos envolvidos. Mas acima de tudo, Essa belíssima obra, como tentei resumir acima, narra TUDO o que Clapton fez e deixou de fazer sem deixar nada de lado, mas também sem ser maçante ao ponto de aprofundar-se em detalhes por vezes desnecessários. É uma leitura obrigatória para quem quer conhecer a carreira de um dos maiores nomes da música em todos os tempos, um acervo fundamental para quem é fã de Clapton, e uma fonte riquíssima de conteúdo para quem quer pesquisar ou se aprofundar na, como diz o título, vida e música de Eric Clapton.


sábado, 15 de junho de 2013

Melhores de Todos os Tempos: 1966

Beach-Boys-Pet-Sounds
The Beach Boys em 1966: Carl Wilson, Brian Wilson, Dennis Wilson, Mike Love e Al Jardine
Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bruno Marise, Davi Pascale, Fernando Bueno, Luiz Carlos Freitas, Mairon Machado e Ronaldo Rodrigues
O ano de 1966 marcou uma importante virada nas carreiras daquelas que, possivelmente, eram as duas mais populares bandas provenientes de cada lado do Atlântico: The Beatles e The Beach Boys. Ambos já haviam dado fortes sinais, em álbuns anteriores, do caminho a ser seguido, unindo sensibilidade pop a uma dose de ousadia praticamente sem precedentes até então, mas com Revolver e Pet Sounds os grupos confirmaram de vez seus papéis como líderes de uma nova e excitante revolução musical. Dito isso, não é de se admirar que justamente esses dois trabalhos tenham liderado nossa lista abrangendo os lançamentos de 1966. Confira também as edições anteriores desta seção (1963, 1964 e 1965), lembrando sempre que nossos critérios seguem a pontuação do Campeonato Mundial de Formula 1, e não deixe de registrar suas preferências nos comentários.

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The Beach Boys – Pet Sounds (116 pontos)
Adriano: Merecidíssimo primeiro lugar! Talvez o único motivo pra que essa maravilha não tenha entrado na primeira colocação na minha lista é que eu, particularmente, encontro-me em um momento muito mais Donovan que Beach Boys. Pet Sounds é um marco, é sagrado, é a postulação do ideal de música progressiva no rock, embora obviamente não seja já rock progressivo. Não vou falar dos arranjos porque exigiria uma matéria inteira, mas recomendo: atente a cada pequeno detalhe. Embora o disco só tenha bons momentos, destaco aquelas faixas mais absurdamente lindas: “Here Today”, “I Know There’s an Answer” e, principalmente, “God Only Knows”, “I’m Waiting for the Day” e “You Still Believe in Me”, três das melhores faixas da banda e da música em geral!
Bruno: Com Pet Sounds, os Beach Boys deixaram de ser só mais uma banda de surf/beat para se tornarem um dos nomes mais respeitados da história da música. As melodias inspiradas, o clima triste e as harmonias vocais elaboradas tornam esse o disco pop perfeito.
Davi: Este álbum foi criado poucos meses após Brian Wilson decidir parar de excursionar com a banda, ficando apenas como compositor. O produtor dos Beatles, George Martin, chegou a declarar publicamente que, sem esse álbum, não teria existido Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967). Apesar de toda a influência e da qualidade do disco, acho a fama em torno do mesmo um tanto exagerada. No entanto, não há como negar que é um álbum essencial em uma discoteca de respeito.
Diogo: Embora não seja um fã de Beach Boys nem um costumaz ouvinte desse álbum, somente um caso de surdez total não me permitiria visualizar as gigantescas qualidades que o trabalho possui, em todos os aspectos. Ele é brilhante em termos de composição, arranjos e produção, de uma maneira que influenciaria o jeito de ser da música pop dali em diante, direta e indiretamente. Em particular, admiro o clima de melancolia e pureza transmitido ao longo do track list, exalando um lirismo difícil de se encontrar, ainda mais em se tratando de artistas assumidamente populares. “You Still Believe in Me”, “Let’s Go Away For a While”, “God Only Knows”, “I Know There’s an Answer” e “I Just Wasn’t made For These Times” (que título!) representam exatamente isso que descrevi. Bem, talvez eu devesse ter colocado esse disco umas duas posições acima em minha lista pessoal…
Fernando: Justíssimo o primeiro lugar. Este é um dos candidatos a melhor disco de todos os tempos, mesmo com essa capa. Pena que os Beach Boys não conseguiram criar outro disco que chegasse perto da qualidade de Pet Sounds. “Wouldn’t It Be Nice” é uma daquelas canções que deveriam ser mais longas. Sempre a ouço duas vezes.
Luiz: O trabalho que imortalizou o grupo. Não que seja o melhor (ainda prefiro o anterior), mas foi, sem dúvidas, seu portfólio para novos caminhos, configurando-os como uma das referências da música pop, saindo da delimitação do subgênero surf. Um grande disco.
Mairon: Um dos melhores discos de todos os tempos. Brian Wilson criando melodias e harmonias impressionantes, jamais ouvidas até então e jamais igualadas posteriormente. Um trabalho árduo, longo e de extrema dedicação, feito com todo o amor que o álbum prega. Por isso, todos que o ouvem são unânimes em admirar aquilo que é transmitido pelo grupo norte-americano. Inclusive os críticos musicais, há mais de 40 anos, garantem a sobrevivência deste disco sempre tecendo elogios amplamente qualificados para a obra-prima da década de 60, e principal influência para diversos grupos.
Ronaldo: Difícil arrumar adjetivos para um disco como este, dos mais importantes da história da música no século XX. Ele vai muito além do rock. Não é rock, especificamente. É uma obra da música jovem, um trabalho de composição primoroso e surpreendente até pelo passado da banda. Tem algumas características do antigo som do grupo, mas está muitos passos adiante do que fizeram anteriormente. Um som introspectivo e profundamente belo. Bob Dylan profetizou que os tempos estavam mudando e eles realmente mudaram, e muito. Me causa arrepios.

Beatles-Revolver
The Beatles – Revolver (98 pontos)
Adriano: Se a banda já havia lançado pelo menos dois bons discos, o primeiro (1963) e Help! (1965), dessa vez eles chegaram com um clássico! Três músicas deste disco são suficientes pra colocá-lo entre os dez melhores de 1966: “Love You To”, de Harrison, “She Said She Said”, de Lennon, e “Here, There and Everywhere”, de McCartney. Harrison ainda brilha com a maravilhosa “Taxman” e Lennon com “Tomorrow Never Knows”. As demais faixas variam do bom ao ótimo, excetuando-se “Eleanor Rigby”, “I’m Only Sleeping” e “Yellow Submarine”, que não me agradam.
Bruno: Se em Rubber Soul (1965) os Beatles já começavam a flertar com experimentalismos e expandir os horizontes musicais, em Revolver essa viagem seria completa. Além do já habitual destaque de Lennon e McCartney, quem também brilha é George Harrison, tanto na guitarra (“She Said She Said”, “And Your Bird Can Sing”, “Doctor Robert”) quanto nas composições (“Taxman”, “Love You To” e “I Want to Tell You”).
Davi: Outro grande álbum do quarteto de Liverpool. Em Revolver, os rapazes começaram a ir cada vez mais fundo em termos de composição, a ousar mais. A partir deste disco, George Harrison também começou a ganhar mais destaque como compositor. Entre suas composições estão o hit “Taxman” (que chegou a ser regravada por Stevie Ray Vaughan) e a belíssima “I Want to Tell You”. Ringo também se destaca, com levadas criativas. Um grande exemplo é “Tomorrow Never Knows” (aliás, a bateria dessa musica seria fortemente chupada na canção “Supernova” do grupo Skank). A complexidade das novas composições, somada com a falta de estrutura, seriam fatores essenciais para que os rapazes resolvessem parar de excursionar ainda em 1966.
Diogo: Em Rubber Soul a virada se desenhou, mas em Revolver ela se manifestou de vez. Encontro entre maturidade, talento, e experiência, o álbum mostra uma banda ainda unida, trabalhando magnificamente em estúdio e utilizando-o como um grande aliado, ampliando seus horizontes ao ponto do grupo sequer tocar instrumento algum em uma das canções, o clássico “Eleanor Rigby”, que é conduzido por um octeto de cordas.  Destaque também para o florescer de George Harrison como importante força no quarteto: suas três composições são ótimas. O belíssimo resultado final é maculado pela péssima “Yellow Submarine”, que inexplicavelmente tornou-se uma espécie de hino para alguns abobalhados, suplantando diversas outras com tanto apelo pop quanto esta, mas com qualidade infinitamente superior, como “Here, There and Everywhere”, “She Said She Said”, “And Your Bird Can Sing”, “For No One”, “Doctor Robert”… Felizmente, “Tomorrow Never Knows” compensa essa falha.
Fernando: Os dois discos anteriores já tinham bastante do que costumamos chamar de “fase adulta” dos Beatles, mas este é, definitivamente, o álbum que selou essa mudança. “Eleanor Rigby” e “Tomorrow Never Knows” são daquelas músicas que a gente se surpreende de tão boas que são.
Luiz: Até gosto dos caras, mas nunca consegui desenvolver a mesma veneração por eles que o restante do mundo tem. É um grande disco, entendo e aceito sua importância, mas não me cativa.
Mairon: O grupo de Liverpool tentando soar psicodélico. Paul McCartney e cia. tentaram copiar o que Brian Wilson e seus colegas haviam feito três meses antes, e não se saíram tão bem assim para ficar em segundo colocado. Aqui está a pior canção do grupo, “Yellow Submarine”, fato que já mostra quantos centavos vale esse LP.
Ronaldo: Aqui os Beatles esculacharam e fizeram um trabalho que consegue ser ao mesmo tempo a síntese perfeita de seu presente, de seu passado e de seu futuro. Seria genial por ser ousado e pop ao mesmo tempo. Muitos outros fizeram isso também naquela época, mas ninguém fez isso como eles.

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Bob Dylan – Blonde on Blonde (72 pontos)
Adriano: Discaço! Dentre os álbuns que conheço de Dylan, é o segundo melhor, perdendo apenas pra Another Side of Bob Dylan (1964). Blonde on Blonde, contudo, é mais rico em termos de variedade musical, oferecendo momentos divertidos, como a faixa de abertura, “Rainy Day Women #12 & 35”, blueseiros, como “Leopard-Skin Pill-Box Rat”, encantadoramente pop, como “I Want You”, ou altamente emotivos, como “One of Us Must Know (Sooner or Later)”. Destaco dois clássicos eternos: “Most Likely You Go Your Way (And I’ll Go Mine)” e “Just Like a Woman”. Perfeitas!
Bruno: Bob Dylan deixou de lado o rock mais cru de Highway 61 Revisited (1965) e investiu em uma sonoridade mais diversificada, com elementos de country e blues. Um bom disco, mas que não está entre meus preferidos do compositor.
Davi: Disco considerado como o final da trilogia iniciada em Bringing It All Back Home (1965). É tido como um dos primeiros álbuns duplos da historia do rock e frequentemente incluído nas listas de melhores discos. Para mim, trata-se do mesmo caso dos Beach Boys: considero-o um bom registro, mas não é tudo isso que falam. É um trabalho de Dylan que considero cansativo e um pouco abaixo do anterior, o fantástico Highway 61 Revisited. A faixa “I Want You”, anos mais tarde, receberia uma versão em português do grupo mineiro Skank com o nome de “Tanto”.
Diogo: Blonde on Blonde pode não ter a mesma urgência de Highway 61 Revisited nem ter destaques tão óbvios, mas é, acima de tudo, a afirmação da capacidade de Dylan em produzir material de altíssima qualidade em grande quantidade e curto espaço de tempo. São 14 faixas, e todas, repito: todas são, no mínimo, muito boas. A amplitude dessa experiência sonora poderia resultar em dispersão, momentos de menor inspiração… Mas não, Dylan prende o ouvinte da mesma maneira, pegando-o pela mão e conduzindo-o por uma viagem ao que de melhor a música norte-americana havia gerado até então, começando em um grande deboche (“Rainy Day Women #12 & 35″) e finalizando em um de seus incríveis épicos (“Sad Eyed Lady of the Lowlands”). No caminho, o trovador e seus comparsas passeiam por rock, blues, country e folk com maestria absurda, tornando a tarefa de apontar destaques um verdadeiro suplício para o fã temente à injustiça. Poderia citar metade do álbum aqui, mas prefiro apenas dizer: ouça!
Fernando: Mesmo sendo inferior aos álbuns que já entraram nas primeiras listas desta série, ainda é um discão. Acho que ele merece estar nesta lista – afinal, eu mesmo o coloquei na minha –, mas me surpreendi com a alta posição em que ele ficou.
Luiz: Minha relação com Bob Dylan é controversa. Apesar de Highway 61 Revisited eBlood on the Tracks (1975)serem dois dos discos da minha vida, não sou de seus maiores admiradores, tendendo até a gostar mais dos que o acompanharam (como Joan Baez, por exemplo) e dos influenciados pelo seu som ao longo das décadas (que não são poucos). Blonde on Blonde foge à sonoridade do álbum anterior, com uma pegada mais Blues, porém mantendo a força das letras e dos arranjos. Entre os melhores discos do cara, sem dúvidas.
Mairon: Um disco genial, mostrando que 1966 foi um ano de grande inspiração para diversos artistas. Dylan está acompanhado de uma ótima banda e comanda o aparato elétrico com uma energia fantástica. Daqueles álbuns que todo ser que pensa que gosta de rock deve ouvir antes de dizê-lo. Os lados pares desse disco duplo são perfeitos, e, em tempo, “Sad Eyed Lady of the Lowlands” é forte candidata a melhor canção de Dylan. Essencial!
Ronaldo: Bob Dylan passando o bastão para a nova geração. Mais um registro sensacional que, junto com os anteriores ou até por si só, já valeria mais do que muitas discografias por aí. Acho que é o trabalho dele com maior capricho instrumental até então.

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The Rolling Stones – Aftermath (70 pontos)
Adriano: Nunca tive esse disco em tão alta conta por um simples motivo: ele não é tão melhor que seus antecessores e é bem inferior aos seus sucessores de 1967. Isto é, dentro da carreira dos Stones, ele não tem grande destaque. Mas essa experiência de destacar os melhores álbuns de cada ano me fez ouvir Aftermath não acompanhado dos demais discos dos Stones, e sim dos lançamentos de 1966, fato que me permitiu ver sua riqueza, a abertura de novos rumos dentro do rock que esse trabalho, como outros contemporâneos seus apresentados nessa lista, proporcionaram. Embora “Lady Jane” e “Under My Thumb” sejam boas músicas, o disco é repleto de faixas melhores, como a suavemente agressiva “Stupid Girl”, a blueseira “Don’t Cha Bother Me” (bem melhor que qualquer coisa que o Cream havia feito nesse ano), a incisiva “Flight 505” (com a introdução de piano mais genial da história do rock até então) e a comovente “Out of Time”, que recebeu uma interpretação soberba de Chris Farlowe, mas cuja riqueza já se encontrava toda nessa versão original. Todas as demais faixas são muito boas, mas o disco peca por encerrar com três faixas pouco empolgantes, que funcionariam melhor distribuídas pelo meio do álbum.
Bruno: A primeira grande obra-prima dos Stones. Se em Out of Our Heads (1965)a banda já deixara de lado o beat tradicional e começava a mostrar sua ferocidade e maior influência de blues, em Aftermath o grupo aumentaria suas experimentações em seu primeiro disco 100% autoral. É o registro definitivo de Brian Jones, que, além de guitarra, toca marimbas, saltério e gaita. Se a edição original inglesa perde sem a clássica “Paint It Black”, ganha a maravilhosa “Out of Time”, com um dos grandes êxitos melódicos da história da banda.
Davi: É neste trabalho que a dupla Jagger/Richards firma-se como compositores, além de ser o primeiro álbum dos Stones 100% autoral. Brian Jones destaca-se como multi-instrumentista gravando cítara, gaita, guitarra, teclados, marimba, entre outros. Os clássicos “Mother’s Little Helper”, “Out of Time” e “Under My Thumb” são daqui. Para os colecionadores, vale lembrar que a versão norte-americana é diferente da inglesa. Clássico!
Diogo: Quase entrou em minha lista pessoal. Para ser mais exato, ocupou a 11ª posição, sendo limado no final. Esse fato, porém, não diminui seu valor, na verdade enaltece as qualidades dos álbuns que ficaram em melhor colocação, pois Aftermath é, sem dúvida, um belo disco, continuando a desbravar o caminho iniciado em Out of Our Heads e mostrando muito sangue no olho e capacidade de crescer por suas próprias pernas, excluindo covers e sedimentando a parceria Jagger/Richards. “Lady Jane”, “Under My Thumb” e, especialmente, “Out of Time” não se tornaram clássicos à toa.
Fernando: O único álbum que não faz parte da sequência matadora que vai deBeggars Banquet (1968) até Exile on Main St. (1972) que pode ser comparado a esses discos.
Luiz: Aqui, vemos os Stones firmarem sua identidade. E não me refiro a algum padrão musical que viria a ser seguido, pois isso não é algo que combina com eles, que passearam bem por experimentações ao longo das décadas, mudando seu som sem perder seu estilo característico. A identidade aqui firmada foi justamente a de seguir firme para experimentar, ousar, algo que, definitivamente, é a cara do grupo.
Mairon: Outro disco com muita inspiração, e também transpiração. O som dos Stones praticamente definido e clássicos brotando como o orvalho durante o amanhecer. Os onze minutos de “Goin’ Home” já valem para que Aftermath esteja entre os melhores desse ano. E olha que “Paint It Black” ficou de fora da versão inglesa!
Ronaldo: Tem algumas boas (ou até muito boas) músicas, mas não o coloco entre as coisas mais relevantes que os Rolling Stones fizeram nos anos 60.

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Donovan – Sunshine Superman (65 pontos)
Adriano: A alegria que sinto em ver esse disco representado no top 10 final é difícil de se expressar, embora ele merecesse certamente ficar, no mínimo, no pódio. O melhor trabalho de Donovan, cheio de composições inspiradíssimas e arranjos belíssimos, uma produção de dar inveja às grandes bandas da época. A faixa-título já inicia o disco mostrando um som profundamente encantador, e vem seguida das calmas e também lindas “Legend of a Girl Child Linda” e “Three King Fishers”, essa última com forte sonoridade indiana. Se apenas mantivesse o nível, esse álbum já seria top 10, mas não. O disco conta com simplesmente três das melhores músicas de 1966 e talvez da história do rock: “Ferris Wheel”, “The Fat Angel” e a soberba “Celeste”. Ouvir “Ferris Wheel” e “Celeste” sem derramar uma enxurrada de lágrimas é evidência irrefutável de sociopatia! E o trabalho ainda conta com a linda e carregada “Guinevere” e a clássica “Season of the Witch”. Chamar esse disco de fenomenal ainda é depreciá-lo!
Bruno: É a partir daqui que Donovan acaba com o estigma de Bob Dylan britânico em um disco que mantém a base folk e adiciona doses de psicodelia. Um trabalho viajante e belíssimo.
Davi: Um fato curioso marca esse disco. Embora o musico fosse britânico, o disco foi lançado primeiro nos Estados Unidos por conta de uma disputa contratual. É o primeiro disco do rapaz a trazer uma sonoridade mais psicodélica. Entre os destaques estão Season of The Witch (anos mais tarde regravado pelo Hole de Courtney Love em seu MTV Unplugged. Embora o acústico do conjunto não tenha sido lançado oficialmente, é possível ouvirmos essa versão na coletânea “My Body, The Hand Grenade”), Legend of a Girl Child Linda (escrita em homenagem à sua futura esposa), além da faixa titulo.
Diogo: Enquanto algumas bandas norte-americanas tidas como de sonoridade psicodélica começavam a produzir canções carregadas de experimentações pouco amigáveis aos meus ouvidos, o escocês Donovan Leitch lançava um álbum digno desse rótulo, mas, mesmo assim, mostrando-se completamente diferente, cativando desde a primeira audição pela beleza de todos os elementos envolvidos na concepção deSunshine Superman: composição, arranjos, performance, produção… e feeling, muito feeling. Desde músicas mais simples e voltadas ao rock mais blueseiro, como “Season of the Witch” e “The Trip”, até às mais viajantes, caso de “Ferris Wheel” e “The Fat Angel”, o disco é impressionante. Mais incrível ainda é se dar conta de que algumas das canções são ainda melhores, caso das singelas “Legend of a Girl Child Linda”, “Guinevere” e “Celeste”. Ouça e sinta-se transportado a outro lugar, em outra era.
Fernando: Só ouvi Donovan depois que já tinha minha lista pronta. Acho que ele não entraria nos meus dez discos mesmo se o tivesse conhecido antes. Bom álbum, mas ainda acho Mellow Yellow (1967) melhor.
Luiz: A mistura de folk com toques de psicodelia faz desse disco uma das viagens mais intensas que já tive por intermédio da música.
Mairon: Ah, como eram bons os tempos em que os músicos cantavam com o coração. Este é outro grande exemplo de dedicação ao trabalho. Donovan sempre fez discos regulares, sobressaindo uma que outra canção, mas, em Sunshine Superman, ele realizou um trabalho homogêneo, que foi seguido por diversos ídolos do rock anos depois. Destaques para a sensacional “Guinevere”, “Season of the Witch” e um tal de Jimmy Page dando as honras na guitarra da faixa-título. Outro disco essencial.
Ronaldo: Donovan é um dos mais ilustres representantes de uma geração de cantadores e compositores folk que surgiu a partir de Bob Dylan, Joan Baez, Peter Paul & Mary e cia. limitada. Ele não só foi um ótimo cantor e compositor como também teve um bom aparato nos arranjos, que tornaram sua música original e até bastante inovadora, já que Sunshine Superman é um dos principais trabalhos pré-psicodélicos da história do rock.

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Cream – Fresh Cream (55 pontos)
Adriano: Um disco bem razoável, mas com algumas canções que gosto. É o caso das duas primeiras, da boa versão de “Spoonful” e, principalmente, de “Sweet Wine”. Mas ficou longe de entrar no meu top 10.
Bruno: Disco seminal e importantíssimo na história do rock. A fusão do blues elétrico com a psicodelia criaria um amálgama sonoro que viria a ser o embrião do rock pesado, juntamente com a guitarra de Jimi Hendrix, um ano mais tarde. O Cream também pode ser considerado o primeiro supergrupo da história, com o deus Eric Clapton nas seis cordas, o furioso baterista Ginger Baker e o brilhante músico Jack Bruce, um compositor, baixista e vocalista de primeira. Apesar de o disco não conter o melhor do repertório da banda, vale e muito como um registro histórico e de enorme influência.
Davi: Álbum de estreia do supergrupo formado por Ginger Baker, Jack Bruce e Eric Clapton. Na Inglaterra, este disco foi lançado simultaneamente ao compacto de “I Feel Free”. Por isso, na edição inglesa, a canção foi substituída por “Spoonful”. É desse disco também as canções “N.S.U.” e “I’m So Glad”, atualmente consideradas clássicas. Belo disco!
Diogo: Seminal é pouco, meus amigos. Desconheço artistas que, até então, dessem tão bela e única roupagem ao blues e intercalassem essas experiências com tão incríveis canções próprias. Amo os Yardbirds, mas o Cream fez ainda melhor. Grande parte disso deve-se à união de três personalidades musicais extremamente únicas e talentosas: Jack Bruce, Eric Clapton e Ginger Baker, que sedimentaram o hoje mais que arraigado (e até exagerado) conceito de power trio, vitaminando suas performances com virtuosismo e apontando o caminho que seria seguido a partir do final da década por artistas em busca de explorar limites sonoros. “N.S.U.” é fantástica, “Sleepy Time Time” é meu hino, “Dreaming” é puro deleite, “Sweet Wine” é cavala e Ginger Baker dá show em “Toad”. Os covers? Todos ótimos, destacando a carregada atmosfera de “Spoonful”, o caráter pop de “I’m So Glad” e a malandragem de “Rollin’ and Tumblin’”. Acredite, eles fariam ainda melhor.
Fernando: Mesmo contando só com craques em seus instrumentos, o que mais gosto neste disco são as melodias vocais. “Dreaming” é sensacional.
Luiz: Não é meu preferido, tampouco dos mais referenciados trabalhos desse supergrupo (que, por vezes, parece ter menos atenção do que deveria, talvez ofuscados pelo prestígio adquirido por Clapton em carreira solo), mas é um excelente disco carregado na “psicodelia elétrica”, que seria firmada no ano seguinte com Disraeli Gears, obra prima suprema do trio.
Mairon: O Cream estreou com um disco bom, mas eu não consigo ouvir o grupo em estúdio sem ter um certo incômodo. Apesar da quantidade de clássicos aqui registrados, deixaria ele certamente de fora em uma lista de 500 discos a serem levados para uma ilha deserta.
Ronaldo: Eis a nata! O Cream ainda ofereceria mais à humanidade. Ainda sim, contudo, temos aqui um bom disco, blues rock de alta octanagem e uma dose daquilo que viria a ser uma febre na virada dos anos 60 pros 70 – o virtuosismo, longos solos e longas partes instrumentais. O Cream foi peça fundamental na inserção desses elementos.

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Simon & Garfunkel – Sounds of Silence (43 pontos)
Adriano: Como eu quis ouvir uma boa quantidade de bandas, terminei pegando apenas um disco do Simon & Garfunkel pra ouvir, e infelizmente foi o Parsley, Sage, Rosemary and Thyme, do mesmo ano. Só escutei Sounds of Silence depois que saiu o top 10 definitivo. Pelo pouco que ouvi, creio que não entraria na minha lista, mas o achei melhor. É um disco mais “embalado”, com sonoridade mais pop, algumas melodias bem agradáveis, mas não pude perceber algo de clássico nele.
Bruno: Belíssimo disco que mostra toda a qualidade de Paul Simon nas composições em um folk melódico, calcado no violão e nas harmonias vocais.
Davi: A dupla chamou a atenção desde o inicio por conta de sua harmonia vocal. Alguns críticos começaram a compará-los com os Everly Brothers, nem tanto por seu estilo de composição, mas pelo cuidado nos arranjos vocais. Neste segundo disco, os rapazes trouxeram uma grande mudança. O seu debut, Wednesday Morning, 3 A.M., era um álbum tipicamente folk. Aqui, entretanto, resolveram seguir os passos de Dylan e eletrificaram seu som, passando a utilizar guitarras nas gravações. Por conta disso, passaram a ser chamados de folk rock. A canção “The Sound of Silence” é tida como um clássico do gênero. O início da fase de ouro de Paul Simon e Art Garfunkel. Bem legal!
Diogo: Sounds of Silence é portador de um lirismo interessante e destaca a sensibilidade da dupla, artistas na concepção mais completa da palavra. O álbum, contudo, ainda não me conquistou de maneira definitiva, justificando assim a ausência em minha lista pessoal. Digo “ainda” pois, a cada audição, o disco soa melhor e mais atraente. O trabalho é bastante linear e ouvi-lo é uma tarefa que parece tomar menos tempo do que o track list realmente tem. Além da faixa-título, ressalto a qualidade de “A Most Peculiar Man”, “Leaves That Are Green” e o empolgante final, com “We’ve Got a Groovey Thing Goin’” e “I Am a Rock”.
Fernando: Já gostei mais de Simon & Garfunkel. Hoje já não me atrai muito. É o disco que mais me surpreendeu por ter entrado nesta lista. A faixa-título é um clássico da música.
Luiz: Não bastassem as letras primorosas (e Paul Simon é, desde sempre, um dos maiores compositores da história), a obra carrega em uma melodicidade que é, ao mesmo tempo, sensível e profunda, impiedosa (como a faixa que leva quase o título do álbum). Um dos discos mais perfeitos que já ouvi.
Mairon: O segundo álbum dos norte-americanos, assim como muito material desse período, possui toques de amor, psicodelia e, claro, muita criatividade. O que diferencia Sounds of Silence dos demais são as interpretações vocais e, principalmente, as letras da dupla. O único porém aqui fica para a eletrização da linda faixa-título. A versão acústica do disco de estreia é insuperável, mas o complemento do álbum contorna esse problema sem nenhum risco para a audição.
 
 
Ronaldo: Excelentes compositores e grandes cantores, uma verdadeira pepita de qualidade musical.

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John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton (34 pontos)
Adriano: Não é um disco ruim, mas também não é algo que me chame a atenção. Do mesmo ano, prefiro East-West, da Paul Butterfield Blues Band, e até o Autumn ’66, do Spencer Davis Group. E já que se trata de Eric Clapton, recém-saído dos Yardbirds, aproveito pra lamentar a não entrada do ótimo Yardbirds (Roger the Engineer) nesse top 10, uma ausência talvez imperdoável.
Bruno: Bom disco de blues rock, mas muito genérico. Outros álbuns mais importantes e inovadores mereciam estar na lista no lugar deste.
Davi: Neste disco, John Mayall mistura faixas autorais com canções que os norte-americanos gostam de chamar de standards. Robert Johnson, Ray Charles, Otis Rush e Freddie King estão entre os homenageados. Uma curiosidade legal é a versão de “Ramblin’ On My Mind”: essa foi a primeira vez em que ouvimos a voz de Eric Clapton. Este disco foi lançado meses antes do trabalho de estreia do Cream. É também o primeiro trabalho feito por Clapton voltado 100% ao blues. Em uma palavra: histórico.
Diogo: Não é segredo para ninguém que o blues não é exatamente um gênero musical pelo qual nutro alguma devoção. Tendo isso em mente, a inclusão de Blues Breakers With Eric Clapton em minha lista particular tem um significado especial: trata-se de um baita álbum, apresentando uma banda competente e, especialmente, um Clapton afiando ainda mais seus dotes na guitarra e consolidando-se como um dos músicos mais importantes egressos da época. “What’d I Say” (que inclui uma citação a “Day Tripper”, dos Beatles), original de Ray Charles, talvez seja o melhor exemplo da música pulsante que brota do disco. Destaco ainda “All Your Love”, “Parchman Farm”, “Steppin’ Out” e “It Ain’t Right”.
Fernando: Dois discos contando com Eric Clapton nesta lista. Mais um indício de que ele era “o cara” naquela época. Se você ouvir este álbum e ver seus últimos DVDs, vai entender de onde vem aqueles blues que ele tanto gosta de tocar.
Luiz: Não ouvi.
Mairon: Este disco sempre recebeu muitos elogios de todos os que o ouviram e me recomendaram, mas sempre que o ouço, não encontro nada de mais. Yardbirds, Animals e tantos outros já faziam algo melhor nessa linha ao mesmo tempo que o grupo de John Mayall.
Ronaldo: O esplendor de Eric Clapton como o mestre dos clichês do blues (um rótulo que ele detesta, mas que se encaixa perfeitamente bem para ele). Banda afiadíssima e um dos melhores discos de blues britânico da década. Junto com os Yardbirds, John Mayall e seus Blues Breakers fizeram escola nesse estilo.
 

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The Kinks – Face to Face (30 pontos)
Adriano: Assim como eu disse a respeito de Aftermath, este disco não representa um avanço na musicalidade dos Kinks. É tão bom quanto seu antecessor, The Kink Kontroversy (1965), mas menos merecedor de entrar no top 10 do que este, pois em 1966 a concorrência já era bem mais acirrada que no ano anterior. Há muitas faixas lindas, mas destaco: “Party Line”, uma das melhores músicas dos Kinks (e com os versos geniais “Is she big, is she small? Is she a she at all?”), “Rosie Won’t You Please Come Home”, a comovente “Too Much on My Mind” e a clássica “Sunny Afternoon”. “Fancy” é uma maravilhosa peça de inspiração indiana, e vale lembrar que foram os Kinks que iniciaram a onda do chamado raga rock, com a sua linda “See My Friends”, presente no ótimo lado A de Kinkdom (1965).
Bruno: O primeiro grande álbum dos Kinks e um dos grandes feitos de sua carreira. Um apanhado de canções pop com roupagem roqueira, devida principalmente à guitarra de Dave Davies.
Davi: Não ouvi este álbum.
Diogo: O Kinks é um caso interessante. Boas composições, execução satisfatória (com uma saudável displicência) e muito deboche…. Elementos que tinham tudo para me conquistar. No entanto, a banda ainda não “pegou” por aqui. É muito provável queFace to Face seja o melhor disco do grupo até então e que, em um futuro próximo, receba muito mais atenção minha, mas, por ora, não pertenço ao time dos admiradores. Não sou estúpido, porém, de não enxergar algumas belas canções, como “Party Line”, “Rosie Won’t You Please Come Home”, “Session Man” e “Sunny Afternoon”.
Fernando: Penso que este disco será o último do Kinks a entrar nessas listas, e seu melhor registo, Arthur (1969), vai acabar não entrando porque a lista de 1969 será uma briga de foice no escuro. O primeiro álbum conceitual do rock? É possível, não lembro de outro.
Luiz: Um dos maiores trabalhos do grupo. Das letras bem sacadas às melodias bem elaboradas, conduzidas magistralmente pelos vocais dos irmãos Davies, suas canções possuem uma atmosfera envolvente com as composições, como em “Fancy” e a clássica “Sunny Afternoon”. Um disco essencial.
Mairon: Um trabalho somente com canções de Ray Davies só poderia resultar em um bom álbum. Vários outros discos de 1966 entrariam no lugar dele, e, sinceramente, não consigo destacar nada de mais no álbum. Bom, apenas isso.
Ronaldo: Confesso que os Kinks são uma banda que não me desperta muita atenção. A menção deles nesta lista me faz intuir que talvez eu esteja errado.

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The Byrds – Fifth Dimension (27 pontos)
Adriano: Os Byrds fariam miséria a partir do disco seguinte, mas aqui a banda já apresenta uma ótima evolução no seu som. Talvez a saída de Gene Clark tenha impulsionado a banda a percorrer caminhos mais ousados (embora Clark ainda apresente a clássica “Eight Miles High”), com McGuinn e Crosby investindo em suas fortes potencialidades. Não gosto de “Mr. Spaceman” (talvez por relacioná-la com o plágio descarado de Raul Seixas em “S.O.S.”) e acho “Captain Soul” talvez desnecessária. Fora isso, temos uma coleção de belas músicas com destaque pra “5D (Fifth Dimension)”, “I Come and Stand at Every Door” e, claro, “Eight Miles High”, na qual McGuinn reproduz as escalas de John Coltrane na guitarra.
Bruno: Cometi o pecado de não reouvir este álbum para a elaboração da lista. Uma pena, pois na hora de escutá-lo para tecer meu comentário tive uma grata surpresa e o achei fantástico. Um trabalho bastante calcado na guitarra de 12 cordas, que mescla o folk rock da banda com psicodelia. Talvez seja meu disco favorito dos Byrds.
Davi: Esse disco marca a saída de Gene Clark, tido como um dos principais compositores do conjunto. Neste trabalho, ele participa apenas de “Captain Soul” e daquela que talvez seja a canção mais conhecida deste álbum, “Eight Miles High”. Os músicos arriscaram ir para novos caminhos, trazendo influencias do country rock, do raga rock e também da psicodelia. Também passaram a compor mais, gravar menos covers. O disco dividiu opiniões na época, mas trata-se de um trabalho bem legal. Vale a pena a aquisição.
Diogo: A saída do compositor de mais destaque em uma banda que investia boa parte de seu repertório em covers poderia determinar o fim de suas atividades, certo? Errado, ao menos em se tratando dos Byrds. Apesar de Gene Clark ainda ter contribuído justamente com a música mais marcante do disco, a fantástica “Eight Miles High”, o resto do grupo não apenas conseguiu manter a qualidade dos registros anteriores, como conseguiu superá-la. Jim/Roger McGuinn, David Crosby, Chris Hillman e Michael Clarke mostraram por que viriam a ser uma das formações mais influentes em todos os tempos e  forneceram motivos de sobra para atestar suas capacidades como músicos e compositores, vide a faixa-título, “I See You”, “What’s Happening?!?!” e a lindíssima adaptação para “Wild Mountain Thyme”. Alguém por aí sabe se a obra dos Byrds já foi declarada patrimônio cultural de seu país? Se não, deveria!
Fernando: O Byrds cai de vez na psicodelia, como podemos observar em seu logo. A potência vocal dos Byrds é perfeita, talvez só o Crosby, Stills, Nash & Young seja comparável a eles. “Mr. Spaceman” realmente foi plagiada em “S.O.S.”, de Raul Seixas?
Luiz: Confesso que conheço muito pouco do grupo para formar uma opinião mais aprofundada, sendo este o único disco a que me dediquei a ouvir com mais atenção. Apesar de ser um grande apreciador do rock psicodélico e de ter conhecimento de que o The Byrds é justamente uma das bandas precursoras do estilo, não conseguiu me agradar tanto. Quem sabe com mais atenção a outros álbuns, com o tempo, minha opinião mude. Mas, por enquanto, não figura na minha lista de melhores.
Mairon: Sem Gene Clark, McGuinn e Crosby se desdobraram para manter o Byrds na ativa. O disco é muito curto, e possui como méritos o fato de não incluir nada de Dylan (o que havia aparecido nos álbuns anteriores) e “Eight Miles High”, e nada mais.
Ronaldo: O maior mérito deste disco chama-se “Eight Miles High”, na minha opinião, a melhor e mais visionária música do rock daquele ano. Ela é melódica, intensa, psicodélica, jazzy e experimental, tudo ao mesmo tempo. A profecia de Dylan também começa a se tornar realidade aqui. E o restante do disco tem o padrão The Byrds de qualidade.
 
Listas individuais:
quickoneAdriano KCarão
1. Donovan – Sunshine Superman
2. The Beach Boys – Pet Sounds
3. Bob Dylan – Blonde on Blonde
4. The Beatles – Revolver
5. The Rolling Stones – Aftermath
6. The Kinks – Face to Face
7. The Who – A Quick One
8. The Animals – Animalisms
9. The Byrds – Fifth Dimension
10. The Yardbids – Yardbirds (Roger the Engineer)

thesonicsfrontalvs21Bruno Marise
1. The Rolling Stones – Aftermath
2. The Kinks – Face to Face
3. The Sonics – Boom
4. The Beatles – Revolver
5. The Beach Boys – Pet Sounds
6. Donovan – Sunshine Superman
7. The Who – A Quick One
8. The Seeds – The Seeds
9. Simon & Garfunkel - Sounds of Silence
10. The Mothers of Invention – Freak Out!

03Davi Pascale
1. The Beatles – Revolver
2. Cream – Fresh Cream
3. The Rolling Stones – Aftermath
4. Roberto Carlos – Roberto Carlos
5. The Beach Boys – Pet Sounds
6. John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton
7. Donovan – Sunshine Superman
8. Ronnie Von – Ronnie Von
9. Simon & Garfunkel - Sounds of Silence
10. The Animals – Animalisms

Good_the_Bad_the_Ugly_soundtrackDiogo Bizotto
1. Bob Dylan – Blonde on Blonde
2. Cream – Fresh Cream
3. Ennio Morricone – The Good, the Bad and the Ugly (Trilha Sonora Original)
4. The Byrds – Fifth Dimension
5. Donovan – Sunshine Superman
6. The Mothers of Invention – Freak Out!
7. The Beatles – Revolver
8. The Beach Boys – Pet Sounds
9. The Yardbids – Yardbirds (Roger the Engineer)
10. John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton

love-loveFernando Bueno
1. The Beach Boys – Pet Sounds
2. The Beatles – Revolver
3. Cream – Fresh Cream
4. Bob Dylan – Blonde on Blonde
5. John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton
6. Love – Love
7. The Mothers of Invention – Freak Out!
8. The Rolling Stones – Aftermath
9. The Kinks – Face to Face
10. The Byrds – Fifth Dimension

MI0000617017Luiz Carlos Freitas
1. Simon & Garfunkel - Sounds of Silence
2. Tim Buckley – Tim Buckley
3. The Rolling Stones – Aftermath
4. The Who – A Quick One
5. The Mothers of Invention – Freak Out!
6. The Animals – Animalisms
7. The Beach Boys – Pet Sounds
8. Donovan – Sunshine Superman
9. The Kinks – Face to Face
10. The Seeds – A Web of Sounds

51H9wp05oTLMairon Machado
1. The Beach Boys – Pet Sounds
2. The Yardbirds – Yardbirds (Roger the Engineer)
3. The Paul Butterfield Blues Band – East-West
4. Simon & Garfunkel - Sounds of Silence
5. Bob Dylan – Blonde on Blonde
6. Chris Farlowe – 14 Things to Think About
7. Donovan – Sunshine Superman
8. Sabicas – Rock Encounter
9. The Mamas & the Papas – If You Can Believe Your Eyes and Ears
10. The Rolling Stones – Aftermath

13th_Floor_Elevators-The_Psychedelic_Sounds_Of_The_13th_Floor_Elevators-FrontalRonaldo Rodrigues
1. The Beatles – Revolver
2. The Beach Boys – Pet Sounds
3. John Mayall – Blues Breakers With Eric Clapton
4. The Byrds – Fifth Dimension
5. Bob Dylan – Blonde on Blonde
6. The 13th Floor Elevators – The Psychedelic Sounds of the 13th Floor Elevators
7. Donovan – Sunshine Superman
8. Cream – Fresh Cream
9. Simon & Garfunkel - Sounds of Silence
10. The Mothers of Invention – Freak Out!
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