quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Ouve Isso Aqui: Mulheres de Aço no Comando

Tema escolhido por Líbia Brígido

Com Anderson Godinho, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Fernando Bueno, Mairon Machado e Marcello Zappelini

A sorteada da vez foi nossa querida youtuber Líbia Brigido que resolveu colocar um ótimo tema recomendando 5 discos com mulheres como vocalistas que fogem das mais conhecidas como o Girlschool ou a Doro. Gostou das escolhas dela? Tem as suas próprias sugestões? Poste lá nos comentários!

Leather – Shock Waves [1989]


Líbia: O que falar da rainha Leather Leone? Temos aqui uma das maiores percussoras do estilo, foi uma das melhores vozes que tive oportunidade de assistir ao vivo em 2019. Um dia vou tatuar isso no meu pulso. Inclusive pude adquirir o “Shock Waves(1989)” no dia do show. A voz dessa mulher é raiva pura já na faixa de abertura “All Your Neon”, não tem conversa. “The Battlefiel of life” é total marcante, outra das favoritas é a faixa título “Shock Waves”. Mas eu indicaria de primeira a “Something in this life”, um prato cheio para quem curte a banda americana Omen, um heavy metal bem americano. “It’s Still in Your Eyes” considero aquelas baladas de preenchimento, não faria falta, mas não tira o brilho desse que foi o primeiro álbum solo da Leather Leone, que também foi produzido por David T. Chastain. Aqui ela entrega uma de suas melhores performances, pois é um álbum bastante variado, assim ela explora muito seu alcance vocal, e sempre muito alinhado com as influências de Dio que fazem parte de toda a carreira. Muitos podem dizer que é um álbum subestimado e etc, mas após muitos anos ainda é comentado aqui e ali,e tenho certeza que continuará cativando muitas gerações. Esse merece muito a audição de todos.

Anderson: Não conhecia a carreira solo da Leather Leone, a vocalista é uma das jóias que o metal nos traz.  Aqui ela manda um Heavy Metal de primeira, bem clássico. Não possui invencionice, é objetiva e funciona bem. O álbum é fluído e passa rápido. Destaco ‘It’s Still in Your Eyes’, ‘In a Dream’ e ‘Catastrophic Heaven’, que para mim é a melhor. É um material de 1989 com uma produção apenas ok, ouvi também o remasterizado, mas não há mudança substancial. Ainda, poderia expor algumas coisas que não chegam a atrapalhar a experiência, mas que para os mais exigentes pode incomodar, como algumas músicas que soam inconclusas, ou seja, terminam de uma forma tosca. Sabe quando o som vai sumindo? É algo comum e normal, mas aqui acontece mais do que deveria. Enfim, no geral é agradável de se ouvir.

André: Eu conheço a Leather Leone e este disco. É daqueles metalzões tradicionais raiz e sem frescuras, com riffs muito bons e aqueles tradicionais agudos característicos dos anos 80. Também lembra os próprios trabalhos dela no Chastain. Fazia uns anos que não pegava este álbum para ouvir e continua fazendo bem aos meus ouvidos.

Daniel: Heavy Metal tradicional bem tocado, bem gravado, e muito pesado. Não conhecia e me surpreendeu positivamente. À exceção da balada “It’s still in your eyes”, meio “Scorpiana”, o restante das canções são pesadas, ora mais cadenciadas, ora mais aceleradas. Os vocais da Leather Leone são um ponto alto. Um bom álbum.

Davi: Esse é o primeiro trabalho solo de Leather Leone, vocalista muito conhecida por seu trabalho ao lado do Chastain. A banda de apoio conta com o baixista David Harbour e com o baterista John Luke Herbert, que mais tarde viriam a tocar com o mestre King Diamond. Os grandes destaques do disco, contudo, ficam com os vocais potentes de Leone (embora ainda ache que ela poderia ter nos poupado daquela tentativa de agudo em “In a Dream”) e o excelente trabalho de guitarra de Michael Harris. O disco aponta em um heavy metal tradicional, que é uma sonoridade que gosto bastante, mas acho que faltam canções realmente marcantes. Esperava mais… 

Fernando: Adoro os primeiros discos do Chastain, mas eu nem sabia que a Leather tinha um disco só ainda em 1989. Porém quando se ouve o disco e dá uma olhada na ficha técnica percebe que praticamente é outro trabalho do próprio Chastain, o próprio David T. Chastain aparece lá como produtor, compositor e letrista. No geral é um disco bem legal, honesto e válido. Nuca tinha me interessado pelas coisas dela fora do Chastain e vi que outras bandas existem. Tenho que ouvir.

Mairon: Este é um clássico do Heavy Metal. Bandaça liderada pelos vocais poderosos de Leather Leone, e com uma linha que lembra muito Judas Priest do início dos anos 80, a Leather fez história com este disco muito bem trabalhado e construído para admiradores de um Metal raiz. Aqui temos pancadas como “All Your Neon”, “Catastrophic Heaven” e “Something In This Life”, e como toda banda de Metal do final dos 80, início dos 90, uma baladaça, “It’s Still In Your Eyes”. Porém, curto as canções mais complexas, onde se encaixam o ritmo intrincado de “In A  Dream” (que agudo!!!), a potência da faixa-título, a complexidade de “No Place Called Home” e o baixão na introdução de “Diamonds Are For Real”. Um grande disco para se ouvir, com destaque principal também ao trabalho da guitarra de Michael Harris em “The Battlefield of Life”, faixa onde Leather rasga sua voz rouca nesta que considero a melhor faixa do disco. 

Marcello: Quando recebi a lista de álbuns da seção, até comentei que não conhecia nenhum dos artistas. Mas ao pegar o álbum para ouvi me dei conta de que era a Leather Leone, que já tinha ouvido por causa do seu trabalho com o guitarrista David T. Chastain, mas não sabia que ela tinha uma carreira solo – como, aliás, nem lembrava mais do cara. Neste álbum (produzido pelo chefe Chastain, que toca teclados e compôs várias músicas do disco) ela mostra todo o potencial de sua voz, além de ter escrito parte das músicas. Leather canta muito e o guitarrista Michael Harris, que a acompanha no álbum, não deixa sentir saudade de Chastain. A dupla de abertura, “All Your Neon” e “The Battlefield of Life”, é pesada e bem construída, dando o tom do álbum. A faixa-título, que vem a seguir, é um dos destaques do disco, com Leather explorando mais o vocal – algo que fica mais nítido na introdução de “In a Dream”. Aliás, a gravação, na minha opinião, ficou um pouco abafada, tirando um pouco do potencial das músicas; não chega a comprometer, mas podia ter ficado melhor. Minha favorita é “Diamonds Are for Real”, outra música com vocal muito bem trabalhado e um bom arranjo no instrumental. Bom disco, e muito bom ouvir a Leather novamente – mesmo que seja num álbum de 35 anos atrás. Melhor ainda, saber que ela continua na ativa e lançou um novo disco, We Are the Chosen, em 2023.

Vandroya – One [2013]


Líbia: Nesses últimos tempos andei pesquisando para conhecer mais bandas do metal brasileiro, dessa forma encontrei Vandroya por conta da participação da vocalista Daísa Munhoz no metal opera do Soulspell. Fiquei impressionada com o trabalho do Vandroya, que recentemente passou por mudanças e lançou três singles no ano de 2022, ambas são bônus do relançamento do álbum que aqui comentaremos. Esse álbum de estreia lançado em 2013 é um prato cheio para quem curte aquele Power Metal com pitadas clássicas, dá pra sentir também forte influências das lendárias bandas dos anos 70 por conta dos teclados, o que constrói uma identidade única pois há muita versatilidade. Prende o ouvinte já nas faixas introdutórias “All becomes one” e “The last free land”. Posso falar um monte de besteiras e observações que talvez nem sejam condizentes, mas de fato é um excelente trabalho de power metal progressivo, daqueles que não se torna cansativo por conta de repetições, e o trabalho vocal da Daísa é impressionante e cativante. Se eu fosse indicar uma música para qualquer pessoa que quisesse conhecer seria “Change the Tide”, a banda entrega tudo.

Anderson: A brasileira Vandroya eu conheci durante a pandemia em um daqueles vários ‘festivais’ de youtube em que as bandas mandavam material gravado. Entretanto, esse álbum, que é o debut da banda, especificamente não conhecia, ouvi algumas coisas mais atuais, como o último lançado e outras perdidas aqui e ali. Dessa lista é o que mais recomendo, pois, chama a atenção já que possui músicos muito bons e uma vocalista (Daísa Munhoz) que se destaca muito com drives e variações de tonalidade promovidas com alguma dramaticidade. Além disso, a produção do álbum é de ótima qualidade. O material é bom do início ao fim e, como de praxe, destaco as três que mais representaram bem o álbum: ‘The Last Free Land’ que abre o disco, após uma breve introdução, com rapidez e boa criatividade dos instrumentistas, a título de exemplo a música possui um solo de teclado muito interessante. O segundo destaque é ‘Within Shadows’, uma das mais legais que nos oferece elementos de música brasileira, além de ser um metal rápido com algumas quebras bem interessantes, muito boa. Por fim, a balada ‘Why Should we say goodbye?’, nada extraordinário, mas a vocalista Daísa Munhoz faz um trabalho extremamente competente, bem melódica, vale a pena. Metal melódico brasileiro bem representado.

André: Sempre ouvi falar muito do Vandroya mas nunca tirei um tempo para ouvir um álbum inteiro deles. Mas como gosto deste estilo power/prog à la Angra, então já esperava algo bacana, o que se comprovou ao ouvir One. Um disco bem técnico e com o vocal muito variado por parte de Daísa Munhoz, sendo esta um destaque do disco. É ótimo de ouvir, mas por exemplo, quando botei “Child of Time” para ouvir, sei lá, já estava aguardando o Edu Falaschi cantando algo aqui, de tão parecido com o Angra que esta música é. Não sei como seguiram no disco posterior deles, é ok seguir esta sonoridade que não tem erro, mas espero que tenham buscado se diferenciar mais porque este disco é basicamente o Angra com vocal feminino com um pouco de Dream Theater (última faixa). Ainda assim, gostei bastante do que ouvi.

Daniel: Curti este álbum, pois eu gosto de Power Metal. Gostei muito da voz da vocalista Daísa Munhoz, ela canta muito bem e sua voz – o destaque do disco – se casa perfeitamente com a proposta musical. O instrumental é bem competente e por vezes me lembrou o Angra o que é, evidentemente, um elogio.

Davi: Gosto bastante dessa banda, que conta com os vocais da linda Daisa Munhoz, certamente uma das melhores vozes do Brasil. Para quem não conhece o grupo, a banda mescla power metal com progressivo. Os músicos são todos de alto calibre e a influência de Angra e Dream Theater come solta. As duas primeiras faixas – “The Last Free Land” e “No Oblivion For Eternity” – comprovam isso. Outros momentos de destaque ficam por conta de “When Heaven Decides to Call”, “Solar Night”, além de “Change The Tide”, que conta com um interessante dueto com Leandro Caçoilo (Viper). Excelente lembrança! Melhor disco dessa lista.

Fernando: Muito se fala do death metal brasileiros e o número de bandas que surgem, mas alguém tem que explicar a profusão de bandas de power metal que surgem/surgiram por aqui também. Não conhecia esse disco e só tinha ouvido o nome da Daisa Munhoz por conta do Soulspell. Em “Why Should We Say Goodbye?” sua voz começa bastante suave e com o arranjo de fundo até estranhei pois me pareceu uma música de cantora pop. È quando entram as guitarras que as coisas ficam “normais”. Bom disco no geral.

Mairon: A introdução deste disco já me assustou logo de cara pela pomposidade, mas quando começaram as guitarras de “The Last Free Land”, daí tudo mudou. Não conhecia a banda, e os caras são brazucas, liderados por Daisa Munhoz. Power Metal de alta qualidade, com canções muito bem construídas e que não ficam somente no óbvio, vide a emulação de Evanescence em “Why Should We Say Goodbye?”, o bom uso de peso com teclados em “This World Of Yours” ou o emprego de elementos percussivos na espetacular “Within Shadows”. Além disso, uma ótima vocalista, e dois grandes guitarristas (Marco Lambert e Rodolfo Pagotto), com destaque para o excelente trabalho de “No Oblivion For Eternity”, baita música, e a fabulosa “Anthem (For The Sun)”, que faixa massa pacas. Apesar de que poderia ser um pouquinho mais curto, é com certeza o melhor disco desta audição, valeu Libia!

Marcello: Essa eu realmente não conhecia – até porque não sou ligado no rock brasileiro. Primeiro de dois discos da banda, “One” é um álbum de músicas bem elaboradas, instrumental impecável e vocais de alto nível – como convém a quem se aventura pelo power metal. A vocalista Daísa Munhoz é o destaque absoluto, com uma voz excelente e de grande alcance, capaz de fazer malabarismo sem soar chata ou pretensiosa. No todo, trata-se de um disco muito bom, e para mim os grandes destaques são “No Oblivion for Eternity”, com bastante variação de ritmos e um belo trabalho dos guitarristas Marco Lambert e Rodolfo Pagotto, a balada “Why Should We Say Goodbye”, com Daísa dando um show à parte, “When Heaven Decides to Call”, melhor momento do baterista Otávio Nuñez em todo o disco e, por fim, “Solar Night”, em que a banda diminuiu a velocidade sem sacrificar o peso em outra música muito bem feita. O álbum foi uma grata surpresa, e provavelmente o meu favorito dos que foram apresentados aqui.


Crystal Viper – Legends [2010]

Líbia: A multi-instrumentista polonesa Marta Gabriel é uma das maiores vocalistas de Heavy Metal dos últimos anos. Ela fundou o Crystal Viper em 2003, que hoje já está consolidada no cenário atual. E como estamos falando de mulheres no metal, não posso deixar de citar o “Metal Queens” tributo lançado em 2021 que ela fez as cantoras e artistas femininas dos anos 80, acho incrível ela cantando “Reencarnación” da banda espanhola Santa. Bem, falando de “Legends”, esse álbum que foi lançado em 2010, fala em antigas lendas e histórias polonesas, e posso dizer que já é um do meus discos de cabeceira, e com certeza é um daqueles álbuns que nos trás esperanças quanto ao metal na modernidade. Tenho um carinho especial por esse lançamento pois foi o primeiro que ouvi e tive na coleção, mas sei que a banda passava por uma travessia após lançamentos matadores, então a comparação e expectativas dos fãs eram pesadas e este lançamento soou fraco para muitos. Mas como primeira audição achei excelente, as melodias são viciantes e cativantes, e tem muito do metal clássico aqui. A única parte que acho meio peixe fora d’água é a balada “Sydonia Bork”, o álbum vem em uma velocidade e empolgação, quando chega na balada até o porta-retratos da sala fica cabisbaixo. Mas chegando na “Goddless of Death” o sol até brilha novamente e a minha dog até começa a abanar o rabo, nem preciso comentar mas já comentando, a voz da Marta Gabriel está excelência pura como sempre. Legends é um ótimo Heavy/Power Metal que merece a sua audição.

Anderson: Em uma lista com tal tema, não poderia faltar o Crystal Viper da ótima, polonesa, Marta Gabriel, baita escolha. Considero essa banda uma das essenciais do metal, considerando os últimos 20 anos. O Legends é a afirmação da banda, terceiro álbum de estúdio que veio no ano seguinte ao bom Metal Nation. As influências da NWOBHM e do início do Power Metal são bem claras, e, elementos de Iron Maiden, mesmo Saxon ou Helloween estão presentes em todo álbum. Não vejo como apenas uma banda ordinária, mas o fato é que sem a Marta Gabriel gastando talento a banda teria dificuldade em ter algum destaque. Dentre as músicas do Legends, a primeira que me chamou mais a atenção foi ‘Blood of the Heroes’, bem dinâmica, rápida, cavalgada e muito divertida acredito que é a mais completa do álbum. Na sequência, temos a bela ‘Sydonia Bork’ que é um ótimo exemplo da força que Marta possui, pois, a moça leva a música sozinha por mais de três minutos, apenas com um piano/teclado de fundo. Música muito bonita, ainda mais depois que entram os outros instrumentos, com destaque para o solo de Andy Wave. Ainda, não poderia deixar de fora a tradicional ‘Night of The Sin’, música que é figura carimbada nos shows da banda. É uma das mais rápidas do disco e com um refrão bem objetivo, ótima, justamente, para o apelo popular. Por fim, seria leviano não comentar sobre outras três músicas que dão o algo a mais para esse álbum: ‘Godness of Death’ com destaque total para Marta, e ainda, as duas últimas, ‘A Man of Stone’ em que visualizo Kai Hansen cantando, muito Helloween/Gamma Ray! Já ‘Black Leviathan’ fecha os trabalhos de forma excepcional, traz alguns elementos mais sombrios no começo, como um dedilhado no melhor estilo Iron Maiden, para ganhar uma pegada mais épica depois. É um material muito bem produzido, muito bom de ouvir, é um disco que se completa e não deixa o ritmo cair, daqueles que fica melhor ouvir do começo ao fim ao invés de buscar apenas uma música ou outra.

André: Conheço também o Crystal Viper e já ouvi quatro de seus oito discos, sendo este um dos que não havia ouvido. O power metal deles é da linha europeia, assim como a banda também é, e lembra mais o som de bandas como o Grave Digger e o Running Wild. Um bom disco, ouço tranquilo, e a faixa que mais gostei foi a última “Black Leviathan”.  

Daniel: Outro Power Metal? Bom, então acabei comparando com a Vandroya. Descobri que esta banda é polonesa, mas eu gostei bem mais da Vandroya mesmo. Os vocais são ok, os refrãos têm uma “vibe” Blind Guardian, com uso de coros, mas o instrumental é mais unidimensional. Legal, mas não pretendo voltar.

Davi: A cantora Marta Gabriel é uma menina bonita, porém com um trabalho vocal não mais do que correto. A banda é competente no que faz, mas falta personalidade. A sonoridade deles aqui é um power metal tipicamente alemão com altas influências de Helloween, Gamma Ray (as músicas mais rápidas soam quase como plágio),  e Running Wild. Mais uma vez, o trabalho de guitarra acaba tomando a frente do disco em diversos momentos. Dentre as composições, as mais interessantes acredito que sejam “Night Of The Sin” e “A Man of Stone”. E aaah… A introdução de “Black Leviathan” irá agradar aos maidenmaníacos. Achei razoável.

Fernando: Sempre vi o Crystal Viper por aí, mas lembro de ter desanimado em conhecer a banda depois que vi que eles tinham muitos discos já. Interessante que na terra do metal extremo de Behemoth e Vader, e do progressivo de Riverside e Collage o power metal também consegue se destacar. Pelo menos nesse disco o power metal aqui é mais tradicional, mais na linha do Hammerfall do que do Angra como foi é o Vandroya. Marta Gabriel canta de uma maneira mais parecidas com seus pares masculinos nesse estilo de banda e sua voz fica ótima. Porém mantenho fiel às convicções. Melhor nem chegar perto mais.

Mairon: Banda polonesa liderada por Marta Gabriel, que me lembrou muito Helloween. Outra que não conhecia, e destas três, foi a que achei mais fraquinha. Apesar da qualidade técnica dos músicos, achei a banda pouco criativa e muito “Helloweeniana”. É um disco legal de ouvir, tem boas canções, mas honestamente, se for para ouvir um cover de luxo dos alemães, prefiro ouvir eles mesmos. E quando não é Helloween, é um Iron Maiden escandaloso chamado “Black Leviathan”. Tanto que a que mais curti foi a balada “Sydonia Bork”, levada pelo piano e pela voz de Marta. 

Marcello: Banda polonesa liderada pela vocalista (e única integrante de todas as formações) Marta Gabriel, que depois deste disco tocaria guitarra e atualmente baixo. O terceiro álbum do Crystal Viper teve suas letras baseadas em lendas medievais da Polônia (o que me fez buscar as letras – interessantes, mas nada de especial) e começa com uma pequena introdução declamada por uma voz masculina (surpreendeu-me, aliás), e ganha corpo na segunda música, “The Ghost Ship”. Marta Gabriel é uma boa cantora, com uma voz mais crua, talvez sem tanta técnica quanto outras vocalistas nesta seção, mas com muita garra e entusiasmo, como ao final de “Blood of the Heroes”, e se destaca muito na balada “Sydonia Bork” – da qual gostei bastante, aliás. O disco segue bastante interessante, com músicas bem arranjadas, bom instrumental e bons vocais, tornando-se até difícil apresentar outras músicas de destaque, pois o nível se mantém uniforme. Então, vou chamar a atenção para “Secret of the Black Water”, com seu baixo à Geezer Butler.

Miasthenia – Antípodas [2017]

Líbia: As músicas geralmente devem acompanhar nossos momentos, tem dias que estou mais pra Miasthenia. É mais uma banda que conheci a pouco tempo e ficou marcada na minha memória musical pela sua qualidade. A banda surgiu em 1994 com a iniciativa da Susane Hécate (vocalista, tecladista e letrista) com a ideia de fazer um black metal com letras em português com história e mitologia pré-colombiana, as guerras de conquista da América no século XVI e a resistência ameríndia. É uma banda que vem resistindo a muitas adversidades mas sempre entregando materiais de excelência, as letras são uma verdadeira aula de história de um nível absurdo, somos convidados a participar de uma imersão a cultura dos nossos povos nativos tão rica e pouco falada que nos faz sentir orgulho dessa banda. E isso podemos ouvir principalmente na faixa  “Coniupuyaras” que além de ter uma sonoridade espetacular conta a história de resistência das nossas guerreiras amazonas legitimas. O Antípodas lançado em 2017 já nasceu clássico, esse álbum ainda foi gravado como um “power trio” em uma das suas melhores produções, tem melodia e agressividade na medida certa. Até quem não é fã do estilo vai simpatizar e levar a audição do álbum adiante.

Anderson: Grata surpresa, pois, apesar de ser uma banda não tão nova, particularmente, não os conhecia! Os candangos da Miasthenia praticam um Black Metal um tanto melódico e abordam temáticas culturais da América. Aliás, não tem como não falar das ótimas letras, o que me levou a pesquisar um pouco mais da banda, e, grata surpresa em saber que a origem de tais histórias tem como referência uma doutora em história. Sim, a vocalista da banda, Hecáte, é doutora e professora no assunto. Cantam preferencialmente em português, mas performando no estilo Black Metal. Curto demais bandas que abordam temas não tradicionais, ainda mais quando nos diz respeito de alguma forma. Por outro lado, não sou muito fã de Black Metal e por isso não tenho referências do gênero para citar além do Cradle of Filth, todavia, outra banda que veio em minha cabeça ao longo da escuta foi o Moonspell. Destaco as melodias conduzidas hora por fortes passagens de teclado, hora pela bateria mais direta e rápida. Gostei muito da ‘Novus Orbis Profanum’ que cria uma atmosfera épica, e, também, de Coniupuyaras muito pesada e bem rápida. Nessa mesma perspectiva temos a ótima Araka’e. Fiquei bem grato por conhecer essa banda, com certeza vou ouvir os demais materiais deles.

André: Este estilo de black metal com teclado fazendo aquele som meio sinfônico nunca foi muito a minha praia, mas olha, vou recomendar sim para quem gosta do gênero. Falando de folclore indígena sul-americano, a banda tem letras muito boas e uma sonoridade que pode-se dizer que é só sua, algo meio raro nos dias de hoje. Como eu disse, não é do meu gosto, mas se você curte black metal sinfônico com estas temáticas pagãs, vá sem medo nesse disco que irá curtir. Aliás, só para os curiosos: miasthenia é o nome de uma doença rara. Sei porque o Mequinho, o mais forte enxadrista brasileiro, foi diagnosticado com ela.

Daniel: Este disco possui uma sonoridade que eu não escuto, assim sendo, nem posso avaliar se é bom ou não.

Davi: A sonoridade deles é pesada, agressiva (no bom sentindo da expressão), mas esse é um som que, definitivamente, não me atrai. Para quem curte black metal, que não é o meu caso, deve ser um bom disco. O álbum é bem feito, bem tocado, o teclado e os backings mais líricos criam um contraste legal e o trabalho de guitarra é bem criativo, mas não é um som que curto. Por sua conta e risco.

Fernando: Antes de ouvir vi que a banda é uma banda nacional de black metal oriunda de Brasília. Vocês conhecem um lugar melhor para capirotagem do que Brasília? Pessoal da Noruega tem calafrios de andar por lá. Por questões óbvias demorei alguns minutinhos para perceber que tudo é cantado em português – sugiro acompanhar as letras enqaunto ouve. Mas o tema aqui no final das contas é mais ligado as atrocidades que aconteceram em solo brasileiro, principalmente em relação aos povos originários, do que qualquer anjo caído. Lembrei daquela banda de um nativo americano que também é do mesmo estilo, o BlackBraid. Susane Hécate faz eventualmente uma variação entre a voz característica do black metal com passagens limpas. No geral achei bastante interessante o som. Vou aproveitar que estou lendo os livros sobre o Black Metal e vou voltar a ouvir.

Mairon: Conheci o Miasthenia através do álbum Sinfonia Ritual. Um projeto ambicioso para o grupo brasiliense, e que apesar de não ter me agradado em sua totalidade, mostrava bons dotes para apreciadores do estilo Death/Black /Extreme Pagan Metal que a banda criou. Antípodas é um álbum mais diferente, carregado pelos teclados da líder da banda, Susane Hécate, com participações importantes da guitarra e da bateria. Eu acho interessante a ideia da banda, de misturar elementos indígenas com o heavy metal, mas é algo que não consigo mais ouvir são vozes guturais que não dá de se entender nada do que está sendo dito e bateria com pedal duplo sendo tocado na velocidade da luz. Um bom exemplo disso é “Coniupuyaras”, faixa com ótimo trabalho instrumental das guitarras e dos teclados, e com trechos onde o vocal não é gutural que são muito legais, mas a entrada do gutural estraga qualquer vontade de ouvir a história das guerreiras amazonas, ou então a bonita introdução de “Bestiários Humanos”, que quando entra o gutural novamente causa um efeito repulsivo. Quem aprecia o estilo, vai na fé, mas não é mais para mim.

Marcello: Outra banda brasileira – mais uma para a minha lista de ex-desconhecidas – ligada a um estilo que eu conheço pouco: Pagan Metal. Liderada pela vocalista e tecladista Susane Hecate, uma doutora em História (!), este disco de 2017 deve ser objeto de paixão para quem gosta do estilo, mas não é para mim. As letras são muito interessantes, devo admitir, os músicos são bons e Susane é impressionante, mas confesso que não consegui ouvir de novo o disco. Assim, não consigo destacar nenhuma música, mas admito que a faixa-título poderia cair no meu gosto com uma voz diferente e a introdução de “Bestiários Humanos” é bonita. Mas não adianta, não engulo os vocais urrados típicos do metal mais extremo, então…

Sign of the Jackal – Breaking the Spell [2018]


Líbia: Se alguém falasse “álbum lançado em 1987”, eu acreditaria. Mas Breaking the Spell foi lançado em 2018 por essa banda italiana fundada em 2008. Outro dia apresentei essa banda para a minha sobrinha que está começando a ouvir Judas Priest, Ozzy Osbourne, Metallica, The Beatles… (imagina meu orgulho), ela adorou e se identificou pelo fato de ser atual e por ser uma mulher nos vocais. Não tem nem como dizer “não é da minha época” ou “é muito antigo”, na real isso atrai um novo público para essa pegada mais clássica, e ao pesquisar melhor, serão levados sem muita pressão, às principais referencias do heavy metal. O álbum passa rápido como a sua velocidade, são ótimos 32 minutos bem fluídos. “Class of 1999”, “Mark of the beast” e “Heavy Rocker” já matam qualquer desconfiança se o álbum é bom e divertido de ouvir. É isso, se você é fã de um bom metal clássico ouça Breaking the Spell sem medo.

Anderson: Mais uma banda de Heavy Metal clássico, com alguma coisa de um Hard Rock oitentista, aos meus ouvidos. É um disco bem competente e animado, faz jus à proposta de promover um retorno aos dias de glória do hard and heavy. Se você curte Judas Priest, Accept, Ozzy, alguma coisa dos primórdios do Power Metal a boa ‘Night Curse’ vai lhe agradar. Já se preferir alguns elementos do Hard Rock dos EUA então “Heavy Rocker” não decepciona. Até quando procuramos a tônica que guia o álbum temos algumas dessas influências, pois, são as guitarras e a vocalista Laura Cooler que carregam o piano. Claro, é preciso dizer, que a cozinha está sempre ali no suporte sem decepcionar. É um álbum curto e grosso. Direto ao ponto. Boa pedida.

André: Eu gosto muito deste estilo de metal tradicional, mas o que me incomodou aqui ao ouvir este disco foi que as composições e a produção muito querendo emular os anos 80 não me pegaram. Mesmo querendo imitar aquela produção, dava de ter caprichado melhor. Quanto as composições, o problema é que mesmo também querendo emular aquela sonoridade speed, acabou que me pareceu apenas um primo mais pobre do Judas Priest. Também como Vandroya, a banda tenta emular muito uma outra, neste caso o Judas, o que acaba novamente deixando a banda sem uma cara própria exceto ser o Priest com uma moça cantando. Diferente dos brasileiros da banda da Daísa, que tem ótimas composições, aqui eu vejo muito potencial ser desperdiçado.

Daniel: Comecei a ouvir e pensei que fosse um álbum do início dos anos 80s, quiçá de uma “banda perdida” da NWOBHM, mas vi se tratar de uma banda italiana e o álbum é da década passada. É uma espécie de emulação do som oitentista da NWOBHM, incluindo todos os clichês. Não me pegou.

Davi: A sonoridade dessa banda é bem anos 80, com riffs ganchudos e levadas de bateria diretas. Muito provavelmente, alguém aí cresceu ouvindo Warlock (banda da metal queen, Doro Pesch). Sério!!! São vários momentos que nos remetem ao grupo. A linha vocal de “Class of 1999”, por exemplo, tem trechos que remetem diretamente à “I Rule The Ruins”. “Mark Of The Beast” é, basicamente, “Earthshaker Rock” com outra letra. Tem gente que não gosta dessas cópias descaradas. Quando bem feito, eu não tenho muito problema com isso, acho divertido, acho bonito de se ver. O problema que vejo aqui são os vocais exagerados da Laura Coller. Sério, ela não precisava gritar o disco inteiro. Com um bom produtor, essa banda cresceria bastante. Faixa preferida: “Mark Of The Beast”.  

Fernando: Sign of the Jackal é o título de um álbum do Damien Thorne que eu gosto muito e já até resenhei aqui para a Consultoria do Rock. Assim, o nome da banda já me chamou a atenção e me trouxe esperanças de que a linha da banda tive inspirações da mesma fonte que o nome. Aí vendo os títulos das músicas a certeza de que seria isso mesmo cresceu e na hora de ouvir foi só se deliciar. O speed metal dos italianos é excelente e totalmente oitentista, do jeito que a gente gosta. Laura Coller arrebenta! 

Mairon: Não conhecia estes italianos, liderados pela excelente vocalista Laura “Demons Queen” Coller. O fato de começar relembrando “Tubular Bells” (Mike Oldfield), com alusão obviamente ao filme O Exorcista, em “Regan”, já me fez levantar as orelhas. A banda é uma poderosa metaleira como configura o estilo, e o que surpreende é que são de 2018, mas com uma sonoridade muito anos 80. Há faixas mais rockers, vide a instrumental ” Terror at the Metropol”, “Class of 1999” e “Hard Rocker”, que seguem a linha heavy de refrão grudento, solos de guitarra velozes e embalos para sacudir o pescoço, além de muitos gritos esganiçados por parte de Demons. Por outro lado, curti muito ouvir as canções mais power metal, vide “Headbangers”, “Beyond The Door, “”Mark of the Beast” e a ótima “Night Curse”, que me lembraram os bons tempos de Viper. de Andre Mattos Faixa preferida é “Nightmare”, com bons solos de guitarra. Bela indicação!

Marcello: Banda italiana liderada pela vocalista Laura Coller, aqui em seu segundo álbum (até onde pude verificar eles só têm dois discos mesmo), “Sign of the Jackall” é um pouco curtinho, com pouco mais de 32 minutos de duração e começa aludindo ao clássico “Tubular Bells” em uma faixa curtinha dedicada a Regan, a menina de “O Exorcista” (até hoje me pergunto que diabo deu naquela garota, parafraseando o cartunista Jaguar). “Night Curse”, a seguir, solta os demônios todos numa música rápida e violenta, e pela primeira vez se ouve a voz expressiva de Laura; em seguida, “Class of 1999”, música que lembra um pouco o metal clássico do final dos anos 80 e me agradou de cara – um dos destaques do álbum, para mim. “Heavy Rocker” tem uma introdução de guitarra que me fez pensar no Judas Priest, mas não é uma simples cópia, soando mais como uma homenagem. “Terror at the Metropol” é outro destaque, uma instrumental relativamente simples, mas contagiante, que prepara o caminho para mais uma paulada certeira, “Beyond the Door”. Mas o grand finale com “Headbangers” conseguiu ser ainda melhor, numa música rápida, forte, e com Laura usando a potência de sua voz sobre uma base pesadíssima. Enfim, um disco muito bom, que vou ouvir bem mais do que as três vezes que ouvi para poder escrever este comentário!

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Capas Legais: Caetano Veloso - Transa [1972]

Aproveitando o aniversário de Caetano Veloso na data de hoje, trazemos aqui a arte de seu principal álbum, Transa. O sexto disco do baiano de Santo Amaro foi lançado em 1972, em uma incrível arte gatefold criada por Álvaro Guimarães em parceria com Aldo Luiz, a qual ao ser conectada cada uma das quatro partes da capa, há a formação de um objeto piramidal, dando o nome da arte de Discobjeto. Parabéns Caetano por seus 81 anos de muitas canções marcantes para a música mundial, e aproveite para além de ver nosso vídeo, curtir, compartilhar, comentar e também inscrever-se em nosso canal.



quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Rompendo O Lacre: Gal e Caetano Velloso - Domingo Fan Box [2022]

Hoje, rompo o lacre do Fan Box de Domingo, a estreia de Caetano Veloso (aqui ainda grifado como Velloso) e Gal Costa. O Fan Box acompanha uma tampa quadro, uma caderneta e mais o CD remasterizado.



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