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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Ouve Isso Aqui: Discos ao vivo de retorno lançados nos anos 2000


 Editado por André Kaminski

Tema escolhido por Mairon Machado

Com Daniel Benedetti, Davi Pascale, Fernando Bueno e Ronaldo Rodrigues


Os anos 2000 providenciaram o retorno, mesmo que por vezes apenas em um show, de grandes nomes do rock dos anos 60 e 70. Foram inúmeros grupos que trouxeram para uma geração do século XXI, ao vivo, aquele clímax que construíram quando eram bam-bam-bans na cena musical do auge de suas carreiras. Minha intenção aqui é discutir o retorno de cinco desses grupos, e pensar se realmente, o retorno aos palcos dos mesmos valeria a pena para uma série de shows e novos lançamentos, ou se esses retornos confirmavam que a nostalgia dos velhos bons tempos onde esses nomes eram tigrões, mas que a idade os fez se posicionar como tchuchucas, confirmavam que os nomes em questão não tinham motivos de seguir na ativa. Vamos as opiniões dos consultores para esses retornos de gigantes.

Led Zeppelin – Celebration Day [2007]

Mairon: O Led já havia feito alguns retornos depois da morte de John Bonham, mas foi somente o show no Ahmet Ertegun Tribute Concert em 10 de dezembro de 2007 que foi lançado para os fãs. Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones, junto de Jason Bonham (filho de John), se uniram na O2 Arena de Londres lotada (os ingressos esgotaram rapidamente), e emocionaram aos presentes. Como grande fã de Led que sou, eu tinha grandes expectativas dessa apresentação, as quais foram frustradas. O repertório é excelente, cobrindo quase todos os discos da banda (apenas In Through The Outdoor ficou de fora) e em muitas faixas a coisa dá um tesão bom, como “No Quarter”, “Ramble On”, “Misty Mountain Hop”, “For Your Life”, “Trampled Underfoot” e a sempre demolidora “Kashmir”,onde Bonham dá um show a parte. Mas ouvir a diminuída de tom em faixas como “Good Times Bad Times”, “In My Time of Dying”, “Rock and Roll” ou “The Song Remains The Same” (coragem tentarem tocar essa) torna a coisa um pouco arrastada, tirando a energia que sempre foi o forte dos caras. Page está  totalmente fora de forma nos solos, principalmente “Since I’ve Been Loving You”, bastante decepcionante. “Dazed and Confused” chega a ser constrangedora. Plant é outro que há muito tempo não tem a mesma voz, o que fica provado em “Black Dog”, “Nobody’s Fault But Mine” e “Whole Lotta Love”, onde ele também apresenta estar perdidaço na letra. Até “Stairway To Heaven”, que apesar de continuar linda, mostra o desgaste da voz de Plant. Aliás, o solo de Page neste clássico eu prefiro não comentar … Por outro lado, Jones e Bonham estão perfeitos, em uma performance digna de suas histórias, e que sustenta bastante Celebration Day para fazê-lo passar por média. Led é Led e sempre será Led, é empolgante ouvir o disco de uma maneira nostálgica, mas entendo perfeitamente por que a banda não se reúne mais para tours. Celebration Day para mim serve como um comprovante para os fãs pararem de encher o saco dos caras em seguir tocando juntos.

André: Eu já ouvi gente dizendo há muitos anos que este show de retorno foi fraco e decepcionante. Sei lá, apenas inacreditável ouvir isso. Não acho que eu precise dizer do quanto, ao menos, a lendária banda junto ao filho do lendário falecido baterista é incrível mesmo após tantas décadas afastados. Mesmo que eles estivessem enferrujados ainda são melhores do que muitas bandas contemporâneas que nunca pararam. Pelo menos ficou um registro do que poderia ter sido a banda com o passar dos anos.

Daniel: Eu gosto deste disco. É claro que é possível de se questionar alguma mudança no repertório como a falta que sinto de “Heartbreaker” ou “Communication Breakdown”, mas o desfile de canções clássicas, em sequência, já são fiéis amostras do poderio do repertório do Led Zeppelin. Sem mais nada a provar, vejo este disco como um digno pertencente à discografia da banda, por mais que a ausência de John Bonham sempre seja sentida.

Davi: Ainda me lembro das conversas nas rodas de amigos durante minha juventude: “Por que os Beatles não voltam à ativa e colocam o Julian no lugar do John?”. “Se o The Who excursiona, de tempos em tempos, com outros bateristas, por que o Led Zeppelin não faz o mesmo”? As opiniões, claro, eram divididas. Havia quem defendesse, havia quem achasse uma heresia. No caso do Led, havia até a justificativa de “você viu o terror que foi o show do Live Aid“? Contudo, de tempos em tempos, a pergunta voltava à tona. Décadas se passaram, mas finalmente, teríamos a resposta de como um desses lendários grupos soaria em uma reunião, ainda que de maneira bem breve. E, graças à Deus, o resultado, dessa vez, foi muito bom. Sim, John Bonham é inimitável e é bem superior ao seu filho. Contudo, o garoto não fez feio. Segurou bem a bronca, conseguiu manter o espírito, digamos assim. (Inclusive, prefiro a performance dele aqui, do que a que realizou ao lado da Jason Bonham Band, no álbum In The Name Of My Father). Outra coisa que me deixava com a pulga atrás da orelha era o trabalho vocal de Robert Plant. Será que ele ainda daria conta do repertório do Led? Assisti ele e o Jimmy Page no Hollywood Rock e gostei bastante do resultado, mas já havia se passado uma década. E, sim, Plant mandou muito bem, obrigado. Claro, ele adaptou para sua nova realidade, cantou conforme sua idade permitia. Cantou mais na manha, fez algumas linhas vocais mais para baixo, recorreu ao falsete em alguns momentos, mas o resultado final ficou muito bom. O show é excelente. Pesado, muito bem tocado e com um repertório impecável, onde voltaram a tocar inclusive, “Stairway to Heaven”, depois de terem negado por décadas. É uma pena a reunião não ter ido adiante.

Fernando: De todos os da lista, acredito que esse tenha sido fruto do acontecimento mais esperado pela comunidade rocker por anos, por todas as circunstâncias e a importância que a banda tem na história. Também é o que teve maior caráter de celebração, homenagem, como o próprio nome do lançamento deixa claro. Até por tudo isso a execução acaba sendo apenas um detalhe que pouco importa. Acredito que fizeram o certo em fazer alguns shows apenas, lançar esse material e não retomarem as atividades. Fizeram uma aparição e se mantiveram como lendas sem desgastar essa imagem.

Ronaldo: Há muita dignidade do Led Zeppelin em ter se preservado de tantas ofertas para voltar aos palcos, sem seu baterista original. A inadequação de Robert Plant para o estilo vocal de sua juventude fica claro na opção da banda por ter baixado os tons das músicas, contudo, a adaptação soa honesta dentro de suas limitações. O disco já ganha pontos por incluir como abertura músicas fantásticas que praticamente não fizeram parte do repertório ao vivo da banda nos anos 60/70 – “Good Times Bad Times” e “Ramble On”; outro ponto positivo é Jimmy Page com sua Les Paul sem se render ao som dos guitarristas modernosos. Suas seções psicodélicas em “Dazed and Confused” e “Whole Lotta Love” são totalmente respeitáveis. De ponto negativo, triste reconhecer que os engenheiros de som atuais não sabem dosar o som do baixo e da bateria ao vivo, deixando o primeiro enterrado e sem agudos e o segundo entupido de graves embolados. O próprio John Paul Jones soa um tanto básico demais no baixo, não saindo nenhuma linha além do tradicional (e mesmo que saísse, seu esforço não apareceria no disco). Já nos teclados, sua elegância e técnica estão devidamente registradas. O repertório da banda dá uma passeada bem representativa por toda sua discografia (com exceção de In Through the Outdoor). “Whole Lotta Love”, “No Quarter” e “Misty Mountain Hop” tocadas nos tons original e com a banda afiada, são destaques.

Triumph – Live at Sweden Rock Festival [2008]

Mairon: Depois de muitas brigas e discussões, eis que o mundo foi surpreendido pelo retorno do Triumph de Rik Emmett, Gil Moore e Mike Levine. Lembro da expectativa deste retorno, a possibilidade de uma turnê mundial, um novo disco, mas a guerra de egos foi maior que a grande capacidade dos canadenses criarem obras primas, o que por si só já indica o que foi este registro. Aliás, ele que foi minha inspiração para esse Ouve Isso Aqui. Quando o ouvi pela primeira vez, foi com um mixto de alegria e frustação. Alegria por que o disco começa muito bem, com Gil mandando ver em “When The Lights Go Down”, pesada, como nos bons tempos do Triumph. Tu vê o repertório e é perfeito, não há o que tirar, ainda mais para um show em um festival. Mas basta os primeiros acordes de “Lay It On The Line” para o nariz começar a ser torcido. Alguns tons abaixo e principalmente, um Rik que não tem mais a mesma voz dos anos 70 não conseguindo alcançar agudos de outrora, e tão pouco agudos atuais. É muito triste ouvir a voz de Rik falhando por diversas vezes, principalmente em “Never Surrender” ou “Magic Power”. Algo só mais lamentável que ter presenciado Ian Gillan não conseguindo cantar “Child In Time”, ou Geddy Lee fracassar ao longo de todo o show do Rush no Rio em 2010. Instrumentalmente, Live at Sweden Rock Festival é impecável, e claro, Rik ainda é um baita guitarrista. Ouçam o que ele faz na própria “Lay It On The Line”, “Blinding Light Show / Moonchild” e “Rock ‘n’ Roll Machine” por exemplo. Gil ainda é um baterista vigoroso e capaz de cantar muito bem, como atestam “Allied Forces” e “Rocky Mountay Way”, e Mike possui uma capacidade ímpar de aturar o ego de gigante dos dois colegas tocando com uma sobriedade e precisão raras. Mas honestamente, por mais que o instrumental seja perfeito, eu só iria curtir ver esse show se as vozes do Rik fossem substituídas por um vocalista que ainda consiga cantar aqueles agudos tão fascinantes. A reunião naufragou rapidamente, o disco ficou para a história como o último registro do Triumph, e infelizmente, um registro não digno da grandeza dessa banda fantástica!

André: Conheço menos do Triumph do que eu deveria. Então tirando algumas poucas músicas, assisti ao show quase que como ouvindo uma banda antiga desconhecida. Achei uma performance bacana e segura de uma banda de hard rock setentista. Acho que no caso da musicalidade deles, os anos prejudicam um pouco a questão de desempenho (principalmente em relação as faixas mais velozes), mas para uma banda veterana e experiente, foi um disco muito agradável. Deu mais aquele incentivo a ir atrás de mais discos deles.

Daniel: Sempre penso no Triumph como um grupo “criminosamente” subestimado. Basta ouvir o repertório presente neste álbum, com canções cativantes e com execuções bem fiéis aos originais presentes nos discos. Nunca havia ouvido e certamente vou voltar a este álbum.

Davi: Depois de aproximadamente 15 anos afastados do palco, o Triumph voltava à ativa. E aí? Será que funcionaria? Será que os músicos ainda dariam liga? E, sim, embora não tivessem tido muito cuidado com o visual (algo que fica claro para quem já assistiu ao DVD dessa apresentação), musicalmente a banda ainda tinha lenha para queimar. O show não tinha grandes novidades. Mike Levine, Rik Emmett e Gil Moore subiram ao palco, acompanhado de Dave Dunlop e relembraram os números mais marcantes de seu período auge. O repertório focava o período de 1977 a 1982. Ou seja, de Rock & Roll Machine  à Never Surrender. Na minha opinião, o melhor momento deles. Rik e Gil estavam com a voz em dia e a banda estava até que redondinha. Claro, não dá para comparar essa performance com a de Stages, nem a do US Festival, mas é um show bem agradável de assistir.

Fernando: Esse foi o que mais curti reouvir. Curto muito o Triumph, sempre achei ótima esse balanço que eles fazem com o hard rock e o progressivo, seus músicos são ótimos, grandes vozes, mesmos dando para perceber o óbvio declínio do que eram nos anos 80, mas nada que interfira muito na qualidade da execução. Achei ótima a versão de “Rocky Mountain Way” de Joe Walsh. Não costumo ouvir muitos discos ao vivo, porém esse vai acabar voltando ao som daqui uns dias.

Ronaldo: Não sou um grande conhecedor do repertório do trio canadense Triumph. Mas a primeira levada de bateria do disco já transporta o ouvinte para a década de 1980 e se essa é a intenção do ouvinte, a diversão está garantida. Tudo é  tocado com muito gás, bem cantado e executado. “Magic Power” tem aquele vocal agudo característico do rock de arena dos anos 80 e há ótimos momentos em todo o disco, que inclui uma boa versão de “Rocky Mountain Way” de Joe Walsh.

Mutantes – Barbican Theatre [2006]

Mairon: Outro retorno surpreendente. Creio que nem o mais esperançoso fã dos Mutantes (e eu me incluo entre eles) acreditava que um dia Arnaldo Baptista e Sergio Dias iam voltar a dividir o mesmo palco, ainda mais com Dinho Leme na bateria. Ok, Serginho fez uma jogada de mestre, pegou os (exímios) músicos que o acompanhavam em carreira solo, trouxe a voz de Zélia Duncan para substituir Rita, e assim foi para Londres em 2006 fazer um show sensacional. O repertório é perfeito, calcado essencialmente na fase Rita, e se aproveitando dos arranjos de Tecnicolor, o álbum que era para ter sido lançado na Europa, acabou não saindo nos anos 70, mas chegou ao mundo no início do século atual. Deste, ouvimos “Le Premier Bonheur du Jour”, “El Justiciero”, com uma linda introdução do violão de Sergio, “I’m Sorry Baby (Desculpe Baby)”, “I Feel A Little Spaced Out (Ando Meio Desligado) e “A Minha Menina”, todas ótimas, como manda o figurino Mutante. Somos surpreendidos com inesperadas apresentações para “Ave Gengis Khan”, “Cantor De Mambo”, com a engraçada apresentação de Serginho, e Arnaldo mandando ver nos vocais, “Ave Lucifer” e “A Hora e a Vez Do Cabelo Nascer (Cabeludo Patriota)”. É arrepiante ouvir a entrada com “Don Quixote” e “Caminhante Noturno”, parece que somos jogados aos anos 60. E claro, quando Arnaldo canta “Dia 36”, lágrimas correm pelo recinto. Tive a oportunidade de ver essa turnê em 2007, acho que foi o show que mais chorei em minha vida, e pena que o retorno durou pouco, mas o suficiente para fazer um grande registro, e uma grande turnê. Em tempo, Zelia não decepciona em nenhum momento, principalmente em “Baby” e “Fuga N° 2”, e Serginho ainda era (e é) o mais talentoso guitarrista que o Brasil já pariu! Grande disco!

André: Por mais que se elogie o esforço dos irmãos Dias de se aguentarem e voltarem a tocar juntos, não tem como desconsiderar o clima ruim dos bastidores desse retorno que viria logo depois a culminar na saída de Arnaldo no meio da turnê. Aliás, é triste ver ele ali sentado no teclado meio deslocado do restante, mesmo ocupando o centro do palco. OK, tem a questão da saúde e mesmo seus vocais não estarem lá em grande forma, mas porra, é o Arnaldo Baptista. Sinceramente, não consigo ver esse show e escutar estas gravações sem aquela sensação de incômodo. Aliás, não condeno o Sergio por essa tentativa. Apenas que foi a constatação definitiva que ele tem que levar a banda sozinho mesmo.

Daniel: Outro álbum que eu curti a audição. Sérgio Dias e Arnaldo Baptista capricharam na escolha do repertório e, mesmo que algumas execuções fujam dos originais, o resultado final me agradou. Gostei da presença do coral e se Zélia Duncan não é a Rita Lee, não chega a fazer feio. É outro álbum da lista que voltarei a ouvir em breve.

Davi: Assim como a do Led Zeppelin, essa foi uma reunião que me surpreendeu positivamente. Quando anunciaram que estariam fazendo esses shows, não botei muita fé. Ao contrário de muitos dos meus amigos, sempre preferi a fase tropicalista à fase progressiva, portanto, a figura da Rita Lee, era uma figura importante, para mim. E embora goste do trabalho da Zélia Duncan, me questionava se seria a cantora adequada para o projeto. Quando adquiri o CD e o DVD, lembro que fiquei bem impressionado. A banda estava com uma qualidade técnica muito alta e Zélia soube se adaptar ao projeto. Sua voz casou bem às canções. Eu, particularmente, sempre fui muito fã do Sérgio Dias. Para mim, trata-se de um dos melhores guitarristas do nosso país. E sua performance aqui é irretocável. Já Arnaldo, não tem como deixar de notar que estava bem debilitado. Principalmente, na parte vocal. Independente disso, a performance, como um todo, é excelente. Trata-se de um trabalho muito bem desenvolvido, com um ótimo repertório, que vale a pena você ter em sua prateleira. Trabalho que considero superior ao Mutantes Ao Vivo (1976), inclusive.

Fernando: Vamos lá … (deixa eu me preparar para as pedradas). Eu não tenho interesse nos Mutantes. Já ouvi bastante, até para tentar me habituar e por insistência encontrar o motivo de tanta admiração que muitos dos meus amigos vêem na banda. Eu não sei o que exatamente me incomoda, mas creio que a mistura de MPB e toda aura bicho grilo que a banda passa seja o motivo. Entretanto acho demais que lá fora o interesse por eles também tenha sido grande e achei uma pena não terem seguido mesmo com a grande aceitação que essa reunião teve na época.

Ronaldo: Ajudou o fato desse disco ao vivo dos Mutantes ser apoiado por um conjunto de músicos jovens e bem talentosos apoiando os veteranos irmãos Batista. Penso que se a coisa dependesse apenas deles em seus respectivos  instrumentos e vozes, o resultado ficaria bem prejudicado. Além disso, a banda não economizou nos playbacks e efeitos externos; temos aqui o registro de um espetáculo bem planejado e executado. Sergio Dias, nos momentos em que os holofotes lhe estão voltados, não decepciona e mostra sua envergadura técnica. Já Arnaldo Baptista, por sua condição de saúde, tem mais papel de figuração (tanto é que depois de algum pouco tempo, a banda prosseguiu sem ele apresentando o mesmíssimo show). Algumas adaptações dos efeitos psicodélicos dos discos da época para o palco ficaram muito interessantes e é louvável o esforço da banda nesse sentido. Como crítica, apenas a velocidade excessiva em algumas músicas e as adaptações para o inglês, que ficaram bem esquisitas. A nata do repertório tropicalista dos Mutantes está toda contida no disco, que é um trabalho agradável de se ouvir no geral.

Cream – Royal Albert Hall London May 2-3-5-6 2005 [2005]

Mairon: Grande retorno aos palcos de Ginger Baker, Eric Clapton e Jack Bruce, para mim é o melhor retorno destes cinco aqui apresentados, muito por conta de que o trio está em ótima fase. Uma curta série de apenas quatro shows em maio de 2005, no Royal Albert Hall  de Londres, foram compilados nesse excelente álbum.  Repertório é fantástico, e é incrível como os anos passam, mas ainda assim, Bruce parece querer engolir Clapton, enquanto Baker quer engolir os dois, e Clapton, vendo que está sendo engolido pelos colegas, tenta herculeamente se desgarrar dos dentes afiados dos mesmos. De cara, “I’m So Glad” já mostra uma bela jam, o que vai sendo ampliado em “Born Under A Bad Sign”, “N.S.U.”, “Sweet Wine” e essencialmente, a clássica “Sunshine of Your Love”. Como não viajar em “Sleepy Time Time”, “Politician, “Spoonful” e “White Room”? Bruce é para mim o centro das atenções, cantando como nunca (ou como sempre) em “Deserted Cities Of The Heart”, “Pressed Rat & Warthog”, mandando ver na harmônica de “Rollin’ And Tumblin’ “, e arrancando lágrimas de estátuas e almas na arrepiante “We’re Going Wrong”, que música linda, PQP!!!!!. As faixas onde Clapton canta são as mais fraquinhas, com exceção de “Stormy Monday”, que só a introdução já faz o c* cair da bund@ com mais naturalidade que uma manga madura caindo da mangueira. Potências sonoras para lembrar como o Cream foi uma banda incrível e revolucionária em sua época. Posteriormente ainda houveram shows nos EUA, mas este foi o último registro oficial do grupo, e que registro!

André: Esse show demonstra bem o que ocorre quando o coração dos caras não está ali naquela reunião. Eric e Jack não harmonizam direito as vozes, a bateria de Baker soa sem vida e o próprio Bruce não parecia estar nada bem neste dia, embora seu esforço seja visível. Como era de se esperar, a reunião foi para uns poucos shows e Baker e Bruce quebraram o pau novamente. Para ajudar, não sou lá grande fã de nenhum dos três. Embora tenham grandes músicas, sem um pouco que seja de consideração aos colegas com quem você toca, dificilmente essas reuniões funcionam. Caso desta aqui.

Daniel: De todos os álbuns da lista, este é o que eu mais ouvi – e aquele de qual mais gosto. As versões aqui apresentadas, por vezes estendidas, agradam-me muito. Bom, em resumo, um desfile de clássicos que fazem jus ao mito em torno da banda.

Davi: Quando foi anunciada essa reunião, lembro que fiquei bem empolgado. O Cream é uma banda que faz parte da minha formação musical e o Eric Clapton sempre tive como um ídolo. No entanto, quando o álbum foi lançado, lembro que fiquei bem decepcionado com o resultado final. Sim, Eric Clapton estava tocando como nunca e entregando um ótimo trabalho vocal. Jack Bruce estava bem no baixo, mas parava por aí. Infelizmente, a voz de Jack Bruce não era mais a mesma e o vigor dos músicos também não. Ainda que o repertório fosse excelente, e recheado de clássicos, as músicas soavam sem punch, sem vida. Toda aquela energia que tinham no passado, foi por água abaixo. (O Ginger Baker parecia que estava tocando bateria usando um par de cotonetes). É um trabalho que vale como item de coleção, apenas. É um show que valeu pela curiosidade.

Fernando: Foi curioso quando ouvi esse álbum pela primeira vez. Eu estava exatamente em uma fase de descobrir o Cream. Estava ouvindo muita coisa que eles tinham feito lá na época deles e quando surgiu essa reunião e o disco saiu foi como se para mim eles nunca tivessem se separado. Então, para mim, não teve o fator de grande espera e expectativa pela volta. Foi como se uma banda atual que eu gosto muito lançasse um álbum ao vivo. E é um grande álbum, repertório certeiro e execução sem críticas.

Ronaldo: Nem gosto de ouvir muito esse disco, porque minha decepção foi grande com esse material. Não julgo os caras por quererem voltar após tantos anos após o término da banda. Contudo, é nítido perceber que o trio perdeu o “timing” de fazer esse esforço. Tudo soa muito sem energia, cansado e desgastado, o que é particularmente frustrante para um repertório que em sua época soava tão fresco (e até hoje soa assim para meus ouvidos). A cozinha do Cream era uma explosão, química pura, e nesse disco soa como uma fagulha fraquejante. Eric Clapton, mesmo mais contido, ainda soa muito bem, mas o mesmo não se podia dizer dos já falecidos Ginger Baker e Jack Bruce.

Genesis – Live Over Europe 2007 [2007]


Mairon: A Turn It On Again: The Tour marcou o retorno do time trio do Genesis (Phil Collins, Tony Banks e Mike Rutherford) junto de Daryl Stuermer e Chester Thompson, aos palcos. A ideia era trazer o quinteto com Peter Gabriel e Steve Hackett, mas acabou sendo a formação da fase pop do grupo que perambulou pela América do Norte e pela Europa, onde foi registrado Live Over Europe 2007, e o DVD When in Rome. Assisti o DVD inúmeras vezes, então, ouvir Live Over Europe 2007 certamente remonta as imagens daquele show. O track list lembra bastante a sequência The Way We Walk, curiosamente os últimos ao vivos da banda antes desse, recolocando novamente o fã nas apresentações da banda na turnê de We Can’t Dance, mesclando os grandes sucessos dos anos 80 com alguns clássicos dos anos 70. Todos estão em excelente forma, e claro, os momentos das Longs são as que mais me chamam a atenção, com especial atenção para a trinca “In the Cage”/”The Cinema Show”/”Duke’s Travels”, a sensacional “Domino” e as duas partes de “Home by the Sea/Second Home by the Sea”. Gosto muito dos clássicos da fase pop, “No Son Of Mine”, “Turn It On Again”, “Land of Confusion” e “Mama”, e fiquei muito surpreso com a inserção de faixas mais obscuras, como a linda “Ripples” e a sensacional “Los Endos”, com a introdução “Conversations with 2 Stools” onde Collins e Thompson dão um show a parte solando apenas em duas banquetas. Incrível! Claro que as baladas melosas teriam que aparecer, foram grandes sucessos, mas confesso que não é o que mais admiro no grupo. Disco muito bom, para uma audição muito boa, que funciona como uma boa coletânea dos aos vivos da fase trio. Um detalhe, Live Over Europe 2007 acaba perdendo, em relação a When In Rome, toda a espontaneidade e diversão de ver Phil Collins falando em italiano durante as canções, assim como assistir o duelo nas banquetas é algo marcante. Mas isso é um mero detalhe. Pena que a banda não seguiu adiante com esse projeto. Teria sido muito bem vindo por aqui.

André: Mesmo eu também não sendo grande fã do Genesis, aqui eu tenho que tirar o chapéu para os caras. Apresentação incrível e divina, com Collins ainda cantando muito e a banda afiadíssima. Tony Banks eterno mestre dos teclados. Mesmo dando pouco valor ao prog do começo da carreira, acho que um fã da banda (principalmente da fase Collins) deve considerar muito em ouvir esta bela apresentação.

Daniel: O Genesis é bem provavelmente a minha banda favorita dentro do Progressivo, mas curto apenas a “fase Peter Gabriel”. Nunca havia escutado este álbum e ao pesquisar sobre o que se tratava vi que era uma reunião do conjunto, mas sem Peter Gabriel e Steve Hackett. Aí, de antemão, já não me empolguei muito para a tarefa. Resultado final: larguei na metade – não é pra mim.

Davi: O público do Genesis sempre foi dividido. Há quem prefira a fase prog de Peter Gabriel, há quem prefira a fase mais pop e radiofônica, com Phil Collins no microfone. Descobri o Genesis durante essa fase mais comercial. O primeiro álbum que ouvi deles foi o LP auto-intitulado, que tem “Mama” e “That´s All”. Vivi bastante essa fase. Portanto, nunca tive problemas com esses discos. Mais do que isso, realmente curto o trabalho que fizeram nesse período. E já que o cantor, nessa apresentação, era o Phil Collins, era justamente essa a fase que mais queria ouvir. Aqui, a banda deu uma mesclada no material trazendo músicas dos dois períodos, numa tentativa de querer agradar aos dois públicos. Tentativa frustrada. Acabou agradando mais o publico da segunda fase. Até porque não há nenhum momento de grandes ‘viagens’ por aqui. O resultado final é bom. O Genesis sempre teve uma qualidade técnica muito alta (mesmo no período mais pop) e Phil Collins ainda estava cantando muito bem. Sim, cantando de maneira mais suave, descendo um pouco o tom em alguns momentos, mas nada que prejudicasse ou frustrasse. Ainda que eu prefira os dois volumes do The Way We Walk, não tem como descer o cacete. É um trabalho muito bem feito. A única coisa é que, na mixagem, eu teria deixado o som do público com um pouco mais de evidência, mas isso é chatice minha, é claro.

Fernando: Tenho um sentimento dividido por esse disco. De um lado, seria um sonho poder assistir à esse show, ver esses caras que eu admiro tanto. Já vi em vídeo e fico me imaginado lá no local. Seria incrível!!! Porém, para um disco ao vivo de uma grande banda é ruim quando ela foca praticamente em apenas uma fase de sua história. Eu gosto de ouvir os discos dos anos 80, não sou fã purista que abandonou a banda por conta de uma mudança de direcionamento. Porém, gosto tanto dos discos progressivos que é uma pena que tenham abandonado aquele repertório. Aliás, nessa época o Genesis perdeu a chance de ter sido a única grande banda de prog dos anos 70 a se reunir com sua formação clássica. Eles eram os únicos a poder fazer isso e agora, com as limitações físicas de Phil Collins, isso já não é mais possível.

Ronaldo: O apuro técnico do Genesis manteve-se intacto mesmo durante suas incursões na música pop a partir do fim dos anos 70. Não é diferente neste registro de 2007; há muito que se admirar em termos técnicos de música. A audição é agradável e a qualidade de gravação é formidável. Os poréns residem no repertório, no qual os fãs do Genesis progressivo quebram a cara, já que o lado pop tem maior destaque (o disco é uma coletânea de diferentes shows na Europa) e, mesmo as músicas do repertório prog adquirem uma roupagem mais polida, particularmente pelos teclados e pela bateria mais econômica. Engraçado que se nas bases e na sonoridade a banda economiza, há um desperdício de notas no icônico solo de guitarra de “Firth of Fifth”, que soa sem alma quando comparado ao original. Se por um lado, é compreensível que a banda valorize mais o repertório com o qual passou a lotar estádios e tocava em FMs ao redor do mundo, por outro lado é duro perceber que o Genesis chegou onde chegou rodando a estrada de um outro estilo e isso não pode ser apagado de sua história.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Melhores de Todos os Tempos: Anos 70



Por Mairon Machado

Com André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Líbia Brigido, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues


Seguimos elegendo os Melhores de Todos os Tempos. Agora, vamos para aquele que é considerado o período mais fértil da história da música, os anos 70. Quantas bandas e artistas icônicos surgiram, ou lançaram seus principais e mais influentes discos, entre 1970 e 1979?

Foi um trabalho hercúleo para nossos consultores selecionar os dez melhores desse período, pois a tarefa deixou muito disco importante ou consagrado de fora. Como as listas são quase predominantemente escolhidas pelo gosto pessoal, muitas surpresas vieram, principalmente a ausência de medalhões do rock, que certamente irão estar presentes nos comentários junto com as pedradas. Porém, um medalhão veio novamente mostrar que era O medalhão, e assim como na primeira série, nos anos 60, colocou novamente dois de seus discos entre os dez mais. Trata-se de Led Zeppelin.

Ao longo dos anos 70, a banda foi inquestionavelmente a mais importante, a frente inclusive de Stones e Queen, lançando discos que vendiam horrores e lotando estádios pelo mundo inteiro. Como afirmação de que o Led foi a principal banda daquele período, Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham encabeçaram não só o primeiro lugar, mas também a segunda posição, com seus dois álbuns mais bem sucedidos comercialmente. Fecha o Top 3 dessa lista outro disco que vendeu horrores, The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd, que junto de Yes, Genesis e Jethro Tull, fazem praticamente metade da lista, mostrando que os anos 70 também foi importante para o rock progressivo.

Fecha a lista, que contou com quatro álbuns de 1972, mais três hardões pesados, um deles talvez surpreendente para uns, mas emblemático e cultuado para outros, e a surpreendente participação de um dos artistas mais carismáticos dos Estados Unidos, que desbancou gigantes como Elton John e David Bowie, apenas para citar alguns dos possíveis membros dessa lista, e que acabaram ficando de fora. Lembrando que a contagem é baseada no sistema da Fórmula 1, com a adição de 1 ponto para cada citação de álbum, como se fosse o ponto da volta mais rápida, tentando evitar ao máximo alguma injustiça, de por exemplo um álbum citado apenas uma vez entrar no lugar de um álbum citado 4 vezes. Gostou, não gostou? Concorda com a lista? Não concorda com alista? Deixe seus comentários abaixo, participe! E vamos aos comentários dos nossos participantes

* A lista com os Melhores Discos escolhidos dos anos 70 nas listas originais envolvem os álbuns de cada ano, álbuns das listas de Melhores Brasileiros e aqueles discos citados na série Aqueles Que Faltaram. Esses discos estão listados no fim da postagem, após as listas individuais.

Led Zeppelin – Physical Graffiti [1975] (78 pontos)

André: Lista complicada de comentar mas o problema é que praticamente todos os seus discos são tão fantásticos e foram tão esmiuçados de cabo a rabo que é difícil comentar qualquer coisa de mais relevante por aqui. Então vou tentar apenas encher um pouco o saco: O IV do Led Zeppelin é quem merecia a primeira colocação. Mas independente disso, impossível criticar um disco que tenha clássicos como "Kashmir", "The Rover", "Night Flight" e tantas outras pérolas? Led é Led. Fim de papo.
Daniel: Para mim, não há dúvidas de que Physical Graffiti é o melhor álbum de Rock de todos os tempos. Duplo, o disco explicita magistralmente como o Led Zeppelin é o expoente máximo do estilo, em faixas magníficas como “In My Time of Dying”, “In The Light” e “Ten Years Gone”, petardos como “Custard Pie” e “The Rover”, além de um clássico como “Kashmir”. É daqueles casos em que, a cada audição, a obra fica maior. Portanto, sua presença e o primeiro lugar nesta lista, são uma amostra da extraordinária obra que é Physical Graffiti.
Davi: Led Zeppelin é uma banda que tenho como ídolo. John Bonham é um dos meus bateristas favoritos e uma forte inspiração para mim. A discografia do Led acho super consistente. Esse trabalho, citado por muitas pessoas como um dos melhores álbuns de rock de todos os tempos, é sem, dúvidas, um ótimo trabalho. Entretanto, não acho o melhor álbum do Zeppelin. O LP 1 é perfeito. Não tem o que reclamar. Uma aula. O segundo, por outro lado, já acho que possui altos e baixos. "In The Light", "Ten Years Gone" e "The Wanton Song" são as canções que se destacam no segundo LP. De todo modo, merecida a colocação.
Eudes: Numa lista surpreendentemente clichê como esta a que chegamos, onde as surpresas são discos que não têm estofo para estar aqui, e onde ainda me aprontam a suprema maluquice de não incluir nenhum disco do Black Sabbath e nada da onipresente black music da época, é um alívio que os eleitores tenham tido o bom senso de eleger este disco como o melhor da década. Embora o período tenha visto o lançamento de tantos discos clássicos (isto é, obras que, 40 ou 50 anos continuam conversando intimamente com a condição humana, com nossas euforias e depressões), não é difícil a escolha do álbum duplo do Led Zeppelin como o melhor. É quase óbvio. Daqueles casos em que a obviedade é bem-vinda. Physical Graffitti traz o grãozinho que fez do Led Zeppelin ser o que a banda foi. Você não ouvirá rocks mais concisos, musculosos, melódicos e mastodônticos como os que abrem o lado 1 do álbum, depois retomados no lado 4 na quebra-pescoço "The Wanton Song". Nem incursões pelas terras estrangeiras do rock progressivo como "In The Light" e "Ten Years Gone", muito menos acordes poderosos ao violão acústico como os de "Bron-Yr-Aur". Nem aventuras tanto mais perigosas como a ida à selva do soul-funk como em "Trampled Under Foot", que soa como se Stevie Wonder resolvesse gravar uma faixa de Page e Plant. Enfim, se a gente tivesse de resumir os anos 70 a um álbum, eu cravaria Physical Grafitti sem pensar nem 1 segundo.
Fernando: Eu compreendo que muita gente goste tanto desse disco para colocá-lo em primeiro lugar em uma década tão importante, quem sabe a mais, para a música. É óbvio que eu gosto dele, mas eu gosto de tudo o que o Led Zeppelin fez. Eu só acho que o Led Zeppelin IV é o mais representativo da banda por conta de 3 motivos: “Rock and Roll”, “Black Dog” e, claro, “Stairway to Heaven”. E tem também o fato de termos colocado, de novo, dois discos da mesma banda e, de novo, do Led Zeppelin. Isso deixa claro que a banda de Page, Plant, Bonham e Jones é talvez a maior da história. Mas eu preferia que tivéssemos espaço para homenagear uma banda a mais nessa lista.
Líbia: Foi o último álbum da sequência de clássicos do Led Zeppelin, e também o último que eu ouvi sem parar. Nunca conseguia sair da “The Rover”, “In my Time of Dying” e “Kashmir” que são uma verdadeira aula de Rock ‘n’ Roll. “In the Light” e “Tem Years Gone” me prendem bastante também. Essas músicas citadas e mais algumas outras já dariam um lançamento histórico, mas o que acho legal nesse disco duplo, é que ouvindo por completo você se surpreende a cada minuto das faixas. Em um álbum convencional não seria possível mostrar todas essas ótimas experiências que a banda tinha de sobra. Physical Graffiti mostrava mais uma vez uma inquestionável compatibilidade musical dos integrantes, que estavam exaustos da viagem de sucesso.
Mairon: O melhor disco de todos os tempos só podia ser o melhor dos anos 70. Aliás, período complicado para selecionar apenas dez discos bons hein? Quanto lançamento excelente ficou de fora. Mas esse petardo não podia ficar, e a primeira posição é o que ele merece. Foram 18 meses de trabalho, experimentações, reconstrução de canções abandonadas, a maior banda do mundo na época fazendo o maior projeto musical da época só podia resultar nessa grandiosidade de 15 picanhas ao ponto. O Led peregrina por diversos estilos, do folk de “Black Country Woman” e “Bron-Yr-Aur” aos hards de “Custard Pie”, “Houses of the Holy”, “Night Flight“, “The Wanton Song” e “Sick Again”. Da divertida “Boogie With Stu” a baladas doloridas em “Down by the Seaside” e “Ten Years Gone“. Do Funk de “Trampled Underfoot” as experimentações de “In The Light” e “The Rover”. E principalmente, do blues de sexo insaciável em “In My Time of Dying” ao flerte descarado com o oriente (e por que não o progressivo) de “Kashmir”. Não há nenhum outro álbum que agregue tanta qualidade em seus sulcos quanto Physical Graffitti. Escrevi mais sobre ele aqui, e certamente, na nossa escolha dos dez mais de todos os tempos, acredito que ele estará de novo figurando entre os dez mais.
Micael: Tem muita gente que considera este “o melhor disco de todos os tempos”, inclusive meu irmão, nosso colaborador Mairon Machado, que com certeza foi um dos responsáveis por colocar este disco no topo do pódio da década de 1970, aquela onde foram registrados os melhores discos de rock and roll na história (seja em qual estilo for). Para mim, este não é sequer o melhor do Led, quiçá de uma era dourada como esta. Duplo, o acho cheio de fillers desnecessários, e, apesar de contar com maravilhas como "Kashmir" (imensamente melhor na versão do Un-Led-ed), "In My Time of Dying" (outro dos tantos “plágios não assumidos” da banda), "In the Light" ou "Ten Years Gone", não é o suficiente para sequer estar nesta lista, quem dirá no primeiro lugar. Mas, já não é de hoje que o gosto pessoal supera a coerência nas listas do site, então...
Ronaldo: É o equivalente zeppeliano do White Album dos Beatles. Eclético até o osso, não tão pesado quanto os primeiros anos, mas ainda mais apurado musicalmente que os discos antecessores, esse trabalho é realmente uma grande referência da música (não só do rock) dos anos 70. "Kashmir" é uma música absolutamente fora do comum, cuja importância vai bem além do cercado do rock, demonstrando o quanto o Led Zeppelin estava acima de seus concorrentes diretos em termos de imaginação e inventividade. Retrato de uma época em que existia um feliz casamento entre musicalidade e sucesso comercial.


Led Zeppelin – Led Zeppelin IV [1971] (70 pontos)

André: Clássicos, clássicos e mais clássicos. Disco brilhante do início ao fim. Outro daqueles casos que não há mais muito o que falar. Tirando "Stairway to Heaven", muito por causa da saturação em torno da música, todas as outras continuam envelhecendo como um vinho fino e demonstram o que há de errado com a música atual em termos de dificuldade de se criarem hinos como as grandes faixas deste disco.
Daniel: Eu tendo a concordar que seja um exagero a presença de 2 álbuns de uma mesma banda em listas como esta. Mas há uma exceção: o Led Zeppelin, a melhor banda de Rock de todos os tempos. Muita gente pensa que este seria o melhor disco da banda – e pode ser que seja mesmo – e suas inquestionáveis qualidades são explicitadas em canções como “Black Dog”, “Rock and Roll”, “The Battle of Evermore” e, claro, “Stairway to Heaven”. Portanto, temos aqui o Led Zeppelin afiadíssimo e dando outra aula de Rock para ser degustada e seguida.
Davi: Esse sempre foi um dos meus álbuns favoritos do Led. Sempre fico dividido entre esse e o Led Zeppelin II. Álbum de cabeceira total. "Black Dog", "Misty Mountain Hop" e "Rock n Roll" são hard rock da melhor qualidade. Aliás, o solo de bateria no final de "Rock n Roll" até hoje não vi ninguém reproduzir igual. Nem Jason Bonham, nem Mike Portnoy, absurdo. As baladas são lindíssimas também. "Stairway to Heaven" é uma faixa simplesmente perfeita. Sempre adorei "The Battle of Evermore". A única que me cansa um pouco é "When The Levee Breaks", mas nada que tire a magia do álbum. Gosto mais dele do que o Physical Graffitti.
Eudes: Embora Physical seja a herança monumental do Led Zeppelin, com todas as virtudes sobre as quais já babei acima, é inquestionável que, para o cidadão comum, este álbum seja o que mais identifica a banda. E é mesmo soberbo. Quantos discos começam com uma sequência tão massacrante como "Rock’n’Roll" e "Black Dog", o hit quebra-pescoço do disco? IV é de um ecletismo exemplar. Ao lado de rocks contundentes como estes, faixas acústicas de beleza cristalina e uma leitura dos blues inusitada e espetacular em "When the Levee Breaks". Não, eu não esqueci, tem "Stairway to Heaven".
Fernando: Como disse acima considero o IV o disco mais importante da banda mais importante do rock. Depois de três discos espetaculares e cada um deles com suas características próprias o Led acabou usando todas elas para fazer esse que seria um marco e moldaria muita coisa que outras bandas fariam ao longo da década.
Líbia: Led Zeppelin marcou multidões com as músicas “Black Dog” e “Rock and Roll” e ainda na sequência de hits, a “Stairway to Heaven”, todas presentes no Led Zeppelin IV. Minha favorita é a "When the Levee Breaks” que fecha com chave de ouro, mostrando mais um extraordinário trabalho do John Bonham, além das ótimas técnicas de produção e por isso tocada poucas vezes em shows. O que essa banda tem de sobra além de inspiração e criatividade, é muita ousadia nas composições e nas performances. Por muito pouco não entraram todos os clássicos do Zeppelin nas listas finais dos anos 60 e 70 (concorridíssimo).
Mairon: Led Zeppelin mostrando por que foi a maior banda de rock da história. Conseguiu colocar quatro de seus oito discos (sete indicados) originais entre os melhores de todos os tempos dos anos em que foram lançados, só o Led mesmo. E como não? Olha o que esse discaço tem: “Black Dog” e “Rock ‘n’ Roll” são duas faixas espetaculares para abrir um disco espetacular, que dá um soco no estômago quando depois de praticamente quebrarmos a sala de tanto dançar e pular, trazer o mandolim e o duelo vocal de Sandy Denny e Robert Plant para nos levar aos mundos mágicos além dos mais distantes sonhos de elfos. Genialmente, Page e cia. empregam o mesmo espírito de sombra e luz para chocar os ouvidos no lado B, começando com a animação de “Misty Mounain Hop”, trazendo as influências orientais de “Friends”, arrancando lágrimas na delicada “Going To California” e hipnotizando na viagem de harmônica mais peso brutal de “When The Levee Breaks”. Sinceramente, só por ter “Stairway To Heaven” esse álbum já merecia estar entre os dez mais. Um clássico! Um verdadeiro hino da música, que somente gigantes como o Led poderiam criar através de talento, inspiração e muita, mas muita transpiração. Um grande álbum, divisor de águas na carreira do grupo, e que só foi superado em termos de grandiosidade pelo nosso primeiro colocado.
Micael: Sabe o tal “melhor disco do Led” que falei lá no começo? Pois aqui está ele. Um lado A praticamente perfeito (pena que "The Battle of Evermore" seja tão pouco lembrada quando se fala neste álbum), e um lado B que contém a pesadaça "When the Levee Breaks" (outro dos tantos “plágios não assumidos” da banda – onde foi que já li isto antes? Ah, sim, lá em cima no outro disco da banda a fazer parte da lista – aliás, o Led é tão bom assim para colocar dois discos na lista de melhores da década de 1960 e dois na de 1970?) e uma das músicas mais lindas que o grupo já gravou, "Going to California"... um disco que merecia e precisava estar nesta lista. Não sei qual foi sua posição na contagem final, mas espero ter sido alta, pois ele merece...
Ronaldo: Led Zeppelin está para a década de 70 como os Beatles estão para a década de 60. Neste álbum está cristalizada a capacidade dos caras de fazer, com maestria, muitos tipos diferentes de música e quantos climas diferentes eram capazes de criar em um único álbum. O Olimpo do rock.

3° Pink Floyd – The Dark Side of the Moon [1973] (67 pontos)

André: Meddle e The Dark Side of the Moon disputam o primeiro lugar em minhas preferências pessoais, mas votei nesse pela representatividade e influência que possui dentro da música. Um disco que atravessou décadas no top 200 da Billboard, um recorde absoluto que duvido muito que será batido algum dia, "Brain Damage" segue sendo minha canção favorita do disco do prisma cujo todo tracklist é digno do elogios.
Daniel: O meu álbum favorito do Pink Floyd sempre foi The Wall, mas a presença de The Dark Side of the Moon nesta lista é mais que justificada. “Time”, “Money” e “Us and Them” são algumas das minhas canções prediletas e amostras da qualidade de um disco que não deixa o nível cair em nenhum momento. A verdade é que, durante os anos 70, o Pink Floyd estava em estado de graça e gravou, em sequência, discos que são verdadeiras obras-primas.
Davi: Esse é o primeiro álbum do Pink Floyd onde considero que eles atingiram a perfeição. Não me leve a mal. Não estou criticando o que fizeram antes. Gosto de álbuns como Atom Heart Mother e Meddle, mas aqui atingiram outro nível enquanto compositores. Faixas como "Breathe", "Money", "Brain Damage", "Us And Them" e "Time" possuem construções simplesmente impecáveis. O disco é perfeito. Execução perfeita. Timbre dos instrumentos perfeitos. Enfim, álbum essencial não apenas entre os fãs de Pink Floyd, mas essencial em qualquer coleção que se preze.
Eudes: Sim, como outros acima, é um lugar comum. Mas, fazer o que? Deixar The Dark Side of the Moon de fora da lista? Vocês não sabem do que estou falando. Seja porque se trata de um ponto de vista de mais de 40 anos atrás, seja porque e trata de um ponto de vista desde de uma então pequena capital, Fortaleza. E mais, um ponto de vista desde um bairro periférico de classe média baixa no meio dos anos 70. Só se colocando nestas latitudes para entender que The Dark Side of the Moon é para mim um disco só meu, ou ao menos meu e dos meus queridos mais próximos. Difícil entender isso, quase 50 anos depois, quando o disco se tornou um ícone geral, universal que não admite mais nenhum apego pessoal a ele. Então, The Dark Side of the Moon é um disquinho meu, que ninguém mais ouve no meu bairro e que eu mantenho sob as sete chaves do segredo.
Fernando:  Recentemente esse álbum completou 950 semanas - não consecutivas - dentro do Top 200 da Billboard (um recorde). O segundo álbum com mais semanas nessa lista é uma coletânea do Bob Marley com pouco mais de 600 semanas. Ou seja, é um dos discos mais importantes da história e é uma daquelas obras que mostra o quanto algumas pessoas podem ser geniais. Junto com o Sgt Peppers é daqueles álbuns que o estúdio foi praticamente um outro componente, ou pelo menos, um novo instrumento.
Líbia: The Dark Side of The Moon foi o primeiro disco do Pink Floyd com o qual tive contato, e a primeira coisa que me chamou atenção foi a icônica capa. Certamente foi o mais revolucionário possuindo efeitos sonoros marcantes, com uma produção impecável e a ideia conceitual genial. Sinto até hoje uma certa tensão entre a “On the run” e a “Time”, essa agonia termina após os tão comentados barulhos dos relógios, e quando começa a música propriamente dita, se torna algo emocionante. Essa emoção continua na “The Great Gig in the Sky” com os vocais da cantora inglesa Clare Torry em sua pequena participação que se tornou grandiosa. Ainda não é o álbum que mais escuto do Pink Floyd 70’s, mas merece muito estar na lista. Esse álbum é uma grande referência para audiófilos, inovou a forma de escutar e produzir música.
Mairon: The Dark Side of The Moon é um álbum que marca a minha vida por diversas situações, mas principalmente, por que é o preferido da minha amada Bianca, da qual cada dia que passa a saudade só aumenta. Muito ouvimos esse disco nas idas e vindas de seu tratamento e da sua batalha contra o câncer. Infelizmente, ela ganhou várias batalhas, mas a guerra foi perdida, ou talvez conquistada dependendo do ponto de vista de quem acompanhou tão de perto quanto eu. Tu fostes uma guerreira meu amor, e foi uma honra ter lutado ao teu lado nos três anos dessa guerra. Ouvir “Breathe”, “Time”, “Money” e “Us And Them”, e não lembrar de cada momento que passamos ao som dessas e das outras faixas, foi impossível, e seguido de um derramamento de lágrimas de forma descomunal, como tem sido ao ouvir tantos outros álbuns que curtimos juntos no tempo que estivemos lado a lado, ou mesmo quando me pego pensando em ti por uma simples barata que circule pela casa. Para a matéria, poxa, se um disco que fica 730 semanas entre os mais vendidos da Billboard, que vende em média 8 mil cópias por ano só nos Estados Unidos, e que tem algo tão lindo quanto “The Great Gig in the Sky” não estivesse entre os dez mais, mesmo eu não tendo votado nele, eu pularia da ponte. Desculpem o texto pessoal, mas não tinha como fugir dele ...
Micael: Mais um caso de disco consagrado (neste caso, por quase todo mundo) que não faz muito a minha cabeça. É um bom disco? Claro, até mais que isso... Eu me arrepio até hoje quando ouço “Time” ou "The Great Gig in the Sky"? Com certeza. Eu chorei como uma criança quando Roger Waters tocou "Brain Damage" e "Eclipse" em sequência no show mais recente dele a que assisti em Porto Alegre? Pode apostar que sim. É um álbum que merece estar nesta lista? Como já disse sobre outros da década de 1960, se fôssemos escolher os “mais importantes”, com certeza sim, mas, para o meu gosto, não o colocaria dentre os melhores. Mas sou obrigado a concordar que ele não soa tão deslocado aqui...
Ronaldo: O que dizer de um álbum que ficou singelos 15 anos na parada dos mais vendidos e suas milhões de cópias dissecadas por esses anos todos a fio? Difícil acrescentar algo a uma estatística tão grotesca. Seu conteúdo musical é de uma eficiência abissal em brisar até a mente do público não-roqueiro.

4° Yes - Close To The Edge [1972] (45 pontos)

André: Talvez aqui esteja o melhor lineup da história da música. Só gigantes que dominam com perfeição seus instrumentos combinada com a voz angelical de Jon Anderson e uma qualidade de composições que se mantém impressionante ao longo de décadas. Não tem jeito, a década de 70 será imbatível no mundo da música. E isso considerando todos os estilos musicais possíveis, não apenas ao rock. Incrível como as longas canções não cansam de jeito nenhum. É tudo muito orgânico, cada passagem melódica se encaixa com perfeição e o tempo passa voando que quando reparamos, já estamos ao final do álbum. A abertura "Close to the Edge" é uma das melhores primeiras canções de um álbum que se tem notícia. E todo o restante do tracklist se mantém em nível altíssimo. São tantos grandes discos nesta década que fica complicado afirmar qualquer coisa com certeza absoluta. Mas Close to the Edge está entre meus discos progs favoritos de todos os tempos. Ouvindo agora, me arrependo amargamente de não tê-lo posto em minha lista.
Daniel: Close to the Edge saiu da minha lista aos 45 minutos do segundo tempo, mas sua presença aqui nesta lista final, além de justa, é merecida. Na minha percepção, este álbum é a obra máxima do Yes e outro exemplo de como o Progressivo é um estilo rico e cativante. Acho "And You and I" magnífica e adoro a suíte homônima ao disco. O Yes foi outra banda que estava em estado de graça no início dos anos 70.
Davi: O Yes sempre foi a minha banda preferida dentro da cena de rock progressivo. Acho que eles sempre souberam administrar bem a mescla de virtuosismo e melodia. Sempre gostei mais do Fragile, mas não tem como não admirar esse album. 3 faixas apenas, mas 3 puta faixas. Minha preferida, entretanto, não é a faixa-título. O troféu vai para "And You And I", que considero um a das melhores canções da banda.
Eudes: Outro daqueles pontos de chegada de grandes bandas. O Yes fazia discos brilhantes desde 1969. Seu segundo disco, Time and a Word, marcava a primeira tentativa de virada da banda, que, embora seja ótimo, carecia de direção clara. Só em The Yes Album a banda começou a destilar o som que finalmente a distinguiria para a eternidade. Fragile afina estas características, mas é em Close to the Edge que o som se arredonda e os elementos se plasmam plenamente. São três longas faixas, "Close to the Edge" e "And You and I", apresentadas no formato suíte, e "Siberian Khatru", desenvolvida num único tema. Tudo desce fácil, sem necessidade de queimar neurônios para acompanhar, e com satisfação garantida. Outro ícone incontestável da década de 70.
Fernando: Esse é uma pérola! Um dos discos preferidos da casa. Lembro quando pensei em me aventurar no rock progressivo com mais profundidade e um amigo me emprestou esse CD. Claro que uma introdução instrumental de 4 minutos, com uma confusão sonora onde cada instrumento estava fazendo uma coisa diferente em um tempo diferente, em uma música de 18 minutos não é algo que a gente se acostume de cara. Mas eu fui ouvindo, ouvindo, entendendo, percebendo a beleza sonora dessa banda que se tornou uma de minhas preferidas. Também acho que a formação Squier, Howe, Anderson, Wakeman e Brufford é a maior formação musical da história. E os riffs de “Siberian Kathru”? São coisas de gênio ou não? E para finalizar: “what the fuck is total mass retain?”
Líbia: Três músicas executadas com perfeição, apresentadas com sutilidade e explosão. Cada integrante faz coisas incríveis em seus instrumentos no turbilhão coletivo de cada música. Temos aqui o Yes em um dos seus melhores momentos, com toda a inteligência poética e virtuosismo musical. Close to the Edge foi feito para ouvir com atenção para perceber todas as mudanças nas músicas, sem nenhum imediatismo. Tem todos os elementos sublimes
Mairon: Aqui está a prova cabal de como cinco pessoas transformam-se em monstros geniais, capazes de derreter cérebros em pouco mais de 40 minutos de duração. Tratei deste álbum aqui, e o que posso acrescentar é que as três canções são cheias de alternância, complexidade, virtuosismo e perfeição, que atingem o ouvinte com muita facilidade. A maior formação técnica individualmente e coletivamente falando, com Steve Howe, Rick Wakeman, Chris Squire, Bill Bruford e Jon Anderson, faz um disco excepcional, e, com méritos, eleito pela maioria dos fãs (eu não) como o melhor do Yes. Se eu tivesse adotado o critério de mais de um disco por banda, seria meu sexto lugar! Mas preferi eleger apenas um por banda, e por isso, ficou de fora. Mas com certeza, foi eleito o melhor de 1972 na nossa série original, e merecidíssimo
Micael: Muitos consideram este o “melhor álbum de rock progressivo já gravado”. Não chego a tanto, mas ele certamente está no meu Top 10 (inclusive da década, como coloquei na minha lista), além de o considerar o melhor registro do Yes. Apenas três músicas, mas são três obras primas, o auge que a melhor formação de todo o rock progressivo (musicalmente e tecnicamente falando) atingiu em sua curta trajetória de apenas dois registros de estúdio. Merecidíssimo estar aqui, e recomendado a quem gosta de música, sentimentos e melodias, não apenas de barulhos, sensações e ritmos...
Ronaldo: Uma boa definição de música cerebral! Os minutos iniciais da suíte que dá nome ao álbum são capazes de fritar os ouvidos dos não-iniciados. O álbum traz uma torrente riquíssima de sons variados, polirritmias e muita ousadia em forma e conteúdo. E o mais interessante é que no meio da loucura toda, melodias sublimes (como as de “And You and I” ou do trecho “I Get Up I Get Down”) se fazem presentes; passagens instrumentais ricamente esculpidas estão presentes em altas doses no álbum todo. Progressividade em doses cavalares.

5° Deep Purple – Machine Head [1972] (40 pontos)

André: Olha eu prefiro o Burn, mas seria injusto da minha parte desconsiderar outro clássico do Purple que é Machine Head. Na minha lista de gosto pessoal da discografia deles este disco está li pela sétima posição, mas eu entendo perfeitamente quem o considera o melhor da banda. A banda estava afiada e soltou grandes músicas como "Highway Star" e "Space Truckin'". Aliás, não consigo entender porque diabos "Smoke on the Water" é tão louvada e considerada o "clássico" do Purple. Todas as outras faixas deste mesmo disco são melhores que ela, mesmo a desprezada "Never Before". E não é nem questão de que a canção saturou, mas é porque as outras são muito melhores mesmo.
Daniel: Um álbum com clássicos do calibre de “Highway Star”, “Lazy” e “Space Truckin’”, verdadeiros hinos do Rock, não é qualquer um. Se não já fosse o bastante, ainda há “Smoke on the Water”, um dos mais reconhecidos e aclamados riffs da história da música. Assim, é plenamente justificável a presença desta obra nesta lista. Muitas vezes, é até difícil de escolher qual seria o melhor disco do Purple nos anos 70, mas, além de Machine Head ser o melhor, é também o mais representativo.
Davi: Trabalho impecável. Outro álbum que considero álbum de cabeceira. Até hoje os fãs discutem se o melhor álbum do Purple é o MachineHead ou o Burn. Entretanto, ninguém questiona que esse é o melhor trabalho da fase Gillan e um dos álbuns mais emblemáticos da década de 70. Ian Gillan impressiona em "Highway Star", Ian Paice debulha em "Space Truckin". Ritchie Blackmore prova, de uma vez por todas, que ele é um dos maiores riffmakers da história. Quem você conhece que tentou aprender guitarra e nunca quis tirar o riff de "Smoke On The Water"? Trabalho simplesmente impecável.
Eudes: Um dos álbuns mais significativos do rock dos anos 70. Depois da oscilante discografia inicial, que deságua no disco Concerto for Group and Orchestra, o Deep Purple se reinventou e traçou seu destino. Tudo o que surgiu no eruptivo In Rock foi arredondado, sintetizado e embalado para as festas de rock da época em Machine Head. Equações complexas, como a combinação de hard rock e música erudita evitam o caminho óbvio do progressivo e nos dão clássicos dançantes como em "Highway Star", hard rock e swing de sabor soul se entendem muito bem em "Maybe I’m a Leo", peso e melodia trocam beijos em "Never Before", rock cinquentista, jazz e peso parecem que saíram juntos da maternidade em "Lazy". E quantos riffs inesquecíveis! Ah, sim, tem "Smoke on the Water"!
Fernando: Com a mudança do som mais psicodélico para o hard rock a partir de In Rock o Deep Purple chegou ao seu ápice em Machine Head. Muitos vão falar de “Highway Star” ou do clássico absoluto “Smoke on the Water”, mas a minha preferida mesmo é “Pictures of Home”. Da santíssima trindade do rock o Deep Purple é a minha banda favorita. Suas diversas formações nunca entregaram um disco ruim.
Líbia: Machine Head tem composições de primeira, é um clássico de ponta a ponta. Daqueles álbuns que se não tivessem existido, o Metal seria muito diferente. O relacionamento entre as guitarras do Ritchie Blackmore e teclados de Jon Lord são surpreendentes, e isso é uma das principais coisas que diferenciavam o Deep Purple das outras bandas nos anos 70. Escolher uma faixa favorita desse álbum é uma tarefa árdua. Mas a quase instrumental “Lazy” mostra a excelência de todos os membros da banda. Obrigatório é pouco.
Mairon: Disco emblemático do hard rock, e para muitos o melhor álbum da carreira do Deep Purple. Isso ficou atestado aqui, já que ele entrou superando seu gigante irmão mais novo, Burn, ou o irmão mais velho, In Rock. Sem dúvidas, dentre os discos gravados pela formação com Ian Gillan (vocais), Roger Glover (baixo), Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria), este é o mais homogêneo. Pelo menos dois clássicos registrados no LP: “Smoke on the Water” e “Highway Star”, tocadas a exaustão desde então. Por outro lado, curto muito “Lazy”, com sua introdução fantástica, e “Space Truckin’”, que com a Mark III fez misérias no California Jam. “Maybe I’m a Leo” e “Never Before” são boas canções, mas que vivem à sombra dos clássicos citados. Sorte de “Pictures of Home”, a melhor canção do LP, resgatada pela fase com Steve Morse, mas incomparável ao que a Mark II fez aqui, com cada músico mostrando seu talento individual em pequenos solos. Disco fácil na lista dos 1000 discos para ouvir antes de morrer, para deixar que o ouvinte julgue se merece ou não audições posteriores. O meu está pegando poeira há algum tempo.
Micael: O disco mais importante da carreira do Deep Purple (para mim, não chega a ser o melhor, posto ocupado por In Rock), o álbum que contém um dos poucos hinos verdadeiros do rock, reconhecido até por quem nunca teve maiores contatos com o gênero (vocês sabem de quem eu falo, certo?), o registro onde se encontram as versões originais de pérolas do calibre de "Highway Star", "Pictures of Home" (minha favorita neste track list em particular), "Lazy" e "Space Truckin'", e que ainda teve o desplante de deixar de fora de seus sulcos a lindíssima balada “When A Blind Man Cries”, faixa que muita banda consagrada por aí daria quase tudo para ter composto... enfim, um dos itens praticamente obrigatórios desta lista de melhores da década de 1970. Já escrevi sobre este disco aqui no site quando ele completou 40 anos, e quase uma década depois ainda continuo fascinado por ele (e vai ser difícil cansar de ouvi-lo). Clássico!
Ronaldo: Um dos pilares do rock pesado de todos os tempos. 5 músicos fantásticos no ápice de sua musicalidade trazendo um punhado de músicas memoráveis. Ainda que o Deep Purple sofresse um pouco na parte da produção (seus discos não tem tanta qualidade de gravação quanto os do Led Zeppelin ou os dos Rolling Stones), em nada a banda fica devendo a seus pares – as porções instrumentais do álbum são embasbacantes, Ian Gillan é um show a parte e as faixas são incendiárias. "Smoke on the Water" é uma música perfeita e, não a toa, foi tão massivamente reproduzida desde seu lançamento.

6° Kiss – Destroyer [1976] (35 pontos)

André: Vão reclamar como sempre que Kiss é ruim, só tem marketing, apelam demais para o visual, que o Simmons é louco por dinheiro... sério, um disco festeiro e divertido não pode ser considerado um Melhor da Década? O Kiss é gigante, fez shows memoráveis e trazem alegria para os seus fãs. Eu até concordo que seus melhores clássicos estão espalhados por vários discos diferentes, mas Destroyer é o que consegue reunir grande parte deles. Por sinal, acho "King of the Night Time World" uma das melhores faixas de toda a carreira do Kiss e infelizmente costuma ser pouco lembrada.
Daniel: Eu adoro o Kiss, tenho todos os seus álbuns de estúdio e penso que Destroyer é mesmo seu álbum mais representativo, afinal, “Detroit Rock City”, “Beth”, “Shout It Out Loud” e “God Of Thunder” são clássicos verdadeiros da banda. Enfim, extremamente cativante e divertido, Destroyer é um ótimo disco de Hard Rock, embora, eu devo confessar, sem o calibre necessário para estar entre os 10 mais de uma década como a de 70.
Davi: Destroyer é um dos álbuns preferidos dos fãs e também da banda. Esse foi o primeiro álbum que eles criaram depois de finalmente terem atingido a fama com Kiss Alive! Os músicos não quiseram deixar por menos e criaram um trabalho simplesmente memorável. "Detroit Rock City", "Flaming Youth", "Shout It Out Loud" e "Sweet Pain" traziam o ar de hard rock festeiro que seus fãs sempre esperam. "God of Thunder" impressionava com uma sonoridade mais pesada e sombria. Sem contar que eles começavam a arriscar mais no universo das baladas com a presença das lindas "Great Expectations" e "Beth". Discaço!
Eudes: Vocês estão de sacanagem, né? Se era para dar uma colher de chá ao rock básico, melhor teria sido eleger Ramones, a deliciosa estreia dos punks de NY. Em tempo: acho Destroyer um disco bem divertido.
Fernando: Talvez o disco mais divertido dessa lista. Provavelmente o meu disco preferido do Kiss, que muda sempre, mas é certo que é o que mais ouvi. Foi o primeiro disco que a banda fez depois de explodir com o Alive, ou seja, os discos anteriores eram feitos sem tanta cobrança e aqui isso até ajudou. Além do mais é nítida a diferença da qualidade sonora. E o que falar das músicas. Até de “Great Expectations” vai bem para mim, então por aí todos já percebem o quando gosto do disco.
Líbia: Destroyer não é nem um pouco injustiçado, álbum mais que comentado e mais que tocado. Tem os hits memoráveis “Detroit Rock City”, “Shout It Out Loud” e a especialmente linda “Beth”, mas a “Do You Love Me” é aquela música com um refrão sensacional, que eu gosto de ouvir quando estou dirigindo, sem o mesmo glamour que a música passa e sem os óculos escuros. O Kiss tinha todos os elementos necessários para criar álbuns empolgantes e atraentes do rock'n'roll, e Destroyer é uma grande prova disso.
Mairon: Um álbum que começa com uma pedrada chamada “Detroit Rock City”, que não tem comparação com nenhuma outra na discografia do Kiss, passa por espetáculos como “God of Thunder” e possui o hino “Shout It Out Loud” não pode ser menosprezado. Acho o LP um pouco abaixo dos demais discos do Kiss, culpa de “Great Expectations”, “Flaming Youth” e a balada mela-calcinha chamada “Beth”, mas que é um grandioso disco, isso é. Além das citadas, não posso deixar de dizer que Ace Frehley estava em um momento fantástico, criando solos e riffs que tornaram-se reconhecidos por qualquer aspirante a roqueiro a partir de então, como “Do You Love Me”, King of the Nigh Time World” ou “Sweet Pain”, letra safada pra caralho. Se tivesse um disco do Kiss que eu votaria certamente era Dynasty, mas entendo a predileção dos colegas por esse clássicozão.
Micael: Nunca fui muito fã do Kiss, embora tenha assistido ao grupo ao vivo na turnê de “reunião” em suporte ao Psycho Circus, em 1999 (show cuja atração de abertura, o então desconhecido Rammstein, ainda me causa pesadelos ainda hoje, por motivos que não cabem ser ditos em um site de família). Ali percebi que o tipo de música do grupo norte americano não era o mais palatável para meus ouvidos, e preferi continuar assim desde então. Destroyer tem "Detroit Rock City", ""Shout It Out Loud", "Beth", "Do You Love Me?", "God of Thunder", King of the Night Time World", quase todas clássicos da banda, mas insuficientes para colocar este registro nesta lista tirando o lugar de qualquer álbum do Black Sabbath (mesmo aqueles após Sabbath Bloody Sabbath), de um AC/DC, de um Judas Priest, de um Rush ou de tantos outros... não é para o meu gosto, me desculpem...
Ronaldo: O Kiss é icônico na vertente do rock que cruza música e imagem. Muito mais interessante do que qualquer coisa do afetado glam-rock inglês, sua veia rockeira é clara e declarada. Eles sabiam como fazer músicas-chiclete e capturar o ouvinte logo nos primeiros segundos. Meu único porém é que o disco tem um som muito abafado, com a bateria muito grave; esse problema se resolveria nos álbuns seguintes, que tiveram Eddie Kramer nos consoles e, por isso, preferira ver outros bons álbuns deles no lugar desse.

7° Jethro Tull – Thick As a Brick [1972] (33 pontos)

André: Gosto mais de Aqualung, mas não reclamarei de Thick as a Brick porque é outro petardo desses caras. Mais levado pelo instrumental, o que gosto do disco é ele fazendo troça do próprio rock progressivo no meio dos tantos medalhões que escreviam letras sérias e tal e fez um álbum cheio de humor que só me fazem crescer a admiração que tenho por eles. Claro que as longas seções instrumentais em que todo mundo tem a chance de brilhar um pouco que seja fazem parte da tradicional cartilha prog.
Daniel: Outra das principais obras da história do Rock e o atestado definitivo da genialidade de Ian Anderson. Ao longo de seus pouco mais de 40 minutos, em uma única canção, o disco transborda exuberância, potência e, simultaneamente, sensibilidade e intuição. Claro que Anderson é um destaque, mas não consigo não mencionar o guitarrista Martin Barre, com momentos simplesmente incríveis. Thick As a Brick é um daqueles discos essenciais.
Davi: Ok, vão me malhar aqui, mas não consigo gostar desse disco. Nunca fui um fã de carteirinha do Jethro Tull, mas tem alguns álbuns deles que considero excelentes. Gosto muito daquela fase inicial, com maior influência de blues, como acontecia em This Was. Acho Aqualung uma obra-prima, mas sempre considerei esse trabalho um tanto cansativo. Ok, os músicos são de primeiro time, a execução é perfeita. A ideia do conceito do disco é muito bacana, muito inteligente, mas considero a audição desse trabalho maçante. Há alguns momentos dentro da composição de 40 e tantos minutos onde eles soam brilhantes e outros onde eles soam pentelhos. Entendo que é um clássico e tal, mas não é para mim.
Eudes: O título já entrega o tema do disco, algo como “agir como um idiota”. Hoje é um clichê quase insuportável discos conceituais sobre o eterno dilema entre o peso da sociedade e a liberdade individual e de pensamento dos jovens. Mas, na época, não havia The Wall. Ian Anderson chegou lá antes e capinou o terreno para os vários discos com este tom que vieram depois. Mas, mesmo que tenha inaugurado um veio que virou um muro de lamentações, nem sempre manifestado com muito brilhantismo, neste disco as coisas são complemente diferentes. A narrativa não tem nada de pueril. É quase cínica, às vezes violenta. Tudo envolto da melhor música que se poderia desejar. Uma resposta brilhante a Aqualung.
Fernando: Quantas vezes você já ouviu alguém falar mal de rock progressivo argumentando algo como “música chata, muito longa, não acaba nunca”? Agora me explica a diferença de ouvir um disco com 40 minutos com 10 músicas e um disco de 40 minutos com uma música. Thick As a Brick tem 40 minutos completa, no vinil ela interrompia quando acabava o lado A e você tinha que virar o disco para ouvir o restante, mas ela tem tantas variações, tantas nuances que não dá para falar que nem de longe que ela tem 40 minutos da mesma coisa. Fora que toda a mística e a história criada com a letra, a parte gráfica e as lendas sobre tudo isso criam um ambiente perfeito para que quando você ouve tudo faça sentido. Eu só reclamo uma coisa do Thick As A Brick: o sucesso da empreitada encorajou a banda a fazer o A Passion Play do mesmo jeito e aí eu já não acho que a banda conseguiu o mesmo resultado.
Líbia: Um dos álbuns mais sofisticados do Rock, tanto de material gráfico quanto de composição, foi tudo brilhantemente pensado. Thick As a Brick tem um domínio de duas entidades incríveis, linguagem e música. Me afeiçoei a esse álbum de primeira, ele começa da melhor maneira possível, com um instrumental incrível alinhado principalmente ao Hard Rock, Folk e Prog. A temática se torna atemporal nesse álbum, quando critica uma sociedade que não pensa mais por si própria e nem é estimulada a fazer isso desde o nascimento. Com certeza um dos melhores álbuns de todos os tempos.
Mairon: Destrinchei esse clássico do Jethro Tull em nosso site há algum tempo, e com certeza, este é um dos meus discos favoritos dentro do rock progressivo. A maravilhosa faixa-título, ocupando os dois lados do vinil simples, é um teste de audição para os fãs do estilo, e, principalmente, uma chocante experiência para quem estava acostumado com o hard/folk que o Jethro Tull havia apresentado em seus quatro álbuns anteriores. Martin Barre (guitarra) e Barriemore Barlow (bateria) são os grandes destaques individuais, com solos energéticos e vibrantes, junto a uma performance impecável e essencial de John Evan no piano e teclados, que dá um corpo robusto para a canção. Mas é o faz tudo Ian Anderson quem comanda toda a bagaça com flauta, violão e uma voz reconhecível até por uma marmota bêbada. No ano seguinte, o grupo gravou sua obra-prima, A Passion Play, mas o que foi feito em Thick As a Brick é mais um daqueles raros momentos em que alguém aponta para baixo e diz: “Vocês cinco, façam uma obra atemporal”, e assim ela nasce. Não entrou na minha lista por conta que só podia dez, mas se tivesse que ser um dos do Jethro Tull possíveis, com certeza seria ele. Essencial!
Micael:  Tenho certeza de que este disco só está aqui porque o coloquei no topo da minha lista. Afinal, quase todo fã do Jethro Tull iria citar Aqualung e não ele numa lista destas. Mas, como já escrevi antes, para mim não é o caso do disco ser o “mais importante”, mas sim de ser “o melhor”. E, neste caso, Thick As a Brick para mim não só é o melhor registro de Ian Anderson e companhia, mas do rock progressivo inteiro (afirmação forte, eu sei, mas devo ser meio maluco mesmo). Curioso é que ele deveria ser uma espécie de “paródia” ao gênero, visto Ian ter ficado, segundo a lenda, muito irritado com aqueles que chamaram Aqualung de “conceitual” e “progressivo”, sendo que, a partir daí, resolveu fazer uma espécie de “pastiche” destes conceitos para “brincar” com os críticos que não compreendiam sua música... Acabou compondo um álbum com uma única música de quase quarenta e cinco minutos, a meu ver maravilhosa, e que me levou ás lágrimas quando de sua execução na íntegra em um show em Porto Alegre que o colega José Aronna resenhou para este site. Talvez seja mais um caso de “gosto pessoal superando a coerência nas listas do site”, mas, se os demais consultores não concordarem com a minha opinião, bem, eu também não concordei com muitas das opiniões deles, então, deixemos assim...
Ronaldo: Ainda que o Jethro Tull estivesse na gênese da vertente mais ousada do rock do fim dos anos 60, eles tinham raízes bastante profundas no blues e um guitarrista que não economizava na distorção. Isso fez com que seu som se diferenciasse bastante dos grupos que partilhavam da mesma expansão das fronteiras roqueiras, mas que assumiram para si o papel de mini-orquestras eletrônicas. Em Thick as a Brick, o grupo parece buscar se equiparar a esse conjunto de conceitos e, ainda que o faça bem, há muitas partes no álbum que mostram uma banda um pouco desajeitada nesse figurino. A veia folk de Ian Anderson traz um tempero especial para a sinfonia Tulliana.

8° Bruce Springsteen – Born to Run [1975] (32 pontos)

André: Não é que o Diogo Bizotto deixou ainda alguns fakes para votarem por ele no site? Mas dou meus méritos ao The Boss. Ele sempre se mostrou muito caprichado e rigoroso quanto as suas composições e isto fez com que deixasse uma bela discografia. Entre os seus melhores discos está esse Born to Run. O disco inteiro exala aquele rock gostoso recheado de piano, sax e que nos traz aquela vontade sair pelas rodovias da América a bordo de nosso carro conversível. Mas como isso não passa de um sonho de pobre, ao menos, dá para nos iludirmos ao som de "Night" e da balada "She's the One" que são minhas favoritas aqui.
Daniel: Um disco extraordinário e outra das melhores obras da história do Rock, embora não sejam todas as mentes aptas para esta percepção. É bastante palpável todo o cuidado e empenho com que Bruce Springsteen gravou o álbum. Impressiona como cada segundo de sua duração foi pensado, para se encaixar cada nota, cada instrumento, de maneira única e a soar contribuindo para o engrandecimento de cada composição. Outra característica marcante de Born to Run são os arranjos das canções, trabalhados de maneira excepcional de forma a tornar tudo mais grandioso, mas sem soar desnecessário ou exagerado.
Davi: Álbum clássico que marca um ponto de virada na carreira do the boss. Os arranjos ganharam mais corpo, se comparado aos 2 álbuns anteriores. Bruce Springsteen já se demonstrava um grande cantor, se entregando de corpo e alma com sua voz forte e rasgada. Como já era de se esperar, o trabalho é tipicamente americano. Há quem se incomode com isso, o que não é o meu caso. "Thunder Road", "Night", "Born To Run", "She´s The One" e "Junglehead" são os destaques do disco.
Eudes: Daquelas escolhas retroativas. Claro que Born to Run é ótimo, mas está muito longe de ser o melhor disco de Bruce Springsteen. Pessoalmente coloco no topo Nebraska. E, reconhecida sua importância, está muito atrás de vários outros álbuns deste período seja no quesito novidade-ruptura, seja no quesito representatividade. Escolha que sinceramente não entendi.
Fernando: Da lista é o disco que menos ouvi. É por que não gosto dele? Claro que não! É só o fato de que é o artista da lista que fiquei fã há menos tempo. É curioso como um músico consegue mostrar suas suas raízes e representar tanto um país através da música. Interessante que eu sei o quanto esse disco é importante para Springsteen, provavelmente seu disco mais respeitado, mas não é meu preferido – o posto cabe ao disco seguinte Darkness on the Edge of Town. Notaram que meio de tantas bandas fantásticas presentes nessa lista somente Springsteen conseguiu incluir um disco como artista solo?
Líbia: Esse álbum me conquistou nos primeiros segundos de “Thunder Road” e nunca mais saiu das minhas audições. Cada música revela um tumulto de emoções humanas que cada um de nós experimenta muitas vezes. Bruce Springsteen interpreta as histórias com paixão, as músicas “Backstreets” e “Born to Run” manifestam bem isso. O álbum finaliza com a fantástica poesia e riqueza musical de “Meeting Across The River” e com uma interação fantástica de Clarence Clemons e Roy Bittan em “Jungleland”. Certamente um dos álbuns com as melhores composições desse universo musical, ele te coloca para cima e te emociona. Born To Run vai se eternizar na minha lista dos anos 70.
Mairon: Surpreendente ver esse disco aqui. Achei que sem o Diogo, Bruce não teria moral entre os consultores, mas acabei vendo que isso não é realidade. Pontos para a introdução de “Meeting Across the River”, e só. No geral, basta ouvir os primeiros segundos de “Thunder Road” para sentir que aqui está aquela música boa para deixar de fundo para fazer qualquer outra atividade. A música de Bruce é cheia de testosterona e para cima, como atesta a faixa-título ou a mini-suíte “Jungleland”, mas americana demais para meu gosto. Esse pianinho elétrico de “Backstreets”, “She’s The One” e “Tenth Avenue Freeze-Out” é brega pacas. O saxofone me irrita quando aparece, principalmente na faixa-título e em “Night”, e olha que eu curto bastante saxofone. Parece aquele saxofone de filme de Natal de Hollywood. Me irrita. Vejo o disco como uma obra melhorada do que Meat Loaf fez com Bat Out Of Hell dois anos depois, com todo o perdão da comparação. É audível, mas não para tudo isso.
Micael:  Ah, sério que este álbum está nesta lista? Não é pegadinha isso aqui? Uma década com medalhões do calibre de Queen, Black Sabbath, Bob Dylan, David Bowie, Eric Clapton, King Crimson, Rolling Stones (para ficar só dentre aqueles candidatos a serem eleitos pelos critérios adotados) e conseguem deixar todos eles de fora por ISTO? Tudo o que se encontra aqui foi feito com mais propriedade por Neil Young naquela mesma década (bom, talvez não as melodias vocais, mas isso é gosto pessoal), e muito mais além pelo Crosby, Stills, Nash & Young, por Sir Elton John ou pelo Fleetwood Mac (de novo, só para ficar dentre aqueles que atendiam os pré-requisitos), Incompreensível... Mais uma vez o gosto pessoal superando a coerência nas listas do site.
Ronaldo: Me lembro mais ou menos do que escrevi quando esse álbum apareceu na lista de melhores do ano em que foi lançado. Minha opinião é basicamente a mesma desde então – é um som que remete imediatamente aos EUA e ao estilo de vida da maior parte de seus cidadãos. Então, uma adequada apreciação desse álbum depende um pouco de que o ouvinte entre nesse clima. Bruce é um compositor capaz de colocar muita energia no seu trabalho e de gerar um vínculo bastante eficaz com seus ouvintes. É um rock adulto com características próprias, que tem predicados inquestionáveis. De questionável aqui somente sua presença em uma lista de 10 melhores em uma década como a de 70.

9° Genesis - Selling England By The Pound [1973] (27 pontos)

André: Não sou lá tão fã do Genesis quanto meus colegas de site e acho que talvez um Bowie ou um The Who poderia ser mais representativo aqui se for para ignorar minhas preferências pessoais. É um bom disco sem dúvidas, não tenho como criticar esses caras sendo que a canção "Firth of Filth" a que mais me agrada com belas passagens sinfônicas. Sem contar o desempenho do tecladista Tony Banks, de longe, o melhor integrante da banda. Mas se fosse para ter o Genesis aqui, Foxtrot era o disco que eu preferiria.
Daniel: Este é outro disco magnífico e que foi o grande responsável por me tornar um fã de Rock Progressivo. "Dancing with the Moonlit Knight" e "The Battle of Epping Forest" são composições exuberantes e exemplos excepcionais de como o Progressivo pode ser hipnoticamente cativante. As atuações de Peter Gabriel e de Steve Hackett são simplesmente incríveis. Enfim, fiquei muito satisfeito com a presença de uma obra como Selling England By The Pound estar aqui.
Davi: Essa fase do Genesis não é a minha preferida. Para a tristeza geral da nação, sempre gostei mais da fase mais comercial, com o Phil Collins a frente. Em relação ao trabalho escolhido, o disco é absurdamente bem feito. Phil Collins é um excelente baterista. Steve Hackett e Tony Banks são dois monstros, mas sei lá, escuto, escuto, escuto, e as composições não me cativam. "Dancing With The Moonlight Knight" e "Firth ou Fifth" são as que considero as melhores do álbum.
Eudes: Não dá para reclamar. Um disco de fato maravilhoso e muito expressivo da música dos anos 70. Pessoalmente, é o meu predileto do período em que Peter Gabriel encabeçava a banda. Embora muitos considerem que The Lamb Lies Down on Broadway a culminância desta fase da banda mais centrada na invenção, para mim este ponto culminante é este Selling England by the Pound. Aqui, parece que todas as vertentes inventivas que se manifestavam nos brilhantes discos anteriores se plasmaram em faixas extremamente bem resolvidas, com arranjos complexos mas longe de ser pretenciosos, melodias inesquecíveis e um clima cativante e comovente.
Fernando: Toda vez que ouço esse disco eu lembro das primeiras vezes que o ouvi. Estava em época de iniciação científica na faculdade e tinha começado a trilhar o caminho do progressivo. Lembro de estar no laboratório com meu discman e os fones no ouvido. O Genesis é a única banda clássica que poderia se reunir com sua formação clássica. O motivo disso ainda não ter acontecido é um mistério. Vão esperar alguém ir para a eternidade para isso acontecer?
Líbia: Genesis foi uma banda que demorou muito entrar na minha cabeça e hoje não sai da minha playlist. Selling England By The Pound foi o primeiro da fase Peter Gabriel que conheci, e foi como ir a um mundo muito surreal. Steve Hackett é um dos meus guitarristas favoritos e meu coração dispara quando escuto os belos solos dele nesse álbum! Eu curto as outras eras, mas essa é realmente descomunal. Nesse álbum, para mim o destaque é a “Firth of fifth” que tem um trabalho musical exageradamente perfeito. Obra-prima do Rock Progressivo.
Mairon: Eu simplesmente abomino “I Know What I Like (in Your Wardrobe)” na carreira do Genesis. Sinceramente, acho-a chata demais, e totalmente fora dos altos padrões que o Genesis de Peter Gabriel mostrou para a humanidade. Por outro lado, as épicas “Cinema Show”, “Dancing With the Moonlit Knight” e “The Battle of Epping Forest” são representativas desse padrão de excelência que citei, corroborado pela maravilha “Firth of Fifth”, com Steve Hackett eternizando um dos melhores solos de todos os tempos. A entrada entre os dez mais dos anos 70 é justa e apoiada, deste que comentei aqui. Mas ainda preferia ver o The Lamb Lies on Broadway por aqui.
Micael: Outro disco cultuado pelos seus admiradores, que parecem esquecer que o Genesis compôs duas obra primas praticamente perfeitas antes dele (e, segundo alguns, grupo onde não me incluo, uma outra ainda melhor logo depois). Claro que um disco que contém "Firth of Fifth", "The Cinema Show", "The Battle of Epping Forest", "Dancing with the Moonlit Knight" (estas duas, minhas favoritas no track list) e "I Know What I Like (In Your Wardrobe)" (talvez a primeira “pisada” do Genesis no terreno pantanoso do pop radiofônico onde a banda iria habitar na década seguinte) não pode nunca ser chamado de ruim. Apenas o acho inferior a seus antecessores imediatos (incluindo o Tresspass), e não vejo o porquê dele estar aqui. Para piorar, não é o único caso...
Ronaldo: Apenas em um contexto de ampla liberdade musical e valorização da instrumentação é que um álbum como esse poderia ser concebida e ter feito sucesso. Perfeição pode parecer uma palavra banalizada, mas gostaria que o leitor revisasse seu significado ao ouvir álbuns como Selling England by the Pound. Apenas por sua faixa de abertura esse disco já merece todos os louros – é uma sinfonia com uma dinâmica surpreendente e um encadeamento genial de frases e sonoridades. "The Cinema Show", é outra preciosidade – você consegue ter uma melodia cantarolável no início seguida de uma longa passagem instrumental pra deixar seus ouvidos arriados no final.

10° Captain Beyond - Captain Beyond [1972] (26 pontos) *

André: É com dor no coração que falo de uma banda que gosto bastante: mas deveria ter pelo menos um disco do Sabbath no lugar deste aqui, que destoa um pouco. OK, minha lista é cheia de discos de "segunda" como esse, mas caso uma delas entrasse, eu tentaria defender o meu peixe e justificar a sua entrada. Como não foi o caso, deixo para quem votou justificar. O que posso dizer é que o Captain Beyond é um caso típico de banda que infelizmente só foi reconhecida algumas décadas depois, mas deixando uma pequena discografia marcante. Caso deste primeiro disco que possui a excepcional "Mesmerization Eclipse" do qual possui um baixo simplesmente embasbacante por parte do excelente Lee Dorman, também do Iron Butterfly.
Daniel: A presença deste disco nesta lista é surpreendente. Não que se trate de uma obra ruim, ao menos para mim. Aqui se tem um trabalho que mistura sonoridades e melodias com competência e um bom gosto difícil de ver. Gosto da seção rítmica presente e marcante com Bobby Caldwell e Lee Dorman e Larry 'Rhino' Reinhardt arrebenta com seus solos e seus riffs. "Mesmerization Eclipse" e "Frozen Over" são minhas favoritas de um álbum acima da média, mas que é um exagero sua presença entre os 10 mais de uma década como a de 70.
Davi: Essa banda ficou muito conhecida entre os roqueiros por conta dos músicos envolvidos. Em especial, a presença de Rod Evans. O rapaz responsável pelos vocais nos primeiros álbuns do Deep Purple. O disco é realmente muito bom. Eu, particularmente, gosto muito de "Mezmerization Eclipse" e "I Can´t Feel Nothing". A banda era extremamente competente dentro da sua proposta que era, justamente, fazer um hard rock com pitadas de psicodelia e rock progressivo. No entanto, sua aparição aqui considero um tanto exagerada.
Eudes: Simpatizei muito com esta escolha. Obviamente não lhe daria a medalha de prata, mas, embora o disco não seja mais uma escolha surpreendente, pois há vários anos ele foi recuperado do limbo e elevado a ícone do hard rock setentista, não costuma frequentar estas listas de melhores do ano ou da década. O disco é um monumento de riffs monolíticos, duros, impenetráveis. Uma massa sonora que é jogada à audição como um tijolo. Um disco inesperadamente original. Prova disso é que, incapaz de repetir a façanha, a banda se dissolveu em poucos anos, mesmo que Sufficiently Breathless e Dawn Explosion sejam discos bacanas.
Fernando: Lembro quando eu comprei esse disco e ouvi. Achei confusas as músicas no início. Não lembro bem o motivo, mas daí ouvi o Bento Araújo do Poeira Zine dizendo que esse era o melhor disco de hard rock dos anos 70. Pensei, o Bento está louco!!! Olha os discos do Purple, do Rainbow e de outras várias bandas. Lembro de voltar a ouvir com mais cuidado e acabei fazendo várias audições meio seguidas e daí o disco me pegou. Ainda não acho ele melhor que um Burn ou o próprio Machine Head, mas não dá para negar que é um clássico e fiquei feliz dele ter entrado.
Líbia: Minha lista de álbuns sempre se altera, mas esse debut está fixo na minha lista dos anos 70 há muitos anos, quando o adquiri pela capa e pelo ex-vocalista do Deep Purple, Rod Evans. Nos primeiros minutos do CD no meu aparelho de som, já estava surpreendida pelos riffs, que chegavam a ser de outra galáxia, e com o instrumental caprichado do início ao fim. Pular as faixas chega a ser um crime de Estado, seria como cortar uma música ao meio. O álbum infelizmente não foi um sucesso de vendas na época de lançamento, mas um trabalho feito com sucesso. Agora é um clássico absoluto e peculiar, que ultrapassou gerações com o seus Lados A e B fantásticos, não consigo citar uma música ou outra de destaque. Se um dia eu esquecer quem sou, ainda lembrarei desse grande feito do Captain Beyond.
Mairon: Lembro até hoje a primeira vez que ouvi esse álbum, esperando algo na linha psicodélica do Deep Purple do qual Rod Evans havia feito parte, e me deparando com uma potente turbina sonora, capaz de arrancar o chão com uma fúria devastadora. O lado A deste álbum é perfeito, e o lado B é sobrenatural. Canções curtas, misturando hard rock com pitadas de psicodelia e muito, mas muito peso, que vão intercalando-se e fazendo uma fusão arrasadora, parecendo que estamos apenas em uma longa e incrível suíte, que só leva o ouvinte a curtir mais e mais vezes os trinta e cinco minutos de Captain Beyond. O melhor trabalho da carreira de Rod Evans, e também dos ex-Iron Butterfly Larry “Rhino” Reinhardt (guitarra) e Lee Dorman (baixo), que, acompanhados por Bobby Caldwell, cometeram o único pecado de terem ficado juntos por pouco tempo. E a capa da versão original? Que coisa linda de morrer! Citar uma única canção é pouco. O melhor é ouvir na íntegra outro grandioso álbum de 1972 a aparecer aqui na lista. Na lista original, lá dos tempos da Uol, esse álbum ficou atrás de Close to the Edge na minha lista particular. Como adotei escolher apenas um disco de cada banda para essa lista, ele automaticamente se tornou o primeiro a aparecer de 1972. Foda que haviam outros oito melhores na minha opinião para os anos 70, mas fico feliz em saber que não sou só eu que acho esse trabalho essencial. Parabéns aos consultores por terem colocado Captain Beyond entre os dez mais, e por colocar quatro discos de 1972 na lista. .
Micael:  Comprei este disco em uma era pré-internet porque tinha lido em algum lugar que Rod Evans cantava nele, e eu sempre gostei muito de Deep Purple, mesmo da primeira fase. Ouvi uma ou duas vezes, e não percebi nada demais no disco.. bonzinho, mas apenas isto. Veio a internet e descobri um verdadeiro culto ao disco (e à banda também), então lhe dei mais algumas poucas chances, que não mudaram minha opinião. Aí ele é eleito nesta lista, e minha opinião... ainda é a mesma! A quantidade absurda de discos melhores (e mais importantes, se quiserem usar este critério) que ficaram de fora para que este álbum entrasse me faz questionar se os meus colegas realmente conhecem alguns dos álbuns disponíveis para votação ou apenas selecionaram na lista inicial aqueles que fazem parte de suas coleções (ou suas “listas de reprodução do spotify”) e mandaram bala em seus votos sem procurar ouvir os clássicos contidos na referida listagem, que continha, com certeza, mais de cem discos para escolha. Pois bem, baseado nela, e apenas nela, se a lista fosse dos 100 melhores discos da década de 1970, não sei se haveria lugar para o Capitão do Além... Enfim, não é a primeira lista do site com uma enorme distorção... ninguém é perfeito mesmo..
Ronaldo: Me incluo entre os muitos fãs exaltados desse álbum. Há aqui uma forma muito original de transitar entre o peso do hard rock do início dos 70’s com aquela coisa cerebral trazida pelo rock progressivo inglês, tudo isso temperado com virtuosismo e embalado com composições empolgantes. A presença de um disco como este pode ser contestada por si só, mas acho que esse disco representa toda a vertente de rock pesado que varreu o mundo após o surgimento do Led Zeppelin, do Deep Purple e do Black Sabbath. Em termos musicais e em quantidade de obras, esse estilo é algo muito mais consistentemente disseminado do que o glam-rock, com o qual frequentemente o início da década de 70 é associado.
* Captain Beyond ficou empatado com o mesmo número de pontos que Layla And Other Assorted Love Songs e Burn. Porém, como teve três citações, enquanto os demais tiveram duas citações, ficou com o décimo lugar. 

Listas Individuais
 
ANDRÉ
1. Pink Floyd – The Dark Side of the Moon
2. Deep Purple - Burn
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
4. Novos Baianos - Acabou Chorare
5. Kraftwerk – Trans Europa Express
6. Kiss – Destroyer
7. Black Sabbath – Master of Reality
8. Wishbone Ash – Argus
9. Uriah Heep – Demons and Wizards
10. Jethro Tull – Aqualung

 
DANIEL
1. Led Zeppelin – Physical Graffiti
2. Pink Floyd – The Wall
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
4. Bruce Springsteen – Born to Run
5. Deep Purple – Machine Head
6. Black Sabbath – Paranoid
7. Jethro Tull – Thick As a Brick
8. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
9. Queen – A Night at the Opera
10. Genesis – Selling England By the Pound

 
DAVI
1. Kiss – Destroyer
2. Van Halen – Van Halen
3. John Lennon – Plastic Ono Band
4. Rolling Stones – Sticky Fingers
5. Deep Purple – Machine Head
6. Black Sabbath – Black Sabbath
7. Queen – A Night At The Opera
8. Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
9. Yes - Fragile
10. Pink Floyd - The Wall

 
EUDES
1. Led Zeppelin - Physical Graffitti
2. George Harrison - All Thigs Must Pass
3. Jeff Beck - Blow By Blow
4. Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon
5. Yes - Close To The Edge
6. Deep Purple - Machine Head
7. Stevie Wonder - Talking Book
8. Milton Nascimento & Lô Borges - Clube Da Esquina
9. Black Sabbath - Vol. 4
10. Neil Young - Zuma

 
FERNANDO
1. Pink Floyd - The Dark Side of The Moon
2. Yes - Close To The Edge
3. Genesis - Selling England By The Pound
4. Elton John - Goodbye Yellow Brick Road
5. David Bowie - The Rise and Fall of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars
6. Deep Purple - Machine Head
7. Derek And The Dominoes - Layla And Other Assorted Love Songs
8. Black Sabbath - Master Of Reality
9. Led Zeppelin - Led Zeppelin IV
10. Rolling Stones - Sticky Fingers

 
LÍBIA
1. Rush - 2112
2. Bruce Springsteen – Born to Run
3. Rainbow - Rising
4. UFO - Phenomenon
5. Uriah Heep - Demons and Wizards
6. Supertramp - Breakfast in America
7. Captain Beyond - Captain Beyond
8. Alice Cooper - School's Out
9. Thin Lizzy – Jailbreak
10. Deep Purple - In Rock

 
MAIRON
1. Led Zeppelin - Physical Graffitti
2. Yes - Tales From Topographic Oceans
3. Genesis - The Lamb Lies Down On Bradway
4. Arnaldo Baptista - Lóki?5. David Bowie - Low
6. Black Sabbath - Never Say Die
7. Deep Purple - Come Taste The Band
8. Rush - Hemispheres
9. Captain Beyond - Captain Beyond
10. Pink Floyd – Atom Heart Mother

 
MICAEL
1. Jethro Tull – Thick As a Brick
2. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
3. The Clash – London Calling
4. Queen – A Night at the Opera
5. Genesis – Nursery Cryme
6. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
7. Pink Floyd – Animals
8. King Crimson – Red
9. Deep Purple – In Rock
10. Yes – Close to the Edge

 
RONALDO
1. Led Zeppelin - Led Zeppelin IV
2. Emerson Lake & Palmer - Brain Salad Surgery
3. Captain Beyond - Captain Beyond
4. Yes - Close To The Edge
5. Black Sabbath - Vol. 4
6. Genesis - Selling England By The Pound
7. Deep Purple - Burn
8. Rolling Stones - Sticky Fingers
9. The Who - Who's Next
10. Pink Floyd - Dark Side Of The Moon

DISCOS ELEITOS ENTRE 1970 E 1979
AC/DC – Powerage
AC/DC – Highway to Hell
Alice Cooper – School’s Out
Arnaldo Baptista – Lóki?
Bad Company – Bad Company
Banco del Mutuo Soccorso – Darwin!
Big Star – #1 Record
Black Sabbath – Black Sabbath
Black Sabbath – Paranoid
Black Sabbath – Master of Reality
Black Sabbath – Vol. 4
Black Sabbath – Sabbath Bloody Sabbath
Black Sabbath – Sabotage
Black Sabbath – Never Say Die!
Blue Öyster Cult – Secret Treaties
Bob Dylan – Blood on the Tracks
Bob Dylan – Desire
Bruce Springsteen – Born to Run
Bruce Springsteen – Darkness on the Edge of Town
Caetano Veloso – Transa
Camel – Mirage
Captain Beyond – Captain Beyond
Caravan – In the Land of Grey and Pink
Creedence Clearwater Revival – Cosmo’s Factory
Crosby, Stills, Nash & Young – Déjà Vu
David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
David Bowie – Station to Station
David Bowie – Low
David Bowie – “Heroes”
Deep Purple – In Rock
Deep Purple – Machine Head
Deep Purple – Burn
Deep Purple – Come Taste the Band
Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
Eagles – Hotel California
Electric Light Orchestra – Eldorado
Elis Regina – Falso Brilhante
Elton John – Goodbye Yellow Brick Road
Emerson, Lake & Palmer – Emerson, Lake & Palmer
Emerson, Lake & Palmer – Brain Salad Surgery
Eric Carmen – Eric Carmen
Fleetwood Mac – Rumours
Frank Zappa – Chunga’s Revenge
Free – Fire and Water
Funkadelic – One Nation Under a Groove
Gene Clark – No Other
Genesis – Nursery Cryme
Genesis – Foxtrot
Genesis – Selling England By the Pound
Genesis – The Lamb Lies Down on Broadway
Gentle Giant – Acquiring the Taste
Gentle Giant – Octopus
George Harrison – All Things Must Pass
Grand Funk Railroad – E Pluribus Funk
Jeff Beck – Blow By Blow
Jeff Beck – Wired
Jethro Tull – Benefit
Jethro Tull – Aqualung
Jethro Tull – Thick As a Brick
John Lennon – Plastic Ono Band
Joni Mitchell – Blue
Jorge Ben – A Tábua de Esmeralda
Jorge Ben – África Brasil
Judas Priest – Sad Wings of Destiny
Judas Priest – Sin After Sin
Judas Priest – Stained Class
Judas Priest – Killing Machine
Kansas – Leftoverture
King Crimson – Larks’ Tongues in Aspic
King Crimson – Red
Kiss – Destroyer
Kiss – Rock and Roll Over
Kiss – Love Gun
Kiss – Dynasty
Kraftwerk – Autobahn
Kraftwerk – Trans Europa Express
Led Zeppelin – Led Zeppelin III
Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
Led Zeppelin – Houses of the Holy
Led Zeppelin – Physical Graffiti
Led Zeppelin – Presence
Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
Meat Loaf – Bat Out of Hell
Michael Jackson – Off the Wall
Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina
Motörhead – Overkill
Mutantes – Jardim Elétrico
Neil Young – Harvest
Neil Young – On the Beach
Neil Young with Crazy Horse – Zuma
Novos Baianos – Acabou Chorare
Paul and Linda McCartney – Ram
Paul McCartney & Wings – Band on the Run
Pink Floyd – Atom Heart Mother
Pink Floyd – Meddle
Pink Floyd – The Dark Side of the Moon
Pink Floyd – Wish You Were Here
Pink Floyd – Animals
Pink Floyd – The Wall
Queen – A Night at the Opera
Queen – News of the World
Rainbow – Ritchie Blackmore’s Rainbow
Rainbow – Rising
Rainbow – Long Live Rock ‘n’ Roll
Ramones – Ramones
Ramones – Rocket to Russia
Raul Seixas – Krig-ha, Bandolo!
Renaissance – Ashes Are Burning
Rita Lee & Tutti Frutti – Fruto Proibido
Rush – 2112
Rush – A Farewell to Kings
Rush – Hemispheres
Scorpions – Virgin Killer
Scorpions – Taken By Force
Secos & Molhados – Secos & Molhados
Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
Som Nosso de Cada Dia – Snegs
Steely Dan – Pretzel Logic
Steve Howe – The Steve Howe Album
Stevie Wonder – Music of My Mind
Stevie Wonder – Talking Book
Supertramp – Crime of the Century
Supertramp – Breakfast in America
Tangerine Dream – Cyclone
The Clash – London Calling
The Kinks – Lola Versus Powerman and the Moneygoround, Part One
The Mahavishnu Orchestra – The Inner Mounting Flame
The Police – Reggatta de Blanc
The Rolling Stones – Sticky Fingers
The Rolling Stones – Exile on Main St.
The Stooges – Fun House
The Stooges – Raw Power
The Who – Who’s Next
Thin Lizzy – Jailbreak
Thin Lizzy – Black Rose: A Rock Legend
Tom Waits – Blue Valentine
UFO – Phenomenon
Uriah Heep – Demons and Wizards
Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts
Van Der Graaf Generator – Godbluff
Van Halen – Van Halen
Van Halen – Van Halen II
Wishbone Ash – Argus
Yes – Fragile
Yes – Close to the Edge
Yes – Tales from Topographic Oceans
Yes – Relayer
Yes – Going for the One
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