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domingo, 5 de janeiro de 2020

Scorpions pós-Uli: os discos clássicos de 1979 a 1984

Francis Buccholz, Herman Rarebell, Rudolph Schenker, Klaus Meine e Matthias Jabs.

Uma das maiores bandas do hard rock setentista, e um dos grandes nomes do metal mundial nos anos 80, esse é o grupo alemão Scorpions. Com uma carreira de mais de 40 anos de estrada, o grupo já lançou dezenas de álbuns. A primorosa era dos anos 70, na qual as guitarras eram dominadas por Michael Schenker e Uli Jon Roth, eu apresentei há algum tempo atrás aqui. Hoje, vou trazer os álbuns clássicos álbuns do início dos anos 80, além de Lovedrive, que marcou o retorno de Michael Schenker às seis cordas dos alemães.
Chegada da banda no Japão, em 1978: Uli Jon Roth, Klaus Meine, Francis Buchholz, Herman Rarebell e Rudolph Schenker

Somente lembrando que a turnê de Taken By Force (1978) levou o grupo ao Japão pela primeira vez, onde, recebidos como heróis, registraram seu primeiro álbum ao vivo, o essencial duplo Tokyo Tapes, na qual Uli Roth é o destaque em interpretações primorosas para pérolas como "Fly to the Rainbow", "Polar Nights", "We'll Burn the Sky", "Dark Lady" entre outras. Uli partiu para uma carreira solo bem sucedida, ao lado da Electric Sun, insatisfeito com os rumos comerciais que o Scorpions assumiu, e para seu lugar, nada mais nada menos que Michael Schenker voltava a assumir as seis cordas, já que ele acabava de se despedir do UFO. Com alguns conflitos com o agora polêmico Michael, nasceu em 1979 o sexto disco da banda, que ainda contou com o novato Matthias Jabs nas guitarras.

Lovedrive, o retorno de Michael Schenker à banda

Michael foi anunciado como novo integrante do Scorpions, mas problemas com o UFO impediram dele seguir como membro do grupo, e assim, na emergência, Matthias Jabs foi chamado para substituí-lo. mesmo assim, Michael gravou três faixas para Lovedrive: a esquisitona "Another Piece Of Meat", com fortes inspirações em Led Zeppelin e um riff grudento, a própria faixa-título, uma das melhores canções do grupo pós-Uli, e a linda instrumental "Coast To Coast", a qual tornou-se obrigatória nos shows do grupo a partir de então, assim como a baladaça "Holiday", uma das interpretações mais marcantes de Klaus Meine, que foi a partir daqui que começou a ganhar mais espaço como compositor e como artista. 

Sem dúvidas, é com Lovedrive que nasceu o Scorpions que se consagrou no mundo, com um hard rock simples mesclado com baladas adocicadas no ponto. "Loving You Sunday Morning" tornou-se um clássico de cara, Jabs apresenta-se emulando Uli Roth na pegada "Can't Get Enough", para mim a segunda melhor do disco, atrás apenas de "Coast to Coast". 

Scorpions ao vivo com Michael Schenker, em 1979

O riff da balada "Always Somewhere" sempre me faz pensar que irá começar "Simple Man", do Lynyrd Skynyrd, e como ponto fraco o reggae no sense de "Is There Anybody There?". Para quem gravou Fly to the Rainbow e Virgin Killer, é assustador ouvir essa canção. 

Muitos consideram esse LP um clássico, mas acho ele apenas um álbum regular, que se escapa pela presença de Michael. A capa também trouxe polêmica - novamente - em alguns países, que consideraram a mão com o chilete saindo do seio da mulher muito obsceno, e preferiram olocar apenas um escorpião sobre um fundo preto. Coisas da censura. O álbum foi o primeiro dos alemães a figurar na Billboard americana, atingindo a posição 55. Com a formação agora consolidada com Matthias Jabs como o novo guitarrista, em 1980 sai o sétimo LP dos alemães. 
Animal Magnetism, o grupo pisando forte para conquistar os EUA
Animal Magnetism traz uma banda com a fórmula de hard oitentista azeitada e pronta para conquistar de vez o mercado internacional, principalmente o americano, e contendo mais três grandes hits para os fãs dessa nova geração, os quais são a pesada "Make it Real", apresentando um interessante solo da dupla Rudolph / Jabs, e a super clássica "The Zoo", levada pelo seu andamento arrastado e complementada pelo refrão grudento, que possui uma canção muito similar no lado A, "Hold Me Tight", mas que não fez tanto sucesso quanto "The Zoo", uma das principais canções da carreira da banda, sem sombra de dúvidas. 

Como sempre, há baladas com espaço garantidos, e Animal Magnetism contém "Lady Starlight", bonita faixa com um singelo arranjo orquestral, tendo como instrumentos oboé, violinos, viola, violoncelo e trompas, arranjados por Allan Macmillan. As melhores do disco ficam por conta de canções que ficaram obscuras perto da grandiosidade de "The Zoo", as quais são "Only a Man" e "Falling in Love", que podiam facilmente estar em qualquer um dos álbuns da era Uli, a veloz "Don't Make No Promises (Your Body Can't Keep)", "Twentieth Century Man", com seu riff rasgado e grudento, e a estonteante faixa-título, uma das obras-primas criadas por essa formação do Scorpions, com sua levada pesada e sinistra que não é encontrada em nenhuma outra faixa do grupo. 

A versão em CD de 2001 trouxe como bônus "Hey You", faixa que honestamente, não acrescenta muito ao bom conceito final do disco, cuja capa, para variar, também gerou polêmica, apresentando uma loira ajoelhada diante de um homem que bebe cerveja, enquanto um cachorro observa algo que não se sabe o que é, mas pode se deduzir, mas dessa vez, não houve problemas de censura. A partir daqui, o Scorpions entrava de vez no mercado europeu e americano, sendo que com ele, os alemães atingiram a posição 52 na Billboard, e também assumiram um novo visual, com roupas coloridas e/ou de couro, que se aproximavam mais do que o mercado de lá pedia naquela época. Era um choque para os fãs antigos, mas a conquista de toda uma nova geração de seguidores.

O fenômeno de vendas Blackout
O Scorpions preferiu sair das temáticas sexuais em seu oitavo álbum, de 1982, e dessa vez trouxe na capa um homem sendo torturado. Ela passou sem problemas de preconceito (violência pode, sexo não), e independente de capas, Blackout se tornou o principal disco da era Jabs, colocando o Scorpions entre os dez mais na Billboard - onde recebeu platina pela marca de mais de um milhão de cópias vendidas em 1984 - e primeiro na França. 

Afinal, aqui você irá ouvir a mega-clássica "No One Like You", hino da era Jabs cujo destaque vai para a inda introdução das guitarras gêmeas e a perfeita mescla de momentos amenos com momentos mais pesados, além de um refrão inesquecível. Blackout também possui outras canções fantásticas, como a pegada faixa-título, outra das melhores faixas da era Jabs, assim como a estupenda "Dynamite", uma pancada para ser gritada aos plenos pulmões, e com mais um grandioso solo de Jabs, a agitada "Now!", faixa característica do Scorpions, curta, direta e ótima para sacudir a casa, e a também clássica "Can't Live Without You", faixa perfeita para agitar uma festa para amantes do rock and roll. 

Schenker, Maine e Jabs, o novo trio de ferro do Scorpions


Os fãs em geral irão estranhar a longa "China White", uma viajante faixa criada por Meine, que em sete minutos, deixa os cabelos arrepiados com seu andamento sinistro, e Meine cantando como poucas vezes se ouviu. As baladas se fazem presentes em "You Give Me All I Need", trazendo um bonito solo de guitarra, e a baladaça "When the Smoke is Going Down", que já preparava os ouvidos dos fãs para o grande sucesso meloso que viria em 1984, através dos dedilhados marcantes uma interpretação impecável de Meine.

Complementa o álbum "Arizona", faixa que até chegou a ser lançada nas rádios, mas que não fez o mesmo sucesso de outras citadas mais acima. Como curiosidade, antes das gravações de Blackout, Meine passou por uma cirurgia nas cordas vocais que quase o impediu de seguir como vocalista. Algumas demos com os vocais de Don Dokken chegaram a ser registradas, mas nunca lançadas oficialmente.

O álbum com os maiores sucessos radiofônicos dos alemães

Se quiser conhecer o Scorpions da era Jabs, comece com esse disco. Love at First Sting é o maior detentor de clássicos da era Jabs em todos os tempos. Vejam só o track list: "Bad Boys Running Wild", "Rock You Like a Hurricane", "Coming Home", "Big City Nights" e "Still Loving You". É mole ou quer mais? Todas essas faixas tocaram muito desde seus lançamentos, em 1984, até hoje. São símbolos e hinos para os fãs do grupo e do hard oitentista. 

Qualquer um que goste do estilo certamente conhece esas pérolas, mas para quem não conhece, posso citar que "Big City Nights" e "Bad Boys Running Wild" tem um refrão que ficará dias na sua cabeça, "Coming Home" é uma "balada" surpreendente - que baita música - na qual a descrição não vale o que realmente é a música, "Rock You Like a Hurricane" é o segundo riff mais famoso da história do Scorpions, além de um dos melhores trabalhos da dupla Jabs / Schenker, e o primeiro riff mais famoso da história do Scorpions veio de "Still Loving You", simplesmente A BALADA. 

Falem o que quiserem, critiquem a terrível versão feita por Cleiton & Camargo, batizada de "Meu Anjo Azul", mas "Still Loving You" é uma pérola da dor de corno, por que ela é simplesmente linda demais. Quem já teve o fim inesperado de um relacionamento e ouve essa canção certamente irá se identificar. Mas há mais nesse nono álbum da banda. "I'm Leaving You" é uma das faixas que sempre quis ouvir ao vivo, principalmente pelo solo de Jabs, e quando ouço "The Same Thrill", fico imaginando como que a mesma banda criou algo tão belo quanto "Still Loving You" criou algo tão poderoso e violento quanto essa faixa, uma pancada que também tenho a curiosidade de vê-la e ouvi-la ao vivo. 

Também temos a simples "As Soon as the Good Times Roll" e a leve "Crossfire", cuja introdução não sei por que me lembra "Waysted Years" do Iron Maiden. Sexto lugar nos Estados Unidos e décimo sétimo no Reino Unido, é sem sombra de dúvidas o melhor álbum da fase Jabs, com o Scorpions no auge da sua carreira. A capa para variar, causou polêmica, principalmente nos Estados Unidos, onde a comunidade religiosa de lá não viu com bons olhos o casal dando um amasso enquanto a moça é tatuada pelo rapaz. Por lá, saiu uma capa apenas com uma imagem do grupo, a qual tornou-se bastante procurada atualmente pelos colecionadores.

Scorpions no Rock in Rio de 1985
No ano seguinte, o grupo veio ao Brasil pela primeira vez, fazendo uma apresentação sanguinária na primeira edição do Rock in Rio. Nesse mesmo ano, saiu o segundo ao vivo do grupo, o ótimo World Wide Live, com destaque para "Coast to Coast", na qual Klaus Meine empunha a guitarra, mas que tem como defeito o fato de apresentar apenas canções da era Jabs, menosprezando totalmente a era Uli, algo que considero muito lamentável. A carreira do grupo daqui em diante para mim não é nada atraente, mas quem sabe, daqui um tempo, eu retorne a ela aqui no Baú? Feliz 2020!!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Uli Jon Roth - Historic Performances Volume I & II: The Electric Sun Years [2008]



Uli Jon Roth é um dos maiores guitarristas que já pisou na Terra. Sempe com sua tradicional faixa na cabeça e forte influência de Jimi Hendrix, Uli marcou o mundo à frente do Scorpions em álbuns como Virgin Killer, Fly To The Rainbow e Taken By The Force. Sentindo que a banda alemã guinava para um som mais pop, pulou fora e foi montar sua própria banda: Electric Sun. E é exatamente com essa banda que o excelente DVD Historic Performances Vol I & II - The Electric Sun Years tnos apresenta o músico.

A mídia traz apresentações ao vivo e em estúdio com as duas formações mais famosas da Electric Sun: o início como trio (1979/1982) e posteriormente com Uli tendo uma super banda de apoio (1983).

Da fase trio, com o indonésio Sidhatta Gautama na bateria e com o alemão Ule Ritgen no baixo, temos uma apresentação na TV holandesa, uma rápida passagem por um show também na Holanda no Jimi Hendrix Festival de 18 de setembro de 1980, e o show de encerramento da fase trio em Mulhouse, no Moonlight Festival de 18 de setembro de 1982.

Da apresentação na TV holandesa, as músicas são todas em playback, tanto que Uli aparece rindo da palhaçada diversas vezes. Porém, vale a pena para conhecer as músicas da fase Electric Sun. Quem não conhece, vá atrás dos álbuns Fire Wind e Earthquake. Fundamentais!


A música que abre o DVD é justamente a "Electric Sun", a qual lembra bastante as composições de Uli na fase do Scorpions. Segue-se a hendrixiana "Sundown" e também a complícadissima "Earthquake" onde Ritgen mostra toda a habilidade no baixo. Claro que o centro das atenções é Uli, mas por tratar-se de playback, não dá pra avaliar se realmente o que estamos ouvindo é possível de ser visto ao vivo. A qualidade de imagem não é das melhores, principalmente por se tratar de uma apresentação para TV.




Já as imagens do show da banda no Jimi Hendrix festival são em preto e branco e Uli arrasa no uso de volumes interpretando "Japanese Dream", intercalada por diversas imagens de natureza.

O show em Mulhouse por si só vale o DVD. No auge da sua forma, a Electric Sun manda ver ao vivo, e todas as dúvidas que possam se ter sobre Uli são rapidamente tiradas na primeira música, a melódica "Fire Wind". É interessante ver como Uli consegue tocar e cantar como se isso fosse um brinquedo, com uma naturalidade que nem mesmo Buda consegue explicar.

A primeira música da fase Scorpions aparece com "Virgin Killer", uma paulada que ficou muito boa na versão do trio, mesmo perdendo um pouco do peso. O encerramento de "Virgin Killer" se dá com "Polar Nights", com um corte gritante de uma canção para a outra. Uli destroi na guitarra abusando de uma variedade de técnicas (vibratos, bends, volume, alavanca, wah-wah, ... ) como poucos. Toca sua guitarra como se fizesse amor com uma linda mulher. Tudo isso pode ser conferido nos improvisos em "Free Jam Encore" (um baita funkzão) e "Mutrom Jam". Temos uma parte engraçada na última, pois a corda E de Uli se quebra durante um solo furioso e aparece na tela a mensagem "Aqui se vai a corda E!". Hilário!! Com uma nova guitarra, Uli homenageia o Deus negro da guitarra tocando "Red House Blues" em uma versão ainda mais arrepiante do que as que conheço de Hendrix.


Com o trio, Uli lançou os álbuns acima citados, sendo Earthquake (com o batera Clive Edwards) e Fire Wind (com Sidhatta). Porém não atingiu o sucesso que esperava, reformulando então a banda agora com seis pessoas (mais ele próprio). Assim, largou-se em turnê pela Europa, acompanhado de Clive Bunker (ex-Jethro Tull, bateria), o próprio Ule Ritgen, mais Simon Fox (bateria, percussão), David Lennox (teclados), Jenni Evans (voz), Dorothy Patterson (voz). Isso é o que temos na segunda parte do DVD onde são mescladas diferentes apresentações da Electric Sun na turnê entre Suécia e Grã-Bretanha, tocando em pequenos lugares completamente lotados.

Sidhatta Gautama na bateria e com o alemão Ule Ritgen 

O início da segunda parte ocorre em Newcastle, no dia 21 de maio de 1983, com a paulada "Icebreaker". A imagem é bem melhor do que na parte I. Mesmo sendo somente uma câmera parecendo um piratão, a qualidade é muito boa. O público agita bastante, principalmente quando, Uli manda ver no wah-wah. A pouca presença de palco das backing vocals é compensada pelo carismático guitarrista que distribui sorrisos para a plateia em meio a complicadísimos solos.

Depois, um show em Varberg, no dia 13 de maio, com a canção "What Is Love?". Essa e a próxima, "Why?" são canções de amor que não combinam com o talento de Uli, fato que pode ser comprovado pelo silêncio do público. Vale a pena serem ouvidas pelas passagens instrumentais, e só.

De Birmingham vem a pérola "Enola Gay - Hiroshima Today?". Essa é uma das melhores músicas da Electric Sun, e é muito bom ver ela ao vivo. No DVD, temos uma sobreposição de imagens dos shows nas cidades anteriores com o som de Birmingham. Dividida em duas partes, "Tune Of Japan" e "Lament", é difícil explicar o que Uli faz na guitarra. Escalas orientais, muita pegada, abuso de alavancas imitando as bombas caindo é somente uma pequena descrição dos milagres que podem ser feitos na guitarra. A imagem fica em negativo, dando a sensação de vermos aquelas imagens radioativas. Encaixou legal na canção! Os bends e alavancadas de Uli são arrepiantes. É impressionante ver a naturalidade que ele toca as passagens complicadas.

Seguindo a sobreposições de imagens de shows temos as viajantes "Angel Of Peace" e "Return". A oitentista "Cast Away Your Chains" mostra imagens da Suécia onde um gurizinho está nos ombros do pai e alucinando com os solos de Uli. "Virgin Killer" abre a sessão Scorpions levando aos solos de Clive Bunker e Simon Fox. Dois detalhes: o primeiro é que ambos conseguem perder a baqueta da mão direita em seus solos e seguem tocando na boa. O segundo, como é bom ver o carequinha Bunker rufando na bateria à la Alex Van Halen.
Por fim, o melhor do DVD vem do show de Londres com "Electric Sun", "Polar Nights", "Beethoven Paraphrase", "Hell Cat" e "Dark Lady". Em "Electric Sun", as dúvidas se Uli podia fazer aquela sonzera ao vivo são retiradas. Ele estraçalha na guitarra! O mesmo ocorre em "Polar Nights", apresentada como "limite da insanidade" e com finais de três diferentes shows onde a guitarra chora nas mãos de Uli. É impressionante quando executa o riff principal dessa canção com a mão esquerda enquanto acena para os fãs com a mão direita. O cara é muito bom!!!

Uli Jon Roth

"Beethoven Paraphrase" é construída em cima da nona sinfonia de Beethoven (a mesma de "Difficult To Cure", do Rainbow) e Uli também manda ver com a mão esquerda no tema principal enquanto rege a banda com a mão direita. De cair o queixo!!! As imagens são de diferentes shows, mas o som é de Londres. "Hell Cat" e "Dark Lady" estão entre as melhores músicas do Scorpions, e com a Electric ficaram ainda mais pesadas. Em "Dark Lady", um fã sobe no palco e abraça o músico, que somente ri e manda ver em um solo gigantesco. Por fim, o DVD retorna para Newcastle com "Midnight Sun (Newcastle Jam)". Um improvisão no melhor estilo Hendrix.

Resumindo. Compre e prepare o babador. Uma aula de como tocar guitarra sem ser exibicionista!

Set List

ERA I

Uli Jon Roth (guitarras, voz), Sidhatta Gautama (bateria), Ule W. Ritgen (baixo)

Amsterdam 1979/1980

1. Lilac
2. Electric Sun
3. Sundown
4. Earthquake (part II)
5. Japanese Dream

Mulhouse 1982 (Moonlight Festival, 18 de setembro)

1. Fire Wind
2. Virgin Killer
3. Free Jam Encore
4. Mutrom Jam
5. Red House Blues

ERA II

Uli Jon Roth (guitarras, voz), Clive Bunker (bateria), Ule W. Ritgen (baixo), Simon Fox (bateria, percussão), David Lennox (teclados), Jenni Evans (voz), Dorothy Patterson (voz)

Suécia e Grã-Bretanha, maio de 1983

6. Icebreaker
7. What Is Love?
8. Why?
9. Enola-Gay - Hiroshima Today?
10. Angel Of Peace
11. Return
12. Cast Away Your Chains
13. Virgin Killer
14. Drum Solo
15. Electric Sun
16. Polar Nights
17. Beethoven Paraphrase
18. Hell Cat
19. Dark Lady
20. Midnight Sun

terça-feira, 1 de abril de 2014

Review Exclusivo: Uli Jon Roth (São Paulo, 29 de março de 2014)


Qual loucura você faria para assistir seu ídolo? Honestamente, eu pensava que já tinha feito várias, mas consegui me superar no último fim de semana do mês de março do corrente ano, no qual viajei quase 2000 km para presenciar as incríveis palhetadas e arpejos de Uli Jon Roth, famoso por seu passado no Scorpions, mas de uma carreira solo invejável se comparada com outros artistas que viveram o mesmo período, como o colega de seis cordas Michael Schenker, que foi o responsável pelo surgimento de Uli ao mundo da música, já que foi com sua saída do Scorpions para ir conquistar o mundo no UFO que Uli finalmente saiu dos pequenos bares alemães e agigantou-se na Europa, América, Ásia e agora, na América do Sul.

O show realizado por Uli e sua banda -  no momento acompanham o guitarrista Niklas Turmann (guitarra e vocais), Jamie Little (bateria), Elliott Rubinson (baixo) e Paul Rahme (teclados e vocais) - foi o terceiro e último de uma curta temporada pelo Brasil, a qual havia começado no dia 25 de março com uma apresentação no Teatro Rival (Rio de Janeiro) e passou pelo Teatro Bolshoi (Goiânia) na noite do dia 28 de março.

Uli Jon Roth, Jamie Little, Niklas Turmann, Elliott Rubinson e Paul Rahme

Fiquei sabendo do show do Hendrix alemão (apelido que particularmente não gosto) com dois meses de antecedência, e na hora, comprei o ingresso, sem nem pensar em como ir, hospedagem e o afastamento das atividades como docente. Como o show ocorreria em um sábado, no decorrer das semanas consegui me programar, e encaixar de forma coerente com que tudo desse certo.

Assim, às 18 horas do dia 27 de março, após a jornada de trabalho, partimos eu e minha esposa da Terra dos Presidentes (São Borja leva esse nome por ser a única cidade do interior do Brasil a contar com dois presidentes nacionais, Getúlio Vargas e João Goulart), fazendo uma necessária parada para descanso na cidade de Santa Maria, localizada a 300 km de São Borja. Depois de dormir por aproximadamente quatro horas, rumamos para Porto Alegre, e de lá, pegamos o avião para São Paulo, chegando no hotel em que ficamos hospedados passados 16 horas. Ou seja, viajamos praticamente o dia inteiro, e claro, quando chegamos no hotel, o cansaço bateu, e a noite foi pouca para recuperar as energias.

Uli Jon Roth

Mesmo assim, a ansiedade e a expectativa pelo show fez-nos levantar cedo, e pudemos aproveitar um pouco da imensidão de São Paulo. Visitas em locais essenciais (Galeria do Rock - onde passamos a manhã - Mosteiro de São Bento, Viaduto do Chá, Teatro Municipal, ...), compras no Brás e na 25 de março foram as opções, deixando para traz muita beleza e cultura que devem ser absorvidos para quem visita a capital paulista, principalmente pela minha esposa, que conheceu a cidade pela primeira vez. Mas isso permite que possamos voltar, o que particularmente eu gosto muito de fazer.

Queríamos aproveitar ao máximo, e assim, no fim da tarde, fomos assistir a exposição de David Bowie no Museu da Imagem e do Som. Essa é uma outra história, que contarei aqui em alguns dias, e que teve vários percalços, mas enfim, saindo da bela exposição, pegamos um táxi em direção ao Manifesto Bar, famoso local de encontro de headbangers e roqueiros paulistas, e que eu também estava doido para conhecer.

Palco pequeno, mas muito som bom saiu dele
O taxista que pegamos se quer conhecia o local, e quando eu disse a localização do mesmo, o taxista acabou confundindo as ruas e nos deixou duas quadras além do Manifesto, às 20:50. Chegamos no bar às 21:05, e acabamos perdendo a primeira canção (em conversas com alguns fãs que ficaram presentes para a festa que rolou depois do show, descobri que havia perdido "All Night Long", canção que abria os shows do Scorpions nos anos 70).

Entramos exatamente quando "Longing for Fire" já estava sendo apresentada no palco, o que para mim foi uma grande surpresa. Já sabia que o show seria baseado na carreira do Scorpions, mas jamais imaginei que essa pérola de In Trance (1975) estaria diante de meus olhos e ouvidos de forma que não fosse no vinil. Mais chocante ainda para mim foi o Manifesto Bar. Esperava algo nos moldes do bar Opinião (Porto Alegre), mas não. O local é extremamente acanhado, comportando no máximo 500 pessoas, e estava praticamente vazio. Quando chegamos, se tinha cem pessoas era muito. Depois percebi que havia um andar superior, mas que também não deveria ter mais de cinquenta pessoas. Com o passar do show, chegaram mais alguns, mas duvido que tenha tido trezentas pessoas para assistirem um espetáculo desse porte, o que é lamentável, e fico triste em saber que Uli esteja tocando para tão poucas pessoas. Será que ele é tão desconhecido assim em nosso país que os roqueiros não quiseram investir seus cobres?

A frente do palco estava tomada por aqueles cem que eu citei acima, mas como havia muito espaço pelos lados do bar, resolvemos unir o útil ao agradável, e sentamos nas cadeiras localizadas junto ao bar. Assim, derrubando latas da cerveja AC/DC, começamos a sentir (eu principalmente) os arrepios de uma noite assustadoramente fantástica, já que vieram na sequência "Pictured Life" e "Catch Your Train", relembrando a dupla de abertura do segundo melhor álbum do Scorpions, Virgin Killer (1976). Encerrada "Catch Your Trian", "Crying Days" surpreendeu novamente, pois esta é outra canção quase obscura na carreira do Scorpions, relegada ao lado B de Virgin Killer, mas que eu gosto muito, e que foi a primeira a estragar a minha voz.

Essas três faixas serviram para perceber várias coisas: muitos dos que estavam no show se quer sabiam o que estavam vendo, já que várias vezes era possível ouvir as conversas no mesmo nível do som que vinha do palco, como se quem estivesse apresentando-se fosse somente uma mera banda, em total falta de respeito aos músicos, que estavam fazendo um papel fantástico. Por exemplo, duvido que alguém ali sabia que o vocalista era Niklas Turmann, que recentemente estava tocando na ótima banda Jane, e se quer devem ter ouvido falar que existe uma banda progressiva chamada Jane. 

Enfim, falando sobre Turmann, ele obviamente não tem nem de perto a voz de Klaus Meine, mas compensa com carisma e tocando (e muito) guitarra, fazendo o diferencial do Scorpions que eram as linhas de guitarra de Rudolph Schenker, assim como por vezes atrevia-se com categoria a acompanhar as linhas de Uli. A banda aliás era muito boa, com destaque além de Turmann, para a segura performance de Little. 

E o Hendrix alemão demolia as cordas e escalas com velocidade, técnica e puro sentimento. Trajado com seu uniforme tradicional (faixa na cabeça, uma pena amarrada aos ombros e carregando sua lindíssima Sky Guitar), Uli ficou o tempo todo localizado à esquerda do palco, indo para a frente e para trás e quase o tempo todo de olhos fechados, concentrado em suas viagens musicais. O mais interessante é que não havia nenhum set list espalhado pelo palco. Uli comandava o espetáculo de cabeça, anunciando aos músicos qual era a próxima canção, e detonando a mesma. 

Passado "Crying Days", começou a chuva de lágrimas desse que vos escreve. Primeiro, uma estupenda interpretação para um dos maiores clássicos do Scorpions, a linda "We'll Burn the Sky" (Taken By Force, 1977), que infelizmente, nos seus momentos mais amenos, permitiu que a conversa soasse mais alto que a música, o que foi uma vergonha frustrante para mim, mas que não diminuiu em nada a performance dos músicos, que tocaram os sete minutos desse Maravilhoso épico com a mais pura perfeição.

"In Trance" (In Trance), a canção seguinte, foi outra que fez a conversa aumentar de volume, e inclusive, podia se ver crianças entre oito e dez anos brincando de pega-pega entre os presentes (vê se pode isso para um show desse porte), mas eu e alguns exaltados tratamos de resolver o problema cantando o refrão a plenos pulmões. "Sun in My Hand" (In Trance) foi a terceira surpresa da noite, e preparou o ambiente para o momento mais inesquecível da jornada.

Ingresso e flyer de divulgação do show

Uli ficou alguns minutos dedilhando sua guitarra, e eu corri para a frente do palco, incentivado pela minha esposa Bianca, que foi a melhor parceria da noite, curtindo junto cada segundo. Não conseguindo adentrar em uma posição que desse para ver o que estava acontecendo, acomodei-me sob as escadas que trouxeram o grupo do segundo andar para o palco, e dali, assisti ao mundo acabar durante a interpretação de "Fly to the Rainbow". Ouvir aquela que é considerada por mim a melhor canção do Scorpions, registrada naquele que considero o melhor álbum do grupo (Fly to the Rainbow, 1974), é sempre uma experiência mágica, mas ver o que Uli é capaz de fazer nos doze minutos dessa pedrada é inacreditável. 

A canção foi apresentada fielmente a versão de estúdio, inclusive contando com a longa introdução flamenca, só que feita na guitarra, e foi a partir do momento em que Uli começou a cantar  "I lived in magic solitude" que a casa começou a cair para mim, junto com as lágrimas, as quais aumentaram de proporção quando Uli começou a solar o famoso riff final da canção, e despencaram como cachoeira quando o guitarrista humilhou à todos, esganiçando a Sky Guitar com a alavanca, pisoteando a pedaleira, fazendo a mesma uivar, gemer insanamente, arrepiando até os cabelos que caíram com o tempo. Impressionante é pouco para descrever a segurança e a técnica de Uli Jon Roth nesse momento da canção, capaz de fazer parar o tempo e a boca dos que conversavam, as quais ficaram abertas diante de tamanha performance, e quando tudo acabou, não precisava existir mais nenhum segundo. Estava no paraíso.

Felizmente, a vida continuou, e permitiu a mim receber um dedo positivo do próprio Uli, enquanto eu gritava "Thank You!", agradecendo àquele momento propiciado por suas mãos e por sua genialidade, e melhor ainda quando voltei para minha esposa e ela, que já estava emocionada com a apresentação durante "Fly to the Rainbow", ao ver-me banhado em lágrimas acabou chorando junto, de alegria e felicidade por ter vivido aqueles três ou quatro minutos que Uli simplesmente mostrou por que é o melhor guitarrista vivo do hard rock, mostrando o que a música é capaz de fazer, que é realmente mexer com os seus sentimentos.

E dê-lhe alavancadas em “Fly to the Rainbow” *

O que veio depois foi pura festa e curtição do orgasmo musical de "Fly to the Rainbow", em total clima de relaxamento (principalmente para mim). "I've got to Be Free" (Taken by Force) teve uma tentativa de fazer o público cantar o refrão junto, o que não deu muito certo, e foi o momento no qual a banda foi apresentada, e "The Sails of Charon" (também de Taken By Force), com suas escalas egípcias, fez a Sky Guitar enviar alucinógenos pelo ar do Manifesto Bar, enquanto brilhava soberanamente sob as luzes dos canhões que iluminavam o acanhado palco do local.

O microfone presou sua cordialidade para a voz de Uli, que encerrou a noite com magistrais interpretações para "Polar Nights", exibindo uma incontável quantidade de arpejos e bends, e "Dark Lady", que fechou a primeira parte da apresentação. Uma pena que o volume dos microfones não estavam muito altos, e a conversa atrapalhou bastante para ouvir a voz do alemão, mas as arrepiantes alavancadas e bends serviam para compensar essa falha.

CDs autografados

Uli agradeceu em bom português e perguntou: "Do you want some more?". Era a deixa para o bis, que veio em uma dupla homenagem para Jimi Hendrix, com versões afiadas para "All Along the Watchtower" (canção de Bob Dylan, imortalizada por Hendrix) e "Little Wing", sendo que durante a última, certamente o Deus Negro da guitarra deve ter chorado, assim como esse que vos escreve. 

O show acabou após quase uma hora e meia, e confesso que esperava ter ouvido "Hell-Cat", "Yellow Raven", "Aranjuez" e principalmente, algo da carreira solo de Uli, que eu gosto muito, ou dos álbuns da Electric Sun, mas depois de ter apresentado "Fly to the Rainbow", não fez falta.

Contra-capas de clássicos, devidamente autografados

Ao final do show, Uli ainda atendeu a cerca de trinta fãs que esperaram ansiosamente para tirar uma foto com um doutor em solos. Eu consegui bater um papo rápido, cerca de alguns minutos, mas que foi bem legal. Uli foi muito simpático, recebeu os discos que havia levado para a tentativa de autógrafos e, quando eu disse para ele que não se preocupasse em assinar todos, que era apenas para ele ver que eu era um grande fã de sua música, ele apenas disse: "Não se preocupe você, estou aqui para isso, para retribuir o que você fez por mim", e autografou TUDO! Lembrei de um artista nacional que anos atrás, ao ver três LPs de sua coleção em minhas mãos, e depois de um show de apenas uma hora, me perguntou: "Você quer mesmo que eu autografe todos eles?".

Simpatia, carisma e fidelidade aos fãs foram algumas das sensações que Uli nos deixou, mas principalmente, o cara é um monstro. Toca como nenhum outro, e com uma habilidade fantástica. Os momentos que estica a mão e conduz seu som é encantador. 

Mais autógrafos

Uma noite marcante, que terminou com mais algumas cervejas e um retorno tranquilo para casa, após doze horas de viagem. Podem me chamar de louco, mas valeu muito a pena. 

E antes que eu esqueça, quando sai do Manifesto, haveria uma apresentação com bandas cover de Scorpions e Aerosmith. O local estava vazio na sua parte interna, mas na rua, a fila dobrava a esquina, com mais de cem pessoas e faltando uma hora para a casa abrir. Vai entender ...

Bolha babando ídolo e esposa

Track list

1. All Night Long 
2. Longing for Fire 
3. Pictured Life 
4. Catch Your Train 
5. Crying Days 
6. We'll Burn the Sky 
7. In Trance 
8. Sun in My Hand
9. Fly to the Rainbow 
10. I've Got to Be Free 
11. The Sails of Charon 
12. Polar Nights 
13. Dark Lady 

Bis

14. All Along the Watchtower 
15. Little Wing

segunda-feira, 29 de abril de 2013

DVD: Uli Jon Roth - Live at Castle Donington [2007]



Por Mairon Machado

Sabe aquele DVD que quando você menos percebe ele já acabou e quando olha em sua volta está tudo revirado como se um furacão estivesse ocorrido em seu quarto e você nem se dá conta do que aconteceu até colocar o DVD na caixinha e ver que o que acabou de passar realmente era algo fora do comum? Esta foi minha experiência ao assistir o DVD Legends of Rock at Castle Donington do guitarrista alemão Uli Jon Roth.

Este é o terceiro DVD da série de três DVDs divulgadas pela Hellion Records em homenagem ao ex-guitarrista do Scorpions. Os dois primeiros foram The Electric Sun Years Vol. I e The Electric Sun Years Vol. II, compilados em um único DVD. Os dois primeiros traziam um apanhado de shows nas duas fases da banda solo de Uli (a Electric Sun). Este contém a apresentação de Uli como headliner do festival de Castle Donington, o Rock & Blues Custom Show de 2001.


Acompanhado por seu companheiro de Electric Sun Clive Bunker (bateria), Don Airey (teclados) e Barry Sparks (baixo), Uli está em excelente forma e brinda a platéia com um espetáculo musical de extremo bom gosto.


O DVD começa com a instrumental "Trail in the Wind" mostrando uma coletânea de vídeos do show, bem como os músicos que participam do espetáculo, para o apresentador animar a plateia e dar as boas vindas à Uli Jon Roth.

Uli Jon Roth e sua Sky Guitar

Com a noite começando a baixar sobre as milhares de pessoas presentes no lugar, o guitarrista detona os primeiros acordes da linda "Sky Overture", trajando sua tradicional faixa na cabeça e empunhando a famosa Sky Guitar. Com um arranjo clássico que ganhou muito com a participação de Airey, as escalas de Uli são complicadíssimas. Mostra para os Malmsteen's da vida como empregar notas rápidas, alavancadas e bends no tempero certo, alternando momentos rápidos e outros lentos. Tudo isso sempre com um sorriso no rosto, como se fosse natural executar aquelas intrincadas peças.

O show continua com um arranjo para o início do segundo movimento do Concerto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo, popularmente conhecido como "Adagio". Uma das coisas que me irrita muito é alguém que diz adorar esse concerto, mas só conhece este início do segundo movimento. Originalmente elaborado para violão e orquestra tem nessa segunda parte, chamada aqui de "Aranjuez", um duelo entre oboé e violão. Airey faz novamente um belo trabalho executando as parte da orquestra enquanto Uli brinca na guitarra fazendo os lindos temas do oboé e do violão.


"The King Returns" mantém a linha clássica de Uli. Novamente acompanhado por Airey, tem como ponto máximo o belíssimo dueto de órgão e guitarra.

Após essa apresentação inicial de sua carreira solo, o músico chama ao palco os membros do UFO (grupo briitânico que estará em turnê pelo país agora em maio, com shows em São Paulo (11), Porto Alegre (12), Rio de Janeiro (14) e Goiânia (16)) Pete Way (baixo), Phil Moog (vocais) e Michael Schenker (guitarras). Aí começa a pauleira! Moog anuncia que vão voltar no tempo e "Let It Roll" é detonada nos amps. Sparks agora toca guitarra, enquanto Way corre por todo o pequeno palco. O duelo entre Uli e Schenker é fantástico! A parte lenta começa com o solo do gordíssimo Schenker, mas que está tocando como nos anos 70 com a sua Flying V. As intervenções de Uli tornam o solo de Schenker ainda mais bonito e é impossível não se arrepiar com a qualidade sonora apresentada quando começa a alternância dos solos. A sequência final é de chorar com ambos os guitarristas tocando as notas juntos e trazendo a pauleira novamente.

Uli, Phil Mogg e Pete Way

Mais uma canção do UFO é apresentada. Agora, a clássica das clássicas, "Rock Bottom". Aqui a minha air guitar começou a fazer efeito no meu quarto. Schenker executa o riff principal, seguido por Uli, enquanto Way pula feito um garoto no palco. É impressionante como o velhinho não perdeu a forma. Moog não está na melhor forma vocal, mas mesmo assim, é o cara ideal para cantar uma das melhores músicas de todos os tempos.
Uli acompanha a melodia vocal da parte antes do solo. A prova clara da influência do UFO sobre Steve Harris. Joguem as pedras, mas imaginem Paul Di Anno cantando os "Where do we go?" da letra.
O que vêm a seguir é matador. Se o solo de Schenker sozinho já era fenomenal, imagine os dois juntos! Pois bem! Schenker começa o solo no seu melhor estilo, abusando de feeds e notas longas, mas claramente sem muita inspiração. Uli faz seu primeiro solo, também sem muita inspiração, empregando bastante escalas clássicas. O que Schenker faz na guitarra a seguir é indescritível! Uma sequência incrível de arpejos e notas rápidas, contrastando com a segunda sequência de Uli. O dueto dos dois no tema final do solo é de chorar! Notas reproduzidas igualmente vão ganhando corpo, Uli destrói as cordas da guitarra para encerrar a sequência de solos com um solo magistral de Schenker quase ajoelhdo em frente aos amplificadores. Todos da banda sorriem, felizes pelo resgate deste grande guitarrista que já passou por poucas e boas em sua carreira. O único porém é que Bunker não é Andy Parker. E assim, o acompanhamento de bateria ficou aquém do que poderia ser...
O debulhe de notas do encerramento do solo é executado idênticamente por Uli e Schenker. Moog e Way puxam a platéia com os gritos de "Rock Bottom" voltando então ao riff principal e ao encerramento da letra e da canção com Way apontando seu baixo para o público como se fosse uma metralhadora (outra das inspirações de Steve Harris), tirando a corrente do baixo e jogando o mesmo para cima, alucinado.

Michael Schenker

O público delira, mas o show não pode parar. Uli chama a lenda do rock Jack Bruce e diz que é um prazer voltar aos anos 60 para tocar alguns de seus sons favoritos. O primeiro deles: "Sunshine Of Your Love". Não houve ensaio entre Bruce e a banda de Uli. Então, não se sabia o que esperar da apresentação do ex-baixista do Cream.
Bruce brinca no baixo por alguns segundos e Uli puxa o riff deste clássico, como um bom power-trio. Que me perdoem os conhecedores e apaixonados por Clapton. O timbre de Uli Jon Roth está idêntico ao do Deus da Guitarra. Colocando para um desavisado, certamente ele vai dizer que é o Cream que está tocando. Principalmente por que o vocal de Bruce continua o mesmo dos anos 60. O guitarrista dá o seu tempero para o solo, enquanto Bruce está alucinando pelo palco, girando e pulando com seu baixo sempre com aquele balanço de cabeça que o caracterizou.
E minha air guitar surge outra vez. O solo é fantástico! Com Bruce solando junto, tentando engolir cada nota de Uli, enquanto Bunker se vira em 1000 para acompanhar o duelo dos dois. Jon Roth sola rindo com a empolgação de Bruce, que de olhos fechados caminha por todo o palco, e cede espaço para o baixista executar um pequeno solo antes de encerrá-la de forma primordial.
A alegria estampada na cara de Uli é mantida para a execução de outro clássico, "White Room". Agora contando com Airey nvovamente! Novamente é impossível não dizer que é o Cream que está tocando. O guitarrista abusa do wah-wah como se o aparelho fosse uma jovem garotinha. Bruce rasga a garganta como nos bons tempos.
É impressionante como o timbre da Sky Guitar está diferente. Isso fica comprovado no solo, onde novamente os dois gigantes lutam como gladiadores famintos pelo sangue do adversário. O que Bruce está fazendo no baixo é assustador. Tocando o instrumento como se fosse uma guitarrra. Notas altas, notas baixas, bends e muito feeling. De tirar o chapéu! O sorriso nos rostos dos músicos é marcante. A prova clara do prazer de estar no palco. Não pelo dinheiro, mas pelo amor a música.

Uli e Jack Bruce

O DVD dá um salto no tempo e entra em uma homenagem ao seu maior ídolo, Jimi Hendrix. Assim, ele apresenta para nós "All Along The Watchtower", acompanhado apenas por sua banda. Uli canta a letra de Dylan. Seu ponto forte nunca foi os vocais, e sim a guitarra. O que ele faz em "All Along ..." é para Hendrix dizer amém! E a air guitar continua fazendo efeito.
A prova final vêm na segunda homenagem a Hendrix, a pérola "Little Wing". Em um ritmo um pouco mais rápido que a original, executa o riff introdutório de forma impecável. Com a adição dos teclados de Airey, a canção ganha um clima bem flower-power. Quem é fã de Hendrix, segure as lágrimas! Cada nota de Uli solando com a ajuda do botão de volume é emocionante até mesmo para o guitarrista. Um dos raros momentos do show em que esconde seu sorriso para um momento de concentração total.
Os integrantes do UFO voltam para a magistral "Doctor Doctor". A introdução ocorre acompanhado por Airey no piano e seguido por Schenker. O riff principal é executado e novamente temos Way pulando no palco e Moog liderando o vocal. Segure a perna para não dançar por toda a casa e pagar mico para os vizinhos. Certamente os gritos de "Doctor Doctor" serão ouvidos pelos mesmos. O som encerra com a platéia alucinada, gritando o nome de Uli e UFO.
O melhor de tudo ainda estava por vir. O guitarrista sai do palco enquanto um dos apresentadores começa a instigar a plateia dizendo que ainda restam dois minutos para o encerramento do festival. Aos berros de Uli! Uli! Uli!, volta ao palco e começa a elaborar um pequeno improviso sob os aplausos dos fãs. Do nada Bunker, Airey e Bruce retornam ao palco. O que temos a seguir é um verdadeiro resgate dos tempos de Cream, chamada de "Fireworks Jam". É o momento de encerramento do festival onde fogos são lançados para a platéia desfrutar o momento.
Se no Cream, Clapton ficava sério em seu canto tentando provar que era o máximo, aqui, Bruce encontrou um ótimo parceiro que abre sorrisos para o baixista e cede seu espaço por vários momentos, enquanto os fogos explodem no céu. Os dois minutos que o apresentador havia concedido acabam se tornando em uma deliciosa jam de quase 13 minutos contando com passagens pelo tema de "Norweggian Wood" (Beatles) e um retorno ao tema de "Sunshine Of Your Love" que se encerram somente pela intervenção de um dos organizadores do evento que sobe ao palco e grita nos ouvidos de Uli que está na hora de parar. Fato que deve ter sido muito frustante, pois a alucinação de todos no palco é enorme. Todos estavam de olhos fechados, com tímidos sorrisos e não dando a mínima bola para o tempo. Somente curtindo cada segundo do que estão fazendo.
Uli despede-se. A platéia, aplaude encantada com o que acabou de ver. No meu quarto já não resta mais nada em pé. O braço da minha air guitar derrubou tudo o que havia por perto. Ainda tem os bônus. Mas antes, "Atlantis", na versão de Transcedental Sky Guitar apresenta os créditos do DVD.

Nos bônus, duas canções que ficaram de fora da sequência. A primeira é "Midnight Train", a qual foi executada apenas pelos integrantes do UFO, juntos de Bunker e Airey, onde o destaque novamente é a energia de Way e os riffs de Schenker. A segunda é nada mais, nada menos do que "Spoonful" com Bruce cantando outro grande clássico imortalizado pelo Cream ao lado de Uli e Bunker. De quebra, temos fotos da apresentação e a história de como ocorreu o espetáculo (em inglês).
Pode ter faltado uma ou outra canção, como "Hiroshima", e principalmente clássicos do Scorpions como "Hell Cat", "Fly To The Rainbow" e "Polar Nights". Agora... Um DVD que traz uma variedade que vai do UFO para o Cream, coloca juntos Uli Jon Roth e Michael Schenker, com certeza tem que estar na prateleira de todo colecionador. E em uma posição de fácil localização, para ser colocado no aparelho quase todos os dias. Apenas controle sua empolgação com a air guitar e deixe que os mestres da guitarra façam o trabalho nas guitarras de verdade. Nota 10 em 10!
Track list
1. Trail in the Wind (intro)
2. Sky Overture
3. Aranjuez
4. The King Returns
5. Let It Roll
6. Rock Bottom
7. Sunshine of Your Love
8. White Room
9. All Along the Watchtower
10. Little Wing
11. Doctor Doctor
12. Fireworks Jam
13. Atlantis
bonus tracks:

14. Midnight Train
15. Spoonful
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