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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Cinco Músicas Para Conhecer: Parece, Mas Não É


Nos últimos tempos, tornou-se comum a brincadeira do reaction, onde se filma uma pessoa tendo reações ao ver um determinado vídeo ou ouvir uma música pela primeira vez. Baseado nessas experiências, o Cinco Músicas Para Conhecer de hoje simula uma espécie de reaction com alguém que irá ouvir as faixas escolhidas, pensando ser uma coisa, mas que na verdade, é outra.

Atomic Rooster - "Gershatzer" [1970]

Como é bom ouvir Emerson Lake & Palmer, que paulada já de cara. Esse órgão do Emerson, o baixão do Lake, e pô, Palmer soltando o braço. Sonzeira fudida hein? Olha essa rufada do Palmer, que espetáculo. Ei, que massa, Emerson demolindo o piano no seu solo. O cara tinha é uma técnica sensacional. Olha esse pulo para os teclados, e a velocidade. E agora vai para a sutileza do piano com uma simplicidade monstra! E essas loucuras assim é puro Emerson. Genial! Baita solo! É  da época do Tarkus? Só pode, pela inspiração! Voltou o riff, puro ELP. Que baita música, não conhecia. Ih rapaz, Palmer mandando ver no solo. Cara, como ele toca tanto? Monstro, olhada as rufadas, mão esquerda impecável, e o controle dos bumbos. Baita som. É de qual disco? O que? Não é ELP? É meu caro, isso é Atomic Rooster, um dos grandes power trios da história da música britânica, liderado pelo genial Vincent Crane nos teclados, e que por acaso revelou Carl Palmer ao mundo. Mas aqui, as baquetas estão a cargo do também fenomenal Paul Hammond. Está no excelente e fundamental segundo disco do grupo, Death Walks Behind You (1970) e em diversas coletâneas da banda. Para conhecer um pouco mais sobre a banda e a faixa, acesse aqui. 

Focus - "House of the King" [1970]

Violão fazendo acordes velozes, e eis que a flauta surge sobre um andamento rápido, linha de baixo complicada e uma bateria marcante.O sorriso toma conta, afinal, é o Jethro Tull quem está tocando. Como Ian Anderson toca bem, certamente isso é da fase Aqualung, uma sobra de Thick as a Brick no máximo. Por que será que nunca foi lançada? Epa, mas e essa virada? A guitarra do Martin Barre não tem esse timbre! Claro meu caro, é Jan Akkerman na guitarra, solando para um dos maiores clássicos do grupo holanês Focus. O flautista em questão é Thijs Van Leer, um dos maiores nomes do instrumento, claro, ao lado de Ian Anderson. "House of the King" é tão Jethro Tull, mas tão Jethro Tull, que certa vez um famoso lojista de Porto Alegre falou que "é a canção que Ian Anderson jamais gravou, mas com certeza deve ter composto". Exageros a parte, é uma magnífica faixa, que saiu originalmente nas versões americana e inglesa de Focus Play Focus (batizadas de In And Out of Focus), posteriormente em algumas das várias versões de Focus 3, e em diversos lançamentos em compacto, inclusive sendo responsável por manter o Focus na ativa, já que o fracasso de vendas de Focus Play Focus levava para o fim prematuro da banda, mas o sucesso da bolachinha fez com que Jan Akkerman (guitarras) e Thijs Van Leer (teclados, flauta, voz) reformulam-se a banda e seguissem na ativa, para conquistar o mundo no seu lançamento seguinte.

Mandrill - "Mandrill" [1970]

O som começa com uma tecladeira infernal, envolta por percussão rítmica avassaladora. Um naipe de metais entoa o riff da canção, e então surge a guitarra com wah-wah e carregadíssima de efeitos. Impossível não ser a trupe de Carlos Santana. A medida que a canção vai passando, o ritmo frenético da percussão e o solo de órgão só nos comprova cada vez mais que é Santana sim. Claro, a presença de flautas, vibrafones e metais, cria aquela pulga atrás da orelha, ainda mais quando a flauta passa a solar virtuosisticamente. Peraí, vibrafone tomando conta das caixas de som sobre o ritmo avassalador? Isso é Santana? Ah, esse solo avassalador de percussão faz minha pergunta cair por terra, agora tenho certeza que sim, é Santana o que sai das caixas de som. Mas não é minha leitora, meu leitor, você foi redondamente enganado por uma das bandas mais fantásticas da década de 70.  Um hepteto do brooklyn com uma boa discografia a ser descoberta. "Mandrill" está no álbum de estreia da banda, auto-intitulado, e em quatro compactos como lado A, tendo cada um no lado B as faixas "Peace And Love" (Espanha, que ilustra a matéria), "Revolucion Sinfonica" (México), "Warning Blues" (Estados Unidos) e "Hang Loose" (Reino Unido).

Styx - "Mademoiselle" [1976]

Um acorde de teclado, baixo marcante, guitarra e bateria juntinhos, uma voz em francês, solo de guitarra com efeitos e uma vocalização aguda e marcante. Opa, é Queen! Mas peraí, quem está cantando? Brian May? Bom, o instrumental é Queen, deve ser o May sim. Pô, isso é Queen, só pode ser Queen. Ouve essas linhas de guitarra, essas vocalizações. Cara, com certeza é Queen. Ah velho, está brincando, isso é Queen sim!! Não meu caro, isso é uma das obras atemporais que o Styx lançou no excepcional Crystal Ball, de 1976, quando o Queen havia acabado de conquistar o mundo. Nunca foi comprovado se o Styx se inspirou no Queen para fazer "Mademoiselle", mas com certeza, os elementos de vocalizações e efeitos na guitarra que Brian May usou na banda inglesa apareceram em diversas outras faixas da banda antes mesmo do Queen pensar em existir como tal, como "After You Leave Me" (1972) ou "Earl of Roseland" (1973). "Mademoiselle" é um exemplo mais recente na obra do Styx, mas eu poderia ter escolhido vários outros. Trouxe essa faixa do SEXTO disco da banda, e de um belíssimo compacto com a sensacional “Lonely Child” no lado B, para ver se causo uma polêmica por aqui. E também existe um compacto com “Light Up” no lado B.


Greta Van Fleet - "Lover, Leaver" [2018]

Epa, é uma versão nova de "Whole Lotta Love"? Opa, não é nova não, é a original. Deve ser ensaios de gravação né? Mas a letra tá diferente. Eita, o Bonham devia estar gripado esse dia, mas o Plant e o Page estão afiadíssimos. Por que o baixo do Jonesy tá tao baixo? Eita, Plant canta pra caralho nesses agudos hein? Sonzeira. É uma versão inicial de "Whole Lotta Love"? A letra tá bem diferente ... Eita, Page e sua Les Paul, baita solo. Bah, os caras tavam flertando com orquestrações antes do Led III, eu sabia!! O que? Isso é um bando de garotos americanos dessa década? Tás de brincadeira!! O Greta Van Fleet é o verdadeiro caso do Ame ou Odeie, muito mais por um preconceito infantil e besta, Tirando a paixão clubística de lado, os caras entregam faixas memoráveis, claro que sugadas diretamente da fonte Zeppeliana, mas com toda uma vitalidade moderna que cai muito bem aos dias atuais. "Lover, Leaver" é um exemplo claro disso. Todas as referências ao Led estão lá, mas o comportamento geral da canção mostra que há muito mais criatividade do que inspiração na obra dos americanos. Está no seu primeiro full lenght, de 2018, e foi lançada no mesmo ano para download no site oficial da banda, através do single que ilustra a postagem.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Podcast Grandes Nomes do Rock # 40: Postagem 666



Por Fernando Bueno e Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)


Excepcionalmente, o Podcast Grandes Nomes do Rock não será apresentado na segunda-feira como costumeiramente tem sido nos últimos meses, mas sim hoje, uma quarta-feira, já que exatamente hoje temos uma data mais que especial para o Consultoria do Rock. 


Há exatamente uma semana, atingimos a incrível marca de 500 mil acessos, e na data de hoje, estamos colocando no ar a postagem de número 666. Em homenagem à esse número tão significativo e presente no rock, os consultores Fernando Bueno e Mairon Machado montaram um Podcast Especial somente com canções relacionadas à esse número, associado erroneamente com o Coisa-Ruim. 


Não somente isso. Esse é o Podcast de número 40, uma marca muito importante para o Consultoria e para você leitor que permite-nos continuar com o programa mensalmente.



O número 666 aparece no Livro da Revelação (13:17-18) dentro do Novo Testamento, mais precisamente no Apocalipse de João, associado erroneamente à Lúcifer (o demônio). Porém, este número na realidade, como bem mostra o clássico "The Number of the Beast" (Iron Maiden) é o número do homem, sendo o homem a própria besta. Ainda na Bíblia, 666 aparece por diversas vezes como em referência ao número de talentos de ouro coletados pelo Rei Salomão a cada ano, e o judaísmo cabalístico, o número representa a criação e a perfeição do mundo que foi criado em seis dias e com seis pontos cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste, Cima e Baixo).


Folha do Novo Testamento
Tentando entender um pouco dessa história relacionada ao demônio, precisamos voltar nas velhas traduções (e interpretações) do texto citado e também do Velho Testamento (N. R. essa é uma interpretação livre do autor que segue vários livros e artigos especializados na área, mas que em nenhum momento tem a pretensão de desmistificar ou polemizar o assunto em termos das interpretações religiosas como o catolicismo, o evangelismo e outros).


Lúcifer era um dos principais anjos de Deus, com todos os poderes e forças que Deus possuía, mas com a incapacidade de racionalizar, obedecendo única e exclusivamente as ordens divinas. Seu nome significa "O Portador da Luz" e servia para descrever a estrela Vênus (a primeira estrela criada por Deus). O livro bíblico de Ezequiel, no capítulo 28, é o primeiro a tratar Lúcifer com relação ao mal, como sendo um anjo caído. A interpretação católica considera Lúcifer como sendo o próprio Satanás (o adversário) e aqui veio a ideia do Anjo Caído, que foi expulso do céu por ter se rebelado contra Deus, apesar de em nenhum momento isso aparecer na Bíblia.


Aqui começa o principal erro e a principal associação do número 666 com Lúcifer (e consequentemente ao Coisa-Ruim). Segundo a Igreja Católica, Lúcifer teria ficado revoltado por que Deus criou um ser a sua imagem e semelhança, mas com capacidade de agir independente dos desejos de Deus, apenas obedecendo alguns mandamentos.
O quadro 666, de William Blake
Enciumado (ou com raiva), Lúcifer organiza uma reunião com os demais anjos e comenta que aquilo era uma injustiça com a classe. Exatamente um terço (33.3 %) dos anjos saem a favor de Lúcifer, enquanto os demais dois terços (66,6 %) são contra o mesmo, defendendo então a criação da nova criatura, que é o homem. Assim, 66.6 % dos anjos aprovam o nascimento do homem, caracterizando o número 666 como o número do homem.


Os 33.3% seguidores de Lúcifer são expulsos do reino dos céus, gerando um conflito entre eles e os demais anjos, tudo por causa do homem, a verdadeira Besta (causadora de problema em sua etimologia original) da história. 


666, um dos principais discos do rock progressivo


Essa seria a verdadeira origem do número 666 e sua associação como sendo o número da Besta, que com traduções diversas, e outras interpretações, acabou fazendo com que a associação contrária se consolidasse no mundo cristão.


De qualquer forma, muitos grupos passaram a dedicar canções para o Coisa-Ruim (e seus diversos nomes-sinônimos como Satã, Diabo, Leviatã, ...), ao inferno e ao que quer que seja relativo ao mal. Esse Podcast resgata algumas das principais canções com esse tema, destacando um bloco especial ao disco do Aphrodite's Child que carrega exatamente o nome do número de postagens que o blog atinge hoje: 666.


Quem não queria um demônio desses em casa?
Track list Podcast # 39 - 45 Anos de Monterey Pop Festival

Bloco 01
Abertura: "Along Comes Mary" [do bootleg Live at Smothers Brothers - 1967 (The Associations)]
"Numbers" [do álbum Ellis Island - 1968 (The Paupers)]
"St. James Infirmary" [do álbum Live! - 1971 (Lou Rawls)]
"Where the Good Times" [do compacto "Happy New Year" / "Where the Good Times" - 1966 (Beverley)]
"Do You Wanna Dance" [do álbum Classic - 2008 (Johnny Rivers)]
"Paint it Black" [do álbum Live Stockholm - 1968 (The Animals)]
"The Sound of Silence" [do álbum Live at Monterey - 1967 (Simon & Garfunkel)]

Bloco 02
Abertura: "Up On the Roof" [do álbum Christmas and the Beads of Sweet -  1970 (Laura Nyro)]
"Amphetamine Annie" [do álbum Boogie with Canned Heat - 1968 (Canned Heat)]
"Ball and Chain" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Big Brother & The Holding Company)]
"Flying High" [do álbum Electric Music for the Mind and Body - 1967 (Country Joe & The Fish)]
"Jolie" [do álbum Naked Songs - 1973 (Al Kooper)]
"East-West [do álbum East-West - 1967 (Paul Butterfield Blues Band)]
"Killing Floor" [do bootleg Live - 1967 (Electric Flag)]

Bloco 03
Abertura: "Serenade" [do álbum Greatest Hits 1974/78 - 1978 (Steve Miller Band)]
"The Fool" [do bootleg First LP Outtakes - 1967 (Quicksilver Messenger Service)]
"Omaha" [do álbum Moby Grape - 1967 (Moby Grape)]
"Babajula Bonke (Healing Song)" [do álbum The Promise of a Future by Hugh Masekela - 1968 (Hugh Masekela)]
"Eight Miles High" [do bootleg Live at Fillmore East - 1970 (The Byrds)]
"We Can Be Together" [do álbum Volunteers - 1969 (Jefferson Airplane)]
"Green Onions" [do álbum Green Onions - 1962 (Booker T & The MG's)]
"(Sittin' On) The Dock of Bay" [do DVD Dreams to Remember - 2007 (Otis Redding)]

Bloco 04
Abertura: "Raga" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Ravi Shankar)]
"Flute Thing" [do álbum Projections - 1966 (Blues Project)]
"Stop Children What's That Sound" [da bootleg Buffalo Springfield 67/68 - 2000 (Buffalo Springfield)]
"My Generation" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (The Who)]
"Wild Thing" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Jimi Hendrix)]
"San Francisco" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (Scott McKenzie)]
"California Dreamin'" [do álbum Live at Monterey Pop Festival - 1967 (The Mamas & The Papas)]

Encerramento: "Morning Dew" [do bootleg Live at Barton Hall - 1977 (Grateful Dead)]

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Podcast Grandes Nomes do Rock #16: Easter Eggs/Bonus Tracks



Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)

O Podcast Grandes Nomes do Rock dessa semana retorna aos temas especiais, dessa vez homenageando a Páscoa. Assim, a Consultoria do Rock apresentará canções bônus de diversos álbuns que foram relançados com o passar dos anos, indo desde o metal do Iron Maiden ao desconhecido progressivo do SBB, passando por muitas novidades de bandas conhecidas e também raridades de outras não tão conhecidas assim. Como trilha sonora para a narração, canções relacionadas direta ou indiretamente à Páscoa. Então, separe o vinho, o peixe e os chocolates, acomode-se no sofá e aproveite as duas horas de programa.




Muitos easter eggs nesse Podcast especial

Track list do Podcast # 15: Motörhead

Bloco 01
Abertura: "Motörhead" [do álbum No Sleep 'til Hammersmith - 1981]
"Motörhead" [do álbum On Parole - 1979 (bônus track)]
"Ace of Spades" [do álbum No Sleep 'til Hammersmith - 1981]
"Stone Dead Forever" [do álbm Bomber - 1979 (bônus track)]
"Ramones" [do álbum 1916 - 1991]
"Killers" [do álbum Inferno - 2004]

Bloco 02
Abertura: "Over the Top" [do álbum Bomber - 1979 (bônus track)]
"Brainstorm" [do álbum Doremi Fasol Latido - 1972 (Hawkwind)]
"Sha La La" [do álbum Night Life - 1974 (Thin Lizzy)]
"The Accusation Chair" [do álbum Them - 1988 (King Diamond)]
"Heft!" [do álbm Fastway - 1983 (Fastway)]
"Backs to the Wall" [do álbum Castle Donnington Monsters of Rock - 1980 (Saxon)]

Bloco 03
Abertura: "Heroes" [do álbum Motörizer - 2008]
"Beer Drinkers & Hellraiser" [do bootleg Lewinston Maine - 1975 (ZZ Top)]
"Whiplash" [do bootleg Metal Up Your Ass - 1982 (Metallica)]
"Shoot 'em Down" [do álbum Under the Blade - 1982 (Twisted Sister)]
"Emergency" [do álbum Demolition - 1980 (Girlschool)]
"Summertime Blues" [do single Summertime Blues - 1958 (Eddie Cochran)]

Bloco 04
Abertra: "Brotherhood of Man" [do álbum The Wörld Is Yours - 2010]
"Orgasmatron" [do álbum Arise - 1991 (Sepultura)]
"Iron Fist" [do álbum Persecution Mania - 1987 (Sodom)]
"One Track Mind" [do álbum Sons of Satan Praise the Lord - 2002 (Entombed)]
"(We Are) The Road Crew" [do álbum Inventor of Evil - 2005 (Destruction)]

Encerramento: "Going to Brazil" [do álbum 1916 - 1991]

quinta-feira, 10 de março de 2011

Maravilhas do Mundo Prog: Atomic Rooster - Gershatzer [1970]



O surgimento de um dinossauro do rock progressivo pode afetar diretamente no desenvolvimento de outros dinossauros? A resposta a essa pergunta é afirmativa sem sombra de dúvidas quando estamos tratando de Emerson, Lake & Palmer. Quando da sua criação, em 1970, o trio britânico agregava três grandes músicos que vinham de três projetos de dinossauros que, por caminhos diferentes, tiveram que sofrer alterações em suas formações.

Keith Emerson vinha do grupo The Nice, uma excelente mistura de virtuosismo, psicodelia e improvisos, que registrou álbuns fantásticos como Ars Longa Vita Brevis (1968), e que depois de algumas brigas internas, acabou em 1970, com os dois últimos álbuns (lançados em 70 e 71) apresentando canções que ficaram engavetadas nos álbuns anteriores.

Já Greg Lake fora arrancado das entranhas do King Crimson de Robert Fripp, onde gravou os álbuns In the Court of the Crimson King (1969) e In the Wake of Poseidon (1970). A saída de Lake quase levou o King Crimson à extinção, mas Fripp deu a volta por cima e transformou o grupo em um Tiranossauro Rex que destruiu o que veio pela frente a partir do excepcional Lizard (1970), e que conquistou o planeta com uma formação inesquecível, ao lado de Bill Bruford (bateria), John Wetton (baixo, vocais), Jamie Muir (percussão) e David Cross (violinos), no magnífico Larks' Tongues in Aspic (1973).


Vincent Crane, John Du Cann e Carl Palmer (1970)

Carl Palmer era o baterista do power trio Atomic Rooster. Ao lado de Vincent Crane (teclados) e Nick Graham (baixo, flauta, vocais), Palmer registrou o primeiro álbum da banda, Atomic Rooster (1970), e depois foi participar do grupo de Emerson, onde se consagrou como um dos principais nomes da bateria.

Porém, Palmer deixou um imenso vazio para Crane, que pouco antes havia perdido Graham para o grupo Skin Alley. Para manter o Atomic Rooster na ativa, Crane efetivou o guitarrista contratado do álbum de estreia, John Du Cann, e para a bateria, o jovem Paul Hammond, que havia participado do grupo Farm, foi recrutado. 

Surgia assim a mais poderosa formação do Atomic Rooster, com Crane fazendo as linhas de baixo no seu órgão hammond, e com Du Cann assumindo os vocais. Não demorou para que o grupo lançasse o primeiro álbum com essa formação, e ainda em 1970, Death Walks Behind You apresentou uma sonoridade pesada, sombria, e principalmente, o órgão de Crane engolindo os ouvintes como um gigantesco tubarão.

Faixas como "Death Walks Behind You", "VUG", "Tomorrow Night" e "I Can't Take No More" caracterizariam a banda como uma das mais proemintentes no estilo do hard setentista, mas ainda fortemente ligados ao som do primeiro álbum, que muitos comparam ao Emerson, Lake & Palmer por causa do órgão de Crane, e é na faixa de encerramento do LP, "Gershatzer", que a fusão hard/prog do Atomic Rooster cravou para a história a nossa maravilha do mundo prog dessa semana.

Du Cann, Crane e Hammond, em foto clássica de divulgação de Death Walks Behind You

Totalmente instrumental, "Gershatzer" apresenta em seus quase oito minutos toda a técnica e fúria de Crane empregadas com a jovialidade de Hammond. Du Cann é um coadjuvante da batalha de órgão e bateria, apenas marcando os riffs para Crane e Hammond fazerem o que quiserem

Tudo começa com os acordes do órgão fazendo o riff principal, onde Hammond soca a bateria como se estivesse com luvas de boxe. Um pequeno tema feito pela guitarra e órgão, com várias rufadas da bateria, levam a repetição do riff principal. Crane está absoluto comandando o órgão e as notas graves do "baixo", e Hammond continua mandando ver na bateria. 

Crane então começa a solar no piano, sozinho, fazendo diversas escalas, entrando em um rápido solo de órgão com várias intervenções do piano, voltando então para a sequência do solo de piano, que vai ganhando velocidade com a adição do moog e das notas graves, até entrarmos na fantástica sequência de acordes feitas com o órgão, que abrem o assustador e sombrio solo nesse instrumento, com muita velocidade e efeitos estranhos jogados aleatoriamente para o ouvinte.

Um crescendo nos acordes retoma o riff principal, levando ao empolgante solo de bateria, com Hammond destruindo nas batidas dos bumbos e das caixas, criando ritmos interessantes durante a execução do mesmo, que é feito em uma velocidade impressionante. Após o solo, voltamos para o riff principal, encerrando a canção com uma furiosa sessão de acordes da guitarra entre viradas de Hammond e acordes pegajosos de Crane.

As apresentações ao vivo de "Gershatzer" poderiam chegar a quase 20 minutos dependendo da inspiração de Crane e Hammond, sendo que em algumas delas, Du Cann simplesmente se sentava ao lado do palco, no chão mesmo, e ficava apenas observando o duelo entre os seus colegas.

Depois desse álbum, a mesma formação lançou o já não tão bom In Hearing of Atomic Rooster (1971), tendo nos vocais Pete French, e em 72 saía o fraco Made in England, com uma formação e sonoridade bem diferentes, as quais levaram ao fim precoce do Atomic Rooster no ano de 73, com o lançamento de Nice 'n' Greasy. O grupo ainda retornaria na década de 80, onde lançaram mais dois álbuns: Atomic Rooster (1980, com Du Cann nas guitarras) e Headline News (1983, com Hammond na bateria e participação de David Gilmour nas guitarras), mas que fogem bastante do que foi apresentado nos dois primeiros álbuns do grupo, e principalmente nessa maravilha prog que encerra um dos principais discos da história do hard setentista, chamada "Gershatzer".

Du Cann, Hammond e Crane pós apresentação do grupo (1971)

Como nota adicional, lamentavelmente os dois protagonistas de "Gershatzer" não estão mais entre nós. Crane sofria de acessos de insanidade e vários problemas mentais, vindo a falecer em 14 de fevereiro de 1989 por consequência de uma overdose de remédios contra a dor. Já Hammond faleceu em 1993 por decorrência do abuso de álcool durante sua vida. Duas grandes perdas para o mundo do rock, e que hoje são "vítimas" do resgate de obscuridades que a tecnologia nos propicia, e que graças a isso me apresentou essa banda que é fundamental na prateleira dos que apreciam o estilo.
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