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quarta-feira, 3 de abril de 2024

Cinco Discos Para Conhecer: Manito

Antonio Rosa Sanches nasceu no dia 3 de abril de 1943 em Vigo, Ponte Vedra (Galícia), Espanha. Manito faleceu em 9 de setembro de 2011, em casa, na capital paulista, vítima de um câncer na laringe, contra o qual lutava desde 2006. O corpo está enterrado no Cemitério Horto Florestal, na Zona Norte de São Paulo.

Desde pequeno, revelou inclinação para a música, tocando diversos instrumentos. Vindo ao Brasil, em  1962 formou o The Clevers, onde era saxofonista, ao lado de Netinho (bateria), Mingo (guitarra-base), Risonho (guitarra-solo) e Nenê (baixo). Na sequência, a banda mudou o nome para Os Incríveis, começando então uma carreira fantástica e emblemática em terras brasilis. Com participação em diversos álbuns, é difícil selecionar apenas cinco obras que representem a categoria e o talento de um multi-instrumentista. Mas, dentre tantas opções, tentei selecionar aqui aqueles que julgo constiuirem ser suas obras mais relevantes. 

Os Incríveis - Para os Jovens que Amam os Beatles, Rolling Stones e... Os Incríveis [1967]

Os Incríveis possuem uma obra fantástica, concretada sobre versões para canções de artistas internacionais. Nesse álbum, terceiro da banda, podemos conferir toda a diversidade de estilos e instrumentos de Manito em estado bruto. Ele é o centro das atenções no saxofone nas instrumentais "Minha Oração (My Prayer)", "Não Resta Nem Ilusão" (bonito arranjo vocal nesta), "O Homem do Braço de Ouro (Delilah Jones)" e "You Know What I Want", todas ótimos rocks anos 50/60, e é o cerne ao órgão farfisa durante a balada rock "Nosso Trato (Se Giá D'Un Altro)", além de bases para diversas outras canções, como a bonita "Perdi Você" e a clássica "O Milionário (The Milionaire)", ambas instrumentais e principais canções da carreira do guitarrista Risonho. Mas a escolha de Para os Jovens que Amam os Beatles, Rolling Stones e... Os Incríveis estar aqui é "Czardas". O trabalho virtuoso de Manito no órgão nessa linda canção de Vittorio Monti é extremamente complexo, valendo cada segundo de audição, seja pela introdução singela, com longas notas, seja pela peça central, onde os dedos de Manito sobem e descem o órgão com uma agilidade e velocidades únicas. Linda faixa, e uma obra atemporal!

Mingo (voz e guitarra), Risonho (guitarra), Manito (teclados, vocal e saxofone), Netinho (bateria), Nenê (baixo)

1. Minha Oração  

2. Vai, Meu Bem  

3. Nosso Trato

4. Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones

5. O Homem do Braço de Ouro

6. O Milionário

7. Molambo

8. You Know What I Want

9. Czardas

10. Perdi Você

11. Nosso Abraço aos Beatles e Rolling Stones

12. Não Resta Nem Ilusão

Manito - O Incrível Manito [1970]

Estreia solo do músico (que curiosamente só lançou dois discos em carreira solo), aqui ele faz adaptações com muito groove para um repertório bastante versátil. É um grande disco de soul music e rock'n'roll, que se circulasse entre o pessoal dos Panteras Negras, com certeza teria fácil aceitação. Assim, admire "Na Baixa do Sapateiro" (Ary Barroso), com o baixão delirante e muito groove, destacando o vozeirão rouco de Dom (da dupla Dom & Ravel), cantando em inglês (que swing), único single da bolacha, e também os rockaços com as vozes do grupo Som Beat, Carlinhos e Haroldo, em  "Shake, Rattle & Roll" e "Judge Baby, I'm Back" (Carlinhos) e "The Funky Judge" (Haroldo). Mas é no instrumental que o bicho pega, vide a excepcional versão de "Kool and the Gang", ou o espetáculo sonoro de "The Gangs Back Again" e "Sock It to 'Em J. B.", ambas com Manito mandando ver no solo de saxofone. Queria muito descobrir quem é o baixista neste disco, infelizmente não consta nos créditos da contra-capa. O cara toca demais, e não creio que seja Manito. O piano e o órgão são os instrumentos centrais de "Tuck's Theme" e "Samuray", e claro, Manito está tocando muito em todas elas. Destoam somente a Santaniana "Bailamos Boogaloo", que não é uma faixa ruim, mas é bem abaixo das demais, e a baladaça "Raindrops Keep Fallin' On My Head", com Manito brilhando ao saxofone e uma bela orquestração a cargo de Chiquinho de Moraes. Um disco que deveria ser mais conhecido e citado entre as grandes obras da música nacional.

1. Na Baixa Do Sapateiro

2. Shake, Rattle & Roll

3. Kool And The Gang

4. The Funky Judge

5. Bailamos Boogaloo

6. Sock It To 'Em J.B.

7. Samuray

8. Judge Baby, I'm Back

9. Tuck's Theme

10. Raindrops Keep Fallin' On My Head

11. The Gangs Back Again

12. You've Made Me So Very Happy

Som Nosso De Cada Dia - Snegs [1974]

Antes de gravar esse álbum, Manito fez brevemente parte dos Mutantes de Sérgio Dias, substituindo nada mais nada menos que Arnaldo Baptista. Os dias como mutante foram poucos, e logo ele retomou uma parceria com Pedrão Baldanza e Pedrinho Batera, gravando talvez o disco mais versátil da sua carreira, e também o mais cultuado dentre os aqui apresentados. Snegs é uma aula de rock progressivo a ser descoberta pelo mundo. Em especial, nosso homenageado está endiabrado nos mais diversos instrumentos, vide o ápice com os solos de moog, sintetizadores e violino da Maravilha Prog "Sinal da Paranóia", sendo que o solo de violino é para abrir um sorriso de ponta a ponta na face de Jean Luc-Ponty. Ao longo dos 45 minutos do álbum, Manito desfila sua arte principalmente nos teclados, mas também chama a atenção o casamento vocal perfeito com o de Pedrão em faixas como as delicadas "Snegs de Biufrais" e "Direccion de Aquarius". Destaco ainda o experimentalismo de sintetizadores, moog e hammond na complexa seção instrumental de "Massavilha", onde Manito é um espetáculo a parte, a participação essencial do moog e do hammond em "Bicho do Mato", e principalmente "O Som Nosso De Cada Dia", com uma fantástica introdução levada pelos ágeis dedos de Manito, assim como um belo solo de saxofone e bases viajantes de hammond, o que acontece também na introdução e nas bases emotivas ao hammond para "A Outra Face", com mais um grande solo de hammond e também de saxofone. Um dos melhores discos do rock nacional, e para mim, a obra prima de Manito. 

Manito (saxofone, teclados, violino), Pedrão (viola, baixo e vocal), Pedrinho (bateria e vocal) e Marcinha (coro)

1. Sinal da Paranóia

2. Bicho do Mato

3. O Som Nosso de Cada Dia

4. Snegs de Biufrais

5. Massavilha

6. Direccion de Aquarius

7. A Outra Face

Zé Ramalho - Força Verde [1982]

Depois de sair do Som Nosso de Cada Dia, Manito fez registros junto com Rita Lee e a Tutti Frutti (Fruto Proibido e Babilônia) e se afastou da música durante um tempo, até ser redescoberto por Zé Ramalho em 1982, neste discaço. Apesar de não participar de todas as músicas, Manito faz o trabalho crucial de Midas naquelas onde ela toca. Assim, o cara vem com seus dois principais instrumentos, saxofone e órgão, em apenas três faixas, o suficiente para colocar este álbum aqui. Com o saxofone barítono, faz importantes inserções e um emocionante solo na polêmica faixa-título (veja por que aqui), da qual destaco também o belíssimo arranjo de cordas, assim como as bonitas passagens do alto-saxofone durante "Visões de Zé Limeira Sobre O Final Do Século XX". Porém, o ápice vai para o incrível solo de hammond de "Eternas Ondas", relembrando a virtuosidade de "Czardas" acompanhando um magistral arranjo vocal (que inclui, entre outras, a voz brilhante de Jane Duboc), e que faz desta canção facilmente um Top 3 de toda a obra de Manito. Com o bardo paraibano, ainda gravou Orquídea Negra (1982) e Por Aquelas Que Foram Bem Amadas Ou Pra Não Dizer Que Não Falei De Rock (1984), mas sem ter o status que atingiu em Força Verde, um dos melhores discos do paraibano (se não o melhor). 

Zé Ramalho  (violão, voz, arranjos); Luiz Paulo Simas (Órgão em 3, 8, piano em 1, 2, 4, 5, 6, 9); Chico Julien (baixo); Rui Motta (bateria); Herman Tôrres (viola de 12 cordas em 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9), Manassés (viola de 12 cordas em 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9)

Coral Do Joab (Backing Vocals em 2 e 7)
Cordas em 1, 5, 7, 9: 

   Cello – Alceu de Almeida Reis; Jaques Morelenbaum; Marcio Mallard 

    Viola – Arlindo Penteado; Frederick Stephany; Hindemburgo Pereira; Nelson Macedo Baptista

    Violinos – Aizik Geller; Alfredo Vidal; André Charles Guetta; Carlos Eduardo Hack; Paschoal Perrota; Giancarlo Pareschi; Jorge Faini; José Alves; José Dias de Lana; João Daltro; Virgílio Arraes;  Walter Hack

Marinês (vocal principal em 5)

Claudinha Telles; Jane Duboc; Miram Perachi (Coral em 1, 4, 6)

Sivuca (Sanfona em 3, 5, 8, 9)

Ubiratan Silva (Congas em 5, 6)

Waldemar Falcão (Flauta em 3, 4, 5, 6, 8)

Ubiratan Silva (Ganzá em 2, 3, 7);  

Zé Gomes (Pandeiro em 3 e 6, Ganzá em 1)

Cícero (Percussão em 3, Zambumba em 5 e 6)

Aurélio (Saxofone em 3, 6)

Zé Nogueira (Saxofone em 3, 6)

Zé Leal (triângulo em 3, 5, 6, 9)

Moisés (trombone em 3, 6)

Bidinho (trompete em 3)

Marcio Montarroyos (trompete em 3)

Rafael Baptista (violão de 7 cordas em 10)

Geraldo Azevedo (violão em 10)

Braz Limongi (Oboé em 7)

Celso Porta (flauta em 9)

Franklin (flauta em 9)

Paulo Guimarães (flauta em 9) 

Ricardo Pontes (flauta em 9)

Bruno (Fagote em 10)

1. Força Verde

2. Eternas Ondas

3. O Monte Olímpia

4. Visões De Zé Limeira Sobre O Final Do Século XX

5. Banquete De Signos

6. Pepitas De Fogo

7. Beira-Mar - Capítulo II

8. Os Segredos De Sumé

9. Amálgama

10. Cristais Do Tempo

Camisa de Vênus - Duplo Sentido [1987]

O disco de (então) despedida do Camisa de Vênus conta com a mão de Manito em diversas faixas. Em especial, ele surge em um estilo totalmente diferente do que acostumamos antes no punkzaço "Após Calipso", onde usa saxofone, fazendo um solo quase free jazz, flauta, com dois solos bem virtuosos, e violino, com um breve e violento solo final, mostrando que um cara que tem talento consegue colocar instrumentos de sopro e cordas até no punk. Ao mesmo tempo, Manito usa o saxofone no solo de encerramento do rock "Chamam Isso Rock And Roll", no solo da introdução e central do bluezão "Me Dê Uma Chance", importantes passagens no clássico "Muita Estrela, Pouca Constelação", com a eterna participação de Raul Seixas, que acabou alavancando bastante o álbum, no solo/dueto com a guitarra do Post-Punk "O Suicídio Parte II", outro estilo bem "estranho" ao que conhecemos na carreira de Manito, e órgão hammond em "A Canção Do Martelo (Hammer Song)", faixa de Alex Harvey e sua Sensational Alex Harvey Band, ícone da Glam Rock, e que aqui ganha tons dramáticos. Enra justamente pelos estilos inusitados aos quais Manito está incubido de tocar, e o faz com maestria. 

Marcelo Nova (vocais), Gustavo Mullen (guitarras), Karl Hummel (guitarras), Aldo Machado (bateria), Robério Santana (baixo)

Vera Natureza, Maria Aparecida de Souza (Cidinha), Rita Kfouri e Nadir: vocais de apoio

Manito: Saxofone, Hammond, flauta e violino

Sérgio Kaffa (piano)

Chiquinho Brandão (serrote)

Luiz Carlos Batera (percussão)

Mica Griecco (harmônica)

1. Lobo Espiatório

2. O País Do Futuro

3. Ana Beatriz Jackson

4. Vôo 985

5. Após Calipso

6. Me Dê Uma Chance

7. Deusa Da Minha Cama

8. Chamam Isso Rock And Roll

9. Muita Estrela, Pouca Constelação

10. O Último Tango

11. O Suicídio Parte II

12. Chuva Inflamável

13. Enigma

14. Farinha Do Desprezo

15. A Canção Do Martelo

16. Aluga-se

17. Canalha

* Bônus Track: Como um bônus, fica também esse inacreditável duelo percussivo de Manito e Netinho, gravado para um especial da TV Cultura de 1972.




segunda-feira, 2 de maio de 2011

Podcast Grandes Nomes do Rock #17: Mutantes



Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)
O podcast da Consultoria do Rock essa semana abre espaço para uma das mais importantes (se não a mais importante) banda de rock do Brasil, o grupo paulista Mutantes. Especialmente para você, ouvinte do podcast e leitor do blog, traçaremos os principais fatos da carreira do grupo, apresentando canções não tão famosas da carreira do grupo, onde exploraremos desde a fase inicial com o grupo participando como acompanhante de diversos artistas no final dos anos 60, até a fase progressiva dos anos 70, e também artistas relacionados ao grupo, com muitas raridades e surpresas.



O embrião dos Mutantes foi o grupo O'Seis. Na São Paulo do início dos anos 60, o rock and roll era muito cultuado pelos jovens da cidade, os quais tinham acesso a inúmeras bandas, como Beatles, Stones e Elvis Presley. Quem tinha um pouco mais de dinheiro conseguia os vinis e compactos diretamente da Europa. Este era o caso de Rita Lee (vocais, percussão, flauta), e da família Baptista, os quais tinham três filhos: Cláudio, Arnaldo e Sérgio, que viviam em função dos LPs vindos da europa e Estados Unidos.

Six Sided Rockers: Raphael, Mogguy, Serginho, Rita e Arnaldo

Outros garotos e garotas da região curtiam o rock'n'roll, e formavam suas bandas. Duas delas se fundiram para formar O'Seis: o Wooden Faces, formado por Arnaldo no baixo, Cláudio na guitarra, Raphael Villardi na guitarra e Luiz Pastura na bateria, cujo nome inicial era The Thunders e cujas músicas basicamente incluíam no repertório The Ventures e Duanne Eddy; e o Teenage Singers, grupo vocal basicamente formado por garotas, composto por Rita, Suely, Jean e Beatrice. A fusão se deu devido a namoros internos, e quando em um ensaio, o pequeno Sérgio  Dias Baptista (Serginho Dias) tocou guitarra com pouco mais de 14 anos em um ensaio do quinteto, foi efetivado como guitarrista solo do grupo, nascendo O'Seis com Serginho, Arnaldo, Rita, Sueli, Villardi e Pastura, surge a Six Sided Rockers, que em pouco tempo virou O'Seis.

O único registro do O'Seis

Em 1966 a banda lançou seu primeiro e único compacto, que contava com a fantástica "O Suicida" de um lado e "Apocalypse" do outro. A letra de "O Suicida" é uma jóia rara na música brasileira da década de 60. Enquanto a maioria dos artistas cantavam temas relacionados ao amor, "O Suicida" trazia uma letra depressiva, de um paulistano que resolve se suicidar no Viaduto do Chá.  A letra de "Apocalipse" trata de outro tema forte, a loucura, nesse caso de um cidadão que destrói o mundo ao seu redor e depois arrepende-se por ver que ficou sozinho. O compacto foi um fracasso comercial, e O'Seis não passou disso.


O trio que virou a música brasileira de ponta cabeça: Rita Lee (acima), Arnaldo Baptista (esqerda) e Sérgio Dias (direita)
O grupo acabou se desintegrando principalmente por que o empresário do O'Seis era um cidadão chamado Toninho Peticov. Arnaldo ficou muito insatisfeito com a produção e com o trabalho de Peticov, e já havia feito um contato com outro empresário, Asdrúbal Galvão. Arnaldo, Rita e Serginho assinaram um contrato com Galvão, excluindo Mogguy e Pastura. Ao saber da decisão dos demais integrantes, Villardi pulou fora e disse não confiar em Galvão, e também porque o guitarrista era namorado de Mogguy. 

Enfim, meses depois nascia Os Mutantes. Galvão acabou sendo um dos responsáveis pelo nome da banda. Ele havia sugerido dois nomes: Os Bruxos e Os Mutantes. Ronnie Von colocou o nome de Os Bruxos em sua banda, ficando   então Os Mutantes para o jovem trio. Ronnie também foi o responsável pelo batizado do grupo na parte de gravação, que viria a ser no álbum Ronnie Von No 3, além de tornar a banda uma das atrações de seu programa de TV, "O Pequeno Mundo de Ronnie Von", da Rede Record.  

Delirando em Sampa (1968)
Em 1967 o diretor da emissora resolve desmantelar a programação do canal, o que fez com que Os Mutantes saissem de lá, voltando sua participação para os bons e velhos festivais que ocorriam na época. Em um deles conhecem o maestro Rogério Duprat, além dos Baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil. 
A proximidade foi imediata, e Os Mutantes viraram a banda de apoio de Gil, interpretando várias canções em diferentes eventos, mas a imagem mais famosa seria a de Serginho empunhando uma guitarra elétrica no III Festival da Música Popular Brasileira durante a canção "Domingo No Parque", deixando a platéia e o júri furiosos com tamanha atitude.

Em 1968 a banda participa de quatro faixas do álbum A Banda Tropicalista de Duprat, "Canção Pra Inglês Ver/Chiquita Bacana", "The Rain, The Park and The Other Things", "Cinderella-Rockfella" e "Lady Madonna", com destaque especial para "Lady Madonna", já que a mesma ficou muito similar a versão dos Beatles; e também no álbum "Tropicália ou Panis Et Circensis", nas faixas "Panis Et Circensis", "Parque Industrial" e "Hino Ao Senhor do Bonfim".

Estreia dos Mutantes, vinil esencial em qualquer discografia de rock nacional
Nesse mesmo ano lançam seu primeiro álbum, Os Mutantes. Na época o disco   não fez muito sucesso, mas hoje em dia é considerado pela crítica especializada como um dos 50 discos mais inovadores da história, segundo a revista MOJO, ficando na frente de nomes como Beatles, Pink Floyd e Frank Zappa. Além disso, foi eleito pela revista Showbizz como um dos 10 melhores álbuns do rock nacional de todos os tempos, ficando na quinta colocação. 


Estreia de Dinho na bateria dos Mutantes (acima) e contra capa do mesmo álbum (abaixo), com Rita e seus "seis dedos".
A banda ainda participou de faixas dos álbuns de Gil e Caetano antes de, em 1969, lançar seu segundo disco. Agora retirando o artigo "Os" do nome, Mutantes chegou as lojas escandalizando a sociedade paulista e brasileira, já que Rita aparece na capa do disco vestida de noiva, mas com um detalhe: uma noiva grávida (forte para os padrões culturais da época). Na contra-capa, temos os integrantes fantasiados de ETs, sendo que Rita esta com seis dedos.

 A contribuição de Duprat nesse álbum diminuiu consideravelmente, mas o que não diminuiu o trabalho dos garotos, pelo contrário, eles já estavam prontos para galgar horizontes maiores, contando agora com o baterista Dinho "Du Rancharia" Leme. O sucesso de seu segundo álbum, regado com as diversas participações em festivais, fizeram com que Rita Lee se tornasse uma musa para os fãs, chamando a atenção também de diversas gravadoras.

Em Mutantes, estão clássicos como "Don Quixote", "Mágica", "Qualquer Bobagem", "Rita Lee", "Caminhante Noturno" e a colaboração com Tom Zé, "2001". Além disso, a canção "Algo Mais" acabou sendo utilizada  em diferentes propagandas televisivas da gasolina shell, onde Rita, Sérgio e Arnaldo são os protagonistas.
Compacto de Caetano Veloso com participação dos Mutantes (1968)
Nos festivais, os Mutantes começaram a ganhar notoriedade desde o início, como citado na primeira parte. Em 1968 eles acompanharam Caetano na interpretação de "É Proibido Proibir", no II Festival Internacional da Canção, organizado pela Rede Globo. No mesmo festival eles defenderam uma canção própria da banda, no caso "Caminhante Noturno", o que gerou certas turbulências para a emissora, já que diversos compositores enviaram um abaixo-assinado para a mesma protestando contra a participação dos Mutantes. 

"Dom Quixote" foi defendida no IV Festival da Música Popular Brasileira, organizado pela Record, e contou com a participação do grupo Anteontem 56 e meio, o qual era o embrião da famosa Joelho de Porco. A banda ainda registraria o compacto "Glória Ao Rei dos Confins do Além", em 1968, e faria uma ponta no filme "As Amorosas", onde interpretaram "Misteriosas Rosas Brancas" e "O Tigre", sendo que Rita teve um papel de, digamos, destaque em comparação aos demais integrantes dos Mutantes.

Mutantes em festival de 1970 (já com Liminha, a direita, sentado)
Após o lançamento de Mutantes, foram convidados a participar de uma feira na França, onde apareceram até na TV do país, agora contando com o novo integrante, Dinho, na bateria. 
Ando Meio Desligado ou A Divina Comédia, com o túmulo de isopor (acima) e a polêmica contra-capa do mesmo álbum (abaixo)
A passagem pela França influenciou direto os garotos, que voltaram a mil para o Brasil, lançando o antológico e marcante A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado. Já na capa, uma visão do inferno de Dante, com Arnaldo saindo de uma tumba feita de isopor e com muito gelo seco, mais uma ideia do irmão Cláudio. Nos sulcos do vinil, os Mutantes começavam a mostrar cada vez mais a evolução individual de cada um, com Arnaldo concentrando-se em novos sons para os teclados e com Sérgio fazendo solos cada vez mais elaborados.


Os grandes destaques desse LP ficam por conta de "Ando Meio Desligado", "Meu Refrigerador Não Funciona", "Desculpe Babe", "Ave Lúcifer", "Haleluia" e "Oh! Mulher Infiel". O grupo fez uma debochada versão para a clássica "Chão de Estrelas" (de Silvio Caldas e Orestes Barbosa), e acabou gerando problemas com a conservadora sociedade brasileira, que acabou destruindo diversas cópias do vinil em praça pública, alegando que tal obscenidade com um clássico da canção popular brasileira não poderia ser admitido.

Antes disso foi lançado o primeiro trabalho solo de Rita Lee. "Build Up" tem a participação dos Mutantes em todas as faixas, mas, perto do que eles haviam feito com A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, é um álbum relativamente fraco.


Se em A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado os Mutantes rasgaram o cordão umbilical que os prendia a sua carreira inicial, foi em Jardim Elétrico que se tornaram respeitados também como músicos. O álbum começou a ser gravado em uma nova incursão pela França. A ideia era lançar os Mutantes como banda também na Europa, fazendo então um álbum totalmente voltado para a indústria fonográfica européia. O problema barrou na falta de critério para a seleção das músicas, bem como na falta de apoio financeiro para os integrantes (que agora já eram cinco) permanecerem na França. O álbum ficou engavetado por anos, sendo lançado somente em 2000 com o nome de Tecnicolor.
Mutantes em Paris: Arnaldo, Sérgio, Rita, Dinho e Liminha
Voltando ao Brasil, participaram do Som Livre Exportação e excursionaram por várias cidades do país, além de estarem cada vez mais envolvidos com o LSD. Nessa época decidiram criar uma "comunidade mutante" na serra da cantareira (o que viria a ser copiado depois pelos Novos Baianos), onde passaram a se chapar e ensaiar (não nessa mesma ordem) direto. O ponto de extase era tão grande que certo dia o caminhão de som da banda pegou fogo e eles nem perceberam. Enfim, no início de 71 lançam o álbum Jardim Elétrico, com os cinco integrantes posando na contra-capa. O álbum traz algumas canções gravadas na França ("Vírginia", "El Justiciero" e " Tecnicolor") e outras compostas já na fase cantareira, destacando "Top Top", "Portugal de Navio", "Benvinda" e "Jardim Elétrico".
Jardim Elétrico foi uma pedrada nos críticos, que diziam que os Mutantes era somente Rita Lee. Arnaldo está impecável nos teclados e Serginho nas guitarras, enquanto a cozinha, com Liminha e Dinho, funcionou muito bem. Rita se tornava cada vez mais "um membro" da banda, sendo que o seu único talento realmente era a voz.

Com o passar do tempo na Cantareira, os Mutantes decidiram se embrenhar em uma turnê pelas cidades do interior de São Paulo, munidos de seus instrumentos e de um ônibus. Esses shows começaram em Guararema (onde foram tiradas as fotos que aparecem no segundo álbum solo de Rita) e passaram por mais algumas cidades.
O excelente Mutantes e seus Cometas no País dos Bauretz
Após essa rápida turnê, a banda gravou seu quinto e mais controverso álbum, Mutantes e seus Cometas no País dos Baurets, no início de 1972. O disco já começou a ter problemas de cara com a censura, que podou a faixa "Cabeludo Patriota", a qual teve o nome alterado para "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer".  Além disso, o álbum mostrava que, com exceção de Rita, os Mutantes estavam sendo guinados para a nova vertente musical que crescia na Europa, o rock progressivo, sendo influenciados diretamente por Yes e Pink Floyd.
Descontente com o que estava acontecendo, não só com a banda mas também com sua vida pessoal (Arnaldo tornava-se cada vez mais agressivo e infiel), Rita passou a projetar sua carreira solo. Ainda em 1972 foi lançado o seu segundo disco, Hoje é o Primeiro Dia do Resto da sua Vida, que também conta com a participação dos Mutantes e é bem melhor que o primeiro. Esse LP tem pérolas como "Tapupukitipa", "Beija-Me Amor" e Superfície do Planeta", mas o que parecia uma realidade acabou tornando-se uma ilusão.

Rita não tinha mais moral nenhuma com a banda. Em uma ida à Europa, voltou com um minimoog e um mellotron, mas quando foi tentar usar em um ensaio virou alvo de chacota por parte dos outros integrantes. Além disso, problemas internos como falta de criatividade, briga com empresários e também os excessos de Arnaldo fizeram com que no final de 72 Rita pedisse o boné (ou os Mutantes dessem o boné para Rita, ninguém sabe realmente o que aconteceu), seguindo uma carreira solo de sucesso, enquanto os demais passaram a dedicar somente a virtuose e ao progressivo, esquecendo o passado de vez. 
Mutantes pós-Rita: Liminha, Dinho, Arnaldo e Serginho (1973)
Antes da saída dos Mutantes, Rita ainda registrou o compacto "Mande um Abraço pra Velha", uma das melhores composições do grupo, que infelizmente ficou reservada à relíquia de colecionadores. Rita partiu dessa pra uma melhor (seguindo carreira com o Tutti Frutti), enquanto os quatro integrantes restantes trancaram-se no estúdio para a realização de uma obra conceitual, o álbum O A E O Z, que originalmente era para ser um álbum duplo com um dos LPs sendo totalmente preenchido pela faixa "O A E O Z". Porém, o disco acaba não sendo lançado devido ao fato de a gravadora da banda considerá-lo anti-comercial (detalhe, o Yes fez o mesmo com Tales From Topographic Oceans e se tornou o disco mais vendido dos ingleses).
Era o ano de 1973 e Arnaldo então saía dos Mutantes, cansado principalmente  dos seus abusos, com problemas de saúde, e foi lançar o maravilhoso Lóki?, onde levou consigo Liminha e Dinho. Por um tempo Liminha e Dinho permaneceram com Serginho e o novo tecladista, o multi-instrumentista Manito. Dinho foi o primeiro a sair, sendo substituído por Rui Motta, enquanto Manito não durou muito também, sendo substituído por Túlio Mourão. 
Sessões para Tudo Foi Feito Pelo Sol. Acima: Rui Motta, Túlio Mourão, Sérgio Dias e Antônio Pedro de Medeiros (1974); abaixo, os mesmos personagens ensaiando no Rio de Janeiro (1974)
A banda entrou em estúdio para a gravação de um novo LP, mas, no meio destes, Liminha saiu, sendo substituído por Antônio Pedro de Medeiros. Com essa formação, lançam em 1974 o álbum Tudo Foi Feito Pelo Sol. Totalmente inspirados por Yes, o álbum já traz de cara uma bela capa, além de músicas muito mais elaboradas e longas. O grupo então passou a dedicar-se mais a shows, os quais, talvez pelo sucesso do progressivo em nossas terras, estavam sempre lotados de fãs ardorosos, mesmo com o álbum não tendo vendido muito. Além disso, os Mutantes viraram uma referência nacional para diversas bandas que começavam a surgir, como Módulo 1000, Som Nosso de Cada Dia, O Peso e Terreno Baldio, sendo sempre convidados para o encerramento de grandes festivais, como o Hollywood Rock de 1975.
Mutantes em Milão: Luciano Alves, Rui Motta, Paul de Castro e Sérgio Dias (1976)
Em 1976 o grupo sofreu uma nova reformulação, agora contando com Luciano Alves nos teclados e Paulo de Castro no baixo, ambos, ex-membros do grupo Veludo Elétrico. Durante esse período, realizaram uma temporada de shows no Museu de Arte Moderna, onde foi registrado o primeiro álbum ao vivo, intitulado somente Ao Vivo. Infelizmente, a gravadora novamente podou o disco, mas dessa vez lançou o mesmo, só que de uma forma diferente do que era previsto (uma versão simples ao invés da versão dupla) e contendo inúmeros cortes nas faixas, que, se no show duravam quase dez minutos, passaram a ter pouco mais de 3 ou 4 na versão final do LP, desagradando a todos. Mesmo assim, o álbum trás um ótimo material (servindo de base para colecionadores buscarem bootlegs dessa época), como "Sagitarius", "Esquizofrenia", "Tudo Explodindo" e a clássica "Rock'n'Roll City".
Os dois álbuns da fase progressiva: Tudo foi Feito Pelo Sol (acima) e Ao Vivo (abaixo)
Serginho seguiu com o grupo até 1978, passando por diversas reformulações. O   último show, realizado na cidade de Ribeirão Preto, acabou sendo registrado no bootleg Transmutation, cobiçado até mesmo na Europa. Serginho seguiu uma carreira solo de não muito sucesso, mas continuou a mostrar seu talento e a ser reconhecido, principalmente nos EUA e na França.

Na década de 80 inúmeros boatos de uma reunião do trio original surgiram, mas os graves problemas de saúde de Arnaldo, bem como o ego de Rita, nos privaram (e privam) dessa improvável reunião.

O álbum perdido: O A E O Z; gravado em 73, lançado 20 anos depois

Nos anos 90 um revival Mutante ocorreu, devido a pessoas como Sean Lennon,   Kurt Cobain e David Byrne, que levaram os álbuns dos Mutantes para o exterior, fazendo com que muitos brasileiros voltassem a ouvir o som do grupo novamente. O disco O A E O Z finalmente foi lançado, porém numa versão mais compacta, com metade das músicas, mas fica claro que o trabalho que a banda realizou no ano de 1973 era muito bom, em músicas como "Rolling Stone", "Ainda Vou Transar com Você" e as três partes da suíte "O A E O Z": "O A E O Z", "Hey Joe" e "Uma Pessoa Só", onde a idéia de um grupo unido é pregado de forma veemente, e o belo trabalho da banda é destaque certo para aquele fã que deseja conhecer o que de bom foi feito no Brasil . Até hoje espera-se o resto da obra, mas poucos sabem o que pode acontecer (ou na verdade o que aconteceu) com o material original.


O álbum gravado na França também foi lançado, no ano de 2000, com o nome de Tecnicolor, trazendo as versões que saíram no "Jardim Elétrico" e mais diversas regravações em inglês para músicas como "Panis Et Circensis", "She's My Shoo-Shoo" ("Minha Menina"), "I'm Sorry Baby" ("Desculpe Baby"), "I Feel a Little Spaced Out " ("Ando Meio Desligado"), entre outras.

Em 2006 o grupo se reuniu para um show comemorando os 40 anos da Tropicália, contando com Serginho, Arnaldo, Dinho e mais Zélia Duncan nos vocais, além dos músicos Henrique Peters (teclados), Simone Soul (percussão), Vinícius Junqueira (baixo), Vitor Trida (teclados, guitarras, viola caipira, baixo), Esméria Bulgari (vocais) e Fábio Recco (vocais).


Liminha e Rita infelizmente não quiseram participar da reunião, que acabou sendo registrada no CD Live At Barbican Center. Após esse show, os Mutantes fizeram uma série de shows pelos Estados Unidos, se apresentando no Webster Hall (Nova Iorque), Hollywood Bowl (Los Angeles), Fillmore (São Francisco), Moore Theatre (Seattle), Pitchfork Music Festival (Chicago) e Cervantes Masterpiece Ballroom (Denver)Ainda em 2006, a gravadora Universal re Ainda naquele ano, a gravadora Universal remasterizou todos os disco da banda dos anos de 1968 e 1976 através das fitas originais.


A volta com Dinho, Zélia Duncan, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista (2007)

Em 25 de janeiro de 2007, depois de quase 30 anos, voltam a se apresentar no Brasil durante o aniversário de 453 anos da cidade de São Paulo, levando mais de cincoenta mil pessoas para o parque do Museu do Ipiranga, começando então uma gigantesca turnê pelo país, arrancando lágrimas de muitos fãs (inclusive quem vos escreve). Em setembro, Zélia, alegando querer dedicar mais tempo para sua carreira solo, e Arnaldo, alegando tempo para projetos pessoais, acabaram saindo do grupo.

Formação dos Mutantes em 2010: Fábio, Sérgio, Bia, Vitor, Dinho, Vinícius e Henrique


Porém, Sérgio e Dinho reformularam os Mutantes. Efetivando Henriqu, Vitor, Vinícius e Fábio, além de adicionar a talentosa vocalista Bia Mendes, o grupo lançou em 25 de abril de 2008 o single "Mutantes Depois", a qual se tornou a primeira composição dos Mutantes a ser gravada depois de trinta anos. A canção foi colocada para download gratuito no site da banda, e esteve presente na trilha da novela Os Mutantes, da TV Record.


Haih ... or Amortecedor, lançado primeiramente apenas no exterior
 
Os Mutantes mostraram ao Brasil e ao mundo como era possível fazer um som excelente em um país tão precário em termo de apoio à cultura, sendo reconhecidos de forma unânime como a maior banda do rock nacional e uma das principais bandas do mundo.
Discos oficiais com Rita Lee nos vocais
Discos, compacto, bootleg e CDs pós-Rita Lee

Algumas raridades relacionadas ao grupo

Track list Podcast # 16 - Easter Eggs / Bonus Tracks *

Bloco 01
Abertura: "Easter Song" [do bootleg Together - 1984 (2nd Chapter of Acts)]
"Overture / It's a Boy" [do álbum Live at Leeds Deluxe Edition - 2001 (The Who)]
"Total Eclipse" [do álbum The Number of the Beast / Printed in Netherlands - 2002 (Iron Maiden)]
"War Pigs" [do álbum Time to Suck - 2001 (Suck)]
"My Babe" [do álbum Little Games Deluxe - 2003 (Yardbirds)]

Bloco 02
Abertura:
"Jam Stew" [do álbum In Rock: 25th Anniversary - 1995 (Deep Purple)]
"Rital" [do álbum Warhorse - 1999 (War Horse)]
"Untitled" [do álbum Malice in Wonderland - 1995 (Paice Ashton Lord)]
"Tommy's Got da Blues" [do álbum Whips and Roses II - 2006 (Tommy Bolin)]

Bloco 03
Abertura:
"Cavaleiros Negros" [do álbum Tudo Foi Feito Pelo Sol - 2006 (Mutantes)]
"Pente" [do álbum Em Busca do Tempo Perdido - 1998 (O Peso)]
"Take Your Time" [do álbum Second Helping - 1997 (Lynyrd Skynyrd)]
"Spending All My Days" [do álbum Blind Faith - 1986 (Blind Faith)]
"Growin' Up" [do álbum Pin Ups - 1990 (David Bowie)]

Bloco 04
Abertura:
"Cool Cat" [do bootleg Rarities - 2001 (Queen)]
"Emotion Detector" [do bootleg Power Windows Tapes - 1999 (Rush)]
"I Will Survive" [do single Christmas Fan Club - 1996 (REM)]
"Cry Baby" [da caixa Box of Pearls - 1999 (Janis Joplin)]

Bloco 05
Abertura:
"Let it Roll" [do álbum Force It - 2008 (UFO)]
"Play the Game" [do álbum Death Walks Behind You - 2009 (Atomic Rooster)]
"Obraz po Bitwie" [do álbum SBB - 2009 (SBB)]

Encerramento: "Watermelon in Easter Hay" [do DVD Live in Barcelona - 1988 (Frank Zappa)]

* As datas correspondem aos respectivos relançamentos dos vinis/CDs
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