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terça-feira, 24 de junho de 2025

Do Pior Ao Melhor: Pink Floyd

Em se tratando de Pink Floyd, uma banda gigante mas uma discografia relativamente curta, fazer uma análise de quais os melhores e piores discos é uma tarefa não muito ingrata. Digo não muita por que é relativamente fácil para mim escolher o melhor e o pior, e até o mesmo o segundo melhor e o segundo pior. Porém, o recheio da lista sim, é bastante complexo. São 15 discos no total (lembrando que só os discos de estúdio entram aqui, mas acabei tendo que incluir Ummagumma por ser mezzo ao vivo mezzo em estúdio), e daí, tirando esses quatro citados, sobram 11 para se degladiarem nas posições

Vamos então a lista Do Pior Ao Melhor disco feito por Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright (e mais Syd Barrett)

15. The Endless River

O 15° disco do Pink Floyd é o 15° dessa lista. Quero ressaltar que chamá-lo de "pior" não necessita dizer que ele é ruim. É um trabalho em homenagem ao falecido Rick Wright, e que resgata canções e improvisos realizados durante a gravação de The Division Bell. O resultado é um álbum praticamente todo instrumental, recheado de longos solos, mas que acaba sendo pouco marcante. As faixas onde Wright se sobressai, como “On Noodle Street", "The Lost Art of Conversation" ou as duas “Allons-Y” são os melhores momentos. Mas no geral, não há uma música que grude, como em todos os demais discos do Floyd, e tão pouco algo que você vá dizer "nossa, isso é animal". É um belo disco, mas só. Se fosse lançado como carreira solo de Gilmour, talvez recebesse mais atenção.

14. A Momentary Lapse of Reason

O retorno inesperado depois de um "longo" hiato de três anos do Pink Floyd foi sem seu líder Roger Waters, e tendo agora David Gilmour como figura central. Ao lado de Mason (e Wright novamente como músico contratado, assim como fôra em The Final Cut), Gilmour cria um novo Floyd, com sua voz aveludada brilhando junto de sua guitarra, e claro, fazendo um progressivo bastante moderno. Eu gosto do disco, destaco boas faixas como a complexa "Sorrow", a baladaça "On the Turning Away", um dos grandes solos da carreira de Gilmour, e o mega-sucesso "Learning to Fly", que coloca os vocais femininos em destaque. Porém é difícil aturar "The Dogs of War", "Terminal Frost", as duas "A New Machine" e "Yet Another Movie / Round And Round". A eletrônica "One Slip" até curto, mas para Pink Floyd, é uma música bem aquém. Em um disco 50% bonzinho, e 50% brabo de ouvir, penúltima posição até que é lucro.

13. More

Agora começa a complicar. Cada disco a seguir poderia mudar facilmente de posição (com exceção do primeiro), e More acaba abrindo essa sequência. É uma trilha sonora, o que nos leva a ouvir com uma atenção diferente, mas é inegável que não há como não se surpreender com o peso de "The Nile Song" e "Ibiza Bar", ou o jazz fusion de "Up The Khyber", uma das mais subestimadas faixas dos caras. Por outro lado, os violões de "Cirrus Minor" e '"Green is the Colour", com o órgão de Wright brilhando na primeira, e o piano na segunda,, dão ainda mais charme para a obra. Só que "A Spanish Piece", "Crying Song", "Main Theme" e "Party Sequence" são justificáveis apenas para trilha sonora mesmo. E "Quicksilver" é muita viagem e demasiada longa. Uma pena, por que as músicas boas aqui realmente são muito boas. 

12. Ummagumma

O disco ao vivo e o disco de estúdio ficam na rabeira muito mais pelo estúdio do que pelo ao vivo. Três das quatro faixas caught in the act são excelentes amostras do que o Floyd fazia no final dos anos 60 e início dos 70, sendo "Astronomy Domine" uma das minhas músicas favoritas da banda na versão aqui registrada. "Careful With that Axe, Eugene" é alucinante, e "A Saucerful of Secrets" é simplesmente de chorar, numa das melhores performances de Wright e Mason. "Set The Controls for the Heart of the Sun" já considero mais aquém das demais, e então, ao entrar no álbum de estúdio, é difícil aproveitar algo realmente bom dali. Claro, eu curto "Grantchester Meadows" e algumas das partes de "Sysyphus" e "The Narrow Way", mas é muito pouco para qualificar o álbum em uma posição maior. E nas demais faixas, muito do que acabamos ouvindo é realmente pura experimentação. Assim como More, não entra no Top 10 hoje, mas, oscila bastante na margem de erro para ficar no máximo na décima posição.

11. The Wall

Por mais que The Wall seja tido por muitos como uma obra-prima do Pink Floyd, não é o caso nas minhas audições. Claro, é um belo disco, sem sombra de dúvidas, mas a história talvez seja melhor que o disco, e as melhores músicas do álbum acabaram ficando melhores ao vivo do que aqui (preciso dizer quais são???). The Wall é um disco que ou você ouve inteiro concentrado na história, ou passa por faixas fracas como "Vera", "Stop", "Bring the Boys Back Home" entre outras, achando que é só músicas soltas, e que "Comfortably Numb" e "Another Brick in the Wall" são também faixas nada a ver com o contexto geral do roqueiro Pink. Para desentendidos, um disco com boas músicas acolá. Para um fã como eu, uma baita história, mas que musicalmente funcionou melhor ao vivo.

10. The Piper At Gates of Dawn

A estreia da banda é pura psicodelia. Até é meio que injusto tentar comparar o que o Floyd faz em The Piper at Gates of Dawn com os demais discos do grupo. Nada aqui vai soar parecido com o que os britânicos fizeram depois, culpa única e exclusivamente da presença de Syd Barrett. Uma das melhores estreias de todos os tempos traz pedradas como a citada "Astronomy Domine", "Take up Thy Stetoschopy and Walk", "Bike", "Scarecrow", entre outras, e fico sempre me perguntando onde a mente doentia e alucinada de Barrett teria levado o Floyd caso ele continuasse na banda? Talvez a uma das mais de centenas de bandas obscuras que a Londres pariu entre 1965 e 1968. 

9. Obscured By Clouds

Esta foi a última trilha sonora totalmente composta pelo Pink Floyd,  e em comparação com More, é um disco melhor. O Floyd capricha nas canções instrumentais, com destaque para a pesada "When You're In", a delicadeza de "Burning Bridges" e "Mudmen", e a sensacional "Stay", na qual o Floyd aprimora suas composições mais lentas com primor. Gosto das viagens da faixa-título e das experimentações sonoras nos teclados de "Childhood's End" e "Absolutely Curtains", e terminando esse texto, é evidende como Wright foi era um membro fundamental para criar o som tradicional que consagrou o Floyd, mesmo sendo os pilares centrais a guitarra de Gilmour e as letras de Waters. Obscured by Clouds acaba não soando como uma trilha sonora, mas como uma brincadeira de estúdio feita pelo grupo, e mesmo sendo discutido entre os fãs sobre sua qualidade, considero sim um belo disco, que como seus antecessores nessa lista, talvez merecesse uma posição melhor. 

8. The Division Bell

Quando o Pink Floyd "voltou" em 1993, ninguém sabia o que esperar. Ainda mais que agora, depois de todo o litígio entre Waters e Gilmour, Wright voltava a ser membro oficial. Ao lado de Mason e Gilmour, criam o excelente "disco azul", que amadurece e melhora as obras confusas e fracas de A Momentary Lapse of Reason (AMLOR), e dão uma nova cara para a banda, a cara rechonchuda e com biquinhos na boca de Gilmour. Surgem então canções suaves e bonitas, com andamentos leves, como “Coming Back to Life”, “Lost for Words” e “Poles Apart”, onde Gilmour brilha nos solos, assim como na belíssima instrumental "Marooned". Apesar de terem faixas ainda comercias e que remetem a AMLOR ("What do You Want From Me" e "Take it Back" em especial), aqui está uma das melhores faixas da carreira dos caras, "High Hopes". Em muito tempo Gilmour não havia criado nada similar a esta faixa, e ainda hoje não fez algo similar. Disco muito bom, e que ainda hoje soa surpreendente.

7. A Saucerful of Secrets

Bah, pior que eu gosto desse disco. É a psicodelia londrina preparada com novos temperos, que levam ao nascimento do progressivo meses depois, e aqui sendo preparada com uma qualidade rara. O disco é praticamente perfeito nesse quesito, vide faixas maluquetes como "Corporal Clegg" e "Remember a Day". É o Floyd Barrettiano (Barrett está em "Jugband Blues", sua última faixa com o grupo), mas caminhando para níveis maiores e melhores, criando coisas visionárias como a faixa-título, assombrosa e delirantemente fantástica, com usos de instrumentos como xilofone, o órgão carregado de efeitos de Wright e muita percussão, além de Gilmour fazendo misérias junto de um coral dramático e espetacular. E também se preparando para a nova - e melhor - fase com as experimentações de "See-Saw" e "Set the Controls for the Heart of the Sun". Belíssimo e injustiçado disco, que talvez pudesse estar num Top 5. Se bem que a concorrência agora é ainda mais complicada ...

6. The Dark Side of the Moon

Já vi que está chovendo pedras e facas lá fora, mas não, The Dark Side of the Moon está longe ser meu disco favorito do Pink Floyd. Óbvio que gosto do disco, óbvio que ele é incrível, mas há cinco discos da banda que considero melhores que este. E sabe por que? Por que não sou tão admirador assim dos clássicos que estão aqui. "Time" e "Money" meio que encheram o saco já (assim como "Another Brick in the Wall part II"), e as instrumentais não contribuem muito para eu curtir DSOTM como deveria. Apesar de ter "The Great Gig in the Sky" e "Us And Them", duas das minhas favoritas da carreira do grupo, no todo acho que o disco ainda está abaixo dos cinco que virão. Tomates e ovos podres chegando em 3, 2, 1 ...

5. Wish You Were Here

Agora é briga de facão. Se os anteriores já poderiam ocupar essas posições até a quinta, daqui até o pódio é muito, mas muito difícil dizer qual o melhor. Coloco Wish You Were Here na quinta posição muito por que, assim como "Another Brick in the Wall pt. II" e "Time", cansei da faixa-título. Mas por outro lado, "Shine On You Crazy Diamond" em sua totalidade é uma obra-prima que dá muitos pontos para o disco, complementando por uma pancada do porte de "Have a Cigar" e as viagens nos teclados de "Welcome to the Machine". Um disco que é uma paulada, e que deve ser ouvido com toda a calma e beleza que cada acorde dessas canções entregam ao fã.

4. Animals

Um discaço quase que completo. "Dogs" é uma paulada que impressiona a cada minuto, com viajantes teclados e um Gilmour inspiradíssimo. "Sheep" e "Pigs (Three Diferent Ones)" seguem os mesmos caminhos, porém agora com Waters se destacando junto de Wright, e se fossem apenas essas três épicas faixas, Animals talvez estivesse uma ou duas posições acima. Afinal, é um peso descomunal para um grupo prog, mas com muitos trechos viajantes e extremamente sensacionais. Porém, a ideia de Waters ganhar mais uma $ e colocar duas "Pigs on the Wing" no início e no fim do disco acaba contribuindo negativamente na qualidade do disco. Então, quarto lugar para ele.

3. The Final Cut

Muita gente diz que é um álbum solo do Waters, mas o nome na capa (ou no selo) é Pink Floyd, e tem David Gilmour e Nick Mason, e o melhor, o disco funciona. Desde que ouvi a primeira vez The Final Cut me impactou. A dramaticidade que Waters carrega em sua interpretação vocal me agrada muito, e a obra toda, contando sobre como a guerra afeta a vida de uma pessoa, funciona muito bem. Aqui não há uma música em específico a se destacar, mas o conjunto total das canções, na qual justamente a que ficou mais popular, "Not Now John", é a que destoa das demais (tipo um "Under Pressure" para o Hot Space). Se fosse para escolher três só três canções que amo aqui, apresentaria “Your Possible Pasts”, “The Fletcher Memorial Home” e a faixa-título, principalmente pelas colaborações primorosas dos solos de Gilmour. Quem critica o disco por não existir nele o Pink Floyd de outrora, na verdade é uma viúva marota de Gilmour. Top 3 tranquilo.

2. Meddle

Seguindo o excelente momento de criatividade do quarteto, Meddle veio como um disco de transição em relação a fase do fim dos anos 60. As explorações musicais ainda estavam presentes, vide a grande suíte "Echoes" que ocupa todo o lado B do vinil. Porém, o lado mais comercial começava a surgir em canções amenas como "San Tropez", "A Pillow of Winds" e "Fearless". Fazendo o cercamento dessas faixas, a imortal e pesada "One of These Days" e o hilário blues de "Seamus". O Floyd foi ao seu limite dentro dos estúdios, levando um cão para gravar uma canção, mas ao mesmo tempo encontrou os caminhos musicais que o levaram a criar Dark Side of the Moon e se tornar um gigante mundial. Tudo começou aqui.

1. Atom Heart Mother

Podem me chamar de louco, mas esse é o verdadeiro Pink Floyd. Cada membro contribuindo equanimemente para criar músicas fantásticas, e que me representam o que os britânicos tinham de capacidade para juntos, propiciarem alegrias aos ouvidos. A suíte da faixa-título é o suficiente para garantir um Top 3, mas o Floyd cria peças incríveis chamadas "Summer '68" e "If", daí é Top 2. Com a delicada "Fat Old Sun" e os experimentalismos de "Alan's Psychedelic Breakfast", aí é topo do pódio fácil. Sem mais o que falar, colocar ele na primeira posição indica que este é também um dos melhores discos de todos os tempos, e se fosse eu professor de Artes, levaria fácil para a sala de aula. Obra prima!

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Minhas 10 Favoritas do Pink Floyd


Começo hoje uma nova coluna aqui. Ouvindo frequentemente meus discos, após mais de 35 anos colecionando, certo dia me peguei ouvindo Pink Floyd, mais especificamente o Wish You Were Here, e fiquei ali viajando com "Shine On You Crazy Diamond", pensando quanto eu gostava dessa música. Ela me influenciou portanto a criar essa coluna, onde já convido os meus colegas para se unirem, e trazerem suas listas de seus artistas favoritos.

Aqui a ideia não é destrinchar as canções, mas apenas citar quais as dez músicas favoritas de determinado artista, em que álbum ela se encontra (ou se for um single, que assim seja citado) e por que ela é uma de suas favoritas. Seguindo o padrão do Do Pior Ao Melhor, segue então minha lista das 10 canções do Pink Floyd que mais gosto, da décima ao primeiro lugar, e lógico, deixem nos comentários quais as suas listas.

10. "High Hopes" - The Division Bell (1994)

Para mim esta faixa é a última grande criação do Pink Floyd. Gilmour, Wright e Mason fizeram em The Division Bell um álbum muito bom, e "High Hopes" é o seu ápice de beleza. Aquele sino do início junto ao piano de Wright introduzem o que virou um grande clássico, e essencial nas posteriores turnês de Gilmour. A suavidade vocal, o refrão belíssimo e o solo com slide tornam essa faixa ainda mais bela, e fecha minha lista de dez mais podendo, talvez, estar em posições acima.


9. "Take Up and the Stethoscope Walk" - The Piper at the Gates of Dawn (1967)

Pode parecer surpresa para vocês essa faixa aqui, mas ela foi uma das primeiras músicas do Pink Floyd que eu realmente curti, e ainda curto. Inserida no lado B do álbum de estreia do Floyd, o que me chama a atenção e faz ela estar aqui é a crueza da canção, e claro, a viajante sessão instrumental onde Wright, Syd e Mason enlouquecem como nunca antes em suas vidas. É o Floyd psicodélico raiz, como os adoradores de Syd Barrett gostam, conduzidos por um único ser que está consciente ao longo dos 3 minutos da canção, que é o baixo de Waters. E é isso, são apenas 3 minutos de uma insanidade maluca, e que eu adoro!


8. "Us & Them" - The Dark Side of the Moon (1973)

Uma das especialidades do Pink Floyd era criar baladas progressivas marcantes, e "Us & Them" é fácil uma delas. Demorei muito tempo para curtir esta música, mas depois que ela bateu, entrou em minhas favoritas. O dedilhado suave da canção, a interpretação vocal de Gilmour e a participação arrepiante do saxofone de Dick Parry dão todo o charme viajando para uma das mais belas canções que o Floyd já produziu. Oitava posição para ela!


7. "Dogs" - Animals (1977)

Quando ouvi Animals pela primeira vez, fiquei impressionado com a ferocidade de "Dogs". São 17 minutos onde o peso que o Pink Floyd entrega ao ouvinte é muito incomum, e melhor ainda, muito bem feito. Claro que os solos de Gilmour e os viajantes teclados de Wright dão todo o climão viajante que uma música do Pink Floyd precisa ter, tudo isso com uma letra fantástica e um final apoteótico. Tive a oportunidade de ver Waters interpretando ela ao vivo em 2018, em uma das sensações visuais/musicais mais incríveis de minha vida!


6. "Astronomy Domine" - Ummagumma (1969)

Abrindo o álbum de estreia do Floyd está esta faixa, mas a versão que eu gosto é a ao vivo de Ummagumma. E por que? Simples, por que ela é viajante demais, e o momento certo onde o quarteto Gilmour/Waters/Wright/Mason corta seu cordão umbilical junto ao passado lisérgico de Syd, com uma grande interpretação e uma certa homenage ao criador da banda. Os vocais, a guitarra de Gilmour e o alucinante órgão de Wright, além das batidas raivosas de Mason, além do longo trecho de improvisos, dão o toque psicodélico que essa primeira fase do Floyd se tornou tão reconhecida. Musicão perfeitamente para usar um alucinógeno qualquer (até uma ceva serve aqui) e delirar pela casa!

5. "Comfortably Numb" - Pulse (1995)

Se "Us & Them" é fácil uma das baladas mais marcantes do Pink Floyd, "Comfortably Numb" é com certeza A mais marcante. Mas eu não gosto tanto da versão do The Wall como gosto da versão do Pulse. E explico. Nesta apresentação ao vivo, Gilmour parece que se soltou de verdade, e faz do solo um êxtase de arrancar lágrimas. São quase cinco minutos de solo, onde ele usa e abusa da alavanca e bends como poucos têm coragem de fazer. A música, que já é linda naturalmente, ganha ainda mais dramaticidade e beleza graças aos uivos que Gilmour arranca de suas seis cordas, complementado com uma apresentação visual impactante. Versão fantástica, e Top 5 para ela!


4. "Atom Heart Mother" - Atom Heart Mother (1970)

Aaaaaah, Atom Heart Mother. Para mim o melhor disco da banda, e muito por conta da sua faixa-título. Magnífica e perfeita ao longo de suas seis partes e 23 minutos de duração. A presença da orquestra é fundamental para dar mais impacto a esta grande obra, mas não há como não considerar os belos solos de Wright e de Gilmour. O blues no meio da canção, o arrepiante arranjo vocal do coral, e o magistral e épico encerramento da canção são outros grandes momentos de uma obra-prima. Ao vivo, há algumas opções que se aproximam da versão original (principalmente uma registrada somente com o quarteto no Japão e 1971, com Gilmour solando como nunca, assim como a do Hyde Park de 1970 com orquestra, coral, tudo, e que precisam ser lançadas oficialmente), mas a versão de estúdio para mim ainda é a mais poderosa!


3. "The Great Gig In The Sky" - The Dark Side of the Moon (1973)

Tenho uma particular ligação com "The Great Gig in the Sky" que é o desejo póstumo de ser esta canção aquela que deve ser a última tocada no dia da minha cremação (sim, eu tenho uma lista de cinco músicas para alguém deixar rolando enquanto aqueles que gostam de mim se despedem, e vocês irão saber as outras quatro em outros posts). Já ouvi inúmeras versões, e nenhuma delas bate a original de The Dark Side of the Moon. O que Clare Torry faz vocalmente aqui é de arrepiar. Wright conduz a voz da menina com uma delicadeza ímpar, e o crescendo e a coda são de arrancar lágrimas até de um totem. Em 2005 vi a vocalista do The Australian Pink Floyd show band interpretar quase identicamente Clare, fantástico, mas o original é insuperável!


2. "Shine On You Crazy Diamond" - Wish You Were Here (1975)

Só de escrever o nome dessa música já me arrepio. O que coloco aqui é a versão inteira, os dois lados de Wish You Were Here. "Shine On ..." é uma obra-prima sem tirar nem por. A longa introdução no único acorde em Gm que Wright coloca ao ouvinte, a entrada da guitarra de Gilmour abrindo espaço para um solo magnífico, Wright solando no sintetizador, Gilmour solando novamente, um arranjo vocal marcante e outro grande solo de saxofone de Dick Parry estão no lado A, e só isso seria suficiente para a canção estar por aqui. Mas ainda tem o lado B, onde quem manda é Wright, naquela que considero sua melhor performance, com solos e camadas de teclados exclusivos e inesquecíveis. Wright talvez seja o tecladista mais subestimado do rock progressivo, e seu trabalho em "Shine On ..." mostra que ele é sim um dos grandes do instrumento.


1. "Echoes" - Meddle (1971)

"Echoes" desde a primeira vez que ouvi foi com aquela sensação de curiosidade e daquele "puta merda" sendo soltado a cada minuto. A curiosidade vinha de uma descrição que a revista Bizz fazia, dizendo que era uma música simples mas completa (como podia esse paradoxo?), e o "puta merda" sendo soltado é por que ela é surpreendentemente exatamente isto. Cara, "Echoes" é tão simples, mas tão simples, que se torna complexo entender como fizeram algo tão simples em mais de 20 minutos. Que música fantástica, que arranjo, que tudo. Os vocais de Wright e Gilmour encaixados perfeitamente, as sequências de quebradas, os gritos das baleias, o final apoteótico, tudo, tudo em "Echoes" é perfeito, e por isso, primeiro lugar para ela!

terça-feira, 25 de abril de 2023

Capas Legais: Pink Floyd - Ummagumma [1969]

 


O episódio de Capas Legais de hoje resgata a famosa capa de Ummagumma, quarto álbum do Pink Floyd, e que apresenta aos fãs o Efeito Droste, ou seja, uma imagem que se repete de forma infinita. O álbum duplo conta um álbum de estúdio, apresentando apenas canções individuais de cada membro da banda, e o outro álbum é ao vivo, que se tornou o único registro oficial ao vivo do Pink Floyd com Roger Waters. Confira, curta, compartilhe e aproveite também para inscrever-se em nosso canal.



terça-feira, 27 de setembro de 2022

Ouve Isso Aqui: Obras Literárias


Tema escolhido por Anderson Godinho

Com André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Mairon Machado e Marcello Zappellini

Um novo Ouve Isso Aqui agora com nosso novato Anderson recomendando cinco discos baseados em famosas obras literárias. Vários clássicos de seus estilos estão representados aqui e uma surpresa ao final. E aí, gostou das sugestões desses discos conceituais? Faltou algum? Fale conosco na caixa de comentários!


Pink Floyd – Animals [1977]

Anderson: O clássico do Pink Floyd não precisa de apresentação. Vale ressaltar que o álbum se baseia na obra Revolução dos Bichos de George Orwell. Para os que reclamam que o Roger Waters faz música com conotação política atualmente, fica a dica.

André: Mais do que já foi dissecado de toda a discografia do Pink Floyd em todas estas décadas, não creio que tenha muito a acrescentar. A ideia foi baseada na Revolução dos Bichos de Orwell, mas diferente do original que critica o socialismo soviético, o Pink Floyd critica o capitalismo. Em termos de sonoridade, tem tudo aquilo que fez do Pink Floyd a grande banda que sempre foi: solos lindíssimos de Gilmour, letras ácidas de Waters, uma produção marcante e composições finíssimas. Lamento apenas o fato de Richard Wright ter sido meio que descartado da banda a partir daqui, sem nenhuma composição sua exceto os seus marcantes teclados. Curiosamente, é o disco que menos ouvi dessa fase clássica deles, mas graças a esta matéria pude lembrar o que fez dele tão marcante e tão elogiado mundo afora.

Daniel: Uma das melhores bandas da história vivendo seu auge criativo. Tudo que poderia ser dito sobre Animals já o foi e não consigo acrescentar mais nada. Não o ouvia há alguns anos (certamente não o tinha feito desde minha doença) e foi muito emocionante. Disco sensacional e o que o Gilmour faz em “Dogs” beira o inacreditável.

Davi: O Pink Floyd é uma das grandes bandas do rock e, nessa fase, vivia um período brilhante. O grupo havia acabado de lançar 2 de seus melhores trabalhos (os obrigatórios The Dark Side Of The Moon e Wish You Were Here), portanto a expectativa era enorme. Embora não o considere um trabalho do mesmo nível de seus antecessores, é indiscutível a qualidade do disco. Aqui, Roger Waters pega a ideia de George Orwell e utiliza os animais como metáfora de sua crítica. A crítica da banda é direcionada ao sistema capitalista. Contando com poucas faixas em seu tracklist, o grande destaque fica por conta de “Pigs (Three Different Ones)”, onde o músico ataca Margaret Thatcher e Mary Whitehouse.

Mairon: Um dos grandes discos da história da música, Animals é uma revisão muito interessante sobre A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Apesar de Roger Waters não seguir fielmente a escrita do russo, é nítida a influência que o livro trouxe para a criação das três faixas principais de Animals, a espetacular “Dogs”, com um show à parte de David Gilmour, a monstruosa “Sheep” e “Pigs (Three Different Ones)”, e as mágicas intervenções de Wright. Mas essa influência acaba se divagando no conceito das duas obras. Enquanto A Revolução dos Bichos é uma crítica ao Comunismo, Waters aqui senta o pau sem dó no Capitalismo. Musicalmente, um disco perfeito, sendo o que podemos definir de avô do Prog Metal, e conceitualmente, uma obra para ser levada às escolas (inclusive eu e o Anderson fizemos isso em 2017, gerando uma boa discussão com os alunos).

Marcello: Animals é um disco que ouço com certa tristeza. Não pela qualidade do álbum em si, que é excelente, mas porque marcou o fim do Pink Floyd original, substituído pela banda de apoio de Roger Waters, que rendeu o indispensável The Wall e o bem menos instigante The Final Cut. Inspirado em George Orwell e sua “Animal Farm”, o disco é dividido em cinco faixas dedicadas aos porcos (os governantes), os cães (os guardiães) e às ovelhas (a grande massa). “Pigs On The Wing”, dividida em duas partes curtas, e “Pigs”, que sempre me remete ao som mais funkeado de “Money” (daquele disco…), na minha opinião, estão um pouco aquém de “Dogs” (única música composta em parceria por Waters e Gilmour), um dos melhores e mais completos épicos do Pink Floyd, e de “Sheep”. “Dogs” acerta em tudo: da introdução mais suave ao solo maníaco de Gilmour, com as vozes de Waters e Gilmour se alternando na letra, e “Sheep”, por sua vez, está no meu top 10 das melhores músicas do Pink Floyd. Rick Wright brilha na introdução no piano elétrico – a grande contribuição dele ao som do Pink Floyd neste álbum (sempre achei que sem ele, os vocais tratados de Roger Waters estão entre os melhores de sua carreira, e a “adaptação” do Salmo 23 na letra é uma obra-prima de sarcasmo. O final sempre me faz querer voltar ao início da música! Animals foi recentemente relançado em edição remixada, mas ainda não tive oportunidade de ouvir. É uma pena que essa edição não seja caprichada como as boxes de Dark Side of the MoonWish You Were Here e The Wall; conheço alguns shows da turnê de lançamento de Animals em bootlegs e o material é simplesmente sensacional. Infelizmente a terceira guerra mundial (Waters x Gilmour) está longe de acabar, e os dois não conseguiram sequer se entender a respeito dos textos do encarte, o que atrasou o relançamento do álbum; com uma situação dessas, as possibilidades de lançarem material inédito dessa época se foram.


Blind Guardian – Nighfall in Middle-Earth [1998]

Anderson: Se alguém ainda não sabia, o que acho difícil, o Blind Guardian é uma banda que ama as obras de Tolkien. Os caras usam de inspiração, usam personagens, usam cenário, usam o que puder sem vergonha de ser feliz. É uma veneração. Nesse álbum a obra The Silmarillion, que de modo amplo, trata de diferentes eventos ocorridos na ‘Terra Média’, região do universo criado por Tolkien. Fazendo jus a extensa densidade e diversidade abordada nos contos de ‘O Silmarillion’ o álbum tem quase uma hora de duração e uma grande diversidade de sonoridades. Só pelo quilate dos clássicos presentes da pra ter noção da importância desse álbum, não só pra banda, mas para todo gênero Power Metal. Temos “Into the Storm” que abre na paulera após uma intro épica, e ainda “Nightfall”, “Mirror Mirror” ou as baladas “The Eldar” e “Blood Tears” são amostras do poder do clássico. É um clássico perfeito para quem está querendo entender mais sobre Power Metal.

André: Bem, adoro o Senhor dos Anéis (tanto os livros quanto os filmes), adoro o Blind Guardian e este casamento entre os dois gerou um dos melhores discos de power metal de todos. Baseado no Silmarillion de Tolkien, temos aqui letras que respeitam a obra original e músicas pesadas e marcantes do álbum considerado clássico da banda alemã. “Mirror Mirror” e “Times Stand Still (At the Iron Hill)” podem ser as que os fãs mais amam mas a minha favorita aqui é “The Curse of Feanor”. Nossa, a energia dessa música é incrível. Mesmo os excessos de interlúdios não me atrapalham em nada curtir este trabalho que coloca a palavra “épico” no seu verdadeiro sentido.

Daniel: Eu gosto bastante de Power Metal e, para mim, Nighfall on Middle-Earth é um dos seus expoentes. O respeito da banda com a obra de Tolkien é nítido, pois o capricho com o álbum é muito palpável. Clássicos como “Into the Storm”, “Nightfall”, “Mirror Mirror” e “Blood of Tears” são das melhores composições, não apenas da banda, mas do estilo.

Davi: Trabalho marcante na discografia dos bardos. Comprei esse álbum na época de lançamento. Nessa época, estava ouvindo muito Stratovarius, Heaven´s Gate, Helloween, Angra e, é claro, Blind Guardian. Foi aqui que Hansi Kursch decidiu que deixaria o baixo de lado para focar unicamente nos vocais. O trabalho vocal apresentado aqui é muito bom, assim como o tracklist que teve sua inspiração no livro Silmarillion. Faixas como “Into The Storm”, “Nightfall”, “Mirror Mirror” e “Time Stands Still (At The Iron Hill)” são clássicos do gênero. Sem dúvidas, meu álbum favorito da lista.

Mairon: Aqui sim, um disco que retrata musicalmente a obra que o influenciou. Baseado em Silmarillion, um dos grandes clássicos de Tolkien, é uma obra muito interessante. Confesso que nunca tinha parado para ouvir o Blind Guardian, e apesar de alguns excessos de sintetizadores aqui e ali, curti bastante o disco. as vinhetas também ajudam a musicar a obra, o que torna-a ainda mais atrativa. A abertura com “Into The Storm” é empolgante, com um ótimo trabalho vocal, e belos solos de guitarra, que me fizeram pensar que o Rainbow poderia ter evoluído para isto nos anos 90. Curti a velocidade e as variações de “A Dark passage”, “The Curse of Fëanor” e “Time Stands Still (at the Iron Hill)”, impressionantes. Chama a atenção a diversidade de ritmos, como os bonitos arranjos de “Blood Tears”, “Nightfall”, “Thorn” e “When Sorrow Sang”, os invencionismos eletrônicos de “Mirror Mirror” e “Noldor (Dead Winter Reigns)” e até a operística “The Eldar”. Acho que a segunda metade do disco ficou um tanto cansativa, mas no geral, apenas o vocal não me agradou tanto, enquanto os guitarristas são muito bons. Achei um disco bem ok, e dentro do conceito aqui apresentado, o que melhor se encaixou para apresentar a obra literária.

Marcello: A obra de J. R. R. Tolkien já inspirou vários artistas ao longo do tempo, e o Blind Guardian dedicou um de seus melhores discos ao livro Silmarillion. Trata-se de um álbum muitíssimo bem elaborado, que mescla as músicas com vinhetas cheias de efeitos e trechos do livro declamados, sempre mantendo o alto padrão musical que os fãs de Hansi Kürsch e seus asseclas mantêm há quase 35 anos. De alguma forma, este disco me passou desapercebido; conhecia várias das músicas pelas versões do Blind Guardian Live de 2003, mas nunca tinha ido atrás do original de estúdio – algo que provavelmente tem a ver com o fato de que nunca dei muita importância para a obra de Tolkien. Difícil destacar uma música em especial, porque são muito boas, mas “Nightfall” já saltou aos olhos (ou seria aos ouvidos?) na primeira audição, especialmente por ser superior à versão ao vivo do já citado Live. A bem elaborada “Blood Tears” é outra que pede para ser ouvida mais uma vez quando termina. A épica “Noldor” também me chamou a atenção de cara. E a sequência “Thorn” – “The Eldar” é simplesmente fenomenal (sem vinheta entre elas, as duas músicas fluíram muito bem). A última música propriamente dita, “A Dark Passage”, praticamente convida o ouvinte a voltar ao início. No todo, um disco excelente, o melhor dos quatro que não conhecia até surgir o convite para participar da seção; confesso que são poucos os discos lançados após a primeira metade dos anos 70 que eu posso dizer que gostei do início ao fim, sem ter nada para reclamar. Nightfall in Middle Earth entrou nessa lista. O Blind Guardian, felizmente, continua na ativa – e ao pesquisar sobre os rumos recentes da banda descobri que foi lançado um novo álbum em 2 de setembro (The God Machine), que preciso ouvir o mais breve possível. Mas antes disso preciso voltar a Nightfall in Middle Earth.


Mastodon – Leviathan [2004]

Anderson: Tendo inspiração na obra Moby Dick (Herman Melville), esse material não é dos que mais me agrada na discografia dos caras. É um álbum muito direto, seco, não tão progressivo e sim agressivo, como em “I am Ahab” ou “Island”. Em relação à músicas com uma sonoridade mais próxima do que são atualmente temos “Seabeast”, “Megalodon” e “Naked Burn” muito fortes. Porém o destaque maior fica com “Hearts Alive” com mostra a banda em seu máximo. Trata-se de um álbum muito interessante musicalmente e também pela temática.

André: Gosto do Mastodon, entretanto, as vezes acho que a mídia metaleira superestima eles um pouco demais. OK, entendo que Leviathan seja a principal causa disso, mas ainda assim apenas considero como um bom álbum (gosto muito mais do anterior Remission). A banda segue naquela linha prog/sludge que os caracterizaram por pelo menos os 5 primeiros discos das quais a parte “sludge” tem sido amenizada nos mais recentes. Tentei ler Moby Dick quando era adolescente, mas parei antes da metade do livro. Agora já bem mais velho, deveria tentar de novo para comparar com o que foi feito neste disco. O pouco que sei é muito mais pelo desenho do Pica-Pau e do Tom & Jerry  (graurrllrl grauuurrl  Dicky Moe, grauuurlrl graaaurrrll, Dicky Moe). Voltando, apesar do vocal um pouco enjoativo as vezes, gosto do instrumental deste disco, principalmente das linhas de baixo e bateria que são muito boas. Daqui, minha favorita é “Naked Burn” com uma toada melódica mas ainda com quebras que não me soam forçadas.

Daniel: Este é um discaço!! Até me assustei quando finalmente realizei que ele tem quase 20 anos, como o tempo passa depressa. Pesado, intenso, brutal… Leviathan traça um paralelo perfeito com o clássico Moby Dick onde a ameaça do cachalote é aqui representado pelo peso incrível da banda. “Hearts Alive” é uma música que demonstra toda a imprevisibilidade sonora do grupo. Excelente indicação!

Davi: Me recordo que esse disco, inspirado no clássico Moby Dick, causou um grande alvoroço na época de lançamento. Vários críticos o incluíram em suas listas de melhores do ano. Inclusive, a cultuada Metal Hammer. Portanto, esperava um álbum espetacular. Infelizmente, encontrei um disco bacana, mas que, na minha ‘humirde’ e insignificante opinião, não condiz com o hype em cima dele. Ok. Pesado, bem tocado, bem gravado. Entretanto, não encontrei nenhuma faixa, nenhum riff, nenhuma levada que ficasse grudado em minha mente. Esperava mais, muito mais…

Mairon: Lembro da polêmica que causou a não entrada de Mastodon na lista de Melhores de 2004, e certamente, com a presença de absurdos como Get Up, Once e Madvillainy, Leviatahn não faria feio lá. É uma paulada atrás da outra, inspirada no conto de Moby Dick (confesso que fiquei meio perdido entre a audição e a obra, mas enfim), com uma fúria impressionante nas faixas que criam este disco. Todas elas tem o mesmo padrão de nível (muito alto), mas de certeza, o maior destaque vai para os 13 minutos de “Heats Alive”, que lembrou muito a fase progressiva do Rush, mas bastante pesada para se equiparar a tal. Lembro de um show do Mastodon no Rock in Rio de 2015 que me deixou bem impressionado positivamente, seja pelo excelente trabalho de guitarras, seja pela performance avassaladora do baterista, e Leviathan só fez eu me entusiasmar novamente em procurar pela carreira da banda e conhecer mais desses novos (nem tão novos assim) bons sons.

Marcello: Mastodon é uma banda que conheço pouco, mas do que conheço, gostei – não a ponto de comprar os discos, mas o bastante para querer ouvir mais vezes. Leviathan, baseado na fantástica Moby Dick, de Herman Melville, é um disco tenso como o próprio livro, uma obra que entra fundo na psicologia dos personagens e passa toda a loucura e obsessão vingativa do capitão Ahab, destinado a caçar e matar o cachalote branco que o fez perder a perna. “Blood and Thunder” and “I Am Ahab” iniciam o disco num peso matador, que diminui um pouco em “Seabeast” e volta com tudo em “Island”. “Megalodon”, na minha opinião, é um dos destaques do disco, com um bom trabalho de guitarras, boa variação de ritmos e climas, uma das melhores coisas que o Mastodon já fez, na minha modesta opinião de ouvinte ocasional. Em seguida, o riff matador de “Aqua Dementia”, que para mim perde um pouco no vocal, e a épica “Hearts Alive”, minha favorita no disco, cujos mais de 13 minutos passam voando graças às excelentes guitarras de Brent Hinds e Bill Kelleher. O disco se encerra com a ótima instrumental “Joseph Merrick” – embora não tenha entendido o que o Homem-Elefante está fazendo aqui. Não sabia que este disco fazia parte da lista de 2017 dos 100 maiores álbuns de heavy metal da Rolling Stone – provavelmente não colocaria numa hipotética lista pessoal, mas certamente Leviathan fará parte das minhas próximas audições. E definitivamente tenho que ouvir os discos do Mastodon em sequência!


Sepultura – Dante XXI [2006]

Anderson: A referência à Divina Comédia de Dante Alighieri é óbvia, no entanto, não fica só no nome. Tanto instrumentos orquestrais como a sequência das músicas, as letras e a arte foram inspiradas pela obra. Lembrando que inspiração não quer dizer seguir à risca até porque a ideia era trazer a problemática da obra para os dias atuais. Após o tumultuado período vivido pela banda com a saída de Max, Dante XXI surge como o primeiro álbum realmente com cara de Sepultura, aqui Derek apresenta uma participação mais ativa e performasse mais Thrash. Pelo lado negativo, é o álbum de despedida de Igor que grava o disco mas sai antes da turnê. Nesse quesito, apesar da subsequente saída, o aclamado baterista entrega criatividade e força como de costume. Particularmente acho um baita disco sendo a ótima “Convicted in Life” uma das que mais se destaca. Também recomendo a rápida e direta “Buried Words” e a também rápida entretanto mais dinâmica “Crown and Miter”. Uma situação que chama a atenção são as músicas muito curtas, poderiam ser mais exploradas para dar mais corpo ao álbum.

André: os três primeiros discos da fase Derrick não me agradaram muito. Já estava quase desistindo da banda quando inventei de ouvir este álbum lá na época de seu lançamento. E finalmente a banda me reconquistou aqui. Um dos meus favoritos dessa fase, Dante XXI apresenta composições fortes e marcantes sendo as minhas favoritas “Darkwood of Error” e “Repeating the Horror”, esta última com uma participação marcante no disco de adeus de Iggor do Sepultura e suas sempre poderosas batidas. Aliás, nunca peguei A Divina Comédia para ler. Tenho que fazer isso o quanto antes.

Daniel: Álbum conceitual do Sepultura inspirado na obra A Divina Comédia. Aqui, tem-se o Sepultura ainda irregular, mergulhado em influências Hardcore, mas com muita transpiração e pouca inspiração. Muitas músicas soam bastante semelhantes entre si e após a audição pouca coisa é realmente digna de memória. Há passagens interessantes em “Ostia”, em “Convicted in Life” e em “Fighting On”. Liricamente, achei o conteúdo, focado em críticas sociais mais clichês, bem mais ou menos.

Davi: O disco de despedida de Igor Cavalera, de certa forma, acabou marcando minha trajetória. Afinal, a primeira entrevista que fiz foi com ele e foi justamente para divulgar esse álbum e saber mais sobre os papos que estavam rolando sobre sua suposta saída do Sepultura. Nesse trabalho, eles tiveram como inspiração o livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Gosto do álbum. Embora seja mais fã de seu antecessor, Roorback. O Sepultura é uma banda que sempre teve muita qualidade e aqui não é diferente. Gosto do trabalho de guitarra de “Ostia”. Acho absurdo o trabalho que Igor fez em “City of Dis”. Isso sem contar na faixa “Dark Wood of Error”, que traz muito da sonoridade clássica dos rapazes. Teve ainda o single “Convicted In Life” que se tornou meio que um clássico da fase Derrick. Enfim, um trabalho bem bacana de uma das melhores bandas que esse país já teve.

Mairon: Deixei de ouvir o Sepultura há muito tempo. Mesmo tendo curtido o Machine Messiah por conta de um Test Drive que rolou aqui no site, não se tornou aquela banda que eu ouvi (e muito) na minha adolescência. Dante XXI ajuda a me explicar o porque. O disco é bom? É sim. Tem boas músicas, como “Convicted in Life” e “False”. Só que são faixas curtas, que deixam faltar algo que te prenda a atenção, ou grude na cabeça. E o que não consigo curtir são as experimentações, sejam elas na parte percussiva, seja na parte de teclados e orquestra, vide “Fighting On” e “Nuclear Seven”, e até trompas em “Crown and Miter”, com “Still Flame” sendo a mais desnecessária dessas experimentações. O exagero de gritos do Derrick Green também não me agrada, e os solos do Andreas, quando existem, são totalmente sem inspiração. Quanto ao fato literário, bom, se dissessem que o álbum narrava Os Três Porquinhos, ou João e Maria, ia dar no mesmo…

Marcello: Ouvia esporadicamente o Sepultura nos anos 80, início dos 90; nunca foi muito a minha praia, embora respeitasse o trabalho do grupo. Com o Roots, deixei-os de lado – até surgir o convite para participar desta seção e ouvir um disco baseado na Divina Comédia de Dante Alighieri. Confesso que fiquei um pouco preocupado com a pretensão de um disco baseado num dos livros mais monumentais da história! Quanto ao disco, é um bom trabalho do Sepultura com Derrick Green nos vocais e não faz feio entre os discos que conheço deles. A vinheta “Lost” abre os trabalhos sem chamar muito a atenção, mas a curta e violenta “Dark Wood of Error” estabelece o caminho que o disco seguirá: pesado, forte e praticamente sem intervalos para respirar. “Convicted in Life” abre com a frase que, de acordo com Dante Alighieri, está escrita na entrada do inferno: “Abandon all hope he who enter here”. Um dos principais destaques do disco, trazendo um bom solo de Andreas Kisser. O alto nível segue com “City of Dis”, com trechos em que o som dá uma desacelerada – algo que se repete no final de “Fighting On”. “False” evoca personagens que Dante e Virgílio encontram no inferno, e traz uma letra bem elaborada. Outra vinheta, “Limbo”, leva a “Ostia”, com destaque para os violoncelos que fazem o Sepultura soar quase melodioso! É outro dos destaques do álbum, para mim. “Nuclear Seven” traz uma excelente letra de Derrick Green, jogando com os sete pecados e as sete potências nucleares da época (provavelmente oito, já que Israel nunca revelou quando entrou para o “clube”). Por fim, destaco as bem elaboradas e bem arranjadas “Crown and Miter” e “Still Flame”, esta última encerrando o disco de maneira bem diferente das outras composições. É um bom disco do Sepultura, na minha opinião, que ombreia com os primeiros do grupo em qualidade; infelizmente, não posso falar dos mais recentes. Mas não curto os vocais da banda; não gostava do Max Cavalera e não gosto do Derrick Green, apesar de achá-lo melhor do que o Max. Não que os vocais não sejam adequados para o som da banda – apenas não são meu estilo.


Batushka – Maria [2022]

Anderson: Bom, falar dessa banda polonesa é um tanto complicado pois existem brigas judiciais pelo nome e até o presente momento o resultado são duas bandas com o mesmo nome, fazendo o mesmo tipo de som, ambas com uma baita qualidade. O álbum em questão, lançado em março desse ano, apresenta a completude do material apresentado no EP Raskol. A característica da banda são trabalhos que precisam ser ouvidos de uma só vez, não são músicas separada e sim um todo único e indissociável. Trata-se de uma percepção holística. A temática da banda gira em torno da igreja ortodoxa, e aqui temos o livro que inspira o álbum: Sticherarion. Tal livro data do século XIII e possui textos litúrgicos para serem cantados em diferentes contextos pelos devotos ao longo do dia e durante rituais, não é um obra literária. Sobre o álbum, duas passagens são propostas “IRMOS” e “PRISMO”, sendo que a primeira foi a divulgada no EP e a segunda apenas no álbum completo. “IRMOS” é densa sendo a IV e a V partes as que mais me agradaram pela intensidade. “PISMO” (cartas na tradução livre), apresenta um pouco mais de diversidade nas passagens mas, ao meu ver, não atingem o nível de IRMOS, destaco a parte III como a mais interessante. Por fim o disco termina com “MARIA” (uma das passagens de PISMO), uma música de 9 minutos que coroa a obra. Um bom material para os que admiram tal nicho.

André: Não entendi muito bem o conceito desse disco. É baseado na vida de Maria da Bíblia? Mas pelo que vi, é um compilado de faixas de diferentes EPs. Enfim, um black metal daqueles que não curto. Tem aquela bateria metranca e guitarra zumbido de abelhas que não me vai e, aparentemente, temática anti-cristã. Até tem umas passagens mais calmas e melódicas que considero muito bem vindas, mas nada que me fará voltar a este disco novamente.

Daniel: Este tipo de som, definitivamente, não é para mim.

Davi: Esse, para mim, foi o pior disco da lista. Ao menos, ele tem um mérito. Os caras têm personalidade. Isso não dá para negar. Também são bons músicos, mas que o disco é chato pra dedéu, é. Os vocais, oras soam como uma espécie de canto gregoriano, oras são o típico vocal gutural (que não é meu estilo de canto favorito, nem de longe). Uma combinação nada usual, mas que, aos meus ouvidos, também não soou nada agradável. Trabalho criativo, porém, maçante.

Mairon: Confesso que nunca tinha ouvido falar dessa banda, e não fui atrás do release da mesma com intenção de ser surpreendido. E fui. O som do grupo é bastante denso, e foi-me exaustiva a audição de mais de uma hora de música. Há momentos interessantes ao longo das 5 partes de “ИРМОС”, sendo que gostei das inclusões de vozes gregorianas, a velocidade das ótimas “ПИСЬМО II” e “ПИСЬМО III” e a majestosa faixa-título. Um disco diferente, doom com gothic misturados em proporções distintas, e que se não me fez entender a obra que foi inspirada, ao menos serviu para conhecer algo muito distinto que ouço habitualmente.

Marcello: Ao receber a lista com os discos selecionados, pensei: “quem?”. Antes de buscar as músicas, fui me informar – e só então descobri que se trata de uma banda de black metal polonesa que mistura o estilo com a música litúrgica da igreja ortodoxa. Como só conheço o Riverside das bandas polonesas, pensei que no mínimo seria curioso. Descobri que o Batushka era um duo que se dividiu em duas bandas após o primeiro disco, com o vocalista original liderando um grupo e o guitarrista – e criador do conceito – o outro. Quanto ao disco, trata-se de um EP de cinco faixas, todas intituladas “IRMOS”, baseado num antigo livro banido da liturgia da igreja após o Grande Cisma, do qual não consegui obter maiores informações. A música é pesada como convém a uma banda de black metal, mas os vocais urrados não me atraem de forma alguma. O coral litúrgico introduz uma variação interessante no som da banda e alguns trechos (como o final de “IRMOS III”) mostram que nem só de peso vive a banda. Mas, como não gosto de black metal, é-me difícil destacar alguma das músicas, não tenho padrões de comparação (afinal de contas, nesse estilo parei no At War with Satan, do Venom, ainda na metade dos anos 80), mas me parece que os fãs do estilo têm muito a explorar com o EP. De minha parte, como só consegui ouvi-lo uma vez, prefiro deixar os comentários para os consultores que manjam do assunto!

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Melhores de Todos os Tempos: Anos 70



Por Mairon Machado

Com André Kaminski, Daniel Benedetti, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Líbia Brigido, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues


Seguimos elegendo os Melhores de Todos os Tempos. Agora, vamos para aquele que é considerado o período mais fértil da história da música, os anos 70. Quantas bandas e artistas icônicos surgiram, ou lançaram seus principais e mais influentes discos, entre 1970 e 1979?

Foi um trabalho hercúleo para nossos consultores selecionar os dez melhores desse período, pois a tarefa deixou muito disco importante ou consagrado de fora. Como as listas são quase predominantemente escolhidas pelo gosto pessoal, muitas surpresas vieram, principalmente a ausência de medalhões do rock, que certamente irão estar presentes nos comentários junto com as pedradas. Porém, um medalhão veio novamente mostrar que era O medalhão, e assim como na primeira série, nos anos 60, colocou novamente dois de seus discos entre os dez mais. Trata-se de Led Zeppelin.

Ao longo dos anos 70, a banda foi inquestionavelmente a mais importante, a frente inclusive de Stones e Queen, lançando discos que vendiam horrores e lotando estádios pelo mundo inteiro. Como afirmação de que o Led foi a principal banda daquele período, Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham encabeçaram não só o primeiro lugar, mas também a segunda posição, com seus dois álbuns mais bem sucedidos comercialmente. Fecha o Top 3 dessa lista outro disco que vendeu horrores, The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd, que junto de Yes, Genesis e Jethro Tull, fazem praticamente metade da lista, mostrando que os anos 70 também foi importante para o rock progressivo.

Fecha a lista, que contou com quatro álbuns de 1972, mais três hardões pesados, um deles talvez surpreendente para uns, mas emblemático e cultuado para outros, e a surpreendente participação de um dos artistas mais carismáticos dos Estados Unidos, que desbancou gigantes como Elton John e David Bowie, apenas para citar alguns dos possíveis membros dessa lista, e que acabaram ficando de fora. Lembrando que a contagem é baseada no sistema da Fórmula 1, com a adição de 1 ponto para cada citação de álbum, como se fosse o ponto da volta mais rápida, tentando evitar ao máximo alguma injustiça, de por exemplo um álbum citado apenas uma vez entrar no lugar de um álbum citado 4 vezes. Gostou, não gostou? Concorda com a lista? Não concorda com alista? Deixe seus comentários abaixo, participe! E vamos aos comentários dos nossos participantes

* A lista com os Melhores Discos escolhidos dos anos 70 nas listas originais envolvem os álbuns de cada ano, álbuns das listas de Melhores Brasileiros e aqueles discos citados na série Aqueles Que Faltaram. Esses discos estão listados no fim da postagem, após as listas individuais.

Led Zeppelin – Physical Graffiti [1975] (78 pontos)

André: Lista complicada de comentar mas o problema é que praticamente todos os seus discos são tão fantásticos e foram tão esmiuçados de cabo a rabo que é difícil comentar qualquer coisa de mais relevante por aqui. Então vou tentar apenas encher um pouco o saco: O IV do Led Zeppelin é quem merecia a primeira colocação. Mas independente disso, impossível criticar um disco que tenha clássicos como "Kashmir", "The Rover", "Night Flight" e tantas outras pérolas? Led é Led. Fim de papo.
Daniel: Para mim, não há dúvidas de que Physical Graffiti é o melhor álbum de Rock de todos os tempos. Duplo, o disco explicita magistralmente como o Led Zeppelin é o expoente máximo do estilo, em faixas magníficas como “In My Time of Dying”, “In The Light” e “Ten Years Gone”, petardos como “Custard Pie” e “The Rover”, além de um clássico como “Kashmir”. É daqueles casos em que, a cada audição, a obra fica maior. Portanto, sua presença e o primeiro lugar nesta lista, são uma amostra da extraordinária obra que é Physical Graffiti.
Davi: Led Zeppelin é uma banda que tenho como ídolo. John Bonham é um dos meus bateristas favoritos e uma forte inspiração para mim. A discografia do Led acho super consistente. Esse trabalho, citado por muitas pessoas como um dos melhores álbuns de rock de todos os tempos, é sem, dúvidas, um ótimo trabalho. Entretanto, não acho o melhor álbum do Zeppelin. O LP 1 é perfeito. Não tem o que reclamar. Uma aula. O segundo, por outro lado, já acho que possui altos e baixos. "In The Light", "Ten Years Gone" e "The Wanton Song" são as canções que se destacam no segundo LP. De todo modo, merecida a colocação.
Eudes: Numa lista surpreendentemente clichê como esta a que chegamos, onde as surpresas são discos que não têm estofo para estar aqui, e onde ainda me aprontam a suprema maluquice de não incluir nenhum disco do Black Sabbath e nada da onipresente black music da época, é um alívio que os eleitores tenham tido o bom senso de eleger este disco como o melhor da década. Embora o período tenha visto o lançamento de tantos discos clássicos (isto é, obras que, 40 ou 50 anos continuam conversando intimamente com a condição humana, com nossas euforias e depressões), não é difícil a escolha do álbum duplo do Led Zeppelin como o melhor. É quase óbvio. Daqueles casos em que a obviedade é bem-vinda. Physical Graffitti traz o grãozinho que fez do Led Zeppelin ser o que a banda foi. Você não ouvirá rocks mais concisos, musculosos, melódicos e mastodônticos como os que abrem o lado 1 do álbum, depois retomados no lado 4 na quebra-pescoço "The Wanton Song". Nem incursões pelas terras estrangeiras do rock progressivo como "In The Light" e "Ten Years Gone", muito menos acordes poderosos ao violão acústico como os de "Bron-Yr-Aur". Nem aventuras tanto mais perigosas como a ida à selva do soul-funk como em "Trampled Under Foot", que soa como se Stevie Wonder resolvesse gravar uma faixa de Page e Plant. Enfim, se a gente tivesse de resumir os anos 70 a um álbum, eu cravaria Physical Grafitti sem pensar nem 1 segundo.
Fernando: Eu compreendo que muita gente goste tanto desse disco para colocá-lo em primeiro lugar em uma década tão importante, quem sabe a mais, para a música. É óbvio que eu gosto dele, mas eu gosto de tudo o que o Led Zeppelin fez. Eu só acho que o Led Zeppelin IV é o mais representativo da banda por conta de 3 motivos: “Rock and Roll”, “Black Dog” e, claro, “Stairway to Heaven”. E tem também o fato de termos colocado, de novo, dois discos da mesma banda e, de novo, do Led Zeppelin. Isso deixa claro que a banda de Page, Plant, Bonham e Jones é talvez a maior da história. Mas eu preferia que tivéssemos espaço para homenagear uma banda a mais nessa lista.
Líbia: Foi o último álbum da sequência de clássicos do Led Zeppelin, e também o último que eu ouvi sem parar. Nunca conseguia sair da “The Rover”, “In my Time of Dying” e “Kashmir” que são uma verdadeira aula de Rock ‘n’ Roll. “In the Light” e “Tem Years Gone” me prendem bastante também. Essas músicas citadas e mais algumas outras já dariam um lançamento histórico, mas o que acho legal nesse disco duplo, é que ouvindo por completo você se surpreende a cada minuto das faixas. Em um álbum convencional não seria possível mostrar todas essas ótimas experiências que a banda tinha de sobra. Physical Graffiti mostrava mais uma vez uma inquestionável compatibilidade musical dos integrantes, que estavam exaustos da viagem de sucesso.
Mairon: O melhor disco de todos os tempos só podia ser o melhor dos anos 70. Aliás, período complicado para selecionar apenas dez discos bons hein? Quanto lançamento excelente ficou de fora. Mas esse petardo não podia ficar, e a primeira posição é o que ele merece. Foram 18 meses de trabalho, experimentações, reconstrução de canções abandonadas, a maior banda do mundo na época fazendo o maior projeto musical da época só podia resultar nessa grandiosidade de 15 picanhas ao ponto. O Led peregrina por diversos estilos, do folk de “Black Country Woman” e “Bron-Yr-Aur” aos hards de “Custard Pie”, “Houses of the Holy”, “Night Flight“, “The Wanton Song” e “Sick Again”. Da divertida “Boogie With Stu” a baladas doloridas em “Down by the Seaside” e “Ten Years Gone“. Do Funk de “Trampled Underfoot” as experimentações de “In The Light” e “The Rover”. E principalmente, do blues de sexo insaciável em “In My Time of Dying” ao flerte descarado com o oriente (e por que não o progressivo) de “Kashmir”. Não há nenhum outro álbum que agregue tanta qualidade em seus sulcos quanto Physical Graffitti. Escrevi mais sobre ele aqui, e certamente, na nossa escolha dos dez mais de todos os tempos, acredito que ele estará de novo figurando entre os dez mais.
Micael: Tem muita gente que considera este “o melhor disco de todos os tempos”, inclusive meu irmão, nosso colaborador Mairon Machado, que com certeza foi um dos responsáveis por colocar este disco no topo do pódio da década de 1970, aquela onde foram registrados os melhores discos de rock and roll na história (seja em qual estilo for). Para mim, este não é sequer o melhor do Led, quiçá de uma era dourada como esta. Duplo, o acho cheio de fillers desnecessários, e, apesar de contar com maravilhas como "Kashmir" (imensamente melhor na versão do Un-Led-ed), "In My Time of Dying" (outro dos tantos “plágios não assumidos” da banda), "In the Light" ou "Ten Years Gone", não é o suficiente para sequer estar nesta lista, quem dirá no primeiro lugar. Mas, já não é de hoje que o gosto pessoal supera a coerência nas listas do site, então...
Ronaldo: É o equivalente zeppeliano do White Album dos Beatles. Eclético até o osso, não tão pesado quanto os primeiros anos, mas ainda mais apurado musicalmente que os discos antecessores, esse trabalho é realmente uma grande referência da música (não só do rock) dos anos 70. "Kashmir" é uma música absolutamente fora do comum, cuja importância vai bem além do cercado do rock, demonstrando o quanto o Led Zeppelin estava acima de seus concorrentes diretos em termos de imaginação e inventividade. Retrato de uma época em que existia um feliz casamento entre musicalidade e sucesso comercial.


Led Zeppelin – Led Zeppelin IV [1971] (70 pontos)

André: Clássicos, clássicos e mais clássicos. Disco brilhante do início ao fim. Outro daqueles casos que não há mais muito o que falar. Tirando "Stairway to Heaven", muito por causa da saturação em torno da música, todas as outras continuam envelhecendo como um vinho fino e demonstram o que há de errado com a música atual em termos de dificuldade de se criarem hinos como as grandes faixas deste disco.
Daniel: Eu tendo a concordar que seja um exagero a presença de 2 álbuns de uma mesma banda em listas como esta. Mas há uma exceção: o Led Zeppelin, a melhor banda de Rock de todos os tempos. Muita gente pensa que este seria o melhor disco da banda – e pode ser que seja mesmo – e suas inquestionáveis qualidades são explicitadas em canções como “Black Dog”, “Rock and Roll”, “The Battle of Evermore” e, claro, “Stairway to Heaven”. Portanto, temos aqui o Led Zeppelin afiadíssimo e dando outra aula de Rock para ser degustada e seguida.
Davi: Esse sempre foi um dos meus álbuns favoritos do Led. Sempre fico dividido entre esse e o Led Zeppelin II. Álbum de cabeceira total. "Black Dog", "Misty Mountain Hop" e "Rock n Roll" são hard rock da melhor qualidade. Aliás, o solo de bateria no final de "Rock n Roll" até hoje não vi ninguém reproduzir igual. Nem Jason Bonham, nem Mike Portnoy, absurdo. As baladas são lindíssimas também. "Stairway to Heaven" é uma faixa simplesmente perfeita. Sempre adorei "The Battle of Evermore". A única que me cansa um pouco é "When The Levee Breaks", mas nada que tire a magia do álbum. Gosto mais dele do que o Physical Graffitti.
Eudes: Embora Physical seja a herança monumental do Led Zeppelin, com todas as virtudes sobre as quais já babei acima, é inquestionável que, para o cidadão comum, este álbum seja o que mais identifica a banda. E é mesmo soberbo. Quantos discos começam com uma sequência tão massacrante como "Rock’n’Roll" e "Black Dog", o hit quebra-pescoço do disco? IV é de um ecletismo exemplar. Ao lado de rocks contundentes como estes, faixas acústicas de beleza cristalina e uma leitura dos blues inusitada e espetacular em "When the Levee Breaks". Não, eu não esqueci, tem "Stairway to Heaven".
Fernando: Como disse acima considero o IV o disco mais importante da banda mais importante do rock. Depois de três discos espetaculares e cada um deles com suas características próprias o Led acabou usando todas elas para fazer esse que seria um marco e moldaria muita coisa que outras bandas fariam ao longo da década.
Líbia: Led Zeppelin marcou multidões com as músicas “Black Dog” e “Rock and Roll” e ainda na sequência de hits, a “Stairway to Heaven”, todas presentes no Led Zeppelin IV. Minha favorita é a "When the Levee Breaks” que fecha com chave de ouro, mostrando mais um extraordinário trabalho do John Bonham, além das ótimas técnicas de produção e por isso tocada poucas vezes em shows. O que essa banda tem de sobra além de inspiração e criatividade, é muita ousadia nas composições e nas performances. Por muito pouco não entraram todos os clássicos do Zeppelin nas listas finais dos anos 60 e 70 (concorridíssimo).
Mairon: Led Zeppelin mostrando por que foi a maior banda de rock da história. Conseguiu colocar quatro de seus oito discos (sete indicados) originais entre os melhores de todos os tempos dos anos em que foram lançados, só o Led mesmo. E como não? Olha o que esse discaço tem: “Black Dog” e “Rock ‘n’ Roll” são duas faixas espetaculares para abrir um disco espetacular, que dá um soco no estômago quando depois de praticamente quebrarmos a sala de tanto dançar e pular, trazer o mandolim e o duelo vocal de Sandy Denny e Robert Plant para nos levar aos mundos mágicos além dos mais distantes sonhos de elfos. Genialmente, Page e cia. empregam o mesmo espírito de sombra e luz para chocar os ouvidos no lado B, começando com a animação de “Misty Mounain Hop”, trazendo as influências orientais de “Friends”, arrancando lágrimas na delicada “Going To California” e hipnotizando na viagem de harmônica mais peso brutal de “When The Levee Breaks”. Sinceramente, só por ter “Stairway To Heaven” esse álbum já merecia estar entre os dez mais. Um clássico! Um verdadeiro hino da música, que somente gigantes como o Led poderiam criar através de talento, inspiração e muita, mas muita transpiração. Um grande álbum, divisor de águas na carreira do grupo, e que só foi superado em termos de grandiosidade pelo nosso primeiro colocado.
Micael: Sabe o tal “melhor disco do Led” que falei lá no começo? Pois aqui está ele. Um lado A praticamente perfeito (pena que "The Battle of Evermore" seja tão pouco lembrada quando se fala neste álbum), e um lado B que contém a pesadaça "When the Levee Breaks" (outro dos tantos “plágios não assumidos” da banda – onde foi que já li isto antes? Ah, sim, lá em cima no outro disco da banda a fazer parte da lista – aliás, o Led é tão bom assim para colocar dois discos na lista de melhores da década de 1960 e dois na de 1970?) e uma das músicas mais lindas que o grupo já gravou, "Going to California"... um disco que merecia e precisava estar nesta lista. Não sei qual foi sua posição na contagem final, mas espero ter sido alta, pois ele merece...
Ronaldo: Led Zeppelin está para a década de 70 como os Beatles estão para a década de 60. Neste álbum está cristalizada a capacidade dos caras de fazer, com maestria, muitos tipos diferentes de música e quantos climas diferentes eram capazes de criar em um único álbum. O Olimpo do rock.

3° Pink Floyd – The Dark Side of the Moon [1973] (67 pontos)

André: Meddle e The Dark Side of the Moon disputam o primeiro lugar em minhas preferências pessoais, mas votei nesse pela representatividade e influência que possui dentro da música. Um disco que atravessou décadas no top 200 da Billboard, um recorde absoluto que duvido muito que será batido algum dia, "Brain Damage" segue sendo minha canção favorita do disco do prisma cujo todo tracklist é digno do elogios.
Daniel: O meu álbum favorito do Pink Floyd sempre foi The Wall, mas a presença de The Dark Side of the Moon nesta lista é mais que justificada. “Time”, “Money” e “Us and Them” são algumas das minhas canções prediletas e amostras da qualidade de um disco que não deixa o nível cair em nenhum momento. A verdade é que, durante os anos 70, o Pink Floyd estava em estado de graça e gravou, em sequência, discos que são verdadeiras obras-primas.
Davi: Esse é o primeiro álbum do Pink Floyd onde considero que eles atingiram a perfeição. Não me leve a mal. Não estou criticando o que fizeram antes. Gosto de álbuns como Atom Heart Mother e Meddle, mas aqui atingiram outro nível enquanto compositores. Faixas como "Breathe", "Money", "Brain Damage", "Us And Them" e "Time" possuem construções simplesmente impecáveis. O disco é perfeito. Execução perfeita. Timbre dos instrumentos perfeitos. Enfim, álbum essencial não apenas entre os fãs de Pink Floyd, mas essencial em qualquer coleção que se preze.
Eudes: Sim, como outros acima, é um lugar comum. Mas, fazer o que? Deixar The Dark Side of the Moon de fora da lista? Vocês não sabem do que estou falando. Seja porque se trata de um ponto de vista de mais de 40 anos atrás, seja porque e trata de um ponto de vista desde de uma então pequena capital, Fortaleza. E mais, um ponto de vista desde um bairro periférico de classe média baixa no meio dos anos 70. Só se colocando nestas latitudes para entender que The Dark Side of the Moon é para mim um disco só meu, ou ao menos meu e dos meus queridos mais próximos. Difícil entender isso, quase 50 anos depois, quando o disco se tornou um ícone geral, universal que não admite mais nenhum apego pessoal a ele. Então, The Dark Side of the Moon é um disquinho meu, que ninguém mais ouve no meu bairro e que eu mantenho sob as sete chaves do segredo.
Fernando:  Recentemente esse álbum completou 950 semanas - não consecutivas - dentro do Top 200 da Billboard (um recorde). O segundo álbum com mais semanas nessa lista é uma coletânea do Bob Marley com pouco mais de 600 semanas. Ou seja, é um dos discos mais importantes da história e é uma daquelas obras que mostra o quanto algumas pessoas podem ser geniais. Junto com o Sgt Peppers é daqueles álbuns que o estúdio foi praticamente um outro componente, ou pelo menos, um novo instrumento.
Líbia: The Dark Side of The Moon foi o primeiro disco do Pink Floyd com o qual tive contato, e a primeira coisa que me chamou atenção foi a icônica capa. Certamente foi o mais revolucionário possuindo efeitos sonoros marcantes, com uma produção impecável e a ideia conceitual genial. Sinto até hoje uma certa tensão entre a “On the run” e a “Time”, essa agonia termina após os tão comentados barulhos dos relógios, e quando começa a música propriamente dita, se torna algo emocionante. Essa emoção continua na “The Great Gig in the Sky” com os vocais da cantora inglesa Clare Torry em sua pequena participação que se tornou grandiosa. Ainda não é o álbum que mais escuto do Pink Floyd 70’s, mas merece muito estar na lista. Esse álbum é uma grande referência para audiófilos, inovou a forma de escutar e produzir música.
Mairon: The Dark Side of The Moon é um álbum que marca a minha vida por diversas situações, mas principalmente, por que é o preferido da minha amada Bianca, da qual cada dia que passa a saudade só aumenta. Muito ouvimos esse disco nas idas e vindas de seu tratamento e da sua batalha contra o câncer. Infelizmente, ela ganhou várias batalhas, mas a guerra foi perdida, ou talvez conquistada dependendo do ponto de vista de quem acompanhou tão de perto quanto eu. Tu fostes uma guerreira meu amor, e foi uma honra ter lutado ao teu lado nos três anos dessa guerra. Ouvir “Breathe”, “Time”, “Money” e “Us And Them”, e não lembrar de cada momento que passamos ao som dessas e das outras faixas, foi impossível, e seguido de um derramamento de lágrimas de forma descomunal, como tem sido ao ouvir tantos outros álbuns que curtimos juntos no tempo que estivemos lado a lado, ou mesmo quando me pego pensando em ti por uma simples barata que circule pela casa. Para a matéria, poxa, se um disco que fica 730 semanas entre os mais vendidos da Billboard, que vende em média 8 mil cópias por ano só nos Estados Unidos, e que tem algo tão lindo quanto “The Great Gig in the Sky” não estivesse entre os dez mais, mesmo eu não tendo votado nele, eu pularia da ponte. Desculpem o texto pessoal, mas não tinha como fugir dele ...
Micael: Mais um caso de disco consagrado (neste caso, por quase todo mundo) que não faz muito a minha cabeça. É um bom disco? Claro, até mais que isso... Eu me arrepio até hoje quando ouço “Time” ou "The Great Gig in the Sky"? Com certeza. Eu chorei como uma criança quando Roger Waters tocou "Brain Damage" e "Eclipse" em sequência no show mais recente dele a que assisti em Porto Alegre? Pode apostar que sim. É um álbum que merece estar nesta lista? Como já disse sobre outros da década de 1960, se fôssemos escolher os “mais importantes”, com certeza sim, mas, para o meu gosto, não o colocaria dentre os melhores. Mas sou obrigado a concordar que ele não soa tão deslocado aqui...
Ronaldo: O que dizer de um álbum que ficou singelos 15 anos na parada dos mais vendidos e suas milhões de cópias dissecadas por esses anos todos a fio? Difícil acrescentar algo a uma estatística tão grotesca. Seu conteúdo musical é de uma eficiência abissal em brisar até a mente do público não-roqueiro.

4° Yes - Close To The Edge [1972] (45 pontos)

André: Talvez aqui esteja o melhor lineup da história da música. Só gigantes que dominam com perfeição seus instrumentos combinada com a voz angelical de Jon Anderson e uma qualidade de composições que se mantém impressionante ao longo de décadas. Não tem jeito, a década de 70 será imbatível no mundo da música. E isso considerando todos os estilos musicais possíveis, não apenas ao rock. Incrível como as longas canções não cansam de jeito nenhum. É tudo muito orgânico, cada passagem melódica se encaixa com perfeição e o tempo passa voando que quando reparamos, já estamos ao final do álbum. A abertura "Close to the Edge" é uma das melhores primeiras canções de um álbum que se tem notícia. E todo o restante do tracklist se mantém em nível altíssimo. São tantos grandes discos nesta década que fica complicado afirmar qualquer coisa com certeza absoluta. Mas Close to the Edge está entre meus discos progs favoritos de todos os tempos. Ouvindo agora, me arrependo amargamente de não tê-lo posto em minha lista.
Daniel: Close to the Edge saiu da minha lista aos 45 minutos do segundo tempo, mas sua presença aqui nesta lista final, além de justa, é merecida. Na minha percepção, este álbum é a obra máxima do Yes e outro exemplo de como o Progressivo é um estilo rico e cativante. Acho "And You and I" magnífica e adoro a suíte homônima ao disco. O Yes foi outra banda que estava em estado de graça no início dos anos 70.
Davi: O Yes sempre foi a minha banda preferida dentro da cena de rock progressivo. Acho que eles sempre souberam administrar bem a mescla de virtuosismo e melodia. Sempre gostei mais do Fragile, mas não tem como não admirar esse album. 3 faixas apenas, mas 3 puta faixas. Minha preferida, entretanto, não é a faixa-título. O troféu vai para "And You And I", que considero um a das melhores canções da banda.
Eudes: Outro daqueles pontos de chegada de grandes bandas. O Yes fazia discos brilhantes desde 1969. Seu segundo disco, Time and a Word, marcava a primeira tentativa de virada da banda, que, embora seja ótimo, carecia de direção clara. Só em The Yes Album a banda começou a destilar o som que finalmente a distinguiria para a eternidade. Fragile afina estas características, mas é em Close to the Edge que o som se arredonda e os elementos se plasmam plenamente. São três longas faixas, "Close to the Edge" e "And You and I", apresentadas no formato suíte, e "Siberian Khatru", desenvolvida num único tema. Tudo desce fácil, sem necessidade de queimar neurônios para acompanhar, e com satisfação garantida. Outro ícone incontestável da década de 70.
Fernando: Esse é uma pérola! Um dos discos preferidos da casa. Lembro quando pensei em me aventurar no rock progressivo com mais profundidade e um amigo me emprestou esse CD. Claro que uma introdução instrumental de 4 minutos, com uma confusão sonora onde cada instrumento estava fazendo uma coisa diferente em um tempo diferente, em uma música de 18 minutos não é algo que a gente se acostume de cara. Mas eu fui ouvindo, ouvindo, entendendo, percebendo a beleza sonora dessa banda que se tornou uma de minhas preferidas. Também acho que a formação Squier, Howe, Anderson, Wakeman e Brufford é a maior formação musical da história. E os riffs de “Siberian Kathru”? São coisas de gênio ou não? E para finalizar: “what the fuck is total mass retain?”
Líbia: Três músicas executadas com perfeição, apresentadas com sutilidade e explosão. Cada integrante faz coisas incríveis em seus instrumentos no turbilhão coletivo de cada música. Temos aqui o Yes em um dos seus melhores momentos, com toda a inteligência poética e virtuosismo musical. Close to the Edge foi feito para ouvir com atenção para perceber todas as mudanças nas músicas, sem nenhum imediatismo. Tem todos os elementos sublimes
Mairon: Aqui está a prova cabal de como cinco pessoas transformam-se em monstros geniais, capazes de derreter cérebros em pouco mais de 40 minutos de duração. Tratei deste álbum aqui, e o que posso acrescentar é que as três canções são cheias de alternância, complexidade, virtuosismo e perfeição, que atingem o ouvinte com muita facilidade. A maior formação técnica individualmente e coletivamente falando, com Steve Howe, Rick Wakeman, Chris Squire, Bill Bruford e Jon Anderson, faz um disco excepcional, e, com méritos, eleito pela maioria dos fãs (eu não) como o melhor do Yes. Se eu tivesse adotado o critério de mais de um disco por banda, seria meu sexto lugar! Mas preferi eleger apenas um por banda, e por isso, ficou de fora. Mas com certeza, foi eleito o melhor de 1972 na nossa série original, e merecidíssimo
Micael: Muitos consideram este o “melhor álbum de rock progressivo já gravado”. Não chego a tanto, mas ele certamente está no meu Top 10 (inclusive da década, como coloquei na minha lista), além de o considerar o melhor registro do Yes. Apenas três músicas, mas são três obras primas, o auge que a melhor formação de todo o rock progressivo (musicalmente e tecnicamente falando) atingiu em sua curta trajetória de apenas dois registros de estúdio. Merecidíssimo estar aqui, e recomendado a quem gosta de música, sentimentos e melodias, não apenas de barulhos, sensações e ritmos...
Ronaldo: Uma boa definição de música cerebral! Os minutos iniciais da suíte que dá nome ao álbum são capazes de fritar os ouvidos dos não-iniciados. O álbum traz uma torrente riquíssima de sons variados, polirritmias e muita ousadia em forma e conteúdo. E o mais interessante é que no meio da loucura toda, melodias sublimes (como as de “And You and I” ou do trecho “I Get Up I Get Down”) se fazem presentes; passagens instrumentais ricamente esculpidas estão presentes em altas doses no álbum todo. Progressividade em doses cavalares.

5° Deep Purple – Machine Head [1972] (40 pontos)

André: Olha eu prefiro o Burn, mas seria injusto da minha parte desconsiderar outro clássico do Purple que é Machine Head. Na minha lista de gosto pessoal da discografia deles este disco está li pela sétima posição, mas eu entendo perfeitamente quem o considera o melhor da banda. A banda estava afiada e soltou grandes músicas como "Highway Star" e "Space Truckin'". Aliás, não consigo entender porque diabos "Smoke on the Water" é tão louvada e considerada o "clássico" do Purple. Todas as outras faixas deste mesmo disco são melhores que ela, mesmo a desprezada "Never Before". E não é nem questão de que a canção saturou, mas é porque as outras são muito melhores mesmo.
Daniel: Um álbum com clássicos do calibre de “Highway Star”, “Lazy” e “Space Truckin’”, verdadeiros hinos do Rock, não é qualquer um. Se não já fosse o bastante, ainda há “Smoke on the Water”, um dos mais reconhecidos e aclamados riffs da história da música. Assim, é plenamente justificável a presença desta obra nesta lista. Muitas vezes, é até difícil de escolher qual seria o melhor disco do Purple nos anos 70, mas, além de Machine Head ser o melhor, é também o mais representativo.
Davi: Trabalho impecável. Outro álbum que considero álbum de cabeceira. Até hoje os fãs discutem se o melhor álbum do Purple é o MachineHead ou o Burn. Entretanto, ninguém questiona que esse é o melhor trabalho da fase Gillan e um dos álbuns mais emblemáticos da década de 70. Ian Gillan impressiona em "Highway Star", Ian Paice debulha em "Space Truckin". Ritchie Blackmore prova, de uma vez por todas, que ele é um dos maiores riffmakers da história. Quem você conhece que tentou aprender guitarra e nunca quis tirar o riff de "Smoke On The Water"? Trabalho simplesmente impecável.
Eudes: Um dos álbuns mais significativos do rock dos anos 70. Depois da oscilante discografia inicial, que deságua no disco Concerto for Group and Orchestra, o Deep Purple se reinventou e traçou seu destino. Tudo o que surgiu no eruptivo In Rock foi arredondado, sintetizado e embalado para as festas de rock da época em Machine Head. Equações complexas, como a combinação de hard rock e música erudita evitam o caminho óbvio do progressivo e nos dão clássicos dançantes como em "Highway Star", hard rock e swing de sabor soul se entendem muito bem em "Maybe I’m a Leo", peso e melodia trocam beijos em "Never Before", rock cinquentista, jazz e peso parecem que saíram juntos da maternidade em "Lazy". E quantos riffs inesquecíveis! Ah, sim, tem "Smoke on the Water"!
Fernando: Com a mudança do som mais psicodélico para o hard rock a partir de In Rock o Deep Purple chegou ao seu ápice em Machine Head. Muitos vão falar de “Highway Star” ou do clássico absoluto “Smoke on the Water”, mas a minha preferida mesmo é “Pictures of Home”. Da santíssima trindade do rock o Deep Purple é a minha banda favorita. Suas diversas formações nunca entregaram um disco ruim.
Líbia: Machine Head tem composições de primeira, é um clássico de ponta a ponta. Daqueles álbuns que se não tivessem existido, o Metal seria muito diferente. O relacionamento entre as guitarras do Ritchie Blackmore e teclados de Jon Lord são surpreendentes, e isso é uma das principais coisas que diferenciavam o Deep Purple das outras bandas nos anos 70. Escolher uma faixa favorita desse álbum é uma tarefa árdua. Mas a quase instrumental “Lazy” mostra a excelência de todos os membros da banda. Obrigatório é pouco.
Mairon: Disco emblemático do hard rock, e para muitos o melhor álbum da carreira do Deep Purple. Isso ficou atestado aqui, já que ele entrou superando seu gigante irmão mais novo, Burn, ou o irmão mais velho, In Rock. Sem dúvidas, dentre os discos gravados pela formação com Ian Gillan (vocais), Roger Glover (baixo), Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria), este é o mais homogêneo. Pelo menos dois clássicos registrados no LP: “Smoke on the Water” e “Highway Star”, tocadas a exaustão desde então. Por outro lado, curto muito “Lazy”, com sua introdução fantástica, e “Space Truckin’”, que com a Mark III fez misérias no California Jam. “Maybe I’m a Leo” e “Never Before” são boas canções, mas que vivem à sombra dos clássicos citados. Sorte de “Pictures of Home”, a melhor canção do LP, resgatada pela fase com Steve Morse, mas incomparável ao que a Mark II fez aqui, com cada músico mostrando seu talento individual em pequenos solos. Disco fácil na lista dos 1000 discos para ouvir antes de morrer, para deixar que o ouvinte julgue se merece ou não audições posteriores. O meu está pegando poeira há algum tempo.
Micael: O disco mais importante da carreira do Deep Purple (para mim, não chega a ser o melhor, posto ocupado por In Rock), o álbum que contém um dos poucos hinos verdadeiros do rock, reconhecido até por quem nunca teve maiores contatos com o gênero (vocês sabem de quem eu falo, certo?), o registro onde se encontram as versões originais de pérolas do calibre de "Highway Star", "Pictures of Home" (minha favorita neste track list em particular), "Lazy" e "Space Truckin'", e que ainda teve o desplante de deixar de fora de seus sulcos a lindíssima balada “When A Blind Man Cries”, faixa que muita banda consagrada por aí daria quase tudo para ter composto... enfim, um dos itens praticamente obrigatórios desta lista de melhores da década de 1970. Já escrevi sobre este disco aqui no site quando ele completou 40 anos, e quase uma década depois ainda continuo fascinado por ele (e vai ser difícil cansar de ouvi-lo). Clássico!
Ronaldo: Um dos pilares do rock pesado de todos os tempos. 5 músicos fantásticos no ápice de sua musicalidade trazendo um punhado de músicas memoráveis. Ainda que o Deep Purple sofresse um pouco na parte da produção (seus discos não tem tanta qualidade de gravação quanto os do Led Zeppelin ou os dos Rolling Stones), em nada a banda fica devendo a seus pares – as porções instrumentais do álbum são embasbacantes, Ian Gillan é um show a parte e as faixas são incendiárias. "Smoke on the Water" é uma música perfeita e, não a toa, foi tão massivamente reproduzida desde seu lançamento.

6° Kiss – Destroyer [1976] (35 pontos)

André: Vão reclamar como sempre que Kiss é ruim, só tem marketing, apelam demais para o visual, que o Simmons é louco por dinheiro... sério, um disco festeiro e divertido não pode ser considerado um Melhor da Década? O Kiss é gigante, fez shows memoráveis e trazem alegria para os seus fãs. Eu até concordo que seus melhores clássicos estão espalhados por vários discos diferentes, mas Destroyer é o que consegue reunir grande parte deles. Por sinal, acho "King of the Night Time World" uma das melhores faixas de toda a carreira do Kiss e infelizmente costuma ser pouco lembrada.
Daniel: Eu adoro o Kiss, tenho todos os seus álbuns de estúdio e penso que Destroyer é mesmo seu álbum mais representativo, afinal, “Detroit Rock City”, “Beth”, “Shout It Out Loud” e “God Of Thunder” são clássicos verdadeiros da banda. Enfim, extremamente cativante e divertido, Destroyer é um ótimo disco de Hard Rock, embora, eu devo confessar, sem o calibre necessário para estar entre os 10 mais de uma década como a de 70.
Davi: Destroyer é um dos álbuns preferidos dos fãs e também da banda. Esse foi o primeiro álbum que eles criaram depois de finalmente terem atingido a fama com Kiss Alive! Os músicos não quiseram deixar por menos e criaram um trabalho simplesmente memorável. "Detroit Rock City", "Flaming Youth", "Shout It Out Loud" e "Sweet Pain" traziam o ar de hard rock festeiro que seus fãs sempre esperam. "God of Thunder" impressionava com uma sonoridade mais pesada e sombria. Sem contar que eles começavam a arriscar mais no universo das baladas com a presença das lindas "Great Expectations" e "Beth". Discaço!
Eudes: Vocês estão de sacanagem, né? Se era para dar uma colher de chá ao rock básico, melhor teria sido eleger Ramones, a deliciosa estreia dos punks de NY. Em tempo: acho Destroyer um disco bem divertido.
Fernando: Talvez o disco mais divertido dessa lista. Provavelmente o meu disco preferido do Kiss, que muda sempre, mas é certo que é o que mais ouvi. Foi o primeiro disco que a banda fez depois de explodir com o Alive, ou seja, os discos anteriores eram feitos sem tanta cobrança e aqui isso até ajudou. Além do mais é nítida a diferença da qualidade sonora. E o que falar das músicas. Até de “Great Expectations” vai bem para mim, então por aí todos já percebem o quando gosto do disco.
Líbia: Destroyer não é nem um pouco injustiçado, álbum mais que comentado e mais que tocado. Tem os hits memoráveis “Detroit Rock City”, “Shout It Out Loud” e a especialmente linda “Beth”, mas a “Do You Love Me” é aquela música com um refrão sensacional, que eu gosto de ouvir quando estou dirigindo, sem o mesmo glamour que a música passa e sem os óculos escuros. O Kiss tinha todos os elementos necessários para criar álbuns empolgantes e atraentes do rock'n'roll, e Destroyer é uma grande prova disso.
Mairon: Um álbum que começa com uma pedrada chamada “Detroit Rock City”, que não tem comparação com nenhuma outra na discografia do Kiss, passa por espetáculos como “God of Thunder” e possui o hino “Shout It Out Loud” não pode ser menosprezado. Acho o LP um pouco abaixo dos demais discos do Kiss, culpa de “Great Expectations”, “Flaming Youth” e a balada mela-calcinha chamada “Beth”, mas que é um grandioso disco, isso é. Além das citadas, não posso deixar de dizer que Ace Frehley estava em um momento fantástico, criando solos e riffs que tornaram-se reconhecidos por qualquer aspirante a roqueiro a partir de então, como “Do You Love Me”, King of the Nigh Time World” ou “Sweet Pain”, letra safada pra caralho. Se tivesse um disco do Kiss que eu votaria certamente era Dynasty, mas entendo a predileção dos colegas por esse clássicozão.
Micael: Nunca fui muito fã do Kiss, embora tenha assistido ao grupo ao vivo na turnê de “reunião” em suporte ao Psycho Circus, em 1999 (show cuja atração de abertura, o então desconhecido Rammstein, ainda me causa pesadelos ainda hoje, por motivos que não cabem ser ditos em um site de família). Ali percebi que o tipo de música do grupo norte americano não era o mais palatável para meus ouvidos, e preferi continuar assim desde então. Destroyer tem "Detroit Rock City", ""Shout It Out Loud", "Beth", "Do You Love Me?", "God of Thunder", King of the Night Time World", quase todas clássicos da banda, mas insuficientes para colocar este registro nesta lista tirando o lugar de qualquer álbum do Black Sabbath (mesmo aqueles após Sabbath Bloody Sabbath), de um AC/DC, de um Judas Priest, de um Rush ou de tantos outros... não é para o meu gosto, me desculpem...
Ronaldo: O Kiss é icônico na vertente do rock que cruza música e imagem. Muito mais interessante do que qualquer coisa do afetado glam-rock inglês, sua veia rockeira é clara e declarada. Eles sabiam como fazer músicas-chiclete e capturar o ouvinte logo nos primeiros segundos. Meu único porém é que o disco tem um som muito abafado, com a bateria muito grave; esse problema se resolveria nos álbuns seguintes, que tiveram Eddie Kramer nos consoles e, por isso, preferira ver outros bons álbuns deles no lugar desse.

7° Jethro Tull – Thick As a Brick [1972] (33 pontos)

André: Gosto mais de Aqualung, mas não reclamarei de Thick as a Brick porque é outro petardo desses caras. Mais levado pelo instrumental, o que gosto do disco é ele fazendo troça do próprio rock progressivo no meio dos tantos medalhões que escreviam letras sérias e tal e fez um álbum cheio de humor que só me fazem crescer a admiração que tenho por eles. Claro que as longas seções instrumentais em que todo mundo tem a chance de brilhar um pouco que seja fazem parte da tradicional cartilha prog.
Daniel: Outra das principais obras da história do Rock e o atestado definitivo da genialidade de Ian Anderson. Ao longo de seus pouco mais de 40 minutos, em uma única canção, o disco transborda exuberância, potência e, simultaneamente, sensibilidade e intuição. Claro que Anderson é um destaque, mas não consigo não mencionar o guitarrista Martin Barre, com momentos simplesmente incríveis. Thick As a Brick é um daqueles discos essenciais.
Davi: Ok, vão me malhar aqui, mas não consigo gostar desse disco. Nunca fui um fã de carteirinha do Jethro Tull, mas tem alguns álbuns deles que considero excelentes. Gosto muito daquela fase inicial, com maior influência de blues, como acontecia em This Was. Acho Aqualung uma obra-prima, mas sempre considerei esse trabalho um tanto cansativo. Ok, os músicos são de primeiro time, a execução é perfeita. A ideia do conceito do disco é muito bacana, muito inteligente, mas considero a audição desse trabalho maçante. Há alguns momentos dentro da composição de 40 e tantos minutos onde eles soam brilhantes e outros onde eles soam pentelhos. Entendo que é um clássico e tal, mas não é para mim.
Eudes: O título já entrega o tema do disco, algo como “agir como um idiota”. Hoje é um clichê quase insuportável discos conceituais sobre o eterno dilema entre o peso da sociedade e a liberdade individual e de pensamento dos jovens. Mas, na época, não havia The Wall. Ian Anderson chegou lá antes e capinou o terreno para os vários discos com este tom que vieram depois. Mas, mesmo que tenha inaugurado um veio que virou um muro de lamentações, nem sempre manifestado com muito brilhantismo, neste disco as coisas são complemente diferentes. A narrativa não tem nada de pueril. É quase cínica, às vezes violenta. Tudo envolto da melhor música que se poderia desejar. Uma resposta brilhante a Aqualung.
Fernando: Quantas vezes você já ouviu alguém falar mal de rock progressivo argumentando algo como “música chata, muito longa, não acaba nunca”? Agora me explica a diferença de ouvir um disco com 40 minutos com 10 músicas e um disco de 40 minutos com uma música. Thick As a Brick tem 40 minutos completa, no vinil ela interrompia quando acabava o lado A e você tinha que virar o disco para ouvir o restante, mas ela tem tantas variações, tantas nuances que não dá para falar que nem de longe que ela tem 40 minutos da mesma coisa. Fora que toda a mística e a história criada com a letra, a parte gráfica e as lendas sobre tudo isso criam um ambiente perfeito para que quando você ouve tudo faça sentido. Eu só reclamo uma coisa do Thick As A Brick: o sucesso da empreitada encorajou a banda a fazer o A Passion Play do mesmo jeito e aí eu já não acho que a banda conseguiu o mesmo resultado.
Líbia: Um dos álbuns mais sofisticados do Rock, tanto de material gráfico quanto de composição, foi tudo brilhantemente pensado. Thick As a Brick tem um domínio de duas entidades incríveis, linguagem e música. Me afeiçoei a esse álbum de primeira, ele começa da melhor maneira possível, com um instrumental incrível alinhado principalmente ao Hard Rock, Folk e Prog. A temática se torna atemporal nesse álbum, quando critica uma sociedade que não pensa mais por si própria e nem é estimulada a fazer isso desde o nascimento. Com certeza um dos melhores álbuns de todos os tempos.
Mairon: Destrinchei esse clássico do Jethro Tull em nosso site há algum tempo, e com certeza, este é um dos meus discos favoritos dentro do rock progressivo. A maravilhosa faixa-título, ocupando os dois lados do vinil simples, é um teste de audição para os fãs do estilo, e, principalmente, uma chocante experiência para quem estava acostumado com o hard/folk que o Jethro Tull havia apresentado em seus quatro álbuns anteriores. Martin Barre (guitarra) e Barriemore Barlow (bateria) são os grandes destaques individuais, com solos energéticos e vibrantes, junto a uma performance impecável e essencial de John Evan no piano e teclados, que dá um corpo robusto para a canção. Mas é o faz tudo Ian Anderson quem comanda toda a bagaça com flauta, violão e uma voz reconhecível até por uma marmota bêbada. No ano seguinte, o grupo gravou sua obra-prima, A Passion Play, mas o que foi feito em Thick As a Brick é mais um daqueles raros momentos em que alguém aponta para baixo e diz: “Vocês cinco, façam uma obra atemporal”, e assim ela nasce. Não entrou na minha lista por conta que só podia dez, mas se tivesse que ser um dos do Jethro Tull possíveis, com certeza seria ele. Essencial!
Micael:  Tenho certeza de que este disco só está aqui porque o coloquei no topo da minha lista. Afinal, quase todo fã do Jethro Tull iria citar Aqualung e não ele numa lista destas. Mas, como já escrevi antes, para mim não é o caso do disco ser o “mais importante”, mas sim de ser “o melhor”. E, neste caso, Thick As a Brick para mim não só é o melhor registro de Ian Anderson e companhia, mas do rock progressivo inteiro (afirmação forte, eu sei, mas devo ser meio maluco mesmo). Curioso é que ele deveria ser uma espécie de “paródia” ao gênero, visto Ian ter ficado, segundo a lenda, muito irritado com aqueles que chamaram Aqualung de “conceitual” e “progressivo”, sendo que, a partir daí, resolveu fazer uma espécie de “pastiche” destes conceitos para “brincar” com os críticos que não compreendiam sua música... Acabou compondo um álbum com uma única música de quase quarenta e cinco minutos, a meu ver maravilhosa, e que me levou ás lágrimas quando de sua execução na íntegra em um show em Porto Alegre que o colega José Aronna resenhou para este site. Talvez seja mais um caso de “gosto pessoal superando a coerência nas listas do site”, mas, se os demais consultores não concordarem com a minha opinião, bem, eu também não concordei com muitas das opiniões deles, então, deixemos assim...
Ronaldo: Ainda que o Jethro Tull estivesse na gênese da vertente mais ousada do rock do fim dos anos 60, eles tinham raízes bastante profundas no blues e um guitarrista que não economizava na distorção. Isso fez com que seu som se diferenciasse bastante dos grupos que partilhavam da mesma expansão das fronteiras roqueiras, mas que assumiram para si o papel de mini-orquestras eletrônicas. Em Thick as a Brick, o grupo parece buscar se equiparar a esse conjunto de conceitos e, ainda que o faça bem, há muitas partes no álbum que mostram uma banda um pouco desajeitada nesse figurino. A veia folk de Ian Anderson traz um tempero especial para a sinfonia Tulliana.

8° Bruce Springsteen – Born to Run [1975] (32 pontos)

André: Não é que o Diogo Bizotto deixou ainda alguns fakes para votarem por ele no site? Mas dou meus méritos ao The Boss. Ele sempre se mostrou muito caprichado e rigoroso quanto as suas composições e isto fez com que deixasse uma bela discografia. Entre os seus melhores discos está esse Born to Run. O disco inteiro exala aquele rock gostoso recheado de piano, sax e que nos traz aquela vontade sair pelas rodovias da América a bordo de nosso carro conversível. Mas como isso não passa de um sonho de pobre, ao menos, dá para nos iludirmos ao som de "Night" e da balada "She's the One" que são minhas favoritas aqui.
Daniel: Um disco extraordinário e outra das melhores obras da história do Rock, embora não sejam todas as mentes aptas para esta percepção. É bastante palpável todo o cuidado e empenho com que Bruce Springsteen gravou o álbum. Impressiona como cada segundo de sua duração foi pensado, para se encaixar cada nota, cada instrumento, de maneira única e a soar contribuindo para o engrandecimento de cada composição. Outra característica marcante de Born to Run são os arranjos das canções, trabalhados de maneira excepcional de forma a tornar tudo mais grandioso, mas sem soar desnecessário ou exagerado.
Davi: Álbum clássico que marca um ponto de virada na carreira do the boss. Os arranjos ganharam mais corpo, se comparado aos 2 álbuns anteriores. Bruce Springsteen já se demonstrava um grande cantor, se entregando de corpo e alma com sua voz forte e rasgada. Como já era de se esperar, o trabalho é tipicamente americano. Há quem se incomode com isso, o que não é o meu caso. "Thunder Road", "Night", "Born To Run", "She´s The One" e "Junglehead" são os destaques do disco.
Eudes: Daquelas escolhas retroativas. Claro que Born to Run é ótimo, mas está muito longe de ser o melhor disco de Bruce Springsteen. Pessoalmente coloco no topo Nebraska. E, reconhecida sua importância, está muito atrás de vários outros álbuns deste período seja no quesito novidade-ruptura, seja no quesito representatividade. Escolha que sinceramente não entendi.
Fernando: Da lista é o disco que menos ouvi. É por que não gosto dele? Claro que não! É só o fato de que é o artista da lista que fiquei fã há menos tempo. É curioso como um músico consegue mostrar suas suas raízes e representar tanto um país através da música. Interessante que eu sei o quanto esse disco é importante para Springsteen, provavelmente seu disco mais respeitado, mas não é meu preferido – o posto cabe ao disco seguinte Darkness on the Edge of Town. Notaram que meio de tantas bandas fantásticas presentes nessa lista somente Springsteen conseguiu incluir um disco como artista solo?
Líbia: Esse álbum me conquistou nos primeiros segundos de “Thunder Road” e nunca mais saiu das minhas audições. Cada música revela um tumulto de emoções humanas que cada um de nós experimenta muitas vezes. Bruce Springsteen interpreta as histórias com paixão, as músicas “Backstreets” e “Born to Run” manifestam bem isso. O álbum finaliza com a fantástica poesia e riqueza musical de “Meeting Across The River” e com uma interação fantástica de Clarence Clemons e Roy Bittan em “Jungleland”. Certamente um dos álbuns com as melhores composições desse universo musical, ele te coloca para cima e te emociona. Born To Run vai se eternizar na minha lista dos anos 70.
Mairon: Surpreendente ver esse disco aqui. Achei que sem o Diogo, Bruce não teria moral entre os consultores, mas acabei vendo que isso não é realidade. Pontos para a introdução de “Meeting Across the River”, e só. No geral, basta ouvir os primeiros segundos de “Thunder Road” para sentir que aqui está aquela música boa para deixar de fundo para fazer qualquer outra atividade. A música de Bruce é cheia de testosterona e para cima, como atesta a faixa-título ou a mini-suíte “Jungleland”, mas americana demais para meu gosto. Esse pianinho elétrico de “Backstreets”, “She’s The One” e “Tenth Avenue Freeze-Out” é brega pacas. O saxofone me irrita quando aparece, principalmente na faixa-título e em “Night”, e olha que eu curto bastante saxofone. Parece aquele saxofone de filme de Natal de Hollywood. Me irrita. Vejo o disco como uma obra melhorada do que Meat Loaf fez com Bat Out Of Hell dois anos depois, com todo o perdão da comparação. É audível, mas não para tudo isso.
Micael:  Ah, sério que este álbum está nesta lista? Não é pegadinha isso aqui? Uma década com medalhões do calibre de Queen, Black Sabbath, Bob Dylan, David Bowie, Eric Clapton, King Crimson, Rolling Stones (para ficar só dentre aqueles candidatos a serem eleitos pelos critérios adotados) e conseguem deixar todos eles de fora por ISTO? Tudo o que se encontra aqui foi feito com mais propriedade por Neil Young naquela mesma década (bom, talvez não as melodias vocais, mas isso é gosto pessoal), e muito mais além pelo Crosby, Stills, Nash & Young, por Sir Elton John ou pelo Fleetwood Mac (de novo, só para ficar dentre aqueles que atendiam os pré-requisitos), Incompreensível... Mais uma vez o gosto pessoal superando a coerência nas listas do site.
Ronaldo: Me lembro mais ou menos do que escrevi quando esse álbum apareceu na lista de melhores do ano em que foi lançado. Minha opinião é basicamente a mesma desde então – é um som que remete imediatamente aos EUA e ao estilo de vida da maior parte de seus cidadãos. Então, uma adequada apreciação desse álbum depende um pouco de que o ouvinte entre nesse clima. Bruce é um compositor capaz de colocar muita energia no seu trabalho e de gerar um vínculo bastante eficaz com seus ouvintes. É um rock adulto com características próprias, que tem predicados inquestionáveis. De questionável aqui somente sua presença em uma lista de 10 melhores em uma década como a de 70.

9° Genesis - Selling England By The Pound [1973] (27 pontos)

André: Não sou lá tão fã do Genesis quanto meus colegas de site e acho que talvez um Bowie ou um The Who poderia ser mais representativo aqui se for para ignorar minhas preferências pessoais. É um bom disco sem dúvidas, não tenho como criticar esses caras sendo que a canção "Firth of Filth" a que mais me agrada com belas passagens sinfônicas. Sem contar o desempenho do tecladista Tony Banks, de longe, o melhor integrante da banda. Mas se fosse para ter o Genesis aqui, Foxtrot era o disco que eu preferiria.
Daniel: Este é outro disco magnífico e que foi o grande responsável por me tornar um fã de Rock Progressivo. "Dancing with the Moonlit Knight" e "The Battle of Epping Forest" são composições exuberantes e exemplos excepcionais de como o Progressivo pode ser hipnoticamente cativante. As atuações de Peter Gabriel e de Steve Hackett são simplesmente incríveis. Enfim, fiquei muito satisfeito com a presença de uma obra como Selling England By The Pound estar aqui.
Davi: Essa fase do Genesis não é a minha preferida. Para a tristeza geral da nação, sempre gostei mais da fase mais comercial, com o Phil Collins a frente. Em relação ao trabalho escolhido, o disco é absurdamente bem feito. Phil Collins é um excelente baterista. Steve Hackett e Tony Banks são dois monstros, mas sei lá, escuto, escuto, escuto, e as composições não me cativam. "Dancing With The Moonlight Knight" e "Firth ou Fifth" são as que considero as melhores do álbum.
Eudes: Não dá para reclamar. Um disco de fato maravilhoso e muito expressivo da música dos anos 70. Pessoalmente, é o meu predileto do período em que Peter Gabriel encabeçava a banda. Embora muitos considerem que The Lamb Lies Down on Broadway a culminância desta fase da banda mais centrada na invenção, para mim este ponto culminante é este Selling England by the Pound. Aqui, parece que todas as vertentes inventivas que se manifestavam nos brilhantes discos anteriores se plasmaram em faixas extremamente bem resolvidas, com arranjos complexos mas longe de ser pretenciosos, melodias inesquecíveis e um clima cativante e comovente.
Fernando: Toda vez que ouço esse disco eu lembro das primeiras vezes que o ouvi. Estava em época de iniciação científica na faculdade e tinha começado a trilhar o caminho do progressivo. Lembro de estar no laboratório com meu discman e os fones no ouvido. O Genesis é a única banda clássica que poderia se reunir com sua formação clássica. O motivo disso ainda não ter acontecido é um mistério. Vão esperar alguém ir para a eternidade para isso acontecer?
Líbia: Genesis foi uma banda que demorou muito entrar na minha cabeça e hoje não sai da minha playlist. Selling England By The Pound foi o primeiro da fase Peter Gabriel que conheci, e foi como ir a um mundo muito surreal. Steve Hackett é um dos meus guitarristas favoritos e meu coração dispara quando escuto os belos solos dele nesse álbum! Eu curto as outras eras, mas essa é realmente descomunal. Nesse álbum, para mim o destaque é a “Firth of fifth” que tem um trabalho musical exageradamente perfeito. Obra-prima do Rock Progressivo.
Mairon: Eu simplesmente abomino “I Know What I Like (in Your Wardrobe)” na carreira do Genesis. Sinceramente, acho-a chata demais, e totalmente fora dos altos padrões que o Genesis de Peter Gabriel mostrou para a humanidade. Por outro lado, as épicas “Cinema Show”, “Dancing With the Moonlit Knight” e “The Battle of Epping Forest” são representativas desse padrão de excelência que citei, corroborado pela maravilha “Firth of Fifth”, com Steve Hackett eternizando um dos melhores solos de todos os tempos. A entrada entre os dez mais dos anos 70 é justa e apoiada, deste que comentei aqui. Mas ainda preferia ver o The Lamb Lies on Broadway por aqui.
Micael: Outro disco cultuado pelos seus admiradores, que parecem esquecer que o Genesis compôs duas obra primas praticamente perfeitas antes dele (e, segundo alguns, grupo onde não me incluo, uma outra ainda melhor logo depois). Claro que um disco que contém "Firth of Fifth", "The Cinema Show", "The Battle of Epping Forest", "Dancing with the Moonlit Knight" (estas duas, minhas favoritas no track list) e "I Know What I Like (In Your Wardrobe)" (talvez a primeira “pisada” do Genesis no terreno pantanoso do pop radiofônico onde a banda iria habitar na década seguinte) não pode nunca ser chamado de ruim. Apenas o acho inferior a seus antecessores imediatos (incluindo o Tresspass), e não vejo o porquê dele estar aqui. Para piorar, não é o único caso...
Ronaldo: Apenas em um contexto de ampla liberdade musical e valorização da instrumentação é que um álbum como esse poderia ser concebida e ter feito sucesso. Perfeição pode parecer uma palavra banalizada, mas gostaria que o leitor revisasse seu significado ao ouvir álbuns como Selling England by the Pound. Apenas por sua faixa de abertura esse disco já merece todos os louros – é uma sinfonia com uma dinâmica surpreendente e um encadeamento genial de frases e sonoridades. "The Cinema Show", é outra preciosidade – você consegue ter uma melodia cantarolável no início seguida de uma longa passagem instrumental pra deixar seus ouvidos arriados no final.

10° Captain Beyond - Captain Beyond [1972] (26 pontos) *

André: É com dor no coração que falo de uma banda que gosto bastante: mas deveria ter pelo menos um disco do Sabbath no lugar deste aqui, que destoa um pouco. OK, minha lista é cheia de discos de "segunda" como esse, mas caso uma delas entrasse, eu tentaria defender o meu peixe e justificar a sua entrada. Como não foi o caso, deixo para quem votou justificar. O que posso dizer é que o Captain Beyond é um caso típico de banda que infelizmente só foi reconhecida algumas décadas depois, mas deixando uma pequena discografia marcante. Caso deste primeiro disco que possui a excepcional "Mesmerization Eclipse" do qual possui um baixo simplesmente embasbacante por parte do excelente Lee Dorman, também do Iron Butterfly.
Daniel: A presença deste disco nesta lista é surpreendente. Não que se trate de uma obra ruim, ao menos para mim. Aqui se tem um trabalho que mistura sonoridades e melodias com competência e um bom gosto difícil de ver. Gosto da seção rítmica presente e marcante com Bobby Caldwell e Lee Dorman e Larry 'Rhino' Reinhardt arrebenta com seus solos e seus riffs. "Mesmerization Eclipse" e "Frozen Over" são minhas favoritas de um álbum acima da média, mas que é um exagero sua presença entre os 10 mais de uma década como a de 70.
Davi: Essa banda ficou muito conhecida entre os roqueiros por conta dos músicos envolvidos. Em especial, a presença de Rod Evans. O rapaz responsável pelos vocais nos primeiros álbuns do Deep Purple. O disco é realmente muito bom. Eu, particularmente, gosto muito de "Mezmerization Eclipse" e "I Can´t Feel Nothing". A banda era extremamente competente dentro da sua proposta que era, justamente, fazer um hard rock com pitadas de psicodelia e rock progressivo. No entanto, sua aparição aqui considero um tanto exagerada.
Eudes: Simpatizei muito com esta escolha. Obviamente não lhe daria a medalha de prata, mas, embora o disco não seja mais uma escolha surpreendente, pois há vários anos ele foi recuperado do limbo e elevado a ícone do hard rock setentista, não costuma frequentar estas listas de melhores do ano ou da década. O disco é um monumento de riffs monolíticos, duros, impenetráveis. Uma massa sonora que é jogada à audição como um tijolo. Um disco inesperadamente original. Prova disso é que, incapaz de repetir a façanha, a banda se dissolveu em poucos anos, mesmo que Sufficiently Breathless e Dawn Explosion sejam discos bacanas.
Fernando: Lembro quando eu comprei esse disco e ouvi. Achei confusas as músicas no início. Não lembro bem o motivo, mas daí ouvi o Bento Araújo do Poeira Zine dizendo que esse era o melhor disco de hard rock dos anos 70. Pensei, o Bento está louco!!! Olha os discos do Purple, do Rainbow e de outras várias bandas. Lembro de voltar a ouvir com mais cuidado e acabei fazendo várias audições meio seguidas e daí o disco me pegou. Ainda não acho ele melhor que um Burn ou o próprio Machine Head, mas não dá para negar que é um clássico e fiquei feliz dele ter entrado.
Líbia: Minha lista de álbuns sempre se altera, mas esse debut está fixo na minha lista dos anos 70 há muitos anos, quando o adquiri pela capa e pelo ex-vocalista do Deep Purple, Rod Evans. Nos primeiros minutos do CD no meu aparelho de som, já estava surpreendida pelos riffs, que chegavam a ser de outra galáxia, e com o instrumental caprichado do início ao fim. Pular as faixas chega a ser um crime de Estado, seria como cortar uma música ao meio. O álbum infelizmente não foi um sucesso de vendas na época de lançamento, mas um trabalho feito com sucesso. Agora é um clássico absoluto e peculiar, que ultrapassou gerações com o seus Lados A e B fantásticos, não consigo citar uma música ou outra de destaque. Se um dia eu esquecer quem sou, ainda lembrarei desse grande feito do Captain Beyond.
Mairon: Lembro até hoje a primeira vez que ouvi esse álbum, esperando algo na linha psicodélica do Deep Purple do qual Rod Evans havia feito parte, e me deparando com uma potente turbina sonora, capaz de arrancar o chão com uma fúria devastadora. O lado A deste álbum é perfeito, e o lado B é sobrenatural. Canções curtas, misturando hard rock com pitadas de psicodelia e muito, mas muito peso, que vão intercalando-se e fazendo uma fusão arrasadora, parecendo que estamos apenas em uma longa e incrível suíte, que só leva o ouvinte a curtir mais e mais vezes os trinta e cinco minutos de Captain Beyond. O melhor trabalho da carreira de Rod Evans, e também dos ex-Iron Butterfly Larry “Rhino” Reinhardt (guitarra) e Lee Dorman (baixo), que, acompanhados por Bobby Caldwell, cometeram o único pecado de terem ficado juntos por pouco tempo. E a capa da versão original? Que coisa linda de morrer! Citar uma única canção é pouco. O melhor é ouvir na íntegra outro grandioso álbum de 1972 a aparecer aqui na lista. Na lista original, lá dos tempos da Uol, esse álbum ficou atrás de Close to the Edge na minha lista particular. Como adotei escolher apenas um disco de cada banda para essa lista, ele automaticamente se tornou o primeiro a aparecer de 1972. Foda que haviam outros oito melhores na minha opinião para os anos 70, mas fico feliz em saber que não sou só eu que acho esse trabalho essencial. Parabéns aos consultores por terem colocado Captain Beyond entre os dez mais, e por colocar quatro discos de 1972 na lista. .
Micael:  Comprei este disco em uma era pré-internet porque tinha lido em algum lugar que Rod Evans cantava nele, e eu sempre gostei muito de Deep Purple, mesmo da primeira fase. Ouvi uma ou duas vezes, e não percebi nada demais no disco.. bonzinho, mas apenas isto. Veio a internet e descobri um verdadeiro culto ao disco (e à banda também), então lhe dei mais algumas poucas chances, que não mudaram minha opinião. Aí ele é eleito nesta lista, e minha opinião... ainda é a mesma! A quantidade absurda de discos melhores (e mais importantes, se quiserem usar este critério) que ficaram de fora para que este álbum entrasse me faz questionar se os meus colegas realmente conhecem alguns dos álbuns disponíveis para votação ou apenas selecionaram na lista inicial aqueles que fazem parte de suas coleções (ou suas “listas de reprodução do spotify”) e mandaram bala em seus votos sem procurar ouvir os clássicos contidos na referida listagem, que continha, com certeza, mais de cem discos para escolha. Pois bem, baseado nela, e apenas nela, se a lista fosse dos 100 melhores discos da década de 1970, não sei se haveria lugar para o Capitão do Além... Enfim, não é a primeira lista do site com uma enorme distorção... ninguém é perfeito mesmo..
Ronaldo: Me incluo entre os muitos fãs exaltados desse álbum. Há aqui uma forma muito original de transitar entre o peso do hard rock do início dos 70’s com aquela coisa cerebral trazida pelo rock progressivo inglês, tudo isso temperado com virtuosismo e embalado com composições empolgantes. A presença de um disco como este pode ser contestada por si só, mas acho que esse disco representa toda a vertente de rock pesado que varreu o mundo após o surgimento do Led Zeppelin, do Deep Purple e do Black Sabbath. Em termos musicais e em quantidade de obras, esse estilo é algo muito mais consistentemente disseminado do que o glam-rock, com o qual frequentemente o início da década de 70 é associado.
* Captain Beyond ficou empatado com o mesmo número de pontos que Layla And Other Assorted Love Songs e Burn. Porém, como teve três citações, enquanto os demais tiveram duas citações, ficou com o décimo lugar. 

Listas Individuais
 
ANDRÉ
1. Pink Floyd – The Dark Side of the Moon
2. Deep Purple - Burn
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
4. Novos Baianos - Acabou Chorare
5. Kraftwerk – Trans Europa Express
6. Kiss – Destroyer
7. Black Sabbath – Master of Reality
8. Wishbone Ash – Argus
9. Uriah Heep – Demons and Wizards
10. Jethro Tull – Aqualung

 
DANIEL
1. Led Zeppelin – Physical Graffiti
2. Pink Floyd – The Wall
3. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
4. Bruce Springsteen – Born to Run
5. Deep Purple – Machine Head
6. Black Sabbath – Paranoid
7. Jethro Tull – Thick As a Brick
8. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
9. Queen – A Night at the Opera
10. Genesis – Selling England By the Pound

 
DAVI
1. Kiss – Destroyer
2. Van Halen – Van Halen
3. John Lennon – Plastic Ono Band
4. Rolling Stones – Sticky Fingers
5. Deep Purple – Machine Head
6. Black Sabbath – Black Sabbath
7. Queen – A Night At The Opera
8. Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
9. Yes - Fragile
10. Pink Floyd - The Wall

 
EUDES
1. Led Zeppelin - Physical Graffitti
2. George Harrison - All Thigs Must Pass
3. Jeff Beck - Blow By Blow
4. Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon
5. Yes - Close To The Edge
6. Deep Purple - Machine Head
7. Stevie Wonder - Talking Book
8. Milton Nascimento & Lô Borges - Clube Da Esquina
9. Black Sabbath - Vol. 4
10. Neil Young - Zuma

 
FERNANDO
1. Pink Floyd - The Dark Side of The Moon
2. Yes - Close To The Edge
3. Genesis - Selling England By The Pound
4. Elton John - Goodbye Yellow Brick Road
5. David Bowie - The Rise and Fall of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars
6. Deep Purple - Machine Head
7. Derek And The Dominoes - Layla And Other Assorted Love Songs
8. Black Sabbath - Master Of Reality
9. Led Zeppelin - Led Zeppelin IV
10. Rolling Stones - Sticky Fingers

 
LÍBIA
1. Rush - 2112
2. Bruce Springsteen – Born to Run
3. Rainbow - Rising
4. UFO - Phenomenon
5. Uriah Heep - Demons and Wizards
6. Supertramp - Breakfast in America
7. Captain Beyond - Captain Beyond
8. Alice Cooper - School's Out
9. Thin Lizzy – Jailbreak
10. Deep Purple - In Rock

 
MAIRON
1. Led Zeppelin - Physical Graffitti
2. Yes - Tales From Topographic Oceans
3. Genesis - The Lamb Lies Down On Bradway
4. Arnaldo Baptista - Lóki?5. David Bowie - Low
6. Black Sabbath - Never Say Die
7. Deep Purple - Come Taste The Band
8. Rush - Hemispheres
9. Captain Beyond - Captain Beyond
10. Pink Floyd – Atom Heart Mother

 
MICAEL
1. Jethro Tull – Thick As a Brick
2. Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
3. The Clash – London Calling
4. Queen – A Night at the Opera
5. Genesis – Nursery Cryme
6. Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
7. Pink Floyd – Animals
8. King Crimson – Red
9. Deep Purple – In Rock
10. Yes – Close to the Edge

 
RONALDO
1. Led Zeppelin - Led Zeppelin IV
2. Emerson Lake & Palmer - Brain Salad Surgery
3. Captain Beyond - Captain Beyond
4. Yes - Close To The Edge
5. Black Sabbath - Vol. 4
6. Genesis - Selling England By The Pound
7. Deep Purple - Burn
8. Rolling Stones - Sticky Fingers
9. The Who - Who's Next
10. Pink Floyd - Dark Side Of The Moon

DISCOS ELEITOS ENTRE 1970 E 1979
AC/DC – Powerage
AC/DC – Highway to Hell
Alice Cooper – School’s Out
Arnaldo Baptista – Lóki?
Bad Company – Bad Company
Banco del Mutuo Soccorso – Darwin!
Big Star – #1 Record
Black Sabbath – Black Sabbath
Black Sabbath – Paranoid
Black Sabbath – Master of Reality
Black Sabbath – Vol. 4
Black Sabbath – Sabbath Bloody Sabbath
Black Sabbath – Sabotage
Black Sabbath – Never Say Die!
Blue Öyster Cult – Secret Treaties
Bob Dylan – Blood on the Tracks
Bob Dylan – Desire
Bruce Springsteen – Born to Run
Bruce Springsteen – Darkness on the Edge of Town
Caetano Veloso – Transa
Camel – Mirage
Captain Beyond – Captain Beyond
Caravan – In the Land of Grey and Pink
Creedence Clearwater Revival – Cosmo’s Factory
Crosby, Stills, Nash & Young – Déjà Vu
David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars
David Bowie – Station to Station
David Bowie – Low
David Bowie – “Heroes”
Deep Purple – In Rock
Deep Purple – Machine Head
Deep Purple – Burn
Deep Purple – Come Taste the Band
Derek and the Dominos – Layla and Other Assorted Love Songs
Eagles – Hotel California
Electric Light Orchestra – Eldorado
Elis Regina – Falso Brilhante
Elton John – Goodbye Yellow Brick Road
Emerson, Lake & Palmer – Emerson, Lake & Palmer
Emerson, Lake & Palmer – Brain Salad Surgery
Eric Carmen – Eric Carmen
Fleetwood Mac – Rumours
Frank Zappa – Chunga’s Revenge
Free – Fire and Water
Funkadelic – One Nation Under a Groove
Gene Clark – No Other
Genesis – Nursery Cryme
Genesis – Foxtrot
Genesis – Selling England By the Pound
Genesis – The Lamb Lies Down on Broadway
Gentle Giant – Acquiring the Taste
Gentle Giant – Octopus
George Harrison – All Things Must Pass
Grand Funk Railroad – E Pluribus Funk
Jeff Beck – Blow By Blow
Jeff Beck – Wired
Jethro Tull – Benefit
Jethro Tull – Aqualung
Jethro Tull – Thick As a Brick
John Lennon – Plastic Ono Band
Joni Mitchell – Blue
Jorge Ben – A Tábua de Esmeralda
Jorge Ben – África Brasil
Judas Priest – Sad Wings of Destiny
Judas Priest – Sin After Sin
Judas Priest – Stained Class
Judas Priest – Killing Machine
Kansas – Leftoverture
King Crimson – Larks’ Tongues in Aspic
King Crimson – Red
Kiss – Destroyer
Kiss – Rock and Roll Over
Kiss – Love Gun
Kiss – Dynasty
Kraftwerk – Autobahn
Kraftwerk – Trans Europa Express
Led Zeppelin – Led Zeppelin III
Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
Led Zeppelin – Houses of the Holy
Led Zeppelin – Physical Graffiti
Led Zeppelin – Presence
Lynyrd Skynyrd – Street Survivors
Meat Loaf – Bat Out of Hell
Michael Jackson – Off the Wall
Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina
Motörhead – Overkill
Mutantes – Jardim Elétrico
Neil Young – Harvest
Neil Young – On the Beach
Neil Young with Crazy Horse – Zuma
Novos Baianos – Acabou Chorare
Paul and Linda McCartney – Ram
Paul McCartney & Wings – Band on the Run
Pink Floyd – Atom Heart Mother
Pink Floyd – Meddle
Pink Floyd – The Dark Side of the Moon
Pink Floyd – Wish You Were Here
Pink Floyd – Animals
Pink Floyd – The Wall
Queen – A Night at the Opera
Queen – News of the World
Rainbow – Ritchie Blackmore’s Rainbow
Rainbow – Rising
Rainbow – Long Live Rock ‘n’ Roll
Ramones – Ramones
Ramones – Rocket to Russia
Raul Seixas – Krig-ha, Bandolo!
Renaissance – Ashes Are Burning
Rita Lee & Tutti Frutti – Fruto Proibido
Rush – 2112
Rush – A Farewell to Kings
Rush – Hemispheres
Scorpions – Virgin Killer
Scorpions – Taken By Force
Secos & Molhados – Secos & Molhados
Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
Som Nosso de Cada Dia – Snegs
Steely Dan – Pretzel Logic
Steve Howe – The Steve Howe Album
Stevie Wonder – Music of My Mind
Stevie Wonder – Talking Book
Supertramp – Crime of the Century
Supertramp – Breakfast in America
Tangerine Dream – Cyclone
The Clash – London Calling
The Kinks – Lola Versus Powerman and the Moneygoround, Part One
The Mahavishnu Orchestra – The Inner Mounting Flame
The Police – Reggatta de Blanc
The Rolling Stones – Sticky Fingers
The Rolling Stones – Exile on Main St.
The Stooges – Fun House
The Stooges – Raw Power
The Who – Who’s Next
Thin Lizzy – Jailbreak
Thin Lizzy – Black Rose: A Rock Legend
Tom Waits – Blue Valentine
UFO – Phenomenon
Uriah Heep – Demons and Wizards
Van Der Graaf Generator – Pawn Hearts
Van Der Graaf Generator – Godbluff
Van Halen – Van Halen
Van Halen – Van Halen II
Wishbone Ash – Argus
Yes – Fragile
Yes – Close to the Edge
Yes – Tales from Topographic Oceans
Yes – Relayer
Yes – Going for the One
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