segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Os 40 anos da morte de Janis Joplin


04 de outubro é uma daquelas datas que marcam a humanidade. Exatamente há 40 anos atrás, morria a maior cantora branca de blues que o mundo já ouviu, Janis Joplin.

Nascida em 19 de janeiro de 1943, na cidade de Port Arthur, Texas, Estados Unidos, Janis Lyn Joplin cresceu ouvindo música com seus pais, influenciando-se principalmente em gênios do blues como Big Mama Thornton, Bessie Smith, Buddy Guy e Robert Johnson. Logo após terminar o segundo grau na Jefferson High School, Janis mudou-se para a Universidade do Texas, em Austin, no ano de 1960, onde sua vida começou a mudar significativamente.

A famosa foto de Bob Seideman

Com 17 anos, Janis desfrutava de uma beleza rara, o que pode ser conferido na bela foto de Bob Seidemann de 1967, e principalmente, dotada de uma voz incomum para brancos e com uma capacidade de fazer chorar até cantando "Parabéns A Você", Janis passava a ser uma das principais atrações nas casas noturnas da cidade.

Em 1963, Janis viveu sua transformação. De estudiosa e intelectual, vestindo-se como as francesas e seguindo uma geração beat, Janis mudou-se para San Francisco, onde teve contato com a geração hippie e com as primeiras pastilhas de LSD, bem como a heroína.

Desde os tempos da faculdade em Austin Janis consumia macona e muito álcool, mas os primeiros anos em San Francisco quase a levaram para uma pior. A mistura de bebida, heroína e drogas mais leves afetaram muito sua saúde, mudando inclusive sua voz, deixando-a mais rouca e blueseira do que já era.

Janis no início de carreira: uma tímida cantora folk

Janis teve que se afastar de San Francisco para fazer um tratamento de recuperação de saúde, mas por lá, deixou amigos e contatos, como Bob Dylan, Jimi Hendrix (ainda em começo de carreira) e Jerry Garcia.

Retornou para São Francisco em 1966, onde participou para a seleção de vocalista principal de diversas bandas. Na Big Brother and the Holding Company, Janis alcançou o posto de vocalista principal, e com a banda gravou dois excelentes discos: Big Brother and the Holding Company (1967) e Cheap Thrills (1968), esse último um marco, com clássicos do calibre de "Summertime", "Piece of My Heart" e "Ball and Chain", além de deixar todos de boca aberta com uma apresentação insana e emocionante no Monterey Pop Festival de 1967, onde interpretando "Ball and Chain", Janis fez Mama Cass engoli diversas moscas sem nem perceber.

O sucesso com a Big Brother fez a gravadora projetar vôos maiores para Janis, e assim, criou-se a Kosmic Blues Band, com quem Janis gravou o fundamental I Got Dem ol' Kosmic Blues, Again Mama! (1969), um dos discos mais importantes da história fonográfica, com clássicos do porte de "Try", "Maybe", "Kosmic Blues", "Little Girl Blue" e "Work Me Lord". O contato com as drogas passou a ser cada vez maior e Janis novamente se transformava. Agora a garota bonita do início dos anos 60 dava lugar a uma gorda espalhafatosa, falando bobagens e cometendo muitas gafes.

O sinal de decadência se deu na desastrosa apresentação em Woodstock. Totalmente chapada, Janis subiu ao palco cambaleante, e fez uma das piores apresentações de sua carreira, errando letras, tempos e pagando um mico geral ao ter que ser novamente segura para descer do palco.

Janis novamente buscou a saída em um tratamento de desintoxicação, e dessa vez, veio ao Brasil, onde fez sucesso, transando com Serguei e um holandês na praia de Copacabana, cantando em alguns bordéis (inclusive existe um que tem um cartaz afirmando que Janis lá cantou) e sendo expulsa do Copacabana Palace Hotel por nadar nua na piscina.

Janis em Copacabana
Janis voltou para os Estados Unidos, onde a Fill Tilt Boogie Band já esperava para a gravação de um novo álbum e para uma fantástica excursão chamada Festival Express, onde ao lado da Grateful Dead, Delaney and Bonie, The Band, Eric Andersen e Ian and Sylvia, Janis percorreram o Canadá em um trem, tocando em Toronto, Winnipeg e Calgary, e voltando mais forte para as drogas. Faltando colocar voz em apenas uma música, Janis foi encontrada morta no dia 04 de outubro de 1970 em um quarto de hotel em Los Angeles, vítima de uma overdose de heroína.

Após muita discussão, Pearl foi lançado em 1971 trazendo todas as canções que Janis havia gravado e mais "Buried Alive in the Blues", a única que faltou a voz de Janis. O disco foi um estouro, e mostrou Janis em ótimas fase de recuperação, com canções como "Cry Baby", "My Baby", "A Woman Left Lonely" e "Me and Bobby McGee".

Janis foi cremada no cemitério Westwood Village Memorial, e suas cinzas espalahadas pelo Oceano Pacífico, deixando um legado de uma voz inigualável, frases polêmicas como "estar no palco é fazer sexo com mais de 1000 pessoas ao mesmo tempo" e uma dose cavalar de emoção para cada palavra que saia de sua boca, sempre dando mais um pedaço de seu coração ao ouvinte.

Janis para mim é uma injustiçada. Chamada de baranga, hipponga e tudo o mais que é desprezível e menosprezante, Janis na verdade ardeu em um mundo que não entendia sua capacidade de amar, e principalmente, de se expressar, afundado na pior das soluções para fugir da depressão, as drogas, e tornando-se uma filha da heroína.

Infelizmente, foi mais uma vítima a ficar na interminável linha de trem dos famosos artistas que perdem a batalha contra as drogas, mas que tem seu legado cultuado até os dias de hoje.

Janis ao vivo: um vulcão em erupção

Fica aqui minha pequena mas sincera homenagem a maior artista e meu maior ídolo desde que me conheço como gente. Falaria muito mais de Janis, principalmente por ser apaixonado pela vocalista, mas prefiro elucidar todo meu sentimento em uma frase que admiro de um clássico da carreira dela:

"You know that I'll always be round
If you ever want me"

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