Com os Estados Unidos na mão, o Triumph decidiu que agora era a vez de conquistar o mundo. Os shows na Inglaterra haviam feito algum rebuliço na imprensa especializada britânica, mas o grupo sentia que algo mais precisava ser feito para levantar as vendas por lá, já que ainda não haviam conseguido muito êxito na Europa com os quatro álbuns anteriores. Além disso, Progressions of Power havia se tornado um disco fundamental na carreira do Triumph, já que haviam descoberto a fórmula para o sucesso, a qual havia sido fornecida pelo Moxy de Under the Lights: refrões grudentos, solos de guitarra e uma mistura de peso/riffs com cadências e levadas suaves agradavam a geração de jovens que surgia na década de 80, e deixavam de vez as semelhanças e influências zeppelianas totalmente à parte.
Com o término da turnê de Progressions of Power trancam-se novamente no estúdio para buscar uma sonoridade que agradasse os europeus (saindo do punk rock, curtindo a chamada New Wave of British Heavy Metal e entrando em uma fase mais eletrônica), e ao mesmo tempo manter a hegemonia nos Estados Unidos.
No dia 19 de setembro de 1981 chegava as lojas Allied Forces, um disco repleto de excelentes canções que viraram hits, abrindo com um deles, no sustain de "Fool for Your Love", um hard bem oitentista com um riff pegajoso e acompanhado pelo slide de Rik. Cantada por Gil, essa canção virou um dos símbolos da nova fase do grupo.
A volta as boas canções em Allied Forces |
A trilha de hits segue com "Magic Power", uma das mais famosas canções do trio, com a guitarra dedilhada e teclado suave acompanhando os vocais de Rik, que entoa a letra seguida de seu refrão. Riffs de guitarra mudam a cadência, aumentando o ritmo aos poucos, fazendo então surgir um hard no estilo que o Triumph consagrou em seu álbum anterior, cercado de Hammonds tocado por Mike.
Passos acelerados, sirenes e bombas explodindo fazem de "Air Raid" uma introdução para mais um clássico, a faixa-título "Allied Forces", com sua guitarra pesadíssima e um riff imortal. Gil canta sobre um ritmo acelerado construído sobre uma escala de blues. Destaque maior para o refrão e o final apoteótico, bem como o solo de Rik. O refrão também é o principal destaque de "Hot Time (In this City Tonight)", que encerra o lado A com uma introdução bem rock'n'roll, seguindo posteriormente a linha de "Magic Power" e contando com outro belo solo de Rik.
O lado B abre com mais um hit, "Fight the Good Fight". Teclados trazem Rik comandando um violão de 12 cordas acompanhado de uma cadência bem sessentista feita por Mike e Gil. Novamente temos uma grande utilização de teclados. O refrão é pesado, com Gil mandando ver nos pratos. A seguir uma sessão viajante, onde baixo, teclado e o dedilhado da guitarra acompanham os vocais de Rik, abrindo espaço para Rik mandar ver no solo. Na guitarra de seis cordas Rik segue a letra, rasgando a voz no encerramento feito com o refrão.
A épica "Ordinary Man" dá sequência a esse fantástico álbum, iniciando com um coral entoando o nome da canção. Lentamente a guitarra e o teclado surgem, trazendo juntos baixo e bateria, que acompanham os vocais de Rik em uma linda balada, onde o refrão é novamente acompanhado pelo coral. A canção ganha velocidade com Rik mandando ver em riffs rápidos e Gil adicionando diversas viradas. O solo de Rik é de arrepiar, abrindo espaço para mais uma estrofe da letra e com uma pequena pausa, retomando o refrão com diversas intervenções de Rik.
A peça clássica "Petite Etude" vem com um dedilhado triste e lento, interferindo acordes jazzísticos. O dedilhado ganha velocidade, com mudança rápida de acordes e encerrando da mesma forma que o início. Finalmente, "Say Goodbye" traz a cadência de "Fool for Your Love, com Rik nos vocais e no slide. O refrão é mais simples, com uso de Hammond e uma linda sessão, onde os vocais são acompanhados pelo dedilhado da guitarra.
O disco alcançou a posição #23 na parada da Billboard, com "Magic Power" e "Fight the Good Fight" alcançando o oitavo e o décimo-oitavo postos na lista do Mainstream Rock daquele ano. Acabou virando o álbum mais cultuado dos fãs, principalmente pelo fato de ser um divisor de águas na carreira da banda, já que ele abria mão de todas as influências progressivas e, principalmente, zeppelianas, colocando o Triumph como uma banda independente e produtiva. Além disso, o conjunto de backing vocals utilizado nos dois álbuns anteriores resumiu-se a apenas à participação de Elaine Overholt.
Com a intenção de tornar o disco conhecido primeiramente na Europa, e assim tentar conquistar o mercado daquele continente, no dia primeiro de agosto de 1981 a banda começou a "Allied Forces Tour" em Portval, na Inglaterra. No dia 09 de setembro começam a turnê pelos Estados Unidos na cidade de Laredo (Texas), e assim foi durante o mês de setembro, com o grupo passando por Odessa, San Antonio (ao lado de Frank Marino), Lubbock, San Angelo, El Paso, Austin, Houston, Dallas, Beaumont (Texas - 10, 11, 12, 17, 18, 24, 25, 26, 27), Oklahoma City (Oklahoma - 13), Phoenix (Arizona - 19) e Albuquerque (Novo México - 20). Em outubro, o grupo continuou a turnê pela Terra do Tio Sam, já que as vendas na Europa não estavam altas, e assim, passaram por Louisville (Kentucky - 02), St. Louis (Missouri - 03), Erie, Pittsburgh (Pennsylvania - 07, 11), Daytona, Cleveland (Ohio - 08, 12), Chicago (Illinois - 09), Indianapolis (Indianapolis - 10), Oakland e dois shows em Santa Monica (California - 24, 30 e 31).
Em novembro o Triumph alcança até então o maior número de shows consecutivos da carreira, encerrando a turnê americana com uma passagem por San Diego, Los Angeles, Oakland e Sacramento (California - 04, 05, 07 e 08), Reno (Nevada - 06), Portland (Oregon - 09), Seattle e Spokane (Washington - 20, 21), voltando para o Canadá para fazer a festa de final de ano em Toronto (Ontario) no dia 31 de dezembro, com direito a uma apresentação especial no dia 02 de janeiro em Ottawa (Ontario).
Buscam em vão agendar shows na Europa, que torcia o nariz para o hard proposto pelo grupo, mas com o sucesso de vendas na Terra do Tio Sam, em fevereiro retornam para mais uma sequência de shows, começando por Lansing (Michigan - 11) ao lado da banda Flye, Omaha (Nebraska - 13), St. Paul (Minnesota - 14) e Pittsburgh (Pennsylvania - 26). Ainda em fevereiro fazem uma pequena turnê ao lado do Saxon, tocando em Nova York (Nova York - 19), Baltimore (Maryland - 21) e South Bend (Indiana - 24), sempre com casas lotadaças.
Tocam em Worchester (Massachusetts) no dia 12 de março e tiram dois meses de férias, já que haviam feito mais de 40 shows em pouco mais de cinco meses, o que causou um grande desgaste nos músicos. Ao mesmo tempo, o grupo recebia o disco de ouro pelas vendas de Allied Forces, que ultrapassaram a quantia do milhão. Foi exatamente nessa turnê que Rik começou a usar a guitarra de dois braços, a qual variava entre a cor vermelha, preta, marrom e branca.
US Festival |
Entram em estúdio em junho de 1982, ao mesmo tempo que aceitam o convite para ser a atração principal no Toledo Speedway Jam do dia 27 de junho, em Toledo (Ohio), ao lado de Foreigner, Donnie Iris e Loverboy. Em meio as gravações, tocam em Orlando (Flórida) no dia 10 e 14 de outubro e também em Pasadena (Califórnia) no dia 13 de outubro.
A longa turnê fez o grupo repensar a carreira e se concentrar mais em temas ligados à política e também às causas humanitárias, fugindo das tradicionais mulheres, sexo e festas. Com esse pretexto preparam um trabalho mais intimista, e saem em divulgação do mesmo antes do lançamento do álbum. Então começam a chamada "Never Surrender Tour" nos Estados Unidos, que contou com 66 shows em menos de cinco meses. As datas foram: fevereiro - Spokane e Seattle (Washington - 16 e 17), Portland (Oregon - 18), Bakersfield, Fresno e San Bernardino (California - 24, 25, 26), Phoenix (Arizona - 27), com uma rápida passagem em Vancouver (Canadá - 19); março - Des Moines (Iowa - 02), Rockford (Illinois - 03), Cincinnati (Ohio - 04), ao lado do Molly Hatchet, Detroit (Michigan - 05), Fort Wayne, Indianapolis e Evansville (Indianapolis - 11, 12, 13), todos ao lado do Golden Earring, Kalamazoo (Michigan - 24), Rochester (Nova Iorque - 26), Milwaukee (Michigan - 30) e Omaha (Nebraska - 31).
Em abril, foram para Cedar Rapids (Iowa - 01), St. Louis (Missouri - 03), Norman (Oakland - 09), Amarillo, Lubbock, San Antonio e Corpus Christi (Texas - 11, 12, 14, 15), Los Angeles, Sacaramento e San Francisco (Califórnia - 22, 23, 24), Hawaii (28) e Albuquerque (Novo México - 30) e em maio, tocam em El Paso (Texas - 01), Providence (Rhode Island - 06), Syracuse, Buffalo, Glen Falls e Uniondale (Nova Iorque - 11, 13, 14 e 19), Cleveland (Ohio - 12), Baltimore (Maryland - 15), Knoxville (Tennessee - 20), Louisville (Kentucky - 22), Green Bay e La Crosse (Wiscosin - 25 e 26) e St. Paul (Minnesota - 27).
Devido aos inúmeros shows, decidem incluir o guitarrista Rick Santers nas apresentações, o que liberava Rik para solar e viajar ainda mais. Os shows também traziam diversos efeitos pirotécnicos e explosões, além da presença de palco de Rik e Gil, cada vez mais contagiante. O grupo também participou, entre março e maio, de uma mini-turnê ao lado da Foghat, tocando em março nas cidades de Kalamazoo, Lansing, Saginaw e Detroit (Michigan - 16, 17, 22 e 24), South Bend (Indianapolis - 23), Pittsburgh (Pennsylvania - 25) e Milwaukee (Wiscosin - 29). Em abril, os grupos passaram por Kansas City (Missouri - 02), Memphis (Tennessee - 08), Dallas, Odessa, Houston (Texas - 10, 13, 16), Worcester (Massachusetts - 20) e Witchita (Kansas - 25), encerrando a turnê em maio nas cidades de Worcester (Massachusetts - 07), Portland (Maine - 08), Saginaw (Michigan - 10) e Uniondale (Nova Iorque - 18).
Alguns nomes do US Festival |
Também em maio o Triumph participou de dois grandes festivais. O primeiro foi realizado em Orlando, Flórida, no dia 28, contando com Sammy Hagar, Foghat e também ZZ Top, onde o grupo tocou para mais de 55.000 pessoas, e o segundo foi o já citado U.S. Festival, em San Bernardino, no dia 29, onde o Triumph fez um show enlouquecedor, detonando e angariando ainda mais fãs, com Rik tocando muito e mostrando todo seu talento para mais de 375.000 pessoas. O grupo entrou as 6:10 da tarde, após apresentações de Quiet Riot, Motley Crue, Ozzy Osbourne e Judas Priest, encerrando o show as 7:20 e dando lugar para o Scorpions, e só perdeu em repercusão para o Van Halen, no auge da carreira com David Lee Roth. Sendo assim via-se como o Triumph era conceituado nos EUA, já que ficaram na frente de expoentes do metal britânico como Ozzy e Judas. Até os dias de hoje Rik, Mike e Gil consideram o U.S. Festival como o ponto crucial para o futuro que a banda teve. O grupo ainda faria dois shows em junho, claro, no Texas, tocando em Dallas (18) e Houston (19).
Grandes hits em Never Surrender |
Após a longa turnê, no dia 28 de julho lançam Never Surrender, um álbum exemplar, que mostra o grupo seguindo a linha de Allied Forces, calcado em diversos hits. O disco abre com anúncios de rádio e a guitarra de Rik introduzindo "Too Much Thinking", cantada por Gil e com a utilização de um pedal wah-wah por Rik. O refrão é bem anos setenta, lembrando "Highway Star" do Deep Purple, com destaque maior para o solo de Rik. A faixa encerra novamente com os anúncios, introduzindo "A World of Fantasy" e o violão dedilhado, com um fundo repleto de teclados imitando um órgão de igreja. A guitarra executa a melodia e o riff principal, com os vocais de Rik acompanhando a linha melódica da mesma. O Hammond se faz presente no refrão, que também conta com a participação de um quinteto de vozes.
A peça "A Minor Prelude" mantém os temas clássicos de Rik. Construída sobre a escala lá menor, é um lindo dedilhado na escola de Sor, acompanhado por vocalizações feitas por Rik. A guitarra pesada muda o clima clássico em "All the Way", mais um grande hard triumphiano cantado por Rik, seguido pela faixa que encerra o lado A, "Battle Cry", com muitas alavancas e uma canção na linha "Magic Power", cantada por Gil e com um belíssimo trabalho instrumental.
O lado B vem com "Overture (Procession)", onde a ovação da platéia e uma contagem regressiva nos brinda com o som de guitarras e sintetizadores, seguido de um crescendo no andamento da bateria, acompanhado pelo baixo e guitarra, e contando ainda com um final apoteótico. A linda "Never Surrender" dá seguimento ao lado B com o seu riff principal reconhecido até por um gambá bêbado. Rik canta acompanhado pela guitarra de 12 cordas e pelo belo arranjo feito por Mike e Gil, bem como pelas vocalizações, que permitem assim explorar seus mais altos agudos. O baixo de Mike ganha presença principal na segunda parte da canção, com Rik acompanhando a melodia do baixo. Rik se estraçalha em dedos no seu solo, com a canção ganhando velocidade até atingir novamente seu andamento principal. Uma grande faixa!
"When the Lights Go Down" é introduzida por um bluesão no violão, com Rik mandando ver no slide. Guitarra e baixo repetem o riff do violão, agora acompanhados pelo ritmo da bateria e pelos vocais de Gil, com mais um belo solo de Rik, que repete o refrão principal com o wah-wah, e a faixa encerra novamente no violão bluesístico. A guitarra introduz "Writing on the Wall", outro hard bem anos oitenta, encerrando com "Epilogue (Resolution)", onde acordes de violão acompanham um solo de guitarra limpo.
Never Surrender alcançou a posição #26 na parada da Billboard, sendo que o álbum teve duas faixas entre as cinco mais pedidas do ano nos Estados Unidos - "All the Way" (segundo lugar) e "A World of Fantasy" (terceiro lugar) -, com a faixa-título alcançando a vigésima terceira posição. Conquistam o segundo disco de ouro nos EUA, onde Never Surrender vendeu mais de 500.000 cópias, deixando o trio no auge da carreira.
Foram os convidados principais do Day on the Green, no dia 30 de julho, em Oakland (Califórnia), onde tiveram a companhia de Night Ranger, Bryan Adams, Eddie Money e Journey, e também do American Rock Festival, já no dia 27 de maio de 1984, em Gobles (Michigan), onde a banda foi a headliner em um time que contava com os nomes de Accept, Quiet Riot, Ratt, Motley Crue, Night Ranger e Ozzy Osbourne. Ainda em 1984 tocam no dia 15 de agosto em Dallas (Texas) e no dia 17 de agosto participam do Texas Jam, também em Dallas, ao lado de Ted Nugent, Styx e Sammy Hagar.
Porém, o relacionamento com a gravadora RCA estava cada vez mais insatisfatório, já que a divulgação, apesar de enorme na América do Norte, era precária em outros países, principalmente na Europa. Assim, mudam de gravadora, assinando com a MCA Records de Irving Azoff, onde o grupo iria produzir cinco álbuns que seriam amplamente divulgados, e também ter relançados seus dois primeiros discos.
O conceitual Thunder Seven |
De gás renovado preparam novo material. Surgia o CD na América, e, no dia 10 de novembro, era lançado o álbum Thunder Seven, tanto em LP/K7 quanto em uma grande tiragem em CD. Isso foi um erro da MCA, já que a quantidade de aparelhos CD player ainda era pouca, e os mesmos acabaram pegando poeira nas lojas. Apesar disso, o vinil e os cassetes venderam muito bem. No dia 19 o álbum era lançado na Europa.
O disco traz um tema conceitual, com parte do lado A e todo o lado B narrando fatos sobre homens do futuro e suas batalhas para conseguir sobreviver em um mundo cheio de novidades como computadores, aparelhos celulares e naves espaciais. Um excelente trabalho, que demorou para ser absorvido pela crítica e pelos fãs, acostumados com as letras e temas adolescentes dos álbuns anteriores. Na capa, uma ilustração de Dean Motter apresentava o tema central do LP, com uma versão computadorizada do Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, mostrando o que a banda iria narrar, basicamente ações e anomalias que o homem iria enfrentar no século XXI. Outra característica importante é que foi o último álbum a não apresentar covers da banda desde Rock & Roll Machine, além de contar com a participação de Lou Pomanti (sintetizador, teclados e programação), Al Rogers, Sandee Bathgate, Dave Dickson, Herb Moore e Andy Holland, todos backing vocals.
O disco abre com a clássica "Spellbound", com seus barulhos de vidro quebrando e uma moto em alta velocidade. O riff é um dos mais conhecidos do trio, com baixo e bateria marcando o tempo para os acordes de Rik, cercado por sintetizadores. Uma canção cheia de variações, com um refrão dançante, e que ficou entre as 100 mais no Canadá, na posição #97. Destaque para a bela sessão lenta, onde dedilhados e teclados acompanham os vocais.
"Rock Out, Roll On" mostra novamente uma participação grande dos teclados, e mantém o clima da faixa de abertura. O violão folk introduz "Cool Down", um hardão anos 70 de primeira, com guitarra e baixo reproduzindo o tema do violão. Uma das poucas canções da nova fase a lembrar algo do Led, aqui principalmente pelos agudos e pela linha vocal de Rik. O lado A encerra com mais um clássico, "Follow Your Heart", com seu riff totalmente anos oitenta e com os vocais de Gil. Mais um grande hard triumphiano, onde Gil e Rik dividem os vocais no refrão e os teclados acompanham o solo de Rik. Essa faixa alcançou o posto #88, tanto nos EUA quanto na Inglaterra,
Sons de máquinas, vento e o badalar de um sino introduzem "Time Goes By" abrindo o lado B. Mike e Rik dividem espaço no riff principal, com um belo trabalho vocal, onde Gil e Rik novamente voltam a dividir a letra, sobre um arranjo de teclados. Gil é o destaque principal da faixa, comandando ótimas quebradas e viradas de tempo, permitindo para Rik improvisar muito em seu solo, cheio de tappings, palhetadas e arpejos, além de diversas alavancadas à la Jimi Hendrix.
A peça para violão moderno "Midsummer's Daydream" mostra que Rik também estava atento as novas composições de música clássica. Repleta de harmônicos e com uma afinação diferente (D maior), Rik toca a canção baseado em mudanças de acordes e com dedilhados rápidos e cheio de arpejos. "Midsummer´s Daydream" acabou virando seu solo principal nos shows.
Um coral cercado de teclados é a vinheta "Time Canon", que introduz "Killing Time", uma linda balada, onde a guitarra dedilhada e os teclados acompanham Rik nos vocais. O ritmo muda quando Gil assume os vocais, e ambos acabam divindo o refrão. O excelente trabalho na divisão das vozes continua a partir de então, e fica ainda mais interessante na segunda parte da canção, com cada vocalista cantando uma frase em cima da outra. Claro, Rik também está soberbo em seu solo. "Stranger in a Strange Land" é um bluesão anos oitenta cheio de alavancadas e bends, enquanto que a instrumental "Little Boy Blues" encerra o álbum com mais uma bela balada, onde Rik despeja todo o seu feeling em longos sustains e arpejos.
Em dezembro começam a "7 Tour", seguindo a linha da turnê anterior, com muita pirotecnia e a inclusão de inúmeros lasers, os quais reproduziam imagens do Homem Vitruviano da capa em diferentes situações. Foi nessa turnê que Gil passou a usar as baquetas luminosas para executar seu solo. O grupo partiu de Saginaw e Lansing (Michigan - 26, 27), Cincinnati e Cleveland (Ohio - 28, 31), com a participação do Molly Hatchet nos shows de 27 e 28. Já em janeiro de 1985, avançam a turnê por Lexington (Kentucky - 04) junto ao Molly Hatchet, Kalamazoo (Michigan - 06), Glen Falls (Nova Iorque - 09), New Haven (Connecticut - 10), ao lado do Mountain, e Lakeland (Flórida - 17), novamente com o Molly Hatchet.
Em fevereiro é a vez de Buffalo (Nova Iorque - 02) e Austin (Texas - 10), esse com o Moly Hatchet. Em março viajam para a Califórnia, tocando em San Bernardino (06-11), Los Angeles (08), San Francisco (09) e San Diego (14), com direito a mais um show tendo o Mountain como abertura no dia 29, em Worcester (Massachusets). Em abril passam pelo Canadá, onde tocam em Montreal (03), Guelph (06), tendo a Helix como abertura, Ottawa (10), Halifax (11com Honeymoon Suite e 15 com Helix), Toronto (13 - 14, 27 - 28), com shows nos Estados Unidos no dia 19, onde tocam em Portland (Maine), Worchester (Maine - 20) e Norfolk (26), esse novamente ao lado do Mountain.
Já em maio é a vez de Glen Falls (Nova York - 03), Cincinnati (Ohio - 06), ao lado do Mountain, Pittsburgh (Pennsylvania - 09), East Rutherford (Nova Jersey - 10), com o Mountain e o Loudness, St. Louis (Missouri - 23) e Philadelphia (Filadélfia - 30), novamente com Loudness e Mountain. Encerram a turnê em junho, com shows em Cleveland (Ohio - 04), Pittsburgh (Pennsylvania - 08) ao lado do Mountain e Hollywood (Florida - 12), ao lado da Molly Hatchet, sem ter conseguido ir para a Europa.
Thunder Seven foi o pico da curva gaussiana do grupo. Durante a turnê as brigas internas acabaram surgindo, já que Rik queria cada vez mais espaço para seus solos, enquanto Mike e Gil ficavam relegados a meros participantes de palco, o que irritava bastante a dupla, já que ambos haviam convidado Rik para participar. Diversos problemas começaram a aparecer, como a baixa vendagem dos CDs, os altos custos de produção dos shows e, principalmente, desvio de dinheiro e má produção dos álbuns, o que levou a um pequeno afastamento do cenário musical.
Stages, único ao vivo oficial em LP |
Para amenizar a situação a gravadora lançou o primeiro álbum ao vivo do grupo. Stages registra diversas apresentações da banda entre 1981 e 1984, além de duas novas músicas gravadas em estúdio, "Mind Games", um som bem A.O.R, onde Mike e Rik trazem o riff principal acompanhados por teclados e uma guitarra dedilhada sob os vocais de Gil, e "Empty Inside", a qual é cantada por Rik e também soa no estilo A.O.R. Na parte interna da capa diversas fotos dos shows durante a turnê eram ilustradas, com comentários engraçados dos membros da banda para cada uma delas.
Na próxima coluna veremos a última parte da história do Triumph, narrando a saída de Rik, a breve participação de Steve Morse e a volta à ativa com a formação original após vinte anos afastados.
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