O início do Slayer se dá em 1981, na cidade de Huntington Park, perto de Los Angeles, Califórnia, quando o guitarrista Kerry King conhece o baixista e vocalista Tom Araya. Ambos passam a ensaiar na casa de um vizinho amigo de King, o baterista Dave Lombardo. Como o som que o grupo fazia era muito influenciado por grupos como Montrose, Judas Priest, Iron Maiden e principalmente UFO, logo sentem a necessidade de adicionar mais um guitarrista. Eis então que surge outro vizinho da garotada, o guitarrista Jeff Hanneman. Nascia então uma das mais importantes bandas do thrash mundial, o Slayer, nome que foi sugerido por Hanneman.
O grupo começou a compor canções muito cedo, mas caracterizava-se por interpretações pesadas para canções punk e da NWOBHM. Não demorou para figurar na cena de clubes da Bay Area, chamando a atenção do grupo Bitch, que contratou o quarteto para abrir seu show no Woodstock Club, em Los Angeles. Durante a apresentação de "Phantom of the Opera" (Iron Maiden), o jornalista Brian Slagel ficou maravilhado com o que viu e ouviu.
Kerry King, Dave Lombardo, Jeff Hanneman e Tom Araya |
A essencial estreia do grupo, Show No Mercy |
Ainda nesse ano, no dia 3 de dezembro, lançam o primeiro álbum, Show No Mercy, que estabelece o Slayer como um dos pilares da santíssima trindade do thrash metal, ou Tríade Demoníaca, ao lado de Venom e Exciter. Considerado o álbum pai do Thrash Metal, ao lado de Kill 'Em All (Metallica), é um disco sensacional do início ao fim, com riffs e refrões que marcaram (e ainda marcam) época.
O álbum abre com o riff veloz de "Evil Has no Boundaries", abrindo espaço par ao curto solo de King, para Araya cuspir a letra, sem ser de forma gutural, e imortalizando o primeiro grande refrão do Slayer. Mais um curto solo de King e seguimos com a sequência da letra, apresentando então o solo de Hanneman, seguido pelo solo de King, ambos com escalas muito velozes. O riff introdutório é repetido, com algumas alternâncias nos acordes, encerrando essa canção com a barulheira da bateria e das guitarras.
A clássica "The Antichrist" apresenta outro grande riff da dupla Hanneman/King, e é mais cadenciada e pesada do que a antecessora, com o trabalho de Lombardo sendo mais simples, e com mais um grande refrão entrando para o hall dos principais criados pelo Slayer. Hanneman executa o primeiro solo, seguido pelo melódico solo de King, voltando então para a sequência da letra, fechando com várias notas sendo repetidas por baixo, guitarra e bateria.
A velocidade do riff de "Die By the Sword" contrasta com a cadência punk da bateria. O refrão (outro clássico) entoa o nome da canção entre notas quebradas de baixo e guitarra, além das marcações da bateria. A canção ganha peso, e entre os solos de Hanneman e King, Araya entoa diabolicamente as palavras que compõem essa parte da canção, e após uma risada satânica, levando para a sequência de solos, primeiro King, depois Hanneman, voltando então para o refrão e encerrando com as marcações de guitarra, baixo e bateria.
"Fight Till Death" aparece com um complicado riff, e agora Lombardo despeja velocidade nas batidas de uma canção que não ficou tão marcada na carreira do Slayer. Araya canta sempre no mesmo estilo, sem soar gutural, e o destaque agora vai para as viradas velozes de Lombardo. Os solos de Hanneman e King soam abafados, talvez pela mixagem, mas são muito velozes, com arpejos e palhetadas inversas comendo solto, voltando para a sequência da letra e encerrando com diversas viradas de Lombardo entre as marcações de baixo e guitarra.
Chegamos na dupla "Metalstorm / Face the Slayer", iniciando com as marcações de guitarra, baixo e bateria. As guitarras entoam as notas quebradas do riff central, e então marcações de baixo e bateria surgem entre as notas quebradas do riff central, para assim as marcações de guitarra, baixo e bateria comandarem o embalado ritmo de "Metalstorm", que lembra bastante as canções instrumentais da fase inicial do Iron Maiden. Um novo riff aparece, começando "Face the Slayer", cantada por Araya com fúria e efeitos em sua voz, além de gritos muito agudos. Solos de guitarra aparecem na sequência, com uma incrível sessão marcada entre baixo, guitarra e bateria, voltando para a sequência da letra, encerrando o lado A (lado 6 na capa do vinil original) com a repetição das notas quebradas de baixo, guitarra e bateria.
Falso satanismo: Slayer em 1983 |
Marcações no chimbal abrem "Tormentor", com um riff feito ao mesmo tempo por guitarra, baixo e bateria, mostrando que o Slayer sabia compor e muito bem suas canções. Um breve sustain apresenta o riff quebrado da canção, e então, a pauleira pega, com as guitarras executando um fantástico trabalho de variações de notas e acordes enquanto Araya cospe a letra da canção com mais efeitos em sua voz. Essa canção parece ter saído de algum álbum punk devido a sua levada e aos vocais do refrão, mas o trabalho de King e Hanneman deixam longe de ser algo punk, e fazem da mesma uma de minhas preferidas do LP. Os solos de ambos são sensacionais, e após voltar a letra, a canção encerra-se com um agudo grito de Araya.
A velocidade do riff de "The Final Command", entre as marcações de baixo e bateria, nos apresenta uma canção muito rápida, e novamente, o trabalho das guitarras (e aqui também do baixo) é destacável. Lombardo continua sua pegada punk na bateria, enquanto ouvimos o primeiro solo feito pelas guitarras gêmeas de Hanneman e King. Araya volta para a letra, fechando com mais um agudo.
"Crionics" é quebradeira pura, com Lombardo socando o bumbo como nunca havia socado no vinil até então. As guitarras acompanham as linhas vocais de Araya, em outra canção que nos lembra o Iron Maiden na sua fase inicial, com Paul DiAnno. A canção então modifica-se, com Lombardo parando de socar o bumbo, fazendo o papel apenas de acompanhante para a maravilhosa ponte das guitarras gêmeas, voltando então para o riff inicial e então, uma parte mais marcada, quase como as famosas cavalgadas da NWOBHM, onde marcações apresentam um novo riff, feito por notas decrescentes da guitarra, que levam aos belos solos de King e Hanneman, em outra das minhas favoritas de Show no Mercy.
O veloz solo de Lombardo abre a faixa-título, a mais rápida e Thrash canção do LP. Araya declama a letra com a voz grave, enquanto as guitarras executam novamente um ótimo trabalho ao fundo, levando aos solos de King e Hanneman, trazendo novamente Araya para encerrar a letra, e as marcações que concluem esse maravilhoso álbum de estreia de uma das maiores bandas do Thrash mundial com microfonias e sustains feitos pelas alavancas da dupla Hanneman /King.
A contra-capa de Show No Mercy, com os lados 6 e 66 |
É exatamente nessa época que o Slayer adota um visual recheado de correntes, rebites e munhequeiras pontiagudas, além dos olhos de Hanneman e King pintados de negro. Um dos fatos mais curiosos sobre esse LP é que ele foi auto-financiado pelo grupo, com Araya trabalhando como terapista respiratório e King pedindo dinheiro emprestado ao seu pai para poder financiar a gravação do mesmo. Gene Hoglan (vocalista do Dark Angel) participa em "Evil Has no Boundaries", fazendo vocalizações.
O fato de o álbum apresentar temas satânicos, além da capa trazer o chifrudo estampado, e Hanneman portando uma cruz invertida para tocar a guitarra, fez com que surgisse o primeiro problema do Slayer com a Parents Music Resource Center, que tentou impedir o lançamento do álbum, mas felizmente, não conseguiu.
Logo após o lançamento de Show no Mercy, que se tornou o álbum mais vendido da Metal Blade, com mais de 20 mil cópias nos Estados Unidos, e mais de 40 mil cópias ao redor do mundo, o grupo saiu para sua primeira excursão pelos Estados Unidos, sem ter um produtor, tendo apenas familiares e amigos como roadies na estrada.
O EP Haunting the Chapel |
O sucesso de vendas de Show No Mercy atiçou os bolsos de Slagel, que decidiu lançar mais um álbum o quarteto. Porém, sem tempo para compor, abandonam o projeto de um full lenght e decidem por lançar um EP. Em agosto de 1984, saí Haunting the Chapel, contendo apenas três canções: "Chemical Warfare", "Captor of Sin" e "Haunting the Chapel". Essas canções já são um pouco diferentes do que ouvimos em Show No Mercy, mais próximas ao estilo que consolidaria o Slayer anos depois, ou seja, veloz, mas ao mesmo tempo, muito pesado.
Ainda em 1984, o primeiro registro ao vivo do grupo chegou às lojas, batizado de Live Undead, trazendo a apresentação do grupo em um pequeno bar de Nova Iorque. São apenas sete canções, mas o suficientes para ver que o grupo crescia dia após dia. Após a excursão pelos Estados Unidos, voltam aos estúdios para gravar o segundo álbum da banda. Para a gravação, Slagel contratou o produtor Ron Fair, que havia trabalhado no selo Chrysalis Records, especializado em rock progressivo. Bem ou mal, isso acabou interferindo nas composições do novo álbum, que tornaram-se longas faixas de Thrash Metal.
O primeiro ao vivo, Live Undead |
Ainda em 1984, o primeiro registro ao vivo do grupo chegou às lojas, batizado de Live Undead, trazendo a apresentação do grupo em um pequeno bar de Nova Iorque. São apenas sete canções, mas o suficientes para ver que o grupo crescia dia após dia. Após a excursão pelos Estados Unidos, voltam aos estúdios para gravar o segundo álbum da banda. Para a gravação, Slagel contratou o produtor Ron Fair, que havia trabalhado no selo Chrysalis Records, especializado em rock progressivo. Bem ou mal, isso acabou interferindo nas composições do novo álbum, que tornaram-se longas faixas de Thrash Metal.
Slayer flertando com o progressivo = Hell Awaits |
No dia 16 de setembro de 1985, Hell Awaits chegou às lojas. Tido por muitos como um álbum experimental, ele começa trazendo a faixa-títilo, com os barulhos de bodes, vozes satânicas e as guitarras fazendo uma barulheira infernal, dando um verdadeiro cagaço na gurizada, e então, as guitarras detonam o pesadíssimo riff, com o acompanhamento marcante dos tons de Lombardo, e o sinistro baixo de Araya. Lombardo começa a socar os bumbos e a fazer virações na bateria, trazendo então um riff cavalgante com acordes variados, abrindo espaço então para o terceiro riff, usando escalas espanholas muito velozes. Uma rápida sequência de acordes quebrados encerra a longa introdução, e a pauleira pega, com Araya cantando ferozmente, enquanto uma satânica voz entoa o nome da canção.Na parte central, a satânica voz canta ao lado de Araya, levando ao solo de King, voltando para a sequência da letra e encerrando com mais um solo, dessa vez feito por Hanneman.
O bumbo sacolejante e o riff pegado de "Kill Again" nos apresenta uma canção complicada em termos de riffs, com um ótimo trabalho de Araya no baixo, acompanhando a velocidade quase extrema das guitarras. Lombardo parece mais adaptado ao sistema do Thrash, e mantém ritmos muito rápidos, além de batidas velozes nas caixas que acompanham o riff introdutório. O riff central surge, alterando acordes, enquanto o baixo explode os alto-falantes. Araya canta pausadamente, cuspindo palavras durante o refrão, e uma violenta ponte instrumental nos leva para a segunda parte da letra, cantada de novo pausadamente por Araya, saltando para os velozes solos de Hanneman, King, Hanneman e King, com muita sujeira na distorção. Araya solta um agudo e volta para a sequência da letra, encerrando com a repetição do riff inicial.
A épica "At Dawn They Sleep" apresenta uma curta e intrincada introdução, com as notas da guitarra e do baixo embolando-se entre as viradas da bateria. Araya começa a cantar logo de cara, e após quatro estrofes cuspidas no ouvinte do fã, entra a guitarra de King rasgando tudo, seguida pelos arpejos de Hanneman, e remetendo-nos para a complicada introdução. Escalas alternam o ritmo da canção, que ganha peso com os acordes das guitarras e principalmente, com o baixo, para Araya cantar com a voz carregada de efeitos. Mais escalas marcadas entre baixo e guitaras, e Araya segue entoando a letra da canção, que aumenta gradativamente seu ritmo, enquanto uma satânica voz grita "Kill", e assim, "At Dawn They Sleep" muda novamente, com muita velocidade nos riffs e na bateria, e com Lombardo destruindo com as caixas, para Araya encerrar a letra dessa que é a melhor canção do LP, e o lado A ser concluído com dois velozes solos de Hanneman e King, uma rápida sequência de batidas de Lombardo e mais uma intrincada peça instrumental com as guitarras, baixo e bateria.
"Praise of Death" abre o lado B com muita velocidade nos acordes de guitarra, nas notas do baixo e na bateria de Lombardo, trazendo a voz de Araya com pequenos efeitos. Passagens quebradas entre baixo, guitarra e bateria aparecem após duas estrofes, trazendo um veloz solo de Hanneman, e Araya então canta mais uma frase, ficando somente o baixo, despejando velocidade, para Hanneman e King começarem uma estonteante sequência de solos, que nos leva para o andamento cavalgante, com Lombardo fazendo diversas viradas e batidas nos pratos, começando mais uma sequência de solos, para alavancadas sinistras e assustadoras despejarem novamente a velocidade inicial da canção, e Araya encerrar a letra conforme manda o figurino, cuspindo com a fúria as palavras da mesma, encerrando a canção com mais uma solo.
Escalas de baixo e guitarras apresentam o riff marcado de "Necrophiliac", outra veloz canção assim como sua antecessora, destacando as variações de acordes feitas pelo trio Hanneman, King e Araya. Os acordes marcados, e a velocidade do baixo, além das batidas insanas de Lombardo, acompanham a voz de Araya, destacando as velozes viradas de Lombardo, próximo de se tornar um monstro no instrumento. Escalas levam para os solos de Hanneman e King, na velocidade extrema, e então, a canção modifica-se, tornando-se cadência com alterações de acordes, que levam para um magnífico acompanhamento de baixo e bateria, enquanto as guitarras fazem a melodia ao fundo, e Araya estoura as cordas vocais gritando "Hell", encerrando com solos velozes de Hanneman e King.
Outro épico vem na sequência, batizado de "Crypts of Eternity", destacando o baixo de Araya na introdução. Hanneman e King solam ferozmente durante a introdução, e após os solos, um riff tipicamente Slayer surge nas caixas de som, com o baixo de Araya a mil, acompanhando as velozes notas das guitarras. Lombardo comanda o ritmo, e assim, Araya passa a despejar a letra da canção, que marca o estilo Slayer de compor a partir de então. A sessão instrumental do início retorna, seguindo a letra, para então, uma marcada sessão instrumental, repleta de variações, trazer os solos de guitarra, e então, a marcação de baixo, guitarra e bateria acompanham os gritos de Araya, enquanto Lombardo da show na bateria. Mais uma vez, uma marcação de baixo, guitarra e bateria, entre viradas de Lombardo, faz as guitarras gêmeas criarem um riff muito veloz, e assim, Araya parte para o encerramento da letra, intermediado por solos de ambos os guitarristas, concluindo com a incrível sequência de viradas feitas por Lombardo. Grandiosa faixa!
Por fim, a canção mais curta do LP, "Hardening of the Arteries", que é também a canção mais Thrash, apesar do enorme peso despejado pelas guitarras e pelo bumbo de Lombardo. A primeira parte da letra encerra-se, dando lugar para riffs velozes que acompanham os solos de King e Hanneman, voltando para o início da canção, para batidas fortes nos tons e acordes de guitarra levarem ao encerramento da canção e do LP, com uma espécie de ritmo tribal feito pelas guitarras e pela bateria, entre alavancadas, palhetadas inversas e muito barulho das guitarras.
O Slayer partiu para uma turnê ao lado de Venom e Exodus na turnê "Combat Tour", registrada no VHS The Ultimate Revenge. Nessa turnê, um fato bizarro aconteceu. Dentro do ônibus do Venom, o quarteto bebia ao lado do trio Cronos, Mantas e Abaddon, quando Araya entrou perguntando aonde era o banheiro. Prontamente, Cronos respondeu: "Aqui, na minha boca!", e então, Araya acabou urinando sobre a cabeça de Cronos, que acabou agredindo Araya com um soco. Como resultado, Araya passou o resto da turnê com um olho roxo. Da América, o grupo invadiria a Europa para uma mega turnê, tocando na Bélgica, Alemanha e Inglaterra.
O bumbo sacolejante e o riff pegado de "Kill Again" nos apresenta uma canção complicada em termos de riffs, com um ótimo trabalho de Araya no baixo, acompanhando a velocidade quase extrema das guitarras. Lombardo parece mais adaptado ao sistema do Thrash, e mantém ritmos muito rápidos, além de batidas velozes nas caixas que acompanham o riff introdutório. O riff central surge, alterando acordes, enquanto o baixo explode os alto-falantes. Araya canta pausadamente, cuspindo palavras durante o refrão, e uma violenta ponte instrumental nos leva para a segunda parte da letra, cantada de novo pausadamente por Araya, saltando para os velozes solos de Hanneman, King, Hanneman e King, com muita sujeira na distorção. Araya solta um agudo e volta para a sequência da letra, encerrando com a repetição do riff inicial.
A épica "At Dawn They Sleep" apresenta uma curta e intrincada introdução, com as notas da guitarra e do baixo embolando-se entre as viradas da bateria. Araya começa a cantar logo de cara, e após quatro estrofes cuspidas no ouvinte do fã, entra a guitarra de King rasgando tudo, seguida pelos arpejos de Hanneman, e remetendo-nos para a complicada introdução. Escalas alternam o ritmo da canção, que ganha peso com os acordes das guitarras e principalmente, com o baixo, para Araya cantar com a voz carregada de efeitos. Mais escalas marcadas entre baixo e guitaras, e Araya segue entoando a letra da canção, que aumenta gradativamente seu ritmo, enquanto uma satânica voz grita "Kill", e assim, "At Dawn They Sleep" muda novamente, com muita velocidade nos riffs e na bateria, e com Lombardo destruindo com as caixas, para Araya encerrar a letra dessa que é a melhor canção do LP, e o lado A ser concluído com dois velozes solos de Hanneman e King, uma rápida sequência de batidas de Lombardo e mais uma intrincada peça instrumental com as guitarras, baixo e bateria.
Araya, Hanneman, Lombardo e King |
Escalas de baixo e guitarras apresentam o riff marcado de "Necrophiliac", outra veloz canção assim como sua antecessora, destacando as variações de acordes feitas pelo trio Hanneman, King e Araya. Os acordes marcados, e a velocidade do baixo, além das batidas insanas de Lombardo, acompanham a voz de Araya, destacando as velozes viradas de Lombardo, próximo de se tornar um monstro no instrumento. Escalas levam para os solos de Hanneman e King, na velocidade extrema, e então, a canção modifica-se, tornando-se cadência com alterações de acordes, que levam para um magnífico acompanhamento de baixo e bateria, enquanto as guitarras fazem a melodia ao fundo, e Araya estoura as cordas vocais gritando "Hell", encerrando com solos velozes de Hanneman e King.
Outro épico vem na sequência, batizado de "Crypts of Eternity", destacando o baixo de Araya na introdução. Hanneman e King solam ferozmente durante a introdução, e após os solos, um riff tipicamente Slayer surge nas caixas de som, com o baixo de Araya a mil, acompanhando as velozes notas das guitarras. Lombardo comanda o ritmo, e assim, Araya passa a despejar a letra da canção, que marca o estilo Slayer de compor a partir de então. A sessão instrumental do início retorna, seguindo a letra, para então, uma marcada sessão instrumental, repleta de variações, trazer os solos de guitarra, e então, a marcação de baixo, guitarra e bateria acompanham os gritos de Araya, enquanto Lombardo da show na bateria. Mais uma vez, uma marcação de baixo, guitarra e bateria, entre viradas de Lombardo, faz as guitarras gêmeas criarem um riff muito veloz, e assim, Araya parte para o encerramento da letra, intermediado por solos de ambos os guitarristas, concluindo com a incrível sequência de viradas feitas por Lombardo. Grandiosa faixa!
Por fim, a canção mais curta do LP, "Hardening of the Arteries", que é também a canção mais Thrash, apesar do enorme peso despejado pelas guitarras e pelo bumbo de Lombardo. A primeira parte da letra encerra-se, dando lugar para riffs velozes que acompanham os solos de King e Hanneman, voltando para o início da canção, para batidas fortes nos tons e acordes de guitarra levarem ao encerramento da canção e do LP, com uma espécie de ritmo tribal feito pelas guitarras e pela bateria, entre alavancadas, palhetadas inversas e muito barulho das guitarras.
O Slayer partiu para uma turnê ao lado de Venom e Exodus na turnê "Combat Tour", registrada no VHS The Ultimate Revenge. Nessa turnê, um fato bizarro aconteceu. Dentro do ônibus do Venom, o quarteto bebia ao lado do trio Cronos, Mantas e Abaddon, quando Araya entrou perguntando aonde era o banheiro. Prontamente, Cronos respondeu: "Aqui, na minha boca!", e então, Araya acabou urinando sobre a cabeça de Cronos, que acabou agredindo Araya com um soco. Como resultado, Araya passou o resto da turnê com um olho roxo. Da América, o grupo invadiria a Europa para uma mega turnê, tocando na Bélgica, Alemanha e Inglaterra.
Durante mais uma turnê pela América do Norte, onde tocaram inclusive no Canadá, começam a projetar aquele que seria o LP a lançar o nome do Slayer para patamares jamais alcançados pelo grupo até então. Porém, o grupo acaba deixando a Metal Blade Records, e parte para um contrato com a recém fundada Def Jam Records, além de passarem a trabalhar com Rick Rubin como produtor.
É Rubin quem acaba mudando a sonoridade do Slayer, adicionando ainda mais velocidade nas canções do grupo.
No dia 07 de outubro de 1986, sai o álbum mais rápido, sujo e pesado da história do Slayer, Reign in Blood. Com uma sonoridade crua, a produção impecável de Rick Rubin, um trabalho perfeito de Lombardo, letras apelando fortemente para o satanismo, com anjos da morte, sacríficios, assassinos sádicos e chuva de sangue, este LP deixou clássicos eternos do Thrash Metal, , que fazem de Reign in Blood ser considerado um dos melhores álbuns do estilo (ao lado de Master of Puppets, do Metallica).
É Rubin quem acaba mudando a sonoridade do Slayer, adicionando ainda mais velocidade nas canções do grupo.
Reign In Blood, um verdadeiro petardo sonoro |
O álbum abre com a ferocidade das guitarras de "Angel of Death", seguida por um longo agudo de Araya e a marcação violenta de Lombardo. Araya narra a história do nazista Josef Mengele, cuspindo a letra para o ouvinte enquanto as guitarras executam uma mudança de acordes que lembra muito o barulho de um enxame de abelhas. O riff modifica-se, tornando-se mais lento e com variações de notas, e então, o ritmo torna-se marcado, para Araya continuar a letra, para a pauleira pegar durante os solos alternados de Hanneman e King, encerrando essa ótima faixa de abertura com o riff inicial, os gritos da canção e Lombardo destruindo os dois bumbos, com uma velocidade absurda.
A pancadaria continua em "Piece By Piece", a qual começa com um ritmo cadenciado e uma marcação forte do prato de condução, enquanto as guitarras mudam seus acordes com velocidade. Araya canta acompanhado pela batida já característica do som do Slayer, e após uma pequena parada, a letra continua. Uma pequena sessão instrumental e a canção muda, com Lombardo dando show nas viradas e nos acompanhamentos, voltando então para seu ritmo inicial, encerrando com o nome da canção sendo entoado rapidamente.
Sem respirar, entramos na agitada "Necrophobic", na qual as mudanças de acordes da guitarra e baixo acompanham a rápida melodia vocal de Araya. Uma rápida sessão mais lenta leva aos enlouquecedores solos de guitarra, trazendo novamente a letra, e então, um longo agudo encerra uma faixa curta, mas violentíssima.
De joelhos, o ouvinte é largado em "Altar of Sacrifice", com muita brutalidade exalando das guitarras, baixo e bateria, e Araya cantando ferozmente, além de mais solos estupefantes. A rapidez das viradas de Lombardo e dos acordes é algo que só o Slayer consegue fazer com essa perfeição, e então, chegamos ao final da canção com o ritmo cavalgante do baixo e das guitarras, além da genial bateria de Lombardo, com Araya soltando pelas ventas a letra da canção, concluída com mais solos de guitarra, pulando direto para o riff pesado e lento de "Jesus Saves". A bateria faz um acompanhamento melancólico, enquanto as guitarras constróem o riff principal junto do baixo. Guitarras e bateria então trabalham em harmonia, fazendo a mesma melodia, e a pancadaria come solta na bateria de Lombardo, para Araya cantar a letra com uma velocidade absurda, acompanhado pelas mudanças constantes dos acordes de guitarra e baixo. Solos de guitarra surgem entre as frases que entoam o nome da canção, em uma espécie de refrão, encerrando então com a repetição desse breve refrão e mais solos de guitarra.
"Reborn" também demonstra uma velocidade incrível nos riffs das guitarras, baixo e bateria, e Araya cantando muito rápido. É incrível como ele consegue cantar tantas palavras sem praticamente respirar, e a velocidade continua durante os solos de guitarra, sendo o baixo a maior atração de outra curta canção, que apresenta mais uma curta estrofe e outro breve solo.
O ritmo enlouquecedor continua em "Epidemic", seguindo a mesma linha das anteriores, porém sem um trabalho tão veloz nas mudanças de acordes. O solo de Hanneman é uma coleção de estranhos zumbidos, e a canção muda seu ritmo, ganhando a já tradicional "levada Slayer", para o solo, com a velocidade comendo a solta, encerrando com uma rápida virada de bateria.
O pesado riff de "Postmortem" nos prepara para o encerramento do LP. A marcação nos tons, as escalas quebradas da guitarra e o peso do baixo, trazem o vocal de Araya, dessa vez sem tanta velocidade. Um longo grito nos leva para a sessão instrumental, com acordes quebrados e Lombardo destruindo os dois bumbos, e então, a guitarra comanda o riff final, com Araya cantando novamente em estilo rápido mais duas estrofes, encerrando com o famoso acorde que nos traz a tempestade de "Raining Blood".
Trovões, barulhos de chuva, zunidos de guitarra e as batidas nos tons aterrorizam à todos, e então, King e Hanneman detonam um dos riffs mais conhecidos da carreira do Slayer. Lombardo dá show nos dois bumbos, e a partir do momento que a quebradeira de notas pega, é impossível identificar o que baixo e guitarra estão fazendo, tamanha a velocidade das notas do trio. Araya canta pausadamente, e quem comanda a pancadaria são as guitarras e os dois ensurdecedores bumbos de Lombardo. Canção-símbolo do que seria o Slayer a partir de então, misturando peso e velocidade em proporções perfeitas. A sessão final, com o riff da guitarra sendo repetido entre a marcação das guitarras, Araya gritando o nome da canção e os dois bumbos pegando, leva para os arrepiantes e barulhetos solos de guitarra, sobrepostos, enquanto Araya destrói, simplesmente destrói, encerrando com os trovões e a chuva de sangue caindo sobre os ombros do fã, que já se colocou de joelhos diante da brutalidade sonora que passou por cima dele durante meia-hora.
Araya, Lombardo, Hanneman e King |
Este foi o primeiro álbum do grupo a figurar entre os 100 mais nos Estados Unidos, alcançando a posição número noventa e quatro, dando ouro para o grupo, que saiu para sua primeira grande turnê internacional, tocando na Europa ao lado do grupo Malice, enquanto nos Estados Unidos, a abertura ficou por conta do Overkill.
King, Scaglione, Hanneman e Araya |
Durante a turnê, Lombardo saiu do Slayer, alegando não estar ganhando dinheiro por trabalhar com o grupo. Tony Scaglione, baterista do Whiplash, substitui Lombardo até o fim da turnê, mas a esposa de Lombardo é a responsável por convencê-lo a voltar ao grupo, em meados de 1987, já trabalhando para a gravação da cover de "In-A-Gadda-da-Vida" (Iron Butterfly), que entrou na trilha do filme Less Than Zero, no mesmo ano.
Na segunda parte, vamos acompanhar a mudança de sonoridade do Slayer com a chegada dos anos noventa, contando a história dessa grande banda do Thrash mundial até os dias de hoje.
Sensacional! Atragetoria é de guerreiros do metal(SLATANIC ATE A MORTE)-!-
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