Assim como o Curved Air e o Van der Graaf Generator, outro grande grupo progressivo da Grã-Bretanha registrou seu nome entre os principais inovadores do gênero com uma sonoridade e estilo de composição únicas da banda, que tornaram praticamente todas suas canções facilmente identificáveis pela maneira como a mesma era concebida. Esse grupo foi sutilmente batizado de Gentle Giant.
Um dos melhores exemplos do trabalho de composição e do talento individal do Gentle Giant apareceu logo no seu primeiro álbum de estúdio. Lançado em 1970, Gentle Giant atacou a "previsível" exploração de mellotron, sintetizadores e outras características dos grupos que estavam surgindo na época, privilegiando a capacidade de tocar diversos instrumentos que cada um dos integrantes do grupo possuía. Fugindo das tradicionais e longas suítes dos grandes nomes do progressivo da época, como Pink Floyd, Genesis e Yes, o Gentle Giant se afirmou através da criatividade e do talento de cada integrante, que podia tocar vários instrumentos em uma mesma canção.
Primeira formação do Gentle Giant: Gary Green, Phil Shulman, Ray Shulman, Kerry Minnear, Derek Shulman e Martin Smith |
Formado em 1969, o grupo nasceu a partir da dissolução do Simon Dupree and the Big Sound. Tendo na formação inicial os irmãos Shulman (Derek - voz, baixo, flauta, violão; Ray - baixo, voz, violino, trompete, violão; Phil - voz, instrumentos de sopro), além de Gary Green (guitarras), Kerry Minnear (teclados, violoncelo, xilofone, piano, sintetizadores, efeitos) e Martin Smith (bateria), no ano seguinte o grupo já entrou em estúdio e registrou seu primeiro álbum, eternizando para sempre o famoso Gigante Gentil (mascote do grupo) e a nossa maravilha de hoje.
Capa inteira de Gentle Giant |
O belo refrão é coberto de lindas notas do violino, que fazem o tema central ao lado do violoncelo, para então começar a segunda parte da letra. O refrão é repetido e chegamos na sequência principal da canção, onde os vocais cantam "Go your own way or wait for me" por várias vezes, enquanto piano e percussão fazem um quebrado acompanhamento, seguidos por acordes de sintetizadores, trompete e delirantes escalas no hammond.
Essa bela sequência explode no magistral solo de guitarra, destacando o hammond de Minnear e as intervenções do trompete de Ray. Voltamos à sequência da letra, acompanhada pelos três acordes do violão e pelo tema central do violino e violoncelo, encerrando a canção com os vocais acompanhados apenas pela percussão, e com o nome da canção sendo tristemente cantado, acompanhado por acordes de violoncelo, violão e piano que apenas marcam o tempo para a personagem desistir de encontrar seu funny way.
"Funny Ways" sendo interpretada ao vivo (Ray, Kerry e Weathers) |
Ao vivo, o Gentle Giant adicionou uma dose emocional e dramática de rasgar lágrimas até mesmo de uma estátua, mostrando como fazer misérias em uma música apenas repetindo três acordes em pouco mais de oito minutos. As estripulias com essa canção podem ser constatadas no álbum Playing the Fool (1977) ou ainda na excelente caixa CD/DVD Giant on the Box. Em ambos, a formação já estava alterada, contando com Derek, Ray, Gary e Kerry, além de John Weathers na bateria, que mostra como os cinco integrantes se distribuíam pelo palco, mostrando toda a genialidade que lhes foi concebida.
Segunda formação do Gentle Giant: Gary Green, Derek Shulman, Kerry Minnear, Ray Shulman, Malcolm Mortimore e Phil Shulman.
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Dessas interpretações, temos Gary apenas ao violão, com Ray alternando violino, trompete e violão, Derek com o baixo e os vocais, Kerry fazendo um sensacional solo de xilofone, além de tocar magistralmente sintetizadores e o violoncelo, e Weaters na bateria, percussão e xilofone, tudo isso para recriar e tornar ainda mais maravilhosa uma canção rara no rock progressivo.
A excelente caixa Giant on the Box |
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