domingo, 22 de novembro de 2009

A suposta morte de Paul McCartney


Aqueles mais próximos de mim conhecem no mínimo quatro fatos que não tem como mudar: sou um apaixonado por música da década de 70 para baixo, um admirador nato de física e ciências da terra, torcedor (sofredor as vezes) de futebol e afeiçoado em boas carnes acompanhadas com cerveja.

A união música/ciência é a mais saudável para mim, já que graças à minha curiosidade acabei descobrindo bandas (e sons) desconhecidos como SBB, Syrius, The Call, a fase free jazz de John Coltrane, ...

Recentemente, venho tentando (até agora em vão) compreender todo o fascínio e admiração a respeito de uma das bandas mais citadas como a melhor e mais importante de todos os tempos. Óbvio, estou falando dos Beatles.

Aos meus 5/6 anos tive o primeiro contato com os Beatles. Meu irmão ganhou de presente de aniversário uma coletânea chamada
20 Greatest Hits (acho que muitos tiveram esse vinil), e claro, fui apresentado à clássicos como "She Loves You", "Yesterday", "Can't Buy Me Love", "Come Together", mas sem nunca me apegar às mesmas, já que minha paixão pelo progressivo do Pink Floyd e as guitarras do Led Zeppelin tomava conta das minhas coleções de fita Vat e Basf Ferro.

Os caminhos musicais seguiram, sempre com 90% das revistas especializadas em música que eu lia falando sobre "A MAIOR BANDA DO MUNDO", "O MELHOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS", até que comprei o Sargento Pimenta por míseros 2.000 cruzeiros, ouvi e, novamente, não tive maiores atrações, ao mesmo tempo que algumas publicações locais começavam a narrar sobre os "30 anos da morte de Paul McCartney" e toda a história envolvendo o primeiro Beatle morto. Isso sim me chamou a atenção.

Porém, sem ser um admirador dos Beatles, passava longe dos álbuns do quarteto, mas sempre me intrigava como todo mundo podia amar os Beatles (menos eu e alguns outros poucos). E teria mesmo Paul McCartney falecido? Finalmente, obtive (pelo menos para mim) a resposta para a segunda questão. Para compreender a obtenção da resposta, volto ao início da pergunta.

Teria Paul McCartney falecido? Bom, tudo começou em um acidente de moto no dia 09 de novembro de 1966. Pouco tempo antes, os Beatles haviam sido apresentados a Bob Dylan, que os apresentou à "marijuana" e, consequentemente, mudou toda a forma de pensar do Fab Four. Até então, os Beatles não pensavam sobre o significado e o poder de uma letra em uma canção, apenas tocavam por se divertir, até que descobriram que a música era o principal aliado para ampliar cabeças e horizontes.

Paul McCartney ou Billy Shears?

Foi então que lançaram
Rubber Soul em 1965, e posteriormente, em 05 de agosto de 1966 o cultuadíssimo Revolver, saindo então para mais uma turnê (com passagem inclusive pelo Japão). Então, no dia 09 de novembro de 1966 Paul sofria o tal acidente de moto, que foi tratado como um grave acidente de carro, onde Paul teria passado um sinal vermelho com seu Aston Martin e batido em outro carro. Eram 5 horas da manhã da gelada quarta-feira, e Paul sofreu esmagamento craniano (com algumas fontes dizendo que foi decapitado). Assim, Paul teria perdido o rosto e todos os dentes, ficando impossível a identificação do cadáver.

Com o nome Beatles subindo como um foguete em todo o mundo, os três Beatles remanescentes decidiram por manter a morte de Paul em segredo. Para isso, resolveram anonimamente criar um concurso para sósias de Paul, que teve como vencedor Willian Campbell (apelidado de Billy Shears).

Uma das primeiras consequências da "morte de Paul" foi o cancelamento de shows por parte dos Beatles. Assim, quanto menos o sósia aparecesse em público, menos se comentaria sobre o fato. A segunda providência foi que o sósia sofreu algumas operações plásticas, que aumentaram ainda mais sua semelhança com o Beatle falecido. O único problema que não foi solucionado era uma cicatriz no lábio de Billy, a qual não foi possível de ser removida. Por fim, os Beatles trancaram-se em estúdio durante 129 dias (algo inexplicável na época), onde conceberam o álbum
Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band.

Porém, os Beatles deixariam pistas nos álbuns seguintes à
Revolver que descreviam e contavam sobre a morte de Paul.

Tem que se ressaltar aqui que o acidente de moto com Paul realmente ocorreu, sendo inclusive relatado na clássica "A Day in the Life", e a explicação dada para a cicatriz seria uma consequência deste acidente, bem como um dente quebrado. O vídeo de "Paperback Writer" mostra como Paul ficou, com o dente quebrado visivelmente aparecendo em todas as imagens do baixista/vocalista.

A primeira vez que a imprensa deu ouvidos às especulações foi em 12 de outubro de 1969, quando o DJ Russ Gibb, da rádio WKNR-FM de Detroit, divulgou o fato a partir de um telefonema de um ouvinte que insistia na morte de Paul. Tal ouvinte havia verificado as capas dos álbuns lançados pelos Beatles pós-
Revolver, e em todas havia uma ou mais pistas sobre o fato. Russ leu algumas dicas e improvisou outras, e foi o suficiente para toda a imprensa começar a divulgar o acontecido. Centenas de matérias em jornais, livros e revistas especializadas começaram a ser divulgadas, bem como fã-clubes da banda investigando dia e noite as tais especulações.

A primeira explicação dizendo que Paul não havia morrido surgiu dos próprios Beatles, que afirmaram que tudo não passava de boatos, o que aumentou ainda mais as especulações, mesmo com um especialista afirmando que o corpo de Paul teria que ter sido totalmente carbonizado e virado cinzas para que o reconhecimento da arcada dentária de Paul não pudesse ser feito. Algumas fontes passaram então a dizer que os Beatles haviam escondido o corpo de Paul, enterrando-o em uma distante ilha da Grécia chamado Leso, a qual havia sido comprada pelos Beatles justamente para o fato, e que acabou sendo engolida pelo mar. Outro fato intrigante é que, com um acidente tão grave, não havia uma testemunha do mesmo. Algumas dicas são tão falsas quanto o assunto, principalmente por pertencerem a álbuns anteriores ao acontecido, mas mesmo assim valem a pena serem citadas para mostrar a criatividade das pessoas.

A capa de Rubber Soul

Começando então pelo álbum
Rubber Soul, de 1965, onde os três Beatles (menos Paul) olham para baixo, ou seja, uma suposta tumba onde Paul teria sido enterrado. Além disso, as letras de "I'm Looking Through You" e "In My Life" trazem referências diretas ao fato de Paul ter sido substituído por um sósia ("you don't look different but you have changed, I'm looking through you, you're not the same") e de também não estar mais entre os vivos ("some are dead and some are living").

A bela capa de Revolver

Já em
Revolver, na capa temos uma mão sobre a cabeça de Paul, que estaria sendo abençoado antes de finalmente ser enterrado, bem como pela primeira vez aparecia um desenho do Fab Four na capa ao invés de uma imagem real, o que despistaria sobre a imagem do novo Paul. Na parte das letras, temos uma referência ao acidente em "Taxman" ("if you drive a car", "if you get too cold" e "my advice to those who die taxman"), sendo que "taxman" seria um diminuitivo para taxidermista, ou seja, pessoa que empalha animais para que eles pareçam vivos mesmo após a morte.

Haveria também uma semelhança entre o Father McKenzie de "Eleanor Rigby" com Macca, com a citação "
Father McKenzie wiping the dirt from his hands as he walks from the grave" e, finalmente, em "She Said She Said" temos "she said I know what it's like to be dead".

Essas dicas são relativamente infantis, já que ambos os álbuns foram lançados antes de Paul "ter morrido", mas o caldo engrossa nos lançamentos seguintes. Então vamos aos mesmos:

A famosa capa de Sgt Pepper

A capa de
Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band dá as dicas mais arrepiantes, a começar pelas inúmeras pessoas, o que diminui o rosto dos integrantes do conjunto, disfarçando assim o novo Paul, que ainda conta agora com um bigode no rosto. Além disso, todos estão claramente em um enterro, supostamente do próprio Paul, apesar da idéia original ser de uma banda tocando em um parque de diversões.

Um dos arranjos de flores forma o desenho de um baixo Hofner semelhante ao que Paul tocava, inclusive com o braço virado para a direita, já que Paul era canhoto, o que prova que é Paul é quem está sendo enterrado. Este mesmo arranjo conta com apenas três cordas, uma alusão ao fato de que os Beatles verdadeiros seriam apenas três. Novamente a mão aberta aparece sobre a cabeça de Paul, bem como o arranjo de flores que forma o nome da banda e que é seguido por um pequeno arranjo que forma a letra "O". Assim, temos escrito a frase "be at Leso", ou "fique em Leso", sendo Leso a ilha onde Paul teria sido enterrado.

Temos quatro figuras de cera dos Beatles na fase inicial, todos com um olhar triste, enquanto que ao lado os verdadeiros Beatles posam com instrumentos metálicos, a menos claro de Paul, que segura um corne inglês de madeira. Sob o "T" de Beatles temos uma estátua de Shiva, deusa Hindu da morte, cujos braços apontam diretamente para as duas imagens de Paul. Na verdade a deusa em questão é a deusa hindu da riqueza, Lakshimi Ma.

  Criatividade a 1000. I ONE IX HE ^ DIE

A pista mais criativa está na bateria da capa, onde, segundo os especialistas, colocando-se um espelho na horizontal cortando exatamente a frase "lonely hearts" tem-se da combinação da parte de cima das letras com o seu reflexo a frase "one he die", ou ainda que a frase deve ser lida como "I One IX He ^Die", cujo significado surge das seguintes conexões: "I One" seria onze (II), "IX" nove em romanos, e "He ^Die" indica que Paul está morto, já que a seta aponta diretamente para Paul. Portanto, em "november, 9th" Paul morreu.

A contracapa de Sgt Pepper

Na contracapa todos os Beatles olham para a frente, com excessão de Paul, supostamente escondendo a imagem do novo Beatle. Também é possível notar que George Harrison está com o dedo indicador direito apontando exatamente para a frase de "She's Leaving Home" que diz "
Wednesday morning at five o´clock", exatamente hora e dia da semana que Paul falecera, além da parte da letra de "Without You, Without You", que traz o nome da canção exatamente sobre a cabeça de Paul.

Já no encarte, Paul tem no braço esquerdo um distintivo onde está escrito "OPD", que no Canadá é a sigla para "Officially Pronounced Dead", ou "Oficialmente Considerado Morto". Na verdade, a sigla é OPP, referindo-se a Ontario Provincial Police (Policia da Província de Ontario), e o distintivo foi oferecido para cada um dos quatro Beatles como lembrança quando o grupo esteve no Canadá em agosto de 1965.

Indo para as letras, em "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band" aparece a citação ao sósia Billy Shears em "
so let me introduce to you the one and only Billy Shears". Em "Good Morning, Good Morning" temos duas citações ao acidente em "nothing to do to save his life" e "people running around it's 5 o'clock", sendo cinco horas exatamente o horário do acidente de Paul. "A Day in the Life" já foi citada anteriormente, e as frases emblemáticas são "he blew his mind out in a car" e "a crowd of people stood and stared they'd seen his face before, nobody was really sure if he was".

Finalmente, diz a lenda que a prensagem original do álbum era para ser guardada dentro de uma jaqueta, contando com emblemas, lápis e pequenos bonecos da banda. Existia um diversificado número de cores na tal jaqueta de baixo para cima, começando com um vermelho muito forte (simbolizando o sangue) e terminando em um branco-neve que simboliza a paz no céu. Infelizmente não sei dizer se essa jaqueta realmente existiu ou não.

Mais pistas na capa de Magical Mystery Tour

Pulando para o álbum seguinte,
Magical Mystery Tour, temos na capa alguém vestido como morsa, que é um símbolo de morte em algumas culturas. Muito se falou sobre quem é a morsa, mas uma olhada mais específica identifica óculos na ave, sendo este então John. Já na canção "I Am the Walrus" John clamava por ser a morsa, e a mesma contém a citação "oh, untimely death". No álbum seguinte, o famoso White Album, na faixa "Glass Onion" foi revelado que "the walrus was Paul"! Finalmente, quando George Harrison, após o término dos Beatles, fez o clipe para "When We Was Fab" contando sobre seus tempos nos Beatles, temos Ringo na bateria, George na guitarra e a morsa tocando um baixo Hofner!
 
  Suposto número de telefone

O espelho também faz efeito no nome Beatles da capa, onde o efeito agora é o de um número de telefone (esse exige bastante criatividade) que, quando se ligasse para o mesmo, ouvia-se uma mensagem dizendo "you're getting closer", mostrando que aquele que descobria a pista estava chegando perto da verdade. De fato, uma menina aderiu a brincadeira e era responsável pelo fato.

Preste atenção no bumbo da bateria de Ringo


Paul de olhos fechados e com o rosto coberto


Uma rosa negra e três vermelhas

Já o livreto de fotos da versão original tinha uma foto do quarteto com cada um com uma rosa na lapela. Todos estavam com uma rosa vermelha, a não ser Paul, que está com uma rosa preta. No mesmo livro, na foto central do encarte, está escrito "love 3 Beatles" na bateria de Ringo, e Paul está descalço em todas as fotos, sendo que os mortos são enterrados descalços.

Já a capa interna mostra o rosto de Paul parcialmente coberto com um gorro, com a poeira de estrelas formando uma espécie de auréola sobre a cabeça do mesmo. Finalmente, em "Strawberry Fields Forever" é possível ouvir John Lennon dizendo "
I buried Paul" e, no final de "All You Need Iis Love", temos John falando algo como "yes! he is dead!".

O clássico e inconstestável White Album

Dando sequência aos álbuns, em
The Beatles (ou White Album) novamente não temos uma imagem do quarteto na capa. Porém as citações estão nas letras, como em "Revolution #9", com a frase "my fingers are broken and so is my hair". Ainda nesta faixa, ao se ouvir o verso "number nine" ao inverso temos as mensagens "turn me on dead man". Ainda ao inverso, é possível ouvir Paul gritando para sair do automóvel ("let me out") e, em "I'm So Tired", a voz de Lennon dizendo que "Paul is a dead man".


As fotos individuais do Álbum Branco, com Paul e sua cicatriz


O encarte do White Album

Nas fotos do álbum, temos Paul em uma banheira com a cabeça para fora da água, criando uma imagem apavorante de uma pessoa decapitada. Além disso, Paul está entrando em um trem com duas mãos fantasmas atrás dele, prontas para levá-lo para o além. Finalmente, a cicatriz de Paul aparece nas fotos individuais de cada integrante.

A capa de Yellow Submarine também traz pistas

Na capa de
Yellow Submarine temos novamente a mão-aberta sobre a cabeça de Paul, bem como um desenho dos Beatles na capa. Além disso, o submarino lembra um caixão com uma coroa de flores enterrado sob uma montanha.

O último álbum a trazer pistas é
Abbey Road. O quarteto atravessa a rua na sequência da direita para esquerda, com Lennon e Ringo trajados apropriadamente para um funeral, Paul como se estivesse pronto para ser enterrado (inclusive estando novamente descalço) e com George de calça jeans (seria o coveiro?). Paul também está com o passo trocado em relação aos demais, e de olhos fechados. Uma outra descrição para a capa sugere que Lennon está de branco por ser Deus (já que ele havia citado que os Beatles eram mais famosos do que Jesus Cristo), Ringo de preto por ser o padre e, claro, Paul o cadáver e George o coveiro.

A caveira de luz e sombras

Um belo fusca branco está estacionado na esquerda com a placa
28IF, lembrando que Paul teria 28 anos se estivesse vivo na época do lançamento de Abbey Road, sendo que fusca em inglês é beetle e "if" significa "se". Na contracapa temos uma imagem feita por luzes e sombras que lembra muito uma caveira.

Paul segurando o cigarro com a mão direita

Mas é exatamente uma das tais pistas que passa desapercebida para um fã menos atento, mas para aquele que conhece um pouco da obra da banda (e das capas), onde fica claro que tudo não passa de imaginação. Trata-se novamente da imagem de Paul na capa, onde ele está segurando um cigarro com a mão-direita. Notoriamente Paul era canhoto, portanto aquele que está segurando o cigarro não poderia ser Paul. Teriam os Beatles deixado mais uma dica? Na verdade, não. Voltando no tempo, na capa interna de
For Sale, de 1964, temos um jovem e alegre Paul McCartney segurando tranquilamente seu cigarro com a mão-direita. Portanto, realmente é Paul quem está na capa de Abbey Road, e todas as alusões à sua morte são (ou foram) feitas de certa forma de propósito pela banda, o que mostra ainda mais a genialidade dos mesmos, já que muitos passaram a correr atrás dos álbuns não só pelas músicas, mas também pelas pistas por registros da morte de Paul, aumentando as já colossais vendas de álbuns dos mesmos.

Claro, essa resenha traz um ponto de vista pessoal sobre suposta morte de Paul. Muitos podem duvidar do que cito e até mesmo pensar que o velho Macca está morto e enterrado em Leso. Porém, o que não se pode negar é a criatividade (e paciência) dos fãs em busca de respostas para o assunto, que com certeza ainda vai gerar muito pano pra manga.

Encerro dizendo que para mim este assunto está morto (com o perdão da redundância), mas continuo os estudos para compreender o porque dos Beatles serem considerados a melhor banda do mundo em termos de música, apesar de entender que comercialmente falando, mesmo com o Kiss batendo os Beatles em termos de venda de imagem, os caras realmente foram geniais em deixar as pistas nos álbuns, se é que elas tiveram este propósito.

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