O rock gaúcho durante a década de 80 revelou nomes que fizeram muito sucesso pelo país. Grupos como Engenheiros do Hawaii e Nenhum de Nós estouraram nas rádios com sucessos como "O Papa é Pop" (do primeiro) e "Camila Camila" (do segundo). Além disso, Replicantes, TNT, Nei Lisboa, Cascaveletes e De Falla são claros exemplos de grupos do Rio Grande do Sul que, se não fizeram tanto sucesso, deixaram seus nomes registrados como ícones do rock nacional.
Mas, no final da década de 70 e início dos anos 80, os principais grupos do Rio Grande do Sul não eram de Porto Alegre como todos os citados acima, e sim do interior do estado. O mais famoso, Os Almôndegas, revelou ao país Kleiton & Kledir (famosos por canções como "Maria Fumaça", "Deu Prá Ti" entre outras), tocando canções tipicamente "gaudérias" mas com pitadas de rock'n'roll no período de 1972 até 1978. Exatamente nesse ano, surgiu talvez o principal grupo de rock progressivo do estado, o Quintal de Clorofila.
Vindos da cidade de Santa Maria, os irmãos Dimitri e Negendre Arbo eram os únicos membros do grupo, que mesmo sendo formado apenas por uma dupla, compunha canções de extrema complexidade, com letras fantásticas e desenvolvendo uma série de instrumentos caseiros como telhas de zinco, galões de gasolina, serrotes, entre outros criados especialmente pela dupla de irmãos, que posteriormente, viriam a influenciar outro grande grupo progressivo do país, os mineiros do UAKTI.
Na época do início da banda, outros grupos semeavam e colhiam suas sonoridades misturando folk rock com elementos gaúchos, tais quais o Couro, Cordas e Cantos, Grupo Terra Viva e Os Tápes. O diferencial do Quintal de Clorofila eram as doses de psicodelismo e as viajantes sessões instrumentais, mescladas com letras complicadíssimas, criando um abiente acústico raríssimo na literatura musical, e que pode ser conferido no único e também muito raro LP do grupo.
O Mistério dos Quintais, lançado pelo em 1983, é um achado na musicultura gaúcha. Contando com diversos elementos tradicionais do pampa e com a participação de Paulo Soares tocando violão em algumas faixas, está fortemente construído em um clima emocional e musical criado pelos irmãos Arbo, acessorados por diversos instrumentos acústicos como violões, banjo, bandolim, flauta, ocarina, saxofone, além de uma parte percussiva bem elaborada e também pelas lindas poesias do pai, Antônio Carlos Arbo.
Mas, no final da década de 70 e início dos anos 80, os principais grupos do Rio Grande do Sul não eram de Porto Alegre como todos os citados acima, e sim do interior do estado. O mais famoso, Os Almôndegas, revelou ao país Kleiton & Kledir (famosos por canções como "Maria Fumaça", "Deu Prá Ti" entre outras), tocando canções tipicamente "gaudérias" mas com pitadas de rock'n'roll no período de 1972 até 1978. Exatamente nesse ano, surgiu talvez o principal grupo de rock progressivo do estado, o Quintal de Clorofila.
Vindos da cidade de Santa Maria, os irmãos Dimitri e Negendre Arbo eram os únicos membros do grupo, que mesmo sendo formado apenas por uma dupla, compunha canções de extrema complexidade, com letras fantásticas e desenvolvendo uma série de instrumentos caseiros como telhas de zinco, galões de gasolina, serrotes, entre outros criados especialmente pela dupla de irmãos, que posteriormente, viriam a influenciar outro grande grupo progressivo do país, os mineiros do UAKTI.
Quintal de Clorofila em ação na década de 80 |
Na época do início da banda, outros grupos semeavam e colhiam suas sonoridades misturando folk rock com elementos gaúchos, tais quais o Couro, Cordas e Cantos, Grupo Terra Viva e Os Tápes. O diferencial do Quintal de Clorofila eram as doses de psicodelismo e as viajantes sessões instrumentais, mescladas com letras complicadíssimas, criando um abiente acústico raríssimo na literatura musical, e que pode ser conferido no único e também muito raro LP do grupo.
O Mistério dos Quintais, lançado pelo em 1983, é um achado na musicultura gaúcha. Contando com diversos elementos tradicionais do pampa e com a participação de Paulo Soares tocando violão em algumas faixas, está fortemente construído em um clima emocional e musical criado pelos irmãos Arbo, acessorados por diversos instrumentos acústicos como violões, banjo, bandolim, flauta, ocarina, saxofone, além de uma parte percussiva bem elaborada e também pelas lindas poesias do pai, Antônio Carlos Arbo.
Logo na sua abertura, está uma maravilha que ninguém no rock gaúcho conseguiu escrever algo se quer parecido, a incrível "As Alamedas". A canção começa com violões e bandolim introduzindo um clima totalmente medieval, com um belíssimo tema do mandolim. A levada dos violões então passa a acompanhar os vocais feitos pela dupla, com acordes tristes e narrando a história dos enormes pinheiros que cobrem alamedas em busca da luz do sol e da lua, ao mesmo tempo que lutam contra suas quedas causadas pelos homens. Progressivo ao extremo!
A introdução é repetida, seguindo o melodioso e bonito ritmo medieval, tendo nos violões uma encantadora sequência de acordes que repetem o tema do mandolim e retornam para a repetição da letra. Ao final dos quase seis minutos dessa linda canção, temos a repetição do lindo tema do mandolim, e Dimitri nos brinda com uma intervenção de saxofone sobre efeitos percussivos de pratos e apitos, terminando com um solo de flauta andina acompanhado por violões e por um bumbo-leguero.
Dimitri Arbo e o bolha que vos escreve (ainda com um certo cabelo) |
O Mistério dos Quintais apresenta ainda outras lindas canções como "Jornada" (lembrando muito os duelos instrumentais das apresentações ao vivo feitas por Ray Schulman e Gary Greendo Gentle Giant), a percussiva instrumental "Drakkars", a bela seresta de "Gotas de Seresta", o clima "I've Seen All Good People" de "Viver" ou o flamenco ed "O Último Cigano", mas nada comparável ao lindo e elaborado arranjo de "As Alamedas".
Depois de O Mistério dos Quintais, a dupla participou em muitos festivais pelo Rio Grande do Sul, se destacando na cena cool de Porto Alegre, para onde mudaram-se logo após a gravação do vinil, e sendo um dos principais nomes na inauguração de um dos principais locais de show da capital gaúcha, o Bar Opinião, ainda no ano de 1985. Em 1988, o Quintal de Clorofila deixou de existir, com Negendre indo morar no Paraná e seguindo carreira solo, enquanto Dimitri partiu para outros aminhos, continuando a morar em Porto Alegre.
Negendre Arbo e o bolha que vos escreve |
Em 2008 Negendre voltou por uns dias para o Rio Grande do Sul, e, com a ajuda de alguns amigos, o Quintal de Clorofila, depois de vinte anos, voltava a fazer apresentações; uma em Porto Alegre, no Beco das Garrafas, em 11 de abril, e duas na cidade de Capão da Canoa, nos dias 19 e 20. Tive o prazer de ser um dos poucos participantes desse retorno da banda no Beco das Garrafas, e de me emocionar com uma apresentação insana de Negendre declamando poemas e mais poemas tal qual o suor corria de seu corpo, enquanto um alucinado Dimitri mostrava seu talento nos mais diferentes instrumentos, fechando a apresentação com uma inspirada versão de 16 minutos para a nossa maravilha prog "As Alamedas", com todas as partes de sua versão original e muitas improvisações em instrumentos bem diferentes, onde, numa noite quente e estrelada, o Quintal de Clorofila literalmente conseguiu fazer chover na capital gaúcha.
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