sábado, 1 de setembro de 2012

Slayer - Parte I


O início do Slayer se dá em 1981, na cidade de Huntington Park, perto de Los Angeles, Califórnia, quando o guitarrista Kerry King conhece o baixista e vocalista Tom Araya. Ambos passam a ensaiar na casa de um vizinho amigo de King, o baterista Dave Lombardo. Como o som que o grupo fazia era muito influenciado por grupos como Montrose, Judas Priest, Iron Maiden e principalmente UFO, logo sentem a necessidade de adicionar mais um guitarrista. Eis então que surge outro vizinho da garotada, o guitarrista Jeff Hanneman. Nascia então uma das mais importantes bandas do thrash mundial, o Slayer, nome que foi sugerido por Hanneman.

O grupo começou a compor canções muito cedo, mas caracterizava-se por interpretações pesadas para canções punk e da NWOBHM. Não demorou para figurar na cena de clubes da Bay Area, chamando a atenção do grupo Bitch, que contratou o quarteto para abrir seu show no Woodstock Club, em Los Angeles. Durante a apresentação de "Phantom of the Opera" (Iron Maiden), o jornalista Brian Slagel ficou maravilhado com o que viu e ouviu. 

Kerry King, Dave Lombardo, Jeff Hanneman e Tom Araya
Slagel havia acabado de fundar o selo Metal Blade, e não exitou em contratar o quarteto para participar de uma coletânea com bandas de metal, a ser lançada pelo selo.  Começam então a compor material próprio, com uma sonoridade inspirada no grupo Venom e no Iron Maiden, e em seguida, gravam a faixa "Agressive Perfector" para a tal coletânea da Metal Blade, batizada de Metal Massacre III, lançada em (1983). 

A essencial estreia do grupo, Show No Mercy
 
Ainda nesse ano, no dia 3 de dezembro, lançam o primeiro álbum, Show No Mercy, que estabelece o Slayer como um dos pilares da santíssima trindade do thrash metal, ou Tríade Demoníaca, ao lado de Venom e Exciter. Considerado o álbum pai do Thrash Metal, ao lado de Kill 'Em All (Metallica), é um disco sensacional do início ao fim, com riffs e refrões que marcaram (e ainda marcam) época.

O álbum abre com o riff veloz de "Evil Has no Boundaries", abrindo espaço par ao curto solo de King, para Araya cuspir a letra, sem ser de forma gutural, e imortalizando o primeiro grande refrão do Slayer. Mais um curto solo de King e seguimos com a sequência da letra, apresentando então o solo de Hanneman, seguido pelo solo de King, ambos com escalas muito velozes. O riff introdutório é repetido, com algumas alternâncias nos acordes, encerrando essa canção com a barulheira da bateria e das guitarras.

A clássica "The Antichrist" apresenta outro grande riff da dupla Hanneman/King, e é mais cadenciada e pesada do que a antecessora, com o trabalho de Lombardo sendo mais simples, e com mais um grande refrão entrando para o hall dos principais criados pelo Slayer. Hanneman executa o primeiro solo, seguido pelo melódico solo de King, voltando então para a sequência da letra, fechando com várias notas sendo repetidas por baixo, guitarra e bateria.

A velocidade do riff de "Die By the Sword" contrasta com a cadência punk da bateria. O refrão (outro clássico) entoa o nome da canção entre notas quebradas de baixo e guitarra, além das marcações da bateria. A canção ganha peso, e entre os solos de Hanneman e King, Araya entoa diabolicamente as palavras que compõem essa parte da canção, e após uma risada satânica, levando para a sequência de solos, primeiro King, depois Hanneman, voltando então para o refrão e encerrando com as marcações de guitarra, baixo e bateria.

"Fight Till Death" aparece com um complicado riff, e agora Lombardo despeja velocidade nas batidas de uma canção que não ficou tão marcada na carreira do Slayer. Araya canta sempre no mesmo estilo, sem soar gutural, e o destaque agora vai para as viradas velozes de Lombardo. Os solos de Hanneman e King soam abafados, talvez pela mixagem, mas são muito velozes, com arpejos e palhetadas inversas comendo solto, voltando para a sequência da letra e encerrando com diversas viradas de Lombardo entre as marcações de baixo e guitarra. 

Chegamos na dupla "Metalstorm / Face the Slayer", iniciando com as marcações de guitarra, baixo e bateria. As guitarras entoam as notas quebradas do riff central, e então marcações de baixo e bateria surgem entre as notas quebradas do riff central, para assim as marcações de guitarra, baixo e bateria comandarem o embalado ritmo de "Metalstorm", que lembra bastante as canções instrumentais da fase inicial do Iron Maiden. Um novo riff aparece, começando "Face the Slayer", cantada por Araya com fúria e efeitos em sua voz, além de gritos muito agudos. Solos de guitarra aparecem na sequência, com uma incrível sessão marcada entre baixo, guitarra e bateria, voltando para a sequência da letra, encerrando o lado A (lado 6 na capa do vinil original) com a repetição das notas quebradas de baixo, guitarra e bateria. 

Falso satanismo: Slayer em 1983
A clássica "Black Magic" abre o lado B (o lado 66 do vinil original), com outro riff imortal, sujo e veloz das guitarras de Hanneman e King, além do baixão de Araya estourando os alto-faltantes. A pauleira come solta após a entrada do segundo riff, com Lombardo quebrando a bateria, e Araya cantando na melodia do riff, com sua voz repleta de efeitos. O solo de King é veloz, levando para uma sequência cadenciada, retornando a velocidade para o solo de Hanneman, e mais um solo de King, fechando a canção com as marcações de guitarra, baixo e bateria.

Marcações no chimbal abrem "Tormentor", com um riff feito ao mesmo tempo por guitarra, baixo e bateria, mostrando que o Slayer sabia compor e muito bem suas canções. Um breve sustain apresenta o riff quebrado da canção, e então, a pauleira pega, com as guitarras executando um fantástico trabalho de variações de notas e acordes enquanto Araya cospe a letra da canção com mais efeitos em sua voz. Essa canção parece ter saído de algum álbum punk devido a sua levada e aos vocais do refrão, mas o trabalho de King e Hanneman deixam longe de ser algo punk, e fazem da mesma uma de minhas preferidas do LP. Os solos de ambos são sensacionais, e após voltar a letra, a canção encerra-se com um agudo grito de Araya.

A velocidade do riff de "The Final Command", entre as marcações de baixo e bateria, nos apresenta uma canção muito rápida, e novamente, o trabalho das guitarras (e aqui também do baixo) é destacável. Lombardo continua sua pegada punk na bateria, enquanto ouvimos o primeiro solo feito pelas guitarras gêmeas de Hanneman e King. Araya volta para a letra, fechando com mais um agudo.

"Crionics" é quebradeira pura, com Lombardo socando o bumbo como nunca havia socado no vinil até então. As guitarras acompanham as linhas vocais de Araya, em outra canção que nos lembra o Iron Maiden na sua fase inicial, com Paul DiAnno. A canção então modifica-se, com Lombardo parando de socar o bumbo, fazendo o papel apenas de acompanhante para a maravilhosa ponte das guitarras gêmeas, voltando então para o riff inicial e então, uma parte mais marcada, quase como as famosas cavalgadas da NWOBHM, onde marcações apresentam um novo riff, feito por notas decrescentes da guitarra, que levam aos belos solos de King e Hanneman, em outra das minhas favoritas de Show no Mercy.

O veloz solo de Lombardo abre a faixa-título, a mais rápida e Thrash canção do LP. Araya declama a letra com a voz grave, enquanto as guitarras executam novamente um ótimo trabalho ao fundo, levando aos solos de King e Hanneman, trazendo novamente Araya para encerrar a letra, e as marcações que concluem esse maravilhoso álbum de estreia de uma das maiores bandas do Thrash mundial com microfonias e sustains feitos pelas alavancas da dupla Hanneman /King.


A contra-capa de Show No Mercy, com os lados 6 e 66

É exatamente nessa época que o Slayer adota um visual recheado de correntes, rebites e munhequeiras pontiagudas, além dos olhos de Hanneman e King pintados de negro. Um dos fatos mais curiosos sobre esse LP é que ele foi auto-financiado pelo grupo, com Araya trabalhando como terapista respiratório e King pedindo dinheiro emprestado ao seu pai para poder financiar a gravação do mesmo. Gene Hoglan (vocalista do Dark Angel) participa em "Evil Has no Boundaries", fazendo vocalizações.

O fato de o álbum apresentar temas satânicos, além da capa trazer o chifrudo estampado, e Hanneman portando uma cruz invertida para tocar a guitarra, fez com que surgisse o primeiro problema do Slayer com a Parents Music Resource Center, que tentou impedir o lançamento do álbum, mas felizmente, não conseguiu.

Logo após o lançamento de Show no Mercy, que se tornou o álbum mais vendido da Metal Blade, com mais de 20 mil cópias nos Estados Unidos, e mais de 40 mil cópias ao redor do mundo, o grupo saiu para sua primeira excursão pelos Estados Unidos, sem ter um produtor, tendo apenas familiares e amigos como roadies na estrada. 

O EP Haunting the Chapel

O sucesso de vendas de Show No Mercy atiçou os bolsos de Slagel, que decidiu lançar mais um álbum o quarteto. Porém, sem tempo para compor, abandonam o projeto de um full lenght e decidem por lançar um EP. Em agosto de 1984, saí Haunting the Chapel, contendo apenas três canções: "Chemical Warfare", "Captor of Sin" e "Haunting the Chapel". Essas canções já são um pouco diferentes do que ouvimos em Show No Mercy, mais próximas ao estilo que consolidaria o Slayer anos depois, ou seja, veloz, mas ao mesmo tempo, muito pesado.


O primeiro ao vivo, Live Undead

Ainda em 1984, o primeiro registro ao vivo do grupo chegou às lojas, batizado de Live Undead, trazendo a apresentação do grupo em um pequeno bar de Nova Iorque. São apenas sete canções, mas o suficientes para ver que o grupo crescia dia após dia. Após a excursão pelos Estados Unidos, voltam aos estúdios para gravar o segundo álbum da banda. Para a gravação, Slagel contratou o produtor Ron Fair, que havia trabalhado no selo Chrysalis Records, especializado em rock progressivo. Bem ou mal, isso acabou interferindo nas composições do novo álbum, que tornaram-se longas faixas de Thrash Metal.

Slayer flertando com o progressivo = Hell Awaits
No dia 16 de setembro de 1985, Hell Awaits chegou às lojas. Tido por muitos como um álbum experimental, ele começa trazendo a faixa-títilo, com os barulhos de bodes, vozes satânicas e as guitarras fazendo uma barulheira infernal, dando um verdadeiro cagaço na gurizada, e então, as guitarras detonam o pesadíssimo riff, com o acompanhamento marcante dos tons de Lombardo, e o sinistro baixo de Araya. Lombardo começa a socar os bumbos e a fazer virações na bateria, trazendo então um riff cavalgante com acordes variados, abrindo espaço então para o terceiro riff, usando escalas espanholas muito velozes. Uma rápida sequência de acordes quebrados encerra a longa introdução, e a pauleira pega, com Araya cantando ferozmente, enquanto uma satânica voz entoa o nome da canção.Na parte central, a satânica voz canta ao lado de Araya, levando ao solo de King, voltando para a sequência da letra e encerrando com mais um solo, dessa vez feito por Hanneman.

O bumbo sacolejante e o riff pegado de "Kill Again" nos apresenta uma canção complicada em termos de riffs, com um ótimo trabalho de Araya no baixo, acompanhando a velocidade quase extrema das guitarras. Lombardo parece mais adaptado ao sistema do Thrash, e mantém ritmos muito rápidos, além de batidas velozes nas caixas que acompanham o riff introdutório. O riff central surge, alterando acordes, enquanto o baixo explode os alto-falantes. Araya canta pausadamente, cuspindo palavras durante o refrão, e uma violenta ponte instrumental nos leva para a segunda parte da letra, cantada de novo pausadamente por Araya, saltando para os velozes solos de Hanneman, King, Hanneman e King, com muita sujeira na distorção. Araya solta um agudo e volta para a sequência da letra, encerrando com a repetição do riff inicial.

A épica "At Dawn They Sleep" apresenta uma curta e intrincada introdução, com as notas da guitarra e do baixo embolando-se entre as viradas da bateria. Araya começa a cantar logo de cara, e após quatro estrofes cuspidas no ouvinte do fã, entra a guitarra de King rasgando tudo, seguida pelos arpejos de Hanneman, e remetendo-nos para a complicada introdução. Escalas alternam o ritmo da canção, que ganha peso com os acordes das guitarras e principalmente, com o baixo, para Araya cantar com a voz carregada de efeitos. Mais escalas marcadas entre baixo e guitaras, e Araya segue entoando a letra da canção, que aumenta gradativamente seu ritmo, enquanto uma satânica voz grita "Kill", e assim, "At Dawn They Sleep" muda novamente, com muita velocidade nos riffs e na bateria, e com Lombardo destruindo com as caixas, para Araya encerrar a letra dessa que é a melhor canção do LP, e o lado A ser concluído com dois velozes solos de Hanneman e King, uma rápida sequência de batidas de Lombardo e mais uma intrincada peça instrumental com as guitarras, baixo e bateria.


Araya, Hanneman, Lombardo e King
"Praise of Death" abre o lado B com muita velocidade nos acordes de guitarra, nas notas do baixo e na bateria de Lombardo, trazendo a voz de Araya com pequenos efeitos. Passagens quebradas entre baixo, guitarra e bateria aparecem após duas estrofes, trazendo um veloz solo de Hanneman, e Araya então canta mais uma frase, ficando somente o baixo, despejando velocidade, para Hanneman e King começarem uma estonteante sequência de solos, que nos leva para o andamento cavalgante, com Lombardo fazendo diversas viradas e batidas nos pratos, começando mais uma sequência de solos, para alavancadas sinistras e assustadoras despejarem novamente a velocidade inicial da canção, e Araya encerrar a letra conforme manda o figurino, cuspindo com a fúria as palavras da mesma, encerrando a canção com mais uma solo.

Escalas de baixo e guitarras apresentam o riff marcado de "Necrophiliac", outra veloz canção assim como sua antecessora, destacando as variações de acordes feitas pelo trio Hanneman, King e Araya. Os acordes marcados, e a velocidade do baixo, além das batidas insanas de Lombardo, acompanham a voz de Araya, destacando as velozes viradas de Lombardo, próximo de se tornar um monstro no instrumento. Escalas levam para os solos de Hanneman e King, na velocidade extrema, e então, a canção modifica-se, tornando-se cadência com alterações de acordes, que levam para um magnífico acompanhamento de baixo e bateria, enquanto as guitarras fazem a melodia ao fundo, e Araya estoura as cordas vocais gritando "Hell", encerrando com solos velozes de Hanneman e King.

Outro épico vem na sequência, batizado de "Crypts of Eternity", destacando o baixo de Araya na introdução. Hanneman e King solam ferozmente durante a introdução, e após os solos, um riff tipicamente Slayer surge nas caixas de som, com o baixo de Araya a mil, acompanhando as velozes notas das guitarras. Lombardo comanda o ritmo, e assim, Araya passa a despejar a letra da canção, que marca o estilo Slayer de compor a partir de então. A sessão instrumental do início retorna, seguindo a letra, para então, uma marcada sessão instrumental, repleta de variações, trazer os solos de guitarra, e então, a marcação de baixo, guitarra e bateria acompanham os gritos de Araya, enquanto Lombardo da show na bateria. Mais uma vez, uma marcação de baixo, guitarra e bateria, entre viradas de Lombardo, faz as guitarras gêmeas criarem um riff muito veloz, e assim, Araya parte para o encerramento da letra, intermediado por solos de ambos os guitarristas, concluindo com a incrível sequência de viradas feitas por Lombardo. Grandiosa faixa!

Por fim, a canção mais curta do LP, "Hardening of the Arteries", que é também a canção mais Thrash, apesar do enorme peso despejado pelas guitarras e pelo bumbo de Lombardo. A primeira parte da letra encerra-se, dando lugar para riffs velozes que acompanham os solos de King e Hanneman, voltando para o início da canção, para batidas fortes nos tons e acordes de guitarra levarem ao encerramento da canção e do LP, com uma espécie de ritmo tribal feito pelas guitarras e pela bateria, entre alavancadas, palhetadas inversas e muito barulho das guitarras. 

O Slayer partiu para uma turnê ao lado de Venom e Exodus na turnê "Combat Tour", registrada no VHS The Ultimate RevengeNessa turnê, um fato bizarro aconteceu. Dentro do ônibus do Venom, o quarteto bebia ao lado do trio Cronos, Mantas e Abaddon, quando Araya entrou perguntando aonde era o banheiro. Prontamente, Cronos respondeu: "Aqui, na minha boca!", e então, Araya acabou urinando sobre a cabeça de Cronos, que acabou agredindo Araya com um soco. Como resultado, Araya passou o resto da turnê com um olho roxo. Da América, o grupo invadiria a Europa para uma mega turnê, tocando na Bélgica, Alemanha e Inglaterra. 

Durante mais uma turnê pela América do Norte, onde tocaram inclusive no Canadá, começam a projetar aquele que seria o LP a lançar o nome do Slayer para patamares jamais alcançados pelo grupo até então. Porém, o grupo acaba deixando a Metal Blade Records, e parte para um contrato com a recém fundada Def Jam Records, além de passarem a trabalhar com Rick Rubin como produtor.

É Rubin quem acaba mudando a sonoridade do Slayer, adicionando ainda mais velocidade nas canções do grupo.


Reign In Blood, um verdadeiro petardo sonoro
No dia 07 de outubro de 1986, sai o álbum mais rápido, sujo e pesado da história do Slayer, Reign in Blood. Com uma sonoridade crua, a produção impecável de Rick Rubin, um trabalho perfeito de Lombardo, letras apelando fortemente para o satanismo, com anjos da morte, sacríficios, assassinos sádicos e chuva de sangue, este LP deixou clássicos eternos do Thrash Metal, , que fazem de Reign in Blood ser considerado um dos melhores álbuns do estilo (ao lado de Master of Puppets, do Metallica).

O álbum abre com a ferocidade das guitarras de "Angel of Death", seguida por um longo agudo de Araya e a marcação violenta de Lombardo. Araya narra a história do nazista Josef Mengele, cuspindo a letra para o ouvinte enquanto as guitarras executam uma mudança de acordes que lembra muito o barulho de um enxame de abelhas. O riff modifica-se, tornando-se mais lento e com variações de notas, e então, o ritmo torna-se marcado, para Araya continuar a letra, para a pauleira pegar durante os solos alternados de Hanneman e King, encerrando essa ótima faixa de abertura com o riff inicial, os gritos da canção e Lombardo destruindo os dois bumbos, com uma velocidade absurda.

A pancadaria continua em "Piece By Piece", a qual começa com um ritmo cadenciado e uma marcação forte do prato de condução, enquanto as guitarras mudam seus acordes com velocidade. Araya canta acompanhado pela batida já característica do som do Slayer, e após uma pequena parada, a letra continua. Uma pequena sessão instrumental e a canção muda, com Lombardo dando show nas viradas e nos acompanhamentos, voltando então para seu ritmo inicial, encerrando com o nome da canção sendo entoado rapidamente.

Sem respirar, entramos na agitada "Necrophobic", na qual as mudanças de acordes da guitarra e baixo acompanham a rápida melodia vocal de Araya. Uma rápida sessão mais lenta leva aos enlouquecedores solos de guitarra, trazendo novamente a letra, e então, um longo agudo encerra uma faixa curta, mas violentíssima.

De joelhos, o ouvinte é largado em "Altar of Sacrifice", com muita brutalidade exalando das guitarras, baixo e bateria, e Araya cantando ferozmente, além de mais solos estupefantes. A rapidez das viradas de Lombardo e dos acordes é algo que só o Slayer consegue fazer com essa perfeição, e então, chegamos ao final da canção com o ritmo cavalgante do baixo e das guitarras, além da genial bateria de Lombardo, com Araya soltando pelas ventas a letra da canção, concluída com mais solos de guitarra, pulando direto para o riff pesado e lento de "Jesus Saves". A bateria faz um acompanhamento melancólico, enquanto as guitarras constróem o riff principal junto do baixo. Guitarras e bateria então trabalham em harmonia, fazendo a mesma melodia, e a pancadaria come solta na bateria de Lombardo, para Araya cantar a letra com uma velocidade absurda, acompanhado pelas mudanças constantes dos acordes de guitarra e baixo. Solos de guitarra surgem entre as frases que entoam o nome da canção, em uma espécie de refrão,  encerrando então com a repetição desse breve refrão e mais solos de guitarra.



Slayer em 1986. Dave Lombardo, Jeff Hanneman, Kerry King e Tom Araya
O Lado B abre com a marcação nos pratos, bumbo e caixa, introduzindo "Criminally Insane", e na sequência, as guitarras despejam sujeira em um riff lento das guitarras e do baixo, que aumenta a velocidade com a entrada dos vocais de Araya, assim como Lombardo, que manda ver em um ritmo tradicional do Thrash Metal. Hanneman e King detonam em solos muito velozes, e a canção fica novamente cadenciada, levando para um complicado riff, com muitas notas variadas, para Lombardo destruir os tons, voltando então ao riff veloz que encerra mais uma curta canção.

"Reborn" também demonstra uma velocidade incrível nos riffs das guitarras, baixo e bateria, e Araya cantando muito rápido. É incrível como ele consegue cantar tantas palavras sem praticamente respirar, e a velocidade continua durante os solos de guitarra, sendo o baixo a maior atração de outra curta canção, que apresenta mais uma curta estrofe e outro breve solo.

O ritmo enlouquecedor continua em "Epidemic", seguindo a mesma linha das anteriores, porém sem um trabalho tão veloz nas mudanças de acordes. O solo de Hanneman é uma coleção de estranhos zumbidos, e a canção muda seu ritmo, ganhando a já tradicional "levada Slayer", para o solo, com a velocidade comendo a solta, encerrando com uma rápida virada de bateria.

O pesado riff de "Postmortem" nos prepara para o encerramento do LP. A marcação nos tons, as escalas quebradas da guitarra e o peso do baixo, trazem o vocal de Araya, dessa vez sem tanta velocidade. Um longo grito nos leva para a sessão instrumental, com acordes quebrados e Lombardo destruindo os dois bumbos, e então, a guitarra comanda o riff final, com Araya cantando novamente em estilo rápido mais duas estrofes, encerrando com o famoso acorde que nos traz a tempestade de "Raining Blood".

Trovões, barulhos de chuva, zunidos de guitarra e as batidas nos tons aterrorizam à todos, e então, King e Hanneman detonam um dos riffs mais conhecidos da carreira do Slayer. Lombardo dá show nos dois bumbos, e a partir do momento que a quebradeira de notas pega, é impossível identificar o que baixo e guitarra estão fazendo, tamanha a velocidade das notas do trio. Araya canta pausadamente, e quem comanda a pancadaria são as guitarras e os dois ensurdecedores bumbos de Lombardo. Canção-símbolo do que seria o Slayer a partir de então, misturando peso e velocidade em proporções perfeitas. A sessão final, com o riff da guitarra sendo repetido entre a marcação das guitarras, Araya gritando o nome da canção e os dois bumbos pegando, leva para os arrepiantes e barulhetos solos de guitarra, sobrepostos, enquanto Araya destrói, simplesmente destrói, encerrando com os trovões e a chuva de sangue caindo sobre os ombros do fã, que já se colocou de joelhos diante da brutalidade sonora que passou por cima dele durante meia-hora.


Araya, Lombardo, Hanneman e King
A letra de "Angel of Death" causou muita polêmica, já que a mesma narra os crimes nazistas realizados por Josef Mengele durante a Segunda Guerra Mundial. O Slayer teve que vir à público afirmar que não eram nazistas, mas que tinham bastante interesse pelo assunto. O conteúdo do álbum, assim como a sua capa, também gerou polêmica, já que a Def Jam recusou-se a lançar o mesmo naquele formato. Assim, o álbum saiu pela Geffen Records, apesar de não constar na lista de lançamentos da gravadora.

Este foi o primeiro álbum do grupo a figurar entre os 100 mais nos Estados Unidos, alcançando a posição número noventa e quatro, dando ouro para o grupo, que saiu para sua primeira grande turnê internacional, tocando na Europa ao lado do grupo Malice, enquanto nos Estados Unidos, a abertura ficou por conta do Overkill.


King, Scaglione, Hanneman e Araya

Durante a turnê, Lombardo saiu do Slayer, alegando não estar ganhando dinheiro por trabalhar com o grupo. Tony Scaglione, baterista do Whiplash, substitui Lombardo até o fim da turnê, mas a esposa de Lombardo é a responsável por convencê-lo a voltar ao grupo, em meados de 1987, já trabalhando para a gravação da cover de "In-A-Gadda-da-Vida" (Iron Butterfly), que entrou na trilha do filme Less Than Zero, no mesmo ano.

Na segunda parte, vamos acompanhar a mudança de sonoridade do Slayer com a chegada dos anos noventa, contando a história dessa grande banda do Thrash mundial até os dias de hoje.

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