sábado, 30 de novembro de 2013

Melhores de Todos os Tempos: 1972

Yes em 1972: Chris Squire, Rick Wakeman, Bill Bruford, Jon Anderson e Steve Howe

Por Diogo Bizotto
Com Adriano KCarão, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Mairon Machado, Micael Machado e Ronaldo Rodrigues


Participação especial de Ricardo Alpendre (apresentador do poeiraCast e colaborador da poeiraZine) e Rodrigo Gonçalves (webmaster do site RocksOff e editor do portal Metal Revolution)


Se na edição referente a 1971 da série “Melhores de Todos os Tempos” o rock progressivo foi dominante, mas, mesmo assim, o topo da lista foi ocupado pelo gigante Led Zeppelin, desta vez não houve arrego: além de carimbar três álbuns entre os dez melhores – e mais alguns lançamentos com evidentes flertes com o gênero –, o progressivo cravou a primeira colocação com o clássico Close to the Edge, tido por muitos como o trabalho mais importante dos ingleses do Yes. Em uma listagem com mais de 50 menções diferentes, o grupo conseguiu a façanha de ser citado por dez entre os 12 colaboradores que integram o quorum responsável por dar vida a esta edição da série, aparecendo três vezes na primeira posição. Relembrando os leitores que o critério para elaborar nossa lista final, baseada nas individuais – que vocês podem visualizar no final desta publicação –, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Não gostou do resultado, acredita que algum disco essencial foi esquecido? Comente sem moderação! 

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Yes – Close to the Edge (147 pontos)
Adriano: Um pouco já esperada essa primeira posição, mas merecida. Embora o disco não ocupe sequer o pódio dos meus favoritos da banda, é inegável sua qualidade magnífica. A faixa-título não é à toa uma das suítes mais clássicas do progressivo, mas minha predileta é realmente “And You and I”, faixa que por si só garante pro álbum um lugar entre os melhores de todos os tempos. “Siberian Khatru” é a mais fraca, e ainda assim é uma bela paulada, lindíssima.
Bernardo: Três músicas e um mundo todo dentro delas. A sonoridade exuberante do Yes em um dos muitos exemplares de sua discografia que compete ao status de obra máxima. Os quase quarenta minutos passeiam pelas mais variadas paisagens sonoras – do rock de andamento quebrado até um minimalismo doce onde a banda mostra toda a afinação em harmonias maravilhosas. Todo o álbum é equivalente, e é difícil destacar uma faixa. Mas a última, “Siberian Khatru” tem um ritmo pulsante que envolve desde o início com o baixo de Squire e torna-se espacial quando Wakeman entra com seu teclado. Grande disco, só não consideraria o primeiro da lista.
Bruno: Como já deixei claro em outras edições, o Yes é uma banda que não me representa nada. Do que já ouvi do grupo, Close to the Edge é talvez seu disco mais consistente, mas ainda acho um certo exagero ocupar a primeira posição de 1972.
Davi: Muitos consideram-no o melhor álbum do grupo. Não é o meu preferido, posto que fica com Fragile (1971), mas é um deles. Em seus quase 40 minutos, temos apenas três faixas. Isso pode ser uma experiência torturante se o cara não for um bom compositor, o que não é o caso dos integrantes do Yes. Durante a audição desse LP você nem sente o tempo passar. Dificil escolher a melhor faixa, mas hoje arriscaria “And You and I”.
Diogo: O Yes já vinha em um crescendo impressionante desde The Yes Album(1971) e confirmou que a excelente fase não era efêmera com Fragile, que consolidou uma das mais impressionantes formações que uma banda de rock já teve, embasbacando pela criatividade das composições e pela coesão da execução. Em Close to the Edge o grupo alçou um voo ainda mais alto através de suas apenas três faixas, riquíssimas demonstrações daquilo de melhor o Yes era capaz, soltando faíscas de seus instrumentos e esbanjando bom gosto, fazendo com que o virtuosismo não seja o fim, mas um meio. As suítes “Close to the Edge” e “And You and I” são grandiosas demonstrações disso tudo, mas é em “Siberian Khatru” que a banda cunhou aquela que, para mim, é sua obra máxima, condensando em menos de nove minutos toda a riqueza de sua musicalidade única e elevando Steve Howe a um patamar quase inatingível por outros guitarristas em termos de unir técnica e bom gosto. Caso o álbum fosse apenas um single com essa canção, ainda assim seria meu primeiro colocado em 1972.
Eudes: Com Close to the Edge, o Yes chegou ao concentrado de tudo o que o progressivo foi nos anos 1970: peso na execução de melodias ultra-inspiradas, com arranjos em que a virtude individual está sempre a favor do jogo de equipe. Rick Wakeman atinge aqui, sob a ditadura Squire-Anderson, talvez seu ponto mais alto de execução. Não seria meu primeiro, mas estaria no pódio!
Fernando: Desde que esta série teve início eu já sabia que votaria neste disco como o melhor de 1972. Álbum fantástico feito pela melhor formação de uma banda na história. Foi a minha porta de entrada no rock progressivo. Acho que Close to the Edge resume o que é o estilo e é a melhor opção para apresentá-lo a alguém que nunca o ouviu. Claro que já havia escutado Pink Floyd, mas até então eu não sabia como eram as outras bandas. São apenas três músicas, mas são “as” músicas. A fantástica introdução de “Siberian Khatru” é a mais legal que já ouvi. Seu riff dá uma mostra da genialidade de Steve Howe. Em Fragile o Yes mostrou que havia elevado o nível com a entrada de Rick Wakeman, mas em Close to the Edge eles abusaram.
Mairon: Mais do que justa a primeira colocação para Close to the Edge. Símbolo do rock progressivo, é a prova cabal de como cinco pessoas transformam-se em monstros geniais, capazes de derreter cérebros por mais de 40 anos com pouco mais de 40 minutos de duração. Tratei deste álbum aqui, e o que posso acrescentar é que as três canções são cheias de alternância, complexidade, virtuosismo e perfeição, que atingem o ouvinte com muita facilidade. A épica faixa-título talvez seja a melhor suíte em todos os tempos, em seus quatro movimentos nos quais Steve Howe, Rick Wakeman, Chris Squire, Bill Bruford e Jon Anderson demonstram tudo o que aprenderam e toda sua genialidade. Chamo a atenção principalmente para Bruford. O que ele fez nos estúdios para registrar a bateria dessa faixa não existe nenhuma equação matemática que descreva. “And You And I” alterna momentos leves ao violão com uma harmonia vocal fantástica, e “Siberian Khatru” solta as amarras hard do Yes, com Howe solando muito na guitarra e um andamento cavalgante de sacolejar o esqueleto. Disco excepcional, e, com méritos, eleito pela maioria dos fãs (eu não) como o melhor do Yes.
Micael: Um dos melhores discos do progressivo mundial, e, quase certamente, o melhor do Yes. Apesar de ter apenas três composições, todas são acima da média e nada nele é desnecessário. Talvez o primeiro lugar nesta lista seja um exagero, mas não é nenhum absurdo!
Ricardo: Um álbum definidor não apenas para a carreira do Yes, mas também para todo o rock progressivo. A interpretação, sempre em falsete, de Jon Anderson, embora limitada se comparada às de Peter Gabriel (Genesis) ou Peter Hammill (Van der Graaf Generator), havia se sedimentado como uma das várias marcar registradas da banda. A formação toda, aliás, é a ideal do Yes. Wakeman e Bruford unem-se às cordas de Squire e Howe em uma química raramente atingida.
Rodrigo: O quinto álbum de estúdio do grupo foi um grande sucesso comercial e de crítica. Com ele a banda conseguiu superar o lançamento anterior, o excelente Fragile. Gravado entre abril e junho de 1972, Close to the Edge apresenta temas elaborados e marcantes, como a faixa-título, escrita por um Jon Anderson inspirado pelo livro “Siddhartha”, e a estupenda “And You and I”.
Ronaldo: O suprassumo do rock progressivo. O auge do estilo em sua exuberância e musicalidade. O auge até mesmo das características pelas quais ele foi mais criticado.

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Black Sabbath – Vol. 4 (134 pontos)
Adriano: Embora eu não costume parar pra ouvir este disco, ele é bem mais atraente do que o que o Black Sabbath vinha fazendo antes. No mais, ele possui “Changes”, uma das canções mais comoventes de todos os tempos. Segundo lugar é exagero, mas é um disco legal.
Bernardo: Os pais do heavy metal encontram a psicodelia e o progressivo: eis aí um casamento singular e único que deu origem a uma das seis grandes obras-primas que o Sabbath gravou com Ozzy. Desde o início, com a viajante “Wheels of Confusion” – que contém lá pelo meio uma quebradeira de primeira e um dos grandes solos do rock – até a delicada “Laguna Sunrise”, que mostra como Iommi estava possuído naquela época, passando pelas quebradeiras “Supernaut” e o hino cocainômano “Snowblind”, o Sabbath gravava seu nome na história, mais uma vez, como uma banda multifacetada, pesada e criativa, em um caldeirão que transpirava uma atmosfera mágica que surpreende ainda hoje em dia.
Bruno: Depois de lançar três pilares do som pesado, o Sabbath começou a experimentar em Vol. 4. No auge da cocaína e do estrelismo, a banda se mudou para Los Angeles (EUA) e saiu de lá com essa obra-prima. Psicodelia, muitas melodias e Tony Iommi provando que não é só um riffmaker monstruoso, mas também um guitarrista versátil e criativo, fato que se reflete no disco mais diversificado da banda.
Davi: Mais um grande álbum do Sabbath. A banda estava no auge da cocaína, mas isso não atrapalhou o nível das composições. Pelo contrario, os músicos começavam a trazer novos elementos ao seu som. Os riffs de Tony Iommi continuam como grande destaque. Os clássicos “Snowblind” e “Changes” estão no álbum.
Diogo: Meu álbum favorito do Black Sabbath sempre foi e continuará sendo Master of Reality (1971), mas é inegável quão excitante foi o caminho trilhado pela banda a partir de Vol. 4. Absorvendo influências daquilo que os rodeava e muito mais livres para ousar em estúdio, credenciados pelo sucesso dos discos anteriores, Tony, Ozzy, Geezer e Bill ofereceram uma obra mais variada, cheia de cor e rica em nuances, a começar pela épica “Wheels of Confusion” (que solo!), tudo isso sem perder a agressividade típica da banda. Ao contrário de muitas pessoas, nunca fui um grande fã da balada “Changes”, mas isso se torna fato menor em se tratando de um álbum que ainda conta com as pesadas “Cornucopia” e “Under the Sun” (cuja influência ficaria evidente nas bandas stoner que surgiriam décadas depois), o hino “Snowblind” (simples e arrasadora) e, especialmente, a orgia percussivo-guitarrística chamada “Supernaut”, melhor música presente em Vol. 4 e dona de um dos riffs mais geniais de todos os tempos.
Eudes: Trata-se do melhor disco entre os melhores discos do Sabbath e de fato só perde para Machine Head (Deep Purple) no olho eletrônico. Aqui a versatilidade de Iommi, que vai do heavy metal ao jazz, do blues de uma tonelada ao erudito, sem deixar nenhuma brecha nos arranjos, torna este disco um sério candidato a top 10 da irrepetível década de 1970. Nem a sambada Changes (sambada hoje, quando já faz 40 anos que a ouvimos) estraga a viagem sonora registrada neste vinil.
Fernando: O Sabbath manteve a pegada do disco anterior e acrescentou mais uma faceta em sua seara musical: “Changes”. Com certeza essa música fez muita dona de casa ouvir o Black Sabbath na época sem saber que eles eram aquele “bando de drogados adoradores do demônio”. Claro que “Supernaut” e “Snowblind” são daquelas faixas que só ajudaram a aumentar ainda mais a relevância da banda na época. Comparado ao seu anterior e ao seu seguinte, Vol. 4 perde um pouquinho.
Mairon: O ano de 1972 não teve como não ser dominado pelo progressivo, mas o Black Sabbath lançou um belíssimo álbum, sobre o qual já tive o prazer de comentar aqui. Foi o primeiro disco do Black Sabbath que me chamou a atenção do início ao fim, principalmente pelas pérolas “Wheels of Confusion”, “Under the Sun” e “Cornucopia”. O álbum não entrou na minha lista final porque não sou dos que mais apreciam “Changes” e as experimentações de “FX”, mas é inegável que “St. Vitus Dance”, “Tomorrow’s Dream”, “Supernaut”, “Snowblind” carregam um peso descomunal, assim como a linda “Laguna Sunrise”, somente ao violão, e são um delicioso recheio para esse grande álbum. Está longe de ser o melhor disco do Black Sabbath, e também acho que a segunda posição para ele nesta lista é demasiada, mas sua presença entre os dez mais é justíssima.
Micael: Para muitos, o favorito do Sabbath, mas eu, apesar de gostar muito, o acho inferior aos três primeiros. O grupo estava mais “musical”, os instrumentistas mais técnicos e as composições mais variadas, vide a presença de ‘Changes”, “Laguna Sunrise” e “FX”. Até toques de progressivo podem ser encontrados nas faixas mais longas… Uma mudança de direção, em um excelente disco.
Ricardo: Um disco místico e exótico, e, de longe, o melhor do Black Sabbath no quesito composição. “Clássico” é pouco.
Rodrigo: À época em que a banda se juntou para começar a trabalhar em Vol. 4, os membros do grupo estavam abusando cada vez mais de drogas, com a cocaína sendo um componente explosivo e tendo contribuído bastante para as dificuldades encontradas durante as sessões de gravação. Mas, apesar de todos os problemas, Vol. 4 é mais um excelente trabalho lançado pelo Black Sabbath na década de 1970. Temas como “Wheels of Confusion”, “Tomorrow’s Dreams”, a sensacional “Snowblind” e a balada “Changes” se tornaram favoritas dos fãs.
Ronaldo: Black Sabbath cada vez mais sisudo, com um som simplesmente embasbacante, pesado, fluido e eclético. Era a receita daqueles tempos, em que as cabeças cabeludas brotavam de musicalidade. Combina as características do som extremamente denso do disco anterior, com a gordura pulsante do primeiro disco.

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Deep Purple – Machine Head (123 pontos)
Adriano: Tá aí um disco de hard/heavy que quase entra na minha lista! “Highway Star” e “Space Truckin’” são fantásticas, e “Pictures of Home” e “Never Before” são ótimas. Não curto “Smoke on the Water” nem “Lazy”, mas não chegam a comprometer.
Bernardo: O hard rock neoclássico de Blackmore e sua trupe teve seu auge, em minha opinião, neste disco.  Tem uma das aberturas mais alucinadas da história do rock, “Highway Star”, música que dispara a mil por hora em uma amostra do que conheceríamos por heavy metal nos anos 1980 (e que Gillan só se superaria quando gravou com o Black Sabbath a pancada “Trashed”). Mas claro que nem só disso vive este disco lendário – a sincronia rara alcançada entre os músicos, e Ritchie Blackmore mostra estar particularmente inspirado em peças como “Maybe I’m a Leo” e “Lazy”. E, claro, há um dos hinos absolutos do rock, “Smoke on the Water”, com sua bem-humorada letra casada com o riff mais famoso do gênero, que rendeu um clássico instantâneo.
Bruno: Burn (1974) é meu preferido, mas é inegável que Machine Head é o disco mais redondinho e representativo do Deep Purple, sendo o auge da fase Gillan. A presença dos hits “Highway Star” e “Smoke on the Water” também ajudam.
Davi: Indiscutivelmente um clássico do rock ‘n’ roll. Grandes riffs, grande trabalho vocal e grandes canções. O que dizer de um álbum com verdadeiros hinos como “Highway Star”, “Never Before”, “Smoke on the Water” e “Space Truckin’”? Steve Morse que me perdoe, mas Blackmore faz falta. Indispensável!
Diogo: Não é segredo para ninguém que minha fase preferida do Deep Purple é a que conta com David Coverdale e Glenn Hughes, destacando o fantástico Burn (1974), meu favorito do grupo. No entanto, não discordo de quem aponta Machine Head como o melhor e mais importante lançamento do quinteto inglês, pois a coesão atingida no álbum é absurda. Todos, sem exceção, estão na ponta dos cascos, tocando com tesão e ímpeto de quem estava pronto para realmente fazer história. É até sacanagem apontar destaques, mas o fato é que, para mim, a canção mais famosa da banda, “Smoke on the Water”, é a que menos chama minha atenção, apesar de ser tão boa quanto as ótimas “Lazy” e “Space Truckin’”. O resto, então, é covardia: “Highway Star” é uma das melhores aberturas de álbum em todos os tempos, e sua sequência de solos divididos entre Ritchie Blackmore  e Jon Lord é de tirar o fôlego. “Maybe I’m a Leo” mostra que o grupo sabia balançar mesmo antes de assumir contornos funk em Stormbringer(1974), enquanto “Never Before” não fica para trás e é melhor ainda. E “Pictures of Home”? Êxtase auditivo em dose nada homeopática, demonstrando as habilidades de todos os músicos com galhardia.
Eudes: Considero Machine Head um prodígio de peso, melodia, execução e acessibilidade… Uma combinação rara! Embora, a partir de In Rock (1970), o Purple tenha feito uma penca de discos irrepreensíveis, culminando com o canto de cisne, com Tommy Bolin no sagrado posto de Blackmore, Come Taste the Band (1975), Machine Head é uma síntese riquíssima de toda essa fase da banda. Estaria no topo de minha lista. E nisso corrijo a mim mesmo, que cravei Vol. 4 (Black Sabbath) na ponta.
Fernando: O maior álbum de estúdio do Deep Purple? Certamente. A banda estava em seu auge e a maior prova disso é sua abertura alucinante com “Highway Star”. “Pictures of Home” e “Never Before” não têm o mesmo reconhecimento que a faixa de abertura e o megaclássico “Smoke  on the Water”, mas são músicas no mesmo nível. Uma pena que, depois deste disco, a banda acabou se perdendo em brigas e drogas.
Mairon: Este é um dos discos emblemáticos do hard rock. Para muitos, o melhor álbum da carreira do Deep Purple. Sem dúvidas, dentre os discos gravados pela formação com Ian Gillan (vocais), Roger Glover (baixo), Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria), este é o mais homogêneo, com canções bem estruturadas e não apenas adaptações sobre influências de outras músicas, vide “Child in Time”, do álbum In Rock. Pelo menos três clássicos registrados no LP: “Smoke on the Water”, “Highway Star” e “Lazy”, sendo somente a última uma canção que eu consigo gostar, principalmente por que as outras duas (especialmente “Smoke on the Water”) foram tocadas à exaustão. Mas tornou-se um clássico, que não poderia ficar de fora da lista final como um representante de 1972, apesar de nem constar na minha lista inicial. “Space Truckin’” é um meio termo, nem tão clássico, nem tão desconhecido, enquanto “Maybe I’m a Leo” e “Never Before” são boas canções, mas que vivem à sombra dos clássicos citados. Sorte de “Pictures of Home”, a melhor canção do LP, resgatada pela fase com Steve Morse, mas incomparável ao que o quinteto fez nos anos 1970, com cada músico mostrando seu talento individual em pequenos solos. Esse disco deve ser ouvido por um admirador de rock pelo menos uma vez, e deixe que o mesmo julgue se merece ou não audições posteriores. O meu está pegando poeira há algum tempo.
Micael: Clássico. Já escrevi sobre ele aqui no site duas vezes, quando o disco fez 40 anos e na primeira parte da discografia comentada do grupo. Leia e saiba o quanto eu gosto deste disco, um dos melhores da década de 1970, a melhor de todas as décadas!
Ricardo: O terceiro de uma espécie de “santíssima trindade” do Purple, Machine Head catalisa de uma forma mais acessível ao ouvinte médio as genialidades já presentes nos antecessores, In Rock e Fireball (1971). Depois deste, o grupo tentaria a sorte em várias outras identidades. Este é o Deep Purple definitivo.
Rodrigo: Apesar de não ser exatamente a minha fase favorita do Deep Purple, a formação que contava com Ian Gillan nos vocais e Roger Glover no baixo é a mais marcante da banda e proporcionou alguns dos discos e músicas definitivas do rock, casos de “Highway Star” e “Smoke on the Water”, este último talvez o riff de guitarra mais famoso de todos os tempos. Em um momento em que as tensões entre os membros da banda eram cada vez maiores, o grupo conseguiu deixar os problemas de lado quando entrou em estúdio e gravou o trabalho mais aclamado de sua carreira. Todos os músicos tiveram espaço para brilhar. Ian Gillan em “Highway Star”, Richie Blackmore em “Smoke on the Water”, Jon Lord e Roger Glover em “Pictures of Home” e Ian Pace em “Lazy”.
Ronaldo: O Deep Purple no ápice de suas características, que foram lapidadas paulatinamente em todos seus lançamentos anteriores. Se tornaram pesados e sofisticados e acertaram a mão em todas as composições deste disco. Afiadíssimos enquanto instrumentistas, foram, dentro do espectro do rock pesado, uma das bandas mais focadas e equilibradas em termos de sonoridade nesse ano.

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David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars(79 pontos)
Adriano: Bela coleção de peças. As duas melhores músicas de Bowie (“Time” e “Drive-In Saturday”) sairiam no disco seguinte, mas este aqui é mais consistente. Destaque pra “Lady Stardust”, “Star” e “Suffragette City”.
Bernardo: David Bowie é uma máquina de fazer clássicos. A facilidade que ele tem de se apropriar de gêneros ao longo da sua carreira (folk, glam, krautrock, soul/funk, new wave, industrial…) é espantosa. Dá a impressão que ele consegue compor uma música dentro de qualquer gênero. E após grandes obras como Hunky Dory (1971), a consagração veio de vez com Ziggy Stardust, disco conceitual sobre a geração dos anos 1960 e 1970 que mescla ficção científica, consciência política, sexualidade, show business e rock ‘n’ roll em músicas como “Five Years”, “Starman”, “Moonage Daydream” e “Rock and Roll Suicide”, entre outras, estas se destacando por serem baladas intensas e impactantes que não demoraram para entrar no imaginário popular. Apesar de ter tanta coisa maravilhosa tanto antes quanto depois, Ziggy Stardust é o disco-síntese do que se entende por David Bowie.
Bruno: Este é apontado por muitos como o melhor trabalho de David Bowie, mas acho difícil indicar apenas um disco de um artista tão brilhantemente versátil e com fases tão diferentes. Se considerarmos só a fase glam, aí faz mais sentido. Ainda assim, o álbum fica pau a pau com Aladdin Sane (1973). Ziggy Stardust parece uma coletânea. Bowie conseguiu desenvolver uma narrativa diluída em 11 composições que se entrelaçam perfeitamente sem ter aquela aura cansativa de discos conceituais. Uma obra-prima sem tamanho. Se for pra citar um ponto negativo, deixo uma crítica ao som de bateria, extremamente mal gravado.
Davi: Um dos meus álbuns favoritos do camaleão do rock. A historia é fantástica, as composições são precisas e sua performance inspiradíssima. No Brasil, o grupo Nenhum de Nós fez muito sucesso com uma musica chamada “Astronauta de Marmore”. Para quem ainda não sabe, a faixa é uma versão de “Starman”, presente neste álbum. Além desta, destacam-se “Suffragette City” e “Hang On to Yourself”.
Diogo: Da mesma maneira que Burn é meu favorito do Deep Purple, mas não discordo de quem considera Machine Head o melhor disco da banda, julgo Station to Station (1976) como a obra definitiva de Bowie ao mesmo tempo em que aceito a grandeza de The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars e sua gigantesca importância para a cultura popular, superando em muito o alcance de sua vendagem. O cantor mostrou, talvez como nenhum outro artista antes, como apresentar um álbum conceitual para as massas, sem soar “cabeçudo” em excesso nem focando-se demais em momentos que fazem muito mais sentido para quem concebeu a obra do que para quem tenta absorvê-la. Dessa maneira, o disco todo desenvolve-se de maneira fluida, nivelado por cima, sem registrar sequer uma canção mediana. Apesar disso, não deixo de apontar alguns destaques pessoais, caso de “Moonage Daydream” (com um belo solo de Mick Ronson), “Starman”, a faixa-título e “Suffragette City”. Depois deste disco, Bowie não precisaria fazer mais nada, pois seus status de gênio estaria assegurado, mas, para nosso deleite, ele fez mais e ainda melhor.
Eudes: Excelente disco de Bowie de uma época em que ele era incapaz até mesmo de lançar um disco razoável. Qualquer single que saía da prolífera fábrica de Bowie era ouro! O disco soa hoje como um “greatest hits”, com uma coleção inacreditável de canções inesquecíveis. Saudades de quando a música pop exigia destreza em composição e de quando Tony Visconti produzia pequenas sinfonias de três minutos. Tantos eram os discos bons do santo ano de 1972 que limei esta maravilha de minha lista, mas está em um merecido quarto lugar.
Fernando: A prova de que David Bowie é gênio. Ele conseguiu pegar um conceito lírico maluco e transformar em um grupo de canções que funcionam mesmo se ouvidas separadamente. Das onze músicas do álbum, pelo menos seis são daquelas dignas de um “best of”, mas minha preferida é “Moonage Daydream”.
Mairon: A obra-prima glam. Fico feliz de ver este espetacular álbum entre os cinco primeiros. Tratei de sua história aqui, e, apesar de não considerá-lo o melhor da carreira de David Bowie, reconheço sua importância. O guitarrista Mick Ronson está em uma performance soberba, assim como o baixista Trevor Boler (falecido neste ano). Se Mick Woodmansey é a falha nas baquetas, Bowie supera esse problema cantando muito, eternizando pérolas como “Ziggy Stardust”, “Lady Stardust”, “Five Years”, “Hang On to Yourself”, “Suffragette City”, “Star”, “Starman”, “Moonage Daydream”, “Soul Love”, “Rock ‘n’ Roll Suicide” e “It Ain’t Easy”. Opa, acabei citando todas as canções do álbum. Mas é inevitável. Um disco clássico, que sucumbiu e enterrou o glam rock no auge de sua hegemonia. Bowie ainda viveria sua fase glam com Alladin Sane, sem o mesmo vigor, e depois construiria uma carreira incrível, mas o legado de Ziggypermaneceu (e permanecerá) para a eternidade. Para ele, sempre cito o comentário do jornal Creative Loafting, em 1990: “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars é para a década de 1970 aquilo que Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band [The Beatles, 1967] foi para a década de 1960. Não o melhor disco de David Bowie, mas o mais importante e revolucionário. O mundo ainda vai ouvir falar e muito sobre ele”.
Micael: Um dos poucos discos da carreira de Bowie dos quais eu gosto, que gerou pelo menos um clássico do rock, a faixa que dá nome a esta encarnação do camaleão britânico. Uma banda afiada, um cantor perfeito para o seu tempo (o auge do glam rock), e um conceito que até hoje é debatido pelos fãs geraram um belo disco, que vale a pena ser ouvido!
Ricardo: Um personagem levado ao disco e aos palcos por um verdadeiro mago do rock e do pop, quem sem o menor pudor mata esse protagonista, Ziggy, ao fim da turnê histórica. Tudo isso fazendo parte da estética glam, que o Camaleão tanto enriqueceu. Todas as canções são indispensáveis.
Rodrigo: Existem bandas ou artistas icônicos que, por um motivo ou por outro, acabamos não conhecendo ou dando a atenção devida aos seus trabalhos. Pessoalmente, David Bowie se encaixa nesse caso. Tido como um dos artistas mais completos de todos os tempos, seu trabalho sempre passou despercebido por mim. Embora tenha amigos fãs de carteirinha do camaleão, nunca havia corrido atrás para conhecer seu trabalho até ter sido convidado para participar deste especial. Fico feliz em dizer que o erro foi reparado:  The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars caiu nas minhas graças e já estou procurando conhecer mais a fundo o trabalho do músico britânico.
Ronaldo: Um clássico da cultura pop do período, tanto no aspecto musical quanto no conceito. Não é o copo de chá que bebo todo dia; o som é muito maquiado. As composições são boas, mas ficam por horas soterradas no glacê de orquestrações e alguns momentos excessivamente polidos, do ponto de vista dos arranjos das músicas. Ao vivo a coisa funcionava melhor. Bowie tem uma voz hipnótica e uma interpretação única. Merece o status que tem, mas o disco parece pequeno quando comparado no contexto de outros lançamentos do período.

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The Rolling Stones – Exile on Main St. (77 pontos)
Adriano: Já cheguei a achar que esse disco poderia ser simples, e não duplo. Bem, se o fosse, seria talvez o melhor disco dos Stones. Não há canções supérfluas neste álbum; cada música traz uma ideia, seja com relação a arranjos, ritmo, timbres, experimentações. Já escrevi sobre ele na segunda parte da discografia comentada da banda que publiquei no site. Ainda que eu continue sem ser apaixonado por todas as faixas, hoje eu compreendo melhor esse trabalho. Uma imersão genial na lama de onde germinou o rock. Ademais, “Rocks Off”, “Tumbling Dice”, “Loving Cup”, “Turd on the Run”, “Let It Loose” e “Soul Survivor” são tão maravilhosas que é difícil acreditar que pertençam a um mesmo disco. “Rocks Off” e “Let It Loose” são duas fortes candidatas a melhores músicas da banda.
Bernardo: Nunca o exílio fez tão bem a uma banda: longe de casa, no auge da piração do vício e vivendo os excessos de uma vida que se equilibrava entre o show business e a marginalidade, Exile on Main St. é o disco símbolo dos anos 1970: excessivo, radical e furioso, dividido em quatro blocos que são um verdadeiro compêndio de música popular: o encontro entre rock ‘n’ roll, soul music, gospel e country faz a uma hora de duração parecer bem menos, muito por conta de rocks venenosos e malandros como “Rocks Off” e “Tumbling Dice”, a energia acessível e vibrante de “Happy” e momentos de sensibilidade única, como “Sweet Virginia” e “Shine a Light”. Obra-prima absoluta e absurda, um dos discos mais importantes do rock, feito com maturidade de gente grande mas com a urgência juvenil que só o rock poderia ter.
Bruno: Com Sticky Fingers (1971) os Stones se consolidaram como a maior banda de rock ‘n’ roll de todos os tempos. Com Exile on Main St. pesariam ainda mais na mão, em um disco sujo, rasgado e que exorciza os demônios que a banda enfrentava, com sua expulsão da Inglaterra e o constante abuso de drogas. Acho o disco todo um tanto quanto cansativo, com alguns fillers, mas temos aqui um dos melhores momentos de toda a carreira dos Stones.
Davi: Mais um grande disco da banda de Jagger e Richards.  O álbum foi lançado inicialmente em formato de LP duplo (as prensagens em CD saíram juntando os dois discos em um) e já contava com a presença de Mick Taylor. Ele nunca foi meu guitarrista favorito dos Stones; para falar a verdade, acho que é o que menos gosto, mas não dá para desmerecer o disco que talvez seja o mais variado da carreira dos Stones, trazendo diferentes influências, como o soul, o country e o gospel. “Rip This Joint”, “Tumbling Dice”, “Sweet Virginia”, “Happy”, “All Down the Line” e “Shine a Light” são as que mais gosto.
Diogo: Mesmo sendo dificílimo igualar a sequência sensacional iniciada em Beggars Banquet (1968), os Rolling Stones não arrefeceram e ainda por cima soltaram um álbum duplo, mostrando que produzir bom material em quantidade não era problema para o quarteto. Contudo, aquilo que por um lado é ótimo, também é motivo para que o disco soe um pouco mais cansativo que os anteriores, e, para mim, levemente abaixo de seu antecessor imediato, Sticky Fingers (1971). Não deixo de apontar, porém, vários momentos de êxtase roqueiro, como “Rocks Off”, “Happy”, “Shine a Light”, “Soul Survivor” e uma das melhores do grupo, “Tumbling Dice”.
Eudes: Excelente escolha, que também apareceu na minha lista. Provavelmente o último disco 100% dos Stones. Não que a banda não tenha feito bons discos depois (há que se reavaliar os discos dos anos 1970), como o excelente Some Girls (1978). Coloque o lado A deste álbum duplo e ouça uma das sequência mais poderosas da história do rock.
Fernando: Fui por muito tempo um detrator do Rolling Stones muito porque eu caía na bobagem de acreditar na rivalidade (falsa) que foi alimentada durante toda a história com os Beatles. Mas foi esse disco que me fez mudar de ideia. Quando você ouve um álbum duplo com quase 20 faixas e não identifica nenhum deslize grave é porque os caras acertaram. Interessante conhecer a história da gravação deste disco e saber o quanto eles ficaram focados em sua gravação.
Mairon: Não sei por que, mas este disco nunca conquistou meu amor. Sou um apaixonado pelos Stones pré-Exile, mas neste caso acho que o grupo não conseguiu mostrar a criatividade que havia aparecido em discos geniais como Sticky Fingers eBeggars Banquet (1968). A audição na íntegra do álbum duplo não me torna feliz, apesar de reconhecer sua importância. Acho que a forma como ele foi gravado é o lado mais atrativo de tudo, assim como “Ventilator Blues”, “Let It Loose”, “Torn and Frayed” e “Loving Cup”, mas, para mim, não é nem top 10 na discografia stoniana.
Micael: Stones de novo nas listas? E, desta vez, com um disco duplo? Pelo menos, agora colocaram um dos melhores da carreira do grupo, apesar da produção fraca. Não gosto da banda, mas este aqui é bem “escutável”. Ano que vem tem eles de novo?
Ricardo: O caminho dos Stones nos anos 1970 já havia sido apontado em Sticky Fingers, do ano anterior, e no single “Honky Tonk Women”. O que Exile faz é dar continuidade à difícil tarefa de suceder uma obra-prima. A fórmula não havia mudado, mas manter quase o mesmo nível do antecessor com um álbum duplo é uma conquista.
Rodrigo: Gravado enquanto a banda estava exilada na França para fugir do fisco britânico, Exile on Main St. é um testamento da genialidade de Mick Jagger e companhia. Trata-se de um álbum duplo, que mostra as várias facetas e diferentes influências dos integrantes da banda. Mas o disco não agradou logo de cara: após o sucesso estrondoso alcançado com Sticky Fingers, os fãs e a mídia, que esperavam uma espécie de continuação do último álbum, acabaram se surpreendendo com a diversidade do novo lançamento, só dando o devido reconhecimento após algum tempo. Ainda assim, um item obrigatório para qualquer fã da banda.
Ronaldo: Rolling Stones cada vez mais Rolling Stones. Sinceramente, desde Beggars Banquet não sei muito bem como comentar essa sequência de clássicos tão singulares e ao mesmo tempo tão básicos e funcionais.

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Jethro Tull – Thick As a Brick (68 pontos)
Adriano: Clássico! Clássico! Clássico! Apenas uma música, tomando todo o disco sem torná-lo repetitivo, muito pelo contrário! Talvez a criação mais fantástica do progressivo clássico – e, consequentemente, o melhor disco de todos os tempos! Indignado com o rótulo de “progressivo” que o Jethro Tull vinha recebendo, Ian Anderson, com um time de músicos fenomenais, vestiu a carapuça e concebeu esse disco, que todos os grandes mestres do estilo deviam ouvir de joelhos e pagando penitências!
Bernardo: Jethro Tull aprofundando o que vinha rascunhando em outros grandes discos anteriores, e Thick As a Brick se destacava do progressivo tradicional por sua faixa-título, dividida em duas partes como as únicas canções do álbum, passearem por terrenos mais rápidos e agressivos que o usual. Ian Anderson, esse folclórico e sofisticado maluco, mostra o porquê do reconhecimento como um líder de uma das bandas mais reconhecidas do rock: não é todo dia que se vê uma verdadeira suíte que, do primeiro ao último segundo, jamais se torna aborrecida.
Bruno: Com Thick As a Brick o Jethro Tull entrou de cabeça no rock progressivo usando toda a sua mistura de folk, hard rock e blues para criar uma suíte dividida em duas partes com a letra inspirada em um poema escrito por um garoto fictício. O disco foi uma resposta de Ian Anderson às críticas que taxavam o disco anterior, Aqualung (1971), de conceitual. Anderson rejeitou o rótulo e decidiu entregar um trabalho conceitual de verdade. Por sua estrutura de composição, Thick As a Brick não é recomendável como porta de entrada para a carreira do Jethro Tull, mas é sim um dos pontos altos da carreira da banda e um disco que merece ser ouvido e degustado em cada detalhe.
Davi: Não é minha praia.
Diogo: Talvez a obra máxima do Jethro Tull, Thick As a Brick é muito bem engendrado e não soa cansativo, apesar de ser constituído por apenas uma música, dividida nos dois lados do vinil. Os movimentos da canção desenvolvem-se com naturalidade e a banda demonstra muita segurança  na execução de temas que, por diversas vezes, parecem exigir bastante dos músicos. Belo álbum, mas que ainda precisa receber muitas audições para que seja absorvido com mais paciência.
Eudes: Não é um disco que tenha me marcado, mas essa questão é absolutamente pessoal. Stand Up (1969), por exemplo, frequenta meu toca discos muito mais… Mas é muito bom e fez história, embora, em uma escolha de dez, não sei se tem calibre para entrar.
Fernando: Apesar de existir uma polêmica sobre a banda ser erroneamente ou não classificada como rock progressivo, não há dúvida quanto a este disco. Muito se fala que trata-se de um exemplo da megalomania do estilo na época, mas eu discordo. Acho que, se eles usaram apenas uma faixa para preencher os dois lados do disco, é porque essa faixa tem exatamente a duração que ela deveria ter e não há enrolação e momentos desnecessários. Claro que o fato da sua versão ao vivo ter “apenas” quinze minutos pode ir contra esse argumento, mas eles já tinham vários álbuns com diversas músicas relevantes em sua carreira para serem apresentadas em seus shows.
Mairon: Outro álbum que tive a honra de destrinchar em nosso site, e que é um dos meus favoritos dentro do rock progressivo. A maravilhosa faixa-título, ocupando os dois lados do vinil simples, é um teste de audição para os fãs do estilo, e, principalmente, uma chocante experiência para quem estava acostumado com o hard/folk que o Jethro Tull havia apresentado em seus quatro álbuns anteriores. Martin Barre (guitarra) e Barriemore Barlow (bateria) são os grandes destaques individuais, com solos energéticos e vibrantes, mas é o líder Ian Anderson que comanda toda a faixa com flauta, violão e uma voz reconhecível até pela sua avó. No ano seguinte, o grupo gravou sua obra-prima, A Passion Play, mas o que foi feito em Thick As a Brick é mais um daqueles raros momentos em que alguém aponta para baixo e diz: “Vocês cinco, façam uma obra-prima”, e assim ela nasce. Essencial!
Micael: O melhor disco de progressivo que já ouvi foi gravado por uma banda que não era do estilo, e o fez como uma paródia a quem os considerava como tal devido ao álbum anterior. Há excelentes textos do Mairon sobre o conceito, a música e a turnê aqui no site, portanto não me alongarei muito, a não ser dizer que coloco este registro entre os cinco melhores discos que já escutei na vida, e ouvi-lo ao vivo, na íntegra, me meados deste ano, foi de uma perfeição sublime!
Ricardo: Sem comentário.
Rodrigo: No universo do rock progressivo, o Jethro Tull certamente é uma das minhas bandas favoritas. Com relação à discografia da banda, posso dizer seguramente queThick As a Brick é o meu trabalho preferido. Trata-se de um projeto extremamente ambicioso. O disco é composto de apenas uma música, divida em duas partes presentes em cada lado do LP. Ele conta a história de um poema fictício narrado por um menino de 8 anos que tinha medo de envelhecer. De acordo com Ian Anderson, o disco foi escrito pelo fato da imprensa costumar se referir ao Jethro Tull como uma banda de rock progressivo, então, em função disso, ele decidiu fazer jus à reputação. Em comemoração aos 40 anos de lançamento do álbum, Ian Anderson lançou em 2012 a continuação de Thick As a Brick, contando a história do menino Gerald Bostock 40 anos depois. O músico também saiu em turnê mundial tocando os dois álbuns na íntegra.
Ronaldo: Fica aqui uma marca registrada de um mergulho fundo em uma exploração do virtuosismo e da multiplicidade das ideias trabalhadas ao mesmo tempo, envoltas em uma embalagem conceitual curiosa. É a mesma barca que muitos músicos estavam seguindo na época e que funcionou bem durante vários anos. Somado a isso, uma interpretação teatral torna tudo muito peculiar e cativante para quem se identifica, mas causa repulsa de outros ouvidos. Divide opiniões, mas tem momentos de inconteste genialidade.

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Gentle Giant – Octopus (34 pontos)
Adriano: Provável melhor disco da banda. Não curto muito o encerramento com “The River”, mas talvez isso se deva mais a um contraste com as pérolas inigualáveis que a precedem do que a um defeito próprio da faixa. De fato, se “Raconteur Troubadour” e “A Cry for Everyone” são absolutamente incríveis de tão boas, não existem adjetivos que descrevam a experiência extática de ouvir “Knots” e “The Boys in the Band”, duas das mais lindas e imagináveis peças criadas pela humanidade! E o disco ainda possui “Think of Me with Kindness”, o modelo do que deve ser uma “balada prog” e também uma das melhores canções da banda.
Bernardo: Juro que tento, mas, tirando alguma banda aqui e ali (Genesis, Yes, Jethro), não consigo gostar de rock progressivo. Assim que acabei de ouvir este disco do Gentle Giant, não lembrava de quase nada, e a sensação de estar ouvindo sempre a mesma música era frequente. Mas respeito, e, para quem gosta, deve ser maravilhoso.
Bruno: Replico minha opinião sobre o Gentle Giant: é uma banda que eu respeito, reconheço toda a qualidade, mas não me cativa de jeito nenhum.
Davi: Não é minha praia.
Diogo: Em que pese a música do Gentle Giant não ser de fácil absorção para a maioria das pessoas, sua obra máxima soou fantástica para mim desde a primeira audição. Distribuído em oito canções compactas, que apenas uma vez superam a marca dos cinco minutos, Octopus não desperdiça sequer um segundo em “viagens” desnecessárias, cativando pela objetividade e pela riqueza instrumental, veículo para expressar a musicalidade exuberante que brotava das mentes de seus seis integrantes. Além disso, nunca é exagero exaltar as possibilidades vocais do sexteto, ainda com Phil Shulman no comando dos sopros. Todas, repito: todas as faixas que compõem Octopus são no mínimo ótimas, razão pela qual não consigo apontar nenhum destaque mais óbvio. Esqueçam essa conversa de “gosto adquirido” e deem uma chance a este magnífico álbum.
Eudes: Outro que não entrou na minha lista, mas que não dá pra reclamar. Tenho ouvido muito o Gentle Giant, e descoberto um universo sonoro que meio que desdenhei na adolescência. Nunca é tarde!
Fernando: Os discos do Gentle Giant nesse periodo eram tão bons e equivalentes entre si que é difícil destacar um deles. Falar da técnica notável de seus integrantes é até um chavão, basta ouvir a maravilhosa faixa instrumental “The Boys in the Band”. Acho que está para nascer alguém que consiga falar mal dessa banda.
Mairon: O ano de 1972 foi promissor para o rock progressivo, e não podia ser diferente para o baluarte Gentle Giant. Nada mais nada menos do que dois grandiosos álbuns foram lançados por mais um importante quinteto britânico, Three Friends e Octopus. É difícil saber qual dos dois é o melhor, mas acredito que a escolha por Octopus seja honesta. Afinal, um álbum com joias como “The Advent of Parnuge” e “Knots” é um achado. Talento, genialidade e uma combinação perfeita de sons e qualidades individuais, exaltando uma época em que o rock progressivo liderou as paradas do mundo inteiro. Bons tempos.
Micael: Já escrevi que a música do Gentle Giant sempre soou muito complicada para meus ouvidos, mas este disco é acima da média, e um dos melhores da carreira do grupo. Merece estar na lista, apesar de soar um pouco mais “complicado” que os demais presentes nela! Deem-lhe uma chance!
Ricardo: Até os mais ferrenhos defensores da supremacia da música erudita rendem-se aos encantos do Gentle Giant. E este pode não ser o seu melhor álbum, mas, bom como é, é o seu disco no mágico ano de 1972. Então, é justo que esteja aqui.
Rodrigo: Não conheço.
Ronaldo: Cada disco do Gentle Giant parece uma nova fronteira que a banda estava explorando. Neste aqui, sua musicalidade intricada encontra um aspecto mais urgente e frenético, com músicas curtas e muito intensas. Em termos de composições, outros trabalhos têm construções mais impressionantes, mas o conjunto musical de Octopus é extremamente coeso e funciona muito bem enquanto obra. Já discorri sobre o álbum aqui.

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Captain Beyond – Captain Beyond (33 pontos)
Adriano: Um bom disco de hard com pitadas de progressivo. Realmente bom. Mas não tocou meu ponto G.
Bernardo: Apesar de achar que carecia de uma voz mais marcante (Rod Evans é bom, mas não há nada de singular ou extraordinário), o Captain Beyond é, assim como o Blind Faith, uma daquelas bandas que pelos talentos reunidos parecia até covardia com o resto. Um álbum arrojado, psicodélico e pesado, com andamentos quebrados e linhas melódicas de impacto direto e instantâneo.  Não o considero uma obra-prima, mas sem dúvida é um clássico. Destaque para a abertura, “Dancing Madly Backwards (On a Sea of Air)”.
Bruno: Considerado um supergrupo do hard rock setentista por conter membros do Iron Butterfly (Rhino Reinhardt na guitarra e Lee Dorman no baixo), do Deep Purple (Rod Evans no vocal) e da banda de Johnny Winter (Bobby Caldwell na bateria), o disco de estreia do Captain Beyond também é apontado por muitos como o melhor do gênero. Acho a afirmação um tanto exagerada, mas é sim um disco muito bom de hard setentista, com toques progressivos e influências de jazz, principalmente pela performance monstruosa de Caldwell nas baquetas.
Davi: Não conheço este disco.
Diogo: Quando tomei conhecimento da existência do Captain Beyond, já havia escutado todos os discos registrados pelo vocalista Rod Evans no Deep Purple. Em função disso, foi uma completa surpresa ouvir o hard rock criativo e muitíssimo bem tocado moldado pelo quarteto, que em pouco se assemelhava ao que a antiga banda de Evans produziu no final da década de 1960. Apesar de gostar de seus vocais, o destaque maior neste primeiro álbum fica para o guitarrista Larry Reinhardt, que despeja riffs de bom gosto com facilidade, e para o baterista Bobby Caldwell, que tempera as faixas com malícia acima da média e um leve toque jazzístico. Criado de maneira a formar três suítes, Captain Beyond acaba, na verdade, soando como uma obra só, que se desvela com desenvoltura, assemelhando-se ao ato de dirigir um potente automóvel esportivo em uma estrada vazia. Quando a experiência termina, queremos repeti-la.
Eudes: Amor atrasado. Disco espetacular que só não tem mais status porque não foi lançado pela santíssima trindade Led-Sabbath-Purple. Um monolito do hard rock que, a cada ano que passa, ocupa mais o lugar que merece!
Fernando: Antes de saber que a banda existia, eu já gostava muito das músicas que Rod Evans havia gravado com o Deep Purple. O vocalista se mandou para os Estados Unidos, montou uma banda com ótimos músicos e gravou um ótimo disco. A pena é que o grupo não conseguiu manter o pique e a qualidade dos discos seguintes foi decaindo até a banda acabar. Tenho que citar a vergonhosa tentativa de golpe que Rod Evans tentou usando o nome do Deep Purple depois que a banda original havia se dissolvido.
Mairon: Lembro até hoje a primeira vez que ouvi esse álbum, esperando algo na linha psicodélica do Deep Purple do qual Rod Evans havia feito parte, e me deparando com uma potente turbina sonora, capaz de arrancar o chão com uma fúria devastadora. O lado A deste álbum é perfeito, e o lado B é sobrenatural. Canções curtas, misturando hard rock com pitadas de psicodelia e muito, mas muito peso, que vão intercalando-se e fazendo uma fusão arrasadora, parecendo que estamos apenas uma longa e incrível suíte, que só leva o ouvinte a curtir mais e mais vezes os trinta e cinco minutos de Captain Beyond. O melhor trabalho da carreira de Rod Evans, e também dos ex-Iron Butterfly Larry “Rhino” Reinhardt (guitarra) e Lee Dorman (baixo), que, acompanhados por Bobby Caldwell, cometeram o único pecado de terem ficado juntos por pouco tempo. E a capa da versão original? Que coisa linda de morrer! Citar uma única canção é pouco. O melhor é ouvir na íntegra outro grandioso álbum de 1972. Parabéns aos consultores por terem colocado este álbum entre os dez mais.
Micael: Dizer o que deste disco? Tenho-o em vinil há uns vinte anos, ouvi muitas vezes, mas acho no máximo “legalzinho”, nunca me empolgou tanto assim em comparação a certas críticas que li sobre ele. Um bom disco, mas não sei se merece o culto que possui! Mesmo assim, altamente recomendável!
Ricardo: Sem comentário.
Rodrigo: Não conheço.
Ronaldo: Não tenho receio em colocar este como um dos melhores trabalhos de toda a década de 1970, em todos os aspectos – musicalidade, composições, conceito, produção sonora, interpretação, performances individuais. Tudo é simplesmente soberbo. O capitão foi além de um trabalho de rock pesado e esbanja criatividade pelos poros.

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Neil Young – Harvest (33 pontos)
Adriano: Não entendo por que acham esse o melhor disco de Neil Young. É um disco bacana, sim, mas claramente inferior a After the Gold Rush (1970) e, principalmente, Everybody Knows This Is Nowhere (1969). Como destaques, temos a faixa-título, “Heart of Gold” e a apocalíptica “There’s a World”.
Bernardo: Indispensável nesta lista! Neil Young no auge, emplacando a absurdamente linda “Heart of Gold”, cravando a perturbadora “The Needle and the Damage Done”, sobre os perigos do vício em drogas, demonstrando sua sensibilidade criativa ao compor baladas como “Old Man” e mostrando do que é capaz de fazer com a voz no falsete no limite da emoção de “A Man Needs a Maid”, fazem de Harvest um disco absoluto em sua carreira e para a música dos anos 1970 que ainda inspira gente hoje, como Jeff Tweedy e sua banda Wilco. Além disso, faz parte de um verdadeiro “combo” de clássicos, que começou com Everybody Knows This Is Nowhere em 1969 e só começou a perder força depois de American Stars ‘n Bars, em 1977. Sou da opinião particular que Neil Young é um dos maiores deuses da música dos anos 1970, com poucos concorrentes.
Bruno: O disco que catapultou Neil Young ao sucesso. E não é pra menos, não tem uma música que não seja no mínimo incrível. Após ensaiar um trabalho mais contido com After the Gold Rush, em Harvest Neil Young abaixou ainda mais o tom, em um repertório praticamente só acústico, sempre com o tom de melancolia presente nas composições do canadense e sua voz frágil, que dá a impressão de que vai despedaçar a qualquer momento. E o que falar das linhas de gaita em “Out on the Weekend” e “Heart of Gold”? Simples e de arrancar lágrimas.
Davi: Tipico artista “ame ou odeie”. Durante muito tempo odiei Neil Young; depois de um tempo, de tanto que meu pai tocou nos meus ouvidos, aprendi a gostar. O que eu não gostava não eram as canções, mas sim seu estilo de cantar. Depois, me acostumei. Este LP é, sem dúvida nenhuma, um clássico. Primeiro trabalho que o canadense fez após a sua saída do Crosby, Stills, Nash & Young, Harvest é deliciosíssimo, com uma pegada country rock e clássicos como “Heart of Gold”, “The Needle and the Damage Done”, além da belíssima faixa-título.
Diogo: Manter o alto nível estabelecido em Everybody Knows This Is Nowhere eAfter the Gold Rush era parada dura, mas Neil Young teve muito êxito nessa empreitada. Melhor que isso: conseguiu levar sua arte a um número muito maior de pessoas, cravando Harvest no primeiro posto da principal parada de álbuns da Billboard (e vendendo alguns milhões de cópias) e a belíssima “Heart of Gold” no topo da parada de singles. Acompanhado por vários convidados ilustres e amparado pela Orquestra Sinfônica de Londres em algumas faixas, o canadense produziu um trabalho quase irrepreensível, destacando ainda “Out on the Weekend”, “A Man Needs a Maid” e a faixa-título. Chegou a disputar  uma das últimas posições de minha lista pessoal junto a outros ótimos álbuns, como A Good Feelin’ to Know (Poco) e Demons and Wizards (Uriah Heep), mas infelizmente teve que ficar de fora.
Eudes: Talvez haja quem goste de Neil igual a mim, mas mais do que eu não deve existir. Tinha tudo, portanto, para cravar Harvest na minha lista. O disco, multiplatinado, talvez o maior sucesso de vendas da carreira do canadense, contudo, está longe de ser seu melhor álbum, embora seja excelente e volte sempre ao meu toca-discos. Preferi guardar Neil para o ano de 1975, quando cravarei sem medo de ser feliz o fenomenal Zuma.
Fernando: Sei que a culpa provavelmente é minha, mas não consigo ouvir os discos do Neil Young com o mesmo entusiasmo que ouço os do Crosby, Stills, Nash & Young. Fui escutá-lo só depois de conhecer o supergrupo e isso pode ter influenciado, mesmo assim sempre parece que falta alguma coisa.
Mairon: Já disse diversas vezes que não consigo gostar de Neil Young. Ouvi Harvestlogo após sair a lista final, de ouvidos abertos, e após muito tempo sem escutá-lo (acredito que uns 15 anos). Não houve nada que me atraiu, e só lamento que preciosidades como Long John Silver (Jefferson Airplane), 666 (Aphrodite’s Child) ouMutantes e Seus Cometas No País do Baurets (Os Mutantes) tenham ficado de fora para dar lugar a mais um disco sem sal que os meus colegas consultores elegem entre os dez melhores. Mas tudo bem, nada é perfeito, e sempre tem que haver uma decepção.
Micael: Um disco lindo, magnífico, uma melhoria em relação a After the Gold Rush, o álbum anterior do bardo canadense, que também trilhava essa seara acústica. Só que neste caso Neil melhorou o que já estava bom e cunhou diversos clássicos de sua carreira, mesmo sem precisar recorrer à sua rascante guitarra na maioria das composições. Ouçam!
Ricardo: Desta vez, Young veio com uma pegada mais country, acompanhado pelos Stray Gators, que incluíam Jack Nitzsche, e por convidados especialíssimos, como os ex-parceiros de grupo Stephen Stills, Graham Nash e David Crosby, além de James Taylor e Linda Ronstadt. Músicas memoráveis com letras contestadoras e provocadoras, além de um lamento sentido sobre a dependência química de Danny Whitten (Crazy Horse). Um marco na carreira do compositor canadense.
Rodrigo: Confesso que conheço pouco da carreira do canadense Neil Young, mas, ao contrário de outros artistas nesta lista, não por falta de interesse, e sim por falta de oportunidade. Ouvi o disco algumas vezes e devo dizer que gostei bastante do som, com certeza darei mais atenção à carreira de Neil daqui para frente.
Ronaldo: Para os discos de Neil Young, tenho quase sempre uma impressão parecida – ele é um cara de extremos. Passa de músicas extremamente suaves e introspectivas (às vezes quase em um disco todo, como este) a momentos em que consome todos os decibéis de distorção possíveis para expor suas agruras. Isso contraria uma das qualidades que mais busco na audição de um disco – o equílibrio. O clima do álbum todo reflete melancolia. Só sendo melancólico pra se sintonizar o tempo todo com este disco.

1.-TalkingBook1972
Stevie Wonder – Talking Book (32 pontos)
Adriano: Sofri uma grande decepção quando ouvi os discos dessa época do Stevie Wonder. Mas acho que a decepção se deu por conta da expectativa que era muito alta, em virtude do que já havia lido sobre os álbuns. Este disco é bom, mas, pra entrar entre os dez mais, acho exagero. Principalmente porque, nessa linha soul/funk, acho mais inventivo o que Curtis Mayfield vinha fazendo, e, em 1972, o Earth, Wind & Fire lançou um discaço: Last Days and Time.
Bernardo: Qualquer álbum que abre com uma pérola do quilate do clássico “You Are the Sunshine of My Life” já mostra que o homem por trás dele não estava para brincadeira. Stevie Wonder, um talento natural como dá para perceber pelo disco “The Jazz Soul of Little Stevie” (1962), que gravou quando tinha 12 anos, ficava ainda mais criativo quando se banhava nas sonoridades dos anos 1960 e 1970, incorporando o peso do funk, como dá pra sentir pela cadenciada “Maybe Your Baby” e a irresistível “Superstition”, com um ritmo que nos pega pelos pés e chama para dançar que nem louco. No álbum todo, Stevie brinca com a voz de forma invejável            e mostra que geração marcante foi a dos anos 1960/70 para o soul/funk, cravando toda uma cartilha que permanece sendo fielmente seguida até hoje. E um dos pilares disso é justamente Stevie Wonder em sua fase mais louca e inspirada.
Bruno: Uma pena este disco maravilhoso ocupar a última posição desta lista. O trabalho que marca a independência de Wonder da Motown merecia mais. Coloco Stevie Wonder em um patamar altíssimo no mundo da música, em que poucos outros alcançam o status de gênio, uma palavra que está banalizada, mas que deveria representar uma parcela pequena de compositores e músicos. O talento, a sensibilidade e a entrega nas interpretações de Wonder são algo fora do comum. Além de grande compositor e multi-instrumentista brilhante, o cara canta com uma alma, uma entrega, que só não emociona os corações de pedra. Talking Book representa a transição entre os arranjos açucarados da Motown e o peso instrumental e, sem dúvida, a melhor fase da carreira de Wonder.
Davi: Gosto do Stevie Wonder, tenho alguns discos dele, mas não possuo este. Portanto, não comentarei.
Diogo: Em Talking Book Stevie Wonder estabeleceu de vez sua liberdade musical, que já estava sendo esboçada nos lançamentos anteriores, e criou uma obra marcante, ajudando a cravar seu nome entre os grandes da música em geral, tanto em se tratando de compor quanto de tocar os vários instrumentos que executa em estúdio. “You Are the Sunshine of My Life” e “Superstition” são, além dos hits presentes no disco, belíssimas canções, mas meu destaque pessoal fica para a trinca que finaliza o álbum, “Blame It on the Sun”, “Lookin’ for Another Pure Love” (com participação de Jeff Beck) e “I Believe (When I Fall in Love It Will Be Forever)”, gravada inteiramente por Stevie. Apesar dos elogios, a verdade é que Talking Book foi apenas um saboroso aperitivo para o que seria apresentando um ano depois no magnífico Innervisions.
Eudes: Ótima escolha, mas uma vergonha aparecer apenas em décimo. Pedra fundamental do pop e do soul contemporâneos, o disco exibe uma coleção de canções ainda refrescantes depois de 40 anos. Suavidade de arrepiar a nuca e peso instrumental de tremer o chão. Para completar, Jeff Beck retribui o presentão que Stevie lhe deu, ao compor Superstition para ele (aqui na versão não menos genial do próprio Wonder), com uma guitarra fina costurando a ótima “Lookin’ for Another Pure Love”!
Fernando: Não ouvi e não posso opinar.
Mairon: Nem o próprio Stevie Wonder está acreditando nisto. Ele, entre os dez melhores de 1972, deixando tanto disco bom atrás dele. Se fiquei decepcionado comHarvest, isto aqui é um atentado ao pudor. Um disco mediano, assim como vários outros sem sal que os colegas consultores acrescentam à lista final, deixando de fora joias preciosas como Long John Silver, 666 e, principalmente, Foxtrot (Genesis). Apesar do embalo de “Superstition”, única canção audível neste álbum, considero que a melhor fase de Wonder já havia passado, e encerrado em 1970 com o bom Signed, Sealed & Delivered. Este álbum é uma ovelha negra nesta lista.
Micael: Não gosto de soul music, mas Stevie Wonder é um gênio. O estilo e o álbum não me atraem, mas não posso depor contra ele. Não o colocaria na lista, mas sua entrada não é nenhum absurdo!
Ricardo: A Motown, em meados da década anterior, não vinha mais se identificando mais com a música negra do que com o pop (o melhor pop, diga- se de passagem). O slogan “The sound of young America” mostrava que era a intenção do selo conquistar, como bem fazia, o público branco. Mas gente como Norman Whitfield e outros começaram a mudar essa história, e, a partir de 1971, com seus artistas mais inquietos conquistando uma liberdade criativa antes inexistente em relação às políticas da gravadora. Ainda era pop, mas a identidade aflorava de talentos como Marvin Gaye e esse multi-instrumentista cego e genial. Após os ousados Where I’m Coming From (1971) e Music of My Mind (1972), Stevie Wonder fez com Talking Book seu álbum mais criativo até então.
Rodrigo: Não conheço.
Ronaldo: Stevie Wonder já havia provado inúmeras vezes por que merecia seu sobrenome artístico. Seu pecado é exagerar nas baladas, aquela fórmula manjada que nivela por baixo quase todos os estilos musicais. Ainda que ele esbanje domínio no encaixe de ideias para suas composições, soa “soft” demais na maior parte do tempo. Ainda assim, estamos tratando de uma época bendita, em que brotavam boas músicas em todos os territórios musicais possíveis.

Listas individuais
frontAdriano KCarão
1. Jethro Tull – Thick As a Brick
2. Gentle Giant – Octopus
3. Yes – Close to the Edge
4. Banco Del Mutuo Soccorso – Darwin!
5. Emerson, Lake & Palmer – Trilogy
6. Genesis – Foxtrot
7. The Rolling Stones – Exile on Main St.
8. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
9. Socrates Drank the Conium – Taste the Conium
10. Fela Kuti – Shakara

caetano-veloso-transa-cover-art-46713Bernardo Brum
1. The Rolling Stones – Exile on Main St.
2. Black Sabbath – Vol. 4
3. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
4. Caetano Veloso – Transa
5. Curtis Mayfield – Superfly
6. Novos Baianos – Acabou Chorare
7. Fela Kuti – Roforofo Fight
8. Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina
9. Deep Purple – Machine Head
10. Yes – Close to the Edge

trex-the_sliderBruno Marise
1. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
2. Neil Young – Harvest
3. T. Rex – The Slider
4. Black Sabbath – Vol. 4
5. Big Star – #1 Record
6. Stevie Wonder – Talking Book
7. Novos Baianos – Acabou Chorare
8. Lou Reed – Transformer
9. Curtis Mayfield – Superfly
10. The Rolling Stones – Exile on Main St.

alice_cooper_-_schools_outDavi Pascale
1. Deep Purple – Machine Head
2. Alice Cooper – School’s Out
3. The Rolling Stones – Exile on Main St.
4. Black Sabbath – Vol. 4
5. Raspberries – Fresh
6. Elf – Elf
7. Yes – Close to the Edge
8. Elton John – Honky Château
9. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
10. Raspberries – Raspberries

argus1Diogo Bizotto
1. Yes – Close to the Edge
2. Wishbone Ash – Argus
3. Black Sabbath – Vol. 4
4. Eagles – Eagles
5. Gentle Giant – Octopus
6. Deep Purple – Machine Head
7. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
8. Captain Beyond – Captain Beyond
9. Trapeze – You Are the Music… We’re Just the Band
10. Manassas – Manassas

folderEudes Baima
1. Black Sabbath – Vol. 4
2. Deep Purple – Machine Head
3. Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina
4. The Rolling Stones – Exile on Main St.
5. Yes – Close to the Edge
6. Elton John – Honky Château
7. Stevie Wonder – Talking Book
8. T. Rex – The Slider
9. Pink Floyd – Obscured By Clouds
10. Captain Beyond – Captain Beyond

Storia Di Un Minuto - albumFernando Bueno
1. Yes – Close to the Edge
2. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
3. Deep Purple – Machine Head
4. The Rolling Stones – Exile on Main St.
5. Black Sabbath – Vol. 4
6. Banco Del Mutuo Soccorso – Darwin!
7. Jethro Tull – Thick As a Brick
8. Gentle Giant – Octopus
9. Premiata Forneria Marconi – Storia di Un Minuto
10. Uriah Heep – Demons and Wizards

0888880380869_600Mairon Machado
1. Jefferson Airplane – Long John Silver
2. Os Mutantes – Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets
3. Yes – Close to the Edge
4. Aphrodite’s Child – 666
5. Captain Beyond – Captain Beyond
6. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
7. Genesis – Foxtrot
8. Uriah Heep – The Magician’s Birthday
9. Elis Regina – Elis
10. The Allman Brothers Band – Eat a Peach

genesis_foxtrot-front1Micael Machado
1. Jethro Tull – Thick As a Brick
2. Deep Purple – Machine Head
3. Neil Young – Harvest
4. Genesis – Foxtrot
5. Yes – Close to the Edge
6. Black Sabbath – Vol. 4
7. Focus – Focus 3
8. Os Mutantes – Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets
9. Renaissance – Prologue
10. David Bowie – The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars

679414Ricardo Alpendre
1. Santana – Caravanserai
2. Stevie Wonder – Talking Book
3. Novos Baianos – Acabou Chorare
4. Roberto Carlos – Roberto Carlos
5. Caetano Veloso – Transa
6. Chuck Berry – The London Chuck Berry Sessions
7. Black Sabbath – Vol. 4
8. Status Quo – Piledriver
9. Hawkwind – Doremi Fasol Latido
10. Trilha Sonora Original – O Bofe

Uriah-Heep-The-Magicians-Bir-420779Rodrigo Gonçalves
1. Deep Purple – Machine Head
2. Black Sabbath – Vol. 4
3. Yes – Close to the Edge
4. Jethro Tull – Thick As a Brick
5. Uriah Heep – The Magician’s Birthday
6. Creedence Clearwater Revival – Mardi Gras
7. The Rolling Stones – Exile on Main St.
8. Alice Cooper – School’s Out
9. Free – Free at Last
10. Thin Lizzy – Shades of a Blue Orphanage

spaceshantyRonaldo Rodrigues
1. Yes – Close to the Edge
2. Captain Beyond – Captain Beyond
3. Khan – Space Shanty
4. Deep Purple – Machine Head
5. Black Sabbath – Vol. 4
6. Emerson, Lake & Palmer – Trilogy
7. Nektar – A Tab in the Ocean
8. Flash – In the Can
9. Gentle Giant – Octopus
10. Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina

2 comentários:

  1. Impressionante suas dicas me agradaram bastante indiquei seu blog para todos os meus amigos muito obrigado por compartilhar seu conhecimento conosco.

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  2. Muito obrigado Marcelo. É um trabalho colaborativo. Abraços

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