quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Melhores de 2021


E vamos as tradicionais listas de Melhores do Ano. Depois de algum tempo sem conseguir acompanhar lançamentos com certa assiduidade, ou de conseguir curtir 10 álbuns para fechar uma lista digna de ser apresentada aos leitores, eis que 2021 trouxe o retorno aos estúdios de gigantes que eu admiro, e que acabaram fazendo com que eu ouvisse bastante os álbuns que aparecem abaixo, principalmente nos lançamentos do último trimestre (outubro, novembro e dezembro). Foi um ano difícil, muitas perdas, muitas tragédias, mas fica a esperança para 2022. Que ele não repita tudo de ruim que aconteceu em 2021, mas que possa trazer paz, saúde, e claro, lançamentos tão bons quanto os que curti. Vamos a lista.

1.  ABBA - Voyage

Podem me dizer o que quiserem, mas Voyage é disparado o melhor disco de 2021. Anos esperando um lançamento novo dos suecos, e eis que o quarteto detona. O melhor do pop para agradar qualquer fã do grupo, ainda mais com músicas maravilhosas como "Don’t Shut Me Down", "Just a Notion" " Keep An Eye On Dan" e "No Doubt About It". Benny e Björn criando faixas como se o tempo não tivesse passado para eles, e o mesmo pode se dizer das vozes de Agnetha e Frida. A turnê holográfica não me atrai, mas esse discaço está rodando direto nessa descoberta (que não gosto muito, mas é o que temos no momento) que foi o Spotify. Lançado em 05 de novembro.


2. Steve Hackett - Under a Mediterranean Sky

Que Steve Hackett sempre é capaz de nos surpreender, disso ninguém tem dúvida. Depois de bons discos com vocais nos últimos tempos, eis que ele largou a guitarra, pegou o violão e foi unir-se a Roger King (teclados e arranjos orquestrais) para se inspirar nos sons mediterrâneos em um fantástico disco de violão clássico, que mistura elementos desde o flamenco até o oriente médio. O épico que abre o álbum, "Mdina (The Walled City)" é uma das canções mais virtuosas que já tive oportunidade de ouvir advinda das mãos do cara. Certamente sabia que ele é muito talentoso, mas os dedilhados furiosos que ele faz ao violão aqui, são de cair o queixo. Outra surpresa foi o uso do trêmolo em "Adriatic Blue" e "The Memory of Myth", como é linda essa técnica, e como Hackett a faz tão bem. E claro, ao ouvir "Scarlatti Sonata" uma lágrima correu, me lembrando os bons tempos que estudei violão clássico. Composições lindas, na linha do que John Willians já havia feito há algum tempo atrás, que atestam como um grande músico sabe se reinventar, e não necessariamente ficar tocando sempre a mesma coisa por anos e anos. Há tempos não ouvia algo tão tocante relacionado a arte do violão clássico. Lançado em 22 de janeiro. 

3. Styx - Crash the Crown

Outro que tocou muito no Spotify. O Styx volta a fazer uma sonoridade próxima ao progressivo, e faixas como  “A Monster”, “Hold Back The Darkness”, "Long Live The King" e “Our Wonderful Lives” atestam por que o Styx é a melhor banda daquelas que foram consagradas pelo seu som perambulando entre o pop comercial e o rock progressivo, empregando elementos acústicos, pesados, orgãos de igreja e até trompete (!) com uma precisão impecável. Perguntinha: quando o Styx dará o ar da graça por aqui? Lançado em 18 de junho. 

4. Greta Van Fleet - The Battle at Garden's Gate

Como é bom ver jovens alunos evoluindo, conseguindo caminhar por conta própria, e prometendo dar muito orgulho aos seus professores. É o caso do Greta Van Fleet. Se o álbum anterior trouxe muitas comparações ao Led Zeppelin, em The Battle at Garden's Gate os irmãos Kiska (e o batera Daniel Wagner) praticamente limaram essa comparação. Os rapazes estão cada vez mais soberanos em suas criações, claro, trazendo influências Zeppelianas, mas com arranjos e harmonias puramente VanFleetianos. O álbum é uma paulada atrás da outra, mesmo nas baladas, e até nos momentos acústicos as canções conseguem te dar uma pancada no peito, que te sacode por inteiro. Grande destaque para os solos de Jacob, como esse menino evolui nas seis cordas, e também no uso do wah-wah, basta ouvir, e se emocionar, com o maravilhoso solo de "The Weight of Dreams". Outras grandiosas faixas são "Broken Bells", "Heat Above" e "Built By Nations". Ansioso para ver esses caras abrindo para o Metallica, o laço que vão dar nos velhinhos. Certamente, se seguirem nesse patamar, serão lembrados como a maior banda deste século. Lançado em 16 de abril. 

5. Jerry Cantrell - Brighten

Jerry Cantrell é um sobrevivente do rock. Todos os exageros da geração Seattle dos anos 90 não foram capazes de afetar sua capacidade de criar músicas sensacionais. Apesar de Brighten trazer canções que em pouco lembram Alice in Chains, como por exemplo "Prism of Doubt", há também faixas pesadas e empolgantes, como a faixa-título, "Had To Know", que me fazem pensar como seria bom se Layne Stailey estivesse ainda criando faixas ao lado de Cantrell. Ouvir "Siren Song" fez arrancar lágrimas imaginando os dois cantando juntos essa faixa. Belo disco! Lançado em 29 de outubro. 

6. Big Big Train - Common Ground 

Me aproximei mais do Big Big Train depois da entrada de Rikard Sjöblom na banda. Apesar de não curtir os vocais Neal Morseanos de David Longdon, é inegável a contribuição que o ex-Beardfish Rikard deu para a banda. Da Suécia, o rapaz trouxe sua genialidade ímpar para criar peças preciosas, e que bom que Longdon percebeu o talento do cara. Mesmo que Rikard tenha composto apenas uma canção, a linda "Headwaters", somente ao piano, suas contribuições com teclados e guitarra em faixas como "All The Love We Can Give" e na suíte "Atlantic Cable", verdadeiras teses de rock progressivo atual baseadas nos grandes trabalhos dos anos 70. Destaque total para "Apollo", fantástica faixa instrumental cria do batera Nick D'Virgilio, e indicada para quem curte Yes e afins. Lançado em 30 de julho. 

7. Stew - Taste

O Stew surgiu para mim através de um Test Drive que fizemos em 2019, e desde então, virou banda de audição constante com aquele álbum. Em novembro desse ano, veio Taste, mais uma bela paulada que mostra elementos de hard rock dos anos 70 surpreendentes. Novamente, o disco é curto (pouco mais de meia hora), mas o suficiente para quebrar pescoços e estourar cordas de air guitars mundo a fora, principalmente na pesadíssima "Earthless Woman", na rifferama de "Heavy Wings" e na trabalhada "Still Got the Time". Destaque também para a balada bluesy "When the Lights Go Out". Lançado em 12 de novembro.

8. Lucifer - Lucifer IV

Passei a prestar mais atenção ao som do Lucifer a partir do Melhores do Ano passado, onde a banda figurou nos dez mais. O som de Lucifer IV é pesado e ótimo de se ouvir com o som no talo. Os vocais de Johanna Sadonis estão cada vez mais sedutores e potentes, e as construções instrumentais mostram como o Black sabbath ainda influencia novidades, e é capaz de parir bisnetos tão tinhosos quanto foram suas composições originais, vide "Cold as a Tombstone", "Phobos", "Orion", "Wild Hearses", e com certeza, "Mausoleum", cuja introdução já colocou fácil esse álbum nesta lista. Essas faixas, que apesar do cheirão evidente do couro da jaqueta do bisavô Iommi, trazem todo um frescor do século atual. Lançado em 29 de outubro.

9. Robert Plant & Alison Krauss - Raise the Roof

Raising Sand, o primeiro álbum da dupla, é um álbum tão bom que ficamos na expectativa de como seria um segundo lançamento deles. Pois 14 anos depois, Plant e Krauss voltaram com Raise the Roof. Não é um disco tão impactante quanto seu antecessor, mas mesmo assim, muito belo. As canções parecem ser uma sequência natural da carreira de Plant ao lado da Sensation Space Shifters, porém aclimatadas pelo sempre excepcional vocal de Krauss. Faixas como "Go Your Way", "Searching for My Love" trazem belas harmonias vocais e instrumentais, e como Plant ainda está com a voz em dia, incrívelmente, como mostra também "High and Lonesome". Quando Alison tem o predomínio vocal, como "The Price of Love" e "It dont Bother Me", é de uma lindeza única. As melhores, "Quatro (World Drifts In)" e "Last Kind Words Blues", trazem elementos perfeitos para serem ouvidos enquanto nossos nervos são tocados pelas belezas emanadas dessas ótimas composições. Lançado em 19 de novembro. 

10. Caligonaut - Magnified as Giants

Estes noruegueses surgiram como indicação no Spotify, em virtude de eu ter ouvido bastante Wobbler esse ano, e fiquei encantado. É um progressivo mito bem feito, lembrando um pouco de Genesis mas trazendo também boas pitadas de peso, muito por conta da participação do membro do Wobbler  Lars Fredrik Frøislie (teclados, mellotron). A abertura com a linda "Emperor" já traz uma mistura incrível de elementos acústicos e elétricos, com teclados e baixo predominando entre os dedilhados de violão e guitarra. O trabalho de violão também é relevante em "Hushed" e na bela faixa-título. A suíte "Lighter Than Air" é uma das grandes joias desta década, em termos musicais. Quatro faixas apenas, mas muito boas para nos fazer esperar ansiosamente por mais um lançamento do Wobbler, e que o Caligonaut possa se manter na ativa, além de mostrar que a Escandinávia vem cada vez mais parindo as melhores bandas deste século em se tratando de progressivo. Lançado em 26 de fevereiro.

Menção Honrosa: Serj Tankian - Elasticity

O EP Elasticity trouxe o velho Serj Tankian para minhas audições. as cinco canções são uma moderna criação do que poderia ser o SOAD hoje em dia. Destaque em especial para "Your Mom" e "Electric Yerevan", pesadíssimas, e o piano com orquestra na sensacional "How Many Times?". Não entrou na lista dos dez melhores apenas por que é um EP. Ah se o SOAD voltasse ... 😔

Decepções: Iron Maiden - Senjutsu e Deep Purple - Turning to Crime

Que o Iron vem se repetindo há anos não é novidade. O problea central de Senjutsu é que as músicas longas estão cada vez mais sonolentas, e as mais curtas são um pastiche da carreira solo de Bruce Dickinson ou de composições de Adrian Smith. Disco modorrento, que não sei se irá me conquistar um dia. 

Turning To Crime é um disco triste. OK, o Deep Purple apresenta suas homenagens, mas falta uma vitalidade ao longo das canções. Mais uma banda que não há por que continuar na ativa, ao meu ver, e que deixei de acompanhar há algum tempo. Até tinha esperanças com Turning to Crime, mas foi uma grande decepção.

Vergonha alheia: The Metallica Blacklist 

Sério, quem foi o "gênio" que teve a coragem de lançar quatro horas de versões para algumas músicas do clássico "Black Album" do Metallica, em mais de 4 horas de duração? E sério, quem que se animou a comprar isso? Não me senti a vontade para ouvir o tal disco, até por que ouvir sete versões diferentes de "Sad But True" e "The Unforgiven", seis de "Enter Sandman", e doze (!) de "Nothing Else Matters" é ter muito tempo para ser perdido. Sério, que ideia de jerico isso aqui. 

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