Por André Kaminski
Tema escolhido por Fernando Bueno
Com Davi Pascale, Diogo Bizotto, Mairon Machado, Marco Gaspari, Ronaldo Rodrigues e Ulisses Macedo
Nesta edição do Consultoria Recomenda, o nosso magnata paulista radicado em Rondônia conhecido como Fernando Bueno disse que só poderiam ser escolhidas bandas fora do eixo principal da música. Isso significa nada de bandas dos Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e também do Brasil (que apesar de não ser destaque no eixo internacional, não fica longe da realidade de ninguém que acessa o nosso site). Pela quantidade de elogios aos discos nos comentários de nossos consultores, dá para se afirmar que essa foi uma das melhores edições desta seção em termos de qualidade, além de atestar que o resto do mundo sabe fazer rock de qualidade que não deixa em nada a desejar perante os mercados musicais mais famosos. Como sabem, lá embaixo está nosso espaço para postarem suas opiniões sobre nossas escolhas!
Mantis - Turn Onto Music [1973] [Fiji]
Por André Kaminski
Que tal um rock 'n' roll funkeado e até dançante com sonoridade bastante sessentista que te lembraria Funkadelic e Buddy Miles? Tá aí, deliciem-se com esse diamante sintetizado nas lhas Fiji. Alguns covers como "Mississipi Queen" e "In the Midnight Hour" não deixam nada a desejar perante suas versões originais. Mas suas composições próprias são o que mais me chamaram a atenção, como a faixa-título "Turn Onto Music" e "Island Suite" com uma dose imensa de psicodelia e funk de forma a balançar o esqueleto e dar vontade de comprar umas calças boca de sino junto a umas camisas coloridas e cair numa pista de dança retrô por aí.
Davi: Muito bom! Rock 'n' roll dos anos 70 com forte influência do funk. Os músicos são excelentes. Teria deixado “In The Midnight Hour” e “Mississipi Queen” de fora. São clássicos absolutos, mas embora estejam bem gravados, estão longe das versões clássicas. O grupo, contudo, brilha na suíte instrumental “Island”. Outros momentos de destaque ficam por conta de “Shake That Fat” e “Turn Onto Music”. Foi o que mais gostei dessa lista.
Diogo: Surpresa boa essa banda originária do inesperado arquipélago de Fiji. Faz um som funkeado com jeito de quem manja do riscado, especialmente o baixista Joe Heritage, apesar dele não ser o único que mostra intimidade com o instrumento que empunha. A ótima “Island Suite” talvez seja o melhor exemplo do trabalho dos caras, mostrando o talento dos músicos em uma suíte que lhes dá o destaque certo, mas sem exageros. Bons covers também permeiam o tracklist, como “In the Midnight Hour” (Wilson Pickett).
Fernando: Pelas primeiras notas de “You Don't Love Me” fiquei com a impressão que o rock sessentista demorou para chegar em Fiji. Porém com “Shake That Fat” e "Island Suite" o Mantis mostrou que a banda estava bastante ligada ao hard rock setentista, cheio de swing, remetendo ao que o Deep Purple fazia com Coverdale e Hughes.
Mairon: Que sonzeira desgraçada de boa. Um instrumental de excelência, com suingue e muita dinâmica, em um álbum contagiante. A faixa "Island Suite" é uma viajante peça musical de sete insaciáveis minutos, assim como são insaciáveis os agitos de "Turn Onto Music", que me lembra bastante "Dance to the Music", do Sly & The Family Stone, enquanto o hardão setentista toma conta em "Shake That Fat" e na versão de "Mississippi Queen", eternizada pelo Mountain na voz de Leslie West. Falando em versões, para quem conhece a versão de "You Don't Love Me" que o The Allman Brothers fez no álbum At Fillmore East [1971], irá se surpreender com a ginga encantadora desses nativos da ilha de Fiji, que também fazem misérias com a clássica "In the Midnight Hour" de Wilson Pickett, eternizada pelo Roxy Music. "Day & Night" é a mais leve do álbum, mas mesmo assim, uma ótima canção para começar a festa. Excelente escolha!
Marco: Disquinho famoso esse. O original da Vertigo deve ultrapassar as mil doletas. E o som vale cada centavo. Não sei se a melhor definição seria um funk ao molho de cogumelos ou psicodelia com cabelo blackpower. E pensar que é fruto de quatro carinhas das Ilhas Fiji. Deviam passar o dia no cinema, assistindo blaxploitation e fumando unzinho.
Ronaldo: Balanço irresistível. De Pacífico, apenas a localização da pequena ilha que originou essa banda, pois o som é pra botar pra quebrar o piso todo. Uns tecladinhos espertos aparecem o tempo todo nas músicas, e a guitarra é de uma malandragem atroz. Parido e escarrado das entranhas dos anos 1970.
Ulisses: Boas e bem-vindas doses de funk e progressivo neste play! Performances bem decentes no registro, incluindo os covers (só conhecia "Mississipi Queen", que ficou legal); o destaque mesmo é a longa jam "Island Suite", que encerra o disco.
EZO - E-Z-O [1987] [Japão]
Por Davi Pascale
Nos anos 80, nosso amiguinho Gene Simmons se lançou como produtor. O demoninho linguarudo produziu bastante disco bacana. Um deles é esse álbum de estreia da banda japonesa EZO. Na verdade, já haviam gravado dois álbuns com o nome de Flatbacker, mas esse foi o primeiro com esse nome. Gene chegou a colaborar em algumas composições, embora não tenha sido creditado como compositor. Alguns outros nomes da época ajudaram nas composições. Entre eles, Jamie St James (Black n' Blue, Warrant) e James Christian (House of Lords). Provavelmente para ajudar a dar uma americanizada no som para ver se os garotos emplacavam. Curiosamente, “House of 1.000 Pleasures” continha um riff muito similar à de “Cult Of Personality” (Living Colour). Só que a música dos japoneses veio antes. Formados por Mazaki Yamada (vocal), Taro Takahashi (baixo), Shoyo Lida (guitarra) e Hirotsugu Homma (bateria), o grupo fazia um som hard/heavy bem de acordo com a cena da época e conseguiu um certo destaque na ocasião. Vamos ver o que os consultores têm a dizer sobre essa preciosidade.
André: Com as guitarras soando mais pesadas, quase heavy metal se não fossem pelas sacadas melódicas chacoalhadoras de cabelos, o EZO me aparenta ser uma banda com grande potencial de entrar no bolo dos famosos Mötley Crüe, Ratt e Warrant, mas nem as roupas e cabelos glam impediram o fato de que por serem japoneses bem longe do padrão visual do ocidente (importantíssimo naqueles tempos), fez com que fossem desprezados. O que é uma pena porque todos os bons elementos apreciados pela farofeira oitentista estão por aqui e com grande qualidade. Destaco o ótimo vocalista Mazaki Yamada com um inglês excelente, algo que sempre foi muito difícil para os japoneses devido as gritantes diferenças linguísticas, principalmente na fonética. Não a toa conseguiu ótimo destaque depois no Loudness, embora infelizmente tenha cantado na pior fase criativa da banda. Tenho que dar o crédito ao Simmons aqui pelo direcionamento das canções dos japoneses, não entendo o porquê não fez o mesmo com o Kiss naquela mesma época. Destaco "Kiss of Fire", música com nível para entrar tranquilamente em um Girls, Girls, Girls [1987] do Crüe, por exemplo.
Diogo: O EZO não é novidade para quem é da turma que já dispensou alguma atenção às bandas japonesas de rock pesado, especialmente pelo fato do vocalista Masaki Yamada ter feito parte, posteriormente, do Loudness, expressão máxima do heavy metal nipônico. Inclusive, já vi este disco em vinil diversas vezes na minha frente, mas acabei nunca o comprando. O álbum não é nenhum Thunder in the East (pra ficar no mais famoso lançamento do Loudness, de 1985), mas o quarteto apresenta um trabalho bem resolvido e um vocalista com um pouco mais de intimidade com o inglês do que a média. A produção, a cargo de Gene Simmons (ele mesmo) e Val Garay, acaba deixando as coisas meio abafadas e prejudicando o resultado, mas ainda assim é possível destacar músicas como “Destroyer”, “House of 1000 Pleasures” e “Desiree”, a mais heavy do álbum. É fácil entender por que a banda não “pegou”: apesar de se enquadrar no então famoso pop metal, o EZO carregava um tino melódico mais “dark”, contrastante, inesperado.
Fernando: Los Angeles deveria ter alguma coisa na água na década de 80. Apesar do quarteto nipônico também produzir sua versão de hard rock lá em Sapporo foi depois de Gene Simmons conhecê-los, trazê-los para L.A. e produzir seu álbum de estreia que eles vieram a aparecer para o mundo. Com um pouco mais de peso do que o hard californiano, mas os cabelos eram os mesmos. Ironicamente a banda acabou depois de terem ido morar em Los Angeles.
Mairon: Japaiada hard como manda o figurino farofa dos anos 80. Me surpreendeu os vocais de Masaki Yamada, uma mistura de Klaus Meine com Alice Cooper, mas honestamente, é um estilo musical que cada vez estou apreciando menos. Tirando a questão gosto pessoal, é fato que a produção de Gene Simmons auxilia para tornar a audição no mínimo boa, destacando "House of 1,000 Pleasures", "Desiree" e "Here It Comes". Dificilmente pensaria ser uma banda nipônica, pois não há sotaque ou firulas guitarrísticas como vários grupos do hard de lá apresentam. É simples e direto, e um prato cheio para quem gosta.
Marco: É banda japonesa. E é metal. Mas será que podemos dizer que é uma banda de metal japonês? Acho que não, porque se ela fosse de Piracicaba ia soar igualzinho. Tá certo que tem o Gene Simmons na produção, as músicas são bacaninhas e pesadas e os músicos competentes (o que não é novidade em se tratando de japas). Mas incrível a oportunidade que essas bandas perdem de dar personalidade ao seu trabalho acrescentando só um pouquinho de sua própria cultura (a maquilagem kabuki não conta). Sepultura, por exemplo, fez isso no Roots. O EZO aqui preferiu dar uma de Kiss. E deu sapinho.
Ronaldo: Um disco que confirma um estereótipo que pesa negativamente sobre muitos grupos japoneses – são profícuos emuladores. Às vezes, imitam tão bem que superam os originais. Neste caso, o grupo em questão parece que adoraria estar na Sunset Strip oitentista. Não destaco nada além de alguns bons solos de guitarra e composições que só agradam aficcionados pelo estilo. Poucas passagens no disco ousam desafiar o esquemão consagrado do hard rock oitentista.
Ulisses: Boa essa banda. Hard 'n heavy japonês, cantado em inglês e bem tocado. A variação no estilo das composições ajuda a não enfadar o ouvinte, com faixas mais trabalhadas ("House of 1,000 Pleasures"), glam ("Big Changes") ou até speed metal ("Desiree"). A cozinha é bem competente, tendo o baixo bem proeminente na mixagem, o que é sempre legal.
Sigh - Scorn Defeat [1993] [Japão]
Por Diogo Bizotto
Nem só da Noruega viveu a segunda onda do black metal, e também não foi apenas na Europa que surgiram bandas a elevar a um patamar superior a arte que teve início com Venom, Bathory e Hellhammer, além de outros (poucos) pioneiros. Em uma época em que grupos como Mayhem e Darkthrone ainda davam seus primeiros passos mais sérios e ajudavam a formatar o estilo, o Sigh ia muito além de uma mera reprodução, adiantando o que fariam outras formações no futuro ao adicionar melodia e tons sinfônicos e atmosféricos ao seu black metal, isso antes mesmo do Emperor lançar seu primeiro disco, In the Nightside Eclipse (1994), um marco dessa maneira de fazer black metal. Mas não pense que teclados em profusão fazem de Scorn Defeat uma obra menos sombria, pois eles são essenciais para criar a atmosfera que torna o Sigh uma formação tão peculiar.
André: Primeiro detalhe é a capa feia, mas isso até hoje é comum em diversas bandas de black metal. Segundo detalhe é que logo na abertura não tive meus ouvidos esmurrados pela guitarra "zumbido de abelhas" e a bateria super veloz, o que já é ótimo. Passados os preconceitos iniciais, dou crédito aos japoneses por buscarem mais influências nos britânicos do Venom ao invés das escandinavas noventistas. Também tem umas influências do doom e do metal sinfônico que ainda engatinhavam na época. "The Knell" por exemplo tem o teclado configurado para som de cravo logo na introdução, algo até relativamente raro no black metal. Possivelmente vou lembrar dele caso alguém me peça alguma sugestão de disco sobre o gênero.
Davi: Banda de metal extremo que conseguiu contrato assinado com Euronymous. Para quem curte Mayhem, Burzum e afins, esse cara é um mito. Para mim, nunca disse muita coisa. Nunca vi graça nessas bandas que colocam imagem de defunto na capa e acham que é bonito matar seus companheiros de banda e botar fogo nas igrejas. Esse Euronymous utilizou até foto do amigo morto em capa de disco (momento fofura, todo mundo fazendo coraçãozinho com a mãozinha, por favor). O que temos aqui é uma banda que seguia os passos do black metal. Temas obscuros, sonoridade sombria. Achei o disco mal gravado, mas para quem curte esse som pode ser interessante. Não achei distante (em termos de qualidade) do que ouvi do Mayhem, por exemplo. Definitivamente, não é o tipo de metal que curto.
Fernando: Black metal japonês!!!! Tá aí algo que eu não esperava! Não cheguei a ouvir os discos posteriores e são muitos deles, mas a tosqueiras de algumas passagens deve ter sumido ao longo do tempo. Incomodou também um pouco o som da bateria em alguns momentos.
Mairon: O pior disco dessa lista. Black metal mal tocado e com uma voz irritante, um guitarrista tosco, teclados que não encaixam no estilo, enfim, poucos atributos que me deixaram feliz ao final da audição. Já havia ouvido falar do Sigh principalmente na época da Rock Brigade, e confesso que foi uma decepção. Se for para salvar uma alma, escolho os momentos de piano e teclado em "Ready for the Final War", os quais, apesar de parecer serem meras oportunidades para o vocalista e baixista Mirai Kawashima poder exibir-se um pouco, trazem uma influência clássica refinada e admirável, que faz pensar o desperdício de energia desse músico com algo tão cru quanto o black metal.
Marco: Não me peçam para distinguir entre death metal, black metal, doom e o cacete. Essa capacidade teria que constar do meu DNA, que é o que acontece com todo mundo que nasceu a partir dos anos 80. Sorry. Mas pela sonoridade mais dark vou chutar que é black metal. Pura associação e zero de convicção. O som é muito bom, não fosse o cantor que me parece não estar á altura dos coleguinhas. Grunhir por grunhir, sou da escola de fãs da Yoko Ono. Essa sim uma japonesa que entende de trinados e grunhidos. Mas eu gostei dos japas.
Ronaldo: Um disco que tive muita dificuldade em encontrar palavras para descrever, tamanho estranhamento. Obviamente trata-se de alguma vertente de heavy metal. Tanto o vocal (soa como tentativa do Alice Cooper de soar gutural), quanto o timbre de bateria e o andamento das músicas, ou a presença de alguns teclados deslocados, ao passo que me fazem elogiar a capacidade da banda de apresentar algo inesperado para o estilo, também me fazem criticar o destempero que esses elementos juntos provocam.
Ulisses: Black metal toscão, porém cativante na maior parte do tempo. As mudanças de andamento, bem colocadas, ajudam a manter a atenção do ouvinte. A presença de teclados é controversa: em "At My Funeral" ou "Weakness Within" parece fora de lugar, mas no fim de "Gundali" é simplesmente lindo. Não tenho saco pra esse estilo mas, no geral, até que é um disco bom.
Orphaned Land - Mabool: The Story of Three Sons of Seven [2004] [Israel]
Por Fernando Bueno
Esse disco do Orphaned Land representa muito bem a ideia por trás do grupo. A história de três irmãos, cada um representando uma das três grandes religiões presentes no oriente médio, que tentam avisar a humanidade que o dilúvio virá para punir os pecados do mundo. Não sei como a banda é recebida lá em seu país de origem e se há conflitos entre grupos religiosos, mas eles tentam mesclar a cultura dessas três religiões e ao meu ver conseguem fazer isso muito bem. Talvez por seus membros se dizerem ateus ou agnósticos isso possa se tornar mais fácil. Na parte musical eles fazem um doom/death metal com influências de músicas orientais. Alguns os classificam de folk metal por conta dessas influências, mas acredito que não chega a ser tanto assim. O álbum demorou alguns anos para ficar pronto e foi exatamente nele que esses elementos culturais mais explícitos, além de uma bem vinda veia prog, foram adicionados ao seu som.
André: Conheço esse álbum há anos e ainda o considero o melhor da banda. E eu tenho esse disco em minha coleção. Não posso me esquecer de Mabool para a lista de melhores de 2004. A banda é antiga, existe desde 1991, mas só atingiu um bom sucesso entre a turma do metal nos anos 2000 exatamente com esse álbum. Definir o estilo da banda é impossível: mas pode se dizer que o metal progressivo, o folk e boa influência do melodeath aparece por aqui. Para quem tem o encarte como eu, pôde acompanhar as letras contando a história dos três anjos representando as religiões abraâmicas, o seu conflito com Deus (o sétimo) e a luta de cada um dos três para conseguir a ascensão aos céus em uma mistura de fantasia, espiritualidade, fé e até mesmo a nossa própria realidade com os conhecidos conflitos etno-religiosos que as três religiões vem se debatendo por séculos. Liricamente impecável, instrumentalmente brilhante e vocalmente privilegiado, o disco é uma jóia subestimada dos anos 2000.
Davi: Razoável. Mais uma vez, bateria mal gravada pacas. O instrumental até que é interessante. Gosto quando eles se utilizam de elementos orientais. Ficou interessante com a sonoridade deles. O problema é que não fui com a cara do vocalista e tudo piora quando insistem em se utilizar do gutural em alguns momentos. Com outro cantor e um trabalho mais bem produzido, poderia ser bacana.
Diogo: Muito ouvi falar nesse grupo quando lançou este disco, mas nunca parei para ouvi-lo. E quando parei, tive que fazê-lo mais de uma vez, pois não se trata de material de fácil assimilação. Mais que heavy metal, o Orphaned Land incorpora a tradição musical do Oriente Médio à sua sonoridade e o resultado pode soar bem atípico para muitos. Inclusive, isso até fez com que a banda fosse rotulada como “world metal”, um título péssimo, estúpido mesmo. A mistura pode soar muito metal para quem gosta do exotismo e muito exótica e/ou progressiva para quem é mais chegado no heavy metal, mas, para mim, a banda foi competente em grande parte do tracklist, especialmente em músicas como “Ocean Land (The Revelation)” e “Norra el Norra (Entering the Ark)”, em que esses elementos diferentes estão equilibrados e na forma de boas composições.
Mairon:O início do álbum não me agradou muito, mas a partir do momento em que os instrumentos locais começaram a aparecer, a coisa mudou de figura. Adoro o som da bouzoki, tabla, oud e outros instrumentos do oriente, e acredito que casou bem com o som metálico produzido no álbum. Vou procurar ouvir os demais discos, já que realmente gostei do resultado final com destaque para "Ocean Land (Revelation)", "A'salk", "Building the Ark" e as lindas "Rainbow (The Ressurection)" e "The Calm Before the Flood". Ótimo disco, e obrigado por quem o indicou.
Marco: Tenho mania de ler comentários e o pessoal caprichou: masterpiece, great, ultrapassa fronteiras do metal e por aí vai. Também gostei, justamente por ouvir nele o que não ouvi no EZO: etnia. No meu caso isso também ajuda a diluir a sensação de mais do mesmo dos discos de metal. Fico prestando atenção nos detalhes étnicos e esqueço que o resto parece que já ouvi aqui e ali. Mas o conjunto da obra é muito, muito bom mesmo.
Ronaldo: A banda israelense prova que, quem se digna a fundir elementos muitos distintos entre si, tem que ter mão de cozinheiro e muita sapiência musical para atingir um bom resultado. Neste caso, os ingredientes são um som pesado, com muitas variações e dinâmicas progressistas, com diferentes interpelações vocais, ora líricas, guturais ou melódicas, apoiadas em boas linhas vocais, com certeiras inserções de elementos folclóricos. As composições são bem amarradas, e alguns solos de guitarra e passagens de instrumentos acústicos são realmente memoráveis. Uma bela descoberta.
Ulisses: Grandioso! Uma mistura de progressivo, melodic death metal, folk e música mediterrânea que consegue, de alguma forma, soar coesa e cativante. Contando também com narrações, coros e instrumentos orientais em determinados momentos, ouvir Mabool é uma experiência memorável. Difícil citar destaques já que o disco inteiro é majestoso, mas gostei bastante mesmo de "The Kiss of Babylon (The Sins)", da agressiva "Halo Dies (The Wrath of God)" e da folk metal "Norra el Norra (Entering the Ark)", além da belíssima e virtuosa guitarra em "The Storm Still Rages Inside". Fica a recomendação, para os interessados em ouvir, que vão atrás da letras também, já que Mabool é um disco conceitual e traz uma história bem interessante sobre as três religiões abraâmicas. Obrigado a quem indicou este álbum; sem dúvidas o melhor a figurar nesta edição.
Vox Dei - La Biblia [1971] [Argentina]
Por Mairon Machado
Um dos maiores ícones do rock argentino, La Biblia é daqueles discos obrigatórios, que devem ser obrigatoriamente listados entre os Top 10 naquele famoso livro 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer. Sua modernidade é surpreendente para um álbum duplo gravado na capital portenha em 1970, e a ousadia de recriar o famoso Texto Sagrado foi superada pelo talento e competência de uma das maiores bandas da América do Sul. Os ainda novatos Vox Dei fazem uma obra-prima ao apresentar o Novo e o Velho Testamento em pouco menos de uma hora, destacando as quatro longas e intrincadas faixas que constituem o Velho Testamento, seja no andamento sinistro de "Génesis", na delicada viajem de "Moisés", no peso alucinante e os solos ácidos da suíte "Las Guerras", e no clima pampeano-bluesy de "Profecías". O Novo Testamento contém mais quatro canções, não tão longas quanto as do Velho Testamento, mas igualmente tocantes, com destaque para a dupla "Cristo (Nacimiento)" e "Cristo (Muerte y Resurrección)", ambas trazendo um emocionante arranjo de cordas criado por Roberto Lar. As gravações foram complicadas, com brigas internas que levaram a saída do guitarrista Juan "Yodi" Godoy, mas La Biblia permanece intacto até hoje como um dos primeiros discos conceituais da América do Sul, e um dos melhores da história.
André: Disco progressivo com energia e culhões! É o que o Vox Dei transparece nessa primeira audição visto que não conhecia a banda. Adorei a bateria desse disco, o hermano Rubén Basoalto mandava muito bem nas baquetas. Dentre as composições, "Moisés" se tornou a minha favorita aqui. Disco lindíssimo, precisaria ouvir muito mais se fosse para descrever mais detalhes dessa obra.
Davi: Lançado em 1971, esse é o segundo álbum do Vox Dei. É um trabalho super bem conceituado, portanto, tinha muita curiosidade de ouvir. Rock progressivo. Era bem feito. Os músicos eram excelentes, mas as músicas, infelizmente, não me cativaram. A mais bacana acho que foi “Las Guerras”. Da Argentina, meus preferidos continuam sendo o Rata Blanca, o Kefren e o Soda Stereo
Diogo: Bela indicação, certamente a experiência auditiva que mais chamou minha atenção nesta edição. Mesmo que não tenha a competência de Justin Hayward e cia., o Vox Dei remete ao The Moody Blues em vários momentos do tracklist, especialmente pelo uso extensivo de harmonias vocais. Por outro lado, a banda argentina também descamba, em outras partes, para o lado mais hard do prog, como em “Las Guerras”, além de soar mais simples e até blueseiro em outros (“Cristo – Muerte Y Ressurrección”) Não cheguei a acompanhar as letras enquanto ouvia as canções, algo que deve dar mais sentido ainda a esta obra conceitual.
Fernando: Mesmo tendo identificado suas qualidades, talvez foi o disco da lista que menos gostei. Quando propus o tema, estava certo que algum grupo sul-americano seria escolhido e eu nunca cheguei a realmente gostar de bandas argentinas por exemplo.
Marco: Tenho muita dificuldade para escrever sobre esse disco. Não porque me faltem as palavras, mas é que ajoelhado, com o torso quase junto ao chão e os braços esticados em sinal de reverência fica muito difícil escrever. Tenho um respeito profundo pelo Vox Dei, uma das melhores bandas dos anos 70. E não só da Argentina. E esse La Bíblia é um monumento. Crentes e devotos deveriam carregar o disco nas mãos e pregar sobre ele para ouvidos carentes da Canção. Deveria ser obrigatório, inclusive, nos tribunais: jura ouvir a verdade, nada mais que a verdade etc. É, de longe, a melhor escolha de todas feitas aqui.
Ronaldo: Quem quer se aventurar para fora do eixo US-UK na música pop e rock deve fazer escala na Argentina e por lá se deparar com esse disco primoroso. A banda é pretensiosa por vários motivos – lançar o primeiro disco conceitual do país, ter logo como segundo lançamento da carreira um disco duplo e conceitual tratando de um tema amplo e complexo como a Bíblia, e ainda não ter a maturidade musical para executar uma idéia tão ampliada quanto essa (a banda era formada por garotos na faixa de seus 20 e poucos anos). Mas o resultado é maravilhoso (ainda que perceba-se pequenas falhas técnicas e de execução ao longo do disco) especialmente por conta das composições, dos arranjos (por ora simples, como uma solitária guitarra limpa em "Profecias", por ora pomposos, como o arranjo orquestral em "Cristo y Nacimiento") e da emocionante interpretação dos músicos. Destaco a belíssima "Moisés", com suas guitarras psico-transcendentais e as vozes em duo.
Ulisses: Disco conceitual, progressivo e psicodélico sobre algumas narrativas bíblicas. As composições descem muito bem, tendo seus momentos mais virtuosos ou viajados, mas sempre agradando. Destaco a maravilhosa abertura "Génesis", a acelerada "Las Guerras" e a bonita "Libros Sapienciales". A instrumental "Apocalípsis" ficou meio sem sal; com a riqueza lírica e imaginativa do último livro bíblico, dava para ter feito algo bem épico para encerrar o LP, mas tudo bem.
Shin Jung Hyun & Yup Juns - Vol 1 [1974] [Coréia do Sul]
Por Marco Gaspari
Considerado o pai do rock na Coreia do Sul, o guitarrista Shin Jung Hyun já tocava nas bases americanas sediadas em Seul em meados da década de 50, logo após a Guerra da Coréia. Durante os anos 60 o seu som foi ficando cada vez mais psicodélico. Sua meta: tocar rock’n’roll no estilo coreano, coisa que conseguiu principalmente ao formar os Yup Jens (Lee Nam-Lee no baixo e Kwan Young Nam na bateria). O disco que escolhi - o Vol.1, de 1974, é uma regravação de um disco muito raro, pois só saíram 500 cópias que foram usadas para divulgação nas rádios. Como a mistura de rock e música coreana de raíz foi muito radical, os executivos da gravadora, descontentes com o resultado, exigiram que o disco fosse regravado com uma pegada mais hard e psicodélica, mas Shin Jung Hyun ainda fez valer o jeitinho coreano de tocar.
André: Interessante que o próprio Shin Jung Hyun dedilha suas influências locais na guitarra. O baixo aparece bem, o vocalista segura a onda mas achei a bateria um pouco apagada pela produção. Os pratos mesmo parecem estranhos, dando a ideia que os microfones de captação ou a acústica do local de gravação prejudicarem muito o instrumento. Independente disso, o disco é legal e Hyun é um guitarrista bem acima da média. Tenho curiosidade de ouvir trabalhos mais recentes dele em nossa época com acesso a estúdios e produções muito melhores.
Davi: Esse foi uma ótima surpresa. Quando vi a capa do disco, achei que iria ser chatinho, mas é como dizem... ‘nunca julgue um livro pela capa’. Bem, nesse caso, um disco. Disco muito bacana. Oras trazendo uma pegada mais hard, oras mais psicodélica, sempre com bastante groove por trás. Destaque para o trabalho de guitarra e para as composições que contam, em sua maioria, com ótimas melodias.
Diogo: Não é todo dia que se conhece um guitarrista de estilo psicodélico vindo da Coreia do Sul, isso em uma época em que o país ainda não era a potência asiática atual e vinha de uma guerra que havia dividido uma nação em duas. Não morri de amores pelo som, mas Shin Jung Hyun, o guitarrista em questão, manda bem, e merecia um vocalista melhor, seja ele quem for (não sei se não é o próprio cantando, alguém pode esclarecer?). Ao que parece, o cara é um tipo de herói nacional, embaixador do rock local, e isso basta para que a experiência de tê-lo ouvido valha a pena por ora.
Fernando: Em alguns momentos o grupo coreano me parecia com um de música popular oriental. Só quando as guitarras estridentes entravam que a faceta hard rock do grupo aparecia. Ouvi as músicas pelo youtube e em muitos casos foi difícil identificar se estava sempre no mesmo álbum.
Mairon: Psicodelia coreana conduzida pelo lendário guitarrista Shin Jung Hyun. Lembro que quando comecei a mergulhar nas bandas progressivas do Japão, o site que me fornecia tal material tinha Shin Jung como um semideus, e conheci muitos de seus discos por lá. Seu estilo é simples, sem virtuose ou efeitos, mas o embalo sessentista de faixas como "Think", "Lady", além do vocal oriental, trazem momentos que facilmente me pegam balançando a cabeça e cantando em uma língua desconhecida. O ritmo suingado de "Long, Long Night" e "I've Got Nothing To Say" me faz pensar que se houvesse uma distorção um pouco mais forte, o Shin Jung Hyun talvez tivesse se tornado mais reconhecido no resto do mundo. O melhor momento fica para o encerramento, com o jazz instrumental de "The Rising Sun". Mais um belo disco nesse Recomenda, que talvez, seja o melhor Recomenda que já foi feito até aqui.
Ronaldo: Acho que nunca tinha escutado nada da distante Coréia do Sul. Apesar da distância, algo aproxima o som (ao menos o desse grupo) de lá com o daqui do Brasil – discos dos anos 70 soando ainda como discos dos anos 60. Seja pela sonoridade, qualidade da gravação ou pelas fórmulas de composição. O disco de Shin Jung Hyun balanceia aqui e ali pelo som beat, uma abordagem pop para o rock psicodélico, e acordes que remontam à costa oeste americana, com alguns poucos riffs dobrados entre baixo e guitarra fazendo conexão com o som setentista. Interessante apenas para vidrados na sonora rústica dos anos 1960.
Ulisses: Algo de psicodélico, blues e hard rock. O cara é um bom guitarrista e tem uma voz que não deixa o negócio monótomo, e as melodias são ótimas. É um disco agradável, mas não passa disso.
Ragnarok - Nooks [1976] [Nova Zelândia]
Por Ronaldo Rodrigues
Se uma viagem para a Nova Zelândia pode ser longa e cara para seus quadris, experimente a trilha sonora que pode te teletransportar para lá, acomodado na primeira classe de melodias mágicas e sonoridades espaciais. Você estará confortavelmente sentado em um tapete galáctico, tendo os ouvidos alimentados pela música deliciosa do Ragnarok e seu disco Nooks. Seu passaporte já estará carimbado logo na ida para a outra dimensão.
André: O bacana do disco é a mistura de diferentes vertentes do progressivo: o disco começa sinfônico tipo Yes, lá pelas tantas começa algo psicodélico, depois fica algo tipo boogie rock, aí tem umas viagens espaciais, uma pitadinha de folk e depois volta tudo como antes. Não é um trabalho que serviria para competir por espaço junto aos grandes medalhões da época, mas os belos arranjos vocais como em "Path of Reminiscence" e a instrumental "Nooks" garantem uma audição no mínimo agradável.
Davi: Rock progressivo bem viajado e bem melódico. A banda é dos anos setenta. Durante a audição, é bem perceptível a influência de nomes como Pink Floyd e Genesis (fase Peter Gabriel). O que mais me chamou a atenção durante a audição, contudo, foi o trabalho de teclado. Muito bem elaborado. Dentre as composições, as que mais curti foram “The Volsung” e ‘Waterfall/Capt. Fagg”. Bom disco!
Diogo: Não fosse o conhecimento prévio, poderia afirmar que essa banda é da Europa continental, levando em consideração a pegada mais sinfônica e uma certa inocência que as bandas inglesas da época já não tinham mais. Achei uma audição gostosa, tranquila, especialmente em se tratando da canção que dá nome ao álbum. Desceu macio e reanimou.
Fernando: Ragnarok é algo como o apocalipse dos deuses nórdicos. É estranho saber que uma banda de um país tão distante tenha se batizado dessa forma. Porém, mesmo buscando um nome lá no extremo norte do planeta a parte musical foi absorvida de locais de latitudes um pouco mais baixas. Ao meu entender o progressivo praticado pelo Ragnarok é inspirado por bandas alemães como Eloy.
Mairon: Disco viajandão e muito bom, que foi um dos primeiros nomes que me veio à cabeça quando propuseram o tema. Levado pelo moog de Andre Jayet, o ouvinte viaja para outras dimensões, em explorações progressivas que encantam e chapam de cara. O disco inteiro é ótimo, sendo impossível não se contagiar com as viagens de "Fourteenth Knock" e "The Volsung", além do baixão de Ross Muir ser o principal personagem na delirante sequência de alternações em "Waterfall/Capt. Fagg" e da incrível instrumental que é a faixa-título.
Marco: A palavra ragnarok tem a ver com mitologia nórdica. Não entendi direito, mas parece tratar-se de presságios, um deles inclusive aponta a morte de Odin em uma batalha. Bom, acho que mitologia nórdica nunca saiu de moda, pois há uma pá de bandas com esse nome, não só progressivas. A que eu conheço bem era sueca e seu primeiro disco também é de 1976. Quanto ao homônimo neozelandês, faz um progressivo melódico muito agradável. Infelizmente cumpriram o presságio e morreram logo após a batalha deste segundo lp.
Ulisses: Até que é bem decente. As performances são variadas e audaciosas, como em "Waterfall/Capt. Fagg", que vai de prog a boogie. O desenvolvimento drum n' bass no início de "Fourteenth Knock" pega qualquer um de surpresa, também. Só que a segunda metade do disco não é tão interessante, tirando a faixa-título.
Dantesco - De la Mano de la Murte [2005] [Porto Rico]
Por Ulisses Macedo
Apesar de saber que o Dantesco é uma das principais bandas de metal de Porto Rico, ainda diria que não conheço nada da cena metálica de lá. O grupo só apareceu no meu radar quando certo dia, por curiosidade, procurava por bandas que trouxessem vocais operáticos masculinos (a contraparte feminina é conhecida, basta dar uma rápida olhada no gothic e symphonic metal). Além do poderoso e versátil gogó de Erico Morales, o Dantesco apresenta um avassalador epic metal com pitadas de doom e heavy metal tradicional, trazendo letras em sua língua materna. E olha, não é que o espanhol combina com o heavy metal? A parte instrumental também é um deleite, como mostram os solos de guitarra de "Morir de pié" e a leve influência de música flamenca por todo o registro, fazendo de canções como "La Tempestad" e "Oda Al Fin del Mundo" verdadeiros terremotos.
André: Tenho dificuldades de assimilar o espanhol dentro do heavy metal, assim como o idioma japonês. Curiosamente, aprecio ambos quando são cantados no rock progressivo. Por isso demorei um pouco até me acostumar ao heavy metal destes porto riquenhos. Dei uma pesquisada na banda e vi que muitas de suas influências são bandas de doom metal como o Candlemass e Doomsword, mas tirando a timbragem das guitarras, achei que a banda caminha mais pelo heavy tradicional. Talvez nos outros discos essa influência seja mais nítida. Enfim, gostei do instrumental e do vocalista que sabe dosar bem seus agudos e seu canto lírico em ótimas faixas como "Morir de Pie" e "Oda Al Fin del Mundo".
Davi: Eta bateriazinha mal gravada, hein? Letras falando sobre temas obscuros, sonoridade um pouco sombria, pesado. Vi muita gente dizendo que lembra o Mercyful Fate, mas me lembrou mais o Ghost. O cara até que canta legal, mas achei as músicas chatinhas. Não compraria.
Diogo: Gosto quando bandas de heavy metal de diferentes países cantam em seus idiomas natais, mas devo admitir que, com o espanhol, o esforço tem que ser um pouco maior para que as coisas fluam com naturalidade. Quando a gravação não dá destaque à voz e ela soa meio embolada ao restante da massa sonora, aí é que não ajuda mesmo, e a produção precária acaba dando ao Dantesco uma cara de formação de quarto escalão. Instrumentalmente, esse grupo portorriquenho faz um bom trabalho (ouçam “Morir de Pie” e comprovem) e empolga em vários momentos com seu heavy metal de pegada épica. Acho, no entanto, que um tracklist mais enxuto ajudaria a banda, ainda mais considerando que se trata de seu álbum de estreia. O vocalista Erico Morales puxa para a escola vocal de Messiah Marcolin (Candlemass) e isso é bom, mas falta comer muito arroz com feijão.
Fernando: Antes de mais nada eu tenho que elogiar a capa. Achei show de bola com cara das capas da década de 80. No início eu achei que seria mais uma banda de doom metal que usaria e abusaria dos riffs sabbathianos. Mas a banda é mais que isso, com passagens até bastante intricadas e me lembrou o Candlemass. Recomendado.
Mairon: Bela surpresa. Os porto riquenhos descem a mão sem piedade, com destaque para o guitarrista Daniel Ortiz, e o baixista Ramon de Jesús, que também é um exímio violonista clássico. Cantando em espanhol, o grupo diferencia-se entre as bandas metálicas não só por isso, mas também pelas inserções de violão clássico, com destaque para a instrumental "Intro (Tiempo de Calma)", "La Tempestade" e "Ataca La Bestia". Percebo que cada vez mais está melhor ouvir os discos das Listas do Recomenda do que das Listas de Melhores. Valeu para quem indicou esse \m/.
Marco: Fui à caça e me deparei com a expressão “epic doom metal” para definí-los. Esses rótulos dantescos só fodem, pois se eu tentar entender o que é um epic + doom + metal isso vai acabar estragando a boa impressão que tive da banda. Cantam em castelhano – bom! – as letras citam a Peste Negra e outros fatos históricos – muito bom!! – e o som conserva trejeitos de hard rock – ótimo!!!
Ronaldo: As guitarras gritam com força envolvidas em um clima épico e bastante intenso no disco desse grupo porto-riquenho. O guitarrista do grupo me soa como alguém que seria capaz de tocar acima da média também em outros estilos, tanto pelo timbre, quanto pela interpretação e a qualidade de seus solos, apesar de que em certos momentos, faz exatamente aquilo que o fã de heavy metal mais espera e aprecia – solos velozes e furiosos. Os vocais também apresentam elementos originais, pelo uso da língua local, vocais divididos e uma dramaticidade típica dos latino-americanos.
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