domingo, 12 de novembro de 2017

Aerosmith - Parte I



Uma das grandes bandas de todos os tempos, nascida nos anos 70 e que conseguiu sobreviver aos anos 80 com certa relutância dos fãs, mas que tomou novamente o topo do mundo nos anos 90 e nunca mais saiu de lá até os dias de hoje. Assim podemos resumir a longa carreira dos americanos do Aerosmith, para muitos, a "Maior Banda de Rock 'n' Roll da América". Com 15 álbuns de estúdio, e alguns ao vivo, o Aerosmith éo grupo americano que mais vendeu em toda a história, com mais de 150 milhões de álbuns vendidos ao redor do mundo, sendo 70 milhões somente nos Estados Unidos.

Além disso, vinte e uma músicas no Top 40 da Billboard Hot 100 e nove músicas no topo do Hot Mainstream Rock Tracks. Quatro Grammy Award, dez MTV Video Music Awards, membros do Rock and Roll Hall of Fame, 25 discos de ouro, 18 discos de platina e 12 de multi-platina. Um breve resumo de uma discografia cheia de altos e muitos altos (bem como alguns baixos), que você acompanha a partir de hoje, aqui na Consultoria do Rock, em duas partes.


Steven Tyler (o primeiro da esquerda para direita) na Chain Reaction (1967)

O Aerosmith surge em 1969, a partir da união dos grupos Chain Reaction, do qual fazia parte Steven Tyler (vocais, harmônica, piano) e Jam Band, de Joe Perry (guitarra, vocais) e Tom Hamilton (baixista). O Chain Reaction havia sido formado em 1964, com o nome de Sttrangeurs, e da qual era baterista e vocalista. Em setembro de 69, a Jam Band chegou à Boston, Massachussets, com a finalidade de encontrar um novo baterista, Joey Kramer, o qual vinha de Nova Iorque. 

O nascimento do Aerosmith ocorre por acaso. Perry trabalhava em uma lanchonete de Sunapee, em New Hampshire, e tinha como cliente Tyler. Quando o último viu a Jam Band em ação, interpretando a faixa "Rattlesnake Shake" (Fleetwood Mac), surgiu o embrião do Aerosmith, em outubro de 1970.


Joe Perry (centro) com a Jam Band

A formação da banda é concluída com Ray Tabano (guitarras) e Joey Kramer (bateria). O primeiro show ocorre em 06 de novembro de 1970, mas Ray não durou muito, sendo substituído por Brad Whitford logo no início de 1971, o que dá origem a uma das formações mais clássicas da história do rock. Foi Kramer quem batizou o grupo, usando uma palavra que ele gostava de escrever nos seus cadernos da escola, inspirado no disco Aerial Ballet, de Harry Nilsson.

Com diversos shows locais, chamam a atenção da Columbia Records, com quem assinam um contrato de 125 mil dólares em meados de 1972. Na sequência, surge a estreia do quinteto, lançado em janeiro de 1973. 


Versão americana de Aerosmith

Aerosmith é daqueles discos para chamar a galera pra curtir junto. Afinal, como resistir a pegada bluesy de "Somebody", trazendo um interessante solo de Perry, ou "Write Me" e "One Way Street", ambas com a presença marcante da harmônica de Tyler, e as três com riffs fáceis de grudar na cabeça, baseados no mais puro e honesto rock 'n' roll. O que chama a atenção para quem ouve Aerosmith só há algum tempo é como a voz de Steven Tyler era diferente, mais grave e rouca do que atualmente. 

Três grandes clássicos saíram daqui, começando por "Mama Kin", rockzão na linha Stones que foi eternizado pelo Guns N' Roses no álbum Lies, com destaque para o baixo de Hamilton e a presença do saxofone de David Woodford, a baladaça "Dream On", que ganhou fama nos anos 90 com uma nova gravação com orquestra, mas que na versão original, é uma arrepiante faixa onde a guitarra dolorida de Perry casa perfeitamente com os vocais agonizantes de Tyler, responsável também por pilotar o mellotron na canção, e "Walkin' the Dog", sucesso de Rufus Thomas que tornou-se um dos riffs mais marcantes de Perry e Whitford, na linha de "Come Together" (The Beatles), mas com muito peso e sujeira exalando das caixas de som. 


Versão britânica

Destaco ainda a sensacional "Movin' Out", pesada faixa inspiradíssima nos riffs afiados de Paul Kossoff no Free, e a pancada "Make It", com uma levada peculiar da bateria de Kramer em uma das introduções mais foderosas do grupo. Com certeza, não é para as menininhas que adoram "Cryin'" ou "Crazy", pois é pancada comendo praticamente o tempo inteiro.


A estreia do logo alado

Uma grande série de shows veio na sequência, e já em 1974, chega o segundo disco da banda, Get Your WingsEste é mais um belo disco dos americanos, praticamente o que os levou a consagração, conquistando a platina tripla em seu país. Aqui surge o famoso logo alado que virou marca consagrada da banda, bem como é o início da grande parceria com o produtor Jack Douglas. 

O disco é mais trabalhado do que seu antecessor, como atestam a presença do piano - a cargo de Tyler - na dançante "Lord of the Thighs", os efeitos de ventos assustadores na viajante "Seasons of Wither", a qual pode se dizer ser a balada do álbum, apesar de estar longe de ser isso, e os efusivos metais na clássica "Same Old Song and Dance" e no groove de "Pandora's Box", metais esses a cargo de Michael Brecker (saxofone tenor em ambas), Michael Brecker (saxofone barítono em ambas), Jon Pearson (trombone) e Randy Brecker (trompete) em "Same Old Song and Dance". "S. O. S. (Too Bad)" é uma faixa próxima ao punk, com as guitarras sujas sendo o centro das atenções, em um ritmo empolgante.


Compacto de "Train Kept A Rollin'"

Quando o quinteto resolve soltar a mão, apresentam faixas emblemáticas, com o peso de "Spaced" fazendo atiçar os ouvidos para similaridades Zeppelianas, . Ponto alto para a longa "Woman of the World", com sua grandiosa introdução e um show de Perry na guitarra e de Tyler na harmônica, e a foderástica versão para "Train Kept a Rollin'", a canção original de  Tiny Bradshaw, imortalizada pelos Yardbirds e que com o Aerosmith, virou uma surpreendente faixa swingada, que transforma-se violentamente para quebrar o pescoço sem piedade, tendo as participações de Steve Hunter e Dick Wagner nas guitarras. Vale destacar que quando ocorre a mudança para a pancadaria, surgem gritos como se a faixa fosse gravada ao vivo. 

Na verdade, Doulgas resolveu usar um overdub do álbum The Concert for Bangladesh, apesar de que originalmente, a banda queria mesmo ter registrado a faixa ao vivo. "Same Old Song and Dance", "Train Kept A-Rollin'" e "S.O.S. (Too Bad)" foram lançados em hoje cobiçados singles, mas não emplacaram nos charts americanos. Apesar disso, o caminho do Aerosmith já estava traçado para o sucesso a partir daqui.

O multi-platinado Toys in the Attic

Depois de garantido o sucesso, o Aerosmith veio com aquele que para mim é um dos melhores discos de sua carreira. A começar pela faixa-título, uma violenta avalanche de riffs extraídos por Perry e Whitford, e um refrão perfeito para gastar a garganta gritando em shows, Toys in the Attic é o álbum clássico que deve servir para apresentar uma determinada banda à alguém. 

Afinal, aqui estão os grandes hits "Walk This Way", união seminal do rap com o rock, de forma como poucas bandas conseguiram fazer, e "Sweet Emotion", com um riff dançante similar ao de "Walk This Way", mas bem mais sujo, destacando o uso do vocoder por Perry, para criar efeitos impressionantes, além do baixão de Hamilton ficar hipnotizando a cabeça do ouvinte por dias, bem como a presença de Jay Messina na marimba,  Mas o álbum não vive só delas, afinal, como resistir ao rockzão de "Adam's Apple", mais um show de guitarras pela dupla Perry / Whitford, ou o peso descomunal da violentíssima "Round and Round", uma das melhores faixas da banda, praticamente obscurecida pela grandiosidade dos hits que citei anteriormente, e que seria um adicional interessante no atual set list da banda, já que é daquelas faixas que surpreendem na primeira audição (quem diria que a banda que gravou essa bigorna de 300 toneladas veio a fazer melosidades como "Cryin'" ou "I don't Wanna Miss a Thing" anos depois?). 

Aerosmith nos anos 70: Tom Hamilton, Brad Whitford, Steven Tyler, Joe Perry e Joey Kramer

Nas faixas mais amenas, como "Uncle Salty" e "No More, No More", predomina uma interpretação segura de uma banda que conseguiu atingir sua maturidade, criando seu próprio estilo onde os riffs rockers e os refrões grudentos serviram de inspiração para várias bandas dos anos 80 (Guns n' Roses, Skid Row, Ratt e por aí vai). A segurança do grupo era tamanha que eles foram capazes de recriar o jazz embalado de "Big Ten Inch Record" (original de Fred Weismantel) sem deixar a peteca cair, com Scott Cushnie ao piano, Tyler na harmônica e a presença dos metais, dirigidos por Michael Mainieri, que também é reponsável pela orquestra na baladaça "You See Me Crying", um tapa na cara daqueles que acham que a banda só veio a fazer balada melosa nos anos 90. 

A diferença é que nessa época, as baladas ainda tinham pitadas hard para serem absorvidas pelos fãs que admiravam a pegada rocker do grupo, mas claro, a voz chorosa de Tyler já servia para molhar calcinhas ao redor do planeta. O disco chegou na décima primeira posição na Billboard, conquistando platina óctupla nos Estados Unidos (oito milhões de vendas), e teve como singles "Sweet Emotion", "Walk This Way" e "You See Me Crying" / "Toys in the Attic". 

Quer conhecer a banda, vá direto aqui, e não irá se arrepender, apesar de muitos atribuírem ao seu sucessor os méritos para tal, como veremos daqui há dois dias.


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