E  os anos se passaram. Ritchie Blackmore finalmente tinha um vocalista  gritando no palco tal qual Robert Plant fazia no Led Zeppelin (o que  comprova a importância do Led até para as principais bandas do ramo).  Porém, o mar de rosas começou a sugar o barco purpleano durante as  gravações de Who Do You Think We Are?.  Blackmore e Ian Gillan começavam a se desentender cada vez mais, tanto  que Gillan chegou a compor uma música do disco especialmente para o  guitarrista: "Smooth Dancer".
No primeiro semestre de 1973 o  clima de stress entre os dois chega ao auge. Gillan passa a beber  demais, o que o levava a discussões coléricas e chiliquentas nos mais  variados lugares (hotéis, camarins, restaurantes, aviões, ...),  anunciando aos empresários que, após a excursão ao Japão, em junho  daquele ano, pularia fora do barco.
29 de junho de 1973 se  tornaria uma das datas mais importantes para o rock mundial. Ali, um  grande grupo, com seguidores por todo o mundo, contando com uma formação  brilhante e que lançara álbuns incrivelmente fantásticos, lotando casas  de shows e mostrando uma competência no palco impecável, caía às  ruínas. Durante o show de Osaka, Ian Gillan anunciava ao mundo que  aquele era o último show do Deep Purple com ele, inclusive negando-se a  cantar um dos principais versos de "Smoke on the Water", o que fala  exatamente sobre que "não importa o que possamos tirar disso".
A  saída de Ian Gillan chocou a todos, menos Blackmore, que ainda sugeriu a  Roger Glover para que o mesmo saísse da banda. E foi o que ele fez, se  dedicando a produção de novos talentos (entre eles, Nazareth e Judas  Priest) na gravadora do Purple - Purple Records -, além de produzir seu  próprio álbum, The Butterfly Ball, enquanto Gillan foi trabalhar no ramo da hotelaria e também desenvolvendo competição de motos.
As  especulações em torno do novo vocalista surgiam com nomes como Paul  Rodgers e Phyl Lynott. Na verdade, o trio Lord/Blakmore/Paice já estava  de olho em um jovem talento que surgia no power trio Trapeze. Assim,  partem para acompanhar a turnê americana do grupo, onde em Nova York  oferecem a proposta para Glenn Hughes ser o novo baixista do Deep  Purple. Hughes aceitou a proposta com uma condição: metade das músicas  deveriam conter vocalizações suas.
Próximo passo: encontrar um  vocalista fixo. Para isso, um novo anúncio foi colocado nos jornais, de  onde surgem milhares de candidatos, entre eles um dos líderes da The  Fabulosa Brothers, David Coverdale. O contato de Coverdale com o Purple  ocorreu através de um management muito salafrário chamado Roger Baker,  que conseguiu o telefone de contato da Purple Records e informou que  naquela semana enviaria uma fita da The Fabulosa Brothers para ser  conferida.
 Três semanas após a audição da tal fita, que contava  com uma foto de Coverdale ainda escoteiro, o cantor foi chamado para uma  audição, com a confirmação do mesmo como novo vocalista do Deep Purple  ocorrendo em setembro, ao mesmo tempo que Hughes se despedia do Trapeze.  No mesmo mês começam a compor para o novo álbum.
 A nova formação  sobe ao palco pela primeira vez novamente na Dinamarca, desta vez em  Copenhagem, no dia 09 de dezembro de 1973, onde também gravaram uma  faixa instrumental, "Coronarias Redig", que virou lado B de "Might Jut  Take Your Life" e pode ser conferida na coletânea Anthology de 1985. Até 17 de dezembro ainda passam por Suécia, Bélgica, Áustria e Alemanha.
No ano seguinte dão sequência à turnê com shows na França e Alemanha no mês de janeiro, mostrando que, apesar de Burn  ter sido considerado um álbum leve, no palco o bicho pegava pra valer,  com muitos solos e, principalmente, apresentações insanas e ferozes de  Paice, Blackmore, Hughes e Lord, notabilizando que a entrada de  Coverdale e Hughes tinha dado um gás novo para o quinteto, assim como a  parada para a reestruturação do Purple aumentou o contato de Blackmore  com a guitarra, permitindo aumentar sua técnica e variar entre momentos  rápidos e trechos celestiais.

Burn marca a estreia em LP da Mark III
Burn chegou  às lojas inglesas em fevereiro de 1974, e na América no mês seguinte.  Um álbum fantástico, que mesmo com o início elétrico trazia uma  sonoridade muito diferente da Mark II. Como citado, o LP começa com um  dos principais riffs do rock mundial introduzindo a faixa-título. O  potente vocal de David Coverdale surge para o mundo, com Glenn Hughes  auxiliando em diferentes estrofes. Blackmore faz um de seus solos mais  vibrantes, seguido pelo solo de Lord. O pique de "Burn" é  incompreensível, com Hughes e Paice mantendo a cadência durante exatos 6  minutos de muito agito e quebração de pescoço.
 A seguir o clima  muda com "Might Just Take Your Life", uma prova de democracia purpleana.  Mais um riff inesquecível no Hammond de Jon Lord introduz a voz de  Coverdale na primeira parte da letra, aliás uma das melhores do Purple,  seguido do refrão. A sequência de alternância de vocais é fantástica,  com Hughes dando um balanço e malemolência simplesmente fenomenais. A  faixa encerra com um solo de Lord sob os vocais de Hughes e Coverdale.  Perfeição pura!!!
A pancadaria retorna em "Lay Down Stay Down",  em um pique parecido com o de "Burn". Aqui os destaques são o piano de  Lord e as viradas de Paice, bem como o riff executado por Blackmore e  Hughes. Coverdale canta a primeira parte da letra e Hughes a segunda,  com o mesmo ocorrendo no refrão, outra prova da incrível harmonia vocal  construída pelos dois.
 O lado A encerra com "Sail Away", uma  canção dançante, onde novamente a divisão de vocais funciona, e bem.  Para os fãs da Mark II talvez essa faixa não seja das melhores, mas para  um apreciador de música em geral o ritmo dançante e as melodias de  Blackmore e Lord são muito boas.
 O lado B inicia como o lado A.  Muito pique e vibração fazem parte de "You Fool No One" (a primeira  música do Purple que ouvi em minha vida). Pouco a pouco os instrumentos  vão sendo acrescidos à canção. Ian Paice apresenta seu braço esquerdo,  quase quebrando o prato, seguido de Blackmore, Hughes e finalmente Lord,  que constróem um riff matador, com Coverdale e Hughes cantando juntos.  Novamente Blackmore brilha em dois grandes solos, fazendo desta mais uma  obra-prima.
 A alternância de sonoridades já havia ficado marcada  no álbum, e a faixa seguinte é a dançante "What's Goin' on Here",  talvez a mais parecida com as músicas do Trapeze. Cheia de overdubs, a  introdução na guitarra de Blackmore dá espaço para as harmonias vocais  funcionarem. Coverdale e Hughes cantam cada um uma frase da letra, com  ambos dividindo os vocais no refrão. O solo de Blackmore é simples e  direto, com Lord delirando ao piano, o que é muito legal, principalmente  por fugir do habitual uso de Hammond.
 A seguir uma das baladas  mais lindas da história do rock, "Mistreated". Composta ainda nos tempos  em que o grupo estava procurando por um vocalista para substituir Ian  Gillan, quando pronta se tornou uma pérola, iniciando com o magistral  riff de Blackmore acompanhado pelo bumbo de Paice. Hughes e Lord  precisam de apenas duas notas para desconstruir a música, e assim,  Coverdale rasgar a garganta com o "I've been mistreated ...", acompanhado pelo blues arrastado e sôfrego que deixou muito cabeludo chorando pelos cantos.
Finalmente Blackmore conseguia um vocalista para soar igual a Robert Plant, e Coverdale esbanja "baby, baby" e "oh, woman"  para tudo que é lado, mas de forma totalmente emocionante,  principalmente pelo arranjo feito por Blackmore. Única canção do disco  que é cantada somente por Coverdale, tem em seu encerramento o momento  derradeiro, com Hughes e Coverdale dividindo as vocalizações no  crescendo final, enquanto Blackmore sola como se fosse o último momento  de sua vida. Coverdale encerra a canção sozinho e dizendo apenas que "I've been losing my mind". Divino!!
O  álbum encerra com a instrumental "A-200", onde Lord brinca no  sintetizador acompanhado pela marcha de Paice e Hughes. Blackmore mostra  suas armas sobre o mesmo acompanhamento, mas o destaque maior vai  realmente para Lord, que parece um garoto executando o tema principal e  viajando em longas notas no Moog e no sintetizador. Detalhe importante: o  nome da faixa se deu em homenagem a uma pomada americana usada para  matar chatos (aquele piolho que gruda na virilha).
Com o lançamento de Burn  nos EUA, ocorre também o retorno da banda à terra do Tio Sam, tocando  em Detroit no dia 03 de março. Já em o6 de abril ocorre um dos fatos  mais marcantes de toda a carreira do Purple. Assim como o incidente no  hotel de Montreux que gerou "Smoke on the Water", a participação no California Jam é lembrada por muitos como o último grande momento de Blackmore à frente do grupo.

Ritchie Blackmore e seu amigo camera man
Aqui vale um aparte. A história do California Jam tem suas origens com o fracasso financeiro de Woodstock.  Os promotores Sandy Feldman e Lenny Stogen viram na organização de um  festival de rock ao ar livre uma forma de se ganhar dinheiro com a  música. Assim, levaram a ideia para a rede de TV ABC, que se interessou  na hora com o projeto, afim de levar a cabo um programa de TV chamado In Concert, e conseguindo um patrocínio da Goodyear para a realização do evento.
Com  o contrato na mão saíram atrás de grandes nomes da música e que não  tocavam nos EUA há algum tempo. Daí surgem Black Sabbath, Seals &  Croft, The Eagles, Black Oak Arkansas, Rare Earth, Earth Wind &  Fire, o próprio Purple e o Emerson Lake & Palmer, que encerraria o  festival.
Dois palcos móveis foram montados na arena do Ontario  Motor Speedway, em Ontario, California, tendo ao fundo um gigantesco  arco-íris de madeira, que deu nome a outra grande banda ligada ao  Purple. Duzentas mil pessoas apareceram no local, que contou com uma  excelente infra-estrutura e um belo dia de sol (diferente do que  ocorrera em Woodstock), com os lucros beirando os 2 milhões de dólares.
Uma  das expectativas para o evento realmente era a apresentação da nova  formação do Deep Purple, que já vinha sendo bastante comentada nos  veículos musicais, principalmente pelo fato de Blackmore vir  costumeiramente quebrando sua guitarra, com um dos agentes da emissora,  Josh Wishe, exigindo que, quando fizesse tal atitude, Blackmore viesse a  favorecer as imagens das câmeras.
Tudo corria tão bem que, às  18:30, os promotores perceberam que o evento iria acabar mais cedo. O  sol raiava quando os bastidores começaram a pegar fogo. Sendo a atração  principal, o Purple estava programado para entrar no palco às 19:30, já  sem nenhuma luz natural, para finalmente o ELP encerrar o show por volta  das 22:00. Porém, como as apresentações antes do Purple acabaram mais  cedo, os promotores tentaram obrigar o grupo a se apresentar antes,  ameaçando de diversas formas, inclusive de não pagar o fabuloso cachê de  75 mil dólares e mais parte de bilheteria, com o total sendo de 200 mil  doletas.
 Blackmore recusou na hora, alegando que iria tocar  apenas às 19:30. Indignado, o promotor começou a contar até trinta,  enquanto Blackmore calmamente afinava sua guitarra. Vendo que não  adiantava nada, correu atrás dos demais integrantes, convencendo Lord a  tentar falar com Blackmore. Segundo o próprio Blackmore, "Lord  veio até a mim e disse para eu ir tocar pelo resto do grupo, e eu  prontamente disse que não, e que estava pronto para sair da banda  naquele momento".
No  começo da noite outro empresário da ABC foi ao camarim de Blackmore e o  convenceu a finalmente entrar no palco. Com quase meia hora de  intervalo, os primeiros acordes de "Burn" soaram nos amps do California Jam,  seguidos de "Might Just Take Your Life", "Lay Down Stay Down" e uma  divina apresentação para "Mistreated". A partir de então, o que se viu  no palco foi uma das mais eletrizantes apresentações da carreira da  banda.
"Smoke on the Water" e "You Fool No One" rolaram com muita  intensidade e solos individuais, com Hughes parecendo estar tocando no  Purple desde pequeno, totalmente seguro e magistral, e Coverdale  esbanjando simpatia e voz. Porém, foi em "Space Truckin'" que o mundo  veio abaixo. Ali Blackmore, que ainda não havia esquecido o ocorrido  minutos antes, pôde demonstrar a raiva que se acumulou contra a ABC  durante o show, principalmente pelo fato de a emissora ter colocado um  cinegrafista muito perto do guitarrista, que o deixava praticamente sem  condições de se movimentar pelo palco, e também bloqueando a visão do  público.
Então, durante o êxtase final de "Space Truckin'", com  Blackmore solando tudo o que podia, o momento esperado pelos agentes e  público começou a ocorrer. A Fender negra de Blackmore começou a voar  pelo palco, até cair no chão e ser golpeada pelo guitarrista diversas  vezes. Lembrando-se das palavras do produtor de "favorecer as câmeras",  Blackmore retirou a guitarra do chão e levou-a direto à camera do tal  cinegrafista que estava ao seu lado durante todo o evento, destruindo  guitarra e equipamento.
 Não satisfeito, Blackmore ainda  aprontaria mais uma. Ele já havia planejado uma grande explosão para  encerrar o show, e pediu para que alguns litros de gasolina fossem  colocados em um amplificador de 450 watts que estava no fundo do palco.  Porém, os roadies exageraram na dose e, com Hughes, Lord e Paice  mandando ver na sonoridade de "Space Truckin'" e com os produtores da  ABC de queixo caído vendo um equipamento completo ser destruído ao vivo e  a cores, uma enorme explosão ocorreu, atingindo fortemente Paice e  jogando Blackmore para a frente do palco, causando uma experiência  visual chocante até os dias de hoje. Até mesmo Hughes, que estava do  outro lado do palco, acabou sofrendo algumas lesões por causa da  explosão. Novamente, Blackmore cita que "não  queria ter feito nada daquilo, eu queria apenas matar o cidadão que  ficou contando até 30 para mim. Se ele estivesse por perto, vocês não  iriam ver apenas uma câmera quebrada, mas sim um cara morto".
O  festival seguiu com a apresentação do ELP, mas os danos causados já  tinham afetado os produtores da ABC, que receberam uma carta  conciliatória dos empresários do Deep Purple, onde comprometiam-se a  pagar todos os danos causados pela apresentação da banda, que no total  foram de 8 mil dólares.
O tal In Concert foi ao ar, e toda essa fantástica apresentação do Purple pode ser conferida no CD e DVD California Jam,  sendo que existem duas versões, uma com as imagens que saíram na edição  do programa (sem "Lay Down Stay Down") e outra com a apresentação  completa. A sequência da destruição da guitarra foi registrada em  diversas fotos que aparecem na capa interna da coletânea Anthology, sendo a capa da mesma o exato momento onde ocorre a explosão do amplificador.
Após  a passagem explosiva na América retornam para a Inglaterra no dia 18 de  abril, indo até o final de maio. Após um mês de descanso, onde alguns  projetos solos foram realizados e inclusive uma operação de apendicite  por parte de Lord, bem como o processo de divórcio de Blackmore, voltam  para os ensaios no Clearwell Castle, e a gravação do segundo álbum com a  já consolidada Mark III começam em agosto, ao mesmo tempo que algumas  apresentações ocorrem na América tendo a banda ELF (de Ronnie James Dio)  como abertura.
Como Blackmore estava emocionalmente abalado com  sua separação, Hughes e Coverdale tiveram a oportunidade de colocar as  mangas de fora na produção das canções, tornando o som da banda ainda  mais dançante.
 
Stormbringer traz uma das mais belas capas da carreira da banda
Em novembro de 1974 chegava às lojas aquele que para mim é o melhor trabalho do Deep Purple. Stormbringer  trazia uma sonoridade totalmente diferente do que já havia sido feito  na história do grupo. Hughes e Coverdale mostraram que, em pouco tempo à  frente de uma grande banda, tinham caráter e potencial para serem  grandes estrelas.
O disco abre com o petardo da faixa-título,  "Stormbringer", e mais um riff fantástico, tendo Coverdale imitando as  falas de Linda Blair, a garotinha do filme O Exorcista.  Coverdale canta ferozmente, com o tradicional dueto de vozes no refrão.  O solo de Blackmore é feito com uma distorção estranha na primeira  parte, que deu um charme especial para a faixa, com a distorção normal  sendo usada para a segunda e mais agitada parte do solo. Clássico dos  clássicos na discografia do grupo.
A seguir temos a sensual "Love  Don't Mean a Thing", uma precursora do Whitesnake, com os resmungos de  Coverdale sobre o riff de Blackmore. Paice e Hughes criam uma swingada  estrutura para Coverdale começar a cantar a letra, seguido pelos vocais  de Hughes, assim como ocorrera no álbum anterior.
Outra grande  letra do Purple surge em "Holy Man". Composta por Coverdale antes mesmo  de entrar no grupo, aqui ela curiosamente é cantada por Hughes.  Blackmore introduz com um lindo solo, levando aos vocais de Hughes sobre  uma levada lenta e muito bonita. Os teclados de Lord se fazem  presentes, e a canção se encerra de forma suave, eternizada na mente do  ouvinte.
 O lado A fecha com a mais que dançante "Hold On". O  órgão introduz de forma jazzística, trazendo a cadência de Paice, que se  mostrava cada vez melhor em criar batidas swingadas. Coverdale canta a  primeira parte, dividindo os vocais do refrão com Hughes, detentor dos  vocais da segunda parte.  Blackmore executa um solo muito tímido, que  talvez nem precisasse aparecer, já que o destaque maior vai para Lord no  órgão, com um de seus melhores solos.
 A rápida "Lady Double  Dealer" abre o lado B com um riff muito parecido com o de "Lay Down Stay  Down", e é cantada somente por Coverdale, contando com uma boa  participação de Paice. "You Can't Do It Right (With the One You Love)"  surge como uma das mais legais composições dessa fase. Mais um riff  inesquecível de Blackmore intercalado por intervenções de Lord e Hughes  sobre a dançante levada de Paice. O funkzão anos 70 feito pelo grupo é  contagiante, tornando-se impossível não balançar pelo menos uma das  pernas com o embalo criado aqui. Coverdale canta a primeira parte,  seguido pelo refrão. Hughes surge com a segunda parte, seguido também  pelo refrão e um maravilhoso solo de Lord, com a faixa encerrando com o  embalo inicial.
 "High Ball Shooter" resgata os tempos de Mark II,  com uma forte pegada e apresentando mais uma vez um belo trabalho  vocal, com Coverdale e Hughes cantando cada um uma frase da canção.
 A  linda "The Gypsy" vem com um longo tema instrumental executado por  Lord, com acompanhamento de Blackmore, Hughes e Paice. Coverdale e  Hughes cantam juntos, cada um a sua maneira, e é impossível segurar o  arrepio causado pelas duas grandes vozes juntas. O solo de encerramento  de Blackmore só não é mais lindo por que ele se supera com o  encerramento do álbum.
 Se "Mistreated" é uma das baladas mais  lindas da história da rock, "Soldier of Fortune" é uma das mais lindas  baladas da história da música. Blackmore ao violão traz o riff  principal, que assim como o de "Stairway to Heaven" é um dos favoritos  para os aprendizes do instrumento. Acompanhado pelo órgão de Lord,  Coverdale assume os vocais sobre o lindo arranjo de Blackmore. Quem  nunca chorou com essa canção que atire a primeira pedra. O encerramento é  triste, onde Blackmore mostra como ninguém que não são precisas milhões  de notas na guitarra para se fazer um solo de tirar o fôlego. Coverdale  chora ao microfone e entrega-se a sua solidão, encerrando esse incrível  e magistral álbum de forma no mínimo sublime.
Stormbringer  conta ainda com uma das capas mais bonitas da carreira do Deep Purple,  retratando um tornado ocorrido em 08 de julho de 1927 na cidade de  Jasper (Minnesota), e que foi fotografado por Lucille Handberg. Claro  que a fotografia recebeu alguns toques especiais, como o cavalo alado, o  que deu mais beleza a imagem. A mesma fotografia pode ser conferida no  álbum Tinderbox, do Siouxsie and the Banshees.

A edição especial comemorativa de Stormbringer
Em 2009 Stormbringer  recebeu um relançamento especial em CD + DVD, totalmente remasterizado  por Glenn Hughes e ainda contando com uma versão instrumental para "High  Ball Shooter".
Após o lançamento do LP houve uma pausa para as  comemorações de final de ano, onde Blackmore começou a se dedicar ao seu  primeiro álbum solo. Em 25 de fevereiro de 1975 a banda deu sequência à  turnê de promoção do disco, tocando no Sunbury Music Festival,  na Austrália, com Blackmore dedicando boa parte do mês de março para  finalizar seu álbum. O clima entre Blackmore e a banda andava cada vez  pior, principalmente pelo fato de Hughes e Coverdale terem mudado o  conceito musical do Purple, e também porque a imagem de Hughes perante  Blackmore se tornava cada vez mais forte, tanto que Blackmore delimitou o  espaço de apenas 1 m² de palco onde Hughes poderia se mexer.
O clássico álbum de estreia do Rainbow
As últimas datas da promoção de Stormbringer ocorrem em maio, com Blackmore finalmente lançando em junho seu álbum solo, intitulado Ritchie Blackmore's Rainbow, ao mesmo tempo que anunciava oficialmente sua saída do Deep Purple.
Sem  seu principal guitarrista, um término do Deep Purple era o que  provavelmente ocorreria. Porém, um jovem garoto loiro ainda deu um  último suspiro para a banda, como veremos na próxima e última parte da  história do Purple sem Mr Ian Gillan.
 


 
 

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