
A  santíssima trindade do rock nos anos setenta está fincada em três  bandas britânicas. Se nos anos 60 tínhamos Beatles, Stones e Yardbirds;  Animals, The Who e Cream; ou ainda os três J´s (Jimi Hendrix, Janis  Joplin e Jim Morrison), os 70 ficaram marcados por Led Zeppelin, Black  Sabbath e Deep Purple. 
O  primeiro  durou exatos 12 anos, com uma formação clássica e que acabou  exatamente quando um deles veio a falecer. O segundo teve duas grandes  fases, uma longa, durando aproximadamente dez anos com a mesma formação,  e outra com o segundo vocalista, já no fim dos 70 início dos 80, e que  durante os anos seguintes se viu em diversas alterações no line-up,  sendo sempre comandados pelo mestre na nobre arte de forjar riffs, Tony  Iommi.
Por  fim, o Deep Purple veio a se consolidar com a sua segunda formação, com  o vocalista Ian Gillan e o baixista Roger Glover, e mais Jon Lord  (teclados), Ritchie Blackmore (guitarras) e Ian Paice (bateria), a  famosa Mark II. Mas, ao contrário das outras duas, essa formação durou  apenas cinco anos em sua primeira etapa (e mais oito nos anos 80/90), o  que faz a carreira do Purple ainda mais estranha, pois antes e depois  houveram outras formações que tiveram fundamental importância na  história da banda.
Hoje e nas próximas duas edições do Baú do Mairon  irei narrar um pouco sobre a história e os álbuns lançados pelos  line-ups do Deep Purple sem o vocalista Ian Gillan, até porque tudo o  que tinha para ser escrito sobre a relação Gillan/Blackmore já foi  discutido em diversas revistas especializadas, bem como a nova fase com  Steve Morse nas guitarras.

Começamos  então com o ano de 1967. Ali, um baterista maluco chamado Chris Curtis  teve uma estranha ideia: montar uma banda centrada em torno da bateria,  onde os integrantes deveriam tocar ao redor da mesma tal qual um  carrossel. O primeiro músico a surgir foi Jon Lord, amigo de Curtis  desde os tempos do grupo The Flowerpot Men.
O andamento do  projeto seguiu com Curtis, Lord e um conhecido da dupla chamado Ritchie  Blackmore, que tocava com o The Savages, banda de apoio de Lord Sutch e  que teve uma rápida incursão pelo seu próprio grupo, o Mandrake Root.  Sob o nome de Roundabout surgia o embrião do Deep Purple, e que nos  ensaios iniciais contava com músicas dos Beatles e também composições de  Blackmore. Mas os excessos com drogas por partes de Curtis, que  inclusive não aceitava um baixista na banda, fez com que Blackmore  abandonasse o projeto, seguido por Lord.
Os empresários do  Roundabout, Tony Edwards e John Coletta, acreditavam no potencial de  Lord e Blackmore e resolveram correr atrás de um vocalista, um baterista  e um baixista para o grupo. Em 1968, após contactarem Lord e Blackmore,  apresentaram os nomes de Nick Simper (baixo), Dave Curtis (vocal) e  Bobby Woodman-Clarke (bateria). Os primeiros ensaios ocorrem na fazenda  de St Albans, onde Dave foi prontamente demitido.
Um anúncio atrás de um vocalista foi colocado no Melody Maker,  enquanto Simper tentava convencer seu amigo, Ian Gillan, a fazer parte  do Roundabout. Porém, Gillan estava envolvido com o Episode Six e  recusou o convite.
Os ensaios do Roundabout seguiram, assim como  as audições com vocalistas. Ao mesmo tempo, percebia-se que  Woodman-Clarke não conseguia evoluir na bateria. Um dos candidatos ao  posto de vocalista, Mick Angus, acabou indicando o baterista do The  Maze, Ian Paice. Ritchie Blackmore conhecia a The Maze e era fissurado  no vocalista da banda, Rod Evans. E não é que Evans surge para testes no  Roundabout através do anúncio na Melody Maker?  Assim, uma semana depois de Evans entrar na banda, Paice estava sentado  atrás do bumbo, e o Roundabout estava finalmente formado.
Como o  contrato assinado com Edwards e Coletta indicava uma mudança no nome da  banda sem a participaçao de Curtis, graças a Peter DeRose e o fanatismo  da avó de Blackmore por uma das canções do pianista, o nome Deep Purple  passou a ser adotado.
Com novo nome passam a ensaiar e compor,  além de agendar algumas horas no Trident Studios, onde gravam uma demo  contendo a canção "Hush", de Billy Joe Royal, e "One More Rainy Day".  Essa demo chegou em diversas gravadoras, atraindo a atenção da  Tetragammaton nos Estados Unidos e da EMI na Europa.
Em 20 de  abril de 1968 acontece a estreia do Deep Purple nos palcos, na cidade de  Tastrup (Dinamarca), seguido de mais 10 shows pelo país, contando  basicamente com covers. Já em maio, em apenas 18 horas, gravam o  primeiro LP, um dos melhores álbuns de estreia de todos os tempos.



As diversas capas de Shades of Deep Purple
Shades of Deep Purple  foi lançado em julho de 1968 nos Estados Unidos e em setembro do mesmo  ano na Europa, e abre com o teclado de Lord introduzindo "And the  Address", uma pedrada instrumental, onde Blackmore e Simper dividem o  riff principal. Com uma grande levada de Paice e os acompanhamentos de  Lord, Blackmore brinca na guitarra, solando ferozmente e mostrando por  que viria a se tornar um dos mais influentes guitarristas de todos os  tempos, seguido por um magnífico solo de Lord no seu órgão.
A  seguir a clássica "Hush", com os uivos de lobos trazendo o órgão de  Lord, que comanda uma canção suingada e balançante. Os famosos "na-na-na-na"  aparecem com Evans, e o groove da canção continua excelente. O refrão é  fantástico (sempre imagino como seria ouvir essa faixa com a big band  de Duke Ellington) e o solo de Lord é simplesmente matador. Destaque  também para Simper e Paice, que mantém o pique durante toda essa canção,  que se tornou o primeiro sucesso do Deep Purple.
"One More Rainy  Day" mantém os trovões em sua introdução, com o órgão de Lord surgindo  entre a bateria e o baixo. Uma canção bem sessentista, na linha dos  Kinks, com destaque para a linha vocal do refrão.
O lado A  encerra com dois temas em uma mesma canção, abrindo com a instrumental  "Prelude: Happiness", que foi composta pelos cinco membros do Purple e  que traz citações ao primeiro e segundo movimentos de "Scheherazade", de  Rimsky-Korsakov. O início, com os teclados viajando e a entrada da  banda, é primoroso, levando ao tema do órgão acompanhado somente pela  marcação do baixo, guitarra e bateria. Lord sola um tema quase de  cinema, para então Blackmore começar a duelar com o mesmo. A sequência  de riffs é magistral, cheia de viradas e, principalmente, com muita  precisão na execução de cada nota.
O baixo leva para a segunda  parte, que é nada menos que "I'm So Glad", de Skip James, que ficou  famosa com o vocais de Jack Bruce, no Cream. Aqui o Deep Purple deu uma  nova cara à canção, principalmente com o vocal de Evans e o uso do  órgão, contando ainda com a diferença entre os guitarristas, já que  Blackmore sola em um estilo muito psicodélico, cheio de efeitos de  sobreposições de guitarra, diferentemente de Eric Clapton. O tema de  "Prelude" é retomado, seguindo então com a letra de "I'm So Glad" e um  show de vocalizações.
O lado B vêm com "Mandrake Root", a qual  foi composta por Blackmore em sua banda pré-Roundabout, e teve toques de  Evans e Lord. O riff pesado e a levada hendrixiana da faixa contrastam  com o psicodelismo floydiano elaborado na sessão instrumental, onde Lord  viaja no órgão, acompanhado por Paice e Simper. Eram as origens do que o  Deep Purple iria aprontar no futuro nos solos ao vivo de "Space  Truckin'" e "You Fool No One", tanto que a sequência de encerramento dos  solos de Lord e Blackmore, aliás arrepiante, foi repetida praticamente  em todas as "viagens" que a banda veio a fazer nas formações seguintes.
Um  dos melhores covers para uma canção dos Beatles surge em "Help". A  viajante introdução nos teclados e órgão nem de longe lembra uma canção  do Fab Four. O arranjo é fantástico. Blackmore dedilha a guitarra,  trazendo os vocais de Evans com uma melodia muito diferente da original,  e que para mim ficou muito mais interessante, sem ter aquele clima  alegre, mostrando realmente um sentido de necessidade e transformando  esse clássico em uma bela balada, onde Lord e Blackmore se destacam nos  solos.
"Love Help Me" caiu como uma sequência para "Help". A  entrada é similar ao que o grupo havia mostrado em "One More Rainy Day" e  "Mandrake Root", mas na verdade é um som dançante bem anos 60, com um  acompanhamento vocal bem legal. Essa faixa iria aparecer posteriormente  em uma versão instrumental na coletânea Anthology, de 1985.
O  álbum encerra com mais uma cover, agora "Hey Joe" de Billy Roberts,  imortalizada por Jimi Hendrix. Sirenes e barulhos de trânsito trazem  Lord executando o tema de Manuel de Falla na peça "The Three-Cornered  Hat, The Miller's Dance (Suite No. 2, Part 2)", dividindo espaço com  Blackmore e a levada marcial de Paice e Simper. O clima psicodélico do  órgão de Lord é impressionante em se tratando de Deep Purple. Blackmore  sola mais uma vez, com um crescendo do órgão levando aos vocais de Evans  e à conhecida letra de mais um clássico, em uma levada arrastada e  interessante. O tema inicial é repetido, agora com Blackmore solando na  cadência da parte com os vocais, encerrando de forma magistral, com  muito barulho e distorção.
Vale ressaltar que a capa original de Shades of Deep Purple  trazia uma foto com os cinco integrantes do Deep Purple, ainda em um  visual bem comportado, com os cabelos-peruca de Simper e Blackmore  chamando, e muito, a atenção. No Brasil a capa mais conhecida é a da  Fender azul saindo do mar sobre o sol vermelho e as montanhas de gelo.
O sucesso de "Hush" nos EUA foi enorme, alcançando o quarto lugar do top#10 da Billboard,  com o LP alcançando a 24a. posição em vendas. Porém, na Inglaterra nem o  single e nem o álbum agradaram aos fãs e aos críticos especializados,  que malharam bastante a estreia do grupo. Mesmo assim, passam a tocar em  diversos locais do país, ao mesmo tempo que começam a cômpor para um  segundo material.

O segundo disco, psicodélico já na capa
Em agosto de 1968 gravam The Book Of Taliesyn,  o qual foi lançado no início de outubro nos EUA, ao mesmo tempo que  começava a primeira excursão americana da banda, abrindo para o Cream.  As peripécias do quinteto no palco fizeram com que os próprios managers  do Cream organizassem para que o Purple virasse a atração principal,  permitindo que o grupo seguisse como headliner até 31 de dezembro, com  duas datas no Canadá.
O sucesso do Deep Purple na América  levou-os a participar de diversos programas de rádio e TV pelo país,  sendo o mais famoso deles o registrado em outubro de 1968 no Playboy  After Dark, de Hugh Hefner, onde o grupo, com um visual todo colorido e  com Ritchie Blackmore empunhando sua Gibson 335 vermelha (com a qual  tocaria até o lançamento de In Rock,  em 1971), enlouquece uma plateia formada basicamente por lindas  playmates com "And the Address" e uma versão quente e empolgante para  "Hush".
Voltando ao disco, o nome se deu em homenagem ao poeta  Taliesin, e a obra da capa foi concebida por John Vernon Lord. O disco  abre com os riffs de  "Listen, Learn, Read On", onde Rod Evans apenas  fala a letra, colocando melodia apenas no refrão, com o nome da canção e  do álbum sendo citados. Essa faixa conta ainda com um pequeno solo de  Nick Simper.
O blues instrumental de "Wring that Neck", chamada  nos EUA de "Hard Road", manda ver em um riff de teclado e guitarra  inspiradíssimo, seguido por uma sequência de solos de Lord e Blackmore.  Nos solos individuais de ambos temas clássicos são relembrados, com o  Purple mostrando suas novas virtudes. Essa é uma das poucas canções que  permaneceu nos shows da fase Mark II, onde longas improvisações faziam a  mesma alcançar quase 30 minutos, como pode ser conferido em diversos  bootlegs e até mesmo no LP Deep Purple In Concert, lançado em 1980.
A  cover de "Kentucky Woman", de Neil Diamond, vem a seguir, com um embalo  bem anos sessenta, onde os vocais do refrão e o solo de Lord são o  maior destaque, fugindo do clima southern criado pelo violão de Neil,  mas mantendo a linha vocal.
O lado A encerra com mais dois temas em uma mesma canção, assim como em Shades of Deep Purple.  O primeiro trata-se de "Exposition", uma releitura do grupo para a  "Sétima Sinfonia" de Beethoven, especificamente o segundo movimento, e  também com o "Overture" de "Romeo & Julieta", de Tchaikovsky. Jon  Lord delira no órgão, com um climão psicodélico muito interesssante,  levando então para o cover de "We Can Work It Out", dos Beatles, com  Blackmore colocando todo seu tempero em perfeitas intervenções.  Novamente a linha vocal está modificada em relação a original, e o  resultado final é muito bom, principalmente com o dinâmico solo de Lord.
O  lado B abre com a flower power "Shield", que lembra muito Iron  Butterfly. Lord comanda o piano enquanto Evans arrasta sua voz sobre um  arranjo nervoso da cozinha de Simper e Paice, com Blackmore fazendo  apenas pequenas intervenções para depois solar em uma das músicas mais  estranhas do Deep Purple.
"Anthem" mostra as vocações clássicas  de Lord, começando com um pequeno tema acompanhado pelo violão de  Blackmore e o belo vocal de Evans. Simper faz marcações, trazendo a  bateria de Paice e toda a influência dos grupos de San Francisco, com  muitas vocalizações. O lindo arranjo para o quarteto de cordas que duela  com o órgão na segunda parte da canção foi construído por Lord,  inclusive adicionando um tema para Blackmore solar junto à orquesta,  revelando a ideia de voar mais alto na união orquestra/banda.
O  álbum encerra com o viajante cover de "River Deep - Mountain High", de  Jeff Barry, Ellie Greenwich e Phil Spector, e que ficou famosa na voz de  Tina Turner. Ventos e percussão abrem espaço para o órgão de Lord  resgatar a peça "Also Sprach Zarathustra", de Strauss, e aos poucos  trazer o tema principal, acompanhado pela banda. Lord volta sozinho em  um longo tema ao órgão, e trazendo a voz de Evans a lá Johnny Cash,  caindo em um rockzão sessentista de balançar o esqueleto, com um refrão  de primeira. Blackmore sola com o uso do pedal de oitavas, e também  abusando dos bends, mantendo o pique da canção até o final, encerrando  esse espetacular segundo e psicodélico disco.

O single "Emmaretta / The Bird Has Flow"
Em  janeiro de 69 lançam o single "Emmaretta / The Bird Has Flow", voltando  a excursionar pela Dinamarca e Inglaterra. Já em fevereiro é a vez de  gravar o terceiro álbum, enquanto que a EMI recusava-se a lançar The Book of Taliesyn na Inglaterra, o que só foi ocorrer em julho de 1969. 
Outros  problemas começaram a ocorrer entre a EMI e o Purple, entre eles o fato  de a banda receber um baixo cachê (300 dólares) para shows no seu país  natal - enquanto na América girava em torno de 4 mil dólares por  apresentação - e, principalmente, a falta de suporte e a constante  pressão para o cancelamento do contrato caso a venda de Shades na Inglaterra não aumentasse.
Em  março do mesmo ano encerra-se a gravação do terceiro disco, com a banda  começando a segunda parte da turnê americana no dia primeiro de abril.  Mas, ao chegar aos EUA, encontram a Tetragammaton na falência,  impossibilitando o lançamento do novo álbum e causando diversos  prejuízos para o grupo, com os managers tendo que tirar do próprio bolso  contas de hotel e transporte, entre outras.

Deep Purple, o disco, o canto do cisne da Mark I
Deep Purple,  o álbum, foi lançado somente em junho de 69 nos EUA, ainda pela  Tetragammaton, com sua capa original apenas no formato simples, trazendo  parte da ilustração de O Jardim das Delícias Terrenas,  de Hieronymous Bosch, contando com pequenas modificações como a  inclusão da foto dos membros da banda, e sem o mínimo de divulgação. A  capa em formato duplo só iria sair no relançamento, já na década de 70. A  pintura original é colorida, mas, devido a um erro de impressão, a capa  do vinil ficou em preto e braco, o que agradou aos músicos do Purple e,  assim, saiu desta forma.
O disco abre com as batidas de Paice  introduzindo "Chasing Shadows", uma canção muito percussiva, com uma  importante participação de Evans e, claro, de Blackmore e Lord em seus  respectivos solos. "Blind" vem a seguir. Apesar de ter sido composta por  Lord não mostra sinais de música clássica, sendo basicamente mais uma  canção no auge da psicodelia, contando com um solo de órgão na linha dos  Doors.
O Purple apresenta mais um cover com a linda releitura de  "Lalena", de Donovan. O órgão de Lord traz o tema principal, seguido  por Blackmore. Evans chora ao microfone, contando ainda com um belíssimo  e triste solo de órgão.
"Fault Line", com Simper mandando ver em  uma canção muito viajante, mantém a tradição de encerrar o lado A com  dois temas em uma mesma faixa, onde Blackmore sola até o início de "The  Painter", uma embalada faixa na linha bluesy, com Ritchie solando muito,  assim como Lord e, claro, uma bela participação dos vocais de Evans.  Grande faixa, que mostra mais uma vez as mudanças que estavam por  ocorrer na sonoridade do Deep Purple, saindo do psicodelismo e  virtuosismo para entrar em um ambiente mais rock'n'roll.
"Why  Didn't Rosemary?" abre o lado B com o riffzão de Blackmore, em mais um  bluesy embaladaço. A combinação dos vocais de Evans com a guitarra de  Blackmore lembra os Yardbirds, menos na participação precisa de Lord,  com um magnífico solo de órgão. Blackmore também sola, e assim, o Purple  ganhava novos espaços e melodias.
A guitarra hendrixiana de  Blackmore traz Paice e Simper, com os vocais dividindo a melodia junto  ao teclado de Lord, em "The Bird Has Flown", que retorna à psicodelia,  principalmente no solo de Lord.
O LP encerra com uma grande peça,  a viajante "April". Elaborada por Blackmore e Lord, eram os últimos  suspiros de uma fase marcada pelo virtuosismo e a experimentação, e que  alguns fãs chamam de "fase progressiva" do Deep Purple. Com seus mais de  12 minutos, a canção abre com o órgão de Lord, seguido pelo piano  acompanhando o violão de Blackmore em um lindo tema. O órgão repete o  tema junto ao violão, e a música avança, contando ainda com a  participação de um coral. Lord incrementa suas composições colocando uma  orquestra, mudando totalmente a canção com um belíssimo tema clássico,  uma prerrogativa para o álbum seguinte do Purple e a consolidação dos  trabalhos de Lord compondo para banda e orquestra.
Finalmente o  grupo entra em ação, trazendo os vocais de Evans sobre a cadência que o  Deep Purple vinha fazendo em algumas faixas anteriores, priorizando, e  muito, a cozinha de Paice e Simper e, claro, os solos de Lord e  Blackmore. Uma das melhores canções do grupo, e que poucos conhecem,  principalmente pelo fato desse álbum não ter saído no Brasil na edição  em vinil.
Após o registro do LP fazem alguns shows pela  Inglaterra, mas Evans começava a dar sinais de desgaste. Novamente o  nome de Ian Gillan é lembrado, e, assim, Lord e Blackmore correm atrás  do Episode Six pela Inglaterra, agendando um teste com Gillan na  primeira semana de junho. Nesse teste, que contaria apenas com Paice,  Lord e Blackmore, Roger Glover, o baixista do Episode Six, foi levado  para cobrir o buraco de Simper, que também não sabia da mudança na  formação. A química rolou de cara, mas ainda faltavam alguns  compromissos para serem feitos com Evans e Simper.
No  dia 7 de junho gravam o single "Hallellujah (I Am the Preacher) / April  (Part 1)", e no dia 10 voltam à estrada, ainda com Evans e Simper, que  continuavam sem saber dos ensaios com Gillan e Glover. Em 4 de julho a  banda realiza a última apresentação com Evans e Simper, tocando em  Cardiff. Dias depois, Edwards e Coletta anunciam para a dupla que ambos  estavam fora do Purple, causando uma forte turbulência na banda, com  Simper processando a empresa HEC, responsável pelos interesses do grupo,  o que foi resolvido após várias audiências.

Concerto ..., álbum de transição na carreira da banda
Deep Purple,  o álbum, foi lançado em novembro de 1969 na Inglaterra, depois de  Gillan e Glover terem sido oficializados como novos músicos, realizando o  primeiro show já em 10 de julho no Speakeasy, em Londres, e também  depois da banda ter registrado seu primeiro álbum com a nova formação, Concerto For Group and Orchestra,  em 24 de setembro daquele ano, encerrando de vez as viagens  progressivas de Jon Lord e partindo para um novo e glorioso caminho.


Os cultuados álbuns de estreia do Captain Beyond e do Warhorse
Evans  foi embora para os EUA, onde se casou e formou uma das maiores e  melhores bandas de hard dos anos 70, o Captain Beyond, aparecendo depois  com o nome de Deep Purple no início dos anos 80, como veremos na última  parte, enquanto Simper formou outro grande grupo de hard, o Warhorse,  deixando um legado de uma fase onde o Deep Purple flertou, e muito, com o  psicodelismo, arrebanhando muitos fãs nos EUA e, principalmente, tendo  "Hush" e "Wring that Neck" como maiores hits, fase essa chamada de Mark  I.
Dali em diante, a Mark II entrava em erupção lançando álbuns  fantásticos e fundamentais na prateleira de qualquer colecionador, a  saber: In Rock (1970), Fireball (1971), Machine Head (1972), Made in Japan (1972) e Who Do You Think We Are? (1973). Mas o sonho durou pouco, como veremos na próxima edição.
 
 
 

Querido Mairon! TREMENDO BLOG - E essa resenha do Deep Purple foi FANTASTICA. Eu amo DP de alma e coração! Os fatos narrados foram muito bem pesquizados! PARABÉNS AMIGO! Te vejo no faceB Tullio Fuzzatti.
ResponderExcluirValeu pelo comentário Tulio, e obrigado pelos elogios. Fica o convite, se quiser apresentar sua coleção e sua história, entre em contato pelo e-mail consultoriadorock@gmail.com. Abração!!
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