sábado, 15 de maio de 2010

The Grande Mothers: Teatro do CIEE, Porto Alegre, 14/05/2010



Pouco mais de 100 pessoas assistiram a um grande evento no Teatro do CIEE, aqui na capital gaúcha. Nada mais nada menos que três personagens que passaram por uma das mais irreverantes e importantes bandas da história do rock estavam pisando em solo gaúcho pela primeira vez, acompanhados de outros dois grandes instrumentistas. Estou falando da The Grande Mothers.

Formado em 2002, o grupo trás remanescentes da Mothers of Invention - a banda que acompanhou o genial Frank Zappa durante alguns anos - Don Preston (teclados, vocais, sintetizadores; tocou com Zappa de 1966 a 1974), Roy Estrada (baixo, vocais; tocou com Zappa de 1964 a 1984) e Napoleon Murphy Bock (saxofone, flauta, vocais; com Zappa de 1974 a 1984), além de Christopher Garcia (bateria, vocais) e do ótimo Miroslav Tadic (guitarras).


Tendo que concorrer com outro grande show no mesmo dia (Chuck Berry também se apresentou na última sexta em outro local), poucas pessoas optaram por ir ao belo Teatro do CIEE, mas quem lá esteve, não se arrependeu. Praticamente na hora marcada (as 21 horas), Don Preston subiu ao palco e começou uma noite cheia de surpresas e piadas impagáveis, alegando qe somente ele veio ao show por que os demais eram muito tímidos.

Aos poucos, os músicos foram entrando no palco, e com tudo ligado, entraram solando com a pérola "Hungry Freaks, Daddy", do clássico álbum
Freak Out! (1966). Após a paulada inicial, Preston narra a história que deu origem a canção a ser executada a seguir, e assim começa outro clássico, "A Pound For A Brown", imortalizada no álbum Zappa In New York (1978).

A partir de então, o The Grande Mothers desfilou pérolas como nos velhos tempos, começando com uma determinada canção e emendando com diversas outras, fazendo assim uma grande suíte. Destaque para o excelente Tadic, que toca a guitarra com dedilhados muito interessantes, como se o instrumento fosse um violão, e que tem uma noção de escalas fenomenal.


Na primeira sequência, o grupo fez misérias em clássicos como "What's The Ugliest Part Of Your Body?" e "Chunga's Revenge", com belos solos de Napoleon e Tadic, onde pode se verificar toda a capacidade que os músicos das bandas de Zappa tinham que ter para conseguir reproduzir as intrincadas peças criadas pelo músico. Napoleon é um músico fora do comum. Além de tocar muito sax e flauta, agita a galera com gritos, rebolados, danças e muito carisma.

Estrada também é outro engraçadíssimo músico, se negando a tocar determinadas canções e fazendo caretas muito feias para reproduzir as letras de Zappa, que aliás, funcionam bem no mercado americano, mas que infelizmente as pessoas que não conhecem inglês o suficiente não conseguem entender as mordazes e satirizantes histórias das canções de Zappa.

"Sofa" foi apresentada a seguir, com Preston falando sobre a marvilhosa letra da canção (que é uma instrumental!!) e emendaram em mais uma sequência com releituras para "Holiday in Berlin" e uma passagem para "Stormy Monday". Ganhando o público rapidamente, mais duas longas sequências com solos e muita técnica vieram a seguir, passando por clássicos como "Trouble Everyday" e "The Air", e o espetáculo se encerrou com as divinas apresentações de "Village Of The Sun" e "Echdina's Arf", isso sem antes Napoleon narrar um fato que o chamou atenção no show de São Paulo, já que após o show, quase ninguém falava inglês, mas quando tocaram esses dois clássicos, todo mundo sabia a letra de cor.

A pequena plateia aplaudia em pé, e gritou o nome da banda por váris minutos, até que eles voltaram com a fantástica "Peaches In Regalia", prestando uma homenagem à Zappa, encerrando o show com uma longa improvisação em cima de "Montana".

Após o final do show, Napoleon distribuiu set lists para a gurizada que estava na frente do palco, e avisou que em cinco minutos estariam a disposição para autógrafos e bate-papo.


Rapidamente, o eficiente pessoal do Teatro disponibilizou mesas e cadeiras, e os integrantes foram aparecendo aos poucos, para distribuir autógrafos, fotografar com os fãs e ainda conversar com quem estivesse por perto e soubesse um pouco de inglês. Altamente atenciosos, Tadic e Garcia ficaram do lado de fora daquela sessão onde estavam os três integrantes que passaram com Zappa, mas conversaram e deram muitas risadas comigo e mais outros dois apaixonados por Zappa. Tadic inclusive me contou que tem a mesma palheta desde que começou a tocar, mas que quase não a usa justamente por preferir tocar somente com os dedos.




Já do trio original (se é que posso chamá-los assim), Preston foi o que menos atenção deu para os fãs. Em compensação, Estrada é uma figura a parte, esbanjando caretas e piadas engraçadíssimas. Napoleon, o mais procurado por todos, é outra figuraça. Para aqueles que adquirissem um CD seu, Napoleon presenteava com uma hilária foto dele recebendo um Grammy. Batemos um bom papo falando sobre os tempos de Zappa, e ficava claro no tom de voz de Napoleon toda a reverência que o músico tem perante o maior gênio da música do século passado, que em algum lugar do paraíso, recebendo Dio e bebendo umas vodkas com John Bonham, olhou para o Teatro do CIEE naquela noite de 14 de maio e disse Amém!!


Set list:

Hungry Freaks, Daddy
A Pound For A Brown
Lonely Little Girl
Take Your Clothes Off When You Dance
What's The Ugliest Part Of Your Body?
Chunga's Revenge
Sofa
Holiday In Berlin
Aybe Sea
Stormy Monday
Little House I Used To Live In
Oh No!
Son Of Orange County
Trouble Everyday
The Air
Debra Kadabra
I'm The Slime
Village Of The Sun
Echdina's Arf

Bis

Peaches In Regalia
Montana

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...