sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aerosmith: Estacionamento da FIERGS, Porto Alegre, 27/05/2010


Após a maratona de shows de maio, tive a feliz surpresa de ser o ganhador da promoção para o ingresso do Aerosmith em Porto Alegre. O exorbitante preço do ingresso mais a ida a São Paulo haviam afastado essa possibilidade, mas com a aquisição "de grátis" para ir assistir ao grupo, me preparei emocionalmente para conseguir capturar e absorver a primeira passagem do mesmo por terras gaúchas, a qual me surpreendeu positivamente.

Realizado no estacionamento da FIERGS (mesmo local onde ocorreu o show do Guns N' Roses), desde o início ficava claro que o número de pessoas seria menor em comparação ao Guns, creio que principalmente por causa do preço (130 reais o mais barato). Facilmente entrei na FIERGS, sem filas ou incomodações, e me posicionei no setor Premium, a poucos metros do palco.

Ainda cansado por causa da viagem ao show do UFO, fiquei escorado na barreira de divisão de pistas, com uma visão perfeita do palco e telões e também tentando me abrigar da fina garoa que caiu constantemente durante todo o espetáculo, chegando em alguns momentos a ser uma forte chuva.

O público de pouco mais de 15.000 pessoas era composta em grande maioria por gurias adolescentes, prontas para berrar e chorar ao som dos últimos clássicos do grupo como "Cryin'" e "I Don't Want To Miss A Thing" (e isso me preocupava, será que vão tocar algo das antigas?), tornando a visão ainda mais fácil.

As 21 horas, subiu ao palco a banda catarinense SantoGraau, abaixo de vaias, que honestamente não entendi por que. Tocando músicas próprias e alguns covers, o grupo teve o momento de auge quando chamou um ícone do rock gaúcho, Alemão Ronaldo, que cantou a clássica "Não Sei", levando o público ao delírio. Além disso, a SantoGraau ainda tocou "O Tempo Perdido" (Legião Urbana) e fez a introdução de "Back In Black", levando uma vaia colossau por não tocar a mesma até o fim.


Abaixo de mais vaias, o grupo saiu do palco, liberando-o para os roadies arrumarem tudo para a grande atração da noite. Sacos de proteção começaram a ser removidos e pode se perceber o grande palco do grupo, com uma prolongação sobre o público que permite aos membros ter um contato direto com a plateia.

Exatamente as 22 horas (horário marcado), um pano preto com o logotipo do grupo caiu do alto da plataforma do palco. Ali, o pano ficou tremulando por alguns instantes, até que finalmente caiu e o Aerosmith entrou com tudo, tocando "Love In A Elevator" e "Mama Kin'", já mexendo com meus joelhos e braços. Duas pedradas de cara me situaram do momento que estava vivendo, uma das maiores bandas de todos os tempos, com a sua formação clássica, interpretando os maiores sucessos de seus 40 anos de carreira.


A partir de então, Steven Tyler (voz, gaita), Joe Perry (guitarras), Brad Whitford (guitarras), Tom Hamilton (baixo) e Joey Kramer (bateria), desfilaram embaixo de muita chuva como poucos conseguem fazer. O grupo alterou som antigos com outros novos, conquistando tanto a mulherada quanto aos gaudérios da antiga.


Ja ná terceira canção, "Falling In Love", Steven puxou um "E aí gaúchos!", e surpreendeu novamente com "Dream On", uma das mais lindas canções da carreira da banda. A sequência dos anos 90 com "Living On The Edge", "Jaded", "Crazy" e "Cryin'" me fizeram voltar ao Hollywood Rock de 94, onde o grupo tocou e muito naquela noite no Rio de Janeiro, e onde percebia que eles eram muito bons tocando rock, me fazendo buscar os primeiros e ótimos álbuns como Aerosmith e Rocks.


Steven deixou o palco para Kramer mandar ver em um belo solo, onde jogou as baquetas ao público e tocou a la Bonham, somente com as mãos. Depois, Steven voltou e tocou bateria junto com Kramer. A partir de então o show, mudou.


O Aerosmith mandou ver em "Lord Of The Things" (com destaque para Brad) e em seguida, homenageou uma fã com "I Don't Want To Miss A Thing". Steven se mexia por todo o palco, e mesmo abaixo de chuva, ele e Perry constantemente andavam sobre a plataforma, agitando a galera. Steven aos poucos foi tirando a roupa, e parecia pedir mais chuva para refrescar seu corpo, parecendo uma espécie de Mick Jagger com rebolados desincronizados, danças estranhas e muito, mas muito carisma.


As cinco canções finais foram sensacionais. "Rag Doll" mostrou por que Perry é o único grande guitarrista solo do Aerosmith (lembrando que ele foi substituído no início dos anos 80 por Jimmy Crespo), enquanto "What It Takes" e "Sweet Emotion" foram recheadas de improvisos.

"Stop Messing Around", cantada por Perry, passou quase despercebida, devido ao fato do que o grupo fez com o bluesão de "Baby Please Don't Go", uma longa viagem instrumental onde Perry jogou-se sobre a bateria de Kramer, enquanto Tyler cantava com altos agudos e num pique avassalador. O show encerrou-se com a mais que surpreendente "Draw The Line", um petardo nos ouvidos das menininhas, que pareciam não entender que aquele era o verdadeiro Aerosmith, e não o fazedor de baladas melosas para angariar fundos.


Antes do Bis, o belíssimo telão começou a mostrar imagens das capas de todos os álbuns oficias da banda, e assim vieram mais duas surpresas, a clássica "Walk This Way" e o cover de "Train Kept A Rollin", onde o grupo marcou sua estaca definitivamente, comprovando o porque eles estão até hoje unidos e tocando, afinal, poucas bandas tem um repertório tão variado, abrangendo tantos fãs desde a molecada até os cinquentões.


Uma gigantesca bandeira do Brasil tremulava no telão como pano de fundo para o logo do Aerosmith, e aos poucos, o Estacionamento da Fiergs foi esvaziando de forma tranquila e silenciosa.

Na fria e chuvosa noite de quinta, que lavou o corpo da gauchada, Steven Tyler e cia. lavaram a alma daqueles que presenciaram o último grande show de uma maratona que começou ainda em janeiro, com a vinda do Metallica.

Que o segundo semestre esteja tão bem recheado quanto foi este primeiro, e longa vida para o Aerosmith.


Set list

Love In A Elevator
Mama Kin
Falling In Love (Is Hard On The Knees)
Pink
Dream On
Living On The Edge
Jaded
Crazy
Cryin'
Solo de Joey Kramer
Lord Of Things
I Don't Want To Miss A Thing
Rag Doll
What It Takes
Solo de Tom Hamilton
Sweet Emotion
Stop Messing around
Baby Please Don't Go
Draw The Line

Bis

Walk This Way
Train Kept A Rollin

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...