sábado, 19 de novembro de 2016

Melhores de Todos os Tempos: 2009

Heaven & Hell: Vinny Appice, Tony Iommi, Ronnie James Dio e Geezer Butler


Por Diogo Bizotto

Com Alexandre Teixeira Pontes, Alissön Caetano Neves, André Kaminski, Bernardo Brum, Christiano Almeida, Davi Pascale, Fernando Bueno, João Renato Alves, Mairon Machado e Ulisses Macedo

Participação especial de Ben Ami Scopinho, ex-colaborador do Whiplash! e responsável pela coluna semanal de hard rock e heavy metal "Males que Vão Para o Ben", no jornal Diário Catarinense

O ano de 2009 foi um dos mais frutíferos dos últimos tempos, ao menos para mim. Mesmo assim, não foi surpresa constatar que o lugar mais alto desta edição foi ocupado por uma das formações mais antológicas da história do rock, mesmo que sob outro nome. Chame de Black Sabbath ou de Heaven & Hell, The Devil You Know liderou com folga sobre nomes consolidados, alguns mais recentes e outros que, sob novas alcunhas, trazem aristas consagrados. Como sempre, lembro os leitores que o critério para elaborar nossa lista final, baseada nas individuais, que podem ser conferidas mais abaixo, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1.
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Heaven & Hell - The Devil You Know (107 pontos)
Alexandre: Queria deixar claro que a seleção final de 2009 é, pra mim, uma das melhores dos últimos tempos, talvez a melhor da década. Bons álbuns de hard rock, bons exemplos entre o heavy, o thrash e o progressivo. Poucas “bombas”. Mas, em retrospectiva, deixem-me ver se entendi: O álbum Heaven and Hell (1980) ganhou. Mob Rules, em 1981, ficou em segundo. Dehumanizer, em 1992, em terceiro. Tudo isso nesta série da Consultoria do Rock. Pra fechar, este último álbum da formação que ousou competir com a original do Black Sabbath ganhou, e, desculpem os consultores que se morderem, ganhou fácil, de lavada, ainda que seja o menos maravilhoso entre os gravados pela constelação formada por Iommi, Butler e o saudoso Dio. Vinny Appice até fica em segundo plano, apesar do bom trabalho. Prefiro o som da bateria que ecoa dos dois álbuns anteriores em que o baterista participou, em especial no Mob Rules. Então, temos 100% de presença dos álbuns do Black Sabbath com Dio na série. E, para deixar claro, de Heaven & Hell isso aqui não tem nada, isso aqui é Black Sabbath e ponto final. Se Ozzy e Sharon não permitem, isso não é problema meu... O álbum traz pelo menos cinco músicas fantásticas, as três primeiras ("Atom and Evil", "Fear", "Bible Black"), "Follow the Tears" e a derradeira "Breaking Into Heaven", a minha favorita. As demais, se não estão no “Olimpo” das composições dessa formação extraordinária, sobram em uma comparação desavisada com a imensa maioria das canções dos bons álbuns deste ano. Repito: ganhou fácil, uma lavada...
Alissön: Não guardo muitas lembranças disto. O problema é a falta de variação geral do disco, que se foca em riffs pesados e arrastados e nada além disso. Um pouco mais de dinâmica por parte das composições faria muito bem ao trabalho, que acaba se arrastando até seu fim sem muita coisa a dizer ao ouvinte. Individualmente, todos estão formidáveis, como era de se esperar de um disco com Iommi e Dio como figuras centrais. De qualquer forma, continua sendo apenas um produto de pouco interesse dentro da discografia de ambos os artistas.
André: A despedida de Ronnie deste mundo. E que baita despedida! Sabemos que é o Black Sabbath com Dio. E como era de se esperar, temos aqueles riffs pesados e carregados de Iommi, o baixo pulsante de Butler e a bateria precisa de Appice. Melhor que Dehumanizer, temos nele a entrega final do baixinho, que já sofria com as dores do câncer que poderia ter sido tratado se fosse descoberto um ou dois anos antes. O heavy metal aqui é tradicional, com uma pegada levemente doom, ou seja, o Sabbath clássico. "Fear" é simplesmente uma pérola de peso e distorção. "Bible Black" já é uma composição que lembra grandes momentos da banda de Dio. Com a vantagem de ter um Iommi liderando as melodias calmas para logo mais estourar os tímpanos em um metalzão dos bons. Creio que seja desnecessário citar outras canções, porque o disco todo é ótimo. Agradeço ao meu vocalista favorito de todos os tempos por ter oferecido esta maravilha para admirarmos antes de nos deixar. Pode ter certeza que você foi fundamental para que o nosso querido "rock paulera" fosse esse estilo tão amado por milhões de pessoas quanto é hoje.
Ben: Na ocasião, havia passado quase três décadas desde que o Black Sabbath lançou o disco Heaven and Hell para então surgir a banda com mesmo nome e praticamente a mesma formação. Dio, Iommi, Geezer e Vinny Appice, como não poderia deixar de ser, geraram enorme falatório pelas mídias e entre o público. E o álbum The Devil You Know, com uma das mais belas artes de capa de todos os tempos, correspondeu a todas as expectativas. A banda comandou todo o processo de composição, gravação e produção do álbum. Apesar de as melhores realmente serem as que a banda executava ao vivo – “Fear”, “Bible Black” e “Follow the Tears” –, o repertório exala vitalidade por todos os lados, e aprecio muito a morosidade de “Breaking into Heaven”. Se The Devil You Know tinha potencial para ser um clássico, isso definitivamente se concretizou com a morte de Dio no ano seguinte.
Bernardo: Uma reunião pra lá de surpreendente, através da qual o Sabbath com Dio pôde matar a fome de peso que soltou faísca lá atrás. Mas infelizmente não me marcou muito, apesar de momentos atmosféricos impressionantes. Ainda prefiro 13 (2013), porém.
Christiano: Os discos do Black Sabbath com o Dio são clássicos. Gosto muito, inclusive, de Dehumanizer, que mostrou a banda apostando em uma sonoridade mais moderna para aqueles tempos. Mas falta alguma coisa em The Devil You Know. Talvez um pouco mais de ousadia, ou mesmo inspiração. Não que o disco seja ruim. Longe disso. É um bom álbum, embora muito parecido com os últimos lançamentos do Dio em carreira solo: mais do mesmo. Aliás, é triste perceber como Dio se tornou um vocalista estereotipado com o passar do tempo, um cover de si mesmo. Por isso, não acho que foi uma boa escolha para o primeiro lugar.
Davi: A mesma formação de Dehumanizer em um novo álbum de inéditas. Como era de se esperar, Sabbath puro. Pesado, denso, arrastado. Tony Iommi continuava arregaçando na construção de riffs, Ronnie James Dio continuava com a voz em dia. Não tinha como ser mais perfeito. Acho que “Double the Pain” e “The Turn of the Screw” são minhas prediletas.
Diogo: Acho que outras formações entregaram trabalhos mais coesos em sua integridade em 2009, mas a colocação de The Devil You Know no topo não é surpresa alguma. Quando o álbum é bom, é muito bom mesmo. "Fear" e "Bible Black" estão facilmente entre as melhores obras registradas pela união entre Iommi, Butler e Dio. A primeira traz aquele peso arrastado e melódico que esse trio tão bem sabe colocar em prática – se eu precisasse escolher minha canção favorita no ano, seria uma das fortes candidatas. "Bible Black" é um exemplo perfeito daquilo que diferencia o processo de composição de Iommi e Butler quando trabalham com Dio ao invés de Ozzy. Foco menor em riffs e em linhas vocais sobre esses riffs; maior atenção à construção de uma história com início, meio e fim, de maneira mais melódica. Os outros destaques são "Atom & Evil", "Follow the Tears" e "Breaking Into Heaven", todas bem arrastadas, confirmando que a banda estava afiada nesse quesito, uma vez que todas as melhores canções de The Devil You Know não chegam a engatar a quinta marcha. O restante do tracklist não tem tantos méritos assim, mas cumpre seu papel com classe, e nenhuma das faixas podem ser chamadas de fillers. "Double the Pain" e "Rock and Roll Angel" lembram o trabalho de Dio no grupo que levava seu nome, enquanto "Eating the Cannibals" e "Neverwhere" remetem ao lado mais veloz de Dehumanizer, apesar de nenhuma delas ser exatamente uma "TV Crimes". Quem se empolgou muito com 13 mas ignorou The Devil You Know precisa urgentemente reouvir o último álbum gravado por Dio, pois a despedida foi digna. Mais um detalhe: belíssima arte de capa.
Fernando: Melhor disco do Black Sabbath em anos! E aqui vai uma pergunta aos amigos consutores e leitores: Quem usa o sistema de ordem alfabética guarda este disco como? Eu o coloco logo depois de Forbidden (1995) e antes de 13. Uma das minhas maiores tristezas como fã de metal é não conseguido ver Dio pessoalmente. É muito interessante prestar atenção na dinâmica de composição que Iommi emprega quando se tem Dio e Ozzy na banda. As músicas com o Ozzy são mais diretas e com Dio são um pouco mais elaboradas.    
João Renato: Tá aí um disco que me decepcionou profundamente à época. Músicas repetitivas, sem imaginação e nada memoráveis. Lembro muito pouco após cada audição. Recordo-me até hoje da frustração após a primeira vez que o escutei, enquanto almoçava em frente ao computador. A sensação não desapareceu até hoje. Muito pouco para um quarteto tão forte.
Mairon: Bom, apesar do nome Heaven & Hell, sabemos que é Black Sabbath fase Dio, né? Sendo assim, partindo do fato de ser a reunião da formação que gravou Mob RulesLive Evil (1982) e Dehumanizer, o que podia se esperar em 2009 quando The Devil You Know chegou às lojas que não um disco excelente? E é isso que Dio, Iommi, Butler e Appice entregam para os fãs. The Devil You Know é uma excelente sequência do trabalho que essa formação deixou para a posteridade, trazendo músicas marcantes e que conquistaram os fãs de imediato. "Rock and Roll Angel" – que baita solo de Iommi – certamente faria parte de Mob Rules, enquanto "Fear" e "Double the Pain" preencheriam com destaque Dehumanizer. Mas nem só de lembranças ao Black Sabbath vive o disco, já que há também um som mais moderno, similar ao que Dio vinha desenvolvendo em sua banda solo, que pode ser encontrado em "The Turn of the Screw". O peso de "Atom & Evil", "Breaking Into Heaven" e "Follow the Tears" é uma das marcas registradas deste discaço. "Bible Black" logo virou clássico, e, para mostrar que Iommi é uma fábrica de riffs, ouça e ajoelhe-se perante a velocidade de "Neverwhere" ou a genialidade de "Eating the Cannibals", faixa veloz e empolgantemente sensacional que é uma das melhores canções que essa formação registrou em toda sua carreira. Joguem as pedras à vontade, mas, inclusive, acho este álbum muito, mas muito melhor do que o superestimado 13. Baita disco, e justíssima primeira colocação.
Ulisses: O aspecto mais interessante de The Devil You Know é que, mesmo com a banda pegando o nome do primeiro disco do Sabbath com Dio nos vocais, o som do álbum acabou puxando mais para Dehumanizer: pesado e lento, embora a produção de The Devil You Know o tenha deixado ainda mais opressivo e arrastado do que seu irmão noventista. O disco cai como uma bigorna nas orelhas, e nem vou gastar o teclado aqui com obviedades enaltecendo o quarteto, que manteve a química lá no alto e nos entregou um tracklist cheio de petardos. Se me lembro bem, o catalisador para a reunião do quarteto foram as três faixas inéditas da coletânea The Dio Years (2007), e vale a pena correr atrás delas também, já que foram, junto com as músicas de The Devil You Know, as últimas registradas por Dio, que sucumbiria a um câncer de estômago em 2010.

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Wilson Hawk - The Road (50 pontos)
Alexandre: Um ótimo CD capitaneado por Richie Kotzen, aqui praticamente escondido na forma de um side project intitulado Wilson Hawk. A opção é por um estilo mais r 'n' b e soul muito bem desenvolvido, tanto nas boas baladas, que são quase metade do álbum, quanto nas faixas mais aceleradas. Não conhecia o trabalho, foi uma agradável surpresa. Não há dúvidas de quanto Kotzen é talentoso. As guitarras ficam em segundo plano, mais discretas em solos apropriados ao estilo. Assim, o álbum é recheado de pianos e teclados vintage, como órgãos hammond e pianos elétricos Fender Rhodes. Os acordes de blues e soul e ótimos backing vocals estão por todo lado também para dar suporte às canções. Outra boa escolha é a adequada utilização dos instrumentos de sopro, como no solo da faixa "I Promise I Will".  O disco corre fácil em seus pouco menos de 50 minutos e me fez ter vontade de ouvir mais do que as poucas vezes que o fiz para escrever estas linhas.  Excelente escolha para 2009, agradeço a dica dos consultores que o colocaram aqui.
Alissön: Soft rock medíocre e extremamente indigesto, com algumas passagens funk para azedar de vez. Pense que o Sammy Hagar trocou de nome e resolveu cantar uns rocks broxas com uns teclados extremamente bregas de fundo. Tem a porra do Richie Kotzen aqui, mas também, que diferença isso faz?
André: Qual a minha surpresa em saber que é mais um disco do Kotzen. E qual a minha surpresa em ver o tal "yacht rock" dando as caras na série. Porém, diferentemente do último que eu ouvi dele, este álbum faz parte dos bons que eu gostei e passei a admirar em outras aparições suas por aqui. Belos rocks blueseiros, melódicos e lindas baladas ao estilo soul se fazem presentes por aqui. O baixo se destaca brilhantemente, junto ao naipe de metais. Bom lembrar que é para quem gosta de Toto, America e afins. Mais um disco para eu curtir muitas vezes ainda.
Ben: Ixi, não estou a par deste disco. Sorry.
Bernardo: Kotzen de novo?
Christiano: Não conhecia. Nunca havia visto em lugar nenhum. Nem o nome. Fui pesquisar e descobri que se trata de um projeto de Richie Kotzen. O que me chamou atenção logo de início foi o flerte bem evidente com a soul music, que enriqueceu muito o trabalho. “I Need Your Love”, segunda faixa, tem um ótimo trabalho de metais e guitarra, com certeza uma das músicas mais legais do álbum. Outro destaque são os vocais e backing vocals, executados com maestria. “Stay” é outra faixa muito agradável, com uma pegada que lembra algumas coisas da disco music dos anos 1970. Sinceramente, este disco foi uma das melhores indicações desta lista. Altamente recomendado.
Davi: Já havia ouvido falar deste projeto de Richie Kotzen, mas vergonhosamente ainda não tinha parado para ouvi-lo. Sempre adorei o trabalho desse cara e temos, mais uma vez, um trabalho de altíssimo nível. Contando com a ajuda de Richie Zito (respeitado produtor e musico de estúdio), Kotzen entra de cabeça na sonoridade  r 'n' b/soul. Essas influências não são novidade para quem já conhece a carreira do musico, mas aqui não temos aquela pegada hard/bluesy por trás. Um trabalho focado mais em melodias do que nas guitarras propriamente ditas. Provavelmente, influência de Zito. O disco é repleto de faixas bacanudas e irá satisfazer os amantes da boa música. Momentos de destaque: “How Does It Feel”, “I Need Your Love”, “Something in You” e “What I Lost”.
Diogo: Um pseudônimo para que Richie Kotzen colocasse em prática o seu lado mais soul e r 'n' b? Ou um projeto ao lado do ótimo produtor Richie Zito, responsável por alguns dos melhores momentos da carreira de Kotzen? O que interessa, acima disso tudo, é que The Road é um belíssimo álbum, através do qual Kotzen colocou para fora todas aquelas influências que já apareciam em seu trabalho, mas em doses mais moderadas. Quem conhece sua carreira mais a fundo sabe quão importante foi a soul music em sua formação musical, com ênfase para artistas da Filadélfia e do Sul dos Estados Unidos. Mesmo nas canções mais agitadas (as quatro primeiras), o rock não é a estrela do álbum, que se revela melhor a cada audição. A voz de Kotzen, que chega a arriscar alguns falsetes, está melhor do que nunca, ajudando a envolver o ouvinte como em poucas outras obras suas. Seu lado guitar hero, inclusive, é deixado um pouco de lado, dando lugar a uma instrumentação rica em espaços, que se conversam muito melhor do que qualquer profusão de riffs e solos. Apontar destaques em um disco tão equilibrado é tarefa difícil, mas é ainda mais difícil ficar impassível à melancolia de "Everything Good", que tive o prazer de conferir ao vivo em 2010, época em que ainda não conhecia The Road. Outra que precisa ser checada obrigatoriamente é "Stay", perfeita para quem sente saudades da soul music que se fazia na década de 1960. Para quem prefere algo mais vibrante, "Something in You" é a principal indicação. É uma pena que, além de "Everything Good", apenas "Stay" tenha sido executada ao vivo por Richie (uma mísera vez), pois trata-se de um de seus mais magníficos discos.
Fernando: Não esperava algo nessa linha aqui na lista. Esse melodic rock é um estilo muito desprezado tanto pelos fãs mais radicais quanto pelos mais moderninhos. Uma coisa que podemos falar desses artistas é que eles têm muito esmero pelo que fazem. Tudo é muito certinho, produção limpinha, timbres agradáveis... Tudo o que o mais truezão reclama. Gostei e vou ouvir mais.
João Renato: Com o produtor e xará de sobrenome Zito, Richie Kotzen mostrou classe e desenvoltura em um projeto que passeia por r 'n' b, soul music, pop e rock 'n' roll. Lembra muito alguns trabalhos dos Rolling Stones, como Black and Blue (1976). Mesmo sendo, basicamente, uma sequência de baladas após a terceira música, vale cada momento. Sentimento acima de tudo! Pena que nunca foi lançado no formato físico. Não me importaria de investir um dinheiro para adquiri-lo.
Mairon: Ah, put@ que o pariu. Eu achando que ia ouvir um disco de country rock ou algo no estilo, e vem esses metais e a gemedeira insuportável de Ritchie Kotzen de novo. Disco carregado de baladas, que dá sono e náuseas de tão meloso que é. Essa "I Need Your Love" é um saco total, e pôxa, a sequência que envolve a melosíssima "How Do I Know?", a sofrível "I Promise I Will" e a sonolenta "Everything Good" deixa até o mouse diabético. Em "Beautiful Life" larguei de mão. Resolvi insistir dias depois e os primeiros acordes de "What I Lost" me correram de novo. Daí deixei rolando e, quando vê, o computador apareceu no quarto pedindo por favor, que parasse de rodar o YouTube, porque o açúcar tinha ido para o infinito em "The Road". Que choradeira desgramada de ruim. Uns barbados ficando derretidinhos por causa disso, faça-me o favor. Que disco bem chato!! O mais triste é que grandes álbuns de soul music ficaram de fora de várias listas, e essa inexplicável porcaria fica entre os dez mais, tirando vagas de U2, Beardfish, Dave Matthews e tantos outros grandes lançamentos desse ano. Diogo, deu de encher as listas com discos do teu queridinho...
Ulisses: Putz, eu não me lembrei desse registro do Kotzen sob um pseudônimo. Fui pego de surpresa pela voz característica. Ao invés de seu hard rock habitual, ele mergulha fundo em blues, soul e r 'n' b. Curiosa a decisão de iniciar o álbum com faixas um pouco mais animadas e dinâmicas, sendo que, a partir da metade, o disco descamba em uma sucessão de baladas. Gostoso de ouvir, embora eu preferisse um pouco mais de variação.

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Mastodon - Crack the Skye (48 pontos)
Alexandre: Eu esperava ver a banda nas recentes listas anteriores. E ainda que isso não tenha acontecido, nada mais justo do que vê-los nesta edição. Antes tarde do que nunca. Crack the Skye é um álbum fabuloso, com um intrincado instrumental que se junta a boas melodias. Um pé no progressivo, outro no peso e na cadência do Black Sabbath. Tudo isso feito com bastante qualidade, bem diferente das bandas doom ou stoner que já andaram aparecendo por aqui. A começar pela faixa "Oblivion", que já nasceu como um dos clássicos do grupo. Acho interessante que a divisão dos vocais (aqui acrescidos do batera Brann Dailor, que até então não executava vocais principais) não muda radicalmente a sonoridade da banda, o trabalho não se parece com projetos solo dentro de um álbum. O único momento em que isso acontece é óbvio: a participação de um convidado (Scott Kelly) na faixa-título.  O resultado é um CD praticamente sem pontos fracos e alguns bons destaques; Além de "Oblivion", me saltaram aos olhos (e ouvidos) a épica "The Czar" e "The Last Baron", músicas longas, nas quais há mais espaço para desenvolvimento instrumental. Excelente escolha.
Alissön: O auge da capacidade criativa do Mastodon culminando em seu disco mais complexo, intrigante e com mais nuances a serem notadas. Mesmo não sendo o meu favorito dos norte-americanos, é inegável que este é o mais completo e versátil registro que já lançaram. A habilidade de manter a atenção em músicas intrincadas e entrelaçadas por um conceito comum é digno de uma banda que sabe o que quer e o que faz. Daqueles para se lembrar daqui a muito tempo.
André: Dentro do metal progressivo, eles são daqueles que ainda misturam stoner e sludge, gerando uma cara própria muito bem vinda. Todavia, não os acho grandiosos do jeito que as mídias especializadas costumam julgá-los. Há muitas mudanças de tempo, e uma bateria que posso dizer que comanda tranquilamente todo o instrumental. Mesmo as guitarras me soam ofuscadas pela bateria, Pena que alguns desses riffs se repetem além da conta nas canções longas. Mas, no saldo geral, um bom disco.
Ben: Ao contrário da forma como o Kiss encarava sua carreira, se adaptando às tendências da moda, os anos 1990 se caracterizaram por muitas bandas fazendo música que fugia completamente dos rótulos. O Mastodon surgiu em meio a essa onda e a considero como uma das mais criativas e esquizofrênicas. Após os delirantes Leviathan (2004) e Blood Mountain (2006), o quarteto de Atlanta investiu mais em sua faceta progressiva para lançar Crack the Skye. Ainda que abrace esse prog com mais força em detrimento do hardcore, do punk e do jazz de outrora, a imprevisibilidade do repertório mantém conexão com os discos anteriores. Ótimos músicos, sem dúvidas. Não é bem meu estilo preferido, mas não dá para deixar de respeitar uma banda que segue seus próprios termos e, mesmo assim, conquista tão grande público com uma música de difícil digestão, certo?
Bernardo: Não sou muito ligado na banda e raramente a ouço, mas dou a maior moral. Muito bem tocado e soa legitimamente contemporâneo em sua sonoridade.
Christiano: Foi a partir deste disco que comecei a acompanhar com mais atenção a carreira do Mastodon, uma das bandas mais criativas da atualidade. Difícil é nomear o tipo de som que os caras criaram em Crack the Skye. É alguma coisa entre stoner, metalcore, psicodelia e até mesmo progressivo. Por outro lado, uma característica fica muito clara: o talento da banda, que conseguiu juntar isso tudo e criar um som único. Até hoje, considero este o melhor disco dos caras. Só por abrir com “Oblivion” e ter uma faixa como “The Czar: Usurper/Escape/Martyr/Spiral”, já merecia estar entre os melhores deste ano, e entre os primeiro lugares.
Davi: Esta é uma banda que preciso ouvir mais alguma coisa. Comprei The Hunter (2011) no escuro, de tanto que falavam da banda, e o considerei não mais do que ok. Este disco já achei mais bacana. Pesadinho, bem gravado, mas continuo considerando-a uma banda meio comum. Não consegui ver muita coisa de inovador. De todo modo, bom disco. Faixas preferidas: “Divinations” e “The Czar”.
Diogo: Até que enfim! Desde Leviathan o Mastodon estava merecendo aparecer por aqui e agora finalmente conseguiu. O quarteto pode até ter sido prejudicado pelo hype que surgiu ao seu redor, mas basta ouvir seus discos e comprovar que os caras honram os elogios, entregando composições criativas e cativantes, além de performances avassaladoras. Eu, por exemplo, sou cada vez mais fã do baterista Brann Dailor, para mim o principal responsável por conduzir a locomotiva sonora do Mastodon. Citei-o em quarto na minha lista, mas a verdade é que os cinco primeiros estavam tão equilibrados que Crack the Skye também mereceria o topo, inclusive na lista final. O som do grupo é difícil de rotular e, neste caso, isso é muito bom, pois é salutar deixar de lado algumas convenções pré-concebidas e abraçar canções como "Divinations", "Quintessence" e a faixa-título em sua integridade, sem se importar se elas se parecem com isso ou aquilo. "The Czar" e "The Last Baron" podem ser longas, mas seus minutos passam em um piscar de olhos, pois a banda as trabalha de forma a apresentar toda sua versatilidade. "Oblivion" nasceu clássica – a interconexão vocal entre Brann, Brett Hinds e Troy Sanders é estupenda – e "Ghost of Karelia" traz costuras guitarrísticas inesquecíveis. Destaque ainda para o produtor Brendan O'Brien, um dos melhores do ofício nas últimas décadas.
Fernando: A palavra moderno é quase um palavrão quando a estamos usando como adjetivo ao heavy metal. Porém, é perfeitamente precisa quando estamos falando do Mastodon. E isso não deveria de forma alguma afastar da banda os fãs de heavy metal. Afinal, eles usam todos os elementos já muito estabelecidos do gênero de uma maneira... Moderna. 
João Renato: Um disco pesado, especialmente no tema. A primeira experiência do baterista Brann Dailor nos vocais ofereceu mais um item ao diversificado caldeirão de características que já fervia. É meio complicado de assimilar para quem não está acostumado. Porém, a experiência recompensa.
Mairon: Bom disco, bem surpreendenete, com momentos viajantes e um clima que faz a gente parar para ouvir. Destaque para "Quintessence", violenta canção com um riff muito forte, e as longas "The Czar", com uma presença marcante dos teclados em sua primeira parte, e variações inesperadas e surpreendentes, e "The Last Baron", 13 incansáveis minutos em que a interpretação vocal de Troy Sanders e Brent Hinds é digna de nota. Além delas, chamou-me atenção a ótima "Ghost of Karelia", faixa muito boa de se ouvir com a intenção de curtir uma viagem stoner. Não votei neste disco, mas gostei de vê-lo entre os dez mais.
Ulisses: Após tanto reclamarem, o Mastodon finalmente apareceu na série. Particularmente, já procurei ouvir alguns discos da banda no passado e, embora não tenha me convertido em fã, ficou claro que é uma banda que merece a atenção. Crack the Skye é um metalzão progressivo com riffs de guitarra sludge e letras místicas, que representa bem o ano.

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Kiss - Sonic Boom (35 pontos)
Alexandre: Eu considero Sonic Boom uma justa rendição à falha cometida em tentar trazer a sonoridade vintage da banda no distante álbum anterior (Psycho Circus, de 1998). Exceto por uma ou outra faixa, Psycho Circus foi concebido sob a catarse e confusão da então reunião da banda original, mas quase não remete ao período clássico, exceto pelo visual. Aqui o fã da fase inicial do grupo pode novamente sorrir e aproveitar um álbum com cara dos anos 1970. Ainda que não seja perfeito e que Tommy Thayer tenha exagerado em clonar demais os solos de Ace Frehley (nem sei se cabe uma ação por plágio, face à semelhança dos licks), somente o fato de Stanley e Simmons estarem compondo juntos depois de tanto tempo mostra que a banda se focou em apresentar um trabalho digno. As faixas cantadas por Simmons (incialmente em "Russian Roulette", mas principalmente "Yes I Know (Nobody’s Perfect)" e "Hot and Cold") mostram uma veia latente rock 'n' roll do icônico Dressed to Kill (1975) ou de algumas das faixas do Rock and Roll Over (1976) e Love Gun (1977).  É dele também o meu destaque no álbum, "I’m an Animal", um prenúncio do que seria o álbum subsequente, Monster (2012), um pouco mais pesado e no meu entendimento ainda um pouco melhor que este. Para acrescentar, boas faixas cantadas por Stanley (que em estúdio ainda consegue se manter – ao vivo a voz já era...), como os singles "Modern Day Delilah" e "Say Yeah" (essa com um pouco mais da cara dos anos 1980 do grupo) e uma ótima participação vocal de Eric Singer em "All For the Glory". Boa escolha para 2009 e uma ótima pedida para aqueles que gostam do som mais tradicional do grupo.
Alissön: Qualquer coisa, menos interessante e bom, como qualquer outra coisa produzida pelo Kiss desde meados dos anos 1980.
André: Eles fizeram o que deveriam ter feito havia muito tempo após algumas patacoadas nas duas décadas anteriores: um disco divertido e bacana de se ouvir, como os grandes álbuns do Kiss devem soar. Não sei como anda o setlist dos shows dele (o Davi que deve saber), mas eu acredito piamente que "Hot and Cold" e "Say Yeah" deveriam ser tocadas nem que fosse lá de vez em quando. Uma pena que os fãs malas que só querem os "crássicos" devem chiar com as músicas novas. Eu até gosto bastante de Psycho Circus, mas tenho consciência de que a banda e essas composições estão mais azeitadas por parte desses norte-americanos. Valeu a pena esperar.
Ben: Putz... Comecei a curtir heavy metal quando escutei Creatures of the Night (1982) no comecinho dos anos 1980. Ótimo disco, cujo vinil ainda está em minha coleção, mas rapidamente percebi que a banda era muito entretenimento para pouca arte, vamos dizer assim. E, atualmente, é meio que um cover de si mesmo. Assim, praticamente como quase toda sua discografia, também ignorei Sonic Boom. Tô escutando na ocasião em que escrevo estas linhas, sacando que o Kiss adaptou um pouco de algumas fases de sua carreira para fazer boOOom, e a fórmula é isso, apenas uma fórmula. Nem mesmo o single “Modern Day Delilah", me surpreendeu. Passo a bola.
Bernardo: Repetição da repetição da repetição da repetição...
Christiano: Nunca fui muito chegado em Kiss, mas Sonic Boom até que não é ruim, principalmente se comparado a bombas como Animalize (1984). “Russian Roulette” é uma faixa bem legal, assim como “Yes I Know (Nobody’s Perfect)”, que é uma tentativa descarada de soar como os primórdios da banda. Verdade seja dita, esta é uma característica que marca todo o disco. Pelo menos eles fizeram bem feito.
Davi: Espetacular! Kiss em plena forma entregando o que sabem de melhor: hard rock de arena com guitarras falando alto e vocalizações explosivas. Embora não traga nenhum hit, o álbum é repleto de composições fortes. Sem nenhum filler, canções como “Russian Roulette”, “Never Enough”, “Nobody's Perfect”, “Hot and Cold”, “When Lightning Strikes” e “Say Yeah” poderiam ter se tornado novos clássicos do conjunto caso o álbum tivesse tido um pouco mais de exposição. Paul Stanley e Gene Simmons sempre foram compositores de mão cheia e este trabalho comprova isso, mais uma vez. Ouça no talo!
Diogo: Totalmente em desalinho com as tendências do rock na época, o Kiss resolveu recorrer ao seu passado na concepção de Sonic Boom. Não dá pra dizer que não deu certo. No geral, as canções são legais, remetendo principalmente à fase entre Dressed to Kill e Love Gun, mas confesso que pouco fica na mente após cada audição. O instrumental é corretíssimo, os vocais são bons, a produção faz sentido, algumas melodias funcionam bem e as referências estão todas lá, mas falta uma boa dose de alma. Na ponta do lápis, é melhor que quase tudo que a banda fez após Creatures of the Night, mas mesmo algumas canções de discos questionadíssimos, como Asylum (1985) e Hot in the Shade (1989), transmitem mais sinceridade e permenecem como clássicos para os mais chegados. Por exemplo: faixas como "Russian Roulette" e "Hot and Cold" remetem muito mais àquilo que se espera do Kiss, mas músicas como "Hide Your Heart" (de Hot in the Shade) e "Who Wants to Be Lonely" (de Asylum) simplesmente SOAM melhores e vão continuar soando assim, mesmo que tenham representado uma adaptação à época em que foram escritas. Talvez não à toa, "Never Enough" – uma das que mais remetem à década de 1980 – é uma das que mais gosto no álbum, assim como a óbvia "Modern Day Delilah". Em se tratando de bandas setentistas lidando com o passar dos anos, gostaria de ter visto o Lynyrd Skynyrd ocupando este espaço com o ótimo God & Guns.
Fernando: Disco médio do Kiss, que provavelmente só está aqui pelo fanatismo do Davi... (Risos). Vejam, não o considero um álbum ruim, mas não seria um disco da banda que eu pensaria de cara e tiraria da prateleira para ouvir.
João Renato: Um exemplo de como ser clichê e eficiente, o primeiro disco do Kiss com a formação atual faz aquilo que a formação original deveria ter feito em Psycho Circus – mas era difícil, contando com dois músicos totalmente fora de forma e de si na guitarra e na bateria. Há faixas que poderiam ter entrado em diferentes épocas da discografia da banda, todas grudentas ao extremo.
Mairon: Cara, quando o Kiss voltou a ser mascarado, mas sem Ace Frehley e sem Peter Criss, eu perdi o tesão pela banda. Ouvi Sonic Boom na época porque todo mundo falava que era um discaço. Lembro que o achei mais do mesmo, com canções que lembram os anos 1970 ("Never Enough", "Yes I Know (Nobody's Perfect)") só que é muito indecente. Todas as canções tem o riff chupinhado de alguma música da fase clássica, é só prestar um pouco de atenção que algo de Alive! (1975) ou Alive II (1977) lhe virá à mente, mas modificado. Por exemplo: "Danger Us" é o mesmo riff de "God of Thunder", apenas mais veloz. Sei lá, se fosse o quarteto original tocando isso, beleza, ia ser ótimo, mas sabendo que o batera é o Eric Singer e que o guitarrista é Tommy Thayer, dois caras que têm muito mais talento do que simplesmente tocar um rock 'n' roll direto e sem firulas, não me cai bem. Outro que entra pelo fanatismo, e só...
Ulisses: Álbum de inéditas da banda após mais de uma década sem novidades. Se bem que eu não chamaria nenhuma das faixas de Sonic Boom de novidade. É exatamente o que eu esperava: um disco que não fede e nem cheira, soando apenas decente. Tanta coisa legal em 2009 e os caras me vêm com um disco do Kiss na penúltima edição da série...

05-chickenfoot
Chickenfoot - Chickenfoot (33 pontos)
Alexandre: Bem, quem conhece a fase solo de Sammy Hagar sabe que a fase Van Halen que traz o conhecido cantor não é conduzida apenas por Eddie Van Halen. Afinal, se não é consistente, há em vários dos trabalhos do cantor em seu histórico pós-Van Halen algo do DNA do que foi desenvolvido nos álbuns da sua ex-banda nos pouco mais de dez anos em que estiveram juntos. Assim, chamar essa fase do Van Halen de “Van Hagar” não era de todo inapropriado, veneno à parte. Ao trazer Chad Smith e Joe Satriani e formar o supergrupo com o estranho nome de Chickenfoot, Hagar antecipou-se à volta do Van Halen original e entregou um consistente álbum, no qual Satriani também brilha. Ele não é Eddie Van Halen, mas quebra um senhor galho. Em minha opinião, é o melhor disco do virtuoso guitarrista, afinal, entre seus trabalhos solo, há bastante coisa interessante, mas não dá para comparar com um álbum no qual as canções aparecem mais. Há vários destaques no disco, que é quase todo bom: "Oh Yeah", "Down the Drain", "Avenida Revolution", "Runnin’ Out", "Turning Left", todas entrariam no “Van Hagar”. "Soap in a Rope" entraria em qualquer um dos álbuns gravados por Hagar em sua antiga banda. As baladas são um pouco mais óbvias, mas ainda assim destaco "Learning to Fall". Ótimo disco de hard rock pra quem gosta de uma boa guitarra e pra quem transita entre as duas fases do Van Halen sem preconceitos. Sobra em 2009, fácil.
Alissön: Brotaram "supergrupos" a partir dos anos 2000. Achar algum que realmente tenha valido algo é quase impossível. Joe Satriani, Sammy Hagar, Michael Anthony e Chad Smith: time de respeito. O produto base é qualquer coisa, menos interessante. Hard rock técnico, bem executado, mas extremamente derivativo e sem fibra.
André: Uma pena que este projeto morreu, porque ambos os discos e os músicos envolvidos são de excelente gabarito. O único cujo trabalho não acompanho é o baterista Chad Smith. Entretanto, mesmo fazendo parte de uma banda pela qual não tenho lá tanta estima, acaba por demonstrar o mesmo nível dos outros três. Temos "Avenida Revolution" e "Sexy Little Thing" como exemplos de hard rock moderno e de grande qualidade. Uma pena que o dinheiro não entrou e os caras pararam. Pelo menos pude conferir Satriani tocando em uma banda ainda nesta vida.
Ben: Bom, como acontece com qualquer um desses chamados supergrupos, a expectativa sempre pode ser grande... Com feras do porte de Sammy Hagar, Michael Anthony, Chad Smith e Joe Satriani, não poderia ser diferente. Evitando soar como o Van Halen – mas se permitindo aqui e ali –, o Chickenfoot fez um disco descontraído mesclando o hard rock com algo de pop. A abertura “Avenida Revolution” atinge o objetivo, e a dinâmica “Oh Yeah!”, com seu festival de guitarras, são dois dos bons momentos em um repertório que deixa (um pouco) a desejar. Mas Hagar é o cara que destrói, com uma voz empolgante e que ultrapassava 60 anos de uso regada a muito destilado.
Bernardo: Não faz meu estilo nem um pouco, mas é competente. Seus músicos sabem tocar o rock básico e direto como ninguém.
Christiano: Supergrupos costumam decepcionar. Não é o caso do Chickenfoot, que já em seu primeiro lançamento conseguiu criar um bom registro. Sammy Hagar fez um ótimo trabalho, adaptando sua voz para uma sonoridade um pouco mais pesada e até mesmo mais suja que no seus trabalhos com o Van Halen. Outra boa surpresa foi Joe Satriani, que criou belos riffs. Se fosse pra escolher uma única música para mostrar o disco para alguém, esta seria “My Kinda Girl”, que tem um refrão muito bom e é uma das faixas mais alto astral do álbum. Boa dica.
Davi: Um verdadeiro dream team. Só feras nesse line-up. Vergonhosamente esqueci de citá-lo na minha lista pessoal. Ainda bem que os consultores lembraram. Um dos melhores álbuns dos últimos tempos. Sammy Hagar arregaça. Joe Satriani e Michael Anthony dispensam comentários. Em outros tempos, faixas como “My Kinda Girl”, “Oh Yeah”, “Sexy Little Thing” e “Soap on a Rope” tempos teriam se tornado grandes hits. “Turning Left” tem de tudo para agradar aos fãs de Van Halen. Grande álbum!
Diogo: Lembro bem da decepção que tive quando este álbum foi lançado. Não que minha expectativa estivesse nas alturas, mas o fato é que gosto dos quatro envolvidos e acho que todos são capazes de ótimas empreitadas, mas parece que a união entre eles não se processou muito bem. Talvez a camaradagem tenha rolado solta, mas isso não se traduziu em grandes músicas. Em alguns momentos chega a empolgar de leve, mas depois volta à mesma água morna que domina seus 57 minutos. Não há dúvidas de que Sammy Hagar seja um grande vocalista, mas fica bem nítido que falta uma certa "companhia" (três letras...) ao seu lado para fazer com que suas composições tenham liga. Creio que o ponto mais positivo do álbum seja ver Joe Satriani atuando muito bem como integrante de um grupo, coisa com a qual não estava muito acostumado. Não raro, seus solos salvam canções desinteressantes, como é o caso de "Down the Drain" e "Future in the Past". "Soap on a Rope" aproxima-se mais de sua carreira solo e é legalzinha.
Fernando: O Chickenfoot poderia ser hoje uma banda para fechar, por exemplo, festivais como o Rock in Rio do ano que vem, mas como a carreira deles é meio errática, não conseguiram produzir o suficiente pelo tempo de banda, então nunca serão lembrados. Talvez para ser co-headliner pelos nomes envolvidos.
João Renato: Um exemplo de como juntar um quarteto talentoso e deixar a música falar mais alto que o talento individual. Canções fáceis, diretas e ganchudas, um chute certeiro após o outro. Não mudou o mundo, não reinventou a roda, mas não seria a essa altura das carreiras dos envolvidos que isso mudaria. Gosto até da balada melosa, brega e irresistível!
Mairon: Disco que vai direto ao assunto, ou seja, a união de gigantes da música em uma superbanda fantástica, que alegra os ouvidos do início ao fim. É rock 'n' roll na veia, lembrando muito Van Halen por um lado (a engraçadíssima "Sexy Little Thing", "Runnin' Out" e "Turnin' Left"), faixas com a marca Joe Satriani nas guitarras ("Soap on a Rope" e a belíssima "Learning to Fall") e outras surpreendentes para o que se poderia esperar do quarteto, como o peso de "Avenida Revolution", destacando o baixão porrada na cara de Michael Anthony, o suíngue de "Oh Yeah", a malemolência de "Future in the Past", praticamente saída das tumbas da Motown, os teclados de Joe Satriani em "My Kinda Girl" e a viajante "Get It Up". A melhor faixa é a longa "Down the Train", com uma espetacular sequência de solos de Satriani. A versão japonesa ainda tem o boogie acústico "Bitten by the Wolf", uma canção que ficou fora das demais versões porque realmente é mais fraquinha. O mais interessante é que, em todas elas, Chad Smith não demonstra nada do que faz no Red Hot Chili Peppers, ou seja, o cara é um virtuoso na bateria, tocando todos os estilos com competência e muita precisão. Um dos grandes discos desse ano, com certeza. Pena que a banda não lançou mais nada depois de III (2011).
Ulisses: De um supergrupo com neguinho do quilate de Joe Satriani (e acho que poucos imaginavam vê-lo em um grupo assim), Sammy Hagar, Michael Anthony e Chad Smith, eu esperava mais do que isso. O disco está longe de ser ruim, trazendo um hard rock que traz o balanço certo de técnica e gingado, mas que ainda parece ser feito de maneira descompromissada, quase como um rascunho das capacidades desse pessoal aí. Ainda assim, o nível é alto o suficiente para nos entregar petardos do nível de "Soap on a Rope", "My Kinda Girl" e "Future in the Past". Pena que só durou este álbum e mais um, e depois, aparentemente, os próprios membros perderam o interesse.

06-skyforger
Amorphis - Skyforger (31 pontos)
Alexandre: Não conhecia a banda, e até gostei da primeira faixa, "Sampo". A primeira impressão é de que seria um álbum promissor. Há uma preocupação lírica, o trabalho é conceitual, e o estilo acaba me lembrando um pouco o Nightwish, sem o vocal feminino. Lá no meio da tal primeira faixa vem o vocal “vomitado” que quase põe tudo a perder. Mas a participação “vomitada” (que deve ter um propósito na história desenvolvida no desenrolar do CD) é pequena, exceto pelas faixas "From Earth I Rose" e "Majestic Beast", esta particularmente intragável. No mais, Tomi Joutsen não compromete e até canta bem, inclusive ao vivo. As melodias, no entanto, poderiam ser menos óbvias e a produção é carregada demais para o meu gosto nos teclados. O instrumental, em especial pelas guitarras e algumas linhas de piano, é bem agradável. Mas não ouvi nada que chamasse muito minha atenção, exceto quando há participações de flautas no início da faixa-título e, principalmente, em "Highest Star", buscando uma linha que remete às origens folclóricas da terra natal da banda. O disco acaba cansando e achei meio forçada sua presença na lista final.
Alissön: Sou meio apático com o Amorphis, até em sua fase áurea, quando foi uma das bandas que melhor traduziu a união do folk nórdico com o metal de maneira harmônica. Ao deixar esse lado progressivo e folclórico mais evidente ainda, fez com que me afastasse mais ainda do som da banda, mesmo que tenha seu valor.
André: Já escutei mais o Amorphis há uns cinco anos. A discografia é longa, não ouvi todos os álbuns (este foi a primeira vez) mas sei que eles mudaram de uma banda doom/death para um rock melódico com alguns toques progressivos. Caminho similar tomado pelos britânicos do Anathema. Skyforger soa ali entre o midtempo e o atmosférico, característica que foi se acentuando conforme a banda foi envelhecendo. O álbum possui bons momentos, como "Silver Bride", e um ótimo solo de Esa Holopainen em "Sky is Mine", com um belo efeito chorus da guitarra (aparentemente, os guitarristas são os melhores integrantes da banda), mas com o restante ficando ali no mediano. Não te incomoda mas também não diz a que veio. Eu esperava um tanto mais desses finlandeses.
Ben: Depois de uma bela sequência de discos – Eclipse (2006) e Silent Waters (2007) –, o Amorphis liberou um sucessor que figura como seu melhor trabalho até os dias de hoje – superior a Tales from the Thousand Lakes (1994), considerado por muitos como o clássico absoluto da primeira fase da banda. Skyforger ("Falsário do Céu") encerra uma espécie de trilogia iniciada com o já citado Eclipse, abordando vários personagens do folclore finlandês Kalevala. Não tão sombrio quanto seu antecessor, a desenvoltura progressiva, aliada a sutis resquícios da música extrema, gerou um estilo facilmente reconhecível e aqui alcançou um patamar próximo da perfeição. “From the Heaven of My Heart”, “Majestic Beast”, a própria faixa-título e “Course of Fate” são tão especiais que garantem um repertório emocionalmente poderoso. Um dos discos que mais escuto por aqui.
Bernardo: Death metal melódico do Leste europeu. Bem, todos soam parecidos para mim, e este caso não é diferente.
Christiano: Não conhecia este disco e nunca morri de amores pelo Amorphis. Logo na primeira faixa, “Sampo”, já tive uma surpresa positiva. Música muito interessante, bem construída. “From the Heavens of My Heart” é outra que me agradou. Apesar de bastante densa, tem mudanças de andamento muito inteligentes. Os caras conseguiram fazer um som bastante atual, pesado e agradável. “Majestic Beast” é uma bola fora do disco, que estava indo muito bem. Os vocais guturais não se encaixaram na música. Mesmo assim, este álbum não deixou de ser uma grata surpresa. Muito legal.
Davi: Essa é uma banda com a qual não sou muito familiarizado. Havia ouvido uma música aqui, outra ali, não muito mais do que isso. Não sabia muito bem o que esperar do disco. Sei lá por que, mas por conta de tudo que li sobre eles, esperava um trabalho mais pesado. Achei bom, bons músicos, mas acho o vocal gutural meio deslocado nesse tipo de som. De toda forma, gostei do timbre de Tomi Joutsen e também gostei do trabalho de guitarra. Nem sempre complexo, mas bem criativo. Vou procurar ouvir mais alguma coisa deles.
Diogo: Confesso que o único álbum do Amorphis que ouvi com mais atenção foi Tales from the Thousand Lakes, além do EP Privilege of Evil (1993), muito em função do meu gosto pelo death metal. Contudo, não tenho nada contra esse caminho que o Amorphis tomou em lançamentos posteriores. Inclusive, foi bom ver o grupo por aqui, pois atiçou minha vontade para explorar melhor a discografia dos finlandeses. Acho que o Amorphis é daqueles raros casos de banda que consegue unir melodias folclóricas de sua terra natal ao heavy metal sem parecer forçação de barra, pra não dizer uma piada, como tantos fazem (ouçam "Highest Star" e "From Earth I Rose"). Esa Holopainen e Tomi Koivusaari são bons guitarristas e conduzem a sonoridade do sexteto com classe. Temos um ótimo exemplo de seu trabalho na excelente "Sky Is Mine". "Silver Bride", com cara e desempenho de single pop, é outra canção surpreendentemente boa.
Fernando: O álbum que mais gosto do Amorphis é Elegy (1996). Sempre ouvia a música da banda comparando tudo com ele. Como não encontrava algo tão bom quanto, deixei o grupo de lado por muito tempo. Quando ouvi Skyforger eu já havia mergulhado no progressivo e acho que isso me fez gostar do álbum e dessa nova fase, mais direcionada para esse estilo. Desde então acompanho todos os novos lançamentos e gosto de tudo.
João Renato: Sei que uma parte dos fãs são extremamente saudosistas para com a fase mais metal do Amorphis. Porém, gosto muito mais dos discos da última década. Talvez seja a saudade do Sentenced, mas enfim... Gosto dele e ainda mais dos que vieram depois. Comerciais e não há nada de ruim nisso.
Mairon: Não é o tipo de metal que eu gosto de ouvir, até porque é modernoso demais. Vocais encaixados para criar um ambiente de filme gótico, guitarrinha cheia de efeito – e mal tocada, putz –, orquestrações aqui e acolá e um cheiro de Nightwish apodrecido que me fizeram parar de ouvir na quarta música. Desculpem os colegas que votaram nessa porcaria, mas não deu.
Ulisses: Só conhecia a banda de nome mesmo. Muito boa. No geral, o som é um metal progressivo um tanto quanto melódico, com toques de folk, uma tecladeira danada de boa e uma ótima performance vocal de Tomi Joutsen. O único problema é que a primeira metade do álbum é bem mais forte que a segunda; porém, talvez algumas audições a mais tirem essa impressão.

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Them Crooked Vultures - Them Crooked Vultures (28 pontos)*
Alexandre: Aqui há sentimentos um tanto contraditórios. Se por um lado não há como não elogiar o trabalho (em especial instrumental) desenvolvido no álbum, ele quase não se conecta comigo durante a audição, provavelmente por eu não ser muito chegado ao som do Queens of the Stone Age, pois é nela que a sonoridade do CD mais se sustenta. A música que me chama atenção e se destacou entre as outras é "Scumbag Blues", na qual vi mais espaço para timbres interessantes de guitarras e uma ótima inserção de teclados vindo diretamente dos usados em "Trampled Under Foot", do histórico Physical Graffiti (1975). Gostei também do fim de "Bandoliers", novamente com teclados criando um clima interessante, aliado a uma performance bem encaixada de bateria e baixo.  Se tivesse mais Zeppelin e menos Queens of the Stone Age, eu acho que gostaria mais do que ouvi.  Dave Grohl é um baterista criativo, bastante esforçado, mas não é John Boham. Josh Homme definitivamente não chega perto nem de Page nem de Plant. É muito bom ouvir o baixo de John Paul Jones, que esbanja talento onde quer que apareça. Mas o que incomoda na verdade são os timbres meio alternativos de guitarra e as vozes recheadas de efeito. O disco vai perdendo fôlego conforme vai chegando ao seu final. Particularmente, faixas como "Interlude with Ludes" e "Warsaw of the First Breath You Take After You Give Up" não me agradam. Não gostei do resultado final, mas ainda assim até que considero a escolha razoável.
Alissön: Power trio de responsa fazendo um som vigoroso, cheio de classe e perícia na execução. John Paul Jones segue sendo o condutor em todo projeto que se meteu, Josh Homme imprime seus ótimos vocais e sua execução desértica, enquanto Dave Grohl mostra que não é só o cara que canta baladas no Foo Fighters, descendo a mão com muita vontade na bateria. Só poderia ser mais curto, mas ainda assim continua sendo uma boa audição.
André: Mais um projeto de banda superestelar de um disco só. Porém, diferente do Chickenfoot, acho esse projeto liderado por Dave Grohl bem sem sal. Talvez por vários momentos me lembrar o Queens of the Stone Age. Apesar da tentativa de dar algumas palhetadas ao estilo blues por parte de Josh Homme, sinto que as composições não fazem jus à fama que os três integrantes possuem. Adoro o baixo de Jones e admiro Grohl pelo seu carisma, mas pelo jeito nunca vou gostar de nada dele fora do Nirvana (que apenas aprecio, mas longe de estar em alto patamar em meu gosto pessoal). Resumindo: peida alto, mas não fede.
Ben: Dá para associar os caras de Foo Fighters, Queens of the Stone Age e Led Zeppelin como super-qualquer-coisa. Algo legal é que o disco segue uma linha, não atira para todo lado, e consegue ser despretensioso. Calcado nos anos 1970, o álbum é contagiante desde a primeira faixa, com um monte de riffs bem sacados e groove por todo lado. Desde a primeira vez que ouvi o disco, "Reptiles", a viajandona "Interlude With Ludes" e "Gunman" foram minhas preferidas. E, escutando o álbum após tanto tempo, essa trinca permanece como destaque para mim. Legal lembrarem dele aqui na lista, pois eu havia esquecido.
Bernardo: Três nomes: Dave Grohl, Josh Homme e, último e mais importante, John Paul Jones. Não marcou tanto, mas é tão pauleira quanto melódico, cheio de momentos tão retrô quanto outros esquisitos. Power trio da nova geração com membros da velha geração. Deu pra entender?
Christiano: Mais um supergrupo. Dessa vez com a participação de Josh Homme, Dave Grohl e John Paul Jones. Gravaram um disco muito bom, talvez um pouco repetitivo, mas nada que comprometa. Principalmente se considerarmos as outras indicações desta lista. Uma coisa que fica muito evidente neste disco é a diferença que um ótimo baixista faz em uma banda. John Paul Jones é um dos maiores baixistas da história do rock, e isso fica muito claro aqui, mais uma vez. Difícil apontar um só momento, mas escolho “New Fang”, que considero uma das mais interessantes do álbum. Bela dica.
Davi: O lendário John Paul Jones (Led Zeppelin) une-se aos talentosos Josh Homme (Queens of the Stone Age) e Dave Grohl (Foo Fighters) nesse projeto memorável. O trio funcionou bem. O que temos aqui é nada mais, nada menos, que um autêntico álbum de rock 'n' roll. Mas vá com calma, não espere um trabalho nostálgico. Em termos de sonoridade, diria que se aproxima mais do trabalho do Queens of the Stone Age do que dos demais conjuntos. Dave demonstra que continuava sendo um baterista altamente criativo, enquanto Josh Homme continua com seu estilo de cantar habitual. John Paul Jones dispensa comentários. “Eraser No Chaser”, “Dead End Friends” e “Caligulove” são os melhores momentos do disco.
Diogo: Pegue um músico referencial do rock dos anos 2000 e garanta o crédito junto aos indies/alternativos. Ao seu lado, a credibilidade inegável de um ex-Led Zeppelin, para garantir que a turma do tal "classic rock" não torça o nariz. Junte a isso o maior arroz de festa dos últimos anos, para agradar aquela moçada que até gosta de rock, mas na real não manja muito de nada. Pronto: você tem um trio perfeito para satisfazer públicos diferentes, importando mais as referências que esses caras trazem do que a música que efetivamente colocam em prática. Porque, vamos combinar, esse rock de pegada meio quadradona, que não se decide muito bem pra que lado pende, e que soa mais como uma experiência levada a cabo pelo Queens of the Stone Age, não empolga tanto quanto promete. A execução é boa, algumas músicas agradam, mas não fica muita coisa após a audição. Talvez o que mais tenha marcado logo que o ouvi tenha sido o fato de que "Scumbag Blues" remete a outro trio famoso, o Cream, e é uma das que mais curti. Além dela, acho que "Bandoliers", "Gunman" e "Mind Eraser, No Chaser" são as mais interessantes. No mais, creio que Dave Grohl poderia ter imprimido conduções mais dinâmicas às músicas, uma vez que Josh Homme até se esforçou e John Paul Jones saiu-se bem em suas intervenções.
Fernando: Já ensaiei diversas vezes escrever sobre este disco para o site. No entanto, alguma coisa sempre acabou entrando na frente. Eu não curto o Queens of the Stone Age a ponto de comprar discos e tudo mais, mas vejo em Josh Homme "o cara" no Them Crooked Vultures, apesar de gostar da carreira dos outros músicos muito mais do que da dele. É até estranho pensar que um cara do Led Zeppelin está na banda. Parece algo tão fora do comum. Contudo, acho que os fãs em geral se levaram por um eventual preconceito contra Homme e, principalmente, por Dave Grohl, e deixaram passar este ótimo disco.
João Renato: A escalação, por si só, já impressiona. O disco ficou redondinho. Talvez um pouco minimalista para o meu gosto pessoal. Mas de qualidade indiscutível. Para escutar sem compromisso, a não ser com a diversão. Não espere a grandiosidade que o nome John Paul Jones pode sugerir. A coisa é bem mais “enxugada” e direta.
Mairon: Dave Grohl tirou John Paul Jones do ostracismo, e, junto com Josh Homme (QOTSA), fez um dos grandes discos de 2009, no nível esperado para os grandes álbuns de uma superbanda. Canções azeitadas e com muito feeling setentista estourando os altofalantes, com destaque para  "No One Loves Me & Neither Do I", o post-punk de "Dead End Friends", as linhas Cream de "Scumbag Blues", além do rock 'n' roll entusiasmante de "Elephant" e da enlouquecedora viagem de "Warsaw or the First Breath You Take After You Give Up". Som moderno, mas cativante, que chegou a perambular pela minha lista, mas acabou saindo já no segundo tempo. É merecido estar aqui.
Ulisses: Cheguei a cogitar bastante este disco para a minha lista. Um baita de um supergrupo formado por Josh Homme, John Paul Jones e Dave Grohl, trazendo um rock alternativo bacanudo e cativante. A levada de "Dead End Friends" sempre pipoca na minha cabeça vez ou outra. E olha que eu não curto, por exemplo, o Queens of the Stone Age (banda de Josh) ou o Nirvana e o Foo Fighters (de Dave), mas se neguinho acerta a mão com outra banda, a gente tem que aplaudir.

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Steel Panther - Feel the Steel (28 pontos)*
Alexandre: Eu realmente não vejo qualquer atrativo nessa coisa meio (ou totalmente) Spinal Tap, que bandas como o Steel Panther carregam como uma bandeira para os seus trabalhos, exceto pelo único álbum dos Mamonas Assassinas, que no meu entender souber fazer graça embrenhando-se por vários estilos. Nunca achei graça no Massacration, por exemplo. Além disso, já não sou muito chegado quando mesmo as bandas originais dos anos 1980 exageraram na farofada, em especial quando a coisa vai para um lado muito espalhafatoso. Quando se trata de um revival paródia que gera dúvidas se a coisa é pra levar a sério ou não, aí que eu perco o interesse de vez. Isso pra mim é a definição do Steel Panther: uma cópia/piada sem graça de algo que já não me agrada no original. As letras, propositalmente ridículas e apelativas (o fundo do poço é a faixa "Community Property"), o visual de gosto pra lá de horroroso, riffs, refrãos, os teclados copiados da versão ’87 de "Here I Go Again", do Whitesnake, na faixa "Fat Girl", o talk box de Richie Sambora em "Livin’ on a Prayer" copiado em "Party All Day", tudo isso entre um zilhão de outros arranjos chupados do hair metal Sunset Strip dos anos 1980... Desculpem-me, não dá pra entender a presença dessa arremedo de banda por aqui. Uma apelação sem tamanho que deixa o lado musical nos últimos dos planos. Salvo os solos do guitarrista. Ele deveria estar em outra banda e dar valor ao seu talento. O resto é de um mau gosto que custo a acreditar como chegou nesta lista final.
Alissön: Como uma piada aos excessos do hard rock dos anos 1980, esses caras são ótimos. E é assim que isso deve ser encarado, como uma piada para observar quão ridícula foi a produção visual e musical daquele período. Tentar achar qualquer outro atributo para o trabalho do Steel Panther é pedir para passar vergonha.
André: Gosto desses caras que fazem um som para não ser levado a sério. Apesar da postura glam, o som deles varia do bem pesado, lembrando bastante o heavy metal tradicional oitentista, ao hard rock farofeiro que eles zoam. Disco despretensioso e engraçado, só me divirto ao som de "The Shocker" e "Party All Day". Se merece estar na lista é outra história, só digo que eu os curto.
Ben: Bom… Músicos conhecidos na cena musical que fazem hard rock legal. Mas esse tipo de sátira (vamos dizer assim) com reboco de laquê e calças com estampa de oncinha enfiadas na bunda não dá, né? Há muita coisa boa para eu escutar por aí…
Bernardo: Prefiro o Massacration.
Christiano: Mais uma cópia tardia do Mötley Crüe? Em 2009? Querendo parecer engraçadinhos? Meu deus, que porcaria! A música é ruim, o visual é deprimente, a produção é metida a pesada, o vocalista é extremamente irritante e sem talento. Uma lástima.
Davi: Uma das bandas mais legais dos últimos tempos. Vários músicos tarimbados resolveram criar uma banda que é meio que uma sátira do hair metal e acabaram despontando. Os caras realmente são bons músicos e as faixas são muito bem construídas. Sempre gostei de Ralph Saenz (o Michael Starr), desde os tempos que ele fazia parte do L.A. Guns. E, mais uma vez, o cara entrega um ótimo trabalho vocal. A letra de “Community Property” é hilária. Quem viveu os anos 1980 e se amarrou nos grupos à la Bon Jovi irá delirar com musicas como “Fat Girl” e “Party All Day”. Já quem se amarra em um hard mais pesadinho, irá se empolgar em faixas como “Death to All But Metal” e “Eyes of a Panther”. Disco muito legal, mas tem que ouvir com mente aberta para a zoeira.
Diogo: Gosto da banda e deste disco, mas não deixei de ficar surpreso com sua presença por aqui. Em se tratando de fazer piada com o glam metal oitentista, não fica muito melhor que o Steel Panther. Além de escancarar as referências aos artistas da época e tirar um sarro com eles, o quarteto sabe rir de si mesmo, pois eles não são muito diferentes daquilo que abordam em suas letras escrachadas. Entre citações explícitas a Bon Jovi, Whitesnake, Van Halen e até Yngwie Malmsteen – vamos combinar, Satchel (Russ Parrish, que já tocou no Fight) é um baita guitarrista –, o quarteto sustenta composições bem sacadas que variam das power ballads safadas até faixas na linha do heavy mais tradicional. Devo admitir, "Death to All But Metal", "Asian Hooker", "Community Property" (belo solo) e "Party All Day" são irresistíveis até mesmo para os farofeiros mais viajados. Talvez um dia a piada perca a graça ou a música não a sustente, mas por enquanto eu me divirto com o Steel Panther. Seria muito mais interessante ver um show do grupo do que assistir uma banda cover tocando sucessos dos artistas nos quais o Steel Panther busca suas referências.
Fernando: O Steel Panther só foi me cativar depois daquele show no Monsters of Rock de 2015. Durante os meses seguintes eu fiquei viciado e ouvia suas músicas sem parar. Porém, este primeiro disco não é o que mais gosto, além de ser o que menos escutei.
João Renato: Humor misturado com rock sempre é bem-vindo. E poucos conseguiram fazer isso como o Steel Panther em Feel the Steel. Assim como toda banda que segue essa linha, uma hora vai perder a graça. Enquanto não acontece, vale se divertir de cabo a rabo com este disco, o melhor que a banda fez. É tão bom que muita gente vai achar que eles se levam a sério.
Mairon: Hard oitentista com toda a exímia qualidade farofenta que se exige de bandas do gênero, mas só para quem não presta atenção nas letras. Sendo assim, é legal ouvir "Turn Out the Lights", "Eyes of a Panther" e "Death to All But Metal", com participação de Corey Taylor. O disco tem cançãozinha acústica para tocar na beira da praia ("Girl from Oklahoma"), com uma bela letra ("come on pretty baby, suck my balls all night"), e até baladinha esperta, no caso "Community Property", com cordas e uma frase muito interessante ("my cock is community property"), "Stripper Girl" e "Fat Girl". Reparem nos nomes das duas últimas baladas e nas frases que destaquei. Algo diferente? Claro, é uma sátira explícita, uma piada com toda a geração anos 1980. E isso me é eleito um dos melhores discos de 2009, no mesmo ano de No Line on the Horizon (U2). Os músicos têm talento e podiam ter feito um disco sério, mas... Bom, melhor não falar nada. Abram as mentes, consultores... Que grande porcaria!
Ulisses: Ah, vá, as letras são bastantes engraçadas, e os caras tocam bem. Divertido em doses homeopáticas, mas ouvir de uma tacada é cansativo.

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Gotthard - Need to Believe (26 pontos)
Alexandre: Mais um representante do hard rock, estilo que dominou boa parte da lista final em suas subdivisões, o Gotthard faz uma linha mais sóbria, que me agrada mais. No estilo, por exemplo, do Europe. Prefiro a banda sueca, mas aqui também vejo uma banda competente, com um CD que traz alguns bons refrãos (outros passaram do ponto, como o de "Break Away"), boas melodias, bons solos, nada fora do lugar. O estilo tem uma grande característica de cair na mesmice, nada mais óbvio do que a balada "Don’t Let Me Down", portanto não é fácil apresentar um trabalho que consiga manter a atenção do início ao fim, o que acabou não acontecendo, no meu caso. Lá pela oitava faixa, "Right from Wrong", que pode ser considerada quase uma sobra de um álbum do Scorpions, fui perdendo o interesse. Ainda assim, posso considerá-lo uma escolha até razoável nesta edição e um álbum superior a Lipservice, que chegou à lista final de 2005. O motivo principal, na minha avaliação, é um desempenho com mais força interpretativa do vocalista Steve Lee. Destaco a faixa-título e a presença de bandolins e o bom uso dos efeitos rotary nas guitarras de "Unconditional Faith".
Alissön: Deve ser bom pra quem já gostava da banda e não quer se preocupar em ouvir algo muito criterioso, até porque não vejo outro caso em que isso seja minimamente recomendado.
André: Meu hard/AOR favorito do ano e último trabalho de Steve Lee antes de seu trágico acidente. Não adianta, esses suíços sabem fazer músicas mela cueca que me agradam em cheio. Sem contar os licks ganchudos que ficam na minha mente por horas. "Shangri La" e aquele início parecendo trilha sonora de filme épico, "Unconditional Faith", a melhor balada do disco, e a pesada "Rebel Soul", que já lembra aquele sleaze mais sujo tipo Mötley Crüe, são os destaques. Apesar deles já terem mais de 20 anos de estrada, devido à banda ter feito sucesso apenas nos anos 2000, eles ainda são vistos como "nova geração" há algum tempo. É o meu favorito dos suíços.
Ben: É com este disco que percebi algo inevitável na carreira de qualquer conjunto que possui um estilo e, ao longo de cada lançamento, se mantém fiel a ele. O Gotthard continuava com a inacreditável habilidade em compor canções realmente carismáticas, focadas em melodias mainstream, mas começava a se tornar um tanto quanto previsível. Isso está longe de significar que as composições são ruins. Tanto que a própria "Need to Believe" é belíssima e uma escolha óbvia para batizar o CD. Outra faixa memorável é "Shangri La", dona de uma gama de expressões mais variada. A receita continuava infalível, mas não surpreendia mais. Provavelmente, este disco veio parar nesta lista por ser o último com a voz de Steve Lee, que faleceu em um passeio de motocicleta pelas estradas dos EUA em 2010...
Bernardo: Cada vez que uma banda como o Gotthard entra para uma edição da série a imagem que os leitores têm da gente envelhece uns cinco anos. Do jeito que o bonde anda estaremos na fila do INSS já já.
Christiano: Com todo respeito aos fãs do Gotthard, mas lá vai: que troço chato, derivativo e burocrático. A primeira faixa, “Shangri La”, é até boazinha, mas da segunda em diante o que acontece é um show de previsibilidade e uma imensa vontade de ser cópia das bandas de hard rock farofa da década de 1980. Isso parece música da Xuxa com guitarras pesadas.
Davi: Último álbum com Steve Lee. Tive o prazer de entrevistar Leo Leoni e ele quando estiveram no Brasil em 2006. Alguns dos caras mais bacanas que já tive o prazer de conhecer. Altas risadas!! Apostaram aqui em um hard rock mais moderno, com uma pegada parecida com a de Lipservice (álbum que divulgavam na ocasião). Considerava Steve Lee um dos melhores cantores da última geração. O trabalho vocal dele aqui é excelente, para mim é o destaque do disco. Em relação às faixas: entre os rocks, minhas preferidas são “Unspoken Words”, “Need to Believe”, “Right from Wrong” e “Ain't Enough”. Já entre as baladas, destaco “Unconditional Faith”, “Don't Let Me Down” e “Tears to Cry”.
Diogo: Em 1996, o Gotthard lançou G., seu melhor disco. A concorrência, apesar de bem mais fraca, não permitiu que o álbum fizesse parte da edição da série dedicada a esse ano. Chegamos a 2009, ano cheio de bons lançamentos, mas no qual o Gotthard colocou no mercado um de seus álbuns menos inspirados. Para minha surpresa, eis que ele aparece, e, pode ter certeza, haverá gente dizendo que a "culpa" é minha. Não é que não haja boas canções em Need to Believe; isso o grupo sempre garantiu, não importando a época. "Unconditional Faith" e "Tears to Cry" são os melhores exemplos. Infelizmente, nenhuma delas é tão boa quanto os destaques de ótimos discos que já mencionei por aqui, como Homerun (2001) e Human Zoo (2003). Entre boas músicas e alguns fillers, o álbum se sustenta, destacando mais algumas faixas dignas de nota, vide "Unspoken Words", "Right from Wrong", "I Know, You Know" e "Rebel Soul". Need to Believe ficou marcado como o último disco gravado pelo vocalista Steve Lee e carrega uma carga sentimental muito maior em função disso, mas não chega a arrebatar este ouvinte calejado. Gostaria de ver este espaço preenchido por Karma, o álbum mais pesado já lançado pelo Winger.
Fernando: O último disco com Steve Lee é justamente o álbum que mais se aproxima do excelente Lipservice. Hard rock de respeito, que se tocasse mais por aí poderia fazer com que as pessoas parassem de procurar pela milésima vez o Guns N' Roses, o Skid Row e bandas de 20 anos atrás. Pena que nunca recebeu a atenção que mereceu. Com o novo vocalista a banda perdeu um pouco da qualidade, mas continua interessante.
João Renato: Infelizmente, a despedida de Steve Lee acabou sendo com o que considero o disco mais fraco da carreira do Gotthard. Sem inspiração, abusando da mesmice, para escutar e esquecer.
Mairon: E DB consegue colocar dois de seus queridinhos entre os dez mais. Parabéns, meu caro. Sucesso para ti. Que voz horrorosa desse Steve Lee, putz, como esse louco desafina. A baladinha "Need to Believe" é uma das coisas mais tenebrosas que já ouvi nesta série, e, por favor, de onde saiu essa tosquice chamada "Don't Let Me Down"?. A dupla "Rebel Soul" e "Tears to Cry" é um fechamento com chave de bost@ para um disco horrível! Maior número de desafinações por segundo. Não acredito que mais alguém além do Diogo curta algo tão terrível assim.
Ulisses: O Gotthard não é lá uma banda que me chama atenção. Neste registro, o vocalista Steve Lee entrega performances particularmente cativantes, mas isso ainda é incapaz de salvar as composições insossas do álbum.

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Megadeth - Endgame (25 pontos)
Alexandre: Considero o álbum anterior, United Abominations, que constava da minha lista dedicada a 2007, superior a este Endgame, mas a participação de Dave Mustaine e seus asseclas em 2009 também é correta. O que questiono um pouco é que a maestria e o virtuosismo de cair o queixo do então novo guitarrista, Chris Broderick, não encontra o mesmo patamar no conjunto da obra das composições. Apesar da bela surpresa que é a faixa instrumental que inicia o trabalho ("Dialetic Chaos"), o que se vê aqui é a consolidação cada vez maior do Megadeth  como um projeto solo de Mustaine. Qualquer um que entre em suas fileiras desde o fim do line-up clássico precisa ser um grande instrumentista, mas dificilmente vai dar “pitaco” substancial nas canções. Ainda assim, o álbum apresenta músicas bem legais, como a semibalada "The Hardest Part of Letting Go... Sealed with a Kiss", "44 Minutes" e o competente single "Head Crusher". Entrou na minha lista também, mas é prioritariamente indicado aos fãs da banda.
Alissön: Muita técnica mal executada e distribuida. Toda música parece entupida por solos cheios de fritações quase incompreensíveis e que começam e terminam sem muito critério em trechos aleatórios das canções. A produção é alta e joga o som das guitarras lá no alto, mas serve apenas como artifício barato para encobrir a deficiência gritante da qualidade geral das composições. Se tirar duas ou três músicas aproveitáveis, ainda será muito.
André: Nos últimos 20 anos, o Megadeth lançou muitos discos, mas este é fácilmente o melhor desde Youthanasia (1994). O que surpreende é que Dave Mustaine resolveu trazer muito do seu thrash do período oitentista, deu uma modernizada nas composições e lançou um excelente disco. As composições são fortes, pesadas e variadas, e Chris Broderick e James LoMenzo estavam simplesmente voando. Não consigo entender como Mustaine consegue oscilar tanto entre discos brilhantes (como este) e discos péssimos (o fraco Super Collider, de 2013, por exemplo).
Ben: Megadeth, a primeira banda de thrash que realmente me chamou atenção, que fui acompanhando e vendo Mustaine compor de forma tão sobrenatural. Acho que Endgame é um reflexo dessa constatação, pois é um disco moderno que não nega suas raízes, com a típica rifferama – e Broderick detonou por aqui também! Curto muito United Abominations, que dividiu algumas opiniões por aí, mas Endgame pode ter corrigido algumas impressões negativas, pois é mais brutal e sombrio. Melhor amarrado, digamos assim, e "44 Minutes", "Bodies", "Endgame" e "How The Story Ends" deixam isso muito claro. Discaço!
Bernardo: Bons riffs e algumas boas ideias, mas não consigo gostar muito do Megadeth recente. Acho que nem os próprios, de tanto que fazem show tocando álbum clássico...
Christiano: O Megadeth, após a saída de Marty Friedman e Nick Menza, gravou um disco muito bom: The System Has Failed (2004). Depois disso, conseguiu produzir alguns momentos medianos e outros bem fracos. Endgame está entre os fracos. É um disco bem rápido, mas sem inspiração. Muito disso se deve ao péssimo trabalho do baterista Shawn Drover, talvez o pior músico a ter feito parte da banda até hoje. Se tivessem colocado uma bateria eletrônica, talvez o resultado fosse menos previsível e mecânico, tamanha a falta de desenvoltura do sujeito, que parece ter ligado os bumbos duplos no automático e ter se esquecido de tocar. Fora isso, o que temos é um amontoado de músicas meia boca, que parecem ter sido feitas pra encher linguiça e lançar mais um álbum, pra poderem excursionar.
Davi: O Megadeth tentou se arriscar algumas vezes, como no errático Risk (1999), mas seus (poucos) experimentos nunca foram muito bem aceitos. Nem mesmo entre os fãs. Neste caso, a trupe de Dave Mustaine mantém sua sonoridade clássica. Thrash metal pesado, direto, com ótimos riffs, solos velozes e os vocais típicos de Mustaine. Todas as marcas estão presentes. O disco, como é de se esperar, é bom, mas sinto falta de uma faixa mais forte, que se destaque no álbum. Claro... Há sons muito legais, como “This Day We Fight!” e “How the Story Ends”, mas sinto falta daquele som que te faça querer pegar o disco na estante para ouvi-lo, saca? Bom disco, mas não o elegeria melhor do ano.
Diogo: Endgame é o melhor disco do Megadeth pós-Cryptic Writings (1997). Alguns diriam pós-Youthanasia, mas a verdade é que gosto bastante de algumas canções de Cryptic Writings, não me importando com sua pegada mais pop. É verdade, falta a profundidade que tornou tão especiais álbuns como Peace Sells... But Who's Buying? (1986) e Rust in Peace (1990), mas não dá pra negar a injeção de ânimo que a banda manifestou em Endgame, se aproximando mais do thrash metal e entregando composições mais bem resolvidas. Como não se lembrar de "Into the Lungs of Hell"/"Set the World Afire" (So Far, So Good... So What!, 1988) ao ouvir a veloz dupla "Dialectic Chaos"/"This Day We Fight!"? Quem prefere o Megadeth mais rápido e feroz precisa ouvir "Head Crusher" (pancada na orelha) e "1,320", enquanto aqueles sedentos por material mais elaborado podem encontrar boas opções em "44 Minutes", "The Hardest Part of Letting Go... Sealed With a Kiss" e "The Right to Go Insane". Agora imagine isso tudo se a banda tivesse um baterista bom de verdade! Porque, convenhamos, Shawn Drover sempre esteve em um nível abaixo de seus companheiros, ao contrário do estreante Chris Broderick, um guitarrista de mão cheia. Empolgou na época e continua empolgando. Não entrou em minha lista por bem pouco.
Fernando: Lembro de quando este disco saiu. Ouvi-o e achei foda! Mas depois de outras audições eles foi perdendo força para mim. Ainda assim, vejo-o como um bom disco e melhor do que o anterior e o posterior.
João Renato: Injetando peso como não se via desde Rust in Peace, Dave Mustaine chutou o balde de forma linda e fez o disco que a ala mais headbanger de seus fãs esperava. Uma prova de que o Megadeth sempre teve dono e, quanto mais liberdade ele teve, melhor as coisas aconteceram.
Mairon: Só a introdução de "This Day We Fight!" já vale a presença deste disco na lista final. Entre tantas coisas absurdas, Endgame é aquela flor de lótus que se agiganta na lama que a envolve. Não que seja um disco sensacional – acho que nem um top 5 do Megadeth é –, mas cara, sempre é bom ter o prazer de ouvir um thrash tradicional, bem feito, apresentado através de "The Right to Go Insane", "44 Minutes" e da boa faixa-título. Destaque total para a épica "The Hardest Part of Letting Go... Sealed With a Kiss", com cordas, violões e um lindo solo de Mustaine. Como disse, não é um dos meus preferidos da banda, mas sua presença aqui é muito bem vinda.
Ulisses: O disco mais pesado e consistente do Megadeth nos anos 2000. Em seus três lançamentos anteriores nessa década, a banda entregava algumas poucas excelentes composições boiando em um mar de fillers. Não é o caso de Endgame! Chris Broderick já havia entrado na banda no ano anterior, substituindo Glen Drover, mas esta é a sua estreia em estúdio, e o cara já estava entrosado com o tio Mustaine: ouvir cavalices como "Dialectic Chaos", "This Day We Fight!", "1,320'", "Head Crusher" e "How the Story Ends" foi de fazer chorar, na época.

* Them Crooked Vultures (Them Crooked Vultures) ficou empatado com Feel the Steel (Steel Panther), ambos com 28 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão a respeito do sétimo colocado foi tomada através de uma enquete na qual participaram todos os colaboradores da série.

Listas individuais
Alexandre Teixeira Pontes
  1. Heaven & Hell – The Devil You Know11-before-the-frost
  2. The Black Crowes – Before the Frost… Until the Freeze
  3. Chickenfoot – Chickenfoot
  4. Europe – Last Look at Eden
  5. Kiss – Sonic Boom
  6. Megadeth – Endgame
  7. Jorn Lande – Spirit Black
  8. Mastodon – Crack the Skye
  9. Muse – The Resistance
  10. Dream Theater – Black Clouds and Silver Linings
Alissön Caetano Neves
  1. Ulcerate – Everything Is Fire12-everything-is-fire
  2. Dragged into Sunlight – Hatred for Mankind
  3. Nadja & Black Boned Angel – Nadja & Black Boned Angel
  4. Sunn O))) – Monoliths and Dimensions
  5. Mastodon – Crack the Skye
  6. Vektor – Black Future
  7. Kylesa – Static Tensions
  8. Converge – Axe to Fall
  9. Franz Ferdinand – Tonight
  10. Mournful Congregation – The June Frost
André Kaminski
  1. Gotthard – Need to Believe13-arany-album
  2. Dalriada – Arany-Album
  3. Heaven & Hell – The Devil You Know
  4. Sinister Realm – Sinister Realm
  5. Sepultura – A-Lex
  6. Foreigner – Can’t Slow Down
  7. Yotangor – King of the Universe
  8. Macbeth – Gotteskrieger
  9. Rodrigo y Gabriela – 11:11
  10. Truckfighters – Mania
Ben Ami Scopinho
  1. Amorphis – Skyforger14-in-the-constellation-of-the-black-widow
  2. Heaven & Hell – The Devil You Know
  3. Anaal Nathrakh – In the Constellation of the Black Widow
  4. Danger Danger – Revolve
  5. Candlemass – Death Magic Doom
  6. Eluveitie – Evocation I: The Arcane Dominion
  7. Immortal – All Shall Fall
  8. W.E.T. – W.E.T.
  9. Haggard – Tales of Irithia
  10. Devildriver – Pray for the Villains
Bernardo Brum
  1. Bob Dylan – Together Through Life15-together-through-life
  2. Animal Collective – Merriweather Post Pavillion
  3. Arctic Monkeys – Humbug
  4. MF DOOM – Born Like This
  5. Grizzly Bear – Vecktatimest
  6. Bill Callahan – Sometimes I Wish We Were an Eagle
  7. Dinosaur Jr. – Farm
  8. Mos Def – The Ecstatic
  9. Vincent – Actor
  10. The xx – xx
Christiano Almeida
  1. Depeche Mode – Sounds of the Universe16-sounds-of-the-universe
  2. Mastodon – Crack the Skye
  3. The Noisettes – Wild Young Hearts
  4. Imaad Wasif – The Voidist
  5. The Devil’s Blood – The Time of No Time Evermore
  6. Alice in Chains – Black Gives Way to Blue
  7. Arctic Monkeys – Humbug
  8. Soulsavers – Broken
  9. Shadow Gallery – Digital Ghosts
  10. Astra – The Weirding
Davi Pascale
  1. Kiss – Sonic Boom17-anomaly
  2. Steel Panther – Feel the Steel
  3. Ace Frehley – Anomaly
  4. Lynyrd Skynyrd – God & Guns
  5. Them Crooked Vultures – Them Crooked Vultures
  6. Slayer – World Painted Blood
  7. W.E.T. – W.E.T.
  8. Céu – Vagarosa
  9. Pearl Jam – Backspacer
  10. Alice in Chains – Black Gives Way to Blue
Diogo Bizotto
  1. Wilson Hawk – The Road18-karma
  2. Winger – Karma
  3. Immortal – All Shall Fall
  4. Mastodon – Crack the Skye
  5. Rammstein – Liebe Ist Fur Alle Da
  6. Richie Kotzen – Peace Sign
  7. Candlemass – Death Magic Doom
  8. Heaven & Hell – The Devil You Know
  9. Lynyrd Skynyrd – God & Guns
  10. Bruce Springsteen – Working on a Dream
Fernando Bueno
  1. Heaven & Hell – The Devil You Know19-hordes-of-chaos
  2. Them Crooked Vultures – Them Crooked Vultures
  3. Kreator – Hordes of Chaos
  4. Wolfmother – Cosmic Egg
  5. Chickenfoot – Chickenfoot
  6. Stryper – Murder By Pride
  7. Amorphis – Skyforger
  8. Mastodon – Crack the Skye
  9. Candlemass – Death Magic Doom
  10. Gotthard – Need to Believe
João Renato Alves
  1. Wilson Hawk – The Road20-follow-the-dreamer
  2. Missing Tide – Follow the Dreamer
  3. W.E.T. – W.E.T.
  4. Richie Kotzen – Peace Sign
  5. Steel Panther – Feel the Steel
  6. Sunstorm – House of Dreams
  7. Little Caesar – Redemption
  8. Machines of Grace – Machines of Grace
  9. Megadeth – Endgame
  10. Europe – Last Look at Eden
Mairon Machado
  1. U2 – No Line on the Horizon21-no-line-on-the-horizon
  2. Beardfish – Destined Solitaire
  3. Dave Matthews Band – Big Whiskey and the GooGrux King
  4. Heaven & Hell – The Devil You Know
  5. Isis – Wavering Radiant
  6. Chickenfoot – Chickenfoot
  7. UFO – The Visitor
  8. Slayer – World Painted Blood
  9. Os Mutantes – Haih… ou Amortecedor
  10. Thiago França – Na Gafieira
Ulisses Macedo
  1. 放課後ティータイム – 放課後ティータイム22-ho-kago-tea-time
  2. Perfume – 
  3. Megadeth – Endgame
  4. Wolf – Ravenous
  5. Shadowside – Dare to Dream
  6. Heaven & Hell – The Devil You Know
  7. Halestorm – Halestorm
  8. Kalafina – Seventh Heaven
  9. Diablo Swing Orchestra – Sing Along Songs for the Damned and Delirious
  10. Epica – Design Your Universe

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