Por Mairon Machado (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)
Dois anos após o lançamento de Into the Labirynth, eis que o Saxon lança seu décimo nono álbum de estúdio. Mantendo a sonoridade presente nos discos da década passada, Biff Byford (vocais), Paul Quinn (guitarras), Doug Scarratt (guitarras), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Cloker (baixo) dessa vez resolveram diminuir a presença dos teclados em suas canções, aliando-se à Don Airey quando necessário, e assim, compuseram e registraram o melhor álbum do grupo desde Metalhead (1999), o qual saiu em uma versão limitada no formato duplo, pela Hellion Records.
Nele, o grupo consegue colocar peso, velocidade e elementos misturados dos anos 80 e 90 cozinhando ao mesmo, e o resultado é muito bom. Desde o início, com a paulada "Hammer of the Gods", sabemos que o que estamos ouvindo é um grande disco. Byford mostra que mesmo com o passar do tempo, ainda é um dos principais vocalistas do heavy metal, cantando sem forçar nos agudos, como tem sido nos últimos álbuns. "Back in 79" é pesada, e como o título sugere, retorna aos hardianos sons do final dos anos 70, adaptado para o ano de 2011.
Nibbs Carter, Nigel Glocker, Biff Byford, Doug Scarratt, Paul Quinn, |
"Surviving Against the Odds" é um rock visceral, onde Quinn mostra sua habilidade para criar riffs pegajosos, e tem tudo para se tornar uma das favoritas dos fãs, enquanto "Mists of Avalon" é uma bela canção, para mim a melhor do CD, com um excelente trabalho de guitarras e teclados, além de um refrão levanta-arena, fora os excepcionais solos de Scarratt e Quinn, seguida pela faixa-título, uma balada pesadíssima, com seu cheiro de anos 90, e uma interpretação vocal mais uma vez perfeita de Byford.
O rock-boogie de "Chasing the Bullet" destaca o baixão de Carter, sendo que em alguns momentos parece estarmos em um disco do ZZ Top, enquanto a entrada matadora de "Afterburner" nos lança diretamente ao início da carreira do Saxon, em uma paulada que também é forte candidata a melhor canção do álbum, com Byford gastando as cordas vocais no refrão que entoa o nome da canção, e Glocker mandando ver em um ritmo alucinante atrás do bumbo. Destaque para o solo de Quinn, realizado sobre o tema feito pelas guitarras gêmeas, e que é uma ótima saudação às origens da NWOBHM.
O grupo durante a turnê de Call to Arms |
"When Doomsday Comes (Hibrid Theory)" lembra "Perfect Strangers" (Deep Purple), com o riff pegado de teclado e guitarra, e acaba sendo a canção mais fraca do álbum, soando oitentista demais perto das outras, quase na linha dos renegados Rock the Nations (1986) e Dynasty (1988), sofrendo uma mutação sensível nos solos de Quinn e Scarratt, onde a pegada aumenta e a canção ganha força, mas sem chamar a atenção quando do retorno da letra., ainda mais com o desconexo solo de moog.
"No Rest for the Wicked" coloca o álbum na linha, apesar do refrão bastante AOR, se salvando pelo peso absurdo das guitarras, enquanto "Ballad of the Working Man" é um boogie dançante, destacando as guitarras gêmeas no riff inicial, e mais um refrão grudento. O álbum encerra-se com uma versão orquestrada para "Call to Arms", originalmente batizada de "Call to Arms - orchestral version", similar à versão original, com a diferença justamente sendo o acompanhamento orquestral feito por Matthias Ulmer, tornando-a mais épica e atraente.
Saxon no Monsters of Rock de 1980 |
Mas o que mais chama a atenção nessa versão é o segundo CD, o qual resgata a apresentação do grupo no festival Monsters of Rock de 1980. Aos que tem o vinil do festival, trazendo apenas "Backs to the Wall" da apresentação dos britânicos, esse CD sacia a sede de ouvirmos o Saxon ainda no começo de carreira, quando tornou-se um dos principais nomes da NWOBHM através do essencial Wheels of Steel (1980), alavancando seu status no mesmo ano com outro grande disco, Strong Arm of the Law, lançado semanas depois dessa fantástica performance.
Contando na época com Byford, Quinn, Graham Oliver (guitarras), Pete Gill (bateria) e Steve Dawson (baixo), o grupo faz um show singular, apresentando canções que hoje são clássicos do grupo e principalmente do heavy metal, com destaque para "Motorcycle Man", "Wheels of Steel" e o estupefante encerramento com a clássica "747 (Strangers in the Night)".
Portanto, se a versão simples de Call to Arms já é um bom pedido, a versão limitada é um verdadeiro tesouro, e que certamente deverá entrar na sua lista de aquisições, caso você já não esteja curtindo os sons de um dos principais nomes do rock mundial.
Track list
CD 1
CALL TO ARMS
01. Hammer of the Gods
02. Back in 79
03. Surviving Against the Odds
04. Mists of Avalon
05. Call to Arms
06. Chasing the Bullet
07. Afterburner
08. When Doomsday Comes (Hibrid Theory)
09. No Rest for the Wicked
10. Ballad of the Working Man
11. Call to Arms - orchestral version
CD 2
SAXON LIVE AT DONINGTON 1980
01. Motorcycle Man
02. Still Fit to Boogie
03. Freeway Mad
04. Backs to the Wall
05. Wheels of Steel
06. Bap Shu Ap
07. 747 (Strangers in the Night)
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