terça-feira, 18 de abril de 2017

Entrevista Exclusiva: Pedro Baldanza (Som Nosso de Cada Dia)



Tive a honra e o prazer de conversar com um dos principais e maiores nomes da música nacional, Pedro Baldanza. Com uma simpatia inigualável, o eterno líder, fundador, baixista e vocalista do grupo Som Nosso de Cada Dia me recebeu em sua casa durante o feriado da última sexta-feira, 14 de abril, através de uma conversa online, na qual comentou sobre sua longa carreira (com mais de 1500 faixas gravadas e participações em incontáveis álbuns de inúmeros artistas), destacando seus momentos ao lado dos grupos Perfume Azul do Sol e Novos Baianos, bem como o trabalho junto de Ney Matogrosso, Elis Regina e o trio Sá, Rodrix & Guarabyra. Além disso, o cerne dessa inesquecível conversa foi o relançamento em CD da magnífica obra de estreia do Som Nosso de Cada Dia, Snegs, contando sobre o processo de masterização do mesmo e ainda, revelando as futuras possibilidades que as novas tecnologias estão propiciando para a Discografia do Som Nosso, que tomara venham a acontecer. 

Acompanhe essas e outras histórias abaixo. Particularmente, me emocionei muito em poder conversar tão francamente com Pedrão, principalmente quando tratamos de um delicado momento pessoal de nossas vidas que preferi não incluir nesse texto, mas que com certeza, me ajudaram muito as palavras que Pedro me falou, bem como seu apoio, comportando-se não como um gigante da música como ele é, mas como um amigo que me conhecia há anos. Uma das pessoas mais carismáticas, talentosas, e desde sempre, um ídolo para várias gerações de admiradores de rock. Espero que apreciem o bate-papo assim como eu ainda estou me beliscando para ver se ele é real.

Valeu Pedrão!!



Muito obrigado por conceder o seu tempo aqui para a Consultoria do Rock. 
É um prazer, meu filho. É um prazer.

Poderia nos falar um pouco sobre o início da sua carreira musical, com a passagem pelos Novos Baianos e também o grupo Perfume Azul do Sol, chegando até a criação do Som Nosso?
Eu sempre curti muito as coisas sincopadas, com batidas e groove. Já tinha tocado James Brown lá em Santos, quando tinha 12 e 13 anos de idade, quando ninguém sabia ainda o que era funk, essas coisas, eu já tocava isso e gostava. Já vinha com uma bagagem boa desde menino, sabe, nessas histórias. Sempre foi muito gostoso e prazeroso. O Novos Baianos tinha aquele sotaque da onda que eu gostava, que eram essas coisas sincopadas. O Perfume Azul do Sol foi logo depois que sai dos Novos Baianos. Foi um momento da minha vida, que eu me dediquei a um trabalho que eu gostei muito de fazer, foi super legal, foi super gostoso. Eu fui chamado lá no começo dos anos 70 pelo Jean e pelo Benvindo, através do Agamenon, para ir dar uma olhada na banda que eles estavam montando, que era o Perfume Azul do Sol, e não tinham um baixista. E eles estavam querendo gravar um disco, naquela fase de montagem das coisas e tal, tentando ver os arranjos, acertar os arranjos das músicas do Benvindo com a Ana Maria, e eu entrei nesse momento e fiz o trabalho. Fiz o groove das músicas, montei, junto com o Benvindo, as levadas, toquei os baixos todos, mas não segui junto com eles. O disco demorou para sair, houveram outras coisas, e nessa época, a fome e a necessidade de busca de trabalho, essa coisa toda, me fez um dia tentar ir embora do Brasil. Nessas, toquei em um lugar, conheci uma senhora que me apresentou Pedrinho Batera, Manito, e daí começou a história do Som Nosso, com as músicas que eu já tinha com o violão e tal, ali começou toda uma história que mudou minha vida. E quanto ao Perfume, eu fico impressionado, por que hoje em dia é uma coisa Cult.

O vinil do Perfume Azul do Sol, Nascimento, foi relançado recentemente. Você chegou a participar do processo de relançamento?
Pois é, parece que teve um povo que relançou. Eu gostaria de ouvir para ver se fizeram uma masterização boa. Não ouvi ainda, e não participei de nada disso. Quero apenas ouvir como alguém que tocou há muitos anos nisso, mas não ouviu mais nada. Me procuraram uma época para fazer um relançamento, uma coisa assim, como um negócio de show, que queriam fazer, mas acho que não chegaram em um acordo com a Ana Maria, com a família dela, com o povo deles lá, e não deu certo. E eles acreditavam que eu era o produtor, e não gente, eu só fui o músico. É claro que fiz os arranjos, essas coisas, mas não dei sequência, não trabalhei com eles. Só fiz a parte musical.

Pedrão (o primeiro da esquerda para a direita) nos tempos de Som Nosso de Cada Dia.
Complementam a foto Manito, Egidio Conde, Tuca Camargo e Pedrinho Batera (sentado)


Com o Som Nosso, você gravou o magistral Snegs, no qual você hoje está em um grande projeto, que é o resgate deste álbum. Conte-nos um pouco sobre esse projeto. 
Eu estou fazendo o lançamento desse trabalho do Som Nosso de Cada Dia. Eu fiz a remasterização desse disco e estou fazendo o lançamento. Lancei no Totem, estou em busca agora de outros trabalhos, acredito que vou fazer SESC, outras coisas por aqui, e estou batalhando a divulgação desse trabalho, através dos amigos, através do povo dessa nossa mídia underground, que corre subterrânea, e que sempre foi a grande força das bandas progressivas e de todo o povo da cultura, que não tem muito acesso a essa mídia grandona, convencional.

Como foi a participação do Som Nosso no Totem, e qual a sensação de voltar com a banda aos palcos depois de algum tempo, bem como o resultado dessa apresentação?
Aaaah, o dia que a gente se apresentou foi muito bonito, cara, eu gostei muito. Vi muitos jovens cantando as músicas e isso engrandece muito, honra muito, por que o disco que eu gravei e apresentei pros meninos lá, poxa, tem mais de quarenta anos, foi gravado em 73, com músicas compostas entre 71 e 73. Então, vê-las sendo cantadas por jovens de 20 anos e por toda uma gama de rapaziada, isso me deixou muito emocionado. Gostei muito. O resultado foi muito positivo.

É um retorno do Som Nosso então.
Sim. Agora estou reativando o Som Nosso de Cada Dia. Montei a banda e está muito legal. Fiz esse relançamento do Snegs e estou levando em frente a bandeira.

Falando desse relançamento, como foi o processo de remasterização e a busca do material original do Snegs?
Essa masterização foi feita pelo George Solano Lopes, que é lá de Santos. É um gênio, um cara genial, é muito fera brava. Ele pegou o material de um LP. Pegou um LP, foi trabalhando, foi limpando, frame por frame trabalhando isso. Ele começou esse trabalho há uns cinco anos atrás, e com certeza nesse espaço de tempo, no mínimo um ano ele ficou em cima do trabalho. O falecido Manito chegou a ouvir alguma coisa no início, quando o George estava começando esse trabalho, e aí, no dia que ele me mostrou, eu fiquei fascinado. Poxa, foi emocionante, por que ele conseguiu resgatar um peso do som que nem mesmo o LP tinha, por que como nós gravamos em um estúdio muito pequeno, e os LPs eram muito magrinhos né, não usavam muito acetato, então a qualidade não era muito boa. Mas ele conseguiu resgatar muito bem a qualidade, e está com um som porreta mesmo. Está muito bom.

Sendo que o Snegs em si foi um dos primeiros discos, junto com o Não Fale Com Paredes, a ter essa preocupação com a qualidade sonora do LP.
É, a gente não tinha preocupação de tocar no rádio, daí fazia as músicas com outra pegada. Então tem muito isso. As coisas ao vivo sempre caminhavam e ficavam por muito tempo. Normalmente, a gente fechava os shows dos festivais, por que a gente começava a tocar e ficava duas, três horas tocando, e o povo não deixava sair. Então a gente curtia muito as músicas, era uma onda. Ao vivo era muito interessante, mas em disco tinha essa coisa né, de se soltar menos, mas era muito legal. Ouvir hoje o Snegs, com essa masterização nova, e ter uma ideia da característica que tínhamos naquela época, tanto de energia quanto de criatividade, e ver que isso continua atual, é muito interessante. Atravessa o tempo. É aquela coisa, eu acho que música boa, seja ela qual for, de que ritmo for, de que onda for, quando ela é boa ela atravessa o tempo, entendeu? Ela está acima dessas questões de tempo. Ela foge do modismo. Então isso é muito bom. É uma das razões das quais eu não gosto de ouvir essa definição de rock progressivo para a música do Som Nosso. A música do Som Nosso é Música Progressiva Brasileira, por que os nossos elementos todos caminham por essas matizes, pela música brasileira, mesmo pelo rock também, pela influência daquilo que a gente ouvia, mas é a Música Progressiva Brasileira. E é uma das coisas que hoje em dia eu batalho muito por ela. Tenho produzido bandas nesse sentido. Por exemplo, produzi uma banda de Brasília chamada Protofonia, que se apresentou no Totem também, que também é um trio de Música Progressiva Brasileira da mais alta qualidade. Muito boa!

Capa interna do relançamento de Snegs


Pois é, tem muita banda nova fazendo som bom no país. E em todos os níveis. 
Sim, sim. Isso me fascina e me deixa muito contente, sabia? Por que eu vejo como se fosse uma sequência daqueles estudos todos. É uma evolução. Muitas bandas novas indo beber naquelas fontes, entendeu? Isso é muito bom, ver os jovens abrindo os olhos para uma música que realmente tem consistência, não é descartável, apenas de modismo. Então, quanto mais bandas, mais jovens caminharem nessa direção, mais possibilidades nós vamos ter de melhorar nossa cultura musical, que é uma das coisas que nós estamos precisando no nosso Brasil. Sabe, a gente não pode ficar nessa coisa de turminhas, tribozinhas, não. Nós temos que pensar no todo, nós temos que pensar na cultura do nosso país como um todo. Todos nós temos muita responsabilidade com relação a isso. Se a gente quer um país melhor, se a gente quer um povo melhor, mais educado, com mais cultura, nós temos a responsabilidade de segurar essa bandeira e colocar isso para a frente, entendeu? Principalmente vocês jovens, que tens esses canais de difusão das ideias, das conversas, vocês que atingem uma série de outros jovens, a importância de vocês dentro desse sistema como um todo é muito grande. Que cada vez mais tenham jovens como vocês buscando a informação, buscando clarear a mente dos amigos e dos ouvintes, dos assinantes e das pessoas que leem o que vocês dizem.

Essa é a ideia da Consultoria, justamente de promover aquilo que curtimos. Aqui não trabalhamos para agradar alguém, mas sim ir atrás do que curtimos.
Pois é, e a Consultoria é fundamental, por que na Consultoria você pode apresentar a ideia exata daquilo que você está fazendo. E quanto mais você acreditar no produto que você está fazendo a divulgação, mais forte estará sendo o seu trabalho, pois mais pessoas estarão sendo atingidas. Isso é fundamental.

Voltando para a questão do relançamento do Snegs, o encarte também recebeu uma nova cara né, sendo reproduzido a partir do original. Como foi isso?
Ah, houve um trabalho muito apurado de um artista chamado Fabrício Bizu. Ele pegou o original e trabalhou ele. Agora, esse lançamento está com uma capa tripla com dois encartes.

Puxa, que lindo. Muito legal!
Sim, está muito bonito. Quando você abre a capa tripla tem toda uma imagem dos cogumelos, tem a borboleta, que é a principal, está no meio, onde fica o disco, está muito bonito. E a gente preservou a imagem da capa original, na frente, que é o trabalho, uma pintura, do meu grande amigo Agamenon, e também a parte original de trás do disco, também está preservada. Mas é uma capa tripla. Você abre ela e tem toda uma outra série de informações, várias outras fotos que não existiam no LP. Tem o encartezinho original, claro, em tamanho pequeno, mas tem o encarte do LP, com a grande borboleta com as fotos e o texto do Capitão Foguete. Tem o livretinho com as fotos e o mini-pôster. Tem tudo ali.

Mini poster e capa do relançamento de Snegs


E podemos ver esse lançamento em LP?
Ah, minha intenção, se os deuses me ajudarem, é fazer em vinil também. É que para fazer o vinil, meu querido, o LP em vinil hoje, no peso necessário que você precisa para ter uma boa qualidade, que é de 160 ou 180 gramas, vai me sair cada disco desse, pronto na minha mão, no mínimo uns 48 reais, o que me leva a ter que cobrar um preço muito alto. E não poder fazer muitos, por que não tenho dinheiro para chegar e mandar fazer 1000 discos. Eu vou ter que mandar fazer 100 ou 200 discos, e vender cada um a 150 pila, entendeu? É um mercado bem mais caro, fica uma coisa bem mais elitista. Mas apesar disso, eu adoraria, por que a arte gráfica vai ganhar muito, e vai ficar muito bonito. Eu espero conseguir uma grana para poder fazer isso, se Deus quiser.

Quem sabe através de um financiamento coletivo, ou algo do gênero?
Eu entendo, é um tipo de possibilidade, você realmente tem razão, é uma das coisas que a gente pode pensar. Mas acho que como é um empreendimento de uma certa forma, um tanto caro, fica mais complicado. Eu por exemplo, participei de um agora de um amigo que fez sobre capas de discos, do Poeira Zine, que ficou muito bonito, e ele fez um trabalho lindo, e foi através desse processo. Mas é pouca grana que você consegue. Para LP, é brincadeira para cima de 40 mil reais para fazer no número de pessoas que vão procurar. É muito dinheiro. Eu prefiro ir mais calmamente, de acordo com meus próprios passos, que nem eu fui até agora. Esse lançamento que a gente está fazendo, todo mundo que está pegando o disco está achando muito bonito o trabalho.



Voltando para sua carreira, depois do Som Nosso, na virada dos 70 para os 80, você passou a acompanhar vários nomes da cena musical brasileira né?
Sim. Eu tive uma fase da minha vida que trabalhei com muita gente. Eu saí de São Paulo entre 78 para 79 e fui tentar a vida no Rio de Janeiro. Ali comecei a tocar com as Frenéticas. Depois, conheci o César Mariano em uma das gravações das Frenéticas, ele me convidou para gravar com a Elis Regina, depois Ney Matogrosso, Simone, enfim, toda uma gama de músicos da MPB eu gravei. De cantores e compositores, gravei bastante. Para você ter uma ideia, mais ou menos entre 1979 e 2000, eu gravei aproximadamente umas 1500 faixas.

Poxa!! É muita coisa!! Bastante hein??
Muita gente, muitos discos. Participei de muitos LPs, muitos trabalhos, enfim, eu tenho uma extensa lista de músicas com direitos conexos lá no encarte. Mas isso também não é o suficiente para me sustentar, se é que você quer saber. Eu todo dia escuto várias músicas tocarem, músicas que gravei com vários artistas desde Elis Regina, passando por Xuxa, passando por ... nossa ... eu fiz muita MPB, fiz muita coisa. Gravava de manhã até a noite em estúdio, e cara, eu ganho cento e poucos reais a cada três meses, quarenta e cinco. É engraçadíssimo. Se fosse em qualquer outro lugar seria bem diferente. Mas isso não é só um problema meu não, é um problema da classe como um todo. Toda a nossa classe musical sofre muito essa pressão. É uma coisa que faz parte desse nosso tempo hoje, essa mudança das características com relação aos direitos também, tudo passa por uma grande discussão. Isso é uma coisa que acredito que ainda vá entrar no eixo, com o passar do tempo.

Acompanhando Ney Matogrosso na turnê de Quem Não Vive Tem Medo da Morte, que culminou com a gravação do álbum Ao Vivo (1989). Na imagem, Chacal, Pedrão e Ney.


Tomara. Especificamente com o trabalho com o Ney, eu admiro muito o trabalho que foi feito no Bugre. Você poderia falar das suas lembranças com as gravações e os shows ao lado de Ney nos anos 80?
Sinceramente, eu não lembro direito assim você falando, por que eu gravei vários discos do Ney, desde a fase do “Homem com H”, eu gravei mais ou menos uns quatro LPs naquela época.

Na verdade, foram seis álbuns (N. R. Ney Matogrosso – 1981, Matogrosso- 1982, Pois É – 1983, Montreux – 1983, Bugre – 1986, Quem Não Vive Tem Medo da Morte – 1988). 
É, era a banda que estava tocando com ele e ele fazia questão de manter a banda na gravação, o que era uma coisa muito bonita, inclusive. Ele nos dava liberdade para mexer nos arranjos, nas bases, e a gente podia colocar o melhor de cada um lá dentro do trabalho. Em algumas faixas, né? Em algumas faixas.

A banda tinha muitas feras. Era uma bandaça! Além de você, tinha Piska nas guitarras, Rui Motta na bateria...
É, teve grandes músicos tocando lá, cara. Nossa, grandes músicos. O Piska era um grande guitarra. Teve o Rui Motta, teve o Sergio Della Monica também. Pô, na área de metais também, a banda era muito séria, com Paulinho Trompete, vários músicos bons tocaram lá, o Gandelman, o Otávio Garcia. A parte de percussão com Cidinho e Chacal ..., grandes músicos mesmos tocaram por lá. As bandas, normalmente, que o Ney monta, são muito boas.



Eu sou suspeito para falar, por que sou um fãzaço do trabalho do Ney.
É, o Ney é um excelente profissional.

Você chegou a acompanhá-lo na Europa também né, principalmente nos shows de Montreux.
Nossa, muitas vezes, muitas vezes. Viajamos muito naqueles anos. Tanto com o Ney Matogrosso, com a Gal Costa, eu viajei muito. Entre 1983 e 1990 eu viajei muito, por vários países. Mesmo depois que eu parei de tocar, de vez em quando me chamavam para alguma excursão, algo assim. Fiz muita coisa por lá.

E depois desse período?
Aí depois eu comecei a trabalhar com o Sá & Guarabyra, que sempre foram meus amigos, pois eu conheço eles desde antes do Som Nosso, dos anos 70, conheço a rapaziada e tal, daí comecei a tocar com eles a partir de 1989, 1990, comecei a fazer bastante shows com eles. Depois participei da montagem, já junto com o Zé Rodrix, quando eles fizeram o show Outra Vez Na Estrada, que foi o show que a gente tocou no Rock in Rio em 2001, que foi super legal. E tenho tocado com eles até hoje.

Você também irá participar, em breve, de um show em homenagem aos Beatles, junto com gigantes da música nacional, como César de Mercês e Gerson Conrad.
Então, essa homenagem aos Beatles vai ser um trabalho que estamos ensaiando e preparando há algum tempo. Vai ter orquestra, outros elementos. Ainda estamos em fase de ensaios, mas vai ser muito legal.

Para completar, há a possibilidade de novos relançamentos de materiais do Som Nosso no mesmo modo do Snegs?
Pois é. Bom, isso é em primeira mão. Na próxima segunda-feira (N. R. a entrevista foi realizada no dia 14 de abril, e a data citada por Pedrão é a data de 17 de abril) eu vou ouvir a masterização do Live ’94, que é um disco que nós gravamos ao vivo em 94, eu, o Pedrinho e o Manito, com a ajuda do Jean Trade (guitarrista) e o Homero Lotito (tecladista), fizemos esse disco, gravado no Centro Cultural de São Paulo, ali na Rua Vergueiro. E agora o Solano, que fez esse trabalho da masterização do Snegs, me falou ontem (13 de abril), que está pronto. Inclusive, vou anexar a esse Live ’94 a gravação do “O Guarani”, que era um bônus que a gente tinha no CD do Snegs lançado pela Rock Progressive, e como resolvi manter o Snegs original como ele era, resolvi pegar esse bônus e lançar no Live ’94. Então, meu próximo passo de lançamento vai ser o Live ’94 remasterizado, com essa faixa bônus.



Poxa, me arrepiei todo aqui.
Que legal! E é isso. Está muito bonito cara. Esse também é um trabalho muito bom. Nós gravamos num dia só, uma pauleira, e não tem praticamente quase overdub nenhum. É tudo o que foi mesmo ali, o que aconteceu na hora. Essa é a minha intenção. E também, em seguida, estamos em conversação com a Sony e talvez a gente consiga ter acesso ao Sábado/Domingo, que é o disco do Som Nosso que é aquela fase funk, minha e do Pedrinho Batera, e tem aquele lado progressivo com o Egídio, com o Dino, o Tuca Sampaio, outros músicos também, que foi um trabalho lindo. Então, é uma das coisas que eu estou querendo ver se consigo resgatar, e aos poucos ir juntando e, futuramente, ter todos esses trabalhos em uma caixinha, como uma homenagem a trajetória do Som Nosso. Isso independente do disco novo que vou gravar entre esse ano e o ano que vem.

Opa, então vai ter lançamento inédito do Som Nosso em breve?
Vai, vai ter sim. Eu já tenho as canções prontas, agora estou em fase de captação de recursos para poder fazer do jeito certo, como tem que ser. Eu preciso de alguns elementos para montar esse trabalho, que vai ser meu próximo passo.

Que bom. Vai dar tudo certo meu caro.
Bah, claro, vai sim, espero que sim, por que o Som Nosso foi feito para alegrar cara, como sempre foi. A cidade e mexer com o temporal da molecada. Então, é sempre o Som Nosso de Cada Dia, a cada instante, sempre significante.

Pedrão, quero que você saiba que sou um grande fã do Som Nosso, tenho os dois vinis da banda e também vários da sua carreira. Como os fãs podem conseguir o relançamento do Snegs?
Poxa, muito obrigado. É sempre um prazer ouvir isso. Olha, os fãs podem procurar o Roberto Oka ou diretamente comigo, através da minha página no facebook. Eu estou vendendo e pela primeira vez estou vendo um dinheirinho de disco. Cada CDzinho por 30 reais e mais despesa de Correios, que dá uns 7 ou 8 reais. Eu tenho feito isso em termos de confiança, e você sabe cara, que tenho tido 100% de aproveitamento. Ninguém deu mancada comigo. É tão bonito isso. Imagino que isso seja pela questão do respeito das pessoas, por que se as pessoas procuram o disco, são pessoas que gostam de ouvir isso, e quem gosta de Som Nosso é gente boa. Eu não conheço ninguém que gosta de Som Nosso que seja má pessoa. É muito interessante isso, e tem me deixado emocionado cara. Eu tenho pegado os discos, daí fotografo ali a postagem, ai mando para elas, e muita gente deposita a grana antes, outros quando recebem, e ninguém deu mancada. Acho isso muito bonito, respeitoso pra caramba e me honra muito.


Muito obrigado, por sua atenção, e conte com a Consultoria para o que precisar.
Nossa, meu filho, eu que agradeço. Eu adorei. Espero ter satisfeito as suas demandas, falado o que vocês precisavam, e se ficou alguma dúvida, estou à disposição. Agradeço muito o espaço e oportunidade de poder falar. Toda força que me for dada sempre vem bem. Por que você vê, com todos esses anos de luta, e vida entregue à música, hoje em dia em cada enxadada se eu não achar uma minhoca eu não como. É complicado. É aquela história, em cada enxadada eu tenho que ter uma minhoca para levar para o ninho, se não, eu estou ferrado. A vida não é fácil não. Mas vamos em frente. Acima de tudo eu preservo muito a humildade, a verdade, a transparência de tudo. Eu acho isso muito importante, muito séria. Essa sincronicidade que o Sting um dia comentou, é ela que movimenta o universo. É muito importante que tudo tenha uma sincronicidade legal, que tudo seja sempre visto pelo lado positivo, e que a intenção seja sempre positiva, para que a gente possa crescer e atravessar os tempos. Eu sou muito feliz e muito agraciado. Agradeço muito aos deuses pela vida que me botaram na minha frente para eu seguir, e faço ela com muito carinho e com muito amor.

2 comentários:

  1. Esse e referencia p todos nos que convivemos c a musica e qgora toca e canta no ceu

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  2. Triste!! Grande perda para a música e para a alegria do povo brasileiro!!

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