quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Slayer - Parte II


Clássica foto do Slayer: Kerry King, Jeff Hanneman, Tom Araya e Dave Lombardo,
em 2010 (acima) e em 2008 (abaixo)

Tendo que manter o nível de Reign in Blood, o Slayer inova mais uma vez. Se Reign in Blood era um álbum extremamente veloz, o grupo diminuiu o ritmo em South of Heaven (1988), e desagradou muitos que esperavam uma sequência de Reign In Blood. Porém, fez outro grande álbum, consagrando-se ainda mais ao redor do planeta.


O pesado South of Heaven
 
Lançado em 05 de julho de 1988, ele abre com o riff de "South of Heaven", que assim como o de "Raining Blood", é um dos mais conhecidos da carreira do grupo, trazendo as viradas e marcações de Lombardo em uma longa introdução, lembrando as canções de Hell Awaits. Araya canta enquanto o riff é repetido, e o bumbo estoura os alto-falantes, para uma pesada canção surgir, arrastada e com uma pegada destruidora das guitarras e da bateria. A canção muda durante o refrão, um pouco mais acelerado, mas é o peso que predomina. A letra continua, repetindo o refrão, agora com Araya entoando o nome da canção, levando para o solo de King, enquanto Lombardo destrói os dois bumbos, para Araya concluir a letra e Hanneman fazer o solo final.

Alavancadas e um longo sustain nos levam para "Silent Scream", na qual a velocidade aparece, com um riff muito rápido das guitarras e as impressionantes viradas de Lombardo. Essa facilmente poderia estar em Reign in Blood, tamanha a velocidade, principalmente da bateria, em viradas indescritíveis. Araya canta pausadamente, com vozes distorcidas participando no início de cada frase, trazendo os solos de King e Hanneman. Após o solo, os vocais retornam, agora com mais peso, e os dois bumbos comendo solto, encerrando com o riff inicial sendo repetido assim como início da letra.

Já "Live Undead" inicia com um riff hardeiro, sem peso ou velocidade, enquanto Lombardo acompanha a melodia do riff com batidas nos pratos, tons e caixa. Então, o riff central aparece, pesado, enquanto o baixo participa apenas com marcações, e a bateria leva a canção lentamente, acompanhando os vocais arrastados de Araya. Durante o solo de Hanneman, os bumbos dão um pouco mais de velocidade para a canção, e a letra retorna com o acompanhamento arrastado. A partir do solo de King, ela ganha velocidade, voltando então ao riff inicial com diversas viradas de Lombardo, enquanto Araya agoniza no microfone. A pancadaria pega, trazendo o solo de King, duas frases de Araya, um solo de Hanneman, mais duas frases e outro solo de King. Araya cospe palavras rapidamente, e a canção encerra-se com o solo de Hanneman, além de batidas e viradas na bateria.

As guitarras abrem "Behind the Crooked Cross", com a bateria fazendo o mesmo ritmo e soltando um acompanhamento muito interessante no prato de condução. O riff é apresentado, e o ritmo dessa canção é mais ameno, parecendo as canções de Show No Mercy, destacando as viradas de Lombardo. Hanneman e King alternam-se durante os solos, e Araya encerra a letra, tendo ao fundo sempre uma segunda voz o acompanhando, com a canção sendo concluída entre as viradas de Lombardo.

O pesadíssimo riff de "Mandatory Suicide" introduz esta grande canção do Slayer, com uma marcação tímida de baixo e bateria. O vocal de Araya é suave, enquanto as guitarras soltam riffs simples, entre as marcações e viradas da bateria. O andamento é pesado, mas não muito lento, voltando então para o riff inicial, com o baixo se destacando. Então, sobre o peso da guitarra de King, Hanneman executa seu primeiro solo, voltando então para o riff inicial. Araya continua a letra, e então, uma virada de Lombardo nos apresenta o riff pesado, acompanhado pelos dois bumbos, Hanneman destruindo a guitarra e Araya entoando um triste poema suicida, encerrando o lado A com um longo grito e alavancadas.


Tom Araya, Dave Lombardo, Jeff Hanneman e Kerry King

O Lado B abre com a veloz "Ghosts of War", outra que poderia facilmente estar em Reign in Blood, com Hanneman e King comendo as guitarras como um cão faminto, assim como Araya cantando. Os solos de Hanneman e King estupram a canção, transformando-a em uma canção mais pesada e lenta, destacando o acompanhamento de Lombardo, para Hanneman fazer mais um breve solo, dando peso em um novo riff, e assim, Araya encerra a letra, repetindo duas vezes a mesma estrofe, e com o riff sendo repetido diversas vezes entre as viradas de Lombardo.

Peso é o que não falta em "Read Between the Lies", com uma complicada introdução marcada entre guitarra e bateria, trazendo o andamento de "South of Heaven" e "Mandatory Suicide", e com Araya gritando bastante. O efeito nas guitarras é impressionante, parecendo buzinas assustadoras, apresentando o solo de Hanneman, recheado de alavancadas. Araya retorna à letra, com o andamento pesado ao fundo, encerrando a canção com as marcações de guitarra, baixo e bateria.

Esses mesmos instrumentos introduzem a veloz "Cleanse the Soul", fazendo o riff zumbido e com Araya cantando novamente com um efeito de voz dupla, não tardando para o primeiro solo de King aparecer. Araya retorna à letra, e uma sequência de viradas apresenta o solo de Hanneman. Essas mesmas viradas trazem o encerramento da letra, concluindo a canção com mais um solo de King.

A cover de "Dissident Aggressor" (original do Judas Priest), alegra aos fãs do grupo britânico, e ficou muito similar ao original, apenas com um pouco mais de peso. O riff cavalgante da introdução ganhou mais sujeira nas guitarras, e os dois bumbos fazem a festa. Araya canta com a voz dupla e lentamente, em uma canção que, apesar de ser cover, é muito pedida pelos fãs do grupo.

Por fim, violões abrem "Spill the Blood", mais uma canção com o andamento arrastado, destacando a linha de guitarra e baixo do riff da mesma. A canção segue a mesma linha em toda sua extensão, e as únicas variações são um pouco mais de velocidade durante o solo de Hanneman. Os violões aparecem, repetindo o riff inicial, para Araya encerrar a letra, e King encerrar a canção com um breve solo.

Dois singles foram lançados, a saber, "South of Heaven" e "Mandatory Suicide". O álbum atingiu a quinquagésima sétima posição nas paradas americanas, sendo o segundo disco de ouro do grupo. Este foi o último disco com a Def Jam Records, e agora, o Slayer assinava com o novo selo de Rick Rubin (produtor de Reign in Blood e South of Heaven), o Def American Records.


O último álbum com Lombardo na década de 90, Seasons in the Abyss

O grupo fez uma breve série de shows, e voltou aos estúdios durante a primavera de 1989, para a gravação do novo álbum. A ideia era tentar mesclar tudo o que havia dado certo nos álbuns anteriores em um único álbum, e assim, criar um estilo que somente o Slayer poderia tocar, e que fosse facilmente identificado por um fã. Nasce Seasons in the Abyss.

Lançado no dia 09 de outubro de 1990, é outro grande trabalho da carreira do quarteto, abrindo com "War Ensemble", tendo as guitarras despejando velocidade e a bateria de Lombardo alucinando novamente, no melhor estilo Slayer, com um show a parte da dupla Hanneman e King na pegada dos acordes. As guitarras ficam sozinhas, acompanhadas pelas viradas da bateria, e Araya volta a cantar, gritando forte o refrão e a palavra "War" trazendo o solo de Hanneman. Araya grita o refrão novamente, apresentando um novo riff, mais trabalhado, para Araya continuar a letra, e com um longo grito de "War", King fazer um veloz solo em seu instrumento, para Araya finalmente encerrar a canção com a repetição do refrão.

Já "Blood Red" é pesada, com os tons e o bumbo acompanhando o ritmo das guitarras, que fazem um riff quebrado e trabalhado, enquanto Lombardo pisoteia os dois bumbos. O ritmo segue aquele cadenciado da maioria das canções de South of Heaven, trazendo a voz de Araya. A sequência de solos de Hanneman e King apresentam alavancadas e arpejos, voltando para o encerramento da letra da canção.

O mesmo ritmo segue na quase irmã-gêmea "Spirit in Black", porém com o riff variando um pouco mais, mas o peso continua, e dessa vez, o trabalho dos bumbos é mais destacado que nas canções anteriores. Após as primeiras estrofes, King e Hanneman apresentam seus solos, e depois de mais algumas frases, a canção modifica-se, ganhando velocidade através da bateria, com Araya mandando ver nas marcações dos pratos, trazendo mais uma série de solos, dessa vez feita pelas guitarras gêmeas, e assim, Araya encerra a canção, e um longo sustain conclui a obra, entre as viradas de bateria.

Bateria e guitarras abrem "Expendable Youth", pesada e arrastada, trazendo os vocais lentos de Araya. Os solos são com muitas alavancadas e barulhentos, e a canção em si não apresenta grandes destaques. Já a épica "Dead Skin Mask" remete-nos as longas canções de Hell Awaits, com uma sinistra introdução trazendo um poema entoado por King, seguido pelo riff principal. Araya canta pausadamente, em uma bela canção, e durante os solos de Hanneman e King, as escalas orientais são nos apresentadas, encerrando com uma fantástica sequência das guitarras gêmeas. A canção permanece apenas com um longo sustain, repetindo o riff inicial, voltando para a letra da canção, e, durante o refrão, uma voz feminina aparece ao fundo, gemendo, quase agonizando, arrepiando a quem ouve e encerrando o lado A com mais um longo sustain.


Tom Araya, Jeff Hanneman, Kerry King e Dave Lombardo
 
A velocidade toma conta no início do Lado B, com a pancadaria de "Hallowed Point", trazendo os vocais muito rápidos de Araya, e Lombardo mandando ver na bateria. Hanneman solta os dedos em seu solo, voltando para a letra. Uma pequena ponte de acordes quebrados dá espaço para o refrão, seguido pelo solo de King, repetindo o refrão e encerrando com mais um solo de Hanneman, agora com o ritmo mais cadenciado, abrindo espaço para os velozes solos de King e Hanneman, que encerram a canção.

O ritmo marcial e lento de "Skeletons of Society" acalma os ânimos, trazendo a voz clara de Araya, chegando no refrão, com a voz dobrada e com efeitos durante o refrão, que dá espaço para o solo de Hanneman, o qual serpenteia toda a canção com alavancadas e bends agudos. A letra continua, voltando ao refrão que entoa o nome da canção. Uma sessão instrumental marcada pela guitarra, baixo e bateria apresenta o solo de King, novamente com escalas orientais, seguido pelo solo de Hanneman, encerrando com as marcações da guitarra e bateria.

"Temptation" resgata a velocidade em sua introdução, sendo mais cadenciada durante a letra, que sobrepõem as vozes de Araya durante sua execução. O solo de Hanneman é feito com notas muito velozes, e um longo acorde modifica a canção, tornando-a mais pesada, e assim, Araya encerra a letra, com a repetição da introdução encerrando a canção.

A pancadaria come solta na veloz "Born of Fire", que surge sem dar tempo do ouvinte respirar. Uma faixa veloz, com um fantástico trabalho de Lombardo. Os solos são muito rápidos, mostrando como a dupla Hanneman e King aperfeiçoou-se disco após disco. O ritmo modifica-se, ficando mais pesado, trazendo a sequência da letra por Araya, além de mais um breve solo de guitarra, para Lombardo detonar nos dois bumbos, encerrando a canção com um veloz solo de Hanneman, arrancando uivos de seu instrumento.

Finalmente, a última grande obra prima do grupo, a sensacional "Seasons in the Abyss", com sua longa e chapante introdução. Dona de um arrepiante clipe gravado entre as pirâmides do Egito, ela tem em seu riff inicial o primeiro grande destaque, com as guitarras lentamente repetindo as mesmas notas, e um apavorante dedilhado das mesmas. Batidas nos gongos, a marcação do baixo e as viradas de Lombardo, mantém a longa introdução durante mais de dois minutos, e então, um riff intrincado de baixo e bateria, e a marcação muito complicada de Lombardo, soltam o ritmo similar ao de "South of Heaven", com os vocais dobrados sendo entoados no famoso refrão da canção. A letra continua, repetindo o refrão e trazendo o riff inicial, no qual Lombardo solta os pés. Hanneman entra rasgando com agudos da guitarra e alavancadas, mandando ver em escalas estupidamente velozes, enquanto King executa um solo mais melodioso, voltando para a sequência da letra, e então, o dedilhado inicial encerrar essa maravilhosa canção, com Lombardo dando show na bateria, em viradas precisas e marcantes. 
Seasons estreiou na quadragésima quarta posição, alcançando ouro em 1992. A faixa-título foi a primeira do Slayer a receber um videoclipe, o qual foi filmado diante da Esfinge de Gizé e das três grandes pirâmides do Egito. "War Ensemble" também recebeu um vídeo promocional.

Em setembro de 1990, o grupo participou da gigantesca turnê Clash of Titans, ao lado do Suicidal Tendencies, Testament e Megadeth, e que foi registrada e lançada no álbum Decade of Agression (1991), o qual comemora os 10 anos da carreira do Slayer. A turnê fez tanto sucesso que contou com uma segunda versão logo em seguida, com o Slayer ao lado de Megadeth, Anthrax e Alice in Chains.

Slayer em 1992: Kerry King, Tom Araya, Paul Bostaph e Jeff Hanneman
Em maio de 1992, Lombardo saiu da banda, alegando problemas internos com os outros integrantes, indo fundar o Grip Inc. Para seu lugar, o baterista do Forbidden, Paul Bostaph, foi chamado. A nova formação estreiou no Monsters of Rock de 1992, em Castle Donington. Logo em seguida, o grupo gravou um medley de três canções do grupo Exploited, o qual entrou na trilha do filme Judgment Night (1993). As canções são "War", ""UK '82" e "Disorder", e o grupo teve a participação especial do rapper Ice-T nas mesmas.


Divine Intervention, ótima estreia de Paul Bostaph

No dia 27 de setembro de 1994, a nova formação lança Divine InterventionEsse é o disco do grupo que mais vendeu nos Estados Unidos, alcançando a oitava posição. A primeira apresentação de Bostaph é a sensacional "Killing Fields", uma pancada para saudosista nenhum de Lombardo colocar defeito, com o batera mandando ver tanto nos dois bumbos quanto nas viradas alucinantes, fora que o ritmo da canção é aquele que já havia caracterizado o som do grupo desde South of Heaven.

Já "Sex. Murder. Art" é uma violenta canção, e que mesmo sendo curta, causa seus estragos. Mas se você quer violência, prepare-se para  "Mind Control" e "Dittohead", esta última, talvez a canção mais veloz já gravada pelo grupo, e com Bostaph novamente provando ter sido uma excelente escolha para o lugar de Lombardo. "Serenity in Murder" apresenta vocais com efeitos, mas também é violentíssima, com a pancadaria comendo solta na bateria. "Circle of Beliefs" é mais uma que Bostaph manda ver, assim como Araya cuspindo a letra ferozmente. Porém, quem mais chama a atenção é a dupla Hanneman e King. 


Kerry King, Paul Bostaph, Jeff Hanneman e Tom Araya
 
Simplesmente os caras então tocando demais. Basta ouvir o riff da já citada "Circle of Beliefs", ou o de "Fictional Reality", assim como os solos da mesma, quase impossível de serem reproduzidos. Ou então o dedilhado e os riffs assustadores da longa introdução de "213". O peso de outrora surge em "SS-3", e no riff imortal da linda e épica faixa-título, a melhor canção da era Bostaph, e um dos maiores clássicos dessa nova formação. Um álbum muito bom, que calou a boca dos que pensavam que era impossível existir Slayer sem Lombardo, e certamente, figura entre os três melhores já lançados pelo grupo, ao lado de Reign in Blood Hell AwaitsNo mesmo ano, apresentam-se no Brasi, durante a primeira edição do Monsters of Rock daquele ano. 

O disco de covers, Undisputed Attituded

Em 1996, saiu o disco de covers punk Undisputed Attituded, que não agradou aos fãs tradicionais do grupo, bem como o seguinte. Depois do estrondoso sucesso de Divine Intervention, o álbum demonstra que o grupo não está concentrado apenas em fazer Thrash. Com exceção da pesada "Gemini", a única canção composta pelo grupo (que havia ficado de fora do lançamento anterior), e de duas canções compostas por Jeff Hanneman para um projeto paralelo chamado Pap Smear (a velocíssima "Can't Stand You" e o baixo espetacular de "Ddamm"), temos treze covers de grupos punk, quase sempre compostas por Medleys dos mesmos. 

Assim, o Slayer faz versões sujas e velozes para as bandas Verbal Abuse ("Disintegration / Free Money", "Verbal Abuse / Leeches" e "I Hate You Filler"), T. S. O. L. ("Abolish Government / Superficial Love"), Minor Threat ("Guilty of Being White" e "I Don't Want to Hear You"), D. I. ("Spitirual Law" e "Richard Hung Himself", Dr. Know ("Mr. Freeze"), D. R. I. ("Violent Pacification") e The Stooges ("I'm Gonna Be Your God"). Todas são canções muito curtas, conforme manda o figurino punk, a menos de "Gemini", uma Ovelha Negra em um álbum que serve mais para colecionistas e curiosos em ouvir o Slayer tocando um outro estilo que não o Thrash Metal. As versões europeias e japonesa possuem outros covers, que no caso são "Sick Boy" (G. B. H.) e "Memories of Tomorrow" (Suicidal Tendencies).
O experimental Diabolus in Musica

Com uma sonoridade cada vez mais diferente, tendo letras voltadas para problemas humanos, não falando mais sobre o satanismo, mas ainda mantendo o peso e a velocidade que o caracterizaram, em 1998 é lançado Diabolus in Musica. Sem sombra de dúvidas, o álbum mais experimental da carreira do grupo, flertando com estilos como o punk, o rap e New Metal. Dez das onze canções foram compostas por Hanneman, um monstro na criação de riffs Thrash. Consolidados como O GRUPO da cena Thrash, e aproveitando-se de lançamentos não tão empolgantes de nomes como Metallica, Testament e Megadeth, o quarteto (novamente com Bostaph nas baquetas) abaixa a afinação do baixo e da guitarra, gravando um disco muito pesado, como comprovam os primeiros acordes de "Bitter Peace", a qual transforma-se bruscamente, com as guitarras despejando velocidade em cima das notas do instrumento, "Screaming from the Sky", com um belo trabalho de Bostaph, e as interessantes "Perversions of Pain" e "Point". 

Outras experimentações surgem nos ritmos não tão comuns e nos efeitos de voz ou instrumentos, como atestam "Death's Head", "Overt Enemy", "Love to Hate", "Wicked" e "In the Name of God", única não composta por Hanneman (no caso, composta por King). Destaque para a intrincada "Stain of Mind" (com Araya cantando quase como se fosse um rap, e com uma bateria repleta de batidas quebradas), os assustadores vocais de "Desire", assim como seu longo dedilhado de introdução, e a velocidade "Scrum", disparada a melhor canção deste mediano CD. 

O último álbum com Bostaph, God Hates Us All
Em 2001, sai o último álbum com Bostaph, God Hates Us All, que foge das experimentações de Diabolus in Musica, diminuindo o tamanho das canções e colocando o Slayer nos trilhos. Chama a atenção que os solos de guitarra perdem espaço para arranjos nos quais a voz de Araya é o destaque, com os instrumentos apenas dando o ritmo para as canções. A maluca vinheta de abertura, "Darkness of Christ", dá espaço para socos esmagadores passarem a destruir com o ouvinte através de pauladas furiosas intituladas "Disciple", "New Faith", todas criticando raivosamente as Igrejas e religiões. 

Poucas são as faixas que apresentam alguma experimentação, mas mesmo assim, soando muito bem, como "God Send Death", "Seven Faces" (e uma magistral introdução), "Threshold" e "Deviance", utilizando de bastante efeito na voz. "Cast Down", "Bloodline" e "Here Comes the Pain" lembram mais as canções da fase clássica no final dos anos 80, início dos 90. As melhores canções ficam para "Exile", com um bom trabalho de guitarras e com Hanneman e King relembrando-nos como são ótimos solistas com o wah-wah, "War Zone" e "Payback", essa última trazendo resquícios da velocidade insana de Reign in Blood, e com Bostaph despedindo-se em um acompanhamento destruidor na sua bateria. 


Paul Bostaph, Kerry King, Jeff Hanneman e Tom Araya

A capa original gerou polêmica por trazer sangue derramado sobre uma bíblia, e foi proibida em diversos países, onde recebeu uma espécie de capa protetoraGod Hates Us All foi lançado em uma edição limitada com um DVD bônus, apresentando uma entrevista e vídeos para "Darkness of Christ", "Bloodline" e "Raining Blood", em uma versão bastante cobiçada hoje em dia.

Durante a turnê, Bostaph sai do Slayer, partindo para um projeto solo. Necessitando terminar a turnê, o agora gordíssimo Kerry King convida o amigo Lombardo para cumprir as datas. Lombardo não somente aceita o convite como volta oficialmente para detrás dos bumbos do Slayer, o que motivou toda a nação slayerana a reviver os momentos da década de 80.

Em 2004, o Slayer excursionou interpretando o álbum Reign in Blood na íntegra. Durante o show, muitos efeitos especias culminavam com o quarteto banhando por uma chuva de sangue durante a última canção a ser apresentada, "Raining Blood". Essa macabra e sensacional apresentação pode ser conferida no DVD Still Reigning, lançado no mesmo ano.

Christ Illusion, o retorno de Lombardo
Com a expectativa nas alturas, 15 anos depois da saída de Lombardo era lançado o primeiro álbum com canções originais do Slayer com a sua formação original, Christ Illusion. Um petardo que conquistou novos e velhos fãs. E não é qualquer volta não. É a melhor apresentação do grupo desde Divine Intervention. "Flesh Storm" já coloca esses doze anos no bolso, remetendo-nos direto aos anos 80, mas com o quarteto muito mais afiado e maduro. Basta ver os riffs de "Skeleton Christ", "Supremist" e "Black Serenade". O grupo resgata as introduções velozes e trabalhadas, e cada canção é um verdadeiro deleite aos saudosistas. "Catalyst", "Jihad" e "Cult" são os melhores exemplos desse tipo de composição, enquanto "Eyes of the Insane" é a única mais próxima do som que o grupo estava desenvolvendo nos últimos álbuns. Destaque para o incrível solo feito por Hanneman e King durante "Consfearacy". 

Christ Illusion superou Divine Intervention em vendas, atingindo a quinta posição nos Estados Unidos. Esse álbum também teve polêmicas com sua capa, que mostra Jesus esfacelado. A capa alternativa mostra a imagem original sob uma capa protetora branca em formato de bolhas. Existe uma edição especial com um DVD bônus, que foi lançada em 2007, trazendo o documentário Slayer on Tour 2007 e dois clipes ("South of Heaven" ao vivo e "Eyes of the Insane" em estúdio).


O último álbum do grupo até o momento

Em 2009, mais um petardo, World Painted Blood.  O último álbum do Slayer (até o presente momento) funciona como um assustador álbum conceitual sobre violência, e segue o alto nível de Christ Illusion. A velocidade porém não é do mesmo nível, e as canções possuem mais variações, mas mesmo assim, temos um álbum muito bom. Arrepie-se com a fantástica introdução de "Snuff", uma bela demonstração de como King e Hanneman estão cada vez melhores. "Unit 731", "Public Display of Dismemberment" e "Psycopath Red" são velozes, no melhor estilo Slayer. Já "Beat Through Order", "Playing With Dolls" e "Human Strain" diminuem o ritmo de um álbum com canções bem trabalhadas, destacando "Hate Worldwide", "Americon" e "Not of This God". Porém, o maior destaque vai para a arrepiante faixa-título, com uma magnífica introdução, variações diversas e solos arrepiantes. O CD foi lançado com quatro capas diferentes, as quais quando unidades, formam um mapa-mundi coberto de sangue. Uma versão especial foi lançada apresentando um curta-metragem sobre um menino que vê a mãe assassinada, e a partir de então, passa a matar mulheres quase que por impulso. 

O mundo pintado de vermelho. Junção das capas de World Painted Blood

Esse álbum manteve o Slayer como uma das principais bandas do Thrash Metal do planeta, o que os levou em 2010 a ser um dos headliners do festival Sonisphere Festival - The Big Four, ao lado de Metallica, Megadeth e Anthrax, passando por países como Romênia, República Tcheca, Polônia, Inglaterra, Suiça, Espanha, Turquia, Grécia e Bulgária.

No início desse ano, Hanneman sofreu uma picada de aranha que acabou causando uma doença conhecida como Necrotizia Facial. O Slayer está programado para ser uma das atrações do Soundwave Festival, na Austrália, no dia 26 de fevereiro, e já anunciou que, com a ausência temporária de Hanneman, o guitarrista do Exodus Gary Holt irá substituí-lo.

Temos então alguns clássicos para serem conferidos principalmente por fãs e para quem não conhece essa que é uma das principais (se não a principal) banda de thrash metal da história.

Um comentário:

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