terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entrevista exclusiva com Domingos Mariotti e Fernando Motta


1 - Primeiramente, parabéns pelo CD. Muito bom gosto e também ótimas composições. Como surgiu a idéia de gravarem juntos, sendo vocês ex-colegas de uma das mais importantes bandas do rock nacional, o Recordando o Vale das Maçãs (RVM)

Fernando Motta (FM) - Eu e Domingos nos reencontramos no meio dos anos 80, e começamos a tocar juntos, compondo e nos divertindo. Com o tempo as musicas foram amadurecendo, e resolvemos registrá-las. Decidimos então, convidar nossos amigos do RVM, que participaram da banda entre 1973 e 1982. 

Domingos Mariotti (DM) – Eu e o Motta tocamos juntos desde sempre. Como outros projetos com outras formações acabaram não acontecendo e os amigos começaram a cobrar por um CD, aí resolvemos fazer. 

2 – Vocês ficaram muito tempo sem se falar/ver

FM - Não. A vida tem seus caminhos... 

DM - A gente se fala desde o primário. Remamos muitos anos juntos, e tocamos duas a três vezes por semana, ou mais, por dezenas de anos. 

3 – Reunião possui 10 canções que mantém um clima leve e bem diferente do que estamos acostumados a ouvir nos dias de hoje. A proposta é exatamente ser diferente do atual ou apenas voltar à década de 70, onde o progressivo dominou o rock

DM – Acho que a proposta é fechar o olho e deixar as notas fluírem. O resultado final parece ser um pouco diferente. A década de setenta é o embrião do nosso som, mas o clima mais leve; acredito que tem a ver com a maturidade do momento. 

FM - A música vem de dentro! Acho que a Natureza é a grande fonte de inspiração! Não pretendo ser diferente de nada. Faço apenas o que sinto! Sem compromisso! Essa é simplesmente "a nossa música"... Música que fazemos hoje! 

4 – Explique um pouco mais sobre a introdução da canção “Calimbeiro”, para os que não conhecem o instrumento Calimba

DM – Essa quem tem de responder é o Motta. Na verdade eu considero esta musica praticamente só do Motta, apesar dele ter me creditado como co-autor, ele fez praticamente tudo. E o nome da musica, eu sei que é em homenagem ao neto, pois ele fez a musica no clima do nascimento do Calimbeiro. 

FM - Eu tocava a Calimba pro meu neto, e ele abria o maior sorriso! Fiz uma música pra ele, e o Calimbeiro, aparece tocando no começo, e vai embora tocando no fim... 

Fernando Motta, Domingos Mariotti e Luis Aranha

5 – O período de gravação de Reunião foi de quanto tempo? A mixagem durou três anos por quê? (no encarte do CD, consta mixagem 2007 / 2010) Por que o CD demorou tanto tempo para ser lançado

DM – Na primeira etapa eu e o Motta gravamos todas as musicas juntos. Cada um num aquário. O vídeo da musica “Duas Meninas” mostra tudo isso, pois o Lombardi que fez as cenas, “pegou” o take que valeu. Quando a guitarra saia legal, a flauta tinha que valer. Assim o clima ficava registrado, principalmente as “conversinhas” nas entrelinhas entre a flauta e a guitarra. Acabamos registrando 17 musicas. Já tem sobrando prá um próximo. A segunda etapa, mais demorada, foi a participação dos músicos convidados. Veio um por um, e teve ensaio antes, e datas que não batiam, com o estúdio liberado, e uma série de coisas. Inclusive uma velejada longa que o Motta participou. Aí então partimos para a mixagem. Aqui um capítulo a parte, pois resolvemos participar ativamente junto com os técnicos. Mas o resultado foi muito gratificante, pois foi como uma pós-graduação. Pudemos por em prática e ver acontecer um monte de coisa que apenas havíamos ouvido falar e sempre passado ao largo. Além disso tudo, nunca tive pressa de nada nessa vida. Essa sempre foi a proposta. Quase uma maneira de viver. 

FM - Como eu disse acima,a vida tem seus caminhos... Fiz uma viagem longa neste período, (fui até Fernando de Noronha de veleiro), e os trabalhos andaram bem devagar por algum tempo. Mas a ideia era essa mesmo, sem pressa. 

6 – Vocês fizeram o disco praticamente sozinho, seja nos arranjos, nas composições e na mixagem. Faltou apoio das gravadoras ou a busca sempre foi por algo totalmente independente

FM - Foi um trabalho Totalmente independente! Sem compromisso com ninguém! 

DM – Resolvemos fazer, fomos lá e fizemos. Não perguntamos para ninguém se podia. Mais independente impossível. Queremos apoio agora, na distribuição. 

7 – Mesmo em comparação ao RVM, as canções lembram pouco. São apenas algumas passagens na flauta ou no dedilhado da guitarra, o que corrobora um trabalho feito apenas por vocês

DM – Alguém disse já há algum tempo que eu e o Motta éramos o lado acústico do Recordando o Vale das Maçãs. Acho que é meio por aí. 

FM - De uma certa forma, eu e o Domingos representamos o lado acústico da banda."Violão e flauta". As composições têm este particular. A flauta é a voz que eu não tenho. O resto vem da alma. 

8 – Acho que um dos diferenciais de Reunião é que mesmo sendo um disco de progressivo, não nega a influência do blues e do jazz, principalmente em canções como “Barcos Brancos” e a linda “Caminho de Ouro”. Esses estilos realmente influenciaram suas carreiras e suas formas de compor

FM - Claro. Não sou muito afeito a rótulos, mas, nossa musica tem influencia de toda a nossa historia. Jazz, blues, rock progressivo, Beatles, Rolling Stones, musica classica, etc... É um mix. 

DM – Cinco mil horas ouvindo Duane Allman, tinha que dar nisso mesmo. 

9 – Mesmo sendo uma dupla, o disco conta com diversos convidados, como Eliseu Lee, Sergio Lombardi e Fernando Pacheco. O convite para participações veio espontaneamente ou através da necessidade de preencher lacunas nas canções

DM – Apesar dessa formação acústica me satisfazer bastante, algumas musicas parece que pedem mais alguma coisa e a participação dos nossos amigos superou nossas expectativas, diversificando os timbres, e as melodias, e trazendo um clima de amizade, de tribo, de festa e de pajelança. 

FM - A ideia sempre foi convidar o pessoal que tocou com agente no RVM. Reunião, o nome já diz. É sempre um grande prazer, fazer um som com estes caras! A vida toda foi assim... 

10 – “Kalambelê” é o que mais expressa esse processo de composição de vocês. Apenas flauta e guitarra, e temos uma canção que lembra clássicos de Bach. Essa canção em específico demorou muito tempo para ser composta

FM - Essa música foi composta em 1 hora!!! Encontramos-nos em um final de tarde no escritório do Domingos, e começamos a tocar alguma coisa nova! A gente percebeu na hora e deixou rolar... Em 1 hora, a música estava pronta! Do jeito que foi gravada! 

DM – Se você reparar na flauta, eu repito a mesma linha melódica por seis vezes. A melodia é bem simples, só que cada vez eu faço de uma maneira, e sempre num crescendo. No CD, além desta, tem também a Praia Triste, em que somente nos dois tocamos. Mas, todas as músicas, passam por uma versão cordas flauta no inicio. 

Fernando Motta, Fernando Pacheco e Domingos Mariotti

11 – Fernando Pacheco, um dos fundadores do RVM, participa de 5 das 10 canções de Reunião. Como foi voltar a gravar com ele

DM – O Pacheco é um mestre, sabe tudo. Cada vez que a gente se encontra eu me espanto mais. Para ele tudo é muito fácil. A sua técnica está em constante evolução, com uma pegada bem característica. Seria muito bom se tivéssemos mais oportunidades de encontros. 

FM - Pacheco, meu primo e parceiro de musica desde pequeno! Temos uma historia juntos! Foi um grande prazer ter a participação dele neste projeto! 

12 – Confesso que a foto com você, Motta e Pacheco, para um grande fã do RVM como eu, é muito emocionante. A possibilidade de o trio se reunir como RVM novamente, para a gravação de um novo material, existe? Afinal, o RVM está fazendo shows atualmente, com o Pacheco capitaneando o barco

FM - Sinceramente não sei! Pacheco mora em Minas, e nós em Santos. Participar de trabalhos como convidados, nós pra lá ele pra cá, não é difícil. Além do mais, o RVM está na ativa lá em Minas. Mas, quem sabe... 

DM – O Pacheco mora longe, mas sempre que ele vem pra Santos a gente se encontra. Infelizmente, umas três a quatro vezes por ano e olhe lá. Sempre que dá a gente participa dos projetos uns dos outros. Acredito e espero que ainda façamos várias coisas juntos nessa vida. 

13 – Qual a proposta para os próximos meses? Um novo álbum da dupla está como objetivo ou agora é aproveitar o momento e descansar

DM – Acho que o atual momento é curtir e divulgar este projeto. Tentar dar oportunidade para ele acontecer. Aprendemos muito desde o inicio, e acredito que fazer um novo álbum pode vir a acontecer. É só ligar o “Sempre em Frente”. 

FM - Curtir um pouco o Reunião.Tocar um pouco! Musicas p/ novo álbum estão prontas, é só fazer acontecer! Sem pressa... 

14 – Em relação aos blogs e a Internet, qual a importância que vocês vêm dos mesmos em termos da música no geral, seja para divulgação de bandas desconhecidas, seja para apresentar a história de algum artista ou apenas para conversar sobre música

DM – Eu me considero meio dinossauro nesta questão, mas já fuço nesse negócio a bastante tempo e percebi que a coisa não para de evoluir e que a estrada é por aqui mesmo. Mas parece que o caminho certo ninguém sabe ainda. A democratização da informação e da divulgação é muito benéfica para todos. Os blogs e as comunidades pontuais são um caminho bem interessante e muito importante em relação a musica. Eu sou um rato de blog de musica. Antes eu era rato de loja de disco. Tinha banda que eu tinha só um LP há trinta anos e não achava mais nada nem nos sebos. Agora eu conheço a obra inteira. Mas o glamour de tirar o plástico de um CD novo só perde mesmo pros LPs dos anos 70. 

15 – Como os fãs podem adquirir Reunião? O CD está a disposição para download

DM - A distribuição está apenas começando. Na internet eu já vi alguns sites vendendo. Estamos vagarosamente fazendo um site e a ideia é ir disponibilizando aos poucos por lá, mas já vi uns downloads perdidos por aí.

16 - Obrigado e sucesso para vocês

DM - Valeu por tudo Mairon,
FM - Conte com a gente sempre.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Podcast Grandes Nomes do Rock #34 - Parabéns à Consultoria do Rock


Por Mairon Machado e Diogo Bizotto (Publicado originalmente no blog Consultoria do Rock)

O Podcast Grandes Nomes do Rock desta semana é mais que especial. Afinal, você é o nosso convidado para comemorar o aniversário de um ano da Consultoria do Rock. Neste programa, passearemos pela nossa curta história, mas que vem gerando muitas alegrias para todos nós, colaboradores, editores, redatores e seguidores do blog. Dessa forma, ouviremos canções relacionadas às primeiras postagens feitas no blog, às mais acessadas, às bandas que receberam maior número de matérias e uma homenagem às principais seções que temos por aqui.

Walk the Walk, Talk the Talk
Ainda por cima, para comemorar, quem ganhará o presente é você. Para isso, basta revelar (e acertar) através dos comentários quais são os títulos das canções do Skid Row e do Bon Jovi presentes neste Podcast. O primeiro a responder corretamente ganhará Walk the Walk, Talk the Talk, CD do grupo rockabilly Head Cat, que conta com Lemmy Kilmister, baixista e vocalista do Motörhead. Portanto, ouça o podcast, descubra quais são as músicas citadas, e, ao som do programa, assopre a velinha, comemorando conosco esse primeiro ano de vida.



No dia 28 de novembro de 2010 nascia a Consultoria do Rock. Através das mãos e das mentes de Daniel Sicchierolli, Diogo Bizotto, Eduardo Luppe e Fernando Bueno, o blog veio ao mundo de maneira tímida. A primeira postagem foi uma breve análise do álbum Immortal, do grupo Shaman, seguido de uma resenha sobre o álbum New Generation, da banda AOR brasileira Auras. Inicialmente, cada entrada no blog contava normalmente apenas com a capa de um determinado álbum e uma breve discussão a respeito do mesmo, deixando para que os membros e seguidores o discutissem através dos comentários.

Aos poucos, novos consultores foram agregados ao quarteto citado. Leonardo Castro, Mairon Machado, Micael Machado, Ricardo Lira  e Rafael "CP" passaram a frequentar o sistema de postagens da Consultoria, ajudando a fazer surgir as primeiras seções. A primeira delas foi Os Previsíveis, uma divertida brincadeira que consistia em resenhar lançamentos antes mesmo que esses fossem lançados, criada por Daniel Sicchierolli. Sua primeira aparição ocorreu no dia 27 de dezembro. Dois dias depois, nasceu a coluna Ooops ... I did it Again, criada por Leonardo Castro, que passou a avaliar a regravação de álbuns e músicas pelo mesmo artista original, em uma tentativa de reviver ou homenagear o próprio passado.

Uma das colaborações mais importantes na primeira fase do blog, gerando grande discussão e visibilidade, foi uma belíssima matéria a respeito das obscuridades escondidas por trás do EP The Soundhouse Tapes, primeiro lançamento oficial do Iron Maiden, até hoje um dos artigos mais acessados do blog, de autoria de Ricardo Lira. Outra de extrema relevância foi a estreia do colaborador Davi Pascale, contando detalhes sobre a gravação do álbum Creatures of the Night  (Kiss) e a primeira vinda do grupo ao Brasil, que também se mantém, até hoje, uma das mais acessadas.

Mairon Machado passou a trazer, semanalmente em todas as quintas-feiras, as Maravilhas do Mundo Prog, apresentando canções do gênero dignas de muito destaque, cuja estreia ocorreu no dia 6 de janeiro. Além disso, Mairon também é o responsável por criar o Podcast Grandes Nomes do Rock, a princípio semanal, agora mensal, cujo propósito é contar a história de um grande nome do estilo, passeando musicalmente por sua carreira. Com a finalidade de resgatar artistas não necessariamente ligados ao rock, mas de relevância e com trabalhos dignos de respeito, Mairon Machado e Diogo Bizotto criaram a coluna A Little Respect, analisando álbuns ou mesmo toda a discografia desses nomes, trazendo uma visão mais democrática e abrangente dentro do blog.

Primeira reunião dos membros da Consultoria

Ainda em janeiro de 2011, Diogo Bizotto apresentou a seção I Wanna Go Back, uma coluna semanal e posteriormente quinzenal, que trouxe novamente à tona os velhos tempos do AOR, através da análise de álbuns lançados na época onde o subgênero era presença constante nas paradas de sucesso, e mesmo diversos discos mais recentes, apresentando novos e velhos artistas que continuam a carregar a bandeira do estilo. 

A fim de expressar sua criatividade e imaginação, Micael Machado criou as Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais, instigando os leitores a abrirem suas mentes e viajarem em situações praticamente impossíveis de acontecer relacionadas a seus artistas favoritos. Micael também é o idealizador da coluna Discos que Parece que Só Eu Gosto, na qual, a partir da primeira edição, versando sobre Titanomaquia, malogrado disco dos brasileiros do Titãs, os colaboradores apresentam e defendem álbuns renegados pela maioria, mas que, segunda a ótica do autor, são capazes de lhes proporcionar muito prazer auditivo.

Por sua vez, Daniel Sicchierolli reviveu os Clássicos e Achados, uma seção que apresenta raridades e curiosidades ligadas a algum material discográfico cujas particularidades são desconhecidas do grande público. Daniel também criou o Dark Room, onde, através da disponibilização de um arquivo de áudio contando com dez faixas distintas, o leitor do blog é convidado a adivinhar quais são os artistas presentes, sem dica alguma.

O colaborador Rafael "CP" abriu seu baú do passado e criou a coluna Shows Inesquecíveis, na qual cada redator rememora momentos marcantes vividos  em shows de artistas dos quais são muito fãs. Rafael também foi o responsável pela primeira edição das Discografias Comentadas, que, desde então, vêm semanalmente apresentando a análise de toda a discografia de estúdio de um determinado grupo ou artista.

Outras seções adicionadas com o passar do tempo e que até hoje continuam dando as caras com frequência, são os Artigos Especiais , apresentando os mais diversos assuntos relacionados ao universo da música, e os Reviews de Shows, ilustrando as experiências vividas nos recentes espetáculos por nós frequentados. Aos poucos, cada vez mais amigos começaram a colaborar. Alguns com menor frequência, como Jairo Granado Jr. e Vinícius Moretti, outros com mais assiduidade, caso dos companheiros Adriano KCarão, Thiago Reis, Pablo Ribeiro e Marco Gaspari.

Algumas tietes presentes na festa de lançamento do blog

Com o crescimento do blog, foram formadas algumas parcerias, tanto com blogs amigos, auxiliando na mútua divulgação, como com as gravadoras  Hellion Records e Shinigami Records, onde, através da criação da coluna Direto do Forno, resenhamos álbuns enviados por essas gravadoras e apresentamos nosso ponto de vista acerca desses lançamentos e relançamentos. Recentemente, também foi estabelecida uma amizade com o blog Van do Halen, presente em todas as sextas-feiras através da coluna Cinco Discos Para Conhecer, que apresenta cinco álbuns considerados essenciais à compreensão da carreira de determinado artista ou gênero, além de constituir um bom guia para iniciantes.

Atualmente, são treze os colaboradores fixos. Cada um é responsável pelo que escreve, assim como exercita uma determinada função na construção deste blog, cujo alicerce é o leitor que nos prestigia diariamente. Enquanto alguns escrevem em maior quantidade, outros agilizam parcerias, divulgações e mantém na ativa o nome Consultoria do Rock através do nosso espaço no Facebook e no Twitter. Através de todos esses esforços, conseguimos a bela façanha de, em menos de um ano, conquistar 200 mil acessos, fato consolidado no último dia 22 de novembro, cifra jamais imaginada quando criamos a Consultoria do Rock, conquista alcançada através de muita democracia nas decisões e de uma grande dose de respeito mútuo.

Consultores discutindo sobre determinada postagem a respeito do Guns N' Roses

Brigas acontecem, discussões, ameaças de morte, mas tudo em reservado e com muito respeito. Estando cada um em um canto do país, somos todos amigos virtuais, e nos juntamos neste espaço para discutirmos como se fosse nosso bar, o recinto onde ouvimos música, bebemos uma cerveja, comemos uns petiscos e, principalmente, nos divertimos e aprendemos sobre uma de nossas paixões.

Todos nós temos uma profissão, uma família, e o tempo dedicado para fazer tarefas pessoais, mas de alguma forma, arranjamos espaço na agenda para mantermos o blog na ativa, com postagens diárias, e nossa melhor resposta é o grande número de acessos diários. Ao todo, as cinco matérias mais acessadas são as seguintes (dados obtidos até hoje, 28 de novembro de 2011):








Algumas bandas receberam mais atenção do que outras. Não necessariamente por serem a paixão maior de um ou outro colaborador, mas pelo grande número de curiosidades e de material relacionado a esses artistas, além do interesse gerado no público leitor. É o caso do Iron Maiden (22 postagens), Yes (19), Kiss (14), Black Sabbath (13), Deep Purple (12), Dream Theater (11) e Judas Priest (10).

A forma como o blog começou, do zero, a partir de amigos que se conheceram através da internet, e que, através do boca-a-boca e da divulgação pelos meios virtuais, trabalharam a fim de congregar mais e mais colaboradores e leitores, é uma demonstração de que, se não somos profissionais no que fazemos, e nem pretendemos ser, nossa paixão pela música é tão grande, que conseguiu conquistar o coração de diversas pessoas que nos acompanham, gerando, atualmente, cerca de 1 mil acessos diários.

Nosso objetivo e trazer informação e entretenimento para você

É claro que ainda temos muito a melhorar, esse é um de nossos objetivos. Para o próximo ano, algumas mudanças devem ocorrer, como um maior equilíbrio na criação e divisão dos artigos e seções, além da busca por novas parcerias. Tudo a fim de melhorar nosso contato com o leitor, e fazer da Consultoria não o melhor blog da internet, mas um local onde o leitor possa discutir música de igual para igual, sem ser criticado pelo que ouve, pelo que pensa ou por qualquer tipo de preconceito, como ocorre em muitos blogs ligados à música país afora.

Esperamos contar com você, com sua leitura, seus comentários e sua participação por muitos anos. Que este primeiro, um ano de grande aprendizado para todos os consultores, tenha lhe proporcionado muitas alegrias, novidades e conhecimento sobre seu artista favorito ou sobre artistas sobre os quais você nunca ouviu falar, mas conheceu aqui. Principalmente: que você tenha tido o prazer de ter estado conosco. Com certeza, a felicidade em termos leitores tão assíduos é o nosso salário e a força que faz com que tragamos, diariamente, uma matéria novinha em folha para ser publicada.

Parabéns ao som de um bom e velho vinil!

Long Live Consultoria do Rock, e solta o som!


Track list Podcast #33 - Dream Theater parte II

Bloco 1
Abertura: “The Glass Prison” [do album Six Degrees of Inner Turbulence – 2002]
“Stream of Consciousness” [do álbum Live at Budokan – 2004]
“Octavarium” [do bootleg Symphonic Cover – 2011 (
Çağdaş Gençlik Senfoni Orkestrası)]
“Constant Motion” [do álbum Systematic Chaos - 2007]

Bloco 2
Abertura: “This Dying Soul” [do álbum Train of Through – 2003]
“Child in Time” [do álbum In Rock – 1970 (Deep Purple)]
“Lazy” [do bootleg Official Bootleg Made in Japan – 2006]
“Master of Puppets” [do bootleg Sao Paolo – 2010 (Metallica)]
“The Thing That Should Not Be” [bootleg Official Bootleg Master of Puppets – 2004]
“The Prisoner” [do bootleg Hammersmith Odeon – 1982 (Iron Maiden)]
“22 Acacia Avenue” [do bootleg Official Bootleg The Number of the Beast – 2005]

Bloco 3
Abertura: “The Root of All Evil” [do álbum Octavarium – 2008]
“Acid Rain” [do álbum Liquid Tension Experiment 2 – 1999 (Liquid Tension Experiment)]
“Life in Still Water” [do álbum Parallels – 1991 (Fates Warning)]
“Platt Opus” [do álbum When Pus Comes to Shove – 1998 (Platypus)]
“Cactus” [do album Heathen – 2002 (David Bowie)]
“Rage Absolute” [do album All for You – 2004 (Annihilator)] 

Encerramento: “Repentance” [do álbum Systematic Chaos – 2007]

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Maravilhas do Mundo Prog: Anderson Bruford Wakeman Howe - Brother of Mine [1989]




Encerrando essa sequência de matérias sobre as maravilhas do mundo prog lançadas por membros e ex-membros do Yes fora do grupo britânico, e também encerrando a sessão nesse ano de 2011, vamos narrar um pouco a história do projeto Anderson Bruford Wakeman Howe, o qual durou apenas dois anos, no final da década de 80, mas que foram significantes para o retorno do Yes ao progressivo.

Depois do lançamento dos álbuns 90125 (1983), 9012-Live (1985) e Big Generator (1987), o Yes, na época formado por Jon Anderson (vocais), Chris Squire (baixo, vocais), Trevor Rabin (guitarra, vocais), Alan White (bateria) e Tony Kaye (teclados) estava absorvendo o sucesso inesperado. Afinal, o grupo havia conquistado seu nome na década de 70 como um dos maiores do rock progressivo, e invadiu os anos 80 com uma sonoridade mais pop, influenciada principalmente pela entrada de Rabin, levando o grupo ao estrelato com canções como "Owner of a Lonely Heart" (de 90125) e "Love Will Find a Way" (Big Generator).

Ex-membros do Yes, reunidos sob um novo nome:
Anderson Bruford Wakeman Howe
Porém, Anderson sentia-se pouco a vontade com sua participação no grupo. Antes, ele era um líder (ao lado de Steve Howe, guitarras), criando letras e canções mirabolantes, e que simbolizavam um dos principais momentos da história da música. Agora, ele estava relegado a segundo plano, com Rabin sendo o centro das atenções e compondo as principais canções do grupo.

Foi assim que Anderson, indignado com a sonoridade que o Yes havia seguido, decidiu seguir em carreira solo. Alegando ter mais interesse em música do que em dinheiro, ele sai do Yes em 1988, pouco depois do término da turnê de Big Generator, e lança ainda em 1988 o fraco In the City of Angels

Enquanto isso, o ex-tecladista do Yes, Rick Wakeman, também naufragava em uma carreira solo repleta de imperfeições. Desde sua saída do Yes, em 1979, o tecladista não havia mais conquistado o espaço que por hora havia sido seu: o de principal tecladista do rock. Apesar do respeito dos fãs, uma série de álbuns sem sucesso, e também composições para trilhas sonoras de filmes (The Burning, 1981; Crimes of Passion, 1985), e a Copa do Mundo de 1982, (G'ole) , entre outros álbuns de menor expressão, não foram suficientes para manter Wakeman entre os artistas mais comentados da década de 80.

Poster de divulgação
da turnê do grupo
Já o guitarrista Steve Howe vinha de um esplendoroso e ao mesmo tempo decepcionante projeto: o GTR. Depois de fazer sucesso com o Asia, um dos principais nomes do AOR, Howe teve ao seu lado o guitarrista Steve Hackett (ex-Genesis), fundando o GTR, o qual tinha tudo para ser um estrondoso sucesso. Porém, ao invés de seguir o esperado, com uma sonoridade progressiva que prioriza-se as guitarras de Howe e Hackett, o som do grupo era um pop meloso que não agradou nem aos próprios músicos, durando menos de um ano e lançando apenas um álbum, o colecionável GTR (1986).

Por fim, o baterista Bill Bruford (também ex-membro do Yes) era o único que estava satisfeito com o que estava fazendo. Depois do término do King Crimson, em 1984, Bruford passou a investir no jazz rock, montando o Earthworks e lançando o ótimo Earthworks, em 1987. 

Mas, como o mundo da voltas, naquele final de 1988 Anderson trabalhava em mais um disco solo, quando convidou Wakeman para participar do mesmo. Wakeman trouxe com ele Howe, e assim, passaram a criar a ideia de um novo projeto musical. Isolados na europa, Anderson, Wakeman e Howe decidiram que era possível fazer um álbum juntos, após anos sem se falar. Para isso, faltava um baterista.

O primeiro nome que veio à cabeça de Anderson foi o de Bruford. De certa forma chateado com os ex-colegas do Yes (que ficaram morando nos Estados Unidos), Anderson pensou que trazendo Bruford para o novo grupo, significaria trazer novamente o som do verdadeiro Yes, e não o Yes de Rabin, Squire, Kaye e White. Bruford não aceitou de imediato, mas com o tempo, as coisas foram mudando.

Capa alternativa de Anderson Bruford Wakeman Howe
As especulações e boatos da nova banda passaram a circular fortemente na mídia especializada, que não demorou para batizar o Yes original de Yes-West (já que os membros do Yes viviam no lado oeste do planeta), enquanto o novo grupo que surgia na europa era batizado de Yes-East. Como os direitos autorais do nome Yes pertenciam a Squire, o verdadeiro Yes permanecia nos Estados Unidos.

Assim, depois que Bruford finalmente aceitou participar do projeto, uma pequena sessão de entrevistas anunciava ao mundo o nascimento de um novo grupo: Anderson Bruford Wakeman Howe. O estardalhaço gerado foi o de um tsunami. O planeta inteiro esperou ansiosamente o trabalho do que os membros do Anderson Bruford Wakeman Howe diziam ser o retorno ao rock progressivo dos anos 70.

A concepção do LP foi feita com cuidado. Ao Yes-East, agregaram-se o baixista Tony Levin, o tecladista Matt Clifford, o guitarrista Milton McDonald e mais uma série de vocalistas, como a filha de Jon Anderson, Deborah Anderson, Tessa Niles, Carol Kenyon, Frank Dunnery e Chris Kimsey. O grupo começou os ensaios em Paris, fazendo as gravações em Montserrat, onde gravaram também com a Emerald Community Singers. Os trechos finais foram feitos em Londres, onde o LP/CD também foi mixado.

Single de "I'm Alive", uma das
partes de "Quartet"
No dia 13 de junho de 1989, chegou às lojas Anderson Bruford Wakeman Howe. Apesar da grande expectativa, e resgatando as belas capas de Roger Dean (que trabalhou nas capas do Yes no auge do sucesso do grupo, entre 1971 e 1975), o som do álbum não reflete os grandes momentos de destaque do Yes nos anos 70. Analizando friamente, o álbum soa como uma espécie de mistura das carreiras solo de cada um dos integrantes do quarteto, tendo mais relevância para o trabalho de Jon Anderson. Inclusive, uma das canções, "Let's Pretend", é uma canção que ficou de fora do último álbum feito pelo projeto Jon & Vangelis, entre o vocalista do Yes e o tecladista Vangelis, projeto esse que teve três álbuns lançados no início dos anos 80, e posteriormente, um em 1991. 

Rick Wakeman, Jon Anderson, Bill Bruford e Steve Howe
As canções mais curtas, como a citada "Let's Pretend", apenas com Anderson nos vocais e Howe nos violões, a bela faixa de abertura "Themes", onde Bruford mostra seus dotes com a bateria eletrônica, "Birthright", com um espetacular trabalho de violão feito por Howe, e "The Meeting", somente com Wakeman e Anderson, são os momentos mais apreciáveis, onde podemos ouvir resquícios do que um dia foi o quarteto trabalhando como Yes (apenas lembrando que os quatro, mais Chris Squire, são os responsáveis por compor e gravar dois álbuns essenciais do progressivo: Fragile, de 1971, e Close to the Edge, de 1972). Por outro lado, existem canções inexplicáveis, como a péssima "Teakbois", com seus ritmos caribenhos, ou as cansativas "Order of the Universe" e "Quartet", que apesar de possuirem bons momentos, não são de todo completamente satisfatórias em suas audições. Isso se deve principalmente pela mixagem feita por Anderson e o produtor Chris Kimsey, que limou muitas partes feitas pela guitarra e pelo teclado, as quais podiam ter dado uma nova cara para o álbum. Uma prova disso é a versão de "Fist of Fire" que econtra-se no box In a Word, lançado em 2002, a qual apresenta uma mixagem feita por Howe.

Porém, mesmo em um disco bem irregular, seria impossível que Jon Anderson, Bill Bruford, Rick Wakeman e Steve Howe fossem capazes de não gravar nenhuma maravilha prog, e claro, isso não aconteceu. Na terceira faixa do lado A, dividida em três partes que foram compostas pelo quarteto em parceria com o tecladista Geoffrey Downes (também ex-Yes), "Brother of Mine" é a canção que representa o que estaria fazendo o Yes se assim o grupo fosse batizado, mesclando as sonoridades de cada integrante em uma canção que encaixa-se perfeitamente no mundo progressivo, apesar de sua sonoridade extremamente moderna.

Single de "Brother of Mine"
Tudo começa com "The Big Dream", onde gongo e harpa trazem os teclados de Wakeman e a cristalina voz de Anderson, acompanhada por dedilhados da guitarra. Baixo, sintetizadores, bateria e guitarra criam o lento andamento extremamente AOR, com Howe fazendo um pequeno solo, e destacando as intrincadas linhas do baixo de Levin. Anderson passa a cantar a linda letra da canção sobre esse andamento, com Bruford dando um show a parte em variações lentas mas extremamente quebradas. Chegamos na segunda parte, batizada de "Nothing Can Come Between Us", onde vocalizações acompanham a voz de Anderson cantando "Nothing can come between us", enquanto Anderson canta que "You're a brother of mine".

Uma agitada ponte leva para o belo solo de piano de Wakeman, com um andamento muito leve, e com mais uma pequena participação do solo de Howe. Após a repetição da agitada ponte, Anderson repete os versos finais de "Nothing Can Come Between Us", destacando bastante o nome dessa parte da canção junto das vocalizações e diversas viradas nos tons de Bruford, para então, repetir as frases iniciais de "The Big Dream". 

Contra-capa de Anderson Bruford Wakeman Howe
As diversas repetições dessas frases vão crescendo, explodindo no melodioso solo de Howe, abusando de longos bends e arpejos, em um crescendo muito bonito. Bruford conduz a canção nos pratos, e assim, Wakeman cria um lindo tema no sintetizador, duelando com o baixo de Levin, enquanto Howe sola sobre o complicadíssimo andamento de Bruford, trazendo as vocalizações e palmas de "Long Lost Brother of Mine", a parte final de "Brother of Mine". 

Relançamento de
Anderson Bruford Wakeman Howe,
com faixas bônus
A quebradeira repete-se, agora para o solo de Wakeman,  e então, as vocalizações retornam, em um ritmo dançante e envolvente, chegando a um momento mais leve, onde teclados e vozes duelam, para a quebradeira voltar enquanto Anderson canta o encerramento da letra. Voltamos ao final dos anos 70, com Going for the One (1977) e Tormato (1978), os últimos discos lançados por Wakeman com o Yes, e então, as vocalizações de Anderson cantando o nome da última parte da mini-suíte levam para outro lindo solo de piano de Wakeman, com mais um show de Bruford, e com Howe fazendo um belíssimo dedilhado, fechando a canção com uma complicada escala feita por piano, guitarra, baixo e a bateria de Bruford acompanhando tudo. Tão genial quanto podia ser algo vindo desses monstros do progressivo!

Anderson Bruford Wakeman Howe ficou em trigésimo lugar nos Estados Unidos, e décimo quarto na Inglaterra. Ele foi relançado em uma edição limitada em março de 2011, trazendo um CD bônus com diversas faixas inéditas. Apesar de oscilante, é uma boa adição para os fãs do Yes, sendo melhor do que 90125 ou Big Generator na opinião deste que vos escreve, e também, bem melhor do que o Yes viria a fazer depois com Union (1991), o pomposo projeto que uniu oito de doze membros que haviam passado pelo Yes somente no palco, e que não funcionou em estúdio.

O essencial ao vivo de Anderson Bruford Wakeman Howe
Nove das treze canções de Union foram compostas para o segundo álbum do Anderson Bruford Wakeman Howe, o qual nunca saiu. Detalhes sobre o processo da gravação desse álbum podem ser conferidos nessa matéria feita aqui no blog. Antes do lançamento de Union, a turnê de Anderson Bruford Wakeman Howe foi de extremo sucesso. Nos palcos, o quarteto (acompanhados de Tony Levin no baixo, Julian Colbeck nos teclados e Milton McDonald nas guitarras) resgatavam sucessos do Yes, além de apresentar as canções do LP. O último show dessa turnê foi lançado no essencial CD/DVD An Evening of Yes Music Plus (1993), tendo como baixista Jeff Berlin (ex-colega de Bruford no grupo Bruford). Esse álbum vale principalmente por ser o único registro oficial do Anderson Bruford Wakeman Howe, trazendo versões preciosas para "Heart of the Sunrise", "And You And I", "Starship Trooper", "Roundabout" e claro, "Brother of Mine", a não única, mas melhor maravilha prog gravada por membros do Yes, mas não sob o nome de Yes!

Palco da turnê de Anderson Bruford Wakeman Howe
O Maravilhas do Mundo Prog encerra suas atividades esse ano, mas volta em fevereiro do ano que vem, resgatando pérolas do progressivo que encantam apreciadores do estilo desde a década de 60 até os dias de hoje. 

Um forte abraço, boas festas de fim de ano para todos e nos vemos nessa viagem pelo progressivo no ano que vem!
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