Por Diogo Bizotto
Com Alissön Caetano Neves, André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Leonardo Castro, Mairon Machado e Ulisses Macedo
Participação especial de Diego Camargo, editor do site Progshine
Em um ano em que as duas maiores bandas brasileiras de heavy metal lançaram trabalhos fazendo grande uso de elementos e influências da música nacional, ambos deram as caras em nossa lista. O maior sucesso comercial pode ter sido o de Roots, do Sepultura, mas por aqui, quem mereceu mais respeito dos participantes da série foi Holy Land, do Angra, que abocanhou a primeira colocação. Aí você pergunta: "Heavy metal de novo predominando?". É, amigo, mas desça um pouco e perceba que, pela primeira vez, até um DJ mereceu seu espaço na Consultoria do Rock. Lembramos que o critério para elaborar nossa listagem final, baseada nas listas individuais, que podem ser conferidas mais abaixo, segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Agora é com você, leitor: sinta-se livre para deixar sua opinião e manifestar críticas, registrando também suas preferências.
Angra - Holy Land (65 pontos)
Alissön: É um disco chato pra cacete? Sim, e com louvores. É exagerada sua primeira colocação? Vá lá, não tanto. Somente o seu reconhecimento e importância para o desenvolvimento do heavy metal por aqui, e por ser um dos discos a levar uma sonoridade brasileira para outros continentes – junto com Roots, desse mesmo ano – valem a sua presença aqui nesta lista. Mas que é chato pra cacete, isso ele é.
André: Bom disco de uma grande banda, porém meio exagerada esta sua primeira colocação. Um nono ou décimo lugar seria o ideal. Mas nos concentrando agora nas músicas, que é o que interessa, a sequência de Angels Cry (1993) dá conta do recado e sacia bem seus fãs com canções do naipe de “Nothing to Say”, “Holy Land” e “The Shaman” (não pesquisei, mas seria esta música a inspiração para o nome da banda após o rompimento dos integrantes?). Aliás, as influências brasileiras são mais agradáveis por aqui do que no também eleito Roots, do Sepultura. E também acho que os dois primeiros discos com o Falaschito são até melhores do que este.
Bernardo: Ainda mais sem graça que Angels Cry. Mas gostei da homenagem ao Hermeto Pascoal em "Carolina IV", e o conceito é interessante também.
Bruno: Ai, ai. Angra de novo, e desta vez em primeiro lugar. Gosto é gosto mesmo, não tem jeito.
Davi: Este ainda é o melhor álbum da carreira do Angra. As influências de música brasileira ganhavam maior evidência, fazendo com que a banda criasse uma identidade. Andre Matos fez um excelente trabalho vocal, o tão criticado Ricardo Confessori arregaçou na bateria e as composições são ótimas. Disco praticamente perfeito. Sem nenhum filler. Vergonhosamente esqueci de incluí-lo em minha lista, mas sem dúvidas foi um álbum de bastante destaque na época e merece o pódio.
Diego: É verdade que quando fui convidado para participar da edição de 1996 dos "Melhores de Todos os Tempos" aqui da Consultoria eu sabia que a minha lista não seria popular, mas a lista final me deixou meio desconcertado. Eu imaginei que pelo menos 3 três dos discos que citei estariam no top 10 e no final apenas um deles ficou, Holy Land. A verdade é que Holy Land é um clássico dentro do rock, não só do heavy metal. Mesmo não tendo alcançado um status de clássico internacional, infelizmente o Angra nunca conseguiu ter o mesmo status do Sepultura, por exemplo, mesmo a banda sendo extremamente bem sucedida. Tanto isso é verdade que muitos se surpreenderam com a escolha de Kiko Loureiro como novo guitarrista do Megadeth. Um número muito grande de pessoas não fazia ideia de quem era Kiko... Bom, de qualquer maneira, Holy Land nos mostra o Angra no ápice da formação original. Todos os elementos casam perfeitamente, as composições fazem uma ponte perfeita entre o heavy metal e uma pitada de música brasileira. Por curiosidade, isso ocorreu no mesmo período em que o Sepultura lançava Roots (outro nome desta lista). Roots foi lançado em fevereiro, Holy Land em abril, uma baita coincidência que rendeu muito ao ano de 1996. Não tenho muito a dizer sobre o disco a não ser que ele é fantástico e ainda hoje "Make Believe" é uma das minhas faixas favoritas de todos os tempos!
Diogo: Se estou surpreso com a presença do Angra no topo? Não, de maneira alguma. É um exagero, mas considerando que 1996 não teve nenhum disco verdadeiramente arrasador, pensei em vários candidatos a esta vaga, quase todos sem muito merecimento, ao menos na minha opinião. Critiquem, mas Holy Land é um álbum caprichadíssimo, feito por uma banda que, apesar de toda a pinta de garotos de conservatório, não faz soar deslocados os brasileirismos presentes em seu tracklist. Tanto nos momentos mais pesados quanto nos mais sutis o grupo faz um trabalho muito digno. Prova disso é que tanto músicas como "Nothing to Say" e "Z.I.T.O.", calcadas em riffs de guitarra, quanto outras como "Deep Blue" e "Make Believe" – essa última uma pequena obra de arte de Andre Matos e Rafael Bittencourt, que, espero eu, não esteja sendo assassinada ao vivo atualmente – são destaques evidentes. "Carolina IV" é ambiciosa sem soar petulante, destacando a qualidade dos arranjos e quanto a jovem banda mostrava ser gabaritada. Alguns dirão que os brasileirismos de Holy Land são "de plástico", inclusive citando Roots como algo mais digno, mas convenhamos, entre Carlinhos Brown e Andre Matos, mesmo que este cante em inglês, sou bem mais o último. E outra: poucas coisas são mais forçadas e presunçosas do que essa "MPB universitária" que alguns julgam ser a expressão verdadeira da brasilidade atual.
Eudes: Se não me engano, é o terceiro disco da banda que frequenta a série "Melhores de Todos os Tempos". Com todo respeito aos músicos, e sem questionar a excelência destes, é um exagero para uma banda cujo perfil não prima pela originalidade nem pelo inusitado. Ao contrário, se um coisa marca o Angra é o que a gente poderia chamar de academicismo. Faixas de arranjos complexos, longas execuções, técnica irrepreensível, mas tendendo fortemente à anodinia como, aliás, nos discos deles que anteriormente escalaram diferentes listas de melhores. De todo modo, não deixa de ser um ponto positivo na credibilidade dos consultores que tiveram culhão de elevar o CD ao primeiro lugar. Neste disco, reconheçamos, a banda tentou encarar essa cobrança por uma cara própria e, como o Sepultura na mesma época, investiu na matéria-prima extraída da música e cultura brasileiras, mesmo que os trabalhos se abram com uma missa do compositor italiano do século XVI Giovanni Pierluigi da Palestrina, que pouco tem a ver com o tema da obra (a "descoberta" do Brasil), mas que não deixa de ser uma sacada legal. A incorporação de sonoridades locais, contudo, fica no nível decorativo em uma sala em que predomina o metal sinfônico mais ou menos padrão, e nem a citação de "Bebê", de Hermeto Pascoal, nos faz acreditar pra valer do brasileirismo da coisa. Quem comprou o CD com um pedaço do Acústico gravado na Fnac de São Paulo vai ouvir outra tentativa vã (mas curiosa) no mesmo sentido, a execução do megaclássico "Chega de Saudade", de Tom e Vinícius. Mas depois de Bon Jovis e RPMs, tenho até medo de reclamar.
Fernando: Nunca consigo me decidir se esse ou Angels Cry é o meu preferido do Angra. O fato de ter saído no mesmo ano do lançamento de Roots, que tinha a brasilidade musical na raiz do disco, pareceu até algo pensado. Muitos não sabem, mas o álbum é conceitual e trata sobre as viagens entre a Europa e a América no início do século XVI. Poderia falar sobre cada uma das músicas por tê-las ouvido quase que diariamente na época. Mas queria apenas citar “Carolina IV” com seus dez minutos de duração, diversas variações no seu andamento e um incrível solo. Peço para que os detratores ouçam só ela mais uma vez.
Leonardo: Apesar de gostar mais do disco de estreia da banda, Angels Cry, é difícil discordar que Holy Land foi o ápice da carreira do Angra. Injetando uma boa dose de música regional brasileira ao seu heavy metal melódico e clássico, o grupo compôs um punhado de canções extremamente marcantes, como "Nothing to Say", "Carolina IV" e "Z.I.T.O.". A performance dos músicos também é digna de nota, com ótimos riffs e solos dos guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro e o vocal inconfundível de Andre Matos.
Mairon: Acredito que este seja o álbum do Angra que eu mais gosto. O grupo fez um tema conceitual sobre a descoberta do Brasil e trouxe aos fãs um disco muito bem trabalhado, com destaque total para Andre Matos. Afinal, o cara é o dono do disco, seja mostrando seus dotes ao piano/teclados em "Silence and Distance", "Deep Blue", "Make Believe" e "Holy Land", recuperando seus melhores momentos de Viper em faixas como "The Shaman", "Lullaby for Lucifer" e "Z.I.T.O.", essa a mais Viper do álbum, além de que o cara simplesmente construiu arranjos orquestrais dignos de nota em todo o disco. Também chama atenção a pequena orquestra abrilhantando "Nothing to Say". Fecha tudo a longa experiência sonora de "Carolina IV", com as batidas inspiradas na música brasileira, coral, flauta e mudanças de andamento que provam como Andre é um artista diferenciado na música nacional. Isso inclusive fez com que eu escolhesse a canção para estar no Podcast em homenagem ao Viper. Também não posso deixar de exaltar o excelente trabalho de Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt, mandando ver em riffs e solos de guitarra inspirados. Primeira posição talvez seja demasiado, mas não discordo que é um grande álbum. Faltou pouco para não entrar na minha lista final.
Ulisses: O que vai ter de reclamação do Angra em primeiro, meu Deus, já tô até vendo... Mas se tem um disco que merece, é este. A fusão de power metal, progressivo, música clássica e música brasileira aqui é perfeita, bem dosada, bem arranjada. O disco é recheado de peso e melodia, de bons refrãos e de ótimas interpretações. Os petardos velozes ainda estão presentes, caso de "Nothing to Say" e "Z.I.T.O." (esta, com ótimos solos de guitarra), mas o álbum traz várias composições com momentos mais sublimes, como a faixa-título e o hit "Make Believe". Sempre gostei também da indígena "The Shaman", mas o grande destaque do disco é a épica "Carolina IV", com trechos de homenagem – em português – a Iemanjá, com memorável percussão de maracatu no começo e no fim e letra aventureira. Para encerrar um disco antológico, ainda temos a linda balada "Deep Blue" e acústica e reflexiva "Lullaby for Lucifer". O Angra nunca mais faria um disco tão brasileiro assim.
Helloween - The Time of the Oath (51 pontos)
Alissön: The Dark Ride (2000), o resto é resto.
André: Mais um petardo dos alemães. Primeiro que eu gosto muito de Andi Deris. Segundo que ele e Michael Weikath são os melhores compositores da banda (com Roland Grapow logo atrás) e a grande maioria das músicas aqui pertencem aos dois. E terceiro que eu gosto muito de Uli Kusch, mesmo sabendo de sua personalidade não muito amistosa, que impediu que ele permanecesse muito mais tempo na banda (e em vários outros projetos). Quanto ao disco, “We Burn” é clássica. “Power” é outra música empolgante que felizmente os caras resgataram recentemente em seus shows. “AnythingMy Mama Don’t Like” é hilária, uma das melhores canções do velho espírito “happy happy Helloween” pelo qual a banda é conhecida. E “The Time of the Oath” é simplesmente o melhor encerramento possível de um álbum do Helloween. Grandes tempos pelos quais a banda passava!
Bernardo: Boa sequência de Master of the Rings (1994), com verdadeiras pauladas do power metal como "We Burn", o neoclássico "Power" e o rock divertido de "Anything My Mama Don't Like", mas escorrega nos nove longuíssimos minutos de "Mission Motherland", caso clássico de "queria ser épico e fui chato".
Bruno: Helloween de novo. Em 1996? Cês gostam tanto assim de metal melódico? Tipo, sério mesmo?
Davi: Excelente álbum dos alemães. Depois do fantástico Master of the Rings, os rapazes apresentaram este que, para mim, ainda é um de seus melhores trabalhos, um pouco mais pesado que seu antecessor. Andi Deris se firmava na banda com seu estilo característico. O lado mais hard rock continuava presente em faixas como “Wake Up the Mountain”, além de trazer alguns sons pesadaços como “We Burn” e “Steel Tormentor”. O hit “Power” se tornou um hino dos rapazes. Trabalho memorável!
Diego: Os alemães do Helloween deram uma série de discos clássicos ao mundo do heavy metal, no entanto The Time of the Oath não me parece um deles. Pra ser bem sincero não ouvi o disco, mas ao ouvir algumas faixas pra escrever este texto não me deparei com nada de excepcional.
Diogo: Tivesse esta lista sido idealizada há uns 12 anos, The Time of the Oath correria sério risco de ser meu primeiro colocado. Digo isso não apenas porque nessa época eu não conhecia metade dos álbuns que citei, mas porque minha relação com o Helloween era muito mais próxima. Acabei não o mencionando, mas sigo apreciando seu tracklist, repleto de boas canções e dando sequência à retomada iniciada em Master of the Rings, que seria fortalecida em 1998 com Better than Raw. Tirando "Mission Motherland", que tenta ser épica mas acaba sendo pouco memorável, além de "Anything My mama Don't Like" e "Forever and One" (já curti, mas hoje em dia não tem caído bem), no geral gosto bastante das músicas que compõem o álbum, com ênfase para "Power", tão viciante e deliciosamente melódica que escutava repetidamente; "A Million to One", que foi crescendo com o passar do tempo; e a faixa-título, dona de riffs hipnóticos que a colocam como uma das grandes obras da banda com os vocais de Andi Deris. Outro fato positivo é que o grupo não soa forçado ao investir em faixas que remetem ao passado mais explicitamente power metal melódico, caso de "We Burn", "Before the War" e "Kings Will Be Kings".
Eudes: O Helloween persiste em uma (boa) característica: a afinidade com o hard rock tradicional, investindo na tríade batida-melodia-refrão, que exige dos compositores conhecerem um pouco de música e ter alguma inspiração. Nos anos 1980 e 1990 isso fazia uma imensa diferença! Mas nem isso torna o disco especialmente interessante em sua tentativa conceitual de tratar do avô de todos o picaretas adivinhadores, Nostradamus. Ouvi, gostei e... Esqueci.
Fernando: Talvez este seja o melhor disco da fase Andi Deris no Helloween. Talvez não! Muito provavelmente é o melhor. Lembro que em um primeiro momento não gostava da faixa-título, mas foi ouvi-la ao vivo para ela me arrebatar. Seu clima sombrio era estranho aos meus ouvidos e hoje é talvez a que mais gosto. “We Burn” é bastante direta com seus poucos minutos de duração. Mesma característica de “Power” que foi o maior hit do álbum. E as baladas? As baladas de bandas de heavy metal são sempre ótimas (“Forever and One”, “A Million to One”). “Mission Motherland” é pouco lembrada, mas é uma paulada, e “Kings Will Be Kings” é o exemplo definitivo para o chamado metal castelinho, definição que eu acho muito engraçada.
Leonardo: Depois de ressurgir com uma nova formação em Master of the Rings, o Helloween se estabilizou com o excelente The Time of the Oath. A banda continuava investindo em melodias marcantes e andamentos acelerados, mas com um toque épico em algumas canções, como a excelente faixa-título, e outras com uma pegada mais hard rock. E se o então novo vocalista Andi Deris não tinha o mesmo alcance de seu antecessor, Michael Kiske, o mesmo compensava com ótimas composições, como a faixa de abertura, "We Burn". Mas o principal destaque do disco é uma canção do guitarrista Michael Weikath intitulada "Power". Dona de riffs simples, mas extremamente marcantes, e de um refrão inesquecível, a música é até hoje o principal sucesso da carreira do Helloween após as saídas de Kai Hansen e Michael Kiske.
Mairon: Já disse na edição dedicada a 1994 que não sou um grande apreciador da voz de Andi Deris, mas não posso negar que The Time of the Oath é um belo disco, com certeza o melhor trabalho do grupo com esse vocalista. "We Burn", a pesada faixa-título, "Before the War", a épica "Mission Motherland" e, claro, as belas passagens de guitarra em "Wake Up the Mountain", são alguns dos grandes trabalhos desse álbum, que também tem umas canções desnecessárias, como "Anything My Mama Don't Like", a baladinha "If I Knew" e "A Million to One", que em nada lembram o power metal melódico que consagrou o grupo na década de 1980. Por outro lado, ouvir "Kings Will Be Kings" e não imaginar como seria essa paulada com Michael Kiske nos vocais é impossível. Dentre os dez aqui escolhidos, um dos melhores, apesar de sequer ter passado em minha mente colocá-lo na lista pessoal.
Ulisses: Este sim é bom! Mais redondo do que o antecessor Master of the Rings. "Power" é o clássico indiscutível da era Deris. Gosto bastante de "Wake Up the Mountain" e "Kings Will Be Kings" também, e principalmente da épica "Mission Motherland".
In Flames - The Jester Race (50 pontos)*
Alissön: Antes de o In Flames se tornar uma enorme piada, eles ocuparam o topo da cadeia alimentar do death metal melódico, ali juntinho do At the Gates e do Carcass. Demorei um tempo considerável para ouvir este disco, mas o fiz, no começo deste ano, e me penitencio até a data por ter demorado tanto tempo para ouvi-lo. É death melódico, mas o surpreendente é a destreza da banda em encaixar trechos acústicos e temática medieval no som, o que deixa o resultado final extremamente cativante, até mesmo para quem não é fã de heavy metal. Merecida a presença, um dos melhores discos de metal extremo dos anos 1990, folgadamente.
André: Um disco muito bom por parte de um dos pioneiros do melodic death metal de Gothenburg. Como o próprio nome do gênero diz, este álbum é melódico e é death metal. Gosto da maneira como são trabalhadas os ritmos e a velocidade de cada canção, não soando simplesmente coladas umas as outras. Destaco “Dead Eternity” e a instrumental “Wayfaerer” como as melhores do álbum.
Bernardo: Essa é uma daquelas bandas que sempre achei interessantíssima mas creio que particularmente nunca fizeram um grande álbum, apesar de serem importantes para capitanearem a tendência do assim chamado "death metal melódico", o death metal que mantém a agressividade mas acrescenta ênfase em melodias, solos e vocal limpo. Um disco que não me marcou especialmente, mas cuja influência não dá para negar.
Bruno: Até gosto do In Flames e este talvez seja o seu melhor disco, mas tinha muita coisa melhor sendo feita.
Davi: Gosto do In Flames, mas prefiro a fase atual da banda. The Jester Race já demonstrava o enorme potencial dos músicos envolvidos, mas não gosto do trabalho vocal de Anders Friden neste disco. Acho que ele foi melhorando com o tempo, assim como as composições.
Diego: The Jester Race é considerado pelos fãs da banda o melhor disco do In Flames. No entanto, eu realmente não saberia dizer, pois nunca tive nenhum interesse no som dos suecos. Talvez seja o fato da banda pertencer ao "melodic death metal", não tenho certeza, só o que sei é que nunca tive muito interesse pela banda.
Diogo: Há uns 15 anos, quando ouvi falar em death metal melódico pela primeira vez, achei que o termo não fazia lá muito sentido. Como podia o subgênero musical mais extremo que eu conhecia ser rotulado ao mesmo tempo como melódico? Bastou ouvir o In Flames para que essa dúvida fosse sanada, pois é exatamente isso que a banda praticava. Em meio a estruturas que lembravam os melhores momentos do Iron Maiden, com direito a duetos de guitarra em profusão, o quinteto sueco pesa a mão nos riffs e Anders Fridén não deixa por menos na hora de soltar a voz. O melhor de tudo: as canções são muitíssimo bem arranjadas, fazendo com que cada uma tenha um grande diferencial em relação às outras, incluindo nisso passagens acústicas, segmentos instrumentais mais longos, blast beats quando necessários e, pasmem, poucos solos propriamente ditos. Reparem bem: a maior parte do (ótimo) trabalho de guitarra solo feito por Jesper Strömblad e Glenn Ljungström serve mais ao enriquecimento geral das canções do que a momentos de destaque individual. Todas as canções são muito boas, e é difícil apontar quais são merecedoras de mais elogios, mas hoje destaco "Artifacts of the Black Rain", "December Flower", "Wayfaerer" e a faixa-título. Ao menos até Clayman (2000), o In Flames tem todo o direito de figurar por aqui.
Eudes: Ouvi os 40 minutos do disco no YouTube, o que não é a mesma coisa. A música, esta sim, é a mesma coisa! Passo.
Fernando: Talvez o disco daqui da lista que mais me surpreendeu. Gostei principalmente do instrumental, que, ao contrário da voz suja, é muito limpo, bem feito e cheio de melodias. Não me lembro de, na época, ter tido contato com isso. Não sei se eu teria curtido a banda, porque até então eu não gostava muito desse tipo de voz. Mas vejo que perdi um tempão.
Leonardo: Na minha opinião, um dos melhores e mais representativos discos de heavy metal da década de 1990. Após um álbum de estreia irregular, diversas mudanças de integrantes e o lançamento de um EP sensacional, o In Flames estabilizou sua formação e lançou um disco uniforme, coeso e genial! Unindo melodias típicas do heavy metal tradicional de bandas como Iron Maiden e Accept a andamentos e vocais mais extremos, o grupo sedimentou o que bandas como Carcass e At the Gates já vinham fazendo, mas com canções tão marcantes que era até difícil terminar de escutar o disco e não ouvi-lo mais uma vez. Músicas como "Artifacts of the Black Rain", "Moonshield", "Lord Hypnos" e a faixa-título até hoje estão entre as minhas favoritas do grupo, e influenciaram uma infinidade de bandas nos anos seguintes.
Mairon: O instrumental é muito bom, mas, para mim, esse vocal gutural não casou nada bem com as melodias das guitarras. "The Jester Dance", por ser instrumental, é uma salvação, assim como a introdução de "Artifacts of the Black Rain" ou o solo de "Wayfaerer". É uma mistura nova para meus ouvidos, talvez até por isso não tenha gostado, mas o instrumental é decente. De qualquer forma, não os vejo como melhores de 1996.
Ulisses: Passagens acústicas, teclados e melodias ao estilo power metal fundidas com os guturais e a agressividade do death metal. Melodic death metal não faz a minha cabeça, mas é um estilo inegavelmente legal. Várias ótimas composições aqui, como "Moonshield", "Artifacts of the Black Rain", "Lord Hypnos" e "December Flower" (solo foda!).
Nick Cave and the Bad Seeds - Murder Ballads (50 pontos)*
Alissön: Tenho uma dificuldade imensa para falar sobre as obras de Nick Cave. Talvez porque a sonoridade do sujeito seja de difícil rotulação, ou talvez porque ainda não seja digno de descrever em palavras sua genialidade soturna. Este consiste de “murder ballads” com a habitual destreza de Cave em passar um clima soturno e de mistério as canções, quase uma ambientação noir. O dueto com Kylie Minogue em “Where the Wild Roses Grow” se configura como um dos momentos mais célebres da música pop mundial, e só sua presença vale a audição deste disco.
André: Prefiro Your Funeral… My Trial (1986) mas dá para curtir ótimas canções que se apresentam por aqui. Esse som meio lisérgico, meio agoniante do gothic rock junto a uma mistura de efeitos sonoros sinistros, ao mesmo tempo que dá uma calmaria bem folk, tal como em “Where the Wild Roses Grow” (Kylie Minogue cantando por aqui, quem diria) e passagens até “animadas” como em “The Curse of Millhaven”. É praticamente um “livro-disco” de histórias de assassinatos junto a uma trilha sonora muito boa acompanhando.
Bernardo: Nick Cave entrando para a lista não é todo dia. Mas é compreensível que entre, o sujeito estava em uma década iluminada, soltando um disco sensacional atrás do outro. Com participações especiais de grandes ícones da música popular e alternativa, como a musa indie PJ Harvey (que cantam a melancólica "Henry Lee"), a cantora pop Kylie Minogue (com quem Nick estoura o hit "Where the Wild Roses Grow", uma balada de letra romântica e sombria), e as duas, Anita Lane e o vocalista do Pogues Shane McGowan, cantando um cover de Bob Dylan, a bela "Death Is Not the End", que dá um um toque irônico ao álbum, com todas as outras letras versando sobre assassinatos. Mas para mim o grande destaque mesmo fica com "Stagger Lee", com seu ritmo pulsante, crescente e perturbado sendo cama de fundo para um storytelling que apresenta Nick no auge da poesia maldita
Bruno: Nick Cave sempre foi um contador de histórias, por isso este álbum conceitual sobre assassinos casa perfeitamente com seu vozeirão de barítono, com os Bad Seeds mandando ver no blues/post-punk sepulcral e gótico como trilha de fundo. Um dos pontos altos da carreira do australiano.
Davi: Uma tortura. Desde aquele disco do Tom Waits que eu não sofria tanto para ouvir um álbum nesta série. Músicas chatíssimas, trabalho vocal ruim. Depois de ouvir o disco, entendi o titulo: sua audição é um assassinato de nossos ouvidos.
Diego: Um disco do Nick Cave em uma lista de melhores? Isso é deveras interessante! Infelizmente não posso comentar sobre a carreira do músico. Apesar de ser respeitado e ter, sem sombra de dúvida, qualidade, ele nunca fez minha cabeça. Na verdade, sua carreira passou despercebida para os meus ouvidos. Talvez seja a hora de mudar isso e ouvir alguns de seus discos!
Diogo: A primeira audição foi um pouco decepcionante, por achar que a música mais parecia um fundo monótono e repetitivo para que Nick declamasse suas histórias, mas bastou uma segunda ouvida para perceber que a relação não é tão secundária assim, na verdade um complemento essencial para criar o clima mais adequado ao desenrolar desses contos sombrios. Quanto mais variação, mais o disco fica interessante, vide "Where the Wild Roses Grows", que conta com a presença de Kylie Minogue e ganha outra dimensionalidade; "The Curse of Millhaven", com sua pegada folk; e o adequado cover para "Death Is Not the End", de Bob Dylan, com a presença de várias vocalistas, incluindo Kylie novamente. Nem tudo é bom, mas no final o saldo é positivo.
Eudes: Só o fato dos consultores incluírem este esquecido disco do Nick Cave and the Bad Seeds nesta edição da série já qualifica como o diabo (ops!) esta lista, mesmo que seja em um modesto oitavo lugar. A ideia é boa e, como sempre, sombria quando se trata de Nick. Uma coleção de canções, pinçadas em mais de 200 anos de tradição, composta por assassinos ou tratando de assassinatos. Um tema que ele já tinha visitado em algo do que incluiu em Kicking Against the Pricks, de 1986 ("I'm Gonna Kill that Woman", por exemplo). As canções são todas antigas, tiradas da tradição anglofônica, e melódica e liricamente pesadas. Nick e os Seeds radicalizam as temáticas em execuções soturnas e, como de costume, tortas, angulosas, dando o cenário perfeito para o vozeirão tenebroso do cantor. Bacanérrimo e altamente recomendável.
Fernando: Ganhei um CD do Nick Cave quando renovei a assinatura da revista Rock Brigade na década de 1990 ainda. Não lembro qual era, mas ouvi o disco, não curti e troquei pelo Dehumanizer (1992), do Black Sabbath. Ouvindo agora, já mudei de opinião. Gostei do clima soturno das músicas e principalmente da voz de Cave.
Leonardo: A ideia de ter um disco apenas com baladas sobre a morte parece ótima no papel, nas o resultado final foi, para mim, bastante irregular. Enquanto algumas músicas, como "Stagger Lee", são sensacionais, outras, como "O’Malley’s Bar", são bem cansativas. Mas que a ideia era boa, isso era.
Mairon: Ouvi este álbum lembrando-me do saudoso Jeff Buckley na edição dedicada a 1994. Um disco bem depressivo, que infelizmente não casou com a minha audição. Tem alguns destaques, como PJ Harvey em "Henry Lee", o ritmo alegre de "The Curse of Millhaven", lembrando o Bob Dylan da fase acústica, sendo que Dylan é o responsável pelo melhor momento do álbum, com o resgate da desconhecida "Death Is Not the End", lançada pelo bardo norte-americano em Down in the Groove (1989), e que aqui ganhou uma versão piorada, mas mesmo assim a melhor do disco, com a companhia de Kylie Minogue e PJ Harvey. O ritmo estranho de "O'Malley's Bar" talvez seja a pior coisa que ouvi no disco, ainda mais com insuportáveis 14 minutos de duração, e, no geral, confesso que várias vezes olhei para o visor com o pensamento de "Falta muito para acabar essa joça?". Ficou a sensação de tempo perdido com essa uma hora de audição. Passo!
Ulisses: De que poço sem fundo vocês tiraram esta presepada? Meu Deus...
Iced Earth - The Dark Saga (47 pontos)
Alissön: Dentre os pouquíssimos discos de power metal que ainda tenho paciência para ouvir, este é um dos que estão em minha lista. Conseguindo a proeza de tornar interessante um dos personagens mais desinteressantes da Image Comics – a saber, Spawn - o Soldado Infernal –, John Schaffer pariu um disco que equilibra o heavy metal com a grandiosidade dramática de uma ópera, isso tudo com harmonias e melodias de cair o queixo. Da explosão do estilo no fim dos anos 1990 para o início dos anos 2000, The Dark Saga se configura como clássico, e mais que isso, como um ponto fora da curva no meio de incontáveis bandas que pensavam apenas em criar músicas encharcadas de melodias batidas à velocidade ultrasônica.
André: O disco do Spawn. O maravilhoso disco do Spawn. O fucking foda disco do Spawn. Uma das melhores coisas surgidas nos anos 1990 e o primeiro álbum que ouvi deles. Riffs excelentes de um inspirado Jon Schaffer. Emoção em todas as músicas de um excelente Matthew Barlow. Cozinha de baixo e bateria com execução perfeita, principalmente em “Depths of Hell”. O disco passa rápido e esse é exatamente seu único defeito: muito curto. Sim, acho quase 44 minutos muito curto para ele. Ouça com atenção todo ele, principalmente “Dark Saga”, “Violate”, “Scared” e “A Question of Heaven”.
Bernardo: Sempre achei o Iced Earth de um heavy metal para lá de genérico, e sempre me perguntei porque ouvir ele e não os "classicões". O álbum é conceitual, contando a história do personagem de quadrinhos Spawn, então você pode ler ouvindo e ter a experiência mais anos 1990 possível – só vai faltar a internet discada e instalar jogo com disquete!
Bruno: Sempre achei o Iced Earth meio "meh", mas este álbum é bem legal. Foge um pouco do power metal e aposta em faixas mais atmosféricas, que refletem bem o clima do conceito que o inspirou, encaixando na melancolia do rock pesado da época.
Davi: Está aí uma banda que sempre gostei. Este é um álbum que muito fã não curte por conta das mudanças apresentadas. As faixas se tornaram mais curtas, seu som um pouco mais acessível, mais melódico. Entretanto, sempre gostei deste disco. Ótimo trabalho de guitarra de Jon Schaffer e ótimo trabalho vocal de Matthew Barlow, que ainda é meu vocalista favorito do Iced Earth. Bom disco. Feliz de vê-los por aqui...
Diego: Iced Earth é uma banda que nunca me interessou. Tenho o disco Night of the Stormrider (1991) em cassete e ele não aguçou a minha curiosidade para continuar ouvindo a discografia da banda.
Diogo: Sinceramente, não achei que o Iced Earth tivesse muita moral entre o pessoal da Consultoria, mas felizmente alguns lembraram da banda com carinho. De uma forma bem particular, o grupo de Jon Schaffer levou adiante o heavy metal oitentista na década de 1990, fazendo com muita competência o que outros grupos pareciam haver desaprendido. Minha obra favorita do grupo é Night of the Stormrider, mas The Dark Saga também é digno de figurar por aqui, ainda mais por contar com a presença de um Matthew Barlow cada vez mais essencial nos vocais, o "Paul Stanley do metal". Jon Schaffer é uma metralhadora de riffs, mas é esperto o suficiente para saber que nem só deles se faz um bom disco de heavy metal, e soube trabalhar as canções de forma a tornar este um álbum equilibrado, alternando faixas mais urgentes, praticamente thrash metal ("Violate", "The Last Laugh"), com outras mais melódicas ("Dark Saga", "I Died for You", "The Hunter" e "A Question of Heaven"). Entre elas, equilibra-se minha provável favorita, "Vengeance Is Mine". Não à toa, oito das dez músicas que formam The Dark Saga marcam presença no álbum ao vivo Alive in Athens (1999). Que venha Something Wicked This Way Comes (1998)!
Eudes: Nos anos 1990, uma boa ideia, embora não original (lembre-se do Desafiador, Dead Man no original, personagem da DC dos anos 1970), do roteirista/desenhista Todd McFarlane, como se diz hoje, viralizou nas bancas de revista do mundo: Spawn, um agente do serviço secreto norte-americano que morre em uma missão e volta, pela mão do Capiroto, para desvendar a conspiração que o levou ao túmulo e a identidade do assassino. Dava uma ótima minissérie, mas virou uma série interminável que abalou o mercado de HQs, mas foi caindo no esquecimento por falta de desenvolvimento do tema. Este disco transpõe para a música a saga do personagem e é tão chato quanto a revista depois que o argumento original se esgotou. Não conhecia, mas já arquivei na gaveta do desinteresse.
Fernando: O Iced Earth é daquelas bandas cujo excesso de mudanças de formação me faz ter um pouco de preguiça de acompanhar. Porém, pelo menos dois discos do grupo são essenciais na coleção de qualquer um que goste de heavy metal tradicional, apesar de que muita gente ainda os coloca no balaio do power metal. O interessante do Iced Earth é que eles abordam muito as histórias em quadrinhos de personagens menos conhecidos.
Leonardo: Enquanto o heavy metal tradicional era declarado morto nos Estados Unidos, uma banda da Flórida chegava ao seu auge com um som que misturava o que havia de melhor nos discos clássicos de Iron Maiden, Metallica e Testament. Unindo riffs e solos inspirados a palhetadas abafadas e à voz marcante de Matthew Barlow, o Iced Earth lançou um dos seus melhores trabalhos, um álbum conceitual baseado no personagem de histórias em quadrinhos Spawn. Altamente recomendado para os fãs das bandas citadas acima, que passavam por um péssimo período na época.
Mairon: O instrumental me lembrou bastante o Metallica da época de Master of Puppets (1986), com destaque para a pancadaria de "Violate", apesar de a música acabar do nada, e "The Last Laugh". Uma pena que as músicas são curtas, pois se fossem maiores, poderíamos ouvir melhor o trabalho instrumental da banda. Gostei do disco, apesar de não ter me adaptado muito bem as vocais de Matthew Barlow, uma mistura de Paul Stanley com Bruce Dickinson. Agora, entre os dez melhores de 1996?? Bom, daí já é outro questionamento, que no momento confesso ser desfavorável.
Ulisses: The Dark Saga foi o disco que realmente botou o Iced Earth no mapa do heavy metal, além de estabelecer Matthew Barlow como o vocalista mais querido a passar pela banda. Além de ser um álbum conceitual baseado no personagem Spawn (com arte de capa feita pelo próprio Todd McFarlane), também traz composições bem balanceadas, na medida certa de peso, melodia e duração. Faixas como "The Hunter", "Vengeance Is Mine" e a majestosa "A Question of Heaven", com presença de corais e da esposa de Matthew, estão entre as melhores do grupo.
DJ Shadow - Endtroducing... (40 pontos)
Alissön: É curioso como um disco composto 100% por colagens de músicas aleatórias pode soar tão particular. A destreza de Josh Davis ao fazer com que trechos de músicas famosas e falas dos mais variados tipos se transformem em belas montagens de trip-hop é algo realmente encantador. Este disco não é apenas o auge da música em 1996, mas também é um dos discos que mudaram a minha forma de encarar música como um todo, que realmente é possível fazer música eletrônica livre de maneirismos e com muita criatividade composicional. E como é bacana tentar sacar de onde vieram os vários samples espalhados pelas faixas (os mais atentos irão identificar “Orion”, do Metallica), uma motivação extra para lhe convencer a conhecer esta obra de arte contemporânea.
André: Disco só de samples colados de outros artistas e gente declamando as letras. Quando se tem os samples de música ambient até vai (mesmo com a típica bateria hip hop), mas o restante... É daqueles típicos trabalhos que eu chamaria de “pós-moderno”, que quebra todos os “padrões” costumeiros de estrutura musical aos quais estamos acostumados e que críticos e a galera alternativa ama louvar. Para mim, ainda é uma salada de sons sem nenhum sentido e direção. Ouvir o disco inteiro foi uma dor intensa aos meus ouvidos. Se o DJ Shadow fosse pintor, ele seria o Romero Britto.
Bernardo: O debut de Shadow marcou a história da música por ser o primeiro disco a ser composto inteiramente de samples. Viagem conceitual imersiva e sem volta, mistura Beastie Boys com Metallica com Tangerine Dream com A Tribe Called Quest com Björk com Isley Brothers com... Enfim, a música popular do século XX inteiro é ressignificada – ritmos, melodias, distorções, diálogos, texturas e scratches compõem uma grande peça de vanguarda moderna que prenunciou como seria a música das décadas seguintes e ainda é digerida até hoje.
Bruno: Um grande disco, extremamente criativo e ousado, que pode servir muito bem pra quebrar o preconceito com a música eletrônica.
Davi: Samplers, samplers e mais samplers. Não tenho nada contra a utilização de samplers (até escrevi a discografia comentada de uma artista pop brasileira que brincava com esse universo, por aqui) e nem contra a profissão de DJ, mas puta disquinho chato... Trabalho extremamente cansativo contando com repetições em excesso, efeitos em excesso. É aquele disco que você torce pelo final. DJ por DJ, ainda fico com o Iraí Campos, kkkkk...
Diego: Este disco me parece inteiramente fora do lugar nesta lista... Eu nunca ouvi, não sabia da existência e mesmo que altamente cotado em sites musicais como o Rate Your Music, eu realmente não tenho curiosidade sobre este lançamento.
Diogo: Normalmente conheço o trabalho de DJs dentro do contexto de bandas de rock, e não os ouço de outra maneira. Obviamente conheço músicas de artistas como Fatboy Slim, Moby, David Guetta, Eric Prydz e outros, mas o contexto apresentado em Endtroducing é bem diferente disso. O que DJ Shadow faz é um processo de desconstrução de inúmeros trabalhos de variados artistas e sua consequente reconstrução na forma de uma obra autoral, resultante de colagens unindo, ao mesmo tempo, canções que não esperaríamos que fizessem sentido juntas. Confesso que não morri de amores pelo que ouvi em Endtroducing, mas também não odiei. Há no mínimo que se admirar o serviço danado que esse rapaz teve para levar esse projeto a cabo e a criatividade para fazer com que tudo fizesse sentido. Sua adição por aqui provavelmente faz mais sentido do que mais uma citação de alguma banda setentista que seguia lançando trabalhos nessa época, como Deep Purple e Rush fizeram, mesmo que, para meus ouvidos, estes últimos soem mais agradáveis.
Eudes: Claro, já havia ouvido algumas faixas do CD que, há algum tempo, penetraram no tracklist das FMs mais antenadas, mas nunca tinha ouvido o disco como um todo. E termino sem saber se gosto ou não gosto. Em vários momentos, a empatia pela sonoridade do disco cresce, em outras, acho o negócio horizontal demais e até enjoativo. Uma coisa é certa, contudo, a discoteca de Shadow mereceria uma visita. O sujeito tem um puta bom gosto.
Fernando: Quer dizer que a ala moderninha da Consultoria finalmente conseguiu emplacar um disco de música eletrônica aqui nesta série. Apesar de não aparecer muito neste disco, cabe aqui um comentário sobres os scratches, pois é algo no qual não vejo sentido nenhum. No mais, a primeira faixa, e várias passagens de outras músicas, me lembrou algum disco que Brian Eno gravou lá na década de 1970. Essa é a referência que eu tenho para esse tipo de música, sabendo que certamente Eno é influência do tal DJ aí... Já na faixa “The Number Song” identifiquei algumas pitadas de jazz. Mas não é meu tipo de música.
Leonardo: Rap e hip hop não são a minha praia, então deixarei avaliações mais detalhadas aos colegas que entendem do assunto. No geral, achei o disco irregular. Gostei dos momentos mais melódicos e atmosféricos, mas o uso de scratches com frequência não me agrada.
Mairon: Apenas quatro palavras: QUE MERD@ BEM GRANDE!!! Para complementar, como isto foi gravado e como isto fica entre os dez mais de 1996? Realmente, se isto é um dos dez melhores discos de 1996, fica comprovado que essa década foi talvez a pior da história da música.
Ulisses: Trip-hop não é a minha praia. Apesar da interessante ideia do tal Shadow, de criar o álbum inteiro com samples de outros discos diversos, o resultado final, para mim, fica mesmo só nessa de "hm, legal... próximo!".
Marilyn Manson - Antichrist Superstar (35 pontos)
Alissön: Eu tinha meus 13, 14 anos quando ouvi este disco pela primeira vez, e fiquei absurdamente assombrado com ele. Na época, aquilo era muito mais do que minha mente podia processar. “Um sujeito bizarramente andrógino cantando músicas satânicas”: isso foi tudo o que pude concluir na época, e nunca mais cheguei perto de nada que levasse o seu nome. Anos se passaram e então pude entender o que Brian Hugh Warner quis dizer com seu Antichrist Superstar. Um disco de estética crua, que não teve medo de desvirtuar qualquer regra imposta pelo heavy metal, e mais crucial: não teve medo de por o dedo na ferida sobre temas “proibidos” de serem abordados por artistas de exposição massiva, como religião, política e família. Nunca mais um disco viria a chocar a sociedade como este fez brilhantemente, com musicalidade inteligente e letras pungentes.
André: Os consultores não cansam de me surpreender. Nunca imaginei que este maluco teria um disco considerado um dos “Melhores de Todos os Tempos”. O que posso dizer é que gosto de metal industrial, sendo Rammstein a minha preferida do estilo, mas não gosto de nada do Manson, tirando uma ou outra faixa mais famosa.
Bernardo: "The Beautiful People", "The Reflecting God", "Irresponsible Hate Anthem"... Antichrist Superstar é um dos clássicos do metal industrial, com pitadas de hard rock que tornaram a música de Manson mais acessível, mas manteve a sujeira e a atmosfera controversa, com o rock se diluindo em novos sons eletrônicos. Ainda que tenha algumas músicas dispensáveis, o álbum sintetiza um dos auges populares do rock pesado com atitude contestadora e hits para lá de ganchudos.
Bruno: O álbum que fez o cara despontar, e um belo representante da época. Metal industrial com uma pegada acessível. Talvez seja seu disco mais coeso e representativo.
Davi: Trabalho que foi um marco daquela época. Depois de alguns anos em que as brigas dos irmãos Gallagher eram consideradas o que havia de mais polêmico no rock, o rapaz apareceu com Antichrist Superstar, questionando as bases do cristianismo. Todo aquele lance de religiosos pregando contra, shows censurados e pais de cabelo em pé retornaram. Musicalmente, o álbum tem uma sonoridade bem pesada e mistura guitarras distorcidas com elementos eletrônicos, com um quê de Nine Inch Nails. Um dos álbuns mais criativos, musicalmente falando, desse período. Faixas de destaque: “Irresponsible Hate Anthem”, “Dried Up, Tied and Dead to the World”, “Tourniquet”, “The Reflecting God” e o clássico “The Beautiful People”.
Diego: Marilyn Manson teve uma dupla famosa de discos no meio dos anos 1990: Antichrist Superstar e Mechanical Animals, lançado dois anos mais tarde. Antichrist Superstar é, sem sombra de dúvida, o disco que catapultou a carreira do vocalista a um status internacional e traz clássicos como "The Beautiful People" e a faixa-título. Mas para mim sofre do "mal da época do CD" – discos que ultrapassam os 60 minutos (por muitas vezes até os 70 minutos) e que trazem diversas faixas filler, ou seja, muita encheção de linguiça pro meu gosto.
Diogo: Lembro de, lá por 2000/2001, ser meio metido a cuidar do som no intervalo entre as aulas de meu colégio, o popular recreio. Entre um Black Sabbath e outro, apareceu uma pessoa pedindo pra colocar um disco do Marilyn Manson. Botei pra rolar e tive a impressão de que não deveria ter feito aquilo, pois se o som que brotava das caixas já não era muito compreensível para mim, imagine para o restante dos alunos, na grande maioria ainda mais jovens que eu. Hoje em dia, ouço Antichrist Superstar com uma bagagem prévia muito maior e posso absorvê-lo muito melhor, inclusive apreciando a maior parte do tracklist, que conta com músicas muito boas, como "The Beautiful People", "The Reflecting God", "Dried Up, Tied and Dead to the World", "Wormboy", "Mister Superstar" e "Tourniquet", minha provável favorita. Por mais que a sonoridade pareça hermética à primeira ouvida, um pouco mais de atenção revela um equilíbrio entre caos e acessibilidade que julgo positivo. Além disso, Marilyn não é um artista que pratica o choque pelo simples prazer de chocar, não é um espantalho vazio apenas com a função de assustar. Assim como seu provável inspirador Alice Cooper.
Eudes: Quando saiu o disco de estreia de Marilyn, Alice Cooper não perdoou, e cito de memória: "Cantor maquiado, tocando hard rock e falando de violência... Original, hein?" (se não foi isso, foi coisa que o valha). O disco é bom, entretanto, e se enquadra na categoria que citei em um dos comentários acima, a saber, de bandas que sabem compor e tocar. Agradável e animado, mas qualquer consultor aqui sabe citar dezenas de discos melhores do que este. Marilyn em uma lista chamada "Melhores de Todos os Tempos" é a prova provada de que o tal do estilo superou a música nestas décadas de decadência do rock.
Fernando: Já cansei de voltar para este álbum e tentar ter uma nova impressão. Não adianta, o Sr. Manson não conseguiu me agradar.
Leonardo: É pesado, chocante e agressivo. Mas o excesso de ruídos e influências industriais torna a audição do álbum cansativa.
Mairon: Pancada na cabeça. Tenho meus contras e prós com Marilyn Mason, e nunca tinha parado para ouvir seus discos com calma. Antichrist Superstar foi o álbum que me colocou para a carreira do doidão, e é um baita disco, que marcou época. Seus três ciclos são de uma ignorância sonora absurdamente boa, dos quais eu destaco o primeiro, "The Heirophant", com o quarteto "Irresponsible Hate Anthem", "The Beautiful People", "Dried Up, Tied and Dead to the World" e "Tourniquet" sendo uma ótima trilha para agitar em uma festa mais "pesada", sendo que duvido não existir um cidadão nascido pós década de 1980 que logo nos primeiros acordes já não reconheça "The Beautiful People". Destaco também as ótimas "1996" e "The Reflection God". Não tenho pretensões de conseguir a discografia de Marilyn, até por que prefiro investir meu $ em outros artistas, mas sua presença aqui é merecida.
Ulisses: Manson é um daqueles artistas dos quais eu já tentei gostar e não consegui. Ouvindo aqui novamente, não foi desta vez.
Sepultura - Roots (33 pontos)
Alissön: Falei que o primeiro lugar concedido a Holy Land não era de todo exagerado pelo fato de ter sido um dos responsáveis por catapultar a sonoridade brasileira dentro do heavy metal. Mas aí vejo que Roots, um dos discos mais fantásticos de heavy metal de todos os tempos, e que foi muito mais impactante que o supracitado, ficou abaixo. Foi aí que caiu a ficha, e então pude ver a tremenda injustiça desta lista.
André: Gosto mais deste disco do que de Chaos A.D. (1993). As influências brasileiras estão ainda mais marcantes, e, desta vez, melhor aplicadas também. Por aqui prefiro as músicas mais pancadas, tais como “Cut-Thoat”, “Spit” e “Ambush”, mas descartaria fácil “Ratamahatta” e as tribais chatinhas “Itsári” e “Jasco”. Não fariam falta no tracklist. O disco é considerado o fundador do que atualmente chamam de Nu Metal, mas confesso que tenho dificuldades em categorizá-lo dessa forma. A meu ver, nada mais é do que heavy metal misturado a um folk brasileiro. Enfim, foi o último disco bom do Sepultura. Após uns trabalhos inconstantes com Derrick Green, voltariam a me agradar do Dante XXI (2006) em diante.
Bernardo: Participações da tribo Xavante, de Carlinhos Brown, DJ Lethal e Jonathan Davis do Korn. Dá para imaginar o ataque do coração que os headbenze tiveram na década de 1990 quando souberam que o Sepultura estava mexendo com world music e new metal! Roots é um álbum que não se vê todo dia, mergulhando de cabeça nas tendências dos anos 1990, com a matadora e icônica faixa-título abrindo o disco com um refrão que conquista imediatamente, além de outras faixas que se tornaram clássicos, como "Attitude" e "Ratamahatta": para o bem e para o mal, o estrago estava feito, o Sepultura chegou ao topo do mundo e influenciou toda uma nova geração de música pesada.
Bruno: O disco mais polêmico do Sepultura na fase Max. Por um lado, foi o trabalho que alavancou a popularidade da banda, atingindo um público mais abrangente e ganhando respaldo da crítica. De outro, foi aqui que os fãs mais radicais romperam com a banda. De fato, desde Chaos A.D. o grupo já experimentava com novas sonoridades, apostando em um som mais grooveado e moderno, deixando o thrash um pouco de lado. Mas, sem dúvida, é um grande álbum, e infelizmente o canto do cisne da fase áurea da banda. Para o bem ou para o mal, influenciou toda uma nova geração de música pesada.
Davi: Assim como a galera do Angra, os rapazes do Sepultura intensificavam sua experiências com ritmos brasileiros (Chaos A.D. já tinha um pouco disso, na real). O trabalho é excelente, pesadão, com algumas músicas que são consideradas clássicos do grupo, como “Roots Bloody Roots” e “Ratamahatta”, mas na minha memória ficou mais marcado por ter sido o último álbum com Max Cavalera. Não gosto muito do trabalho vocal de Max aqui. Muito gritado. Mas ainda fico me perguntando que caminho teriam seguido se Max tivesse continuado no grupo.
Diego: Juntamente com Holy Land, Roots é um clássico! E dessa vez tanto nacional quanto internacional. Um sem número de bandas foram formadas em cima do som de Chaos A.D. e Roots, um sem número de discos foram influenciados por este (e consequentemente um sem número de cópias ruins acabaram sendo lançados depois do sucesso do álbum). Mas... (e dizem que nada do que foi dito tem importância depois de um "mas") Eu nunca ouvi o disco inteiro! Explico: Venho acompanhando a discografia do Sepultura às avessas. Acompanho a banda desde 1998, quando lançaram Against, já com Derrick Green no lugar de Max Cavalera. Desde então tenho ouvido todos os discos lançados e comecei a escutar os primeiros discos da banda e ouvi, até este momento, até... Chaos A.D., deixando o clássico de fora. Tenho que acertar isso agora mesmo!
Diogo: Muito se comenta sobre a dissolução da formação clássica do Sepultura e suas consequências, com Max criando o Soulfly, e Igor, Andreas e Paulo seguindo em frente com Derrick Green, pavimentando um novo caminho e sendo questionados até hoje, como se precisassem provar alguma coisa. A mim, parece que a esperança de muitos era que o grupo seguisse fazendo álbuns como Beneath the Remains (1989), Arise (1991) e Chaos A.D., quando na verdade o direcionamento cada vez mais parecia apontar em outra direção, vide o que se apresenta em Roots. Que a banda rumou em direção à uma sonoridade única, disso não há dúvida, e em muitos momentos, como na estupenda faixa-título, em "Attitude", "Cut-Throat" e "Spit", o resultado deu muito certo. Em vários outros, porém, os novos elementos "encharcaram" demais as canções, ao ponto de quase engolir aquelas que não são tão bem resolvidas como composições. Isso acaba tornando Roots um tanto cansativo, apesar de passar longe de ser ruim. Confesso inclusive que, se não fosse o vocal de Carlinhos Brown na boa "Ratamahatta", as participações especiais também ficariam meio afogadas em meio ao lamaçal de guitarras graves e instrumentos percussivos. Confesso que preciso parar um tempo e ouvir este álbum com mais atenção para, quem sabe, entender melhor suas nuances, mas, por ora, o veredito é este.
Eudes: Parece que o sucesso comercial relativo do manguebeat (inclusive em um nicho de mercado internacional) tensionou o rock nativo em direção a sonoridades mais brasileiras (veja comentário sobre o Angra). O sucesso desta manobra é desigual e, na maioria das vezes, as tais raízes ficam mesmo na decoração do ambiente, sem penetrar organicamente na música. É como se a banda convidasse o Olodum para uma canja no estúdio (aliás, o genérico de música afrobrasileira, Carlinhos Brown, faz aparição no disco). O álbum rendeu alguns hits, como "Ratamahatta", mas minha faixa predileta está nos bônus: é a versão reverente para "Symptom of the Universe", vocês sabem de quem. Aliás, a regravação desta música dá um ótimo mote para o abrasileiramento do som da banda, com a coda heavy bossa da gravação original, mas a meninada não se deu conta.
Fernando: Disco importantíssimo para o heavy metal nacional e bastante reverenciado internacionalmente. Tinha adorado Chaos A.D. e esperei um novo álbum com bastante ansiedade. Não tenho problema algum com a introdução de música brasileira com o metal. O campeão do ano usou isso também e eu adoro. O problema é que, ouvindo o disco, há a impressão de que eles se perderam e exageraram. Uma ou outra música mais experimental tudo bem, mas eu achei demais. Chamar Carlinhos Brown eu até relevo, mas deram muito espaço para esse cara. Fora que o álbum acabou ajudando e influenciando o nü metal, e isso é um problema. Ficaram para a carreira da banda as faixas “Roots Bloody Roots”, “Attitude”, “ Cut-Throat” e “Born Stubborn”, as melhores do disco. A versão nacional trazia dois covers fantásticos para “ Procreation (of the Wicked)”, do Celtic Frost, e “Sympton of the Universe”, do Black Sabbath, em uma versão que não tenho medo algum de dizer que é melhor que a original. O que Igor toca nessa música é um absurdo!!!
Leonardo: Após o experimental e espetacular Chaos A.D., o Sepultura foi ainda mais fundo nas mudanças em seu sucessor, Roots. Deixando o thrash metal de lado, o grupo investiu em afinações mais graves, andamentos mais lentos e com mais groove, riffs e solos minimalistas, influências industriais e de música brasileira, contando inclusive com a participação do percussionista Carlinhos Brown em algumas faixas. Apesar de ter sido seu maior sucesso no mundo todo, na minha opinião o resultado foi bem irregular. Algumas faixas se destacam de imediato, como a arrasa quarteirão "Roots Bloody Roots" e a excelente "Attitude". Outras não funcionam tão bem. Mas o disco levou a banda de Minas Gerais ao topo da cena metálica da época.
Mairon: O disco que me fez desapegar dos mineiros. Já não havia gostado muito do conteúdo de Chaos A. D., e lembro da expectativa em ouvir Roots. Quando o mano Micael – nosso colaborador – chegou com o disco, foi uma festa só, ainda mais com a maluquice de "Roots Blood Roots", mas depois, o álbum peca naquilo que muitos discos da década de 1990 pecaram, que é uma duração longa demais para um conteúdo que não diz muito – no meu gosto, claro. Entendo que muitos consideram este o álbum mais importante da banda, principalmente pela guinada que o grupo tomou a partir de então, mas, honestamente, para mim aqui acabou o maior gigante do thrash metal brasileiro, e surgiu mais um grupo de nu-metal ou sei lá o que metal que tornaram-se banais hoje em dia. Em tempo, Carlinhos Brown entre os dez melhores de todos os tempos, que piada hein??
Ulisses: Um dos álbuns mais icônicos do heavy metal nacional. Divisor de águas na carreira da banda e nas opiniões dos fãs, apesar de ser também o último com Max Cavalera. As influências de música brasileira, industrial e alternativa estão ainda maiores. Quem imaginaria um disco de metal tendo participação de Carlinhos Brown ("Ratamahatta", com aquele videoclipe clássico)? E uma jam instrumental gravada lá no meio do mato, com a tribo Xavante ("Jasco" e "Itsári")? Daqui saiu também o maior hit da banda, "Roots Bloody Roots", além de vários outros petardos, como "Attitude" (introduzida por sons de berimbau!), "Breed Apart" e "Spit". Só que não dá pra deixar de admitir que, pô, mais de uma hora de música, cansa um pouquinho.
Glenn Hughes - Addiction (33 pontos)
Alissön: Hard dos bons, riffs esbanjando testosterona, Glenn Hughes cantando o absurdo que sempre cantou e músicas que desempenham exatamente o papel que uma música de hard rock deve desempenhar: ser cativante e alegrar o ouvinte. Agradável descoberta, com certeza ouvirei mais discos da carreira solo do sujeito.
André: Legal este disco do Hughes. Sua voz está muito boa nele (se escutarem qualquer disco do Voodoo Hill lançado alguns anos depois, verão uma diferença enorme). É aquele hard rock pesado, quase heavy metal, limando grande parte de suas tradicionais influências blues, que é agradável, embora não seja daqueles trabalhos que te fariam ajoelhar aos pés do baixista/vocalista. A dupla Hughes/Bonilla mandou bem, embora eu tenha sentido falta de uma composição mais marcante por aqui.
Bernardo: Hughes faz um bom trabalho nas bandas que participa, como Deep Purple e Black Sabbath, sempre gerando resultados que nostálgicos de uma fase só deveriam conferir, mas, sinceramente, acho que sozinho ele não consegue se sustentar – situação, diria, comum entre artistas que saem de grupos consagrados para se arriscarem sozinhos.
Bruno: Nada que o cara fez pós anos 1970 me chama a atenção, e aqui não foi diferente.
Davi: The Voice of Rock. Depois do (razoável) Feel (1995), no qual o musico se distanciou um pouco do rock e flertou mais com o soul e o funk, Glenn retornou ao rock 'n' roll com Addiction. O disco é pesado, e o trabalho vocal, como não poderia deixar de ser, é absurdo, mas foi um álbum que me frustrou um pouco na época. Reouvindo agora, anos depois, o álbum me empolga bem mais do que na ocasião. As guitarras usavam uma sonoridade um pouco mais suja do que estávamos acostumados em seus discos. Glenn usa e abusa de sua técnica e potência vocal. Várias músicas legais. Ainda acho que não está no mesmo nível de Blues (1993) ou From Now On... (que considero seu melhor trabalho), mas é realmente um bom disco. Faixas de destaque: “Down”, “I'm Not Your Slave” e “Madeleine”.
Diego: Eu adoro Glenn Hughes. O homem é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores vozes do mundo do rock. Mas a inclusão deste disco na lista me parece equivocada.
Diogo: Ao contrário do que muitos imaginam, Glenn Hughes lançou, sim, vários álbuns excelentes após o primeiro término do Deep Purple, em 1976, inclusive em sua carreira solo. Um deles é From Now On..., que por pouco não deu as caras na edição desta série dedicada a 1994. Outro é Addiction, sua provável obra mais pesada e agressiva, tanto musicalmente quanto liricamente. Glenn já afirmou algumas vezes não ter nada a ver com o mundo do heavy metal, mas o conteúdo presente neste disco contradiz suas declarações. Quase a totalidade das canções apresentam riffs de guitarra ganchudos, baixo no talo e bateria espancada, além de um Glenn deixando um pouco de lado sua faceta soulman e destacando sua agressividade. Mesmo assim, o disco não deixa de ter uma boa dose de balanço, diferenciando-o da grande maioria dos seus contemporâneos hardeiros. "Madeleine", "I'm Not Your Slave" e "Cover Me" não me deixam mentir. Seu lado porradeiro também está afiado. Não à toa, a trinca inicial foi impactante desde a primeira vez que ouvi Addicition: "Death of Me", "Down" e a faixa-título. Baladas? Tem, e das boas. Pra combinar com o tom do disco em geral, nada muito açucarado, vide o conteúdo de "Talk About It" e "Blue Jade". Em resumo: estou muito satisfeito de ver este álbum por aqui, e fico na esperança de que a carreira solo de Glenn seja mais valorizada. Inclusive, gostaria muito de ver um show seu apenas com canções tiradas de discos solo.
Eudes: Hughes se tornou o único herdeiro da derivação soul/funk do hard rock do Deep Purple em alguns de seus melhores discos (Burn, Stormbringer – ambos de 1974). Enquanto os demais membros da banda, solo ou em grupo, investiram em uma adequação de seu som aos gostos que foram mudando nas plateias de rock, Hughes persistiu naquela via que ficou amputada com a separação do grupo em 1976: rock pesado, mas cheio de manha e cintura, confluindo com as raízes blues e soul em uma mistura que nem sempre funcionou, mas que neste disco arranca a gente das modas e costumes do rock dos anos 1990. Isso sem falar ainda da voz do homem, provavelmente uma das mais privilegiadas de toda a já longa história do rock. O disco tem tudo para ser sombrio, já que se trata de uma reflexão acerca dos anos de adicção pesada que o cantor vivenciou desde os anos 1970 (com pontos fundos nos anos 1980), mas, ao contrário, o que fica da audição é vitalidade e força. Uma vergonha: esqueci desta pérola em minha lista.
Fernando: Apesar de ser um músico fantástico, a longa carreira solo de Glenn Hughes é bastante irregular. Porém, essa é uma opinião de alguém que não ouviu todos os seus discos. O próprio Addiction eu nunca havia ouvido até agora. No pouco tempo que tive para conhecê-lo, o álbum me pareceu ser um dos acertos de sua discografia. A faixa-título é ótima e me fez lembrar o material que ele trabalhou com o Black Country Communion.
Leonardo: Depois de chegar praticamente ao fundo do poço no fim dos anos 1980 e retomar sua carreira em 1994 com o excelente From Now On..., Glenn Hughes retornou em 1996 com um disco mais pesado, denso e até sombrio, sem tanta influência de funk e soul como em alguns de seus outros álbuns. E o resultado foi fenomenal. Com uma performance vocal um pouco mais agressiva, o álbum apresenta uma pegada mais hard rock, com muita influência de blues e letras que retratam as dificuldades de sua recuperação do vício. Recomendado até para quem não curte tudo que o baixista/vocalista fez na carreira.
Mairon: Um dos melhores discos da carreira de Glenn Hughes, e com muita alegria o vejo entre os dez melhores de 1996. Depois de Feel e From Now On... terem ficado de fora das listas de 1995 e 1994, respectivamente (nem cito Blues), fica comprovado aqui que os consultores gostam mesmo de um som metálico, já que Addiction é disparado o álbum mais pesado da carreira do baixista/vocalista. Seus dois álbuns anteriores contêm uma malemolência soul que aqui você não encontra, basta ouvir o peso de "Death of Me" e "Addiction", por exemplo. Este álbum marcou a estreia do parceiro JJ Marsh nas guitarras, e o cara assombra na rifferama de "Down" e "Madeleine", no embalo de "I'm Not Your Slave" e no delicado trabalho de "Blue Jade". Mas o nome do disco, claro, é Hughes. O cara está endiabrado. Basta ouvir o que ele faz nas lindas "Cover Me", "Talk About It" e na autobiográfica "I Don't Want to Live that Way Again", soltando a voz como só ele consegue fazer. Addiction foi a afirmação de um retorno heróico na história do rock, de um cara que chegou pertinho da morte, mas conseguiu se recuperar e está até hoje arrebatando fãs pelo mundo inteiro. Sensacional!
Ulisses: Desconheço a carreira solo de Hughes, mas sei que ele não é de decepcionar. Pesado, sombrio e sólido do começo ao fim.
Therion - Theli (32 pontos)
Alissön: O prêmio de pior capa do ano já é deles. O prêmio de tecladeira mais brega de todos os tempos também está assegurado (precisei fazer uma bela faxina na minha casa pra retirar todo o mofo que saiu dos alto-falantes enquanto o disco rolava). Nunca havia ouvido falar desses caras antes. Depois dessa experiência, pretendo ficar só neste aqui mesmo.
André: Eis aqui o nascimento do symphonic metal, meu estilo favorito de todos os tempos. Embora outras bandas mais antigas já tenham flertado com elementos sinfônicos em seus discos, casos de Celtic Frost e de Savatage, é aqui que temos de fato o disco que mistura tudo em partes iguais junto ao peso das guitarras e das vozes líricas femininas. Me esqueci do Therion quando elaborei minha lista, ou teria votado também. Coros, teclado, solos de guitarra, temas mitológicos... Tudo junto e misturado e tudo de bom! “To Mega Therion” é a faixa que mais marcou a banda, “Cults of the Shadow” apresenta o coro de vozes harmonicamente perfeito. “Nightside of Eden” é uma faixa que não consigo explicar, os vocais do baterista Piotr Wawrzeniuke e do convidado Dan Swanö parecem declamar as letras com uma métrica perfeita. Discaço. Fico feliz que o Ulisses (que com certeza deu voto aqui) e mais alguém tenha votado nele.
Bernardo: Esse metal praticado na região mais fria da Europa estava em crescimento exponencial na década de 1990. Não caí particularmente de amores pelo disco, mas ele tem uma consistência que resiste ao tempo.
Bruno: Como alguém consegue gostar dessa banda insuportável?
Davi: Nunca havia parado para ouvir um disco dessa banda. Infelizmente, não fiquei impressionado. Os caras são considerados influência direta para muitos grupos de metal sinfônico e várias referências do gênero se encontram no seu som. Mas, nesse caso, achei que criatura supera o criador. Os músicos são bons, mas achei a qualidade de gravação ruim e trabalho vocal cansativo. Não exatamente por conta do estilo vocal, até porque adoro Nightwish, mas achei as linhas vocais chatas. Ainda não foi desta vez que me conquistaram.
Diego: O Therion foi uma banda que durante um tempo eu acompanhei de perto e ouvi vários de seus discos. Theli é, sem sombra de dúvidas (junto de Vovin, de 1998), um dos álbuns mais interessantes desse diferente grupo sueco!
Diogo: Ao contrário da maioria, o Therion do qual eu gosto é aquela banda de death metal do início dos anos 1990, mais especificamente do excelente e surpreendente álbum Beyond Sanctorum (1992), que conseguiu aplicar, mesmo que com sutileza, algumas melodias mais puxadas para o erudito em meio a canções legitimamente death metal, destacando-se das dezenas de boas bandas do gênero que pipocavam na época. Theli, por sua vez, foi um ponto de inflexão, o momento em que o lado sinfônico tornou-se tão importante quanto o lado heavy metal. O resultado, por mais que não seja tanto do meu agrado, até que ficou redondinho. Músicas como "To Mega Therion", "Cults of the Shadow", "In the Desert of Set", "Invocation of Naamah" e "Grand Finale/Postludium" são bem legais, mas consigo imaginá-las pendendo mais para o lado agressivo e menos para o sinfônico (especialmente sem os vocais líricos), ficando bem mais ao meu agrado. Não surpreende sua presença aqui, visto que se trata de um disco bom e influente, representativo de um movimento que começava a se espalhar pelo Norte da Europa e chegou a atingir o Brasil.
Eudes: Metal "sinfônico" sueco que acabei de conhecer. E saio sem marcas da experiência.
Fernando: Demorei para entender a proposta do Therion. Não entendi muito no início o que achei ser um excesso de orquestrações e corais. Mas foi um show que assisti que me fez gostar da música da banda. Também me aprofundei mais no som dos suecos e vi a evolução que eles tiveram. Theli é inegavelmente o principal disco do Therion e conta com seu maior sucesso, “To Mega Therion”.
Leonardo: Depois de quatro excelentes álbums de death metal, o Therion nos brindou com um disco revolucionário em 1996, o estupendo Theli. Outras bandas já haviam mesclado o heavy metal a elementos sinfônicos, mas nunca nessa escala, com diversos vocalistas, coros e instrumentos de cordas incorporados a todas as canções. E não apenas no fundo, mas com destaque em todo o álbum. E apesar de soar pretencioso, o disco funciona perfeitamente bem, com a agressividade do heavy metal e a sofisticação sinfônica se complementando de maneira perfeita.
Mairon: Definitivamente, não é pra mim. Ouvi com boa vontade, achei interessante a introdução de "In the Desert of Set", toda a dupla "Grand Finale/Postludium", algumas passagens aqui ou acolá, e principalmente a linda introdução de "The Siren of the Woods", disparado o melhor momento do disco, mas esse coral com som pesado não me agradou. Passo, desculpem. Ah, em tempo, só eu fiquei imaginando o solo de "Mr. Crowley" sobre a melodia do solo de "Nightside of Eden"?
Ulisses: O Therion começou como um grupo de metal extremo que foi, progressivamente, incluindo elementos sinfônicos em sua sonoridade. Em Theli, a banda não se esquece das suas raízes metálicas, mas com a presença de corais, vocais operísticos e arranjos clássicos no disco inteiro, praticamente fundamentaram o gênero symphonic metal (junto com o Nightwish e o Within Temptation no ano seguinte). Aqui não tem música fraca: desde a abertura com as ótimas "To Mega Therion" e "Cults of the Shadow", passando pela veloz "Invocation of Naamah" e a encantadora "The Siren of the Woods", a atmosfera mística e gótica de Theli, sustentada pelas letras ocultistas e por mudanças de andamento bem colocadas, leva o ouvinte em uma inesquecível viagem esóterica permeada por deuses esquecidos, mitos antiquíssimos e símbolos transcendentais.
* The Jester Race (In Flames) ficou empatado com Murder Ballads (Nick Cave and the Bad Seeds), ambos com 50 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão sobre qual ocuparia a terceira posição foi tomada através de uma enquete na qual participaram todos os colaboradores da série.
Listas individuais
Alissön Caetano Neves
- DJ Shadow – Endtroducing…
- Neurosis – Through Silver in Blood
- Corrosion of Conformity - Wiseblood
- Sepultura – Roots
- Eyehategod – Dopesick
- Ali Farka Toure – Radio Mali
- Marilyn Manson – Antichrist Superstar
- Fatboy Slim – Better Living Through Chemistry
- Pantera – The Great Southern Trendkill
- Aphex Twin – Richard D. James Album
André Kaminski
- Iced Earth – The Dark Saga
- Fu Manchu – In Search of…
- Helloween – The Time of the Oath
- The Corrs – Forgiven, Not Forgotten
- Journey – Trial By Fire
- Empyrium – A Wintersunset…
- Camel – Harbour of Tears
- Mark Spiro – Now Is Then, Then Is Now
- 16 Volt – LetDownCrush
- Grave Digger – Tunes of War
Bernardo Brum
- Nick Cave and the Bad Seeds – Murder Ballads
- Beck – Odelay
- DJ Shadow – Endtroducing…
- Manic Street Preachers – Everything Must Go
- Nas – It Was Written
- Belle and Sebastian – If You’re Feeling Sinister
- Wilco – Being There
- Marilyn Manson – Antichrist Superstar
- OutKast – ATLIens
- De La Soul – Stakes Is High
Bruno Marise
- Social Distortion – White Light, White Heat, White Trash
- Chico Science & Nação Zumbi – Afrociberdelia
- Millencolin – Life on a Plate
- Acid Bath – Paegan Terrorism Tactics
- Descendents – Everything Sucks
- Crowbar – Broken Glass
- Carcass – Swansong
- Type O Negative – October Rust
- Sepultura – Roots
- Tool - Ænima
Davi Pascale
- Marilyn Manson – Antichrist Superstar
- Helloween – The Time of the Oath
- Metallica – Load
- Sheryl Crow – Sheryl Crow
- Prince – Chaos and Disorder
- Bush – Razorblade Suitcase
- Stratovarius – Episode
- Steve Vai – Fire Garden
- Kula Shaker – K
- Rage Against the Machine – Evil Empire
Diego Camargo
- The Wallflowers – Bringing Down the Horse
- Manic Street Preachers – Everything Must Go
- Angra – Holy Land
- Legião Urbana – A Tempestade ou O Livro dos Mortos
- Placebo – Placebo
- The Cardigans – First Band on the Moon
- Wander Wildner – Baladas Sangrentas
- Rage Against the Machine – Evil Empire
- Spock’s Beard – Beware of Darkness
- Cidadão Quem – A Lente Azul
Diogo Bizotto
- In Flames – The Jester Race
- Gotthard – G.
- Glenn Hughes – Addiction
- Carcass – Swansong
- Metallica – Load
- Ten – X
- Cradle of Filth – Dusk and Her Embrace
- Journey – Trial By Fire
- Pantera – The Great Southern Trendkill
- Tool - Ænima
Eudes Baima
- Nick Cave and the Bad Seeds – Murder Ballads
- John Zorn – Bar Kokhba
- Tortoise – Millions Now Living Will Never Die
- Wilco – Being There
- Porcupine Tree – Signify
- Mundo Livre S/A – Guentando a Ôia
- Chico César – Cuscuz Clã
- Chico Science & Nação Zumbi – Afrociberdelia
- Belle and Sebastian – If You’re Feeling Sinister
- Sepultura – Roots
Fernando Bueno
- Angra – Holy Land
- Helloween – The Time of the Oath
- Amorphis – Elegy
- Stratovarius – Episode
- Sepultura – Roots
- Therion – Theli
- Michael Kiske – Instant Clarity
- Iced Earth – The Dark Saga
- Metallica – Load
- Pendragon – The Masquerade Overture
Leonardo Castro
- In Flames – The Jester Race
- Cradle of Filth – Dusk and Her Embrace
- Bathory – Blood on Ice
- Grave Digger – Tunes of War
- Senteced – Down
- Iced Earth – The Dark Saga
- Therion – Theli
- Stratovarius – Episode
- Amorphis – Elegy
- Manowar – Louder than Hell
Mairon Machado
- R.E.M. – New Adventures in Hi-Fi
- Glenn Hughes – Addiction
- Dave Matthews Band – Crash
- Rick Wright – Broken China
- Enigma – Le Roi Est Mort, Vive Le Roi!
- Legião Urbana – A Tempestade ou O Livro dos Mortos
- Pearl Jam – No Code
- Paco de Lucia, Al Di Meola & John McLaughlin – Guitar Trio
- Rage – Lingua Mortis
- Asia – Arena
Ulisses Macedo