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Accept em 2010: Stefan Schwarzmann, Herman Frank, Mark Tornillo, Wolf Hoffmann e Peter Baltes |
Por Diogo Bizotto
Com Alissön Caetano Neves, André Kaminski, Bernardo Brum, Christiano Almeida, Davi Pascale, Fernando Bueno, Flavio Pontes, João Renato Alves, Leonardo Castro, Mairon Machado, Nilo Vieira e Ulisses Macedo
Participação especial de Thiago Sarkis, ex-redator da revista Roadie Crew
Normalmente, este seria o espaço em que eu gastaria meu português introduzindo os álbuns que deram as caras nesta edição, ao menos apontando qual foi o primeiro colocado, além de relembrar as regras que nos norteiam. Desta vez, porém, é diferente. Chegamos à última edição da série "Melhores de Todos os Tempos", que teve sua primeira publicação ocorrida há cerca de quatro anos, abordando 1963, ano que julgamos como paradigmático, o mais adequado para dar início a esse projeto tão ambicioso. Você pode perguntar: "Mas e os anos mais recentes?". Pois eu respondo: de 2011 em diante, a Consultoria do Rock já existia, e listas desse tipo foram publicadas coletivamente e/ou por nossos colaboradores. Não há razão para nos repetirmos. As regras podem ter sido diferentes, mas a ideia é a mesma.
Neste momento, não posso deixar de agradecer o empenho daqueles que fizeram esta série acontecer. Alguns, desde os primórdios e conosco até o momento. Outros, ingressando depois e dedicando-se tanto quanto. Alguns abandonaram a série no meio do caminho, cada um com seu motivo. Todos tiveram importância e são parte essencial deste enorme trabalho, e a eles estendo meus cumprimentos. Minha gratidão também aos nossos convidados especiais, que compreenderam a proposta e adicionaram ainda mais conhecimento a cada uma das edições. Alguns, inclusive, acabaram tornando-se colaboradores fixos da série. A cada um de vocês, participante eventual ou colaborador desde o longínquo 1963: muito obrigado. Deu trabalho levar, a cada quatro sábados, uma edição nova para os leitores, mas a resposta foi tão boa que fez valer a pena. Entre críticas e elogios, o saldo que fica é muito positivo. Publicações deste tipo suscitam reações extremadas, seja em uma grande e tradicional revista musical, seja em um site de menor expressão. Gostar ou não de determinadas escolhas é normal. O mais importante é respeitar o outro e saber que, aprovando ou não, o processo sempre ocorreu da forma mais transparente possível, e muito trabalho foi dedicado a ele. Acima de tudo: obrigado a vocês, leitores, comentaristas e anônimos, que ajudaram a fazer dos "Melhores de Todos os Tempos" um sucesso com seus estímulos e críticas construtivas.
Como é de costume, ainda será publicada, em janeiro, uma edição dedicada aos melhores álbuns brasileiros lançados na década que vai de 2001 a 2010. Depois disso, veremos o que o futuro nos reserva. Surpresas podem acontecer, então fique atento e continue nos acompanhando. Compartilhar nossa paixão pela música segue sendo nosso lema e continuaremos fazendo isso até quando pudermos. Obrigado!
Accept - Blood of the Nations (111 pontos)
Alissön: Retorno bem digno do Accept, provando que não eram apenas Udo Dirkschneider. Riffs simples, diretos, boa produção e eficiência na hora de mostrar serviço. E só.
André: Um daqueles discos de heavy tradicional digno dos anos 1980, a melhor fase do estilo. Tivesse ele sido lançado há 30 anos, seria considerado um clássico. Embora eu goste muito de Udo, achei que Mark Tornillo se encaixou perfeitamente ao estilo do Accept e foi fundamental para que a qualidade do disco se mantivesse em patamares altos. "Teutonic Terror" e "Pandemic" são as canções destaque dessa sonzeira. Álbum fundamental para quem curte um heavy tradicional. Único defeito mesmo é a capa ruinzinha e sem graça.
Bernardo: O primeiro disco em 14 anos e sem Udo, sendo substituído pelo vocalista Mark Tornillo. Não tem grandes surpresas; o carisma de Udo faz falta, mas fora isso é um álbum sólido, embora não seja brilhante. Ah, e desnecessariamente longo.
Christiano: Este disco não entrou na minha lista individual, não sei bem o motivo. Digo isso porque é um belo álbum do Accept, mesmo sem Udo, que não fez a menor falta. Mark Tornillo se encaixou perfeitamente na banda. Se considerarmos os discos de metal lançado nesse ano, este aqui é um dos melhores, sem a menor dúvida. O interessante é que ele não soa como mais do mesmo, pois tem ótimas composições, mesmo se comparado aos clássicos lançados no passado. Uma música como “The Abyss”, por exemplo, traz arranjos bastante criativos, com variações e ótimos solos de guitarra. Talvez o único ponto negativo seja a produção de Andy Sneap, que deixou o som meio sem vivacidade. Boa escolha.
Davi: Neste disco, os músicos tiveram a tarefa ingrata de encontrar uma nova voz para o Accept. A única tentativa no passado tinha sido desastrosa, portanto havia muito receio. Dessa vez, contudo, a escolha foi mais que acertada. Apesar do visual de caminhoneiro de Mark Tornillo, o cara demonstrou que não poderiam ter realizado uma escolha melhor. Voz forte, gritada, combinou bem com a sonoridade da banda. Blood of the Nations traz aquilo que seus fãs estavam esperando: heavy metal direto, na cara, com som explodindo nos alto-falantes e riffs impactantes. Faixas como “Pandemic” e “Rolling Thunder” nos remetem diretamente ao velho Accept. Não havia como esse retorno ter sido melhor. Primeiro lugar merecido.
Diogo: Gosto quando uma banda mostra que um vocalista marcante não é tudo e consegue manter sua identidade ao fazer essa tão difícil substituição. Muito mais que a voz de Udo Dirkschneider, o Accept tem como sua base as composições de Wolf Hoffmann e Peter Baltes, especialmente os riffs e melodias extraídas da mente do guitarrista, que consegue inserir aqui e acolá suas influências eruditas sem fazer com que o grupo soe como aquilo que o pessoal chama aqui de "metal espadinha". Esse retorno às atividades ao lado do norte-americano Mark Tornillo mereceu o reconhecimento, pois saciou a sede dos fãs, conquistou novos admiradores e não soou como uma mera cópia do passado. Acima de tudo, as músicas são boas, redondinhas, bem executadas e com uma produção condizente. Foi muito bom ouvir este álbum quando saiu e perceber nele o mesmo efeito causado quando escutei Balls to the Wall (1983) e Restless and Wild (1982) pela primeira vez. Canções empolgantes, cascatas de riffs, vocais rasgados, coros com a marca registrada do Accept... Está tudo lá, mas não há cheiro de naftalina. Se você gosta de heavy metal e não se empolgar nem um pouco com "Beat the Bastards", "Teutonic Terror", "Locked and Loaded", "Pandemic" e várias outras, consulte um especialista.
Fernando: Quando muita gente torcia o nariz pela banda novamente tentar substituir o baixinho com voz de pato, o Accept acertou em cheio na escolha do norte-americano Mark Tornillo. Calhou também de estarem inspirados a ponto de produzir uma coleção de músicas de qualidade que não faziam desde 1985, com Metal Heart.
Flavio: Ok, o disco é muito coeso, bem composto, um exemplo do clássico heavy metal alemão dos anos 1980 (cantado em inglês) e no melhor estilo do Accept. Coros no estilo "medieval", solos muito bem feitos, dobras de guitarra, bateria e baixo bem encaixados. E está na minha lista, portanto é merecedor da presença. Bom, aí vai a única restrição: o timbre de Mark Tornillo. Deixo claro que o vocalista está totalmente alinhado com a proposta da banda, porém, para meu gosto, é um pouco rasgado demais. Esse é o meu único ponto de ressalva. Destaco as músicas "Teutonic Terror", a faixa-título e a de abertura, além da minha preferida, "Pandemic".
João Renato: O Accept fez a melhor volta das bandas de heavy metal oitentistas. Blood of the Nations é melhor que muitos dos considerados clássicos da banda. Está entre os mais valorosos exemplares recentes do metal tradicional, esse estilo tão combalido nas últimas décadas. E que diferença faz um letrista que realmente sabe compor em inglês.
Leonardo: Talvez a mais surpreendente retomada de carreira de uma banda de hard rock/heavy metal. Depois de idas e vindas com seu vocalista original, Udo Dirkschneider, os líderes do conjunto, o guitarrista Wolf Hoffmann e o baixista Peter Baltes, reativaram a banda com o vocalista norte-americano Mark Tornillo e lançaram um disco que não deve nada a seus maiores clássicos. Blood of the Nations é repleto de riffs marcantes, refrãos fortes e mostra que o novo vocalista poderia fazer um ótimo trabalho à frente da banda. Um dos melhores discos do estilo neste novo milênio. As já clássicas "Pandemic" e "Teutonic Terror" despontam como maiores destaques.
Mairon: O retorno do Accept, sem o baixinho gritador Udo e com o talentosíssimo Mark Tornillo nos vocais, é um belo álbum de heavy metal. Depois de muito tempo sem lançar material, este disco arrasou com os ouvidos dos metaleiros mais fanáticos. Realmente, é um ótimo álbum, inclusive com posição entre os dez aqui muito justa, apesar de achar a primeira colocação deveras demasiada. O grande destaque é o excelente trabalho das guitarras de Wolf Hoffmann e Herman Frank, lembrando-me por vezes o Judas Priest da fase British Steel (1980), como apresentado em "Time Machine", "Beat the Bastards" e "Pandemic", além da ótima "Shades of Death" e da linda "Kill the Pain". Só acho que o disco é meio longo, e faixas como a própria "Blood of the Nations", "Locked and Loaded" e a farofice de "New World Comin'" poderiam ter ficado de fora. Enfim, encerramos a série com mais um metal na primeira posição.
Nilo: Pelo furor que o vazamento deste álbum provocou lá nos tempos de Orkut, seria difícil que um site com o perfil da Consultoria elegesse outra coisa para o pódio de 2010. Confesso que meu interesse por hard/heavy diminuiu consideravelmente daquele ano pra cá, mas considero esse retorno dos alemães bastante sólido. A capa é bacana, a produção ficou no ponto e as composições funcionam; a identidade permanece ali, mas sem apelar demais para saudosismos. Lembro que também ouvi o sucessor e gostei, já o do touro vermelho nem corri atrás (me parece que a recepção foi menos calorosa). O destaque fica por conta de Mark Tornillo.
Thiago: Bem, eu nunca fui grande fã de Accept. Eu estava na Europa quando eles se reuniram em 2005 e lembro bem do êxtase e da expectativa em torno dos shows deles. Foram bons; eles são competentes, sem dúvida alguma. Ainda assim, não gosto, principalmente com Udo Dirkschneider. É tudo muito clichê, e antigamente extremamente mal gravado, mixado, produzido. Blood of the Nations, porém, tem duas coisas que me agradam mais que os álbuns anteriores: o vocalista Mark Tornillo, mais versátil e muito melhor que Udo, constantemente me remetendo a Jon Oliva nos áureos tempos do Savatage – uma das minhas bandas prediletas –, e a excelente produção do Andy Sneap. É inegável que Wolf Hoffmann compõe heavy metal muitíssimo bem e tem riffs e solos muito bacanas também. É um belo disco realmente.
Ulisses: Em Blood of the Nations, o Accept protagonizou um dos melhores retornos do heavy metal. Com o desconhecido Mark Tornillo nos vocais e a volta do guitarrista Herman Frank, a banda, que não lançava um álbum de estúdio desde 1996, praticamente renasceu, entregando um heavy metal tradicional e cativante aliado a uma produção moderna, comandada pelo ótimo Andy Sneap. Ouvi muito este disco na época, com "Pandemic" desbancando imediatamente "Losing More than You've Ever Had" (de Balls to the Wall, 1983) do posto de minha música favorita dos caras. É impossível não gostar de um tracklist com "Beat the Bastards", a épica "The Abyss" e a melódica "Kill the Pain". Destaco, ainda, a faixa bônus da versão japonesa ("Land of the Free").
Ghost - Opus Eponymous (80 pontos)
Alissön: Ainda bem cru e com os pés bem fincados no doom setentista, com um pouco de Pagan Altar aqui, um pouco de Mercyful Fate e Coven ali. Ainda assim, muito bem composto, executado e feito com propriedade. Uma boa celebração ao rock ocultista dos anos 1970, que vem revelando seus bons discípulos com o passar dos anos.
André: Não tem jeito, a banda sempre vai soar superestimada para mim. Não consigo ver nada de inovador, nada de interessante aqui para que eles sejam tão louvados como são hoje. Só o teclado é bem usado neste disco, dando umas nuances até legais. Pouco para o que eu esperava e tanta gente achou legal.
Bernardo: Os caras que trouxeram o horror dos anos 1970 para os dias de hoje. Opus Eponymous cairia muito bem como trilha sonora de um "O Exorcista" ou "A Profecia". Evoca aquele terror atmosférico, que assusta mais pela sugestão do que pela exposição, com belas melodias e riffs psicodélicos e pesados.
Christiano: Uma das grandes bandas de rock dos tempos atuais. Com este disco, conseguiram projeção para além do nicho do metal. Prova disso é o convite que receberam para tocar no Rock in Rio. Conheci na época do lançamento e importei o CD, que depois foi lançado no Brasil. Lembro que, ao escutar “Ritual” e “Death Knell”, fiquei impressionado com a mistura inusitada entre influências que iam de Blue Öyster Cult a Mercyful Fate, duas bandas que adoro. O interessante é que os vocais são bastante melódicos – próximos do pop –, nada usuais para bandas com a temática meio macabra e influência de heavy metal. Depois deste primeiro álbum, mostrariam que não eram apenas uma promessa, mas um dos nomes mais criativos dos dias atuais, sempre experimentando novos caminhos e sendo extremamente bem sucedidos. O Ghost conseguiu fazer uma coisa rara para as bandas modernas, que é a capacidade de criar melodias memoráveis em músicas pesadas, sem soar forçado ou mesmo apelativo. Por mim, estaria em primeiro lugar na lista.
Davi: Trabalho bem interessante. Ainda é meu álbum favorito do grupo. Sim, a crítica dá uma exagerada na hora de se referir a eles, entretanto, é um disco bem satisfatório. Fazem um som com bastante influência dos anos 1970. Os vocais limpos e simples, somados às guitarras distorcidas e letras satânicas, fazem com que criem um som com bastante personalidade. Faixas preferidas: “Con Clavi Con Dio”, “Ritual”, “Elizabeth” e “Death Knell”.
Diogo: O hype foi fortíssimo. Honrou? Não, porque a comoção foi excessiva, mas a banda é boa sim e Opus Eponymous merece seu lugar por aqui. Antes de escutá-los cheguei a pensar que se tratava de algo na linha do Mercyful Fate, vide algumas resenhas. Bobagem, o Ghost é rock 'n' roll acima de tudo. Com muita coisa mais puxada para o heavy metal, mas essencialmente rock 'n' roll. A figura do Papa Emeritus tornou-se popular e passou a indentificar o grupo com sua imagem forte e performance bem peculiar, mas devo admitir que a voz de Tobias Forge não é o elemento mais importante de sua sonoridade. O instrumental simples e coeso, com alguns riffs de guitarra bem sacados e melodias assobiáveis, praticamente pop, é o que conquista de verdade e faz do Ghost uma atração que vem arrecadando muitos fãs de seis anos para cá. Algo que curto no Ghost é o fato do grupo soar bem setentista em vários momentos, mas sem apelar para a forçação de barra que tantas bandas excessivamente vintage levam a cabo, tanto sonora quanto visualmente. "Ritual" é a mais viciante, mas Opus Eponymous tem outras ótimas músicas, como "Elizabeth", "Stand By Him", "Prime Mover" e a instrumental "Genesis".
Fernando: Já é clássico! Talvez seja este o disco que mais ouvi nesses últimos dez anos. Houve uma época em que eu o escutava todos os dias, pelo menos uma vez. As comparações com King Diamond, descabidas, fizeram que uma boa parcela de fãs tenha buscado a banda esperando uma coisa e recebendo outra. Só isso explica o fato de alguns não gostarem do som deste disco em especial. Afinal, dos três da carreira do grupo, esse é o mais voltado ao metal. Depois do sucesso garantido, eles se deram ao luxo de poder experimentar mais e diluíram um pouco a dose metal com a adição de outros estilos, mas sempre com maestria.
Flavio: O Ghost realmente trouxe um quê de novidade para o hard rock/heavy metal, enquadrando sua performance musical, temática e de imagem em uma espécie de teatro caótico/antirreligioso. Se procurarmos a influência da banda, principalmente no aspecto vocal, podemos encontrar reflexos de uma espécie de King Diamond ao contrário, sem agudos, mas um cantar em estilo de lamentação, muitas vezes usando dobras para ganhar corpo na sua execução. As músicas têm ritmo mediano, usando teclado como orgão para dar o clima "igreja", sem muitos destaques. Baixo e guitarra mantêm o som estilo heavy/hard, sem muitas novidades. Vi a banda no Rock in Rio e, apesar de curiosa, nem com a performance teatral me ganhou. O disco é curto e mesmo assim um pouco enfadonho. No fim, a versão japonesa traz o cover de "Here Comes the Sun", que também não me disse nada, estando muito aquém da versão original.
João Renato: Demorei a assimilar a estreia do Ghost, talvez devido a seu estilo morno demais para o que esperava. Após escutar os posteriores, compreendi melhor. Mesmo assim, é o disco deles do qual menos gosto.
Leonardo: Última grande surpresa da cena heavy metal mundial, o Ghost fez um trabalho primoroso em seu disco de estreia. Unindo riffs de heavy metal clássico, melodias e climas soturnos e a voz única e suave do vocalista Papa Emeritus, o grupo sueco lançou um álbum repleto de composições fortes, que grudam na cabeça após a primeira audição. Escute "Elizabeth", "Stand By Him" e "Ritual" e tente tirá-las da cabeça depois!
Mairon: Meus comentários sobre este álbum podem ser lidos na resenha que escrevi a seu respeito quando ocorreu o lançamento. Não mudo uma vírgula.
Nilo: Foi assim com o Kiss na década de 1970, o Slipknot nos anos 1990 e o Ghost (B.C.?) nesta década: bandas de som competente, com influências bem marcadas, mas cujo sucesso é plenamente baseado em marketing – não que seja demérito, capitalismo é assim e trveza não paga contas. Como quase tudo das duas primeiras entrou, era de se esperar que os suecos também fizessem a cabeça do pessoal aqui (aliás, que fetiche por máscaras, hein? Será que também ouvem Daft Punk escondidos?). Pessoalmente, gosto mais do álbum posterior, mas esta estreia é amigável. Mas o que ainda permanece um mistério pra mim são as vaias que receberam no Rock in Rio...
Thiago: Como brincadeira, essa banda é uma boa. Esse som setentista é bacaninha também, os lances de doom e prog são legais. Os caras são competentes, mas nada aqui me agrada a ponto de me fazer ouvir uma faixa mais de uma vez. E algumas músicas são realmente terríveis. Pop para tocar no Xou da Xuxa ou em programas infantis da década de 1980. Sério, quem curtir isso, vai ouvir Dominó. Pelo menos tem a Luciana Vendramini no videoclipe. Toma o link aí.
Ulisses: Com membros anônimos escondidos atrás de máscaras, temática satânica (no sentido mais teatral da palavra) e um som calcado no movimento contemporâneo de revival do rock dos anos 1970, o Ghost, em um primeiro momento, tinha tudo para ser uma banda com muito "fru-fru" visual e pouca música boa. Graças a Satanás, não é esse o caso! Pegando influências de bandas como Blue Öyster Cult e Pentagram, adicionando uma atmosfera soturna, um aspecto visual chamativo e contando com uma produção orgânica e aconchegante, a banda cria canções cheias de melodias memoráveis e atmosfera esotérica hipnótica, fazendo de Opus Eponymous uma estreia imediatamente cativante. Desnecessário citar as faixas de destaque, já que o disco inteiro é muito bom, mas tenho que dizer: o que são essas guitarras cremosinhas de "Ritual", hein?!
Kanye West - My Beautiful Dark Twisted Fantasy (75 pontos)
Alissön: Você tem motivos de sobra para achar Kanye West um puta mala (eu também acho), mas não dá para negar que o cara é um gênio dentro do hip-hop. A sua mente parece pensar de maneira diferente da maioria dos rappers. Cada música sua possui um sample central que vai se desenvolvendo em blocos, sempre auxiliado por uma produção criativa e encaixes vocais harmônicos, diferente de apenas jogar uma rima por cima das bases. Além do mais, não é qualquer um que consegue fazer o sample de "21st Century Schizoid Man" funcionar tão bem completamente fora de seu universo original. A grande versatilidade das ideias musicais usadas também impressiona, pois o disco consegue flutuar perfeitamente entre rock, pop, soul e o experimental de maneira muito fluida. Provocativo tanto em sua música quanto em sua maneira patética de aparecer em público, Kanye West vem se provando não apenas um rapper qualquer, mas um cara que sabe o que faz.
André: Dentre os discos de hip hop que surgiram por aqui ao longo da série, este é o melhorzinho de todos. Tem lá uns samples divertidos e até dançantes, a exemplo de "All of the Lights", com participação de Rihanna (quem diria, Rihanna na Consultoria do Rock). Se bem que tem também a Nicki Minaj, que em uma atividade de música em uma aula de inglês minha me foi recomendada por uma aluna. Daí direto pelo YouTube, fui lá pesquisar no notebook. "Anaconda" foi o maior constrangimento meu dentro de uma sala de aula. Mas vá lá, Kanye West, consegui ouvir o disco todo sem fazer muita cara feia.
Bernardo: Não vou ter papas na língua: esta é a obra-prima de Kanye West. Ponto. A ambição do rapper mais criativo da última década, que chegou a ser chamado de "maximalista" (o contrário de minimalista), é uma overdose pop extremamente volúvel – hip-hop, electro, blues e até música sinfônica costuram a colcha rica e variada de Kanye. "Power" é capaz de arrancar qualquer um da inércia, enquanto "Monster" continua particularmente chocante com suas rimas provocativas – ainda que belamente arranjada e estruturada, com Kanye performando ao lado de medalhões como Jay-Z, Rick Ross e Nicki Minaj. E o breakbeat de "All of the Lights" carrega uma dramaticidade de arrepiar os cabelos, provando que também dá pra ter feeling com turntables e programação. Um dos grandes momentos do hip-hop enquanto estilo; como ninguém, Kanye explora novos caminhos ao mesmo tempo em que tem uma perícia pop invejável. Se desse pra definir West em uma frase, seria "o que tem de mala tem de gênio".
Christiano: Apesar de iniciar com uma citação de "In High Places", de Mike Oldfield e Jon Anderson, não é o tipo de som que me agrada. Reconheço que é uma tentativa de expandir os limites do estilo, o que merece respeito e é muito bem vindo. Como não consigo escutar vocais hip-hop, deixo para que os outros comentem.
Davi: Não sou fã de rap e, para piorar, não vou com a cara de Kanye West. Tentei ouvir com as melhores das intenções, mas não dá. “All of the Lights” e “Dark Fantasy” até trazem momentos interessantes, mas faixas como “So Appaled”, “Devil in a New Dress” e “Hell of a Life” são, no mínimo, torturantes.
Diogo: O cara pode ser um zé ruela de primeira linha, mas não dá para afirmar que Kanye West não é criativo. Seu conhecimento musical não é limitado, e isso fica bem evidente nos samples que utiliza e na musicalidade que demonstra para fazer com que cada um desses elementos soe coeso. Na maior parte do tempo, isso funciona mesmo, e novos detalhes se revelam conforme as audições se repetem. Músicas como "Gorgeous", "Monster", "So Appaled" e "Hell of a Life" são acima da média. Em relação aos outros álbuns de rap que apareceram na série, My Beautiful Dark Twisted Fantasy é, sem dúvida, mais facilmente apreciável, o que não quer dizer que não tenha uma grande carga de experimentação. O que não funciona tão bem para mim é o fato de um dos elementos mais essenciais no gênero estar abaixo da média: Kanye não é, vocalmente, um grande rapper, ao menos pro meu gosto. Algumas das participações especiais também não ajudam nesse quesito. Sei que não tenho moral para falar, pois não fiz nada para que isso ocorresse, mas é uma pena que, chegando ao fim da série, alguns discos de rap que realmente julgo como muito bons não tenham dado as caras. É o caso de No One Can Do It Better (The D.O.C., 1989), The Chronic (Dr. Dre, 1992) e Doggystyle (Snoop Doggy Dogg, 1993). Claro, não nego que essas escolhas estão ligadas ao fato de eu curtir muito mais o rap da Costa Oeste feito nessa época.
Fernando: Não gostei do primeiro ao último “yeh”. Tem um ligeiro mérito de ter colocado um pequeno trecho de “21st Century Schizoid Man”.
Flavio: Ok, mais um disco na linha hip-hop e seus "efluentes". Como completo e proposital fraco conhecedor do estilo, não há como deixar de comparar com os outros que já ouvi "a fórceps" nesta série, aqueles que me trouxeram mais conhecimento do estilo: os já citados como "geniais" J Dilla (Donuts, 2006) e Madvillain (Madvillainy, 2004). Este aqui traz boas diferenças. Entre outras, há pessoas cantando e tocando instrumentos, e isso já é uma mudança e tanto. Pra mim, positiva, ou nem tanto... A coisa começa razoavel, com uma harmonia vocal feminina, até que um homem começa a balbuciar em cima da tal harmonia, destruindo o que seria uma tênue possibilidade de se apreciar algo. Esse padrão cantado em harmonia vai se alternando com o tal falatório durante a bolacha toda, com ênfase maior para o falatório. De vez em quando aparece uma guitarra tentando fazer alguma espécie de solo, mas é tão óbvio, e tem um timbre hororoso, que em vez de ajudar, só piora o treco. Tem um teclado aqui e ali, sem muito destaque. O pior foi verificar o atentado ao King Crimson com o enxerto de "21st Century Schizoid Man" na terceira música, a tal "Power". Será que Robert Fripp ganhou uns bons trocados? Para completar, tem um outro cidadão que de vez em quando resolve cantar e desafina pacas. É, realmente não dá...
João Renato: De chorar. Você decide pelo quê. De qualquer modo, precisamos de mais pessoas com o ego e a confiança de Kanye West. Melhor você se achar mais do que é a menos do que não é.
Leonardo: Eu não suporto rap. Salvo algumas coisas dos Beastie Boys, acho o estilo insportável. Sendo assim, posso estar diante do Pelé do rap, mas não é a minha praia. Deixos para os apreciadores do estilo avaliarem se o disco é bom ou não. Para mim, não é.
Mairon: A única coisa boa do Kanye West é a Kim Kardashian. Salva-se só o interlúdio para "All of the Lights" (tu vê só, Rihanna aparecendo na lista de melhores da Consultoria do Rock!!), isso porque é instrumental. Ter colocado o trecho de "21st Century Schizoid Man" durante "Power" foi a única coisa boa além disso, mas a música é fraca no geral. Obrigado por terem desperdiçado uma hora da minha vida com tamanha bomba, sendo que os quase dez minutos de "Runaway" são de doer.
Nilo: Visto alguns comentários terríveis sobre rap e que há quem considere o adjetivo "moderno" como demérito em pleno 2016, usemos então de uma analogia: este álbum é uma espécie de Purple Rain (Prince, 1984) da década passada. Ambos mostram o seu criador, de personalidade excêntrica, reconhecendo sua fragilidade perante o mundo, ao mesmo passo em que se reassumem como superastros capazes de liderar novos movimentos. O ápice em ambos é uma canção emocionante que passa dos oito minutos de duração, a produção dos dois é grandiosa e cobre vários estilos musicais. (Teve filme pros dois, mas essa parte podemos relevar, rs.) Diminuir esta obra pelo ego de seu criador é tão juvenil quanto descartar um Rust in Peace (Megadeth, 1990) pelas declarações atuais de Dave Mustaine na imprensa. Você pode não gostar de Kanye ou de hip-hop, mas negar a importância cultural dos dois na atualidade é insano – se até Roger Daltrey afirmou recentemente que o rap é o gênero mais relevante hoje, quem somos nós para discordar, não? Uma obra-prima da década.
Thiago: A melhor coisa deste disco é a utilização de “In High Tides”, da dupla Mike Oldfield/Jon Anderson, em “Dark Fantasy”. Belíssimo aquilo. No entanto, há vários excelentes momentos no álbum. Tem gente boa demais participando das faixas, da produção... É difícil dar errado quando um disco tem um investimento desses. Se alguém tem dúvida de que os caras entendem do riscado, é só ouvir e checar os samples que eles utilizam. De King Crimson a Black Sabbath e Manfred Mann’s Earth Band. Lembro-me de entrevistar Jon Anderson um ano após o lançamento de My Beautiful Dark Twisted Fantasy e ele disse ter gostado bastante do que ouviu. Eu também gosto, ainda que não seja um estilo de música que me encanta tanto. Depois deste, de hip-hop, só Oneirology (2011), do CunninLynguists alcançou o mesmo patamar. Não ouvi muitos discos do estilo, certamente, mas a questão aqui é: esses caras (Kanye West e CunninLynguists) não fazem o ordinário do gênero. São efetivamente extra-ordinários.
Ulisses: Só pelo fator diversão este álbum já merece um espaço na lista. Me diverti muito com alguns dos versos absurdos que o cara manda ("They can kiss my whole ass/More specifically they can kiss my asshole" e "Let's have a toast for the douchebags" são os melhores). O ego desse cara é imenso, ele deve ser insuportável, mas ao menos entrega um álbum bem produzido, com um baita cast de convidados (embora só Nicki Minaj tenha me impressionado, em "Monster") e balanço equilibrado de beats e melodias emotivas (ouça "Lost in the World" e comprove). Jamais achei Kanye West essa Coca-Cola toda, mas em uma lista com vários discos chatíssimos – A7X, Deathspell Omega, Iron Maiden e Ratt –, não é este daqui que merece reclamação. Monótono, ao menos, ele está longe de ser.
Black Country Communion - Black Country Communion (55 pontos)
Alissön: Cheguei a ouvir na época do lançamento, e como não tinha muitos parâmetros de qualidade, achei muito bom. Quando peguei para ouvir uns tempos depois, o disco demostrou um evelhecimento enorme. Primeiro, pelos vocais de Glenn Hughes. Cantar é muito mais que mostrar alcance vocal alto, e parece que o sujeito esqueceu dessa lição. Toda música é cheia de suas afetações, não há moderação e interpretação, é sempre a mesma coisa maçante e quase insuportável. Instrumentalmente, o supergrupo – Joe Bonamassa, Jason Bonham e Derek Sherinian – não faz muito além de reinterpretar um hard rock setentista em sua plenitude, ou seja: sem grandes novidades aqui. Se melhor interpretado, talvez o disco saísse melhor. Infelizmente, não é o que acontece.
André: Outro supergrupo de curta duração e que lamentei ter se desfeito. O estilo hard rocker do início dos anos 1970, ainda com muita influência do blues ao estilo Deep Purple e Trapeze, me acertou em cheio. Não votei neles, mas deveria. Glenn Hughes parece ter melhorado sua voz, que andou bem capenga no início dos anos 2000 em diante. Gosto muito das longas "Song of Yesterday" e "Too Late for the Sun". Um dos trabalhos mais finos que já ouvi por parte de Derek Sherinian, um baita tecladista.
Bernardo: Só lendas estreando em um álbum de hard-blues que, se não chega aos pés do que Led e Purple faziam, ao menos dá uma nostalgia gostosa daqueles tempos.
Christiano: Projeto com vários nomes de peso. Já na primeira faixa, “Black Country”, Glenn Hughes mostra, como sempre, que é um grande baixista, executando uma linha extraordinária. Aliás, o que esse senhor tocou neste disco não é pra qualquer um. Tudo bem que ele exagera um pouco em seus gritinhos, mas isso não compromete o resultado final. Prova disso é “The Great Divide”, em que ele dá umas esgoeladas que até se encaixaram bem. O que posso falar de Joe Bonamassa, além do fato de o cara ser um dos melhores guitarristas da atualidade? Ele tem muito bom gosto e toca demais. Isso fica claro em todo o álbum, principalmente em faixas como “The Revolution In Me” e “Too Late for the Sun”. Disco muito bom.
Davi: Chances de um novo álbum de Glenn Hughes ser bom? 90%. Chances de um novo álbum de Joe Bonamassa ser bom? 90%. Chances de Derek Sherinian e Jason Bonham gravarem trabalhos decentes? 90%. Os quatro se juntam. Quais as chances disso dar errado? Simples, a mesma chance da Joelma do Calypso gravar algo que preste, nenhuma. Os músicos fizeram um álbum simplesmente mortal, resgatando muito da sonoridade dos anos 1970. Glenn Hughes está cantando pra cacete. Joe Bonamassa fez um trabalho de guitarra inspiradíssimo e as faixas são ótimas. “One Last Soul”, “The Great Divide”, “Beggarman” e “Sista Jane” são simplesmente fantásticas.
Diogo: Já faz bastante tempo que eu deixei de criar muita expectativa quando um grupo de músicos acima de qualquer suspeita unem-se sob a mesma alcunha. Para minha alegria, o Black Country Communion deu certo, mesmo que por um curto (mas prolífico) período de tempo. Glenn Hughes é um dos meus vocalistas favoritos e sai-se muito bem no álbum, além de ser uma força criativa definidora das matizes do quarteto, mas Joe Bonamassa foi a maior surpresa. Surpresa? Sim, pois eu não havia escutado seus álbuns em carreira solo antes de ouvi-lo no Black Country Communion, e só por esse motivo a banda já justificou sua existência: mostrar a mais pessoas o talento desse cara. Claro, Jason Bonham honra e muito o legado de seu pai e Derek Sherinian é um grande tecladista, que teve a infelicidade de ficar marcado de maneira relativamente negativa por uma das estirpes mais chatas de fãs (os do Dream Theater), mas Bonamassa domina o disco com seu estilo elegante, fazendo com que os limites entre o rock pesado, o blues e o funk confundam-se no tracklist. Nem todos os momentos são aquela maravilha, mas outros são ótimos, como é o caso de "Black Country", um belo cartão de visitas; "One Last Soul", com cara de single; "The Great Divide" e as longas "Song of Yesterday" (talvez a melhor representação do que é o grupo) e "Too Late for the Sun".
Fernando: Glenn Hughes colocou Joe Bonamassa no radar da galera do metal. Apesar de já ter uma carreira muito bem estabelecida, o guitarrista não era reconhecido pelo grosso dos fãs de Glenn. Eu acredito que o sucesso da banda foi responsável pelo seu fim, já que Bonamassa, um workaholic assumido, não conseguiu dar continuidade a duas carreiras de sucesso ao mesmo tempo.
Flavio: O Black Country Communion traz, no seu homônimo disco de estreia, uma boa mistura de hard rock com blues e funk pesado. Bateu na trave para participar de minha lista. Seu destaque absoluto é a participação do eternamente jovem vocalista/baixista Glenn Hughes. Além de grande compositor do disco, o que delineia seu estilo, seu vocal (excelente, por sinal) é o maior trunfo da bolacha: está impecável, e é impressionante se manter nesse nível após tantos anos de carreira, sendo comprovado inclusive nos shows da banda. Além de Hughes, o BCC tem ótimas performances de um supertime com Joe Bonamassa, com ótimos solos (como em "Song of Yesterday"), além do renomado teclado de Derek Sherinian e Jason Bonham. Há a boa regravação do classico do Trapeze "Medusa", e novamente não é um disco de grandes novidades, sendo seu estilo bem retrô, mas que não desapontará os fãs do estilo e principalmente os de Hughes.
João Renato: A junção, por si só, é animadora. E o melhor, não ficou apenas no hype. O quarteto conseguiu entregar um material digno de nota, trazendo composições inspiradas. Em alguns momentos, se perde um pouco no lado aventureiro, mas nada que atrapalhe de verdade. O primeiro passo de uma curta, porém muito exitosa viagem.
Leonardo: Supergrupo formado por Glenn Hughes e Joe Bonamassa, com uma pegada bem hard rock setentista. Diverte, soa bem como música de fundo... Mas não se destaca.
Mairon: Glenn Hughes sempre esteve cercado de músicos talentosos e criativos, capazes de fazer canções inesquecíveis e marcantes. O disco de estreia com Joe Bonamassa (guitarra, vocais), Jason Bonham (bateria) e Derek Sherinian (teclados) é um dos grandes álbuns dos anos 2000. Um disco impecável, no qual Hughes destaca-se nos vocais de "The Great Divide", "Stand (At the Burning Tree)", com shows particulares de Joe e Derek, e cria um riff sensacional em "Beggarman", uma das três faixas do álbum compostas apenas por ele, assim como "No Time", faixa pesada e com um ótimo riff, na qual a presença dos teclados de Sherinian lembram um pouco "Kashmir", e "Medusa", coverzaço para a linda canção homônima do Trapeze, que ficou muito próxima à original. O álbum possui faixas balanceadas e suingantes, nas quais a guitarra de Bonamassa e a pegada característica da família Bonham se sobressaem junto ao grande vocal de Hughes, encaixadas em "Down Again". Curto muito a malemolência de "One Last Soul" e também o belo arranjo de "Song of Yesterday", cujos vocais ficaram a cargo de Bonamassa, que também possui ótimos dotes nesse quesito, além de tocar um solo sensacional. Bonamassa também solta a voz em "The Revolution in Me", faixa arrastada com tons blueseiros, com outro importante solo do guitarrista, e divide os vocais com Hughes na ótima "Sista Jane". Somente "Black Country" já é melhor que toda a lista que está aqui apresentada, e unida com a espetacular "Too Late for the Sun", outra com os vocais divididos entre Hughes e Bonamassa, embriagando o ouvinte em pouco mais de 11 minutos, já faz deste álbum um clássico. Que bom que o grupo voltou, e tomara que continuem a lançar álbuns tão fantásticos quanto este.
Nilo: A brincadeira da "banda dos sonhos" pode render boas conversas no boteco, mas na vida real o buraco é mais embaixo. Da seleção brasileira de 2006 ao Audioslave, passando aí por horrores como o Hellyeah, raros são os chamados supergrupos cuja música demonstra um resultado acima da média. Este aqui não é exceção, e o que nos é apresentado durante 72 minutos é um festival de composições aguadas, todas desembocando em refrãos melodramáticos e em nenhum momento justificando as longas durações. Botando na conta que um dos integrantes tem Burn (Deep Purple, 1974) em seu catálogo, este disco simplesmente perde qualquer atrativo.
Thiago: Glenn Hughes é um espetáculo. Joe Bonamassa é sensacional. Jason Bonham é excelente e Derek Sherinian é um dos músicos mais injustiçados do planeta por causa da passagem pelo Dream Theater e da adoração dos fãs pelo Kevin Moore. Esses quatro caras juntos formaram um grupo espetacular. Eu não havia escutado este disco. Porém, é incrível. Os caras nasceram para tocar uns com os outros. Eles se completam. Hughes, entretanto... O que ele faz neste disco é digno de nota. Fantástico! Que rock setentista de primeiríssima linha!
Ulisses: Na edição dedicada a 2009, tivemos Them Crooked Vultures e Chickenfoot. Aqui, o supergrupo da vez é o Black Country Communion, trazendo um hard rock, como esperado, muito bem tocado. Glenn Hughes, em especial, está cantando um absurdo. Mas não acho que as composições estejam no nível de um grupo desse porte, embora também estejam longe de ser ruins. É apenas um bom resgate do rock setentista, com algumas composições que chegam a surpreender; é o caso de "Beggarman", "No Time" e "Stand (At the Burning Tree)". Só de ouvir esses quatro monstros do rock tocando juntos, já vale a audição.
Deathspell Omega - Paracletus (42 pontos)
Alissön: O black metal tem muito estigma de música primitiva, de temática rasa e que se sustenta por memes e pelas polêmicas do passado. Ainda que tenha se desenvolvido sonoramente de maneira exponencial desde os anos 1990, pouca coisa havia sido feito com relação à pesada – e também caricata – temática satânica de pelo menos 98% das bandas do estilo. O Deathspell Omega começou como um grupo qualquer desse celeiro. Seu black metal tosquíssimo de início de carreira parecia não apontar para um futuro minimamente interessante, até sua reformulação filosófica em 2004, ano de lançamento do também clássico Si monvmentvm reqvires, circvmspice ("If you seek his monument, look around you", epitáfio entalhado na tumba de Christopher Wren, um dos maiores arquitetos de todos os tempos). Aquele era não apenas um novo DsO, mas era também o início de uma trilogia de discos que se dispuseram a apresentar uma versão mais filosófica e metafísica para o pensamento satânico. Pelas próprias palavras do DsO (sejam quem for, já que nunca se soube dos envolvidos na banda): "Satanás está permeando cada parte de nossos reinos materiais e metafísicos e como o relacionamento do Homem com Ele deve ser de reverência e devoção". Essa epopeia sonora, que ainda conta com Fas – Ite, Maledicti, in Ignem Aeternum ("Divine Law – Go, Accursed, into Everlasting Fire"), de 2007, e o disco em questão, já constam no panteão das maiores obras do metal como um todo. Evoluindo uma estética toda própria, que consistia de riffs dissonantes, ritmos assimétricos e flertes com o death metal da escola Gorguts e o progressivo, mostraram ao mundo álbuns de conteúdo rico e sonoridade atordoante. Paracletus (parákletos, "Espírito Santo" em latim), fechamento da trilogia, é o disco que vai mais direto em termos sonoros, ainda que, no cerne da coisa toda, nada tenha propriamente mudado. Temos mais riffs martelantes, andamentos atordoantes e melodias sombrias e verdadeiramente amedrontadoras. Justiça seja feita, é a presença mais merecida nesta lista.
André: Não conhecia essa banda. Botei para ouvir e me veio algo meio insano, parecendo uma mistura de black metal daquele estilão conhecido como "avant-garde". Tem bons momentos, como nas partes doom de "Abcission", mas, no geral, é um tipo de som que dificilmente faz a minha cabeça e acho improvável que eu me interesse em ouvir outros trabalhos deles. Mas a banda tem o mérito de inovar bem dentro desse estilo.
Bernardo: Black metal é o lugar de onde eu particularmente menos esperaria sair avant-garde, mas olha que é interessante.
Christiano: Troço chato pra cacete. Não entendo o motivo de um disco de antimúsica ter entrado na lista.
Davi: Não gostei. Definitivamente, não é meu estilo de heavy metal. Mais uma daquelas (inúmeras) bandas em que o baterista martela o instrumento na velocidade da luz, o vocal é ininteligível e, para piorar, mal gravado. Há alguns momentos nos quais os músicos desaceleram e tentam uma pouco mais de experimentação (que também não trazem mais satisfação para quem está ouvindo, infelizmente), mas quando resolvem acelerar a música soa tudo igual, ficando difícil identificar se está na primeira, na segunda, na quinta ou na sétima faixa.
Diogo: O Deathspell Omega foi uma descoberta recente, muito graças à indicação do colega Alisson. O que esses franceses fazem é dar um passo além naquilo que conhecemos como black metal, levando o estilo a um patamar de sofisticação raras vezes testemunhado. A amosfera sombria criada pelo grupo dá vida a faixas que cumprem o propósito de desafiar nossos ouvidos, testando nossa capacidade de compreensão além da simples sequência de melodias e outros padrões mais convencionais. Até por isso, não serão muitos a apreciar devidamente a música levada a cabo pela banda, mas quem conseguir penetrar seu mundo terá muitos momentos de êxtase auditivo. Em meio à dissonância e a tempos menos convencionais, às vezes há momentos mais próximos daquilo que nos acostumamos a conhecer como black metal, tornando tudo ainda mais interessante, ao menos para mim. Ainda merecerá muitas audições até que eu possa compreender 50% de sua proposta, e isso é muito bom.
Fernando: Pelo rápida pesquisa que fiz, este é considerado um dos melhores discos da banda. Pelo fato de não ter gostado, não quero nem imaginar o pior. O que me incomodou é que, em muitas passagens, os instrumentos me pareciam que não estavam em sintonia, não havia um norte definido para a música. Já alguns outros trechos me lembraram alguma coisa do Behemoth, mas sem a mesma qualidade dos poloneses.
Flavio: Um clássico do death metal, com pitadas de melancolic death metal (inventei isso aqui). Um disco predominantemente lento, com um vocal calcado no estilo (gutural, rasgado, sei lá mais o quê). Paracletus encerra uma trilogia, portanto é um álbum temático. Não é meu estilo de preferência, não gosto quando as músicas se arrastam com uma dissonância exagerada e nem mesmo quando a pauleira come solta e o vocal bota a pá de cal no assunto, pois não suporto mais do que um minuto desse estilo "Golum". Relato que a audição demorou pacas nos seus parcos 47 minutos, e não dá pra destacar nada, a não ser novamente o alívio quando a bolacha parou de emitir seus insuportáveis decibéis.
João Renato: A França é especialista em oferecer algumas bandas que experimentam tudo com todo o resto. As atmosferas black metálicas do Deathspell Omega são outro exemplo. Não é para mim.
Leonardo: Não conhecia a banda, tampouco o álbum. E que bela surpresa. Black metal ríspido, técnico, mas ainda assim com riffs e canções marcantes e memoráveis. Vou atrás dos demais discos da banda!
Mairon: Oigalê tchê porquera, mas que disco bem esquisito. Alguém sabe me explicar como um álbum cantado com voz de vômito, mal tocado bagarái, fica entre os dez mais de 2010? Eu tenho uma explicação, mas prefiro não comentar... Terrível.
Nilo: Na década passada, a banda foi uma das principais integrantes da chamada "terceira onda" do black metal, elevando o estilo a outro nível. Pois é, os patamares subiram tanto que hoje chega a ser injusto enquadrá-los em um único rótulo. As raízes black metal permanecem, mas as guitarras dissonantes são herança do death metal do Gorguts, bem como existem traços de post-rock, orquestrações, clima claustrofóbico típico do sludge, letras bem desenvolvidas e ainda sobra espaço para uma bela carga teatral. Um belo exemplo de técnica usada em prol das composições e não o oposto, a parte final da trilogia iniciada em 2004 consegue despejar sequências de riffs complexos e ainda fazer com que tudo soe marcante. Aliás, o desempenho de todos os instrumentos é absurdo, e o nível de dramaticidade e variação aqui é fora de série. Em 42 minutos, Paracletus transmite emoções que o Dream Theater não consegue passar em álbuns de uma hora ou mais. O melhor disco da banda e o melhor metal dos últimos anos!
Thiago: Tocam muito, mas... Não gosto do estilo. Jamais fui fã de black metal. Além disso, esse caos não dá para mim mais não. Devo ter ficado velho e rabugento. Há umas passagens instrumentais mais lentas que curto bastante, mas, de resto, acho isso chato. Simples assim. Chato e cansativo.
Ulisses: Incrível como um disco tão barulhento consegue, ao mesmo tempo, ser tão entediante. Dos que eu não conhecia, foi o que mais precisei repetir a audição, para tentar formar algo coerente no meio de todo esse caos. A banda soa ótima quando pisa um pouco no freio e dá espaço a si mesmo para respirar, exibindo melhor suas influências que incluem death metal e post-rock – exemplo disso encontra-se, da melhor forma, em "Dearth" e "Apokatastasis Panton", nas quais a união de guitarra dissonante e baixo de timbre marcante consegue prender a atenção. Uma pena, portanto, que esses momentos não constituam o grosso do álbum: a banda prefere moer as orelhas do ouvinte com blast beats insanos e riffs velozes, perdendo completamente meu interesse nesses momentos. Porém, caso o leitor não tenha ouvidos frescurentos iguais aos meus na hora da quebradeira, pode encomendar sua cópia do CD, pois terá um belo exemplar de black metal.
Iron Maiden - The Final Frontier (40 pontos)
Alissön: Era até meio lógico o caminho que o Maiden trilharia neste disco, basta ouvir os anteriores. Pegando um pouco de tudo que acabou dando certo nos anteriores (riffs diretos de hard rock, influência progressiva e longas passagens instrumentais), The Final Frontier junta todas essas características em um álbum razoavelmente bem equilibrado. Ainda que a produção retire um pouco de força das guitarras (falta profundidade ali), algumas canções se sobressaem bem, como "When the Wild Wind Blows", com conceitos progressivos bem trabalhados. Passa longe de ganhar destaque na discografia da banda e no ano como um todo, mas vale ser conferido.
André: Para a música em geral, um bom disco de heavy metal com certas influências do rock progressivo. Mas, para o Iron Maiden, um álbum mediano. Dentre as faixas, curiosamente, gosto daquelas mais costumeiramente ignoradas, como "The Alchemist" e "Starblind", do que do single "El Dorado" e da bastante tocada nos shows "Coming Home". O que me incomoda pra caralho nesses novos discos do Maiden é o fato da banda contar com três guitarristas e nenhum deles ter riffs matadores, que eram comuns nos velhos discos oitentistas. Não é possível que Smith e Murray tenham perdido tanto a mão assim. Nem cito Gers, porque ele sempre foi o patinho feio da banda. Contudo, no mínimo os outros dois deveriam se garantir. Não é um disco cuja audição incomoda, porém, infelizmente, é um trabalho pouco memorável por parte da banda.
Bernardo: Um álbum tão fraquinho, pálido e sem vigor que me leva a pensar que só entrou mesmo por ser de músicos com tradição no gênero.
Christiano: É sempre muito difícil comentar um disco do Iron Maiden, porque, pra mim, talvez seja a maior banda de metal de todos os tempos. No entanto, desde a volta de Bruce Dickinson em Brave New World (2000), eles têm gravado álbuns medianos, às vezes ruins. The Final Frontier faz parte dessa leva pós-retorno. Quando foi lançado, tomei um susto com a introdução da primeira faixa, “Satellite 15”, uma coisa meio sem graça e repetitiva. Lembro que a primeira música que conheci foi “El Dorado”, a pior do disco, o que mostra que a banda tem sido fiel a um estranho princípio: sempre escolher as faixas mais fracas para singles. Desses álbuns após a volta, este é o que mais me agrada, principalmente por conter faixas como “The Talisman”, “Coming Home” e “The Man Who Would Be King”. No entanto, sei que as introduções longas chegam a encher o saco, assim como os vocais de Dickinson, desnecessariamente exagerados em alguns trechos. Infelizmente, parece que estão no piloto automático já faz algum tempo. Mesmo assim, conseguiram criar algumas músicas interessantes neste disco.
Davi: Trabalho típico do Iron Maiden. A banda segue à risca sua sonoridade convencional, trazendo todos os elementos que tornam seu som único. O Iron Maiden não é uma banda de fazer discos ruins (com exceção daqueles da fase Blaze, que não me descem), mas como toda grande banda, e todo artista longínquo, possuem aqueles trabalhos que são ok. Ou seja, não fazem feio, mas também não impressionam. E esse é o caso de The Final Frontier. Há algumas faixas bem legais, como o single “El Dorado” e “Coming Home”, mas são poucos os momentos de destaque.
Diogo: Entre os cinco álbuns lançados após o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith à banda, apenas um deles me envolveu de verdade: A Matter of Life and Death (2006). Isso não signifca que eu não goste dos outros quatro: há uma alternância de momentos muito bons com outros em que o cara passa raiva. The Final Frontier é, provavelmente, o segundo melhor dessa leva, deixando-se ouvir com um sorriso no rosto na maior parte do tempo. Não há nele nenhuma canção digna de status de grande clássico, mas também não há nenhuma faixa ruim. Sua fragmentação em duas metades distintas gera uma impressão de que estão sendo ouvidas duas obras diferentes: uma mais puxada para um hard/heavy refinado, na qual se destacam "Satellite 15... The Final Frontier", "Mother of Mercy" e "Coming Home"; outra, mais elaborada e ambiciosa, com faixas longas que, felizmente, não soam repetitivas como outras que a banda fez. Sim, tendo em vista o histórico recente do grupo, as músicas são um tanto formulaicas, mas são melodicamente bem resolvidas e deixam várias marcas após a audição. Todas são boas, com maior ênfase para "Isle of Avalon", "The Talisman" e minha preferida, "The Man Who Would Be King", com um bom refrão. Aliás, é preciso apontar um fato: por mais que Dave Murray não seja um compositor prolífico, suas colaborações vêm sendo muito positivas nos últimos lançamentos, vide "The Man Who Would Be King", "The Reincarnation of Benjamin Breeg" (A Matter of Life and Death) e "The Nomad" (Brave New World), três das melhores músicas do Iron Maiden em mais de 25 anos.
Fernando: No todo, este é o disco mais voltado ao progressivo que o Iron Maiden lançou depois de 1999. Entretanto, contém as duas músicas mais calcadas no hard rock setentista, a faixa-título e “El Dorado”. Porém, é na parte progressiva em que eles se destacam, vide “Isle of Avalon” e a pérola “When the Wild Wind Blows”.
Flavio: Novamente presente aqui na Consultoria, o Iron Maiden fez o melhor álbum disparado da lista, embora não o considere nada de mais na discografia da banda. A obra tem coisas interessantes e outras nem tanto. O grupo inicia o disco de forma esquisita, com os sons doidos de "Satellite 15", que emenda com a boa faixa hard "The Final Frontier". Em seguida, vem o legal single (também com pegada hard) "El Dorado". "Mother of Mercy" já está mais calcada no estilo tradicional da banda, e a seguir vem aquela que mais gosto, "Coming Home". Daí pra frente, dá uma caída, mas ainda gosto de "The Talisman" e "Starblind". As outras não são ruins, mas não me chamam muita atenção. Apesar de um pouco irregular, ainda assim a bolacha sobra nesta edição, comprovando que o ano foi realmente fraco.
João Renato: Taí um disco que não fede nem cheira para mim. Escutei à época, achei de valor, mas não lembro de quase nada hoje em dia. Nem tenho vontade de ouvi-lo mais.
Leonardo: Inexplicável a presença deste disco na lista. Um dos piores da carreira da banda, repleto de músicas longas e cansativas. Na boa, dá para listar uns 30 álbuns melhores que este no mesmo ano.
Mairon: Este eu comprei na época, empolgadaço, e achei uma baita decepção. Fazia tempos que não o ouvia, e, por conta da série, voltei a ouvir. Também continuo com a mesma impressão daquela época. O disco parece que começa bem, com a introdução espacial e viajante de "Satellite 15... The Final Frontier", mas a partir dos quatro minutos o Iron volta a ser o mais do mesmo que vem sendo desde 2000. Todo mundo sabe quando e como será o solo ("Starblind"), como será o refrão e a melodia vocal de Dickinson ("Mother of Mercy"), as músicas longas têm aquelas introduções sonolentas de baixo com dedilhado de guitarra ("The Man Who Would Be King", "Isle of Avalon" e "The Talisman"), enfim, é uma cópia estragada de si mesmo. Aturar a choradeira na balada asquerosa "Coming Home" é de uma valentia ímpar, assim como não entendo como "When the Wild Wind Blows" virou clássico para alguns. Salvam-se por pouco a veloz "El Dorado", que, quando de seu lançamento, era um bálsamo para os ouvidos, e "The Alchemist", porque é curta e rápida. Muito pouco para algo do quilate do Iron Maiden.
Nilo: A capa horrível, com o Eddie parecendo um vilão do Scooby Doo, e a temática espacial batida não ajudam, mas o material é razoável o suficiente; pra mim, é o melhor deles desde Fear of the Dark (1992). Há quem exalte a suposta "progressividade" das últimas empreitadas da donzela (mas que está lá desde os anos 1980), mas acho que o lance aqui é as canções serem fáceis de guardar – mesmo com as longas durações. Pena que também sejam fáceis de esquecer. O fã-clube da banda é forte aqui, hein, pra qualquer álbum mediano deles entrar como destaque do ano. Se o disco do Angra também tivesse listado já ia suspeitar de compra de votos pelo Whiplash! kk.
Thiago: O Iron Maiden é muito consistente. Nunca foi das minhas bandas favoritas, mas usualmente lança material de alta qualidade. Acho The Final Frontier um dos melhores discos deles nos últimos tempos. O problema aqui é a produção. Ruim demais e, nesse quesito, o Maiden é consistente também. Não curto a maneira como Steve Harris conduz a banda nesse sentido. Ele podia deixar de ser “control freak” e dar espaço para algum produtor arrumar essa bagaça. Ainda assim, ótimo disco.
Ulisses: Quando a banda procura sair do lugar comum e investir em novas sonoridades, a coisa parece que vai engrenar – é o caso da progressão cuidadosa de "Isle of Avalon" ou da interessante abertura espacial e distorcida de "Satellite 15... The Final Frontier". Entretanto, na maior parte do álbum, o que se ouve são composições desnecessariamente esticadas e de estruturas ordinárias. Maiden é Maiden, então ainda tem vários bons momentos aqui, mas o saldo final ainda está aquém do esperado.
Triptykon - Eparistera Daimones (33 pontos)
Alissön: Resgatando composições que sobraram de Monotheist (2006), último disco do Celtic Frost, Thomas Gabriel Fischer deu mais um rumo estupendo em sua carreira com um álbum conciso de metal extremo, impossível de categorizar em um rótulo específico. Mesmo à sombra do último disco do Celtic Frost, Eparistera Daimones mostra toda sua força com composições extremamente obscuras, pesadas e bem trabalhadas, com os característicos riffs dissonantes de Tom e um acompanhamento instrumental perfeito. Destaque para Norman Lonhard e sua pegada doom na bateria, e para Vanja Slajh no baixo.
André: É a banda que funciona como sequência espiritual de Monotheist, disco do Celtic Frost. Confesso que não me animo tanto com o Triptykon quanto me animei com o álbum de 2006, mas há boas coisas por aqui. Tom ainda busca novas possibilidades e influências para si, pegando principalmente elementos do doom e do gótico, criando um disco interessante de se ouvir. Porém, confesso que Martin Eric Ain faz uma falta danada no quesito refinar canções para que soem ainda mais originais. Ele e Tom nasceram para compor juntos, mas aparentemente ambos não se aguentam por muito tempo em harmonia.
Bernardo: Outro álbum de avant-garde black metal por aqui, liderado pelo lendário Tom G. Warrior, do Celtic Frost. Apesar do nome famoso envolvido, preferi o Deathspell Omega.
Christiano: Que disco estranho! No geral, é muito arrastado, o que deixa tudo muito repetitivo e acaba cansando. Quando fica mais rápido, como em “A Thousand Lies”, soa genérico. Não entendi e senti saudades do velho Celtic Frost.
Davi: Porradaria! Bem feito. Bem tocado, bem gravado, muito mais agradável do que o Deathspell Omega. Arranjos mais bem elaborados, trabalho de bateria mais interessante, trabalho de guitarra mais interessante, vocal melhor. Não vou dizer que virei fã ou que compraria o disco, mas, ao menos, foi mais interessante de se ouvir.
Diogo: O Celtic Frost pode ter encerrado atividades e talvez Thomas Gabriel Fischer nunca mais una-se a Martin Eric Ain, mas sua senda pavimentada por música extrema e desafiadora segue sendo trilhada através do Triptykon. Seguindo os passos de Monotheist, último álbum do Celtic Frost, Eparistera Daimones não se encaixa em nenhum subgênero específico do heavy metal, soando mais como um amálgama cujos principais elementos são o doom, o gótico e o black metal. O disco exala maturidade não apenas nas soberbas composições, mas na própria performance vocal de Thomas, que evoluiu muito como vocalista durante o período em que o Celtic Frost esteve parado e aprendeu a usar sua voz de maneira mais inteligente, contribuindo com a atmosfra tétrica das canções. Todas elas, inclusive, são muito poderosas, aliando peso e criatividade como poucas vezes tem se ouvido de vários anos para cá. As músicas mais longas, caso de "Goetia", "Abyss Within My Soul" e "The Prolonging", são verdadeiramente ambiciosas e dignas de maiores elogios, mas todo o restante do tracklist é avassalador, seja pelos riffs arrastados de "In Shrouds Decayed", os gritos agoniados de "A Thousand Lies" ou a dissonância de "Myopic Empire". Para mim, é, com muita folga, o melhor álbum lançado em 2010, além de ser um dos mais impactantes dos últimos 15 anos. Na minha lista de sonhos difíceis, mas não impossíveis, está ver o quarteto ao vivo, com direito a algumas faixas dos tempos de Celtic Frost.
Fernando: Acredito que o Triptykon conseguiu apaziguar toda a angústia dos fãs do Celtic Frost por mais material da clássica banda suíça. Bastante na linha do último disco que Tom Warrior gravou sob o nome Celtic Frost, Monotheist. O peso é fantástico e, comparando com outro disco de black metal aqui da lista, é possível termos peso e agressividade com melodia.
Flavio: O Triptykon fez, no seu álbum de estreia, um bom exemplo de doom/death metal, com afinações bem baixas, bateria usando e abusando de dois bumbos, apesar da predominância de ritmos bem lentos (característica do doom metal), e vocal utilizando-se de modos rasgados, guturais ou apenas permeado por tons graves. Apesar de um instrumental bem feito, não dá para aturar o vocal desse estilo e, por mais que esteja bem adequado ao que se propõe, não consigo suportá-lo por mais do que alguns minutos. Indicado apenas para os fãs do estilo.
João Renato: O Triptykon tem mais valor que boa parte da carreira do Celtic Frost – e não adianta, essa comparação será feita. Porém, devo dizer que não consigo escutá-lo do início ao fim sem dar um pause. Prefiro o álbum posterior.
Leonardo: Um pesadelo em forma de música. Dando sequência à sonoridade do último álbum de sua banda anterior, o excelente Monotheist, Tom G. Fischer lançou um disco ainda mais pesado e denso. Da abertura com a ótima "Goetia" ao encerramento com a longa "The Prolonging", tudo soa sombrio e extremamente pesado, ainda que o andamento das músicas não seja rápido. Às vezes soa um pouco cansativo, mas no geral funciona muito bem, com momentos de brilhantismo, como na maravilhosa segunda faixa, "Abyss Within My Soul".
Mairon: Black metal misturado com doom metal e gothic metal. Parece uma tabela periódica de tanto metal, mas de música boa, nada. Pelo jeito, esse ano foi o ano dos discos cansativos, porque uma hora e pouco disso daqui é dose para mamute...
Nilo: Como comentei na edição dedicada a 2006, Monotheist é meu disco favorito do Celtic Frost, mas essa continuação aqui não me cativa. Não dá pra negar que Tom Warrior se propôs a ir além do anterior, o que é sempre louvável, só que, por alguma magia do capeta, este álbum (bem como seu sucessor) me cansam lá pela metade. Todavia, entendo e respeito sua colocação nesta lista.\
Thiago: Acho que uma das melhores maneiras de começar um disco é com um petardo bem impactante. De preferência, o que a banda tem de melhor. “Goetia” é exatamente isso. Não havia faixa melhor que esta para dar início a Eparistera Daimones. O álbum em si é pesado, coisa que sinto falta em muitas bandas de metal extremo, principalmente de black metal. Os riffs são tocados de maneira tão rápida, com a bateria à velocidade da luz também, que não consigo sequer achar que as composições são pesadas. Elas acabam ficando rápidas, talvez caóticas, mas pesadas? Sinceramente, não acho. É como se o peso fosse diluído pela velocidade absurda insensata do estilo. No Triptykon, as marcações e influências doom ajudam um bocado para deixar os riffs de guitarra mais robustos. Por outro lado, algumas músicas me parecem mais longas do que deveriam ser. Os vocais são ótimos e sequer sou fã de Tom G. Warrior. Muito bom!
Ulisses: Passeando entre o black, o doom e o thrash, Tom Warrior e seus comparsas criaram um disco que entrega peso agoniante, dosando a moideira arrastada do doom com a pauleira do metal extremo ("A Thousand Lies" é ótima nisso). O álbum dura um pouco mais do que deveria, desgastando o ouvinte mais ainda do que a sonoridade que praticam, embora eu provavelmente não fosse reclamar tanto disso se eles explorassem mais, e com mais propriedade, alguns caminhos alternativos que chegam a demonstrar, caso da linda "My Pain" e seu jeito etéreo e inquietante.
Avenged Sevenfold - Nightmare (31 pontos)
Alissön: Mike Portnoy não é deus, então não tinha como o cara fazer milagre em uma banda que nunca gravou um disco bom em sua carreira. E para os apressados que forem falar que é ódio e conservadorismo de minha parte, defendendo a banda como um dos expoentes do "metal moderno", recomendo que procurem o Deathspell Omega nesta mesma lista.
André: Sei que deram uma mudada na sonoridade deles e passaram daquele horrendo metalcore de antigamente para um metal alternativo com influências de hard rock, caso deste disco. Ainda assim, passa muito longe daquilo que eu aprecio.
Bernardo: Com bateria de Mike Portnoy após a triste morte do baterista "The Rev", Nightmare é um álbum que envereda por um heavy mais tradicional, talvez tentando ampliar o mercado sem perder o público antigo. Como são músicos egressos do metalcore e tinham uma carga extra, tem um frescor de composição e abordagem que não se vê normalmente.
Christiano: É o disco com o Mike Portnoy na bateria. Escutei e achei a primeira música ok. Depois, foi ficando meio repetitivo e o vocal começou a me chatear. Sei lá, umas melodias meio bobas, caricatamente gritadas. Parece uma banda de poppy punk tentando tocar metal pra adolescentes. Não entendi o motivo disso estar nesta lista.
Davi: Disco que fez o Avenged ganhar muitos adeptos, principalmente aqui no Brasil. Foi quando uma parte da galera resolveu deixar o preconceito de lado e ouvir a música deles com um pouco mais de atenção, isso graças à participação de Mike Portnoy (Dream Theater). Na real, o trabalho de bateria de The Rev já tinha muito desse lado Portnoy. O garoto era um fã declarado e criava suas linhas de bateria inspirado nele e também acho o álbum anterior um pouco mais forte do que este. De todo modo, é um belo disco. Uma evolução natural de Avenged Sevenfold (2007) e com ótimas faixas como “Nightmare”, “Welcome to the Family”, “God Hate Us” e “Save Me”.
Diogo: Reclamamos tanto sobre gerações anteriores não aceitarem nossos gostos musicais como legítimos que não nos damos conta que fazemos a mesmíssima coisa diversas vezes. Isso fica bem evidente em relação ao Avenged Sevenfold, que conquistou muitos fãs jovens, daqueles que estavam recém descobrindo o rock, e foi execrado por muitos que sequer se deram ao trabalho de ouvir as músicas do grupo. É verdade que o hard/heavy do quinteto é bem derivativo, mas quantas vezes relevamos esse mesmo defeito em artistas dos quais gostamos ou que são mais underground, ao contrário do Avenged Sevenfold? Isso que digo, inclusive, é uma autocrítica. Como eu afirmei, a banda soa mesmo meio derivativa, remetendo em diversos momentos às suas influências, como Metallica e Helloween, mas não dá pra dizer que não fazem um trabalho competente. O guitarrista Synyster Gates é o melhor músico, ao ponto de às vezes se passar um pouco e tentar bancar um Yngwie Malmsteen da vida. O ponto mais fraco é o vocalista M. Shadows, mas nada que comprometa. Passeando das baladas ao power metal melódico, além de alguns lampejos mais thrash, o grupo tem resultados variando entre o fraco e o bom, sendo os principais destaques positivos "Welcome to the Family", "Natural Born Killer" e a faixa-título. Não é tão bom quanto alguns fazem parecer, mas não é tão ruim quanto outros alegam.
Fernando: Nunca havia tido interesse pelo grupo, mas com Hail to the King (2013) eles conseguiram a minha atenção. Tudo bem que talvez a forte influência do Metallica tenha ajudado nessa questão. Cheguei até a escrever uma resenha para o site, mas ela se perdeu junto com nosso imbróglio com o UOL Host. Como o disco me agradou, fui atrás dos outros, já que até então eu só tinha a opinião negativa que a grande maioria dos fãs de metal, principalmente dos mais antigos, tinha. Não achei ruim, mas não me interessou e entendo o motivo da garotada mais nova curtir. Aliás, esse é o maior mérito da banda, o de trazer os mais novos para o metal. Lembro-me do show do Iron Maiden no Rock in Rio, para o qual a banda abriu, e me impressionou o número de garotos, e alguns não tão garotos assim, usando camisetas da banda.
Flavio: O quinto lançamento do Avenged Sevenfold, e este com a muito especial participação de Mike Portnoy, traz um álbum com boas opções no estilo clássico de heavy metal. Boas composições permeiam o disco, como a faixa-título e também as conhecidas "Buried Alive" e a lenta "So Far Away" (com maior tino comercial), parecendo o Metallica nas suas pseudobaladas. É um álbum correto, com ótimas performances, principalmente dos guitarristas que, tanto em solos quanto em linhas harmônicas, se destacam. Não é um disco contagiante, não me traz uma grande novidade ou surpresa, mas é boa presença por aqui.
João Renato: Considero o Avenged Sevenfold uma banda muito subestimada e superestimada ao mesmo tempo. Não é o lixo que alguns classificam, nem a maravilha que outros tentam vender. Não consigo ouvir um disco inteiro deles. Mesmo assim, prefiro Nightmare aos mais recentes, quando tentaram agradar os detratores.
Leonardo: Já havia ouvido o A7X antes, quando eles surgiram. Infelizmente, o excesso de felicidade nos riffs e a voz insuportável de seu vocalista não me cativaram. Anos depois, ouvindo uma música esporádica da banda aqui e ali, e tendo os visto ao vivo em um Rock in Rio, minha opinião não mudou. E ao ouvir o disco em questão para esta série, minha opinião continua a mesma. É tudo certinho demais, bonitinho demais... Não dá para ser uma banda de metal assim.
Mairon: Ok, nunca havia parado para ouvir o Avenged, e o que tinha visto deles na edição do Rock in Rio de 2013, se não me fez tornar-me um fã da banda, tampouco fez-me achar pontos críticos para jogar no ventilador. O mesmo posso dizer de Nightmare. Esse estilo de metal mais "faceiro" não se encaixa no meu gosto pessoal, mas, de qualquer forma, não tive problemas maiores com Nightmare, com exceção de sua longa duração e da bateria desritmada, que de cara achei que fosse Mike Portnoy, e não é que é ele mesmo? Apesar das melhores músicas serem as baladinhas "Tonight the World Dies" e "So Far Away", bem simpáticas, e de também ter gostado muito do piano em "Fiction", não vejo razão para sua presença aqui.
Nilo: O quê?! Uma banda ~modernosa~ assim nos dez mais daqui? Opa, olhando de perto não fica tão estranho: além de um prata da casa assumir as baquetas, a sonoridade é menos melosa que os anteriores. Todavia, os vocais horríveis de M. Cheddar e as firulas de Sinixxxtro Gates impedem que o disco seja mais agradável. Até acho que essa guinada mais tradicional ajudou o Avenged (acho que é uma opinião impopular, mas achei o mais recente ok até), mas ainda passa longe de ser referência em qualidade.
Thiago: A sensação que eu tenho é que essa banda sempre anda, anda, anda e chega em vários mesmos lugares nos quais já estão outros grupos que fazem infinitamente melhor tudo o que eles tentam fazer. Os músicos são tecnicamente impressionantes, mas musicalmente estéreis. Em alguns momentos, lembro-me do Skid Row antigo durante as faixas. Eles tocam mais que qualquer membro do Skid Row? Sim (exceto, obviamente, pelo vocalista. Comparar esse M. Shadows com Sebastian Bach no auge é heresia). No entanto, não conseguem criar uma música que merecesse lugar em um Slave to the Grind (1991), por exemplo. Nada. Eles soam como Metallica? Também. Talvez só Robert Trujillo conseguisse acompanhar esses caras tecnicamente. Lars Ulrich e Kirk Hammett teriam problemas em sequer reproduzir razoavelmente qualquer faixa de Nightmare. Ainda assim, o Metallica no ápice superava tudo que esse grupo já fez. Enfim, banda perdida, sem identidade e, a meu ver, estéril.
Ulisses: A presença de Mike Portnoy nas baquetas é o único motivo que consigo encontrar para tentar explicar a entrada deste álbum na lista, já que o CD não contém grandes surpresas além disso, com composições insossas que ficam, na maior parte do tempo, "na média" – muito pouco se vê da ambição de um City of Evil (2005) por aqui, por exemplo. Não chega a ser um disco ruim (e nem dá pra dizer isso depois de ouvir "Buried Alive" e "God Hates Us"), mas também não é como se 2010 fosse um ano fraco e não houvesse nada melhor que Nightmare.
Ratt - Infestation (28 pontos)
Alissön: Igual qualquer praga, Ratt sai de seu esgoto pra encher o saco de todo mundo com essa desgraça aí.
André: É um disco que até me surpreende. Não achava que o Ratt, após tantos anos, fosse lançar um trabalho bacana. Ainda mantendo aquela aura festeira de décadas atrás, são músicas feitas para agradar bem quem curte o velho hard rock farofeiro. Curto Stephen Pearcy, curto Warren DeMartini, curto Carlos Cavazo, preferia Juan Croucier a Robbie Crane e curto Bobby Blotzer. Ouça sem preconceitos com a época em que foi lançado e talvez até se divirta. Aliás, Blotzer andou se estranhando com Pearcy e outros membros recentemente. Alguém sabe que fim levou essa troca de tapas toda?
Bernardo: Ratt em 2010? Que murro em ponta de faca.
Christiano: Das bandas oitentistas de hard rock, o Ratt é uma de minhas preferidas. Por isso, escutei Infestation com toda boa vontade, logo quando saiu. É um disco bem interessante, mesmo não sendo nenhum clássico como Out of the Cellar (1984) ou Dancing Undercover (1986). É sempre um prazer ouvir Stephen Pearcy, um dos melhores vocalistas de sua geração. Além disso, as músicas, no geral, são bem interessantes. Claro que “A Little Too Much” tem um refrão meio chatinho, mas isso não chega a comprometer, tendo em vista que o resultado geral é bom. Muitas faixas, como “Garden of Eden” e “Look Out Below”, trazem guitarras mais pesadas, que fizeram muito bem para esse novo momento da banda. Não o considero um dos melhores do ano, mas é um bom álbum.
Davi: Ratt tentando reviver seus dias de glória. Estranho terem optado por este álbum, quando aqueles que realmente mereceriam entrar ficaram de fora (Out of the Cellar, Invasion of Your Privacy, de 1985, e Ratt, de 1983). A ideia aqui, como disse, é tentar retornar ao seu som clássico. O disco é bacana, mas não há nenhuma musica à altura de uma “Back For More”, uma “Round and Round” ou “Lay It Down”. Os melhores momentos estão no início do disco e ficam por conta de “Best of Me” e “A Little Too Much”.
Diogo: De vez em quando o pessoal gosta de colocar a "culpa" em mim pelo fato de determinados álbuns entrarem na série, chegando a associar a mim a aparição de discos dos quais sequer sou grande apreciador. Pois bem, desta vez fiquem à vontade, podem colocar Infestation na minha conta. Sou "ratteiro" mesmo e fiquei muito, mas muito empolgado quando este álbum foi lançado. Lembro que taquei a sonzeira no alto e incomodei os vizinhos, pois fã do Ratt é um cara sofrido, que merece aproveitar os raros momentos de alegria em meio a tantos arranca-rabos protagonizados por esse grupo ao longo dos anos. Só que quando os caras se acertam – por mais que no fundo estejam a ponto de se estrangularem –, sai material pra agradar o combalido farofeiro de guerra. Se até mesmo em álbuns menos inspirados, como Reach for the Sky (1988) e Detonator (1990), a banda mostrou serviço, não seria diferente no melhor disco desde Invasion of Your Privacy. Stephen Pearcy continua sendo o vocalista fraco de sempre (quem é fã do Ratt nunca se importou com isso), mas é a cara da banda e define sua sonoridade. Bobby Blotzer sempre foi um bom baterista; Robbie Crane não traz os backing vocals do velho Juan Croucier, mas se garante no baixo; e Carlos Cavazo (ex-Quiet Riot) foi uma boa adição no lugar do falecido Robbin Crosby. Quanto a Warren DeMartini, é "apenas" um dos melhores guitarristas de sua geração. Isso tudo resultou em um álbum sólido, calcado em um hard inegavelmente com a cara dos anos 1980, com muitos lampejos de um heavy metal mais tradicional. Minha favorita é o pataço "Eat Me Up Alive", mas outros momentos também são bastante empolgantes, como "Last Call" e seu belo solo em dueto, "Best of Me", que lembra o Van Halen dos primórdios, "A Little Too Much" e "Lost Weekend". Aguardo críticas, mas já estou feliz por este álbum ter dado as caras por aqui.
Fernando: Prevejo manifestações na linha de “banda farofa dos anos 1980 aparecendo em 2010, que absurdo, blablabla”. Porém, independentemente de ser ou não um lançamento com cheiro de naftalina, é divertido. Não chega a ser um Invasion of Your Privacy, mas vai soar ótimo tocando naquele seu churrasco de sábado à tarde.
Flavio: O Ratt de volta em 2010, com seu hard rock farofa retrô. Bem calcado no estilo, há boas composições, como a faixa abertura e "Don't Let Go", além de ótimas participações dos guitarristas Warren DeMartini e o ex-Quiet Riot Carlos Cavazo, principalmente nos solos. Stephen Pearcy tem um vocal limitado, mas o timbre rouco é marcante e se encaixa na proposta. A cozinha faz o básico, sem destaques. A presença de coros nos refrãos remete novamente ao som característico de 30 anos antes. É um disco razoável, sem novidades para o estilo, e carece de um hit. Enfim, considero que havia coisa melhor para destacar mesmo nesse fraco ano de 2010.
João Renato: O melhor disco do Ratt desde Out of the Cellar (1984) – o que não é, necessariamente, um mérito. Boas músicas, melodias marcantes, ótima execução (não à toa, eles sempre estiveram entre os melhores instrumentistas do hard oitentista). Pena que a bagunça tomou conta logo a seguir e segue até hoje, com o grupo se tornando uma lavanderia pública.
Leonardo: Quando ninguém esperava mais nada do Ratt, a banda ressurgiu com um disco sensacional. Com uma sonoridade entre o heavy metal do Judas Priest e o hard rock californiano, a banda compôs um conjunto de canções vibrantes, fortes e marcantes! Da abertura com a rápida "Eat Me Up Alive", passando pelas excepcionais "A Little Too Much" e "Lost Weekend", tudo remete à fase clássica da banda e do estilo, com um trabalho de guitarras excelente de Warren DeMartini e Carlos Cavazo e refrãos memoráveis.
Mairon: Metal tradicional, bem tocado em alguns momentos ("Eat Me Up Alive", "Garden of Eden" e "Last Call") e com muitas faixas intragáveis ("A Little Too Much", "Look Out Below", "Lost Weekend" e por aí vai). A tentativa de emular Van Halen em "Best of Me" é uma piada mais sem graça que Zorra Total. Um disco farofento lançado totalmente fora de época. Não sei por que este disco está aqui... Ah sim, é metal...
Nilo: O primeiro LP deles é divertido, do segundo não me lembro de quase nada. Isso lá na década de 1980, quando eu nem era nascido. Agora, eleger algo assim pra 2010? Um hard genérico, com produção plástica tentando forjar peso e dar uma aparência repaginada? Em um cenário repleto de opções realmente novas, ou que ao menos tentam não se resumir a emular o passado? Curioso que usam o "argumento" de ctrl+c/ctrl+v contra o hip-hop, mas não percebem que ele também serve aqui; no entanto, enquanto DJs se dispõem a ouvir discos dos mais variados estilos, selecionam partes específicas e tentam dar um novo sentido às composições, o hard rock apenas se contenta em reutilizar dos mesmos esquemas de riffs, refrãos e escalas de guitarra que sempre estiveram na moda. Desculpem, respeito o apreço pela farofa, mas prefiro um bom churrasco. Não sei se tenho permissão para intimidades, mas meu sentimento foi esse.
Thiago: O Ratt é uma das bandas do hard oitentista das quais menos gosto. Exatamente pelas razões que estão neste álbum: apesar de bons refrãos, acho a voz de Stephen Pearcy insuportável e as composições, em geral, pouco inspiradas e muito semelhantes. Não é a minha mesmo. “A Little Too Much” é a melhor do disco para mim. No entanto, Ratt? Prefiro saltar.
Ulisses: Disco padrão de hard rock, com a ligeira vantagem de contar com um vocalista empolgado e uns solos de guitarra bem bons. É aquela coisa: enquanto tá rolando, é até agradável, mas depois que acaba não há vontade alguma de ouvir de novo.
Joanna Newsom - Have One on Me (25 pontos)
Alissön: Adoro o trabalho da Joanna e, mesmo que seus dois últimos discos de estúdio (este incluso) não sejam meus favoritos, ainda é uma experiência muito própria ouvir a epopeia que é Have One on Me, álbum triplo com 18 faixas. Mais diversificado que Ys (2006), mas ao mesmo tempo mais contido. Ao mesmo tempo em que aborda sonoridades folk norte-americanas, jazz e até gospel, Joanna faz uso mais reduzido de instrumentos, se comparado com toda a orquestração montada em Ys. Apesar da longa duração, é talvez o disco mais indicado para principiantes. Um pequeno adendo para a voz magnífica que essa mulher possui.
André: A única diferença para o anterior que apareceu nesta série é que agora são dois balões de gás hélio.
Bernardo: As duas horas de álbum não são tão coesas, em minha opinião, quanto os 55 minutos da obra-prima Ys, mas o folk indie-barroco-avant-garde com flertes de jazz e blues é quiçá aprimorado, mesmo que o resultado seja inferior. Joanna está ainda mais ousada, comparado com cantoras icônicas como Juddee Sill, Joni Mitchell e Laura Nyro. A instrumentação rica e a voz poderosa não me deixam discordar.
Christiano: Quando dei o play, fiquei animado com os vocais da moça, que me lembraram muito os da Kate Bush. A primeira faixa, “Easy”, é muito agradável, principalmente quando a banda toda entra, tornando as coisas mais interessantes. Infelizmente, os momentos preenchidos apenas por voz e harpa deixam o disco um pouco chato, assim como as faixas desnecessariamente longas. Com o tempo, a voz acaba ficando cansativa. Mas, no geral, é um álbum bem interessante. Achei bem melhor que o anterior, Ys.
Davi: A menina harpista que sonha em cantar como a Bjork volta a atacar. Agora ela está em um impasse. Não sabe se copia Björk ou Kate Bush. A menina resolveu "ousar": copiou as duas. Os arranjos continuam misturando elementos folk com elementos Disney, o que seria até interessante ouvir, principalmente nesta época do ano. O grande problema é a duração. Duas horas de um disco desses é extremamente cansativo. Tenho minhas dúvidas se ela própria aguenta ouvir sua voz (chatinha pra dedéu, por sinal) por duas horas seguidas. Já não tinha morrido de amores por Ys e este realmente não mudou minha opinião. Aliás, só reforçou. Ela precisa aprender a fazer álbuns curtos (até 40 minutos) e, de preferência, instrumentais.
Diogo: Joanna Newsom permanecerá como uma das adições mais peculiares a esta série, tanto por Ys quanto por Have One on Me. Apesar de ser bem mais longo, o disco da vez permite-se ouvir com menos surpresas. Talvez seja o fato de já ter travado contato com seu trabalho, ao contrário da outra vez, talvez seja o fato de Joanna estar mais contida, usando sua voz de maneira mais harmoniosa com o instrumental sutil, sem sobressaltos. Não é o tipo de material que costumo ouvir, mas criticá-lo seria leviandade. Joanna sabe o que faz e é competente nisso.
Fernando: Algumas vezes eu me pergunto se o pessoal realmente ouve as coisas que enviam para a série. Porque, sinceramente, é difícil imaginar alguns daqui pensando “agora vou ouvir duas horas daqueles disco da mocinha com voz fanha que toca harpa”. Ouvir uma vez, por curiosidade, ou do mesmo jeito que fiz, por indicação, até entendo. Mas não acredito que alguém tenha este álbum como um preferido.
Flavio: É o segundo disco da musicista Joanna Newsom que avalio por aqui. Novamente, não vou concordar com a escolha, pois, apesar do toque interessante da harpa de Joanna, o álbum cansa rapidamente, carece de cadência, é muito lento. O toque interiorano da voz de Joanna está nova e fortemente presente, o que não dá frescor ou ritmo, e embora eu tenha achado um pouco melhores as composições deste em relação ao aclamado Ys, de 2006, não dá para aturar 124 minutos dessa monotonia que parece nunca acabar. Desculpem-me, prefiro um bom som do velho rock 'n' roll, de preferência com um belo som de bateria para ajudar. Passo!
João Renato: Tem valor, mas é longo demais para meus padrões roquistas de assimilação.
Leonardo: Tortura ouvir isso até o fim... A cantora tem uma voz irritante, e as músicas, ora folk, ora jazz, têm arranjos vergonhosos... Como isso veio parar aqui?
Mairon: O grande defeito deste álbum é que ele tem mais de duas horas de duração, e, convenhamos, aguentar duas horas de miaçada desafinada é para poucos. Em comparação com Ys, que entrou na edição dedicada a 2006, percebo que há uma evolução musical, com canções mais próximas do pop, principalmente pelo maior destaque do piano e da bateria, e a diminuição da participação da harpa. Por outro lado, a voz de Joanna piorou demais. Se já era difícil ouvi-la anteriormente, aqui a coisa degringola de vez. Cara, ouvir "Good Intentions Paving Company" me remeteu a alguma versão musical de "Alvin e os Esquilos". Não gostei, me desculpem.
Nilo: A recepção a Ys (2006) por aqui foi até positiva, mas confesso que não esperava vê-la novamente aqui – fico contente de ter errado. Mais um belo capítulo na discografia irretocável da moça, esta odisseia confirma, mais uma vez, seu potencial como compositora, letrista e intérprete – novamente afirmo: Joanna não deve NADA para qualquer medalhão do folk. Sua voz pode não ser simpática em uma primeira ouvida, mas quem consegue relevar o estado atual de um Axl Rose ou Sebastian Bach certamente tem força de vontade o suficiente para se acostumar. Que me perdoem os fãs do saudoso George Harrison, mas este é, tranquilamente, o melhor disco triplo já lançado.
Thiago: Eita, que diabos é isso? Essa moça é resultado de um cruzamento cósmico entre Kate Bush, Joni Mitchell, Minnie Riperton e Björk? Que coisa incrível e que lindo disco. Eu não conhecia essa artista e agradeço àqueles que a colocaram em suas listas. Ótimo trabalho e bem original. A harpa faz uma diferença danada aqui.
Ulisses: Tentarei não reclamar muito da longa duração porque, com seis faixas em cada CD, dá para separar a audição em três momentos diferentes. Musicalmente, tem uma diversidade menor de instrumentos, arranjos um pouco mais simples, o que não necessariamente se traduziu em grande diferença comparado a Ys. É uma audição agradável, o estilo da moça continua sendo interessante, mas não é nada particularmente cativante.
Listas individuais
Alissön Caetano Neves
- Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy
- Deathspell Omega – Paracletus
- Trent Reznor & Atticus Ross – The Social Network
- Flying Lotus – Cosmogramma
- The Roots – How I Got Over
- Alcest – Écailles de Lune
- Nails – Unsilent Death
- Triptykon – Eparistera Daimones
- Swans – My Father Will Guide Me Up a Rope to the Sky
- Atheist – Jupiter
André Kaminski
- Witchery – Witchkrieg
- Accept – Blood of the Nations
- Morbid Carnage – Night Assassins
- Orden Ogan – Easton Hope
- Grave Digger – The Clans Will Rise Again
- Elvenking – Red Silent Tides
- Star One – Victims of the Modern Age
- Stam1na – Viimeinen Atlantis
- Sula Bassana – Kosmonauts
- Eric Bibb – Booker’s Guitar
Bernardo Brum
- Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy
- Arcade Fire – The Suburbs
- Gil Scott-Heron – I’m New Here
- The Black Keys – Brothers
- Joanna Newsom – Have One on Me
- LCD Soundsystem – This Is Happening
- Tame Impala – Innerspeaker
- The Roots – How I Got Over
- Flying Lotus – Cosmogramma
- Sufjan Stevens – The Age of Adz
Christiano Almeida
- Moon Safari – Lover’s End
- Roky Erickson with Okkervill River – True Love Cast Out All Evil
- Ghost – Opus Eponymous
- Anathema – We’re Here Because We’re Here
- Sharon Jones and the Dap-Kings – I Learned the Hard Way
- Bryan Ferry – Olympia
- Midlake – The Courage of Others
- Fish on Friday – Shoot the Moon
- Dungen – Skit i Allt
- Elton John/Leon Russell – The Union
Davi Pascale
- Avenged Sevenfold – Nightmare
- Black Country Communion – Black Country
- Accept – Blood of the Nations
- The Pretty Reckless – Light Me Up
- Taylor Swift – Speak Now
- Airbourne – No Guts, No Glory
- Reckless Love – Reckless Love
- H.E.A.T. – Freedom Rock
- Slash – Slash
- Ghost – Opus Eponymous
Diogo Bizotto
- Triptykon – Eparistera Daimones
- Ratt – Infestation
- Duran Duran – All You Need Is Now
- Mr. Big – What If…
- Accept – Blood of the Nations
- Lady Antebellum – Need You Now
- Deathspell Omega – Paracletus
- Ghost – Opus Eponymous
- Black Country Communion – Black Country
- Atheist – Jupiter
Fernando Bueno
- Ghost – Opus Eponymous
- Dirty Sweet – American Spiritual
- Iron Maiden – The Final Frontier
- Accept – Blood of the Nations
- Rotting Christ – Aaelo
- Kamelot – Poetry for the Poisoned
- Crashdïet – Generation Wild
- Black Country Communion – Black Country
- Triptykon – Eparistera Daimones
- Elton John/Leon Russell – The Union
Flavio Pontes
- Iron Maiden – The Final Frontier
- Allen/Lande – The Showdown
- Slash – Slash
- Armored Saint – La Raza
- Masterplan – Time to Be King
- Scorpions – Sting in the Tail
- Avenged Sevenfold – Nightmare
- Ozzy Osbourne – Scream
- Y&T – Facemelter
- Accept – Blood of the Nations
João Renato Alves
- Accept – Blood of the Nations
- Crazy Lixx – New Religion
- Treat – Coup de Grace
- Pretty Maids – Pandemonium
- H.E.A.T. – Freedom Rock
- David Rock Feinstein – Bitten By the Beast
- Black Country Communion – Black Country
- White Widdow – White Widdow
- Broken Teeth – Viva la Rock Fantastico
- John Norum – Play Yard Blues
Leonardo Castro
- Ghost – Opus Eponymous
- Accept – Blood of the Nations
- Overkill – Ironbound
- Crashdïet – Generation Wild
- Ratt – Infestation
- Death Angel – Relentless Retribution
- Crazy Lixx – New Religion
- Watain – Lawless Darkness
- Triptykon – Eparistera Daimones
- H.E.A.T. – Freedom Rock
Mairon Machado
- Black Country Communion – Black Country
- Eli Degibri – Israeli Song
- Premiata Forneria Marconi – A.D. 2010 – La Buona Novella
- Robert Plant – Band of Joy
- Keith Jarrett/Charlie Haden – Jasmine
- Vitor Ramil – Délibáb
- Frogg Café – The Bateless Edge
- Orphaned Land – The Never Ending Way of ORWarriOR
- Elton John/Leon Russell – The Union
- Swans – My Father Will Guide Me Up a Rope to the Sky
Nilo Vieira
- Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy
- Deathspell Omega – Paracletus
- Joanna Newsom – Have One on Me
- Janelle Monáe – The Archandroid
- Flying Lotus – Cosmogramma
- Chuck Person – Chuck Person’s Eccojams
- Arcade Fire – The Suburbs
- Beach House – Teen Dream
- Oneohtrix Point Never – Returnal
- The National – High Violet
Thiago Sarkis
- Pain of Salvation – Road Salt One
- Spiritual Beggars – Return to Zero
- Mekong Delta – Wanderer on the Edge of Time
- Anathema – We’re Here Because We’re Here
- Ihsahn – After
- Broken Bells – Broken Bells
- Orphaned Land – The Never Ending Way of ORWarriOR
- Grand Magus – Hammer From the North
- Lady Antebellum – Need You Now
- Atheist – Jupiter
Ulisses Macedo
- 放課後ティータイム - 放課後ティータイムII
- Shaman – Origins
- Seven Kingdoms – Seven Kingdoms
- Accept – Blood of the Nations
- Ghost – Opus Eponymous
- Blaze Bayley – Promise and Terror
- Capsule – Player
- Therion – Sitra Ahra
- Kalafina – Red Moon
- Girls Dead Monster – Keep the Beats!