terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Melhores de 2017

Ouvi quase uma centena de lançamentos este ano, alguns horríveis, outros excelentes. Foi difícil compilar apenas 10 aqui para vocês leitores, mas enfim, aí vão aqueles que julgo serem os dez melhores discos de 2017 (e uma menção honrosa). Sendo que desta feita, não irei trazer questões como pontos positivos ou negativos, me focando apenas nos álbuns.

Black Country Communion - BCCIV

Confesso que eu achava que o BCC não ia mais se reunir. Depois das pequenas brigas internas, da dissolução do California Breed e de Glenn Hughes fortalecendo sua carreira solo, eu esperaria que cada membro da banda seguisse seu destino, e pronto. Mas os caras surpreenderam todo mundo, e lançaram mais um álbum magistral. Peso em "Sway", com ótima participação dos teclados de Derek Sherinian, velocidade em "Awake", hard pegado em "The Crow", com um belo solo de baixo e órgão, tudo soando encaixado e perfeito. Há algumas canções surpreendentes, como a soturna "The Cove" e a leve "Over My Head", bem como a longa "Wanderlust", que ganharam um ar "pop" por conta dos teclados, mas nada que as torne ruins. Hughes rasgando a voz em "Collide", Joe Bonamassa fazendo estripulias com a guitarra na ótima "The Last Song for My Resting Place", a qual também emociona com sua voz e o violão, e Jason Bonham cada vez mais aperfeiçoando-se na batida que está impregnada em seu DNA. Falando em Led, quem que não imagina "The Wanton Song" quando começa "Love Remains"? Claro que a música não tem nada a ver com o clássico Zeppeliano, mas o riff é muito parecido. E que combinação arrepiante é a voz de Hughes com o piano e o violão em "When the Morning Comes"! A versão em vinil ainda conta com outra bela canção, "With You I Go", um bom presente aos fãs. Uma união de monstros da música, e que merece a primeira posição com méritos. Hughes está vindo ao Brasil para desfilar os clássicos do Purple em várias cidades, mas como seria bom vê-lo em ação com a BCC. Tomara que um dia venham aqui, e que continuem relevando as brigas para criar obras atemporais como BCCIV.


Rikard Sjöblom's Gungfly - On Her Journey To The Sun

O final do Beardfish causou algumas feridas que pareciam incuráveis para os fãs dos suecos. Porém, o líder da Banda, Rikard Sjöblom, agregou-se ao Big Big Train e manteve seu trabalho junto ao Gungfly. E é com este último que o espírito do Beardfish sobrevive. Apesar de não ser um disco totalmente conceitual, algo tradicional na sua antiga banda, isso é a única coisa que um xiita pode reclamar no que ficou registrado em On Her Journey to the Sun. Afinal, tudo o mais é sensacional. Rikard trouxe sua marca mais uma vez, evidenciando influências de diversos gigantes progressivos, como Focus ("Keith (The Son of Sun)"), Genesis ("Of the Orb"), Gentle Giant ("If You Fall Part I"), Yes ("My Hero" e "Old Demons Die Hard") e Renaissance ("Over My Eyes"). Além disso, há uma modernização no som que o gordinho faz, principalmente na faixa-título, e uma mostra muito grande do talento individual de Rikar, seja nos teclados, seja na guitarra, no baixo ou até mesmo no acordeão. Destaques para a viajante suíte “The River of Sadness”, a linda "He Held an Axe", com uma melodia emocionante, e a fenomenal "Polymixia", uma jornada instrumental de insaciáveis doze minutos, repletos de variações, para colocar On Her Journey to the Sun no pódio da minha lista. Essencial para quem curte um prog rock atual, e o comentei um pouco mais sobre ele aqui.


Styx - The Mission
Depois de 14 anos sem lançar material inédito, o grupo Styx resolveu sacudir a poeira, e motivou seus fãs a criarem enorme expectativa quanto ao seu primeiro disco de estúdio dessa década. Diversas postagens e entrevistas diziam que The Mission seria um álbum conceitual, e como a banda sempre foi especialista em fazer álbuns conceituais (vide Paradise Theater, Kilroy Was Here e The Grand Illusion, por exemplo), era inegável que o que viria em 2017 só podia ser de alta qualidade. E assim o é. O melhor de tudo nesse álbum é que parece que voltamos aos aos 70, e estamos ouvindo o Styx em sua melhor fase. Logo de cara, após a vinheta "Overture" (há mais duas vinhetas em The Mission, as quais são "Ten Thousand Ways" e "All Systems Stable"), somos levados pelo rockzão de "Gone Gone Gone". Quer balada típica do Styx, então segura a emocionante "Locomotive" ou a estonteante "The Greater Good", onde a voz de Lawrence Gowan, em duelo com Tommy Shaw, lembra muito a de Dennis DeYoung. Gowan, que aliás, dá um espetáculo solo ao piano em "Khedive", linda faixa para relembrar peças como "Clair de Lune". Junto com isso, tudo aquilo que caracterizou a banda, sejam grandes vocalizações, excelentes arranjos, produções fenomenais, estão presentes em The Mission. Algumas faixas soam imponentes, tais como em "Hundred Million Miles from Home", "Time May Bend", "The Outpost" e a épica "Red Storm", forte candidata a melhor do disco (só o dedilhado de violão dessa música já vale umas 4 posições na lista de melhres). Outras soam como o velho Styx em ação, na voz debochada de James Young em "Trouble at the Big Show", nas vocalizações de "Mission to Mars" ou quando o hammond é a força propulsora de "Radio Silence". Forte candidato a melhor disco da banda desde o seu retorno, e fácil um Top 3 de 2017.


Roger Waters - Is this the Life We Really Want?



Um disco que foi muito ouvido por mim esse ano é este Is this the Life We Really Want?, de Roger Waters. Para quem é fã de Pink Floyd, é uma nostalgia revisitada de várias fases da banda, sem soar como um caça-níqueis. É muito difícil não se envolver sentimentalmente com faixas como "Broken Bones", "Déjà Vu", “The Last Refugee”, “The Most Beautiful Girl” e "Wait for Her", para quem aprecia a fase The Final Cut/Pros and Cons of Hitch-hiking, ou a faixa-título, "Bird in a Gale”, "Smell the Roses" e “Picture That” para quem é mais do período Wish You Were Here/Animals. Letras poderosas, melodias envolventes, canções marcantes e a certeza de que Waters ainda é capaz de criar música de alta qualidade. Waters está vindo ao Brasil em 2018, já estou com o ingresso comprado, e a certeza de que será mais um espetáculo inesquecível para todos aqueles que sabem apreciar sua obra. Outro álbum que também fiz questão de comentar mais para vocês, aqui.



U2 - Songs of the Experience

Ansiedade predominava pelo novo lançamento do U2. Sempre é uma surpresa o que os irlandeses fazem, e não foi diferente dessa feita. Songs of the Experience é mais um disco que deverá ser absorvido aos poucos. As canções tem muitos elementos de experimentação, como os eletrônicos de "Get Out of Your Own Way", e os teclados/pianos em "Love Is All We Have Left", "Love Is Bigger Than Anything in Its Way" e "The Little Things That Give You Away". Claro, também há aquelas faixas para os fãs cantarem o refrão em plenos pulmões, "Red Flag Day", "You're the Best Thing About Me", e aquelas que soam descoladas das demais, mas que as audições subsequentes fazem da mesma uma boa canção, no caso "Landlady" e "Summer of Love" Me trouxe lembranças da tríade Achtung Baby - Zooropa - Pop, com elementos de No Line on the Horizon, mas no fim das contas, é o U2 criando outro álbum fundamental e digno de sua discografia. Alguns falam que o U2 virou cópia de si mesmo, que virou inferior as bandas que ele influenciou, mas é tudo balela. "Lights of Home" ganha disparada a posição de melhor música do disco, seguida por "The Blackout", "13 (There is a Light)" e a dançante "American Soul", a qual poderia facilmente ter estado nos discos da tríade que citei acima. E que coisa bem bonitinha é essa "The Showman (Little More Better)", cada vez ganhando mais pontos comigo. O U2 continua tão importante quanto o foi nos anos 80, 90 e 2000, e se adaptando ao mercado sempre de forma positiva para quem está com os ouvidos abertos ao que Bono e cia. é capaz de criar. Fizemos um Test Drive com o disco aqui, e mesmo que o pessoal tenha malhado, não vá pensando que eles tem razão.


Black Pussy - Power




Quando ouvi esse disco pela primeira vez, logo de cara percebi que ele estaria na minha lista de melhores de 2017. Foi um dos álbuns que mais ouvi esse ano, muito em virtude de um som psicodélico altamente alucinógeno, pegado, com grudentas frases de guitarra e vocais, mas também com suas várias fontes de inspirações no hard setentista. As faixas te deixam em êxtase, com vontade de sair pulando pela casa e curtindo o rock 'n' roll de primeira que sai das caixas de som, em especial "Girlfriend", "Full Tilt Boogie", "Parasols", "Take You There", e o petardo "Home Sweet Home", uma sonzeira que sintetiza a psicodelia e o hard com perfeição. Ainda por cima, entrevistei Dustin Hill, o líder dos americanos, em uma entrevista muito legal. Quer mais?





Tuber - Out Of The Blue
Quando ouvi o disco Out of the Blue, jurei que estava sendo captado por algum prédio de festas de Manchester. O som post-punk é muito forte, só que com o passar da primeira música, você percebe que ali há uma novidade, e que os "ingleses" na verdade é um quarteto grego, que está em ação desde 2010. Os caras misturam eletrônicos e peso sem piedade, e isso é o principal no Tuber, como atestam "Cat Class" e "Moon Rabbit", faixas que vão deixar-te encucado com o que está sendo criado ali. Esse é o segundo álbum do grupo, perfeito para quem aprecia grupos como Smiths ou Joy Division, mas com um detalhe, tudo instrumental, e com fortes pitadas de Stoner. Curti muito ouvir Out of the Blue, principalmente " Luckily Dead", "Noman", "Russian" e a faixa-título. Para ser surpreendido, e conquistar o Top 10 da minha lista.


Supersoul - Faith Bender
Ouvi o Supersoul na finaleira do ano, bem daquelas do sem queres. Estava ocupado no trabalho, e não tinha percebido que tinha deixado o youtube selecionado no modo reprodução automática. Depois de curtir uma das minhas bandas preferidas de 2015 (Naxatras), entrou um riffzão setentista, uma voz carregada de efeitos e uma sonzeira animalesca. Meus ouvidos começaram a vibrar na frequência daquele som, e tive que parar o que estava fazendo para conferir o que era. Supersoul é outro power trio da Grécia, e nesse seu álbum de estreia, entrega aos fãs um som sujo, pesado, e repleto de energia. São 14 faixas, que fazem você sair de uma pancada violenta ("Faith Bender", "Freedom Prayer", "Mind Me When I'm Gone" e "The Manipulator") para faixas dançantes ("Gold") e até blues ballad hardona ("Came Back To Moscow"). "Blackhorse", "Jacob Williams" e "The Torment" soam modernas, mezzo White Stripes, mas ao mesmo tempo tem aquela veia de antiguidade, que agrada fácil. Como resistir as vocalizações do refrão de "Sea Of Tears"? Ainda temos espaço para a experimentação de "Carve My Stone", o blues elétrico "Wrong Side Of Suicide", a delicadeza de "Divine", enfim. Ótimo disco, e vida longa para o Supersoul. Ah, não engane-se com a capa, o álbum não é nada careta.


Electric Octopus - Driving Under The Influence Of Jams
Ano passado, o Electric Octopus entrou na minha lista de Melhores de 2016 com um álbum de uma hora e dez minutos, tendo apenas três canções. Pois em 2017, eles conseguiram fazer algo ainda melhor, mais delirante, e confesso, para poucos. Afinal, os caras vieram com uma fome do cão, e deixaram-se viajar por suas inspirações mais diversas para criar um álbum de 3 horas e 54 minutos somente de improvisos longos, viajantes, ácidos, chapantes, tudo o que você precisa para ficar naquele "barato" sem usar nenhum alucinógeno além da música. São nove faixas onde baixo e bateria (e camadas de teclados) criam a base para a guitarra de Tyrell Black ressonar maravilhosamente nas caixas de som. É voltar ao tempo dos longos improvisos de nomes como Grateful Dead, Allman Brothers, Canned Heat, e por aí vai. Um dos grandes momentos, para os mais chegados, é quando a base de "Walk on the Wild Side" (Lou Reed) surge para guiar as explorações de guitarra em "New Jam #2". Obviamente que um álbum dessa duração não é comum, e o mesmo foi lançado somente para download, mas olha, você não irá desperdiçar quatro horas ouvindo esse petardo. Pelo contrário, vai ver como ainda há músicos capazes de, com muita inspiração, usufruir de uma boa e bela jam. Aproveito também para indicar os outros três discos lançado pelo trio esse ano, Chaotic Wavemaker, Iliudi e Smokyhead, ambos igualmente acachapantes.



Universal Hippies - Dead Hippie's Revolution



Terceira banda grega, e essa segue os moldes clássicos do Stoner. Canções instrumentais, arrastadas, com solos de guitarra chapantes e muita viagem lisérgica. O que chama a atenção, além da mentalidade Stoner, é a influência hard rock, explícita nos riffs de guitarra e nos solos talhados a martelo para satisfazer os ouvintes. Procurem as faixas "Holy Slave", "Mariner's Dream", "Mountain", ou melhor, procure ouvir todo o álbum. Mais uma bela banda saindo da Terra de Zeus.


Menção honrosa

Robert Plant - Carry Fire


Cada novo lançamento da carreira de Plant mostra como o eterno vocalista do Led Zeppelin se reinventou de tal forma com o passar do tempo e continua capaz de alegrar os ouvidos dos fãs dos britânicos. Ouvi Carry Fire muito recentemente (o disco saiu em outubro) e por isso, não consegui colocá-lo numa posição acima dos demais, apesar de ele ter ficado um tempo nas minhas preferências. Nesse álbum, Plant buscou influências no seu passado hippie, e entregou canções belíssimas, tais como "New World" e o climão oriental da faixa-título. Temos a participação especial de Chrissie Hynde na viagem "Bluebirds Over the Mountain", e o som da The Sensational Space Shifters, que novamente acompanha Plant, com os elementos acústicos sensacionais, sendo o viola de Seth Lakeman e os violões de Justin Adams outras grandes atrações. Para quem curte Led Zeppelin III, "The May Queen" e "Carving Up the World Again... A Wall and Not a Fence" são uma macarronada com molho de calabresa, e "Season's Song" leva o prêmio de melhor canção de Carry Fire lindíssima e viajante através da voz de Plant. Belo disco, que merece ainda mais audições.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Caravela Escarlate - Caravalea Escarlate [2017]



No dia 30 de novembro, o grupo carioca Caravela Escarlate arrebatou os corações e ouvidos dos proggers brazucas - e por que não, mundiais - com seu segundo álbum, auto-intitulado. O trio, formado por Ronaldo Rodrigues (teclados), David Paiva (baixo, violões, guitarras, voz) e Elcio Cáfaro (bateria) já vinha divulgando, em seu blog oficial, o processo de gravação desse disco, feito no Estúdio Mata (Niterói, RJ). A expectativa de um belo trabalho, principalmente por que as bases das oito canções foram registradas ao vivo em estúdio, foi confirmada positivamente com um registro sensacional e criativo, que estabelece a Caravela como um dos grandes nomes do cenário progressivo nacional.

Das oito faixas, duas são instrumentais, "Atmosfera" e "Cosmos". A primeira é uma experiência sonora sensacional, com Ronaldo fazendo misérias em seu sintetizador, muito bem acompanhado pela veloz e sacolejante cozinha da Caravela. A segunda é um tour-de-force de 8 minutos, no qual baixo, sintetizadores e bateria se unem para encantar os ouvintes, com um riff grudento que se repete diversas vezes, e um andamento perfeito para viajarmos ao longo de uma audição fantástica. O que David faz com o baixo no final da mesma, é de comer o chapéu.

Caravela em estúdio

Nas faixas com letras, todas a cargo de David, a suíte "Planeta-Estrela" destaca-se pelos seus imponentes 11 minutos e 30 segundos de muita pegada, com um andamento que nos lembra "Yours is no Disgrace" (Yes) em seu início, e que tem vários trechos com fortes referências ao grupo britânico. Da duração total, apenas três minutos possui letra, que em parceria com Tadeu Filho, ex-batera do grupo, mantém o climão viajante e a alta melodia/composição no mesmo nível. Mais de cinquenta por cento (exatamente os seis minutos iniciais) são um delírio instrumental, e os dois últimos minutos, também instrumentais, são dedicados ao lindo solo de Hammond. É fácil uma das melhores de Caravela Escarlate.

Também gostei do climão Terçiano de "Um Brilho Frágil No Infinito", seja pelos vocais de David, pelos violões e pela magistral presença do moog e do mellotron. As influências de O Terço também estão presentes na pegada de "Futuro Passado", outra boa faixa do material aqui vos apresentado.

Caravela ao vivo

A introdução de "Gigantes da Destruição" é muito bonita, e o excelente trabalho de baixo feito no trecho central da canção, em uma escala complicada que exige muita competência para executá-la, complementada por lindas camadas de mellotron. O baixão de David também é uma das atrações na faixa "Caravela Escarlate", junto da ótima linha percussiva de Elcio e a boa presença do moog.

Somente "Toque as Constelações" não me agradou, talvez por conta de que me trouxe lembranças de faixas dos anos 80, de grupos que não são muito minha preferência musical. Mas não posso deixar de destacar novamente outra participação interessante do moog, lembrando Wakeman em seus momentos de "suavidade".

A produção de Sergio Filho auxilia bastante na audição, já que cada instrumento ficou bem destacado, e a linda imagem da Caravela que estampa a capa ficou a cargo de Fábio Gracia. Uma viagem aos anos 70 em uma máquina do século XXI, para apaixonados e seguidores do rock progressivo. Sucesso ao pessoal, e que aportem sua caravela nos mares e rios do Sul em breve.
Capa e contra-capa do CD


Track list

1. Um Brilho Frágil No Infinito
2. Caravela Escalarte
3. Atmosfera
4. Gigantes da Destruição
5. Toque as Constelações
6. Futuro Passado
7. Cosmos
8. Planeta-Estrela

sábado, 16 de dezembro de 2017

UFO e Os Anos na Chrysalis - Parte III (The Complete Studio Albums 1974-1986) [2013]




O último lançamento a ser resenhado aqui é talvez o mais valioso. Afinal, são dez CDs no box The Complete Studio Albums 1974-1986, cobrindo desde Phenomenon (1974) até Misdemeanor (1986). Cada CD é dedicado para um dos álbuns de estúdio lançados nesse período, e portanto, não temos Strangers in the Night entre eles.

Além disso, os CDs estão "empacotados" em envelopes que imitam o vinil (o tradicional Mini-CD), sem encarte nenhum acompanhando qualquer CD, ou mesmo algum material extra (livreto, fotos, letras, etc) no box. Apenas os 10 CDs em uma caixa única e pronto. Mas e daí, se não tem nenhum mimo, musicalmente vale a pena pegar esse box? Bom, no geral, sim, vale, por que ele traz muitas novidades em relação aos outros dois boxes já resenhados aqui.

A caixa com dez CDs abordada nesta resenha

No CD 1, com o álbum Phenomenon, os bônus são "Sixteen" e "Oh My" em versões demo. "Sixteen" é uma faixa que ficou de fora de Phenomenon, e totalmente rara na discografia da banda. Ela teve uma versão inicial gravada pelo guitarrista Bernie Marsden (aquele do Whitesnake), que é a versão demo citada anteriormente. A versão final, já com Schenker nas seis cordas, e que acabou não sendo incluída em Phenomenon, também está nesse CD. Complementam os bônus do CD "Give Her the Gun" e "Sweet Little Thing", nas mesmas versões do primeiro box resenhado aqui.

No CD 2, com Force It, os bônus são a inédita "A Million Miles" e versões ao vivo para "Let It Roll" e "This Kid's". As datas e os locais das gravações dessas faixas não consta no box. O CD 3 apresenta No Heavy Petting, e como bônus, as cinco canções que o grupo gravou na época de No Heavy Petting para o que seria o próximo álbum, mas que não chegaram a ser lançadas, as quais são a cover de "All Or Nothing" (original do Faces) junto de "French Kisses", "Have You Seen Me Lately Joan", "Tonight Tonight" e "All The Strings".

Os 10 CDs, no formato mini-vinil

O CD 4, trazendo Lights Out, os bônus são faixas de uma apresentação no Roundhouse de Londres, em 1976, as quais são "Lights Out", "Gettin' Ready", "Love to Love" e "Try Me". Já o CD 5, encerrando a fase Schenker com Obsession, versões ao vivo de "Hot 'N' Ready", "Pack It Up (And Go)", ambas do show de Columbus, Ohio, em 17 de outubro de 1978, e "Ain't No Baby", do show de Kenosha, Wisconsin, em 14 de outubro de 1978.

Com o CD 6, entramos na década de 80 e o álbum No Place To Run, o primeiro sem Schenker. As bônus aqui são uma versão alternativa de "Gone In The Night" e os registros ao vivo de "Lettin' Go", "Mystery Train" e "No Place To Run", todas da apresentação da banda no Marquee de Londres em 16 de novembro de 1980. Para o CD 7, trazendo The Wild, The Willing And The Innocent, as bônus são versões ao vivo de "Long Gone", "Lonely Heart" e "Makin' Moves". No CD 8, o álbum Mechanix surge na íntegra, com os bônus sendo "Heel of a Stranger", que ficou de fora da versão original, as versões ao vivo de "We Belong to the Night" e "Let It Rain", registradas em Oxford no dia 25 de março de 1983, e ainda "Doing It All for You", capturada ao vivo na passagem de som do show no The Birmingham Odeon, um dia depois.

Os boxes aqui apresentados nessa pequena série
Por fim, o CD 9, com o álbum Making Contact, os bônus são o lado B "Everybody Knows" (B-side do single de "When It's Time to Rock") e as faixas ao vivo "When It's Time To Rock" e "Blinded By A Lie", registradas nos shows de Oxford e Birmingham citados no CD 8. E no CD 10, dedicado ao álbum Misdemeanor, as bônus são "The Chase", B-side do single "This Time", e os remixes americanos para "Night Run", "This Time", "Heavens Gate", "Name Of Love", "One Heart" e "Blue".

Bom, esses são todos os bônus da caixa, que além deles, como dito, traz os outros dez álbuns em suas totalidades. Massssssss, é necessário alertar que há ainda uma pequena "falha" no box. Apesar das bônus serem inéditas em relação aos boxes anteriores, elas não são totalmente inéditas. Os únicos bônus totalmente inéditos são as versões ao vivo de "Long Gone", "Lonely Heart" e "Makin' Moves", do CD 7, e as versões remixes americanas de "Name Of Love", "One Heart" e "Blue", do CD 10.

Formação clássica dos anos 70:
Phil Mogg, Michael Schenker, Paul Raymond, Pete Way e Andy Parker

 A maioria delas já havia aparecido nos relançamentos em CD dos seus respectivos álbuns, feitos pela Chrysalis entre 2007 e 2009, ou então como extras das versões nipônicas, as quais são "Heel of a Stranger" e "Everybody Knows", de Mechanix e Making Contact respectivamente (e "Everybody Knows" no referido single). Ainda, para os completistas, o relançamento exclusivo em CD de Phenomenon tem "Doctor Doctor", registrada ao vivo em 06 de junho de 1974, e o de Force It ainda conta com "Mother Mary", "Out in the Street" e "Shoot Shoot", sem data ou local de gravação. Ou seja, mesmo com esse box de 10 CDs, e os dois boxes anteriores, você ainda não terá todo o material do UFO oficialmente lançado pela Chrysalis. Cabe a você julgar se vale a pena buscar essas versões individuais ou não por quatro músicas.

De qualquer forma, a Chrysalis fez essa coleção realmente para fãs e pessoas que querem conhecer os ingleses, e de forma geral, pelo preço que chegou ao mercado, muito bem acessível, é uma aquisição que julgo muito apropriada, ainda mais que estamos nessa fase de comemorações de fim de ano, com presentes de Natal e amigos-secretos.

Formação clássica dos anos 80:
Neil Carter, Paul Chapman, Phil Mogg, Pete Way e Andy Parker

Track list

CD 1 Phenomenon
1 Oh My
2 Crystal Light
3 Doctor Doctor
4 Space Child
5 Rock Bottom
6 Too Young To No
7 Time On My Hands
8 Built For Comfort
9 Lipstick Traces
10 Queen Of The Deep
11 Sixteen (Demo)
12 Oh My (Demo)
13 Give Her The Gun (A-side)
14 Sweet Little Thing (B-side)
15 Sixteen (Non-album Outtake)

CD 2 Force It
1 Let It Roll
2 Shoot Shoot
3 High Flyer
4 Love Lost Love
5 Out In The Street
6 Mother Mary
7 Too Much Of Nothing
8 Dance Your Life Away
9 This Kid's (Including 'Between The Walls')
10 A Million Miles
11 Let It Roll (Live)
12 This Kid's (Live)

CD 3 No Heavy Petting
1 Natural Thing
2 I'm A Loser
3 Can You Roll Her
4 Belladonna
5 Reasons Love
6 Highway Lady
7 On With The Action
8 A Fool In Love
9 Martian Landscape
10 All Or Nothing
11 French Kisses
12 Have You Seen Me Lately Joan
13 Tonight Tonight
14 All The Strings

CD 4 Lights Out
1 Too Hot To Handle
2 Just Another Suicide
3 Try Me
4 Lights Out
5 Gettin' Ready
6 Alone Again Or
7 Electric Phase
8 Love To Love
9 Lights Out (Live)
10 Gettin' Ready (Live)
11 Love To Love (Live)
12 Try Me (Live)

CD 5 Obsession
1 Only You Can Rock Me
2 Pack It Up (And Go)
3 Arbory Hill
4 Ain't No Baby
5 Lookin' Out For No. 1
6 Hot 'N' Ready
7 Cherry
8 You Don't Fool Me
9 Lookin' Out For No. 1 (Reprise)
10 One More For The Rodeo
11 Born To Lose
12 Hot 'N' Ready (Live)
13 Pack It Up (And Go) (Live)
14 Ain't No Baby (Live)

CD 6 No Place To Run
1 Alpha Centauri
2 Lettin' Go
3 Mystery Train
4 This Fire Burns Tonight
5 Gone In The Night
6 Young Blood
7 No Place To Run
8 Take It Or Leave It
9 Money Money
10 Anyday
11 Gone In The Night (Alt Version)
12 Lettin' Go (Live)
13 Mystery Train (Live)
14 No Place To Run (Live)

CD 7 The Wild, The Willing And The Innocent
1 Chains Chains
2 Long Gone
3 The Wild, The Willing And The Innocent
4 It's Killing Me
5 Makin' Moves
6 Lonely Heart
7 Couldn't Get It Right
8 Profession Of Violence
9 Long Gone (Live)
10 Lonely Heart (Live)
11 Makin' Moves (Live)

CD 8 Mechanix
1 The Writer
2 Somethin' Else
3 Back Into My Life
4 You'll Get Love
5 Doing It All For You
6 We Belong To The Night
7 Let It Rain
8 Terri
9 Feel It
10 Dreaming
11 Heel Of A Stranger
12 We Belong To The Night (Live)
13 Let It Rain (Live)
14 Doing It All For You (Soundcheck)

CD 9 Making Contact
1 Blinded By A Lie
2 Diesel In The Dust
3 A Fool For Love
4 You And Me
5 When It's Time To Rock
6 The Way The Wild Wind Blows
7 Call My Name
8 All Over You
9 No Getaway
10 Push, It's Love
11 Everybody Knows (B-side)
12 When It's Time To Rock (Live)
13 Blinded By A Lie (Live)

CD 10 Misdemeanor
1 This Time
2 One Heart
3 Night Run
4 The Only Ones
5 Meanstreets
6 Name Of Love
7 Blue
8 Dream The Dream
9 Heavens Gate
10 Wreckless
11 The Chase (B-side)
12 Night Run (US Remix)
13 This Time (US Remix)
14 Heavens Gate (US Remix)
15 Name Of Love (US Remix)
16 One Heart (US Remix)
17 Blue (US Remix)

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Cinco Discos Para Conhecer: A Obra O Pedro E O Lobo




Em 1936, o compositor russo  Sergei Prokofiev, com o objetivo de ensinar às crianças as diferentes sonoridades dos instrumentos de uma orquestra, criou uma peça teatral chamada O Pedro e o Lobo.
Essa peça, de aproximadamente 25 minutos, tornou-se essencial e clássica no mundo da música, servindo de formação musical para uma infinidade de artistas consagrados. Muitos deles, como forma a homenagear a historinha, decidiram gravar as suas versões de O Pedro e o Lobo, e nesse artigo, vou trazer cinco álbuns pertencentes a nomes importantes na música nacional e mundial, com as suas adaptações para a obra.

Peter and the Wolf [1975]

Com certeza, essa é a mais importante adaptação de Pedro E O Lobo para quem é apreciador de rock. Afinal, aqui houve a união de dinossauros do rock para gravar essa pérola. Dentre os músicos, Alvin Lee e Gary Moore nas guitarras, Manfred Mann e Garry Brooker nos sintetizadores, Keith Tippett no piano, Phil Collins, Cozy Powell e Bill Bruford na percussão, e vários outros fazem a versão rocker da obra de Prokofiev. Os personagens que possuíam, na versão original, sons típicos de orquestra, aqui ganham sons de instrumentos elétricos. Peter, originalmente era a orquestra inteira. Aqui, é a linda slide guitar de Gary Moore. O pássaro (flauta) vira o sintetizador, o pato (oboé) é a guitarra com wah-wah, o gato (clarinete) é o violino. O avô (fagote) é um majestoso saxofone, e o lobo (trompas) é feito pelos sintetizadores de Brian Eno. Ainda, a adaptação é muito boa de se ouvir. Temos blues em "Cat Dance", progressivo em "Peter's Theme", e criações especiais para esse disco, com destaque para "Bird and Peter", o complexo dedilhado de "Peter's Chase", "Cat and Duck" e a ótima "Wolf and Duck", faixa fantástica com um show do baixo de Percy Jones, da bateria furiosa de Collins e a guitarra alucinada de Chris Spedding. A versão nacional em vinil ainda trazia um luxuoso encarte de 12 páginas, com a história narrada em inglês, francês, português, italiano e espanhol. Um show musical para roqueiro nenhum colocar defeito.

Viv Stanshall (narrador), Gary Moore (guitarra, violão, slide guitar), Pete Haywood (steel guitar), John Goodsall (guitarras), Alvin Lee (guitarra), Robin Lumley (piano elétrico), Julie Tippettts (voz), Erika Michailenko (sinos tubulares), Brian Eno (sintetizadores), Mandred Mann (sintetizadores), Garry Brooker (sintetizadores), Dave Marquee (baixo), Andy Pyle (baixo), Percy Jones (baixo), Cozy Powell (bateria), Phil Collins (bateria, percussão), John Hiselam (percussão), Bill Bruford (percussão), Keith Tippett (piano), Robin Lumley (clarinete, piano, mellotron), Jack Lancaster (saxofone), Stephane Grappelli (violino), English Chorale (coral), Henry Lowther( trompete)

1. Introduction
2. Peter's Theme
3. Bird And Peter
4. Duck Theme
5. Pond
6. Duck And Bird
7. Cat Dance
8. Cat And Duck
9. Grandfather
10. Cat
11. Wolf
12. Wolf And Duck
13. Threnody For A Duck
14. Wolf Stalks
15. Cat In Tree
16. Peter's Chase
17. Capture Of Wolf
18. Hunters
19. Rock And Roll Celebration
20. Duck Escape
21. Final Theme


David Bowie Narrates Prokofiev's Peter And The Wolf / Young Person's Guide To The Orchestra [1978]

David Bowie também resolveu participar da festa, e acompanhado da Philadelphia Orchestra, comandada por Eugene Ormandy, soltou sua versão para a obra. O marco dessa gravação é ter chegado ao posto 136 da Billboard americana, façanha rara para um disco de história infantil. O belíssimo instrumental é fiel ao proposto pelo compositor russo, sendo o mais próximo do original entre os álbuns aqui apresentados. No lado B, a orquestra interpreta "Young Person's Guide To The Orchestra Op. 34", de Benjamin Britten, que é um extra dentro da peça central. Para colecionadores da obra do camaleão, admiradores de uma música clássica de alto calibre e também para servir de aula de inglês para seus filhos entre 06 e 12 anos.

Orquetra: Philadelphia Orchestra; Narração: David Bowie; Condutor: Eugene Ormandy

1. Peter And The Wolf Op.67
2. Young Person's Guide To The Orchestra Op.34


Pedro E O Lobo [1989]

Essa versão é sensacional. Rita Lee, com toda sua simpatia e capacidade de interpretação (à época), traduz para as crianças (e os adultos) brasileiros a peça de Prokofiev. Como ela diz no início: "Como ainda não existia televisão, Prokofiev resolveu brincar com a imaginação das crianças ...", e assim, ela pede para as crianças apagarem as luzes, sentir os instrumentos, e começa a apresentar a peça. A orquestração da Orquestra Nova Sinfonieta é tão linda quanto as demais citadas anteriormente, cuidadosamente conduzidas por Roberto Tibiriça. O texto ficou a cago de Wladimir Soares, que também foi responsável pelo projeto. Uma raridade da discografia de Tia Rita, que você irá dar muitas risadas, e que apesar de seguir a história original, não trazendo nenhuma canção nova, vale pela divertida interpretação da ex-Mutante.

Orquestra: Nova Sinfonieta; Narração: Rita Lee; Condutor: Roberto Tibiriça

1. Pedro E O Lobo

Peter and the Wolf: A Prokofiev Fantasy [1994]

Em 1994, foi produzido um especial para a TV chamado Peter and the Wolf: A Prokofiev Fantasy. A narrativa da obra ficou a cargo de Sting. O especial foi feito usando pessoas e bonecos para interpretarem os personagens da história, e acabou sendo lançada a trilha sonora de mesmo nome. A principal atração da trilha, além da participação de Sting, é claro, é a excelente performance musical da Chamber Orchestra of Europe, conduzida pelo maestro italiano Claudio Abbado. Os extras musicais são dignos de audição prazerosa e atenta. Sting é um mero narrador, sem ser o centro das atenções, pois são as belas sequências orquestrais que valem a aquisição dessa versão. Quem aprecia música clássica, irá se deliciar com os momentos criados especialmente para o especial, com efusiva melodia em "Just Then ... Out Of The Woods Came The Hunters", e também com as virtuoses "Allegro", "Larghetto" e "Gavotta". O especial foi lançado em laser disc e VHS, e chegou a ser apresentado em alguns canais abertos aqui no país, tornando-se bastante emocionante para os nostálgicos.

Orquestra: The Chamber Orchestra of Europe; Narração: Sting; Condutor: Claudio Abbado

1. March In B Flat Major, Op. 99
2. Peter And The Wolf Op. 67 - A Musical Tale For The Children
3. Overture On Hebrew Themes Op. 34b - Un Poco Allegro
4. Classical Symphony Op. 25
5. Allegro
6. Larghetto
7. Gavotta: Non Troppo Allegro
8. Finale: Molto Vivace

Peter and the Wolf in Hollywood [2015]

A versão mais recente para os roqueiros tem narrativa de Alice Cooper, e é totalmente modernizada em relação a história original. Pedro é um menino russo que vai morar com o avô, um velho hippie, em Los Angeles. O velho cria patos, dentre eles, um que até sabe ler. Entre várias novas peripécias, criadas pela dupla Doug Fitch e Edouard Getaz, criadores do grupo Giants Are Small, que recriam grandes clássicos da literatura e da música mundial, há paparazzos e um robô construído pelo próprio Peter, o qual é  responsável por capturar o lobo. A orquestração ficou a cargo dos jovens da Germany's National Youth Orchestra, e a interpretação de Alice é tão engraçada quanto a de Rita Lee. Como curiosidade, a história divide-se musicalmente em duas partes. A primeira é composta por uma recriação total de várias peças clássicas unidas, trazendo referências a autorescomo Mahler, Wagner, Zemlinsky, Grieg entre outros. A segunda é uma adaptação em cima da obra original de Prokofiev. Você ainda pode conferir o Making Off e mais detalhes da nova história em um site exclusivo dessa adaptação (www.giantsaresmall.com). Vale tanto para colecionadores de Alice Cooper quanto para conhecer uma versão nova e divertida de uma obra atemporal.

Orquestra: Germany's National Youth Orchestra; Narração: Alice Cooper; Condutor: Alexander Shelley


1. Peter Arrives And Settles In Los Angeles
2. Peter's Birthday
3. The Wolf Hunt Begins
4. Peter Builds The Robot
5. The Hunt Continues
6. Back At Grandfather S Home
7. Peter Is Greeted By The Bird
8. The Duck Waddles Over
9. Peter Notices The Cat
10. Grandfather Warns Peter
11. The Wolf Reappears
12. The Duck Is Caught
13. The Wolf Stalks The Bird And The Cat
14. Peter Prepares To Catch The Wolf
15. The Bird Diverts The Wolf
16. Peter Catches The Wolf
17. The Paparazzi Arrive
18. The Procession To The Zoo

Os instrumentos e os personagens que eles representam na obra
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...