sábado, 29 de setembro de 2018

Consultoria Recomenda: Álbuns Instrumentais



Editado por Fernando Bueno
Com Alisson Caetano, Mairon Machado, Davi Pascale, Ronaldo Rodrigues, Nilo Vieira e Adrian Dragassakis
Freddie Mercury, Elvis Presley, Steve Marriot, Robert Plant, Ronnie James Dio, Bruce Dickinson... Grandes músicos, fantásticas vozes, que você não encontrará nessa edição do Consultoria Recomenda. Afinal dessa vez só o que sai dos instrumentos é que nos interessa. Tocar um instrumento, ter o controle e conhecimento sobre ele deve ser algo fantástico. No meu caso eu tenho um pouco de vergonha em dizer que toco guitarra pois não tenho todas as habilidades que acho necessárias para me considerar um musicista e me fascina a facilidade de alguns músicos de subir ao palco e tocar qualquer coisa que seja pedida ou acompanhar qualquer outro músico. Para se fazer discos instrumentais todas essas habilidades devem ser colocadas à prova, pois o músico tem que segurar o ouvinte somente com o que está tocando. Não há como enganar e fazer somente o básico aqui. Desde já tomo a liberdade de citar alguns dos discos que poderiam aparecer por aqui, mas acredito que meus colegas consultores acabaram preferindo discos menos óbvios. Como não lembrar do fantástico Tubullar Bells (1973) de Mike Oldfield? Sim, já tivemos um álbum totalmente instrumental se tornando uma sensação de vendas. Também poderia ter aparecido o álbum instrumental do Camel, The Snow Goose (1975), que apesar de não ser uma banda instrumental lançou essa maravilha que tem muito a dizer, mesmo sem ter uma palavra para contar a história. Outro disco que podemos chamar de instrumental/conceitual é The Six Wives of Henry VIII (1973) do monstro Rick Wakeman. Ele conseguiu dar uma personalidade diferente para cada uma das esposas de Henrique VIII. Para sair um pouco da Inglaterra podemos ir à Alemanha e seu Tangerine Dream com suas paisagens sonoras que ajudou muito o desenvolvimento da música eletrônica. Qual disco deles eu indicaria: Phaedra (1974). Na década de 80 tivemos o surgimento dos álbuns de guitar-heros como Steve Vai e Joe Satriani que acabou, de uma certa forma, estigmatizando os álbuns instrumentais como música para outros músicos e fazendo com que o público em geral começasse a tratar discos desse tipo como chatos. Nos comentários deixem registrados seus discos instrumentais favoritos, reclame daqueles que vocês acham enfadonhos ou reclamem por termos deixado algum de fora.


John Coltrane - Ascension (1966)
Recomendado por Alisson Caetano
A sucessão de discos mais celebrados de Coltrane tem uma característica comum, que é a sua aproximação espiritual com Senhor. A Love Supreme é uma espécie de tentativa de reconciliação entre artista e seu Deus depois de anos de excessos cometidos por ele em sua trajetória. Ascension, por sua vez, dá maiores dimensões a esse conceito. Os 40 minutos do disco podem ser levianamente encarados como uma sessão de improvisação livre entre todos os músicos ali envolvidos. Com um olhar mais sensível, é como se Coltrane tentasse "ascender", se aproximar mais intensamente de seu criador, por meio de sua música. Portanto, é bobagem tentar explicar qualquer coisa que esteja acontecendo no disco, pois está além da compreensão de qualquer um além de seu próprio criador. Nunca o rótulo de "spiritual jazz" fez tanto sentido para um disco quanto aqui.
Fernando: Claro que não podemos taxar um disco de 40 minutos baseados somente no que é apresentado nos seus primeiros 3 minutos, mas se você ouvir somente esse trecho vai ter um resumo de tudo o que vai acontecer no álbum inteiro. É como um trailer para um filme. Esse tipo de coisa é justamente o que me afasta de grande parte do jazz. Tem algum sentido imortalizar uma sucessão de improvisos em que cada músico tá pensando e fazendo uma coisa? Tentar entender esse tipo de música é como tentar equacionar o caos. Algumas passagens perdidas aqui, outra acolá ainda se sobressaem, mas acho que ouvir o disco todo foi até demais para mim.
Davi: O disco é tão chato que nem o John Coltrane aguentou. Depois do lançamento, o músico pediu para que o take fosse trocado por outro. Infelizmente, não mudou muito (a não ser que a tal versão definitiva não tem mais o solo de bateria).  Embora ousado (trata-se de uma única faixa de 40 minutos, onde cada um dos músicos sai improvisando sem direção), o trabalho é extremamente cansativo e chato. O que temos são os músicos improvisando durante todo esse tempo, muitas vezes todos juntos, o que fará com que muitas digam que é uma “desconstrução”, ou que “aí está a beleza do negócio, a liberdade, e blá blá blá”, mas que no fundo significa uma coisa só: ausência de melodia e harmonia, com uma sonoridade muito próxima ao de uma briga de pernilongos. Jesus amado, ninguém merece isso!!!
Mairon: Esse é daqueles discos Ame ou Odeie. Nessa época, o genial John Coltrane estava no auge de seus encontros românticos com o free jazz. Aqui, em particular, ele está dividindo espaço com um timaço musical, que conseguiu fazer de Ascension uma obra atemporal, mas para iniciados na arte do free jazz. Particularmente, o álbum não é de todo tão inacessível por conta dos diversos solos individuais registrados ao longo de seus 40 minutos. Porém, esses mesmos solos são carregados de fúria, técnica e muita improvisação. Os trechos chamados de "ensemble" são carregados de violência (Pharoah Sander e Elvin Jones estão com certeza encapetados) e camadas sonoras, repletas de superposições, que para alguns parece ser apenas cada um tocando o que vier a cabeça, mas que quando cai a ficha (passa o cartão, abre o gemidão, sei lá como que está isso hoje), é um oceano de inventividade e genialidade. Manter o pique de uma faixa como "Ascension", a música, não é fácil. Criar algo desse calibre é mais difícil ainda. Gravar e conseguir conquistar fãs, bom, somente John Coltrane e outros poucos conseguiram. Enfim, uma obra sensacional, que admiro muito, assim como o belo Live in Japan e parabenizo quem indicou. Mas prevejo muitas pedradas para o mesmo. Não se preocupe, estarei junto para levar algumas na cabeça. Perdoai-vos, pois eles não entendem o que acontece aqui, devido a sua mente metálica...
Nilo: Se com A Love Supreme (1965) já mostrava que a capacidade plena em sua arte só seria alcançada por vias complexas, aqui a missão ganhou níveis ainda maiores. Sem o devido conhecimento teórico, me é difícil falar de jazz sem soar muito abstrato, por vezes até romântico. Mas aqui cabe dizer que, se Ascension soa difícil, é por refletir o que foram as gravações: músicos de alto calibre (ou será que alguém vai dizer “esses aí não sabiam compor”?) se desafiando. O resultado é igualmente caótico e meditativo. Coltrane pode não ter inventado o free jazz, mas sua intensidade lhe coloca em patamar elevado no estilo – a tal liberdade que clamava não era apenas se desprender de padrões rítmicos e melódicos, era questão espiritual. Sua voz, sua visão, sua expressão sempre foi a música (olhe aí, já cedi à pieguice). Se você acha que tudo deve caber no seu gosto, delete o álbum e saia por aí vociferando que o culto ao falecido é injustificável. Caso tenha interesse na expansão da música enquanto arte, vale a pena insistir tanto no disco como na carreira de John. Sem contar o trabalho igualmente essencial de seus companheiros nesta jornada...
Ronaldo: Muitas interpretações conceituais podem ser dadas a este disco, mas não deixa de saltar aos ouvidos o quanto seu resultado é de difícil digestão. A instrumentação assumidamente desencontrada, só encontra alguma coerência por mera coincidência matemática. Você pode exercitar sua audição tentando acompanhar a trajetória isolada do trumpete de Freddie Hubbard ou da bateria de Elvin Jones, mas tentar captar o todo deste disco é quase impossível. E muito provavelmente isso ocorra porque ele de fato não faz sentido. Espero que John Coltrane tenha se divertido ao gozar da cara dos ouvintes com este disco.


Steve Reich - Music for 18 Musicians (1974-1978)
Recomendado por Nilo Vieira
Longa peça de quase uma hora, dividida em onze seções e executada por dezoito pessoas. A repetição é a coluna dorsal e, além de gerar o ritmo hipnótico, realça as nuances de cada instrumento e sua importância dentro da obra. Ok, tem vocais no disco, mas até eles são apenas uma via melódica – se bem que, com a pouquíssima importância dada ao aspecto lírico (mesmo em português) e a proposta estética dos vocais por cá, dá para afirmar que a importância deles até em discos realmente “cantados” meio que se resume a isso mesmo. Ou seja, é o conceito de instrumental levado à risca. Music For 18 Musicians é música para ouvir com calma, prestando atenção, mas também funciona como trilha de fundo para serviços mais mecânicos do cotidiano. Há quem considere “muito cabeça”, outros acham só açucarado demais. David Bowie o tinha entre seus álbuns favoritos! Pode não ser a obra-prima do movimento minimalista, mas quiçá é a mais famosa.
Fernando: Minimalismo. É algo que sempre leio e ouço falar, mas pouco ouvi. Estou certo que muita gente acaba considerando música instrumental chato por conta de coisas do tipo. Claro que o disco todo não é somente aquela sequência de poucas notas dos seis minutos iniciais. Mas entendo quando alguém não consegue passar para frente pois quando a música parece que vai se desenvolver entra outro trecho de outras poucas notas que também parece não ter fim, mas dessa vez feitas especialmente por outro instrumento. Entendi por que foram necessários 18 músicos para gravar isso. Creio que isso tenha até influenciado alguns músicos que eu gosto como o Alan Parson e o artista do disco que eu mesmo recomendei aqui para essa edição. Mas não gostei do todo.
Davi: Sério que o cara precisou de 18 músicos para gravar isso? Eu reproduzo esse som com um teclado Cassio e uma marimba. Puuta disco chaaato! Isso aqui é ótimo para dormir. Sempre que alguém tinha dificuldade em cair no sono, eu indicava o Los Hermanos 4. Agora, temos mais uma indicação tarja preta. Parece aquelas musiquinhas que o Animal Planet usa de fundo dos documentários. Escutando isso, a imagem que vem em sua cabeça é a de um peixe nadando em direção de uma câmera ou de um macaco pendurado em uma árvore. Jeeee-sus!!!!!
Mairon: Confesso que nunca tinha ouvido falar nessa obra. A primeira impressão que achei que viria era uma orquestra de 18 músicos, mas não foi isso. Trabalho bastante minimalista, com 18 faixas, que é excelente para meditar. Por vezes, tem uma aura nostálgica de Mike Oldfield, mas com instrumentos mais diversificados. Viajei bastante durante a quase uma hora de audição, e me deu uma baita vontade de ouvir o disco de novo por horas. Ótima recomendação, principalmente para quem aprecia o estilo.
Alisson: Composto por blocos cíclicos que vão lentamente se desenvolvendo ao decorrer da peça, 18 Musicians é das poucas experiências genuinamente hipnóticas e inebriantes da música contemporânea. As repetições, ao contrário de tornar a obra estafante, dão ritmo e naturalmente vão abrindo espaço para que cada um dos 18 instrumentistas envolvidos mostre sua faceta para dar forma ao todo.
Ronaldo: Disco muito instigante e talvez mais propício a ser analisado do que exatamente apreciado. Cada faixa parece uma folha em branco na qual um artista sai desenhando; as bases, sozinhas, parecem não ter força alguma, mas sua colocação no contexto as torna propícia para um suave passeio de um instrumento por sobre o outro. Interessante notar o frequente uso da marimba e do vibrafone, instrumentos que remontam influência da música africana na obra. A participação do piano e do violoncelo nas faixas são magistrais. Aqui se fez muito em termos de música com muito poucos elementos.


Modry Efekt & Radim Hladick (1975)
Recomendado por Ronaldo Rodrigues
Disco icônico da produção eslava de rock em todos os tempos, conta com alguns dos pontos mais altos da carreira de Radim Hladick, um herói da guitarra na República Tcheca. Experimentando as "delícias" de um regime socialista, a banda que se chamava originalmente Blue Effect foi forçada a adotar o nome tcheco e várias das faixas deste álbum foram compostas com vocais, mas foram censuradas e precisaram ser adaptadas para versões inteiramente instrumentais.  Mas a banda transformou limões em limonada e fez um disco forte, cativante, com um trabalho instrumental de alta grandeza. O disco tem arestas bem aparadas nos excessos, encaixando muito bem melodias e improvisações, com a variedade rítmica e de climas tão típica do rock progressivo setentista. Radim Hladik na guitarra é um ponto fora da curva; faz solos maravilhosos e até mesmo improváveis; a segunda faixa, Cavjona, é um banho de interpretação. A faixa foi regravada anos depois e até hoje é muito reverenciada na história do rock local.
Fernando: Primeiro disco da lista que me agradou logo de cara. Não por coincidência é o primeiro que está debaixo do guarda-chuva do rock progressivo, estilo que eu gosto muito. Gostei muito do disco que chegou a lembrar um pouco do Camel em alguns trechos e talvez no timbre da guitarra. Muito bom, gostei.
Davi: Esse eu gostei. Tem horas que o cara da flauta exagera e se torna um pouco pentelho, mas o disco é bacaninha. O trabalho de guitarra do Radim é muito bom e os arranjos são muito bem elaborados. Eles fazem um rock progressivo, onde é possível pegar influências de blues, jazz e até mesmo hard rock. Não vou citar nome de música para não parecer que estou querendo xingar alguém, mas a primeira e a quinta faixa foram as minhas favoritas.
Mairon: Discaço desses tchecos maravilhosos (parafraseando Luiz Ricardo) que mostra como havia música boa além da cortina de ferro. Baseado principalmente na guitarra melódica de Radim Hladík e nos teclados de Lesek Semelska, Esse álbum da Blue Effect é um atentado de tão bom, com sonoridades chapantes que irão lhe trazer muitas alegrias nos ouvidos. Além dos teclados e da guitarra, a flauta também marca presença, seja na Focusiana "Boty" ou na malucaça "Skládanka“, méritos para Jiří Stivín. Porém, Radim é com certeza o cara no disco. Seus solos são presença constante, e trazem aquela sensação de balançar uma air guitar com frequência, com um show a parte na citada "Boty", na delicadeza de "Čajovna" e na sutil mas viciante harmonização do violão em "Ztráty A Nálezy". Essas qualidades todas são exaladas com mais ênfase na incansável "Hypertenze", faixa fabulosa, com mais de doze minutos, onde o trio citado dá um show de solos (Stivin agora no saxofone) e com uma condução jazzística para tirar o fôlego. São solos em cima de solos, que não te deixa respirar, e faz pensar por que esse tipo de material não vingou em outras terras. Mais uma fantástica audição, valeu consultor.
Alisson: Proibidos de usar um nome inglês para poder alavancar uma carreira internacional e de cantar algumas letras pelo governo soviético, restou ao The Blue Effect abordar sua sonoridade como uma banda instrumental com foco nas guitarras. Não é a gastação progressiva de sempre. Talvez o "isolamento" da cortina de ferro ajudou a dar identidade ao som dos tchecos, que vê bons laços com o jazz fusion que o que costumeiramente era feito no mesmo período.
Nilo: Efeito Modric é o fenômeno que fez o croata ganhar vários prêmios este ano, após uma temporada nem tão brilhante do meio campista. Por sua vez, o Modry Efekt já foi recomendado nesta seção e, graças a tal pesquisa, pude saber que se trata de um “instrumental por necessidade”. Após ter as letras censuradas, a banda trocou as linhas vocais por fraseados de guitarra (possuem um timbre mais agradável que o do vocalista, aliás). Mas o mais interessante aqui é constatar como a influência do jazz fusion dá dinamismo para o virtuosismo do prog: a técnica dos integrantes trabalha de forma harmônica. A aura adorniana do rock progressivo permanece, então não é um disco que vá converter detratores. Mesmo assim, boa indicação – tanto pela temática quanto pelo conteúdo.


V.S.O.P. The Quintet (1977)
Recomendado por Mairon Machado
Disco de iniciação em minha formação musical, V. S. O. P. é um agregado do melhor da nata jazzística americana nos anos 70. Freddie Hubbard (trompete), Wayne Shorter (saxofone), Herbie Hancock (piano) Tony Williams (bateria) e Ron Carter (baixo), todos (com exceção de Hubbard) egressos da trupe de Miles Davis, uniram-se nesse projeto fantástico chamado V. S. O. P., que lançou 4 álbuns no fim da década de 70, sendo 3 deles ao vivo. Ou seja, dá para se perceber que o forte dos caras é mandar em improvisações e mais improvisações, e é isso o que temos nesse álbum incrível. São 8 faixas magníficas para quem ama jazz, repletas de muito virtuosismo e criatividade, e com destaque especial para um endiabrado Hancock (o que o homem faz em seus solos durante "Darts", "Jessica" e "One of a Kind" é de chorar) e uma locomotiva sem freios chamado Tony Williams, um dos maiores nome das baquetas em todos os tempos, mas ainda hoje pouco conhecido fora do mundo do jazz. Duvidam? Ouçam a potência do rapaz no solo de "Byrdlike", ou ainda, a firmeza e precisão da condução (e do solo) de "Lawra". Ainda temos o pseudo-samba de "Third Plane", a delícia sensual e suave de "Little Waltz" (que belo trabalho de Carter aqui), o fôlego sem fim de Shorter em "Dolores", enfim, musicões. Quando comecei a colecionar discos, esse era um dos primeiros discos da minha lista de compras, e hoje, é uma constante no toca-discos. Espero que meus colegas apreciem essa obra singular do jazz.
Fernando: Esse disco, diferente daquele do Coltrane, já tem bastante melodia e a banda trabalhando como uma banda de fato. Tem os momentos de cada um se destacar e até mais de um ao mesmo tempo em alguns casos, mas dá para ver que o principal foi a composição em si.
Davi: Coloquei esse disco para tocar tem uma semana, mais ou menos, e ainda não acabou. Para falar a verdade, ainda não começou. Primeiro entrou um corneteiro solando sem parar, depois entrou um pianista solando sem parar, quando terminar eu aviso vocês na seção de comentários, mas pelo que estou vendo aqui acho que o lado A só vai acabar no Ano Novo. Ainda não deu para sacar se os caras estão afinando os instrumentos ou se já começou para valer... Em alguns momentos, me lembra o desenho do pica-pau louco, mas o sentimento que fica, até agora, é que a animação faz falta. Na semana da Páscoa, dou meu parecer.
Alisson: Sempre que vejo o termo "supergrupo" sendo aplicado exclusivamente à galera do rock, fico pensando em que adjetivo devo usar para as constelações de talentos que se reuniam vem ou outra para gravar alguns dos vários clássicos do jazz contemporâneo. Herbie Hancock como pianista, Wayne Shorter ao sax, Ron Carter no baixo, Freddie Hubbard no trumpete e Tony Williams, talvez o maior baterista de todos os tempos, reunidos para executar a nata do post-bop da época. As pessoas deviam usar com mais prudência o termo "supergrupo".
Nilo: O estilo gerou excelentes vocalistas, mas não tem jeito. A real mágica do jazz mora no formato instrumental. Os tais supergrupos de rock chegam a ser mesquinharia perto da comunhão que rolava no jazz, com gênios colaborando entre si em ritmo incessante. Este registro ao vivo é um belo exemplo: apesar de não tão inventivo quanto o direcionamento que os músicos tomaram na década (Hancock e Hubbard fizeram clássicos do fusion, Shorter mergulhou no free jazz), mostra que até fazendo o básico dá para se extrair dinâmicas notáveis. Os instrumentistas dialogam entre si, e vale a pena analisar tanto as performances individuais como a química no grupo como um todo. Novamente, cá está um exemplo bem didático. Quem se descreve como FÃ DE MÚSICA™ (praticamente uma entidade mitológica) e diz que jazz é sem nexo deveria parar e repensar na vida.
Ronaldo: Puro luxo. Uma constelação dos mais gabaritados músicos do jazz americano tocando ao vivo um material de altíssima categoria. Uma gema de musicalidade, que parece congelar o tempo, entregando de bandeja sensações maravilhosas para os ouvidos. Interessante notar que todos os envolvidos passaram os 10 anos anteriores a este lançamento buscando expandir as fronteiras do jazz, explorando novas possibilidades. No fim da década de 70 se uniram para gravar este disco, digamos, mais "tradicional", uma espécie de resgate, uma leitura menos cerebral do estilo que os gestou. Não tem nem o que destacar, porque este disco todo é um destaque per se.


Jean Michel Jarre - Rendez-vous (1986)
Recomendado por Fernando Bueno
Quem tem aí seus 40 anos lembra de Jean Michel Jarre. Certamente todos viram aquelas matérias no fantástico e até mesmo assistiram à um especial de fim de ano que foi transmitido pela TV Globo em que a imagem do músico tocando teclados que as teclas mudavam de cores enquanto ele tocava, muitas imagens sendo projetadas em prédios, luzes e cores para todos os lados. E o que dizer do uso dos lasers que não era algo tão normal e que dava um clima futurista na coisa toda. Certamente aqueles que se lembram disso e que não gostam de música instrumental pode ter criado o preconceito de ser uma música cafona e nunca ter nem chegado perto. Rendez-vous talvez não seja unanimidade entre os seus fãs. Provavelmente Oxygene (1976) e Equinoxe (1978) sejam seus melhores discos. Acabei escolhendo esse pois a chance é maior de que um leitor encontre algo mais familiar aos seus ouvidos.
Davi: Trabalho altamente predominado pelo teclado, muitas vezes o instrumento aparece sozinho... Os arranjos buscam um som cósmico. Inclusive, o músico pretendia trazer a primeira gravação realizada no espaço, o que não ocorreu devido à um fatídico acidente. Sacada bacana, diferente, criativa. Musicalmente falando, o álbum hoje soa datado. Em alguns momentos, os arranjos me remetem às trilhas de pornô chanchada, em outras me remetem às trilhas de sessão da tarde, daqueles filmes repletos de jovens bagunceiros com cara de bonzinho. Resumo: audível, mas facilmente ignorável...
Mairon: Cara, esse mundo da música é pequeno. Quem diria que com tantas indicações instrumentais, alguém escolheu exatamente aquela que era a minha primeira opção. Sorte do destino que algo que me fez lembrar do V. S. O. P., e acabei deixando essa grande obra do francês Jean Michel Jarre para depois, mas aqui está ela. Os discos de JMJ são bastante "viajantes". Entrar no seu mundo de sintetizadores, e principalmente, assisti-lo em um palco, é uma aula de entretenimento. Porém, em Rendez-vous, ele apelou para o lado mais sombrio da New Wave e meditativo. O lado A da suíte, que é dividida em seis partes, é bastante profundo, com longos acordes de sintetizadores dominando os quase 16 minutos. Já o lado B abre com "Quatrième Rendez-vous", canção que marcou minha infância, e claramente, me fez virar um fã do francês quando eu tinha meus 4 anos (lembro até hoje de uma apresentação do Fantástico com essa música, e JMJ envolto de lasers, que coisa incrível para um guri que recém saiu das fraldas). Depois, o álbum retorna para climas mais introspectivos e densos, e que fizeram uma galera de gente comprá-lo (mais de 3 milhões para dizer a verdade). Frequente em balaios de sebos mundo a fora, a preço de banana, é uma bela dica de compra para quem curte umas viagens sintetizadas, e foi uma grata audição - novamente - para esse recomenda. Valeu para quem o indicou!!!
Alisson: Um dos expoentes do progressivo eletrônico em um trabalho confortável, revelando todas as características essenciais de seus trabalhos mais consagrados e bem avaliados. As atmosferas futuristas, já abraçados a estética e produções eletrônica oitentista, sustentam um clima envolvente durante grande parte das composições. Uma experiência interessante, mesmo que existam obras até mais impactantes do que essa escolhida.
Nilo: Já conhecia Oxygene (1976) e Equinoxe (1978), que consideraria boas escolhas para a rodada. São álbuns que prezam por paisagens sonoras, mas ainda com apreço pela noção tradicional de canção – para quem trabalha com sonoplastia, trabalhos de cabeceira. Fui ouvir este na boa vontade e confesso que quebrei um pouco a cara. As camadas climáticas de sintetizadores ainda existem, e a vibe cyberpunk da época se faz presente. No entanto, sinto que a aura foi de “sujeito isolado brincando com teclados” para “megaespectáculo de arena synth, com óculos escuros coloridos”. Alguns improvisos soam como exibicionismo, daqueles planejados para “surpreender” o público no meio da canção enquanto o técnico de luz faz piruetas visuais. Não à toa alguns timbres aqui influenciariam a EDM da década seguinte, e inclusive partes de Rendez-vous remetem a nomes como Gigi D’Agostino e esta música aqui. E juro que não falo na maldade!
Ronaldo: Poucas coisas conseguem ser mais datadas do que os sintetizadores polifônicos da década de 80. E Jean Michel Jarre foi um dos pilotos mais habilidosos dessas controversas máquinas. Em Rendez-Vouz ele aborda de forma muito sagaz quase todas as facetas da música eletrônica - as mais contemplativas, as minimalistas, as sinfônicas e as dançantes, com uma assinatura bastante própria. É um disco interessante, bem feito e tendo sempre por pano de fundo, boas composições. "Quatrieme Rendez-Vouz" está intimamente associada aos anos 1980, mas até hoje permanece intacta no imaginário pop.


Vinnie Moore - Mind´s Eye (1987)
Recomendado por Davi Pascale
Quando foi lançado o tema, pensei em indicar o clássico Passion & Warfare do gênio Steve Vai ou ainda o álbum do Joe Satriani com uma pegada meia blues (aquele de capa vermelha lançado na década de 90 – 95, I guess), mas eis que me recordei desse disco que parece ter caído no esquecimento. Esse foi um dos primeiros álbuns instrumentais que comprei e reescutando agora me causou o mesmo sentimento da época. Sim, Vinnie é um shredder, mas utiliza a técnica com muito bom gosto. É impressionante nos recordarmos que esse LP foi gravado em apenas 11 dias e que Vinnie, na época, era um garoto de 21 anos. Na ocasião, ele era muito comparado ao Malmsteen e muitas revistas o acusavam de ser um clone. Maldade!!!! Realmente em muitos momentos vamos nos lembrar do sueco... Afinal, a jogada é a mesma. Misturar música clássica com heavy metal, mas o rapaz sempre teve personalidade. Também é possível pegarmos influências de Al Di Meola fácil, fácil. Como se não bastasse o impressionante trabalho de guitarra daqui, o garoto ainda trouxe para junto dele 3 feras: o baixista Andy West (Dixie Dregs), o monstro Tony MacAlpine nos teclados e o animalesco Tommy Aldridge na bateria. Não tinha como dar errado, né?
Fernando: Foi uma grande surpresa esse disco para mim. É claro que eu conhecia o trabalho do Vinnie Moore no UFO e no Vicious Rumors, mas nunca tinha ouvido um tabalho solo dele. Esperava um som mais setentista e o que ouvi foi algo muito mais para Yngwie Malmsteen do que para Richie Blackmore. Também surpreende a ótima banda que o acompanhou nessa empreitada e sua pouca idade, apenas 21 anos. Pelo jeito tenho trabalho de casa para fazer.
Mairon: Fabulosa estreia de Vinnie Moore em estúdio. O menino aqui já mostra por que era um precoce talento para sua idade. Com apenas 21 anos, Moore já traz uma técnica e um feeling impressionantes, indo na contramão do egocentrismo de Malmsteen, da fritação de Satriani ou dos exageros técnicos de Vai, só para citar alguns. É melodia somada a velocidade e belas composições, e diversas escalas, seja a egípcia em "Daydream", na pentatônica padrão da pesada faixa-título, ou nos hammers de "Lifeforce". Os grandes sucessos ficaram para "In Control" e a ótima "Shadows of Yesterday". A participação dos sintetizadores de Tony MacAlpine, outro talentoso virtuose, dá ainda mais fúria ao álbum, o que fica mais claro durante "N. N. Y." e na pérola “Hero Without Honor“, repleta de referências à música clássica. Até mesmo no violão, Moore exala virtuose, como podemos conferir na linda “Saved by a Miracle” (com um show de bateria por Tommy Aldridge) e na balada "The Journey". Apesar de hoje soar datado com o som dos anos oitenta, Mind’s Eye é um disco perfeito, que ainda intimida nas primeiras audições justamente pela potencialidade do jovem Moore. Não à toa, o LP foi eleito pela revista Guitar World como terceiro melhor álbum de shred guitar em todos os tempos, ficando atrás de Live: Extreme Volume (do grupo Racer X) e de Rising Force (Yngwie Malmsteen), e a frente de potências comoSurfing with the Alien (Joe Satriani) ou Passion and Warfare (Steve Vai)
Alisson: Uma espécie de "Malmsteen" norte-americano, em resumo. Pra não dizer que estou sendo injusto, esse aqui possui menos referências incisivas de música clássica e aposta mais acertivamente em passagens de hard rock. Mas a impressão é a mesma, a de música pra video aula de guitarra.
Nilo: Absorver de fato a música erudita é tarefa árdua, mas a turma do metal neoclássico não ajudou em nada suprimindo as longas sinfonias em canções de quatro, cinco minutos. Moore preza pela veia melódica da canção, mas opta por preencher espaços curtos com tanto sweep que tais trechos... perdem toda melodia. Sua banda de apoio também segue a cartilha do típico metal oitentista, clima épico com aquela produção reverberada e os famigerados TECLADÕES. Pra quem gosta de composições “tudo em seu devido lugar”, especialmente guitarristas, cá está um prato cheio. De minha parte, não entendi muito o apelo do sujeito perto de nomes como Yngwie Malmsteen (fica aí a pergunta para quem indicou, na humildade) e sigo preferindo músicos que usem da técnica aprimorada para romper com regras, e não jogar dentro do limite destas.
Ronaldo: Bululu, bululu, bululu. O mesmo timbre de guitarra em todas as músicas e os mesmos trejeitos de velocismo guitarrístico em todas elas. As bases das músicas são até boas, e caso fossem cantadas poderiam render boas faixas de hard/heavy metal. No fim das contas, a audição é cansativa pois falta criatividade e sobra auto-indulgência neste álbum.


Kiko Loureiro - Sounds of Innocence (2012)
Recomendado por Adrian Dragassakis
Nota do editor: Não temos o comentário do Adrian para o Disco.
Fernando: Sou fã do Angra, mas nunca tive vontade de ouvir um disco solo do Kiko Loureiro. Sei que a técnica do cara é absurda, mas tinha medo de encontrar apenas malabarismo musical. Muito riffs são bastante na linha do que ele faria para sua ex-banda. Em alguns momentos parece que esperamos a entrada de uma voz cantando em notas lá em cima. Porém ele varia bastante dentro de uma mesma música. Durante a audição fiquei me perguntando se não foi um pouco de comodismo ele usar timbres muito próximos aos das guitarras do Angra. Isso joga a favor da identidade musical, mas vai contra a ideia de “tentar novos caminhos musicais” que é o que se espera de um disco solo de um artista. No todo passou longe de desagradar, mas é algo que dificilmente eu ouvirei novamente.
Davi: Em seu quarto disco solo, o menino Kiko demonstra mais uma vez sua imensa habilidade nas 6 cordas. Em uma perfeita mistura de heavy metal, jazz, fusion e música brasileira, o rapaz comprova sua excelência. Para mim, ele e o Edu Ardanuy são os 2 melhores guitarristas do Brasil na atualidade. Como o menino é ‘chique no urtimo’, ele gravou o disco fora do Brasil e trouxe músicos do calibre de Virgil Donati, Doug Wimbish, além de seu velho parceiro Felipe Andreoli para acompanha-lo. Disco foda!!! Técnico, melódico, criativo, cativante... Essa foi a melhor indicação da lista. Faixas de destaque: “Gray Stone Gateway”, “Reflective”, “Ray of Life”, “Mãe D´Água” e “Twisted Horizon”.
Mairon: Discos de guitarristas virtuosos dificilmente me atraem. Exceções surgem, mas no geral, acho bastante cansativo ouvir um disco instrumental de guitarrista fritador, ainda mais quando acompanhado de músicos igualmente virtuosos. É o caso aqui. Não é que Sounds of Innocence seja um disco ruim. Pelo contrário, acho até que o Kiko mostra bem as qualidades que o levaram a dividir as seis cordas com o Dave Mustaine, mas cara, falta uma certa "preliminar" para eu poder me aquecer com esse tipo de som. Até que a coisa começa muito bem com a bela vinheta ao violão de "Awakening Prelude", mas quando começam as músicas mesclando solos de guitarra e teclados com escalas na velocidade da luz, fico bem perdido e sem tesão. Pior ainda, parece uma versão amadora e limitada de discos do Steve Vai, vide "Gray Stone Gateway", "The Hymn" ou "Twisted Horizon". Admito que o batera Virgil Donato me surpreendeu positivamente, mas no mais, destaco a bela "A Perfect Rhyme", com boa participação de piano, e as influências brazucas no ritmo percussivo de "El Guajiro" e na ginga de capoeira de "Mãe d'água", algo que Kiko já usava com sabedoria e diferencial no Angra. Indicado para apreciadores do estilo, e só.
Alisson: Esse disco tem seu público cativo muito claro, que são os aprendizes e profissionais de guitarra e frequentadores de workshop. Não me fugiu a impressão de que o disco tem mais cara de portfólio do que um esforço artístico maior. Nada econômico ao mostrar seu talento, Kiko Loureiro apenas usa as variações de andamentos e alguns enxertos de música tradicional brasileira para demonstrar o quão técnico é. Nada parece natural e a banda de apoio é apenas coadjuvante para que o malabarismo corra solto. Para quem gosta apenas de skills, será uma experiência quase orgásmica.
Nilo: De inocência isso não tem nada. Goste ou não dele, Kiko é um profissional da música e sabe distinguir o que vale a pena mostrar em workshops e o que incrementa composições. O que poderia ser um desfile de fritações se revela um álbum coeso, com voicings de guitarra prevalecendo sobre solos pra impressionar garotada. Sounds of Innocence inclusive não se distancia muito do universo do Angra (até os ritmos regionais dão as caras), e algumas canções até poderiam ter sido usadas em sua banda principal. A pior parte aqui é mesmo a capa, no estilo digital já enjoado do Gustavo Sazes.
Ronaldo: Este disco contém ótimas ideias e todo o virtuosismo e inteligência musical de Kiko Loureiro. Contudo, o que ele tem de melhor é tudo o que não fica envolto na grande farofa que é o power-metal. Os arranjos de bateria destroem todas as qualidades das músicas, além de soar exatamente igual a bateria de outras centenas de bateristas do mesmo estilo. Há bateria demais, baixo e teclado de menos, a despeito do natural protagonismo da guitarra. "Conflicted" e "The Hymn" tem ótimas introduções, por exemplo e "Mãe d'Água" é uma boa fusão com a música brasileira. "Twisted Horizon" é um belo tema destruído por um aranjo equivocado e exibicionista e "A Perfect Rhyme" mostra um pouco do que Kiko Loureiro é capaz de fazer de bom fora do estilo.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

War Room: The Enid - Sundialer [1995]



Por André Kaminski
Participações de Alisson Caetano e Mairon Machado

O The Enid foi formado em 1973 por Robert John Godfrey, após este sair do Barclay James Harvest por motivos um tanto nebulosos. Robert é o cabeça do grupo e apesar de funcionar como uma banda, está mais para um projeto solo dele. Sundialer [1995] é em sua maioria instrumental, com algumas pouquíssimas passagens vocais. A ideia nos anos 70 era fazer rock com muita sinfonia, que foi mudando aos poucos com o passar dos anos. Nos anos 90, época desse álbum, Robert inclui até mesmo uma certa batida "dance" de forma a deixar a sonoridade do The Enid um pouco mais palatável ao público. Robert deixou a banda em 2014 devido a um diagnóstico de Alzheimer e esta continuou fazendo shows mesmo sem seu principal líder. Porém, ele voltou no início deste ano depois de mais uma ressonância magnética em que desta vez, nada acusou em relação a doença. Logo, o The Enid continuará com o velho britânico novamente comandando as rédeas da banda. Veja como nossos consultores avaliaram o disco!

01 Sundialer
André: Início fortemente orquestrado, amo esse tipo de introdução.
Mairon: Conheço esse disco há um bom tempo. Barclay James é daquelas bandas que estão no segundo, talvez terceiro escalão das minhas audições. Aprecio bastante os discos do grupo, e alguns de seus galhos musicais também são igualmente admiráveis, como é o caso do The Enid. Em especial, esse álbum traz como diferencial uma sonoridade mais "dance", o que pode assustar aos fãs da banda, mas tem lá seu charme
Alisson: Essa intro me lembrou os trabalhos do Prince pra trilha sonora. Aliás, não tem a ficha técnica do disco no RYM, quem toca os synths?
André: Quem toca é o próprio Robert, Alisson.
Mairon: O que eu curto mesmo são esses trechos viajantes, meio Vangelis. Adoro!!
Alisson: Você pesou a descrição com sendo Prog Sinfônico mas -- tudo bem que não tem tanto tempo de play -- mas esse tá sendo longe de ser o definidor do disco. Dance eletrônico, as guitarras indo e vindo, paisagens futuristas e tal, tá ruim não. Beberam da fonte certa (RIP Prince).
André: A orquestra aparece bastante, Alisson, daqui a pouco vai ver muito mais dela.

02 Chaldean Crossing (remix)
Mairon: Aqui o disco realmente"COMEÇA". Até então, era só uma pequena amostragem. Agora a doideira irá exalar das caixas de som.
Alisson: Eu ia falar da produção antes mas acabei empolgando por lembrar do rei do pop lá atrás.
Mairon: Esse disco >>>>>>>>>>>>>>> abismo >>>> Prince
Alisson: Enfim, parece que não tem abertura pros instrumentos "ressoarem", saca? O grave é bem definido, quase saturando. Mas tipo, é tudo muito comprimido. Noob demais.
Mairon: As orquestrações surgindo timidamente, junto a um andamento suave, sintetizadores viajantes. Sinto-me no show do Kitaro, mas com dignidade ao menos.
André: Não me incomoda esse grave, por enquanto as melodias mesmo estão ao fundo surgindo aos poucos. Agora o baterista começa a aparecer um pouco mais com as batidas nos bumbos.
Alisson: Instrumentação indo e vindo, apesar de "sutil" fica até previsível de saber quando e como vem os ápices.
Mairon: Para quem conhece a carreira do The Enid, vale ressaltar que nem todos os discos tem essa vibe. Acho que aqui eles aproveitaram a onda New Age e fizeram algo nessa linha. Buddha's Bar é outra referência que me vem à cabeça ouvindo "Chaldean Crossing (remix)". Aliás, nunca descobri se existe uma "Chaldean Crossing".
André: Acho esse instrumental viajante excelente. Há espaço para os outros integrantes aparecerem mesmo que por alguns poucos segundos.
Alisson: Vocês focaram bastante no sinfônico da coisa mas eu só aproveitei mesmo durante os espaços de repetição. Quando o sinfônico surge, fica meio caricato e plástico.
Robert John Godfrey (tecladista e líder do The Enid)
03 Dark Hydraulic (remix)
Mairon: Mas não considero sinfônico. Não esse disco.
André: Essa é a minha música favorita da banda.
Mairon: A melhor faixa de Sundialer surge.
André: O baixo que virá é maravilhoso. O The Enid em sua maioria faz composições de início calmo que vai crescendo aos poucos em nossos ouvidos.
Alisson: Tem algo parecido em alguma OST de algum jogo antigo...
Mairon: Essa retorna ao clima Vangelis, com um adendo das trompas e metais, mas principalmente, um baixo fudidamente chocante. Sonzeira.
Alisson: Não comprei esse timbre de teclado não.
Mairon: Imagina a galera que em 1995 ouvia É O Tchan e Mamonas, chegando numa loja de discos de um roots prog que estivesse ouvindo esse "lançamento", o pânico da criatura, ahuahuaha.
Alisson: O que uma coisa tem a ver com a outra, bicho? o.O
Mairon: As passagens de guitarra, o ritmo da bateria, orquestração, teclados, tudo encaixando perfeitamente.
André: Bastante reverb nessa guitarra. Aliás, eu adoro o efeito reverb.
Alisson: Esses "sopros" também, viu... tá difícil.
André: Orra, acho que dá de chamar essa faixa de sinfônica não é mesmo?
Alisson: Continuo achando o lance bem mais pra um Prog Eletrônico mesmo, bicho.
Mairon: Acho que não André. É experimental. Concordo com o Alisson.
Alisson: Aliás, alguém botou tag no RYM como Alternative Rock...
Mairon: O que não impede de ser uma boa audição. Virada sensacional!!! Sonzeira do cão.
André: Ah, vocês estão considerando pelos rótulos, eu considero pelo uso das orquestrações em grande parte das canções.
Alisson: Se pegar e ver que os synths e teclados são centrais e dão até a estética retrô do disco, puxa bem mais pro Eletronico/prog.
André: Sim, o disco está mesmo muito mais para prog eletrônico, mas independente disso, acho melhor não ficarmos restritos a classificações. Vão nos considerar uns malas nos comentários hahahahahahahaha.
Alisson: E tá errado?
Mairon: Alisson, tira os teclados e vai dizer que essa guitarra não lembra o Belew em seus melhores dias???
Alisson: Quem é Belew?
Mairon: Adrian Belew.
Alisson: Ah.... nope. Agora que associei o nome.
Mairon: Lembra né?
Alisson: Eu lembro mais dele no Discipline e tipo: "TALKING HEADS". Mas sério, nem é forçando a barra nem nada, mas o estilo de guitarra lá na primeira faixa eu fiquei "caramba, o cara toca bem parecido com o Prince".
Mairon: Pior que não achei. Final de faixa para cair o cu da bunda.
André: Conheço pouquíssimo do Prince, logo, não vou opinar para não falar bobagem.

04 Ultraviolet Cat
Alisson: Kraftwerk na área.
André: Uma canção de início mais espacial, misturada a algo levemente industrial.
Alisson: Poxa, tava tão bom quando era só uma vibe Trans Europe Express... agora entrou esse clima meio lounge.
Mairon: Voltamos a um som mais pop. Lounge é uma bela definição. Parabéns Alisson.
Alisson: Foi pejorativamente.
Mairon: Eu curto esse tipo de som, ainda mais em um dia chuvoso como hoje aqui em São Borja. Dá um clima legal.
Alisson: Lounge só funciona ironicamente pra vaporwave.
Mairon: Acho que to chapado de mais.
Alisson: Peste dum zé droguinha...
André: Dorgas.
Mairon: Ando assistindo muito programa partidário
André: Que riff de guitarra! Simples mas eficiente!
Mairon: Cara, som muito bom. Vocais bem encaixados, guitarra com timbres legais. Gosto bastante.
Alisson: Nem to considerando as passagens com voz porque eles surgem esporadicamente e meio que não me acrescentaram nada. E essa vibe de música africana?
Mairon: Mas se encaixam legal.
Alisson: Destaque da faixa: didjeridu ao fundo, pena que dura pouco.
André: Para ir de Kraftwerk até a África, é uma viagem meuito louca, não Alisson?
Alisson: Fala isso pro cara que compôs a música kkkk.
Mairon: kkkkkkkkk.
André: Mais louco sou eu que vou ficar tendo que fazer essa postagem daqui a pouco para entrar amanhã.

05 Salome 95
Mairon: Essa é uma nova versão para a faixa de 86, do álbum homônimo. Foi mantida a linha de piano e algumas passagens aqui e acolá. É a mais fraca do álbum, em minha humilde opinião.
Alisson: Se é a mais fraca, nossa senhora...
André: A primeira versão é melhor, mas eu gosto desta também. O que eu gosto dela são as constantes trocas de notas do baixo.
Mairon: Eu acho que exageraram aqui. Não me soa no mesmo nível que as demais do álbum. Mas longe de ser ruim.
André: Por outro lado, os vocais líricos femininos não ficaram bons nessa canção, apesar de que imagino que o Robert quis trazer a "Salomé" para o disco.
Alisson: Harmonizar os vocais na faixa não ajudou em nada, pra ser sincero. O ritmo hipnótico de fundo funciona, mas quando entra o protagonismo dos teclados, não fica legal.
Mairon: Concordo fortemente.
Alisson: Tem horas que soa brega e piegas. Estendo isso para todas as faixas.
Mairon: Daí eu discordo.
André: Aí eu já penso diferente porque tirar o teclado da sonoridade descaracterizaria toda a banda.

Considerações Finais
Mairon: Bom, jamais esperaria que o André indicasse esse disco. Aprecio a Barclay James Harvest, e os discos do The Enid são misturas de engodos, enganações, obras primas e bras muito boa de serem audíveis. Sundialer se encaixa nessa última. Não ouço com tanta frequência, mas sempre que o ouço, curto a sensação. Passa rápido nas caixas de som.
Alisson: Prog eletrônico/sinfônico bem do operante. Apesar de ter sido lançado nos anos 90, faria bem mais sentido ter sido lançado nos anos 70. A influência de Vangelis é óbvia, mas não sei se por falta de criatividade ou coisa do tipo, mas as composições não encaixam. Seja por evolução batida e previsível, ou seja até pela produção saturada. Se você curte muito o estilo e quer continuar garimpando os "perdidos", vai fundo.
Mairon: Da banda, recomendo também In The Region Of The Summer Stars (1976), Aerie Faerie Nonsense (1977) e Six Pieces (1979).
André: Eu sempre gostei muito do The Enid e mesmo eu estando já há 4 anos escrevendo para a Consultoria do Rock, eu vi que andei adiando demais em trazer uma matéria que enfatizasse a banda. Recomendei este Sundialer porque vejo a banda soando muito diferenciada em misturar as batidas eletrônicas, quase dance, junto a orquestrações e elementos do rock e do prog. O disco me agrada muito e sinto que o The Enid precisa ser mais conhecido.
Mairon: Entra amanhã, André?
André: Sim, vou editar daqui a pouco, Mairon.
Mairon: Senhores, necessito deslocar-me do meu recinto, mas foi uma alegria inquestionável a audição desse álbum com vossas presenças. Grato de ❤.
Alisson: Valeu galera, abraços ae.
André: Até mais, e obrigado pelos comentários.

Créditos da imagem: Paul Michael Hughes Photography

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Saxon - Thunderbolt (DELUXE EDITION) - [2018]





No início desse ano, o grupo Saxon lançou seu vigésimo segundo álbum de estúdio, Thunderbolt. O disco mantém o peso e as ótimas composições que os velhinhos da NWOBHM tem lançado nessa década. A formação com Biff Byford (vocais), Paul Quinn (guitarra), Doug Scarratt (guitarra), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glockler (bateria), está estabilizada desde 2006, mostrando que a química entre eles é de alto nível.

Ao longo de suas onze faixas, destaque para as pesadas "Predator", "Nosferatu (The Vampires Waltz)" e a faixa-título, a bela homenagem aos roadies em "Roadie's Song", bem como a Lemmy Kilminster em "They Played Rock And Roll", com o próprio Lemmy surgindo no meio da faixa, para entoar o nome da canção (lembrando que o álbum é dedicado a ele), e um grandioso solo de e as referências das mitologias nórdicas de "Sons of Odin (e sabbháticas, já que é impossível não lembrar de "Heaven and Hell" nesta faixa) e celtas de "A Wizard's of Tale".

Material completo de Thunderbolt Deluxe


Biff está impecável nos vocais, Glocker está mandando ver na bateria, Carter mostra um competente e seguro apoio para as viradas de Carter, e a dupla de guitarras afiadíssima, principalmente nos solos de "Sniper", "The Secret of Flight". Ainda, as constantes homenagens aos carros turbinados também estão presente, aqui na faixa "Speed Merchants".

Os últimos lançamentos têm recebido versões especiais. Ano passado, a belíssima caixa Solid Book of Rock, com 11 CDs e 3 DVDs, recuperou os álbuns lançado pelos britânicos nos anos 90 e 2000 (a saber, Solid Ball of Rock (1991), Forever Free (1992), Dogs of War (1995), Unleash the Beast (1997), Metalhead (1999), Killing Ground (2001), Lionheart (2004), The Inner Sanctum (2007) e Into the Labyrinth (2009)) acompanhada de diversos extras. Battering Ram (2015) teve uma versão lindíssima, no formato box, com camiseta, CD, LP e mais um CD extra com uma apresentação da banda na Suécia, em 2011. Sacrifice (2013) teve uma tiragem especial acompanhada de um moleton, CD e mais um CD ao vivo com uma apresentação na Holanda.

Capa do CD Loud, Proud and Live

Da mesma forma, o sensacional novo disco também recebeu uma versão DELUXE. A nova caixa não traz nenhum adereço de vestimenta como as duas antecessoras, o que já é um agravante a menos para adquiri-la, mas contém um CD extra. Aqui, a apresentação é batizada de Loud, Proud And Live - Official Bootleg, com registros da turnê da Battering Ram pela Europa, e talvez seja a única dentro da caixa. Afinal, apenas aqui você irá conseguir ouvir in the act as faixas "Battering Ram", "Sacrifice", "The Devil's Footprint", "Chasing The Bullet" e "Queen Of Hearts", acompanhadas das clássicas "Killing Ground", "20,000 Ft" e "Power And The Glory".

Pin com o logo da banda


No mais, a caixa apresenta uma (bonita) versão em vinil vermelho, com as 11 canções do lançamento original, o CD com as onze canções, mais a bônus "Nosferatu", em uma versão "crua", e um K7 com as mesmas canções do LP. Para finalizar, um pequeno pin com o logo da banda fecha o lançamento que é bem decepcionante em comparação aos seus antecessores. E para os fãs não tão colecionistas assim, vale mais a pena investir na Special Edition que foi lançada na Europa, já que musicalmente, apresenta tanto Thunderbolt na íntegra como o CD ao vivo vindo como extra.

O preço médio da caixa aqui no Brasil está girando entre 350 e 500 reais. No exterior, você consegue entre 150 e 300 reais, mas o problema é o frete. Porém, devido aos baixos itens de colecionador, somente se você for um fã ardoroso da banda, que coleciona tudo o que eles estão lançando, é que recomendo essa versão. Caso contrário, contente-se com a versão normal em CD, ou a versão limitada em vinil vermelho, que estará tendo em mãos uma obra de excelência musical, e também alguns bons trocados no bolso.

Material completo da versão deluxe

Track list

Thunderbolt LP, K7 e CD

1 - Olympus Rising
2 - Thunderbolt
3 - The Secret Of Flight
4 - Nosferatu (The Vampire's Waltz)
5 - They Played Rock And Roll
6 - Predator
7 - Sons Of Odin
8 - Sniper
9 - A Wizard's Tale
10 - Speed Merchants
11 - Roadies' Song

Somente CD

12 - Nosferatu (Raw Version)

As canções do CD bônus
CD: Loud, Proud And Live - Official Bootleg

1 - Battering Ram
2 - Sacrifice
3 - The Devil's Footprint
4 - Chasing The Bullet
5 - Queen Of Hearts
6 - Killing Ground
7 - 20,000 Ft
8 - Power And The Glory

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

War Room: UFO - The Salentino Tapes [2017]




Convidados: Adrian Dragassakis e André Kaminski
O que leva uma grande banda a gravar um álbum de covers, já com sua carreira consagrada, cheia de álbuns de sucesso, mais de 40 anos de estrada, muitas mudanças de formação, e fãs estabelecidos mundialmente? Foi o que pensei quando ouvi o mais recente álbum do UFO, e o resultado dessa audição quis compartilhar com alguns amigos consultores. Vamos ver o que eles acham de The Salentino Cuts, vigésimo segundo álbum dos britânicos, lançado ano passado.!

1. Heartful of Soul
André: Adoro o UFO mesmo alguns de seus discos mais malhados, curioso para um álbum de covers de uma banda tão consagrada.
Mairon: Como me é estranho ouvir um clássico dos Yardbirds com teclados. Apesar do esforço, acho que a voz do Mogg não casou com o que tínhamos originalmente. Prefiro muito mais a versão original, afinal, é a minha banda favorita de todos os tempos ...
André: Ah, é complicado coverizar os Yardbirds e soar com a mesma qualidade.
Mairon: O que mostra que mesmo uma banda de gabarito ainda está longe do que foram os caras.
Adrian: Acho válido álbuns de covers, quando bem feitos. Claro, com a intenção de homenagear suas influências, se torna até um álbum mais leve e você acaba sentindo isso ao ouvir. Mas há quem torça o nariz mesmo, quando a original parece intocável.
André: O Mogg mesmo velhão ainda canta com alguma propriedade, se adaptou bem ao fato de que os anos deixaram sua voz mais grave, mas ele se sai bem no estúdio.
Mairon: E ao vivo ele tem mandado bem também André. Vi o UFO duas vezes nessa década, e os dois shows foram ótimos.

2. Break on Through (To The Other Side)
Mairon: Essa já curti mais. Apesar da bateria não trazer \ "ginga brazuca", ficou pesadona, e Mogg consegue dar uma boa malícia para a faixa. Legal que o Vinnie Moore mesmo sendo um guitarrista de mão cheia, abre espaço para Paul Raymond brilhar nos teclados.
Adrian: Acho que já ouvi uma centena de covers dessa música, mas aqui parece bem divertida, com os teclados mandando ver.
André: O pessoal é muito chato em querer que caras de 60 anos cantem como se estivessem com 20.

3. River of Deceit
Mairon: Essa para mim é surpreendente. Uma banda de renome trazer algo tão novo quanto o sucesso do Mad Season, é incrível. E melhor que a original. Lembra para mim um pouco de Led Zeppelin, mas com um toque grunge no fundo.
André: Por enquanto uma audição bacana, não é lá de encher os ouvidos, mas essas faixas tem me agradado o suficiente para curtir aqui
Adrian: Olha, quem critica o vocalista está meio ruim de ouvido. O cara tem um timbre excelente pela idade. E como é o UFO tocando, dá a sensação que a música é mais antiga do que foi lançada. Não sei se me expressei bem, mas acho que vocês entenderam hahaha.
Mairon: Claro Adrian, claro. Mas dá para sentir um cheiro de grunge na faixa, apesar desse ar anos 70.
André: É, uma coisa meio noventista mesmo
Adrian: Mad Season foi um baita grupo. É meio a cara dos anos 90 mesmo no estilo, tem tudo aí
Mairon: O que me impressiona é uma banda dos anos 70 homenageando os anos 90.

4. The Pusher
Mairon: Super clássico do Steppenwolf. Banda que ficou marcada por "Born to Be Wild", mas que tem muito mais do que isso em sua vasta discografia. Essa versão do UFO está do mesmo porte da original.
André: Essa é do Steppenwolf, porra, tá muito boa. Por enquanto o melhor cover das que pintaram.
Adrian: A produção também é ótima, pelo menos aqui o som tá limpíssimo.
Mairon: Cara, como admiro o Moore. O cara toca pra caralho, mas consegue se conter. E é gente fina e humilde pacas!
André: Grande Vinnie Moore, nunca me decepciona em seus riffs e timbres de guitarra
Adrian: Que baita feeling nesse solo!
André: Concordo, feeling fantástico.

5. Paper in Fire
Mairon: Como fazer de um hit número um dos anos 80 uma canção sensacional para a década atual. Essa é para apresentar aos jovens o poder e a força de um injustiçado, John Mellencamp. Que baita música, uma de minhas favoritas de The Salentino Cuts. E mais uma surpresa. Nunca imaginaria o UFO gravando Mellencamp.
André: Não conheço a autoria original dessa faixa, mas gostei do que ouvi.
Mairon: André, essa música foi número 1 na Billboard em 1987. Sinta o cheiro anos 80 dela, mas com toda a categoria setentista que o UFO consegue criar em suas músicas!!
Adrian: Versão criativa e pesada, confesso que não dava muita bola para a original.
André: Cara, essa me passou batido, mas a verdade é que realmente não conheço nada de Mellencamp. Mas bem que me interessou ouvir a original.
Mairon: Ouça, e se assuste!!
Adrian: Do Mellencamp, acredito só conhecer essa mesmo.
Mairon: Eu conheço os discos até os anos 90. Depois é brabo. Mas o cara antes era bem legal. Um Bruce Springsteen da vida (em termos musicais, claro). Diogo vai me matar, hauhauaha
Adrian: Um Springsteen meio country? haha.
Mairon: Isso, isso, isso.

6. Rock Candy
André: Já ouvi isso em algum lugar. E é um hardão daqueles ardidos.
Mairon: Mais um grande clássico, dessa vez, bandaça dos anos 70, para quebrar pescoço e balançar a perna. Dá-lhe Monstrose. E mais uma versão poderosa do UFO. Me impressiona como mesmo com o passar dos anos, Andy Parker ainda soca o bumbo como ninguém!!
André: Ah, eu sabia! Não me é estranho! Grande Montrose!
Adrian: Também já ouvi em algum lugar. Moore tá inspiradaço aqui, hein
Mairon: Vinnie Morre aqui emulando Hendrix. O cara sabe tocar como poucos, e todos os estilos!
André: Ele tem uns discos solos muito bons, por sinal.
Mairon: Fiz um cinco discos para conhecer ele, mas a Uol nos tomou na mão grande ...
Adrian: Sacanagem!
André: Nem me lembre desse período negro.
Mairon: O Rob de Luca no lugar do Pete Way é a única coisa que ainda não consigo engolir.
André: Ah isso eu concordo, Pete Way sempre foi um destaque no UFO, Luca infelizmente só faz o básico


 Versão em vinil branco

7. Mississippi Queen
André: Não conheço essa, mas logo curti também. Mogg e Moore são os grandes destaques desse disco.
Mairon: Mais um clássico. Mountain é outra banda que podia ser mais referenciada. Essa versão em particular, não me agrada perto da original. Mas de qualquer forma, não é ruim. Principalmente pelo peso da guitarra de Moore.
Adrian: Não digeri muito bem essa versão... Parece meio desconexa haha
Mairon: Pois é, faltou algo nela né? Acho que são os vocais do Mogg.
Adrian: Acho que quiseram fazer uma versão mais obscura
André: Como eu não conheço essa canção, a mim soou muito boa. De vez em quando é vantajoso ser um ignorante.
Adrian: Conheci essa música assistindo Simpsons. Salve Homer
Mairon: Cara, tu não conheces "Mississippi Queen"?? Mesmo?? Até o Ozzy gravou
André: Cara, posso ter ouvido, mas não estou reconhecendo a original

8. Ain't Sunshine
Mairon: Linda versão para a baladaça do Bill Withers. Outra faixa que me surpreendeu a gravação e a escolha, e que ficou muito, mas muito melhor do que o que o negão fez, que já é sensual pacas!!
André: O teclado deu uma aura muito boa a essa canção.  Está lá discretinho, mas bem colocado.
Adrian: Gostei da versão, a original eu conhecia, mas não dava muita bola também. Adaptaram bem e fizeram um hardão bordel muito bom.
Mairon: Perdeu toda a qualidade soul, mas ganhou muito pela interpretação.

9. Honey-Bee
Adrian: Gostei dos harmônicos, Zakk Wylde deve estar enciumado haha
André: Achei essa mais ou menos, particularmente.
Adrian: Não conheço a original, não tenho como comparar. Não é tão divertida quanto as outras versões. Essa é mais arrastada.
Mairon: Quem diria que essa música seria lançada três dias antes da morte de Tom Petty, e se tornaria uma despedida para outro grande gênio da música mundial? Versão pesada, melhor que a original, com uma cara bluesística, mas com todas as qualidades e características do UFO atual.
André: Sei lá Mairon, essa "Honey Bee" é pesada e tal, mas a própria canção me parece comum, o Moore dá uma levantada nela com os solos, mas acho que é mais gosto meu mesmo.

10. Too Rolling Stoned
André: Ah essa eu conheço, um clássico do Trower.
Mairon: Quando vi o track list, essa foi a que mais quis ouvir, para ver o que Morre iria fazer e se chegaria aos pés do Trower. Ouçam e me digam o que acham. Depois comento.
Adrian: Nessa eu que sou o ignorante, preciso ouvir a banda original.
André: É um músico, Robin Trower.
Adrian: Baita pegada legal, um blues pesadão.
André: Ah Mairon, não sei a sua opinião, mas eu fico mesmo com a original
Mairon: Então André, fico com a original também. A malemolência do Trower é insuperável, e Mogg não consegue cantar que nem ele. Só a virada para a segunda metade da canção é que me conquista (o solo do Moore é fodástico)
André: Também acho, Mairon. Mogg é Mogg, Trower é Trower, ambos de grande qualidade em seus estilos. Como não acho que o Trower faria algo lá tão bom se coverizasse um "Doctor Doctor" do UFO.
Mairon: Ótimo André, boa ideia.
Adrian: O solo da original também é esse absurdo?
Mairon: Talvez melhor Adrian, talvez melhor ..

11. Just Got Paid
Mairon: Cara, Billy Gibbons deve ter aberto um belo sorriso entre seu barbão, ao ouvir esse boogie malandro e sensacional que o UFO recriou para sua música!! E o Moore mostrando seus dotes no slide.
Adrian: Achei legal, tem uma pegada até mais moderna nessa versão, ao meu ver. Mas a essência da época também está ai.
André: Essa está muito boa, do ZZ Top. E se o Alisson achar que a banda estragou a música, azar o dele!
Mairon: Alisson é o Nilo Fake, ou Nilo é o Alisson Fake??
André: Ambos fakes do Bernardo.
Adrian: O El comentarista?

12. It's My Life
André: Epa epa, é o The Animals! Para compensar o fato de eu não saber a "Mississipi Queen".
Mairon: Cara, para quem ouviu isso com o Animals e ouve essa versão do UFO, jamais vai dizer que é a mesma música. Mesmo o teclado do Raymond tentando emular o órgão da original, não se compara. Começou com um gigante dos anos 60, e termina com outro grande nome dos 60. Amo Animals, e assim como o Yardbirds, o UFO está longe de conseguir fazer algo tão bom quanto o original daquela época.
André: O The Animals é de Newcastle Upon Tyne, eu amo aquela região da Inglaterra, até o time da cidade é foda, eu tento ouvir tudo o que sai daquela cidade.
Adrian: Achei válida a homenagem, mas também acho que não ornou, assim como a Mississipi.
André: Também não se compara a original Mairon, mas acho que ficou um pouco melhor do que a do Yardbirds.
Mairon: Para mim, a mais fraca do álbum.
Adrian: Parece que foi gravada sem muita expressão, meio que na obrigação de ter uma bônus.


Contra-capa do CD


Considerações Finais
Mairon: Um disco bastante surpreendente em termos de escolha do track list. Acho que o UFO pecou em trazer alguns clássicos aqui, mas fez bem em resgatar obras novas. Deu uma cara melhor para várias faixas, e só capengou mesmo na primeira e na última canção.
André: Um ótimo disco de covers, acima da média do que se ouve comumente por aí, ainda mais sendo de uma banda clássica como o UFO. Alguns deslizes o que é normal, mas dá para considerar que o UFO fez bem em lançá-lo
Adrian: Álbuns de covers podem ser uma boa sacada ou um tiro no pé. Acho que esse álbum fica no meio termo, criando boas versões e até surpreendendo na escolha da música do Mad Season, que ficou excelente. Apesar de não gostar de algumas das tentativas, é um bom lançamento e vale a pena conferir.
Mairon: Acho que como um disco de brincadeira do UFO, está ok. Mas seria legal ver The Salentino Cuts talvez como um bônus do The Visitor ou do A Conspiracy of Stars do que como um álbum oficial.
André: Gostei principalmente é que não foram covers manjados, pensei que viria Led Zeppelin, Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, as de sempre.
Adrian: O Stryper mesmo fez um álbum de covers de 50% manjadas e acabei gostando. Tem o negócio de ser comercial também.
Mairon: O disco de covers do Stryper é muito bom. Bom gurizada, valeu por ajudarem a tirar a virgindade do Adrian, e que venham outros War Rooms para ele participar.
André: Valeu pessoal, vou jantar que a fome apertou.
Mairon: Tb vou jantar aqui. Abraços e obrigado gurizada!! Valeu, até mais!
Adrian: Valeu galera não sou mais cabaço. Vou chegar na casa do André por que ouvi falar que tem pizza.
Mairon: auheuaheua. Bora pra casa do André.
André: Quase acertou, é lasanha! hahaha


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