sábado, 29 de novembro de 2014

Melhores de Todos os Tempos: 1985

RPM: Paulo “P.A.” Pagni, Paulo Ricardo, Fernando Deluqui e Luiz Schiavon
RPM: Paulo “P.A.” Pagni, Paulo Ricardo, Fernando Deluqui e Luiz Schiavon
Por Diogo Bizotto
Com André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, José Leonardo Aronna, Leonardo Castro, Mairon Machado e Ulisses Macedo
O leitor talvez não saiba, mas, a cada vez que divulgamos internamente a lista final de cada edição desta série, para que todos os colaboradores possam escrever seus comentários a respeito das obras citadas, tem início uma discussão sobre a qualidade das escolhas, normalmente com insatisfeitos berrando bem mais alto que os satisfeitos. Pois desta vez, então, multiplique isso por dez. Foi essa a reação frente à constatação de que Revoluções por Minuto, dos brasileiros do RPM, ocupou a posição mais elevada de todas. A decepção de alguns foi tão grande que até cogitaram não mais participar da série. Gritedo por gritedo, a verdade é que esta edição é a que apresenta o resultado mais embolado entre todas, tanto que Revoluções por Minuto é o primeiro colocado com a menor pontuação desde o início da série. Outra peculiaridade que denota essa pulverização de pontos é o fato de diversos discos citados nas listas individuais em primeiro e segundo lugares não terem dado as caras no resultado final. Nunca é demais lembrar que o critério para elaborar todas as edições segue a pontuação do Campeonato Mundial de Fórmula 1. Aguardamos agora seus comentários. Gostou do resultado? Achou uma porcaria? Manifeste-se!
 
01 Revoluções por Minuto
RPM – Revoluções por Minuto (62 pontos)
André: SIM, MERECE A PRIMEIRA COLOCAÇÃO, PARA DEIXAR BEM CLARA A MINHA POSIÇÃO AQUI. Agora meus argumentos. Qual o motivo de eu ter acrescentado Luiz Schiavon entre os melhores tecladistas de todos os tempos? Este disco recheado de melodias grudentas, cortesia de seus teclados, que ele praticamente carrega sozinho. Eu diria que o RPM é a banda que melhor mesclou o rock com o synth pop dos anos 1980, criando um álbum simplesmente fantástico. É o meu disco de estúdio preferido feito por uma banda brasileira. Só não é perfeito porque não tem “Alvorada Voraz”, e, por isso, Rádio Pirata ao Vivo (1986) acaba sendo ainda superior. Unindo músicas excelentes de apelo pop como “Rádio Pirata” e “Olhar 43” com canções mais politizadas como “Revoluções por Minuto”, este álbum foi o responsável por levar muitos jovens da época a darem seus primeiros passos no rock. Obrigado por tudo, RPM.
Bernardo: O que eu faço? Sacaneio a galera que colocou o cara que canta tema de novela mexicana e abertura de reality show ou posto a receita de um white russian? Aguardo votos nos comentários!
Bruno: Pegue tudo de pior que a música pop dos anos 1980 produziu: melodias batidas, produção clichê e exagerada, montanhas de teclados insuportáveis e letras fracas. Junte isso ao vocal irritante e cheio de gemidos de Paulo Ricardo. Pode parecer a fórmula para um fracasso retumbante, mas no Brasil deu certo e muito. O RPM foi uma verdadeira “beatlemania” no País. A banda não aguentou o próprio sucesso e implodiu alguns anos depois. Mas com uma graninha faltando, fizeram não uma, mas DUAS voltas. Daquelas que ninguém pediu. Simplesmente uma das coisas mais abomináveis na história da música nacional.
Davi: Chorem o quanto quiserem. A verdade é que o grupo de Paulo Ricardo fez um dos melhores discos de rock do Brasil. Não, não estou louco e tenho essa opinião há pouco mais de 20 anos. Os caras flertaram rock progressivo e new wave com seu pop/rock criando uma sonoridade única. O LP conta com letras inteligentíssimas, ora contendo teor romântico, ora críticas políticas. Várias músicas marcaram toda uma geração: “Louras Geladas”, “Olhar 43”, “A Cruz e a Espada”, “Juvenília”, “Rádio Pirata”, “Revoluções Por Minuto”… Chorem, reclamem, lamentem, esperneiem, mimizeiem, atirem-se de um prédio, façam o que quiserem. A verdade é só uma: este disco é um clássico!
Diogo: Nenhuma outra banda foi tão responsável por jogar no lixo o preconceito infantil daquele adolescente que pouco levava em consideração o rock cantado em português quanto o RPM. Em Revoluções por Minuto, o grupo conseguiu criar uma sonoridade própria unindo synth pop e rock progressivo, mas sem necessariamente soar como artistas encaixados nesses rótulos. Luiz Schiavon comanda as faixas com seus sintetizadores dos mais diversos timbres, mas o jeito cínico e debochado dos vocais de Paulo Ricardo também é essencial, assim como suas linhas de baixo e as guitarras de Fernando Deluqui são importantes e bem sacadas. Acima de tudo, a quantidade de melodias grudentas é absurda, tanto que a maior parte do tracklist recebeu grande exposição. Minha favorita é a irresistível “Olhar 43″, mas “Rádio Pirata”, “Louras Geladas”, “Estação no Inferno” e a faixa-título também são viciantes. “A Cruz e a Espada” é uma baladaça que destaca Paulo Ricardo, que também faz bonito, dessa vez no baixo, em “A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade”. O lado B, mais “dark”, mantém o mesmo nível dos hits, especialmente em se tratando da melancólica “Juvenília”. Para mim, o melhor disco de 1985 chama-se To Mega Therion (Celtic Frost), mas não me incomoda nem um pouco ver Revoluções por Minuto no topo. Quem já me viu bêbado bancando o cantor de algumas de suas música sabe muito bem. Chora, neném.
Eudes: O irritante riff de teclados (de timbre insuportável) que inicia “Rádio Pirata” são segundos que resumem tudo o que havia de mais detestável no BRock. A produção polida, a bateria digital e a voz de quem está com prisão de ventre do vocalista Paulo Ricardo completavam o serviço. Foi daquelas coisas que, na época, odiei à primeira audição. Mas como negar a importância de um disco em que todas as péssimas faixas estouraram no rádio, marcando, para o bem ou para o mal, toda uma geração? Não havia como ignorar o álbum na lista de 1985, mas o fato dele encabeçá-la me faz dizer, como o citado Ricardo na faixa “Olhar 43″: “Que desperdício!”. Para não dizer que o álbum é completamente ruim, o single que antecedeu seu lançamento, “Louras Geladas”, continua simpático. A vitória do RPM na lista de 1985, além de levar uma banda nacional de forma inédita ao pódio, é um sinal de que tempos eram aqueles.
Fernando: Talvez a maior supresa de todas as que já tivemos nesta série. Eu até havia pensado no disco ao vivo que foi lançado um ano depois deste para a edição de 1986, mas como não consideramos álbuns desse tipo, ele ficaria de fora mesmo. Escutei Rádio Pirata ao Vivo até furar e considero todas as versões ao vivo das músicas deste álbum de 1985 como as definitivas. Acho até que “Louras Geladas” poderia ter entrado no tracklist do ao vivo. O RPM revolucionou bastante principalmente por conta da sonoridade muito diferente do que tínhamos no Brasil, entretanto hoje parece totalmente datada. Não que isso seja ruim. Mesmo assim, não concordo com a entrada deste álbum na lista, principalmente em primeiro lugar. Se fosse para destacar um disco nacional desse ano, que fosse Nós Vamos Invadir Sua Praia, do Ultraje a Rigor.
José Leonardo: Na minha opinião, uma das coisas mais chatas, insuportáveis e medíocres do pop rock oitentista. Sabem aquele filme do Coppola, “Apocalypse Now” (1979)? Pois é: “O horror, o horror, o horror…”.
Leonardo: Antenados com o que rolava no pop rock mundial, Paulo Ricardo e companhia compuseram o maior fenômeno musical dos anos 1980 no Brasil. Extremamente grudento e repleto de refrãos pegajosos, o disco catapultou o grupo ao estrelato. Mas isso não significa que o álbum seja isso tudo. Salvam-se algumas músicas, mas, no geral, é um disco bastante cansativo…
Mairon: Uma piada de extremo mau gosto esta primeira colocação. Com tantos discos importantes no rock mundial para o ano de 1985, colocar esta invenção nacional sem fundamento em primeiro lugar é um atestado de palhaçada, e me faz repensar minha participação na série. O disco amarelo traz uma sensação de nostalgia com diversos clássicos do BRock, como a faixa-título, “Rádio Pirata”, “Olhar 43″ e “Louras Geladas”, que são ótimas para uma festa oitentista, mas melhor de 1985???? Vão contar estórias para seus netos, e se justificar perante os deuses do rock por tamanha atrocidade.
Ulisses: BRock inundado de sintetizadores, com letras relativamente maduras e faixas comerciais na medida certa. É legalzinho, mas não gosto tanto assim, nem acho que deveria estar em primeiro lugar.
 
02 Bonded By Blood
Exodus – Bonded By Blood (57 pontos)
André: A estreia do Exodus é simplesmente muito boa. Sempre gostei muito mais dessa banda, liderada por Gary Holt, do que do Slayer de Kerry King. Meu disco preferido deles é Fabulous Disaster (1989), mas Bonded By Blood é digno de aparecer na lista de melhores pela sua representatividade na época. Gosto das quebradeiras presentes em “And then There Were None”, “No Love” e “Strike of the Beast”.
Bernardo: Ouvi bastante quando era mais novo, mas hoje me parece meio que homogêneo demais. Mas tem grandes músicas, como “Bonded By Blood”, “A Lesson in Violence” e “And then There Were None”.
Bruno: Das consideradas bandas grandes do thrash metal, o Exodus para mim sofre de uma carência de boas composições. Sua discografia é errática e, apesar de bons músicos, os álbuns são cheios de fillers. Mas a estreia da banda de San Franciso é sem dúvida seu ponto alto. Ignore as letras clichês e infantis urradas pelo figuraça Paul Baloff: a dupla Gary Holt e Rick Hunolt metralha nossos ouvidos com riffs esporrentos e solos de guitarra velocíssimos, enquanto Tom Hunting espanca seu kit de bateria. Uma pena que Baloff tenha deixado a banda após este clássico pra dar lugar ao insuportável Steve “Zetro” Souza, mas ao menos seu papel estava cumprido: é dele a voz no melhor disco do Exodus e em um dos grandes do thrash.
Davi: Álbum extremamente cultuado, mas pelo qual nunca consegui morrer de amores. Embora tenha uma sonoridade pesada e agressiva, não consigo curtir o trabalho vocal de Paul Baloff. Sei que é um disco importantíssimo para a cena thrash, mas prefiro os álbuns mais atuais do Exodus.
Diogo: Bonded By Blood é a tradução perfeita do que é o thrash metal, especialmente em seus primórdios, transbordando garra e energia em todas as faixas. Mais que um punhado de grandes riffs, Gary Holt e Rick Hunolt conseguiram transformá-los em ótimas composições, que ganharam ainda mais vida pelos pés e mãos velozes de Tom Hunting e através dos debochadíssimos vocais de Paul Baloff, que proclama letras que hoje em dia parecem um amontoado de clichês, mas que soam tão bem em conjunto e fazem todo sentido do mundo materializadas na forma de músicas como “And then There Were None”, “Metal Command”, “Exodus” e a faixa-título. “A Lesson in Violence”, então, é autoexplicativa, ilustrando com propriedade o lado mais veloz e agressivo do estilo, assim como “Strike of the Beast”. “Piranha”, por sua vez, é exemplo de que o thrash metal da Bay Area, ao contrário daquele que surgia em Los Angeles ou na Alemanha, tinha uma boa dose de swing e não soava tão reto. Há espaço até para uma certa porção de complexidade e variações, vide “No Love” e “Deliver Us to Evil”. Slayer, Anthrax, Kreator, Destruction, Megadeth… todos mandaram bem; mas, em 1985, o trono do thrash metal pertencia ao Exodus. Discaço pra ouvir batendo cabeça e com uma cerveja na mão.
Eudes: Metal de uma ou duas notas só. No meio da audição não sabia mais em que faixa estava. Mas pode ser senilidade de minha parte… Não descarto.
Fernando: O Exodus foi um dos precursores do thrash metal norte-americano, e daquelas bandas foi uma das últimas a lançar um LP. Muito disso deve-se à saída do guitarrista Kirk Hammett (Metallica), que acabou atrasando a carreira do grupo. Contando ainda com o já falecido Paul Baloff nos vocais, o Exodus mostrou que o tempo de espera pelo LP fez bem e moldou uma pancada de clássicos do estilo. Disco indispensável para qualquer fã de heavy metal.
José Leonardo: Passo, não é minha praia.
Leonardo: De acordo com a banda, o título original deste disco deveria ter sido “A Lesson in Violence”, mas foi trocado na última hora devido à ausência de uma arte que combinasse com o nome. Mas que seria o título perfeito para o álbum, isso seria. Um dos pilares do thrash metal norte-americano, o Exodus ofereceu em Bonded By Bloodtudo que os fãs do estilo esperavam. Músicas ríspidas, agressivas, com riffs cortantes e o vocal único da lenda Paul Baloff. Ainda assim, sob toda a violência, e mesmo com a produção irregular, tudo no disco era marcante e inesquecível, principalmente os solos e duetos de guitarra. Sem dúvida alguma, um dos melhores lançamentos do gênero.
Mairon: Bela estreia de um dos grupos mais injustiçados do thrash metal. Pancadaria comendo solta, sendo minhas preferidas “No Love”, “A Lesson in Violence” e “Strike of the Beast”, com Paul Baloff gritando enlouquecidamente. No geral, total destaque para a dupla de guitarristas Rick Hunolt e Gary Holt, o último um dos melhores do estilo, e que teve a sorte de virar um dos donos das seis cordas no Slayer. Quase entrou na minha lista final, e é um bálsamo vê-lo por aqui.
Ulisses: Petardo thrash lançado pela banda que merecia tornar o “Big 4″ um “Big 5″. A dupla de guitarristas Gary Holt e Rick Hunolt apresenta riffs afiados e solos matadores. Canções como “Piranha”, “Metal Command”, “A Lesson in Violence” e a faixa-título, capitaneadas pelo lendário Paul Baloff, são verdadeiras lições de música pesada.
 
03 Misplaced Childhood
Marillion – Misplaced Childhood (50 pontos) *
André: Ótimo ver o Marillion por aqui novamente. Apesar de meu favorito serFugazi (1984), presente na edição anterior da série, posso dizer que Misplaced Childhood é uma sequência digna na discografia da banda. É um disco todo focado principalmente nos teclados de Mark Kelly, com a guitarra de Steve Rothery fazendo solos. “Kayleigh” e “Lavender” são as músicas mais famosas do Marillion, porém prefiro a viajante “Bittersuite” e a linda “Blind Curve”, com solos de guitarra à la David Gilmour (Pink Floyd). Belo disco conceitual, entre os melhores dos anos 1980.
Bernardo: Marillion é o famoso “não tem cão caça com gato”. É tipo tentar disfarçar o vício em morfina com metadona. Progger que ouve Marillion é tipo grunge que ouve Staind: enganar-se não vai tornar real!
Bruno: Uma das piores coisas que os anos 1980 pariram.
Davi: O Marillion nunca foi uma das bandas mais amadas, mas a verdade é que eles fizeram vários trabalhos interessantes. Misplaced Childhood é um deles. O disco é uma verdadeira viagem.  Fish costumava dizer que este álbum tinha duas faixas: lado 1 e lado 2. O pior é que faz sentido. E o trabalho não é cansativo. Pelo contrário, é quase impossível querer parar o disco depois que ele começa a tocar. “Kayleigh”, seu maior hit, é daqui, mas o álbum inteiro é muito bom. Clássico!
Diogo: Não sei se é o melhor disco do Marillion pois não conheço todos, mas no mínimo é forte candidato. A inclusão de Fugazi na edição passada da série foi exagerada, mas Misplaced Childhood não faz feio por aqui, muito menos seus dois grandes sucessos, “Kayleigh” e “Lavender”. As baladas, no álbum formando apenas uma única canção em duas faixas, são também destaque musical, salientando os belos timbres do guitarrista Steve Rothery e a performance vocal de Fish, apesar da banda toda mandar muitíssimo bem. O prog dá as caras com mais força na variada “Bitter Suite” e deságua em “Heart of Lothian”, com Rothery solando muito bem o tempo todo. Já o lado mais épico (ainda prog, é claro) manifesta-se em “Blind Curve”, enquanto “Childhood’s End” é mais uma a mostrar que Rothery é um guitarrista de muito bom gosto e merece reconhecimento. Belo disco, que chegou a rondar minha lista.
Eudes: Com todo respeito aos admiradores, quando ouço os teclados iniciais da Parte I, lembro-me do porquê de minha má vontade com a banda. Francamente, se é para fazer música baseada em instrumentos eletrônicos, melhor Michael Jackson e Prince. Pior é que toda a pompa do início é para introduzir uma melodiazinha amena, até agradável, mas inócua. Mas admito que na Parte II, mais climática, embora com os mesmos timbres irritantemente oitentistas dos teclados e o cantor com pretensões messiânicas, as coisas melhoram um pouco. Pulemos a Parte III com os inevitáveis dedilhados bregas ao violão. Na Parte IV, um malogro ao tentar fazer a coisa pesar uma coisinha, antecedendo a “dramática” Parte V, que deve ter feito Peter Gabriel pensar no que fez de errado para ter esses seguidores. Depois de quase 40 minutos, a Parte VI nos lembra que, nesse gênero do pop, um disco lançado no mesmo ano fez isso muito melhor, Songs from the Big Chair, do Tears for Fears.
Fernando: Já descrevi minha admiração por este álbum aqui. Este seria um daqueles dez que iriam comigo para morar em uma ilha deserta. Fish entregou algo totalmente pessoal com letras autobiográficas, belas e emocionantes. Eles também conseguiram, com a gravação deste disco, algo inimaginável em uma época em que todos insistiam em dizer que o progressivo estava morto.
José Leonardo: Definitivamente, o melhor disco da banda. Este é um álbum conceitual, inteligente, variável e com música envolvente. A musicalidade é excelente, as composições são muito boas e as letras são hipnotizantes. Simples assim. Destaque para o baterista Ian Mosley e o guitarrista Steve Rothery.
Leonardo: Melhor disco do Marillion, na minha modesta opinião. A sensibilidade pop da banda ajudou-os a compor uma série de canções marcantes, com melodias e solos muito agradáveis.
Mairon: Como disse na edição anterior da série, não consigo gostar de Marillion. Até fiz o esforço de reouvir Misplaced Childhood, mas acabei comprovando que aturar os teclados insossos do grupo, assim como a imitação barata de Peter Gabriel através de Fish, não é para mim. A banda é uma versão extremamente piorada da pior fase do Genesis. Terrível, e tinha até esquecido que a chatíssima “Kayleigh” é deste disco. Já estou esperando ansioso a entrada de Invisible Touch (1986) e We Can’t Dance(1991) na série.
Ulisses: Este daqui é melhor que o do ano anterior (Fugazi). Fluído, com melodias bem construídas e encaixadas. Tenho que ouvi-lo mais vezes para captar melhor o que se passa no disco, mas por ora posso dizer que me transmitiu uma boa impressão. “Heart of Lothian” e “Blind Curve” são muito boas.
 
04 Rain Dogs
Tom Waits – Rain Dogs (50 pontos) *
André: O único trabalho que gostei de Tom Waits nesta vida foi sua atuação como Renfield no filme “Drácula de Bram Stoker”, de 1992.
Bernardo: Por mais que seja difícil encontrar palavras depois de escrever tanto sobre o disco e sobre cada música na edição da seção “War Room” que fizemos por aqui, não custa nada tentar! “Rain Dogs”, espécie de “bíblia” da marginalidade erguida por Tom Waits, carrega desde a arte de capa (foto da lendária exposição “Cafe Lehmitz”, de Anders Petersen) um forte espírito underground e experimental, repartindo sua magnum opus entre vigorosos rocks acompanhados da guitarra de Keith Richards, rumbas e polcas sombrias, jazz sarcástico, spoken words de atmosfera “chumbada”, baladas rasgadas e doídas em sua sinceridade e o grande encerramento de todos: “Anywhere I Lay My Head”, verdadeiro exorcismo musical executado de forma anacrônica, desconjuntada e errática, perfeita em toda a sua imperfeição. Não por acaso, meu disco preferido, que impactou à primeira ouvida e criou um verdadeiro gosto pelo inusitado e pelo pouco óbvio.
Bruno: Sempre gostei muito da fase trovador bêbado blueseiro/cantor de boteco do Tom Waits, mas demorei um pouco pra conseguir encarar seus discos mais experimentais. Mas depois de algumas audições e principalmente da edição da seção “War Room” abordando Rain Dogs, consegui finalmente assimilar este que talvez seja seu disco mais brilhante. Replico as palavras que usei na ocasião: “Um álbum maravilhoso, honesto, desafiador e muito versátil. Temos jazz, rock, blues, country, baladas e até temas circenses. A adição da guitarra de Keith Richards em três faixas é muitíssimo bem-vinda, encaixando perfeitamente com a estética suja e urbana do disco”.
Davi: Nada a comentar. Afinal, piada não se explica e esta escolha não pode ter sido séria.
Diogo: Não sou um profundo conhecedor de Tom Waits, mas mesmo assim creio ser bom esclarecer: deixem de lado esse papo de que aquilo que o cara faz é “música para ouvir em um boteco esfumaçado” ou qualquer coisa parecida, que se repete à exaustão por aí. A impressão inicial até pode ser essa, mas manter esse tipo de percepção é totalmente prejudicial à audição de sua obra. Basta algumas vezes imaginar outro vocalista cantando as mesmíssimas canções para perceber que o que Tom Waits faz, ao menos neste álbum, é muito mais variado e experimental, refletindo influências que se revelam prestando um pouco mais de atenção, como o fato de algumas melodias remeterem até à música country norte-americana, ou no mínimo algo muito mais folclórico e rural que um inferninho no coração de uma metrópole. Isso sem falar em toda sua teatralidade, essa sim uma herança mais urbana, ajudando a tornar Rain Dogs uma audição muito interessante.
Eudes: Apesar de soar bizarro para ouvidos destreinados, Tom Waits inscreve-se em uma dupla tradição: o standard norte-americano e a música de vaudeville europeia, especialmente alemã. Não é à toa que se ouça em seus discos tons que remetem a Kurt Weil, o célebre músico alemão parceiro de Bertold Brecht. Pelo mesmo motivo, seus discos, e Rain Dogs em particular, soam teatrais e, mais precisamente, operísticos. Ouvido assim, como uma peça só, conceitual, como se dizia, Rain Dogs faz muito sentido e a voz desagradável de Waits encaixa-se muito bem à instrumentação de banda de cabaré, juntos para contar histórias noturnas, das ruas e do submundo das metrópoles estadunidenses. Ouçam com vontade, afaste as pré-concepções roqueiras, que faixas como “Jockey Full of Bourbon” vão descer bem redondinhas.
Fernando: De novo tentei ouvir esse cara. Não dá não!!!
José Leonardo: Taí um cara cuja obra musical preciso conhecer mais! Conheço pouca coisa isolada e acho legal.
Leonardo: Considerado por muitos uma obra-prima, o disco lançado em 1985 por Tom Waits não me cativa. Talvez seja devido à variedade de estilos e às experimentações contidas no álbum, mas pouca coisa faz sentido para mim. Passo.
Mairon: Um dos piores discos que já ouvi na minha vida, como atesta a edição da seção “War Room” feita com ele.
Ulisses: Com uma voz áspera e bastante característica, Tom Waits constrói uma experiência peculiar em Rain Dogs, trazendo experimentações que encantam o ouvinte, com destaque para a performance do cantor em “Hang Down Your Head” e “Time”, além da ótima “Jockey Full of Bourbon”, que me cativou de primeira. Excelente recomendação dos consultores.
 
05 Love
The Cult – Love (36 pontos)
André: Acredito que este seja o disco mais adorado pelos fãs devido àquela mistura de hard rock com pós-punk pela qual o The Cult ficou famoso, mas para mim os dois álbuns da década de 1990 – Ceremony (1991) e The Cult (1994) – são melhores do que este.
Bernardo: Só havia ouvido Sonic Temple (1989) e não tinha dado muita pelota. Depois de ouvir Love, minha impressão de “não fede nem cheira” se confirmou.
Bruno: O Cult começou como uma banda de pós-punk, rock gótico, mas já tinha um som de guitarra mais vigoroso, cortesia do excelente Billy Duffy. O produtor Rick Rubin perceberia isso mais tarde e faria com que o grupo deixasse de lado o chororô pra se focar no hard rock e com isso estourariam, mas Love serve como um registro de transição e com ótimas composições e uma performance acima da média de Ian Astbury.
Davi: Primeiro grande álbum do The Cult. Os caras transitavam entre o pós-punk, o gótico e o hard rock com maestria e entregaram um dos álbuns mais emblemáticos de sua carreira. Repleto de clássicos como “Nirvana”, “She Sells Sanctuary”, “Rain” e “Revolution”, Love é um álbum extremamente empolgante. Foi um disco que ouvi bastante na minha infância, assim como Electric (1987), Sonic Temple e Ceremony.
Diogo: Em Love, o The Cult equilibra-se em um interessante limiar: enquanto a cozinha trabalha de forma quase análoga aos grupos pós-punk, a guitarra de Billy Duffy emana riffs puxados para o hard rock setentista, mesmo que com uma timbragem totalmente oitentista. Essa situação limítrofe é justamente o charme de Love, que soa datado mas surpreendentemente envelheceu muito bem, por mais que isso pareça contraditório. Falei dos riffs de Duffy, é verdade, mas apesar deles estarem lá, vide “Nirvana”, “Love”, “The Phoenix” e a soberba “Rain”, o guitarrista também atua como um arranjador que, mesmo de maneira mais sutil, não fica sem se destacar, como atestam a excelente “Revolution”, “Big Neon Glitter” e “Brother Wolf, Sister Moon”. Apesar de tudo que citei, minha favorita mesmo é “She Sells Sanctuary”, contagiante até não poder mais. Citei tanto Billy Duffy, mas não serei injusto: Ian Astbury também é parte importante da identidade do grupo, mesmo que seus vocais às vezes sejam um tanto ininteligíveis.
Eudes: Na boa, o que há de interessante em “Nirvana”? “Love” já é bacana, ainda que derivativa, o que no rock não é algo desabonador. O mesmo pode-se dizer de “Brother Wolf, Sister Moon”, com sua inflexão folk. “Hollow Man” também é bem legal. Mas são faixas bacanas diluídas entre outras esquecíveis. Um bom disco, apesar de irregular.
Fernando: Sou daqueles que quando pensam no nome The Cult lembram de cara deSonic Temple e isso ficou difícil de mudar. Quando eu e meus amigos tivemos contato com a banda há mais de 20 anos, não tínhamos outro disco à disposição, então dá-lheSonic Temple. Quando este chegou para mim, muitos anos depois, não consegui ouvi-lo com a mesma empolgação.
José Leonardo: Uma das boas surpresas do rock inglês oitentista, uma alternativa ao synth pop enjoado e repetitivo, mesclando peso e influências psicodélicas (que estavam mais presentes no primeiro álbum da banda) em doses certeiras. Destaques para “Love”, “Nirvana”, “Big Neon Glitter”, “Rain” e “The Phoenix”. No álbum seguinte, a banda entraria em cheio no hard rock, mas isso é uma outra história…
Leonardo: Bom disco do The Cult, mas o melhor da banda ainda estava por vir. Contudo, no meio de alguns clássicos indiscutíveis, como “She Sells Sanctuary” e “Rain”, há algumas músicas bem dispensáveis. Mas os riffs de Billy Duffy geralmente salvam as canções.
Mairon: Para mim, o The Cult foi uma das grandes bandas surgidas nos anos 1980. Os vocais de Ian Astbury e a guitarra de Billy Duffy criaram uma sonoridade que misturou Led Zeppelin com U2, chocando o mundo em 1984 com o ótimo Dreamtime, mas contagiando mesmo no ano seguinte com o excelente Love, talvez seu principal LP. Nele estão dois dos maiores sucessos da carreira do grupo, “Revolution” e “She Sells Sanctuary”, com refrões garantindo o estouro dos pulmões nos shows. “Rain” e a faixa-título são daquelas que você reconhece ao primeiro riff e fazem você sair dançando pela casa. Duffy detona o wah-wah na incrível “The Phoenix”, e é impossível não ficar hipnotizado com as baladas épicas “Black Angel” e “Brother Wolf, Sister Moon”. Grande disco, outra flor de lótus desta lista.
Ulisses: O The Cult é outra banda da qual eu sempre ouvi falar, mas acabei nunca conhecendo. Love é uma boa oportunidade de conhecer o grupo inglês, que traz um hard rock gótico com uma aura levemente psicodélica e é capaz de prender a atenção do ouvinte com facilidade. Canções como “Rain”, “Big Neon Glitter” e a faixa-título são ótimas demonstrações do som do The Cult, mas o destaque de Love é mesmo “She Sells Sanctuary”, uma síntese do senso melódico sobre a qual todo o disco parece gravitar.
 
06 Hell Awaits
Slayer – Hell Awaits (35 pontos)
André: Só digo que, se for para ter três representantes do thrash metal nesta lista, um deles deveria ser Infernal Overkill, do Destruction.
Bernardo: Salto de qualidade em relação a Show No Mercy (1983), com uma grande faixa-título e um resultado no geral um pouco menos cru e mais trabalhado e diversificado.
Bruno: Não curto os primeiros discos do Slayer.
Davi: Amo Slayer, mas sempre considerei Hell Awaits um de seus discos mais fracos. A sonoridade é mais obscura que a de Show No Mercy, porém acho as composições menos inspiradas. E não tem a ver com serem mais longas, não. Nunca tive problemas com faixas de longa duração. Considero-o um disco sem brilho. Tudo bem que as faixas “At Dawn They Sleep” e “Hell Awaits” são consideradas clássicos do grupo, mas este disco nunca conseguiu me conquistar. Mas tudo bem, porque no ano seguinte eles lançariam um verdadeiro clássico do heavy metal, o magnífico Reign in Blood.
Diogo: A música responsável por me tornar um fã do Slayer e consequente adorador do capiroto é a faixa-título deste álbum, uma das primeiras de muitas aulas de blasfêmia e extremismo que o Slayer ministraria ao longo de sua honestíssima carreira. Sozinha, a introdução já é uma verdadeira sinfonia anunciando a abertura dos portões do inferno. Na íntegra, a melhor obra em toda a carreira do grupo. Mais ousado e trabalhado que Show No Mercy, Hell Awaits certamente foi essencial para ditar os rumos que o metal extremo tomaria mais adiante, influenciando o surgimento de subestilos ainda mais agressivos. Como não se inspirar nas pedaladas violentas de Dave Lombardo na viciante “Kill Again” ou em “Praise of Death”? Ou nas cusparadas de riffs protagonizadas por Jeff Hanneman e Kerry King em “At Dawn They Sleep” e “Necrophiliac”? O que falar então da cavernosa e trabalhada “Crypts of Eternity”? Pois eu digo: por mais que o Slayer tenha tornado-se uma banda ainda mais afiada em lançamentos seguintes, nunca mais lançou material como o apresentado em Hell Awaits. Se isso é bom ou ruim, cabe a cada um julgar.
Eudes: Força, potência, volume e ferocidade… Está tudo aí. Pena que faltou música! Ah, a capa é tão tosca que ficou involuntariamente boa.
Fernando: Não sei bem o motivo, mas Hell Awaits nunca me agradou de fato. Ouço suas músicas, mas não consigo colocar este álbum no mesmo patamar dos dois seguintes e acho Show no Mercy muito mais divertido.
José Leonardo: Passo. Não é minha praia. Nem consigo ouvir um disco inteiro…
Leonardo: Se no primeiro disco o Slayer pegou riffs do Iron Maiden e de toda a NWOBHM e tocou-os na velocidade da luz, no segundo a banda foi muito mais ousada. Apostando em músicas mais longas e intrincadas, mas ainda mais extremas e brutais, o quarteto de Los Angeles viria a influenciar toda uma geração de músicos, do technothrash do Watchtower ao death metal do Cannibal Corpse. Essencial para entender o passado, o presente e o futuro do thrash metal.
Mairon: A maior alegria desta lista. Ver Hell Awaits entre tanta porcaria causa até constrangimento. Um dos melhores discos de todos os tempos do thrash metal, durante anos injustiçado, e hoje finalmente merecedor de uma homenagem que deveria ter sido prestada há anos. As experimentações do quarteto californiano ocasionaram canções longas para o estilo, mas que são incrivelmente sedutoras e, ao mesmo tempo, quebradoras de pescoço mundo afora. Só a satânica introdução de “Hell Awaits” é melhor do que tudo o que apareceu nesta lista, mas ainda tem Dave Lombardo detonando a bateria em “Kill Again” e “Praise of Death”, Tom Araya fazendo misérias em “Necrophiliac” e a dupla Kerry King/Jeff Hanneman criando uma das melhores canções da carreira do grupo, a cavalice esporrenta e matadora de “Crypts of Eternity”. Disco fantástico, impossível de ficar atrás de um RPM qualquer, e que, para mim, perdeu em 1985 apenas para o foderoso Seven Churches (Possessed).
Ulisses: Com composições mais bem elaboradas, riffs endiabrados e vários momentos empolgantes, Hell Awaits mostra uma clara evolução na musicalidade do grupo, aprimorando seus devaneios diabólicos. Com músicas relativamente longas para o padrão do Slayer e contendo várias mudanças de andamento, Hell Awaits é um dos discos mais fodas do estilo.
 
07 Under Lock and Key
Dokken – Under Lock and Key (33 pontos)
André: Gosto muito do Dokken, principalmente da dupla George Lynch (guitarra) e Jeff Pilson (baixo). Under Lock and Key é o meu segundo disco preferido da banda, ficando atrás apenas de Tooth and Nail (1984). A banda estava inspiradíssima nesses seus primeiros lançamentos. Não à toa, Lynch é considerado um dos melhores guitarristas do hard rock, pois neste álbum o norte-americano debulha com solos cheios de técnica e velocidade, além de uma guitarra que praticamente “canta” junto a Dokken e Pilson. A minha faixa preferida deste disco é “In My Dreams”, na qual o vocalista e o baixista fazem vozes dobradas e seus timbres casam perfeitamente. Bom lembrar o quanto Pilson canta bem, poderia muito bem assumir os vocais da banda sem ninguém sentir a perda de Don Dokken. No mais, ainda destaco as ótimas “Jaded Heart” (bela balada, também uma especialidade do Dokken) e “Til the Livin’ End” (rápida e pesada).
Bernardo: Não gosto e me abstenho de comentar. Ouvi os grunge dorme-sujo demais para poder aturar essas farofadas pão com ovo.
Bruno: Patinando entre o hard e o heavy metal, este talvez seja o melhor disco da banda, com o grande trabalho de guitarra de George Lynch, unindo peso e melodia na medida certa. Dá até pra ignorar a voz irritante de Don Dokken.
Davi: Muita gente critica as bandas de hair metal. Sempre curti. Algo que sempre me chamou a atenção é que as músicas tinham bastante melodia, mesmo quando os grupos tinham um pouco mais de peso, como é o caso do Dokken. Outro fator que me chamava a atenção era que essas bandas também possuíam ótimos guitarristas e, por vezes, vocalistas. Embora goste bastante de Don Dokken, quem mais me chamava a atenção no grupo era o genial guitarrista George Lynch (que também fez discos sensacionais com o Lynch Mob) e o baixista Jeff Pilson. Tem muito músico que gosta de tirar sarro dessa cena e que não toca um décimo do que esses caras tocam. Sério mesmo! Um de seus melhores trabalhos, que conta com os clássicos “Unchain the Night”, “In My Dreams” e “It’s Not Love”.
Diogo: Apesar de não ter votado no grupo, fico feliz em ver o Dokken por aqui, não apenas por si só, mas representando toda uma cena, por mais que eu preferisse que esse espaço fosse ocupado pelo Ratt. Este Under Lock and Key, Tooth and Nail eBack for the Attack (1987) formam sua trinca essencial, apresentando material que equilibra bem agressividade e melodia, além de ótimas performances instrumentais, com ênfase para aquele que é um de meus guitarristas favoritos, George Lynch. Tanto é assim que, mesmo quando as canções não são tão inspiradas, seus solos dão um jeito de salvá-las do desperdício. Nas canções mais pesadas, então, o músico dá show de performance, como é o caso de “Lightnin’ Strikes Again” e e “Til the Livin’ End”. Como um todo, porém, a banda trabalha melhor mesmo é nas músicas mais midtempo, vide as excelentes “Unchain the Night”, “The Hunter” e “It’s Not Love”. Lynch iria ainda mais além em se tratando de performance e timbre, mas isso é assunto (quem sabe?) para a edição de 1987 desta série.
Eudes: Entre aquelas bandas de vocalistas meio retardados e riffs tristes e o chamado metal extremo, o metal poodle hair fashioned até fica simpático. Dokken faz pior o que as grandes (e nem tão grandes) bandas hard dos anos 1970 faziam, com a desvantagem de meter refrões “majestosos” em tudo que é faixa, como ocorre já na abertura com “Unchain the Night”.  Já “The Hunter”, com vocais menos afetados, é boa trilha para encostar a barriga no balcão e mandar descer outra gelada. Mas o bebum tem de lembrar de mandar pular a xaroposa “In My Dreams” e a balada cafona de lei nos discos farofa da época, “Slippin’ Away”. E assim o disco vai, entre rocks bacaninhas, trilhas de propaganda de produtos “para jovens” e mais baladas. Pelo menos ficamos sabendo que o Nazareth teve seguidores…
Fernando: É impossível falar de Dokken e não lembrar do refrão de “Unchain the Night”. Este é um daqueles álbuns que mostramos para aqueles que insistem em dizer que o glam metal, ou hair metal, ou simplesmente hard rock norte-americano, era apenas cabelos, maquiagem e putaria. Muitas bandas faziam sim um puta som!
José Leonardo: Sem comentários…
Leonardo: Obra prima do hard rock oitentista norte-americano. Reunindo um guitarrista fora de série, uma cozinha segura e um vocalista no auge de sua forma, o Dokken compôs um conjunto de canções fortíssimas, unindo peso, melodia e solos de guitarra espetaculares, além de harmonias vocais de arrepiar. Algumas baladas são desnecessárias, mas músicas como “Unchain the Night”, “In My Dreams” e “Don’t Lie to Me” são algumas das melhores que o estilo tem para oferecer. E se falar de George Lynch é chover no molhado, vale a pena ressaltar a excelente produção do disco, a cargo de Michael Wagener, que soa atual até os dias de hoje.
Mairon: Quem ouve a introdução de “Unchain the Night” até acha que o disco vai ser bom, mas o que temos é uma overdose de farofa que nem o mais tarado admirador de feijoada consegue engolir. Salva-se o virtuosismo fritador de George Lynch e a velocidade da boa “Till The Livin’ End”, mas a voz dondoca do Don Dokken é dose, como atesta a introdução de “In My Dreams”. Fica como positivo a esperança de que, em 1986, o melhor disco farofento de todos os tempos esteja entre os melhores. Ah, e detesto esse som de bateria dos anos 1980.
Ulisses: O Dokken é uma banda da qual sempre ouvi falar mas nunca tive vontade de correr atrás para conhecer. Under Lock and Key traz um glam metal acessível, mas com alguns momentos bem pesados, como em “Lightnin’ Strikes Again” e “Til the Livin’ End”, evidenciando a habilidade de George Lynch. No geral, achei apenas um pouco acima da média.
 
08 Brothers in Arms
Dire Straits – Brothers in Arms (33 pontos)
André: Por muito tempo me afastei do Dire Straits. Achava que faziam um rock básico e simplório, sem sal. Ainda bem que eu mudei, pois sal é o que mais tem na simplicidade bacana e divertida do Straits. Passei a adorar a maneira que Mark Knopfler canta, com aquela voz meio soturna e enigmática bem ao estilo gothic rock. Sendo este o seu álbum de maior sucesso comercial, Brothers in Arms estava para o resto do mundo como Revoluções por Minuto estava para o Brasil. Rock com uma boa dose eletrônica, “Money for Nothing” e “Walk of Life” se tornaram os maiores hits da música oitentista. Por sinal, nunca consegui entender como esses caras conseguiram misturar aquele sintetizador a uma música de progressão country e ainda fazê-la funcionar e virar um single de sucesso. Só não incluí em minha lista porque suas últimas canções (ou seu lado B, para o pessoal do vinil) é bem mais fraco do que as cinco primeiras.
Bernardo: A galera ama, mas eu nunca dei muita pelota, apesar de eu achar que o clássico “Money for Nothing” é mesmo incrível, contagiante até dizer chega. Só não sei o que é mais datado: o videoclipe da música ou a capa do álbum!
Bruno: Respeito o talento de Mark Knopfler como guitarrista, mas não tem nada no som do Dire Straits que me agrade.
Davi: Este LP foi o primeiro contato que tive com a música do Dire Straits, há muito tempo. Na época, a banda me soou pop e inventiva. Mark Knopfler me chamava atenção por seu trabalho de guitarra. E várias músicas não saíam da minha cabeça após poucas audições. Anos depois, o disco me causa o mesmo impacto. Grande trabalho. Grande banda!
Diogo: Desde sua estreia o Dire Straits vinha lançando bons discos, com algumas excelentes canções, mas elas nunca chegaram a ser maioria. Isso até Brothers in Arms. Das nove faixas, seis são no mínimo muito boas, a começar pelo hit máximo “Money for Nothing”, com uma cadência ao mesmo tempo mecânica e suingada. Apesar da tecladeira, “Walk of Life” é um rock dos mais divertidos no melhor estilo Chuck Berry, enquanto “So Far Away” cativa por seu descompromisso e sua simplicidade. “Your Latest Trick”, por sua vez, deveria estar presente nas playlists dos motéis pelo mundo, pois suas linhas de saxofone – tocadas por Michael Brecker – exalam sensualidade. A faixa-título, então, é uma aula de sensibilidade e mostra Mark Knopfler solando lindamente em meio a uma cama de teclados. O melhor do disco, porém, encontra-se em “Why Worry”, escrita propositalmente de modo a lembrar a dupla vocal The Everly Brothers – e inclusive já chegou a ser cantada pelos dois. O sucesso para o Dire Straits veio em larga escala e foi merecidíssimo.
Eudes: Como o RPM, um disco que tem um peso histórico tal que, independente de nossa simpatia por ele, não havia como ignorá-lo. De minha parte, passaria sem ele, e para não ser o ranzinza de 1985, reconheço que o álbum traz ao menos uma faixa irresistível, “Money for Nothing”. Será coincidência Sting dar as caras nela?
Fernando: Via o Dire Straits como música de tiozão, talvez porque observava aqueles caras bem mais velhos que eu ouvindo isso nos carros pela cidade. Porém, quando fui ouvir com atenção, percebi que era muito bom. Não costumo ouvir muito, mas a banda é daquelas que você pode colocar em qualquer tipo de reunião que vai agradar todo mundo.
José Leonardo: Ou seja, como transformar uma banda legal com um som despretensioso e curtível, em um grupo de arena para tocar ad infinitum nas FMs da vida.
Leonardo: Costumo achar o rock “bem comportado” do Dire Straits um estilo cansativo, difícil de se escutar um álbum por inteiro. Mas Brothers in Arms foi, de fato, um ótimo momento da banda de Mark Knopfler. Melodias marcantes, riffs interessantes, tudo certinho e bem produzido. De quebra, a melhor canção da carreira da banda, “Money for Nothing”, está neste disco. (Reza a lenda que a letra da música fala sobre o Mötley Crüe, “Money for nothing, and chicks for free…”.) Mas algumas coisas, como “So Far Away” e “Walk of Life”, são intragáveis…
Mairon: Nunca fui muito fã de Dire Straits. Acho Love Over Gold (1982), o antecessor a Brothers in Arms, um álbum mais encorpado, principalmente por conta da épica “Telegraph Road”, e também gosto da estreia do grupo, de 1978. Do disco aqui eleito, acho a faixa-título o melhor momento, mas é brabo aturar a trinca inicial, com a sem sal “So Far Away”, a dupla Knopfler/Sting com a chatíssima “Money for Nothing”, ou então os teclados irritantes da introdução de “Walk of Life”. O Dire Straits já tinha perdido a graça de seus quatro primeiros álbum, mas este poderia ter sido eleito o melhor disco de 1985 fácil, principalmente pelo grande sucesso MUNDIAL que foi, e não uma coisa LOCAL como o RPM.
Ulisses: O penúltimo e mais bem sucedido disco do Dire Straits traz uma grande quantidade de clássicos, como o eletrizante som de “Money for Nothing”, a singela “Why Worry” e a tocante “Your Latest Trick”. É impossível que alguém tenha passado pela vida sem ouvir alguns desses petardos. Audição obrigatória de 1985.
 
09 This Is the Sea
The Waterboys – This Is the Sea (31 pontos)
André: A maior surpresa nem é o RPM em primeiro, e sim lembrarem do excelenteThis Is the Sea. A segunda faixa do disco e a mais famosa, “The Whole of the Moon”, apresenta um piano, jogo de vozes, teclados e o tradicional naipe de metais que representam tudo de bom que os “garotos da água” fizeram na sua longa e prolífica carreira. A influência literária do vocalista surge bem em “Old England”, com referências a James Joyce em uma música de teor politizado levado por piano, bateria (programada, mas que em nenhum momento atrapalha o disco) e os sinos, presentes em toda a canção, além de lindos solos de saxofone. Mike Scott faz uma analogia curiosa em “Trumpets”, comparando o amor que ele sente ao som desse instrumento. Nunca havia pensado nisso, foi uma curiosidade que ficou em minha cabeça. Talvez seja um pouco difícil se acostumar com o vocal de Mike, muito parecido com os vocalistas pós-punk, mas após um tempo se vê que esse estilo vocal se ajusta muito bem à sonoridade da banda, dando-lhe um estilo único. Fiquei verdadeiramente muito feliz de ver este álbum dando as caras por aqui.
Bernardo: Tão datado que dava para botar em trilha sonora de “O Grande Dragão Branco” (1988), “Karatê Kid” (1984) ou “Rocky IV” (1985) que combinava.
Bruno: Conheci o The Waterboys pelo maravilhoso Fisherman’s Blues (1988) e fiquei apaixonado pela sonoridade folk/celta do álbum, por isso não entendi muito bem quando escutei This Is the Sea. O disco está longe de ser ruim, é melhor que boa parte desta lista, mas ainda sim não faz jus à grande obra que a banda lançaria três anos mais tarde.
Davi: Está aí uma banda que conheço pouco. Tenho apenas dois discos deles e um é coletânea. Gostei do álbum. Boas canções, bem tocado, bem gravado. Embora este seja um de seus álbuns mais famosos, nunca havia parado para ouvi-lo. Vou ver se pego mais um disco deles para escutar.
Diogo: O The Waterboys foi uma surpresa positiva entre minhas audições para elaborar a lista dedicada a 1985. Aquilo que eu imaginava tratar-se de um grupo synth pop revelou-se algo mais variado, dinâmico e atraente. O uso bem encaixado dos metais é parte essencial na construção dessa identidade distinta, que encontra suas melhores manifestações na forma da excelente abertura, com a intensa “Don’t Bang the Drum”, na pop “The Whole of the Moon” e na mais experimental faixa-título. Fiquei surpreso em nunca ter ouvido falar da banda até semanas atrás.
Eudes: Os Waterboys surgiram com uma original e azeitada mescla de rock, folk irlandês e orquestrações complexas baseadas em cordas, cama para a voz nota dez de Mike Scott. This Is the Sea nem é seu melhor disco  (a honra cabe a Fisherman’s Blues, de 1988), embora seja o melhor álbum lançado em 1985. “Don’t Bang the Drum” já abre longe de todo modismo, com uma bateria intensa e ataques de sopros e guitarras para uma canção marcante. A  banda tira um pouco o pé em “The Whole of the Moon”, mais amena, mas bela. A breve “Spirit” resume o espírito da banda, piano, cordas e a voz emotiva de Scott para uma revisita aos momentos mais líricos de Van Morrison. Uma saudação ao tradicional blues irlandês. Com uma levada fluente ao piano, “The Pan Within” está entre as melhores faixas do disco e introduz o peso acústico de “Medicine Bow”, com alguma concessão às sonoridades da época. “Old England” volta à condução ao piano para emocionar o ouvinte com uma melodia de dramaticidade sublinhada pelas partes de saxofone e pela interpretação intensa do vocalista. “Be My Enemy” faz a coisa pesar, para uma letra típica de bandas irlandesas, marcadas pela ancestral luta contra o domínio britânico. “Trumpets” traz um diálogo entre o vocalista, a base de piano e um caloroso… Saxofone. A canção-título encerra o disco apoteoticamente. Um paredão de cordas, enfeitadas por percussões típicas para uma melodia rara, cantada por Scott com a intensidade que a ocasião merecia. Os Waterboys ainda fizeram o espetacular e já citado Fisherman’s Blues, mas no começo dos anos 1990 cedeu à pressão para que todos fossem o Nirvana e despontou para a decadência precoce.
Fernando: Fui preparado para ouvir aquela bomba e não é que o disco é legal!! Porém, não conseguiria falar muito mais sobre ele, só que ouvi alguma coisa de Bowie, Smiths e outras bandas do pós-punk. Também identifiquei de onde o Placebo tirou inspiração para seu som.
José Leonardo: Não curto. Acho muito chatinho.
Leonardo: Bom disco de soft rock com influências folk. A abertura, com a excelente “Don’t Bang the Drum”, nos deixa ansiosos por algo mais enérgico, mas o álbum é bem variado e heterogêneo, alternando ótimos momentos com outros menos inspirados.
Mairon: Ouvi Waterboys quando um amigo apaixonado por Simple Minds disse que a banda era muito similar. Detestei. Achei This Is the Sea uma repetição do que já se fazia algum tempo antes na Inglaterra, e ao reouvir por conta desta edição da série, não encontrei nada que me motivasse a falar bem. Echo & the Bunnymen, The The e o citado Simple Minds já faziam coisas melhores nessa época. Do disco em si, gostei só da velocidade de “Be My Enemy” e da introdução de “Don’t Bang the Drum”.
Ulisses: Uma espécie de folk rock celta, ambicioso, que evoca imagens positivas através de ótimas performances – memoráveis até, como em “The Whole of the Moon”, destaque absoluto do disco. É o tipo de álbum que demanda atenção ao escutar, trazendo letras significativas através de uma camada palpável de sensibilidade musical. Eu gostei bastante, e certamente voltarei a ouvi-lo.
 
10 Spreading the Disease
Anthrax – Spreading the Disease (30 pontos)
André: Ótimo disco dos caras. O Anthrax foi mais uma das bandas responsáveis por construir o thrash metal norte-americano e, mesmo tendo nascido longe da Bay Area, acaba soando como se fosse de lá. É sempre um prazer ouvir as guitarras pesadas mas ao mesmo tempo melódicas de Scott Ian e Dan Spitz, além da bateria fantástica de Charlie Benante, indiscutivelmente o melhor instrumentista do Anthrax e um dos melhores bateras de todos os tempos. Spreading the Disease é o primeiro disco com Joey Belladonna, já demonstrando que o índio era o cara certo para os vocais da banda, além de Frank Bello, um baixista tão bom quanto Dan Lilker. Minhas faixas preferidas deste disco são “A.I.R.”, “Aftershock” e a clássica “Madhouse” com seus riffs iniciais mais do que poderosos.
Bernardo: Anthrax já mostrando que tinha um talento e uma singularidade que os destacava das demais bandas da época. Vide a paulada “Madhouse”.
Bruno: Uma gigantesca evolução em relação à versão bombada do Judas Priest emFistful of Metal (1984). Os riffs pesados e as levadas de bateria seguem a cartilha do thrash, mas no geral ainda é um álbum de speed metal/metal tradicional. Joey Belladonna, substituto de Neil Turbin, destaca-se entre os vocalistas do gênero por seguir a escola de caras como Bruce Dickinson e Ronnie James Dio, fugindo dos urros agressivos característicos do thrash. A entrada do baixista Frank Bello também foi essencial para a transformação no som da banda, formando uma cozinha afiadíssima com seu tio Charlie Benante. O Anthrax também se diferenciava dos demais grupos da cena por seu senso de humor e temas lúdicos: ao invés de letras sobre mortes, doenças, guerra, satanismo e suicídio a banda preferia usar elementos da cultura pop, inspirando-se em quadrinhos, livros de Stephen King e histórias de terror. É com certeza a melhor performance de Belladonna em estúdio. Em Spreading the Disease a banda lançaria as bases do que seria a sua grande obra-prima dois anos mais tarde.
Davi: Trabalho de estreia de Joey Belladonna e Frank Bello. Embora não seja o meu preferido, é um bom álbum. Além da marcante “Madhouse” (canção ainda presente nos shows e que teve seu videoclipe censurado na época), ainda conta com as não menos clássicas “A.I.R.” e “Medusa”. Bom disco, sem dúvidas, mas sua fase de ouro, para mim, começou no trabalho seguinte, o clássico Among the Living (1987). Ainda assim, vale conferir.
Diogo: A maioria pode dizer que é Among the Living, mas, para mim, o melhor disco do Anthrax é este. Com uma pegada mais tradicional e menos hardcore,Spreading the Disease é um compêndio speed/thrash metal de um jeito que praticamente não se faz mais. Alguns até tentam imitar, mas sem conseguir um resultado tão avassalador. A entrada de Joey Belladonna foi excelente e emprestou à banda um diferencial, assim como o ingresso do baixista Frank Bello casou perfeitamente com a sonoridade do grupo. De “A.I.R.” a “Gung-Ho”, o ouvinte não tem descanso, pois, ora as músicas são deliciosamente velozes (como a citada “Gung-Ho”, “S.S.C./Stand or Fall” e “Aftershock”), ora são um convite a bater cabeça, caso do “hit” do disco, a cadenciada “Madhouse”. Minha provável favorita do grupo encontra-se emSpreading the Disease: “Lone Justice”, assim como outros dois petardos que tenho em altíssima conta e evidenciam o citado lado mais tradicional, “Armed and Dangerous” e “Medusa”. Quer rifferama pra não botar defeito? Ouça!
Eudes: Talvez o Anthrax seja o melhor representante do que o heavy metal considerava as virtudes fundamentais da música: potência, força, violência simulada. O álbum traz canções ainda com um pé no hard rock setentista, ou seja, com algum jogo de cintura, pero no mucho, alguma melodia, ma non troppo, um vocalista de boas qualidades, ainda que com um baterista que precisaria voltar ao curso de percussão. “A.I.R.”, que abre o álbum, é simpática, “Lone Justice” faz reverência aos mestres setentistas, embora a tentativa do guitarrista como solista revele a limitação musical da banda. O problema é que a partir de então o ouvinte fica em dúvida se a banda está tocando outras faixas ou só repetindo as primeiras. Um triunfo da música horizontal.
Fernando: A entrada de Belladonna deu um novo padrão à banda. Quem disse que não era possível cantar bem em uma banda de thrash metal?
José Leonardo: Passo, não é minha praia.
Leonardo: O primeiro disco do Anthrax, Fistful of Metal, já havia sido excelente, mas com a entrada do novo vocalista, Joey Belladonna, o grupo novaiorquino atingiu um nível ainda mais elevado. Unindo riffs e levadas de speed metal a um vocal mais melódico, a banda forjou uma sonoridade única e se destacou imediatamente das centenas de outras bandas de thrash que surgiam na época. Destaque absoluto para “Medusa”, com seu riff excelente, e para a velocidade de “Armed and Dangerous” e “Gung-Ho”.
Mairon: O segundo disco dos novaiorquinos do Anthrax foi uma ampliação da boa estreia que ocorreu um ano antes com Fistful of Metal, graças à essencial entrada de Joey Belladonna nos vocais e Frank Bello no baixo. Faixas como “Lone Justice” registraram o som que caracterizou a banda com um thrash veloz, sem a presença de vocais guturais, e que virou sensação dois anos depois com o excepcional Among the Living. Ouça as pancadas “Gung-Ho” e “S.S.C./Stand or Fall” e entenda por que o grupo se tornou tão relevante para o cenário mundial. Não é uma surpresa verSpreading the Disease entre os dez mais de 1985, mas daria o lugar de mais uma banda de METÁU para uma preciosidade como Duo Fernando.
Ulisses: Spreading the Disease é o segundo disco de estúdio do Anthrax, mas o primeiro a contar com o icônico vocalista Joey Belladonna e com o baixista Frank Bello, trazendo uma sonoridade bem peculiar. A produção redondinha ajuda a destacar petardos como “Madhouse” e “Gung-Ho”, tornando este registro, que contém um tracklist praticamente perfeito, um clássico do thrash.
 
Listas individuais
André Kaminski11 Phenomena
  1. RPM – Revoluções por Minuto
  2. Phenomena – Phenomena
  3. Titãs – Televisão
  4. Thompson Twins – Here’s to Future Days
  5. Destruction – Infernal Overkill
  6. Shooting Star – Silent Scream
  7. The Waterboys – This Is the Sea
  8. Kix – Midnite Dynamite
  9. New Order – Low-Life
  10. Dokken – Under Lock and Key
Bernardo Brum12 Psychocandy
  1. Tom Waits – Rain Dogs
  2. The Jesus and Mary Chain – Psychocandy
  3. The Smiths – Meat Is Murder
  4. Hüsker Dü – New Day Rising
  5. Nick Cave and the Bad Seeds – The Firstborn Is Dead
  6. The Pogues – Rum, Sodomy and the Lash
  7. Kate Bush – Hounds of Love
  8. The Cure – The Head on the Door
  9. Einstürzende Neubauten – ½ Mensch
  10. The Replacements – Tim
Bruno Marise13 Flip Your Wig
  1. Tom Waits – Rain Dogs
  2. Hüsker Dü – Flip Your Wig
  3. The Pogues – Run, Sodomy and the Lash
  4. Rich Kids on LSD – Keep Laughing
  5. Pentagram – Pentagram
  6. Meat Puppets – Up on the Sun
  7. Exodus – Bonded By Blood
  8. The Cult – Love
  9. Dexys Midnight Runners – Don’t Stand Me Down
  10. The Stupids – Peruvian Vacation
Davi Pascale14 Asylum
  1. RPM – Revoluções por Minuto
  2. Kiss – Asylum
  3. Dire Straits – Brothers in Arms
  4. Mötley Crüe – Theatre of Pain
  5. Tears for Fears – Songs from the Big Chair
  6. Accept – Metal Heart
  7. A.S.P. – The Last Command
  8. The Cult – Love
  9. Dokken – Under Lock and Key
  10. Ratt – Invasion of Your Privacy
Diogo Bizotto15 To Mega Therion
  1. Celtic Frost – To Mega Therion
  2. Exodus – Bonded By Blood
  3. Slayer – Hell Awaits
  4. RPM – Revoluções por Minuto
  5. Dire Straits – Brothers in Arms
  6. Ratt – Invasion of Your Privacy
  7. Anthrax – Spreading the Disease
  8. Possessed – Seven Churches
  9. Helloween – Walls of Jericho
  10. Kreator – Endless Pain
Eudes Baima16 The Dream of the Blue Turtles
  1. The Waterboys – This Is the Sea
  2. Sting – The Dream of the Blue Turtles
  3. Tears for Fears – Songs from the Big Chair
  4. Almir Sater – Instrumental
  5. Egberto Gismonti – Trem Caipira
  6. The Style Council – Our Favourite Shop
  7. Hüsker Dü – New Day Rising
  8. The Cure – The Head on the Door
  9. Sade – The Promise
  10. The Pogues – Rum, Sodomy and the Lash
Fernando Bueno17 Walls of Jericho
  1. Marillion – Misplaced Childhood
  2. Helloween – Walls of Jericho
  3. Dokken – Under Lock and Key
  4. Twisted Sister – Come Out and Play
  5. Ultraje a Rigor – Nós Vamos Invadir Sua Praia
  6. Exodus – Bonded By Blood
  7. Magnum – On a Storyteller’s Night
  8. Accept – Metal Heart
  9. Ratt – Invasion of Your Privacy
  10. Blind Fury – Out of Reach
José Leonardo Aronna18 Hounds of Love
  1. Marillion – Misplaced Childhood
  2. The Cult – Love
  3. Kate Bush – Hounds of Love
  4. The Cure – The Head on the Door
  5. Nick Cave and the Bad Seeds – The Firstborn Is Dead
  6. Bryan Ferry – Boys and Girls
  7. Peter Gabriel – Birdy
  8. Neil Young – Old Ways
  9. Tangerine Dream – Le Parc
  10. AC/DC – Fly on the Wall
Leonardo Castro19 The Spectre Within
  1. Exodus – Bonded By Blood
  2. Anthrax – Spreading the Disease
  3. Dokken – Under Lock and Key
  4. Fates Warning – The Spectre Within
  5. O.D. – Speak English or Die
  6. Piledriver – Metal Inquisition
  7. Yngwie Malmsteen – Marching Out
  8. Helloween – Walls of Jericho
  9. Slayer – Hell Awaits
  10. Celtic Frost – To Mega Therion
Mairon Machado20 Seven Churches
  1. Possessed – Seven Churches
  2. Slayer – Hell Awaits
  3. Supertramp – Brother Where You Bound
  4. Sepultura – Bestial Devastation
  5. The Cult – Love
  6. Freddie Mercury – Mr. Bad Guy
  7. Fausto – O Despertar dos Alquimistas
  8. Duo Fernando – Instrumental
  9. Tears for Fears – Songs from the Big Chair
  10. Mötley Crüe – Theatre of Pain
Ulisses Macedo21 Open the Gates
  1. Manilla Road – Open the Gates
  2. Megadeth – Killing Is My Business… and Business Is Good!
  3. John Fogerty – Centerfield
  4. Accept – Metal Heart
  5. Dio – Sacred Heart
  6. Dire Straits – Brothers in Arms
  7. Anthrax – Spreading the Disease
  8. Chastain – Mystery of Illusion
  9. Sagrado Coração da Terra – Sagrado Coração da Terra
  10. Whitney Houston – Whitney Houston
 
* Misplaced Childhood (Marillion) ficou empatado com Rain Dogs (Tom Waits), ambos com 50 pontos. Como não foi possível aplicar nenhum critério de desempate, a decisão sobre qual ocuparia a terceira posição foi tomada através de uma enquete da qual participaram todos os colaboradores da série.
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